A utilização de luminóferos em estudos de dinâmica costeira na zona de Mira-Tocha: resultados prévios

June 27, 2017 | Autor: João Dias | Categoria: Coastal Dynamics, Sedimentary Dynamics, Sand tracers
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GAIA N2 4, JUNHO 1992 Dias, João Alveirinho; Taborda, Rui; Ferreira, Óscar; Moita, Patrícia (1992) - A Utilização de Luminóferos em Estudos de Dinâmica Sedimentar na Plataforma Continental Portuguesa. Gaia, 4:47-48, Lisboa, Portugal. ISSN: 0871-5424.

A utilização de luminóferos em estudos de dinâmica costeira na zona de Mira-Tocha: resultados prévios. a detecção dos grãos marcados é efectuada utilizando uma tecnologia simples e económica.

João ALVEIRINHO DIAS

Este método já foi utilizado em Portugal pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil nos anos 60 e ínicio dos anos 70, tendo sido efectuadas várias experiências (p. ex.: ABECASIS et aI., 1962; LNEC, 1976). No entanto, desde essa altura, que se saiba, nenhuma outra experiência do género foi realizada em Portugal tendo-se, aparentemente, perdido a tecnologia respectiva. Com o intuito de a readquirir (tão importante ela é para o estudo dos processos costeiros), efectuou-se uma primeira experiência, de 21 a 23 de Março de 1992, na zona de Mira-Tocha.

Instituto Hidrográfico, Rua das Trinas, 49, 1200 LISBOA

Rui TABORDA Departamento de Geologia da F.eU.L , Bloco C2, 22piso, Campo Grande, 1700 LISBOA

Óscar FERREIRA JNICT/Instituto Hidrográfico, Rua das Trinas, 49, 1200 LISBOA

Patrícia MOITA Estudante do Departamento de Geologia da F.C.U.L., Bloco e2, 22 piso, 1700 LISBOA

Foram marcados, com tinta fluorescente cor de laranja, cerca de 100 kg de areia previamente recolhida na zona entremarés da praia do Canto do Marco, cerca de 6 km a sul da praia de Mira. Na maré baixa diurna do dia 21 de Março, estas areias foram depositadas numa zona com cerca de 2 m2, aproximadamente no local onde tinham sido recolhidas, respeitando a topografia existente. As areias começaram a ser dispersas pelas 11 horas do dia de lançamento, procedendo-se, no decurso das marés vazias subsequentes, com o aUXIuo de uma lâmpada de ultravioletas, à contagem do n2 de

Um dos métodos mais utilizados no estudo da deriva litoral consiste no recurso a traçadores, nomeadamente areias marcadas. De entre estes destacam-se os que se baseiam na utilização de radioisótopos (marcadores radioactivos) e os que utilizam luminóferos (marcadores luminescentes). Os luminóferos apresentam vantagens nítidas sob vários aspectos pois não são poluentes, o seu manuseamento não tem perigosidade e

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notas

GAIA Nº 4, JUNHO 1992

grãos de areia marcados, presentes numa área de 1 m2, segundo uma malha pré-definida (fig. 1).

com eventual recurso a novas tecnologias na detecção das areias marcadas.

A caracterização da agitação marítima ao largo, durante o período em que decorreu a experiência, foi efectuada tendo como base os dados da bóia ondógrafo da Figueira da Foz. A ondulação apresentou uma altura significativa de 3m, ao largo, um período médio de 8 s e rumo de NW.

Agradecimentos Participaram também nesta campanha Carlos Louzada, Paula Silva, Aurora Rodrigues, Anabela Oliveira, Fernanda Leal, Júlio Cunha e Raúl dos Santos, a quem os autores agradecem a dedicação e o esforço demonstrados. Agradecem ainda à Ora Manuela Taborda e à Oª. Maria Pacheco as longas tardes que aplicaram na fase de marcação das areias.

Como era previsível, face ao regime de agitação ocorrente no decurso da experiência, verificou-se um transporte intenso das areias marcadas para sul e elevada dispersão. Após o primeiro ciclo de maré, as concentrações mais elevadas encontravam-se a cerca de 300 m, na face da praia, e a cerca de 200 m, na berma. Foram detectados grãos até mais de 1 ()()() m a sul do ponto de lançamento (fig.l).

Este trabalho foi efectuado no âmbito do projecto DISEPLA II (JNICT nl! 642/90) em execução no Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico (U.L.), com o apoio do projecto PROCOST (JNICT nl! 714/90) em execução no Instituto Hidrográfico.

No ciclo de maré seguinte, as concentrações diminuiram para cerca de um décimo das obtidas na primeira contagem tendo, no entanto, sido ainda possível detectar um máximo nas concentrações, na face da praia, a cerca de 800 a 900 m, a sul do local de lançamento. Esta experiência permitiu demonstrar que o método utilizado é eficaz e de aplicabilidade relativamente fácil.

Bibliografia ABECASIS, F.; MATIAS, M.F.; CARVALHO, J.J.R. & VERA-CRUZ, O . (1962) - Methods of determining sand-and-silt movement along the coast, in estuaries and in maritime rivers. LNEC, Technical Paper nl! 186, 25p.

Os resultados obtidos permitem estimar velocidades médias de deriva litoral, induzidas pelas condições de agitação marítima acima expressas, na zona entre marés, de quase 1000 m/dia e velocidades máximas seguramente superiores a 2300 m/dia. O tratamento subsequente dos dados permitirá chegar a resultados bastante mais completos e conclusivos do que os agora apontados.

LNEC (1976) - Estudo do esquema geral das obras portuárias na enseada da Nazaré: ensaios com areias marcadas. LNEC, 45p. (relatório não publicado).

O sucesso desta experiência aponta para a realização, num futuro próximo, de outras de maior amplitude,

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