A UTILIZAÇÃO DO OURO NA ARTE

June 18, 2017 | Autor: S Borges | Categoria: Pintura, Barroco, Arte sacra, Douração
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CONTEÚDOS ABORDADOS: •

Introdução Histórica do uso do Ouro



A simbologia do ouro na História da Arte



O uso na arquitetura, culinária e na arte: iluminura, ícones e pintura (afresco, madeira e tela)



O ouro na Arte Barroca - ourivesaria



Uso do ouro e efeitos na ornamentação da imaginária no Barroco Brasileiro.



As folhas metálicas:qualidades da folha de ouro (maleabilidade e ductibilidade ) e a sua fabricação



Introdução à douração: ouro brunido e mordente acrílico



Materiais tradicionais e as técnicas contemporâneas de douração



Pintura, materiais utilizados e desenvolvimento de atividade plástica: pintura à óleo sobre douração em tela

INTRODUÇÃO HISTÓRICA OURO DO LATIM: AURUM = BRILHANTE

BREVE HISTÓRICO 





O valor histórico do ouro está enraizado em sua raridade, fácil manuseio e cunhagem, fácil fundição, não corrosível, cor distinta, e não reatividade a outros elementos. Os arqueólogos sugerem que o primeiro uso do ouro começou com as primeiras civilizações no Oriente Médio. É possível que tenha sido o primeiro metal utilizado pela humanidade. Era também conhecido na Suméria e no Egito, existem hieróglifos egípcios de 2600 a.C. que descrevem o metal, que é referido também em várias passagens no Antigo Testamento. É considerado como um dos metais mais preciosos, tendo o seu valor sido empregue como padrão para muitas moedas ao longo da história.

O PRIMEIRO OURO TRABALHADO NO MUNDO 

Foto de parte da referida sepultura 43 da Necrópole de Varna (Bulgaria), que data de 4600 a.C. com o trabalho de joalheria em ouro considerado o vestígio mais antigo no mundo já descoberto.

A IDADE DOS METAIS: BRONZE 3300 A.C E FERRO 1.200 A.C

Esquema da fundição de metais em murais funerários egípcios

O Sistema de Três Idades consiste na divisão da pré-história humana em três períodos consecutivos, onde após a Idade da Pedra o ser humano começa a dominar, ainda que de maneira rudimentar, a técnica da fundição. A princípio, utilizou como matéria prima o cobre, o estanho e o bronze. Na idade dos metais a manipulação do ouro também ocorreu.

BULLA GREGA Bulla ,ou “bolha” era um pingente oco que poderia conter perfume ou um encantamento para uso como amuleto, era dada a crianças do sexo masculino na Roma Antiga nove dias após o nascimento para proteger contra os maus espíritos. A bula foi feita de diferentes substâncias, dependendo da riqueza da família outros materiais incluídos couro e tecido. As peças feitas em ouro são tão finas que podem ser classificadas como um dos primeiros trabalhos com o ouro modelado em folhas.

Detalhe de um relevo grego mostrando um menino usando uma bulla.

Bulla Etrusca retratando Icarus sec. V a.C

LUNULA DE OURO 







A menina grega não usava uma bolha, mas um outro tipo de amuleto, chamado de lunula até a véspera de seu casamento. A lunula de ouro (plural: lunulae, deriva do latim luna = lua e literamente significa “pequena lua”) é um tipo distinto de colar do início da Idade do Bronze em forma de uma lua crescente. 01 - Lunula ouro de Blessington , Irlanda, Neolítico final / início da Idade do Bronze, c. 2400 a.C – 2000 a.C. Museu Britanico. 02 - Lunula de ouro de Schulenburg (Alemanha)

01

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MALEABILIDADE DO OURO Colar de ouro mesopotâmico produzido entre os séc. XVII e XVI a.C.

Capacete de guerreiro em forma de peruca. Os desenhos são martelados em relevo. Cerca de 2450 a.C. Museu do Iraque, Bagdá.

DUCTIBILIDADE 

Coroa grega decorada em ouro, peça funerária ou matrimonial. Ano 370– 360 a.C, proveniente de um túmulo em Armento (Basilicata).

FOLHAÇÃO Cabeça de touro dourada, decorando a parte anterior de uma lira de Ur, 2.600 a 2.400 a.C., com a aplicação de ouro sobre madeira, altura 29,5cm. Museu do Iraque. - Bagda.

O VIDRO OURO O vidro dourado é um sanduíche de vidro e ouro, onde um projeto de decoração em folha de ouro é fundido entre duas camadas de vidro. Primeiro encontrado em helenístico Grécia , é especialmente característica do vidro romano do Baixo Império no 3º e 4º século d.C. Cerca de 500 peças de vidro ouro usados ​dessa forma, foram recuperados das catacumbas de Roma. Muitos mostram imagens religiosas do cristianismo, religião tradicional greco-romana e seus vários desenvolvimentos de culto.

São Pedro e São Paulo com a Virgem Maria em pose orante, século IV

Medalhão do jovem chamado Gennadios, Egito, c. 250-300. Diâmetro 4,2 centímetros.

MOSAICO COM OURO A partir do século 1º. d.C a técnica do vidro dourado também foi usada para a cor de ouro em mosaicos (tesselas) .  Ao lado um detalhe do mosaico bizantino na abside da Virgem Mãe em Hagia Sophia , com tesselas de ouro. 

CUNHAGEM 





Ouro é mencionado com freqüência no Antigo Testamento , começando com Gênesis 2:11 “No Éden nascia um rio que irrigava o jardim, e depois se dividia em quatro. O nome do primeiro é Pisom. Ele percorre toda a terra de Havilá, onde existe ouro.” O livro do Apocalipse 21:21 descreve a cidade de Nova Jerusalém como tendo ruas "feitas de ouro puro, claro como cristal". A exploração de ouro no canto sudeste do Mar Negro existiu desde o tempo de Midas , e este ouro foi importante no estabelecimento do que é, provavelmente, a mais remota cunhagem do mundo em Lydia em torno de 610 a.C. A partir do século VI ou V a.C, circulou o Yuan Ying , um tipo de moeda de ouro quadrada chinesa.

MODELAGEM



Brincos de ouro elaborados em forma de uvas (Idade do Ferro 1.200 a.C). Monforte, Portalegre. (Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa).

EGITO 



A descoberta da tumba de Tutancamon revelou em seu interior, a maior coleção de ouro e jóias do mundo incluído o seu sarcófago, a qualidade dos artefatos mostrou o estado avançado do trabalho em ouro na arte egípcia em 2.000 a.C. Máscara de Tutancamon – Museu do Cairo - Egito.

A EXPLORAÇÃO DO OURO 

Hieróglifos egípcios de cerca de 2600 a.C. descrevem o ouro que o rei Tushratta de Mitanni reivindicou e era "mais abundante do que a poeira" no Egito. Um dos primeiros mapas conhecidos, conhecido como o Mapa de Turim , mostra a planta de uma mina de ouro na Nubia junto com indicações da geologia do local.

Fragmentos do papiro de Turim um antigo mapa egípcio, séc. XII a.C.

OS ANTIGOS POVOS AMERÍNDIOS 

Nas Américas, a habilidade das culturas pré-colombianas no uso do ouro era altamente avançado muito antes da chegada dos espanhóis. Os ourives ameríndios já dominavam a maioria das técnicas conhecidas por seus contemporâneos europeus quando da chegada dos espanhóis. Eles foram hábeis em filigrana, granulação, prensagem e martelar e métodos por cera perdida. Os conquistadores espanhóis derreteram a maior parte do ouro que eles tomaram dos povos desta região e a maioria dos exemplos restantes vieram de escavações modernas de túmulos.

Guerreiro Inca. Cobre com camada de ouro. 22x12cm; Peso: 200 gr.



Colar Moche em ouro. Coleção do Museu Larco; Lima-Peru

OBJETO DE DESEJO, MITOS E LENDAS 



Ouro desempenha um papel na cultura ocidental, como causa de desejo em lendas e fábulas como a de Rumpelstiltskin, onde a filha do camponês transforma feno em ouro para impressionar o rei em troca de desistir de seu primeiro filho após ela se tornar rainha, e o roubo da galinha dos ovos de ouro em João e o Pé de Feijão. O mito de Jasão e o Velocino de ouro (detalhe da decoração de figuras em vermelho gregas em um vaso c. 240-330 a.C.)

REI MIDAS Midas é um personagem da mitologia grega, cuja lenda tem base em um rei que realmente existiu, de mesmo nome na Frígia (uma região da moderna Anatólia, Turquia), no século VIII a.C  Reconstituição da tumba encontrada em 1954 do rei Midas do séc. VIII a.C. Museu da Civilização Anatoliana, Ankara, Turquia. 

ALQUIMIA 



Um objetivo principal dos alquimistas era produzir ouro a partir da transmutação dos metais. Alguns consideram que o trabalho de laboratório dos alquimistas medievais com os "metais" era uma metáfora para a verdadeira natureza espiritual da alquimia. Assim, a transformação dos metais em ouro pode ser interpretada como uma transformação de si próprio, de um estado inferior para um estado espiritual superior. A alquimia medieval acabou fundando as bases da química moderna com descobertas de substâncias como o arsênico, e de alguns procedimentos que usamos até hoje, como o famoso banho-maria, devido a alquimista Maria, a Judia, considerada fundadora da Alquimia na Antiguidade; a ela atribui-se também a descoberta do ácido clorídrico.

Edição do século XVII da Tábua de esmeralda, livro chave da alquimia ocidental.

O OURO COMO MEDIDA DE VALOR

500 reais de ouro de D. Sebastião, (1557-1578) 

O uso da palavra real como unidade monetária deriva da palavra real no sentido de realeza. Sendo pela primeira vez registrada por escrito, no sentido monetário, em 1339 , durante o reinado de D. Afonso IV de Portugal (1325-57). (Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa )

ESCAVAÇÃO EM UMA MINA DE OURO

Exemplo de técnicas de exploração do ouro similar às mesmas práticas de exploração do séc. XVIII, porém nos dias atuais.

A IMAGEM ANTERIOR E DE SERRA PELADA

A Serra Pelada é uma serra brasileira localizada no sudeste do estado do Pará. Se tornou muito conhecida durante a década de 1980 por uma corrida do ouro moderna, tendo sido o local do maior garimpo a céu aberto do mundo, de onde foram extraídas, oficialmente, 30 toneladas de ouro.  Atualmente, a antiga cava onde se situava o garimpo é um lago com 200 metros de profundidade. Estima-se que existam no local cerca de 350 toneladas de metais preciosos, entre ouro, platina e paládio. 

A SIMBOLOGIA DO OURO

O ouro é o símbolo do sol, Designa o centro da vida divina. O ouro está associado à DIVINDADE

SIMBOLISMO – REPRESENTAÇÃO DO SAGRADO 

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“Foi sempre considerado o mais nobre dos metais; é dúctil, fácil de polir, brilhante, resistente ao calor e à acidez, sendo por isso um símbolo de imutabilidade, eternidade e perfeição. Entre outras coisas por sua cor é identificado em quase todos os lugares como o Sol e com o fogo. Por essa razão, ele também é um símbolo do conhecimento, sobretudo esotérico. No simbolismo cristão, o ouro é, além disso, um símbolo do amor, a mais elevada das virtudes.” (LEXIKON, 1990) Grécia Antiga – o ouro evoca o Sol, fecundidade, riqueza, dominação, luz, conhecimento e brilho, era o material que vestia o deus-sol Apolo. Egito Antigo – o ouro era a carne do Sol e por extensão, dos faraós e deuses, conferia uma sobrevida divina e tornou-se primordial no simbolismo funerário India – é a luz mineral, da imortalidade Budismo – signo da iluminação e da perfeição absoluta Icones Bizantinos – o fundo dourado é reflexo da luz celeste China – a cor simbólica do ouro é o branco, o amarelo designa a terra “ O ouro constitui também o elemento essencial do simbolismo do tesouro escondido ou difícil de encontrar, imagem dos bens espirituais e da iluminação suprema” (CIRLOT, 2005) O simbolismo do ouro se relaciona com as representações na arte do sagrado e divino em cada cultura, época e civilização.

O USO NA ARQUITETURA

CUPULA DE OURO - JERUSALÉM 



A Cúpula da Rocha é revestida por uma fina lâmina de ouro em um santuário da fé islâmica localizado no Monte do Templo na Cidade Velha de Jerusalém. O nome devese à grande rocha circunscrita a cúpula que foi usada como o altar de sacrifícios por Abraão, Jacó e outros profetas. A construção foi inicialmente concluída em 691 d.C. A Cúpula da Rocha é uma das mais antigas obras de arquitetura islâmica .

O TEMPLO DE OURO - INDIA 

O Templo de Ouro, em Amritsar, India, é o santuário do siquismo, religião monoteísta fundada no séc. XV. Construção iniciada em dezembro de 1585 e completada em agosto de 1604.

WAT PHRA KAEW “CAPELA REAL” 

Antiga residência da monarquia tailandesa, finalizada em 1784, contém o Templo do Buda Esmeralda, o mais sagrado no país, com telhados, estatuas e decorações revestidas em ouro.

CAPELA PALATINA PALERMO 

A capela foi encomendada por Rogério II da Sicília in 1132. A capela está situada no térreo do Palácio dos Normandos, em Palermo. Combina vários estilos de forma harmoniosa: arquitetura normanda, islâmica e bizantina. Com o efeito iluminante único das tesselas de ouro.



Basílica de Santa Maria Maggiore iniciada no séc. V, é uma das quatro basílicas maiores, uma das sete igrejas de peregrinação e a maior igreja mariana de Roma (ITÁLIA).



Teto da Câmara do senado no Canadá, o edificio do Parlamento foi construído no sec. XIX, um incêndio em 1916 destruiu praticamente tudo, menos a Biblioteca, graças a ação de um funcionário que cerrou as portas de ferro, isolando o fogo.

LONDRES - INGLATERRA



Interior do Restaurante Criterion (1873) é um restaurante localizado em um complexo opulento de frente para o Piccadilly Circus, no coração de Londres, onde um dos destaques da sua decoração interior é o teto em mosaico de ouro.

A talha dourada é quando a madeira esculpida é recoberta por folhas de ouro. Esta técnica, principalmente associada à arquitetura, teve um período de grande aplicação na península Ibérica e respectivas colónias durante o barroco onde se dá destaque ao jogo de volumes. Altar em talha dourada no interior da Igreja de Camarate, Portugal.

TALHA DOURADA

TIBÃES - BRAGA 

Talha dourada no mosteiro de Tibães, fundado no séc, XI. Os edifícios principais atualmente existentes foram erguidos nos séculos XVII e XVII. Um dos arquitetos que neles trabalhou foi André Soares (1757-1760), é uma referência do rococó português no estilo presente na talha dourada que adorna o interior da igreja.

Capelas laterais da Igreja de São Francisco em Salvador, construída entre os séculos XVII e XVIII

Capela Dourada (séc. XVI), também chamada de Capela dos Noviços, é uma capela da Ordem Franciscana dentro do complexo de edifícios do Convento e Igreja de Santo Antônio, e que inclui também o Museu Franciscano de Arte Sacra em Recife

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, Rio de Janeiro, grande exemplo da talha joanina, obra dos portugueses Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito entre 1735 e 1738

Altar-mor da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, séc. XVIII, Recife, Pernambuco. A Basílica e o Convento do Carmo foram tombados em 5 de outubro de 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Várias intervenções realizadas nos séculos XIX e XX descaracterizaram alguns aspectos originais do interior, sobretudo a pintura das talhas. Praticamente toda a Basílica foi repintada de branco e dourado. Um projeto de restauração recente, que removeu as camadas de repintura, revelando a decoração marmoreada típica do século XVIII, sendo a Basílica reinaugurada em 6 de julho de 2001, após três anos de trabalhos de restauro.

USO NA CULINARIA

OURO COMESTÍVEL 





A folha de ouro é por vezes utilizada para decorar a comida ou bebida para promover uma percepção de luxo e alto valor; no entanto, é insípida. É ocasionalmente encontrada em sobremesas e produtos de confeitaria , incluindo chocolates, mel e mithai. Na Índia é utilizada como um enfeite, com folhas finas colocadas em um prato principal nas ocasiões festivas. Uma tradicional e secular variedade artesanal de chá verde que contém pedaços de folha de ouro é produzido em Kanazawa , Japão. Na Europa Continental licores com pequenos pedaços flutuantes de folha de ouro são conhecidos de desde o final do século XVI, originalmente a prática foi considerada medicinal. Exemplos bem conhecidos são Danziger Goldwasser , originalmente de Gdańsk , na Polônia, que foi produzido desde pelo menos 1598, Goldstrike de Amsterdam , e a Swiss Goldschläger , um licor austríaco com folhas de ouro.

UTILIZAÇÃO NA ARTE

A DOURAÇÃO NA ILUMINURA MEDIEVAL

A primeira etapa era o desenho, fazendo os contornos e os detalhes das figuras. A douração era realizada sobre uma camada de gesso com cola de pergaminho. Para aderir a folha metálica a umidade quente do hálito do iluminador era suficiente. A folha era aplicada com uma leve pressão, o excesso ou rebarba era removido e o ouro recebia polimento com uma ponta de pedra ágata.

A BASE PARA A DOURAÇÃO

Para fixar o ouro ou a prata sobre o pergaminho, alguns autores indicam o glair (clara de ovo), mas no geral prepara-se o mordente usando o gesso muito fino (ou carbonato de cálcio) e uma quarta-parte de ótimo bolo armênio. Triturava-se o pó, misturava-se água e deixavase secar sobre uma pedra; separando somente a parte a ser usada e triturando com água, cola de pergaminho e mel, que serve para dar elasticidade. A folha metálica era então sobreposta sobre a área preparada, sendo brunida logo a seguir, as áreas sem polimento resultavam foscas.

COLA PERGAMINHO 



Colas de origem animal foram usadas desde a Antiguidade em técnicas de arte mencionadas por Plínio, o Velho (23-79d.C) em sua enciclopédia: Historia Naturalis (séc.VIII). As colas animais, derivam de colágeno, uma proteína presente em peles e cartilagens. Em técnicas de iluminação de pergaminho, assim como a cola de peixe, são as colas que mais aparecem nos tratados medievais artísticos, principalmente no douramento, com várias receitas para as suas preparações. A cola de pergaminho era considerada a de mais alta qualidade de todas as colas animais e era preparada por fervura recortes de pergaminho, até a obtenção de um caldo concentrado e em seguida, era filtrada através de um pedaço de linho.

“Aplicar uma cola que se faz com raspas de pergaminhos de cabrito ou de ovelha. Fazer ferver com água limpa até que se reduza à um terço. Deves saber que é uma cola muito clara, parecendo um cristal. É boa têmpera para diluir azuis escuros. E onde tiveres estendido cores que não foram bem preparadas com têmpera, dá uma demão dessa cola sobre as cores, fortalecendo-as com a nova têmpera” . Cennino Cennini – El Libro del Arte (1437)

ILUMINURA 



Iluminura designa a pintura decorativa aplicada às letras capitulares dos códices de pergaminho medievais. O termo se aplica igualmente ao conjunto de elementos decorativos e pinturas executadas nos manuscritos produzidos principalmente nos monastérios da Idade Média. A sua elaboração era um ofício refinado e bastante importante. No século XIII, "iluminura" referia-se sobretudo ao uso de douração. Portanto, um manuscrito iluminado seria, no sentido estrito, aquele decorado com ouro ou prata.

Bestiário de Aberdeen (folio 4v) c.1200

CODEX AUREUS, SÉC. VIII

Com abundante uso de ouro este manuscrito contém os quatro evangelhos, dentre as imagens dos evangelistas conservadas acima está São Marcos (folio 9v e 10d) em um trono com um rolo na mão esquerda e com a direita realizando uma benção a altura do peito, o seu símbolo (o anjo) apresenta um códice no tímpano da arcada.

A HAGGADAH DE OURO, 1320-30

São 102 páginas manuscritas em hebreu com textos referência ao Exodo e a festa do Pesach, miniaturas do folio 9d com o resgate de Moisés do Nilo e o faraó sentado em seu trono quando a princesa apresenta Moisés como seu filho.

O LIVRO NEGRO DE ORAÇÕES, 1466-76

Livro de orações de Galeazzo Maria Sforza, em latim segundo a liturgia de Roma, originário de Bruges, tem 154 folhas mas encontra-se incompleto. A esquerda estão os 4 evangelistas acompanhados de seus símbolos: Marcos (leão), Mateus (anjo), Lucas (touro) e João (águia), a direita o ínicio do Evangelho de São João. Existem ainda conservados mais 6 manuscritos desse tipo, em pergaminho tingido de negro.

Bíblia dos Jerônimos Sec. XV, escrita em sete volumes, produzida em Florença para o futuro rei D. Manuel I de Portugal. Considerada um dos mais ricos exemplares das oficinas de iluminação florentinas do Renascimento. Foi legada pelo monarca em testamento ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, onde permaneceu até o século XIX. É hoje guardada no arquivo nacional da Torre do Tombo, na capital portuguesa. Frontispício do Vol. I e V

EVANGELHOS DA COROAÇÃO DE VIENA Os Evangelhos da Coroação de Viena, em alemão Krönungsevangeliar ou Reichsevangeliar também conhecidos como os Evangelhos do Tesouro (Viena, Kunsthistorisches Museum , Schatzkammer, Inv. XIII 18) é um evangeliário iluminado do final do século VIII. Considera-se ser o mesmo manuscrito que foi encontrado na tumba de Carlos Magno, quando foi aberta no ano de 1000 por Otto III. As folhas do manuscrito são tingidas de púrpura, e o texto escrito em tinta dourada. A tampa de ouro foi adicionada em 1500 pelo joalheiro Hans von Reutlingen de Aachen

ENCADERNAÇÕES 

Capa de couro com ornamentação em folha de ouro do antigo livro judeu de orações “Hanna” c. 1902

OURO NO AFRESCO

A APOTEÓSE DE São Francisco (detalhe) c. 1320 Afresco da Igreja Baixa de Assisi realizado por Giotto di Bodone (1266-1337) 

PISANELLO (PISA C.1394 – ROMA C.1455)



Muito pouco restou dos encantadores afrescos pintados por Antonio Pisano. O afresco “São Jorge e a princesa de Trebizonda” é um dos dois que restaram, o ouro que cintilava na armadura do santo e vestido da princesa degradou-se em decorrência de infiltrações, c. 1433-38 – Sant’ Anastasia, Verona – Itália.

Anjos musicos, detalhes dos afrescos da Catedral de Valencia, ocultos desde 1674 e descobertos em 22/06/2004

ÍCONES UCRANIANOS



As santas mártires Juliana e Anastasia, séc. XVII. Museu de Arte Nacional de Kiev

ICONOSTASE – IGREJA DA TRINDADE (KIEV)



O Salvador Pantocrator e A Virgem da Irmandade (1734-1735)

FRA ANGELICO (1387-1455)

Madonna da Humildade c.1430. National Gallery of Art Washigton D.C. Tempera sobre madeira

A Virgem da Humildade c.1433-35. Museu Thyssen-Bornemisza, Madri. Tempera sobre madeira

GUSTAV KLIMT (1862- 1918)

– 1910 - Fase dourada

 1899



O beijo (Em alemão: Der Kuss ) foi pintado pelo pintor simbolista austríaco Gustav Klimt entre 1907-1908, o ponto alto de sua "Período Dourado '. Um quadrado perfeito, a tela retrata um casal se abraçando, seus corpos entrelaçados em vestes elaboradas decorados num estilo influenciado por ambas as construções lineares do estilo Art Nouveau O beijo Medidas: 180 x 180 centímetros contemporâneo e as formas Técnica: Óleo sobre tela. Österreichische orgânicas do movimento Galerie Belvedere, em Viena anterior de Artes e Ofícios.

JUDITH I (E A CABEÇA DE HOLOFERNES), 1901 



A obra é composta de tinta a óleo convencional com camadas aplicadas de folha de ouro. O uso de Klimt de ouro foi inspirado por uma viagem que fizera à Itália em 1903. Quando visitou Ravenna viu os mosaicos bizantinos da Basílica de San Vitale, e começou a fazer uso sem precedentes de ouro e folha de prata em seu próprio trabalho. Klimt também tinha familiaridade com o metal, seu pai era gravador de ouro. Medidas: 84 x 42 centímetros Técnica: Óleo sobre tela Österreichische Galerie Belvedere, em Viena

SERPENTES D'ÁGUA Envolvimento com seres subaquáticos foi para os simbolistas uma maneira de articular os universos transcendentais inexplorados para os seres humanos. Além disso, ele forneceu a possibilidade de mostrar o corpo feminino em um contexto erótico sem temer a censura. Medidas: 50 x 20 cm. Técnica: Cores à água e ouro sobre pergaminho. Österreichische Galerie Belvedere, em Viena

MEDICINA - HYGIEIA (DETALHE) 



Destruído por um incêndio definido pela retirada das forças alemãs em 1945 em Schloss Immendorf, Áustria. As pinturas no teto da Universidade de Viena, também conhecidas como as Pinturas Faculdade , foram uma série de pinturas feitas por Gustav Klimt para o teto do Grande Salão da Universidade de Viena entre os anos de 1900-1907. Em 1894, Klimt foi contratado para pintar o teto e ao apresentar suas pinturas, Filosofia , Medicina e Jurisprudência , Klimt foi acusado de 'pornografia' e 'excesso pervertido' nas pinturas. Nenhuma das pinturas iria para exposição na universidade. Em maio de 1945 todas as três pinturas foram destruídas pela retirada das forças da SS.

RETRATO DE ADELE BLOCH-BAUER, 1907 De acordo com relatos da imprensa a obra foi vendida por US $ 135 milhões a Ronald Lauder para seu Neue Galerie em New York em junho de 2006, o que a tornou naquele tempo uma das pinturas mais caras do mundo. Medidas: 138 x 138 centímetros Técnica: Óleo sobre tela. Neue Galerie New York.

O OURO NA ARTE BARROCA OURIVESARIA

OURIVESARIA BARROCA 

A evolução técnicoestilistica das jóias nos Seiscentos se deve ao aperfeiçoamento do lapidação das pedras preciosas que assumem um papel de protagonista em detrimento da elaboração da prata e ouro, e a ourivesaria como todas as artes, é influenciada pelo surgir de um novo interesse pela botânica e pela floricultura.

Maquete da mesa de um ourives, Museu do Ouro – Travassos (Portugal)

A JOALHERIA BARROCA

02

01

01. Alfinete em ouro e esmaltes com diamantes, rubis e pérola. Museu das Pratas. Florença 02. Pingente alemão (c.1615) em ouro, esmaltes, diamantes, rubis. Soane’s Museum, Londres.

FILIGRANA EM OURO E PRATA

Filigrana é um trabalho ornamental feito de fios muito finos e pequeninas bolas de metal, soldadas de forma a compor um desenho. A filigrana foi utilizada na joalharia desde a Antiguidade greco-romana, sendo ainda empregada em grande variedade de objetos decorativos que podem ser encontrados com enorme visibilidade na Região Norte de Portugal.

O FIO DE OURO

Os lingotes de ouro eram batidos, ou esticados, quando o fio era primeiramente martelado até a espessura desejada ou rolado entre dois eixos, para surgirem as fieiras. Fotos realizadas no Museu do Ouro em Travassos - Portugal

MUSEU DO OURO TRAVASSOS 

Fieira – placa onde se encontram incorporados os rubis com orificios de espessuras decrescentes para adelgaçamento do fio de ouro para a filigrana

USO DO OURO E EFEITOS NA ORNAMENTAÇÃO DA IMAGINÁRIA NO BARROCO BRASILEIRO

ESTOFAMENTO 

Na indumentária das imagens, a imitação dos tecidos (estofamento), podendo ser composta por encolagem, preparação, bolo armênio, folhas metálicas, camada de cor e verniz. As técnicas de ornamentação da imaginária barroca brasileira são requintadas e as mais encontradas são: as punções, os relevos, o esgrafito, a pintura a pincel e a aplicação de materiais diversos como conchas, pedras e rendas douradas (COELHO, 2014)

BASE DE PREPARAÇÃO 

Sobre o suporte já entalhado, o pintor dourador aplicava geralmente uma camada de cola animal (encolagem) que depois de seca recebia a preparação em várias de mãos de uma mistura de cola e gesso (gesso crê, caulim, carbonato de cálcio, gesso sottile), aguardando a secagem entre as demãos, para se obter uma superficie bem lisa, ao passo que corrigia alguma imperfeição da talha (COELHO,2014)

RELEVO OU PASTILHO (PASTIGLIA) 



Após o tratamento da superfície, o pintor colocava nas áreas que pretendia dourar uma camada da argila (bolo armênio) para a aplicação das folhas metálicas, a folha de ouro sendo transparente tem a sua cor reavivada pela colocação do bol. O relevo segue uma marcação de desenho decorativo onde várias camadas da base de preparação é sobreposta, resultando em um desenho em relevo na superfície que comumente recebe o acabamento em douração.

PUNÇÃO 

As punções são feitas após a aplicação do douramento, com peças de metal com pontas e tamanhos variados, como círculos, esferas, estrelas, triângulos. Sua distribuição varia muito e aparece, às vezes preenchendo todo um espaço, formando texturas para distinguir das áreas de dourado liso e brilhante e, outras vezes, contornando folhas e pétalas de flores, ou ainda, formando ziguezagues em barras de túnicas e mantos (COELHO, 2005, p.241)

RANHURAS OU INCISÕES 

Ao contrário da punção as ranhuras e incisões são feitas antes da aplicação da folha de ouro, não são relevos, feitas sempre no plano para destacar alguma decoração, pétala, flor, folhas, etc. O autor Gilles Perrault se referer a esse tipo de ornamentação como “reparures” (COELHO, 2014)

https://vimeo.com/75474884

Madonna im Rosenhag c. 1448, 51x40cm)autoria Stefan Lochner (c. 1410 – 1451)  Estudo da construção da pintura disponível em: https://vimeo.com/75474884 

ESGRAFITO



O Esgrafito é técnica bem conhecida: depois de aplicada e brunida folha de ouro, a superfície é pintada (em geral com tempera), e, quando está em fase de secagem, removem-se as partes da camada colorida com ferramenta de ponta fina, deixando aparecer o douramento ou prateamento, formando-se então os desenhos desejados [...] O esgrafito está sempre acompanhando de pintura a pincel e, também de punções, enfatizando algumas partes do desenhos de folhas e flores (COELHO, 2005, p.240)

PINTURA A PINCEL 

É executada com pincel fino sobre partes coloridas do esgrafito, para destacar motivos fitomorfos, em representações de flores, ramos e folhas. Há casos em que é utilizada a técnica de pintura a pincel imitando o esgrafiado. (COELHO, 2014)

ESGRAFIADO

PINTURA A PINCEL



FOTOS: COELHO, 2014

VELADURAS E VERNIZES 



Veladuras são, como o nome indica, camadas muito finas de tinta à óleo ou a tempera, transparentes e coloridas, que se executavam sobre camadas coloridas e secas e sobre folhas de ouro ou prata, para modificar ligeiramente o seu colorido. Podiam se executadas com pigmentos mineirais ou lacas (COELHO, p.90, 2014) Vernizes são líquidos compostos por resinas e solventes que, aplicados sobre a superfície formam após a secagem filmes transparentes com diversos graus de brilho, dureza e flexibilidade. Tem a função de proteção da camada de pintura e saturação das cores. (COELHO, p.91, 2014)

SÃO PAULO - MASSP

SANTA BARBARA - MASSP

SANTANA MESTRA – ACERVO MASSP

SANTANA MESTRA - AMPLIAÇÃO

SANTANA MESTRA - AMPLIAÇÃO

BOM JESUS DA CANA VERDE

– ACERVO MASSP

SÃO JOSE DE BOTAS- MASSP

DETALHES DE ACERVO DO MASSP

AS FOLHAS METÁLICAS: Qualidades da folha de ouro e sua fabricação

DUCTILIDADE E MALEABILIDADE



O ouro é o mais maleável dos metais e com elevada ductilidade, ou seja, a propriedade que representa o grau de deformação que um material suporta até o momento de sua fratura.



Uma pequena pepita de ouro de 5mm de diametro pode ser expandida pelo “martelar” até uma folha de ouro com 0,5 m2. Museu Toi – Japão.



Uma folha de ouro com espessura de 0,0001 milimetros é praticamente transparente.

Uma pequena quantidade de cobre e prata é misturada para fazer a folha de ouro, isso também causa uma variação na sua coloração, os três metais são derretidos a 1.300ºC. O lingote com cerca de 1 centimetro de espessura começa a ser esticado e vai gradualmente afinando ao atravessar os rolos de compressão.



O ouro é laminado até 0,05 milimetros de espessura e cortado em quadrados de 6 centímetros e colocados entre folhas de papel especial e “martelado”.



Sem esse papel brilhante a folha de ouro não pode ser produzida com uma espessura regular e bem fina. O papel utilizado no Oriente é o Washi, que recebe um tratamento de banho e secagem para ficar lustroso.

“GOLDBEATERS” EM MANDALAY (BURMA) 

O quilates e cor da folha de ouro varia dependendo da quantidade de prata ou de cobre adicionado para o ouro. A maioria dos batefolhas fazem a folha de 23 quilates. O ouro e suas ligas são colocados num cadinho e fundido num forno. O ouro líquido é derramado em um molde de lançá-lo em um bar. A barra de ouro é colocada através de uma laminadora repetidamente. Depois as folhas são colocadas entre folhas de papel preparado e batidas pelos bate-folhas.

O BATE FOLHAS



“Goldbeating” é o processo de martelar ouro numa folha contínua extremamente fina para uso em douração, há 5000 anos atrás, artesãos egípcios artesãos reconheceram a extraordinária durabilidade e maleabilidade do ouro, e foram os primeiros bate-folhas e douradores. Eles bateram o ouro com uma pedra redonda para criar a mais fina folha possível. Exceto pela introdução de algumas outras inovações, as ferramentas e técnicas mantiveram-se praticamente inalteradas durante milhares de anos. Foto British Pathé (1959)

O BATE - FOLHAS



Em Portugal o regimento de ofícios mecânicos em 1553 regulamentou o ofício daqueles que reduzem o ouro a folhas finíssimas. No Brasil a CLASSIFICAÇÃO DE OCUPAÇÕES, arquivo de descritores utilizado no Censo Demográfico de 1991, há o código de registro da ocupação do Bate-Folhas de metais preciosos. Ilustração da Encyclopédie (Diderot, séc. XVIII).

INTRODUÇÃO À DOURAÇÃO: OURO BRUNIDO E MORDENTE ACRÍLICO

APLICAÇÃO DA FOLHA DE OURO Douração à Água

Douração à Mordente

Feita com folha de ouro fino e prata legítima  1 – aplicação do gesso  2 – aplicação do bol  3 – aplicação das folhas metálicas





Feita com folhas imitação  1 – aplicação do gesso  2 – aplicação do mordente  3 – aplicação da folha metálica imitação

GESSO COLA + BOLO DE ARMENIA 

Na douração tradicional, com o ouro legítimo, utiliza-se a madeira como suporte, preparada com camadas de gesso-cola (cola de coelho + carbonato de cálcio ou gesso crê). Depois são aplicadas as camadas de bolo de armênia, é todo esse preparo que irá receber a douração à água ou ouro brunido.

DOURAÇÃO



Douração é a aplicação de folhas metálicas sobre uma superfície, podem ser de ouro, cobre ou prata.

01

02

01 - Folha de ouro (transfer)  02 - Folha de ouro em rolo 



Para o pastilho há um mordente à relevo para douração à água de base acrílica (não é ouro brunido)

DOURAÇÃO À ÁGUA – OURO BRUNIDO 

Não se deve tocar na folha de ouro legitimo, ela é cortada sobre o coxim (uma almofada de pelica) com uma faca apropriada e depois transportada com um pincel (ou pelenesa) até a área preparada com a água de dourar no caso do ouro brunido, ou com algum tipo de mordente.

Brunidor de ágata



O bolo de armênia servia para tornar bem lisa a superfície, permitindo, assim, uma boa aderência e a ação do brunidor, normalmente uma pedra de ágata, que tornava o ouro liso e brilhante, brunido. Quanto mais lisa e macia a camada de bolo, mais aderida, lisa e brilhante ficava a folha metálica. Como a folha de ouro ou prata era muito fina, permitia que um pouco da cor do bolo influísse no seu colorido. Para as folhas de ouro era usado, em geral, bolo ocre, vermelho e marrom, e, para as de prata, era utilizado o bolo branco ou ocre bem claro.”(Coelho, 2005, p.239)

BOLO DE ARMÊNIA

BASE ACRILICA Não estamos utilizando a técnica do ouro brunido, faremos o estudo sobre uma douração com folha imitação e ao invés da base de tradicional de bolo de armênia aplicado sobre camadas de gesso cola (cola de coelho + gesso crê). Pode-se optar por uma base de tinta acrílica, há várias marcas de boa qualidade como a Acryl-paint matt Lukas, Polycolor (492 aplicado na moldura da peça da foto), ou a Mural Color (base acrílica), a cor vermelho óxido foi utilizada na peça da foto como base, o brilho é do mordente aplicado sobre a base acrílica.

Douração à água Ouro Brunido

BRUNIMENTO



USO EXTERNO TEMPO DE PRODUÇÃO CUSTO DOS PRODUTOS





SIM



NÃO

LONGO



Douração com Mordente

ALTO

NÃO





SIM

CURTO



BAIXO

MATERIAIS TRADICIONAIS E AS TÉCNICAS CONTEMPORÂNEAS DE DOURAÇÃO

MORDENTES 



A função do mordente é fazer aderir a folha de ouro sobre o suporte, ele é aplicado sobre a superficie que irá receber a douração. Antes de aplicar a folha metálica deve-se aguardar um período que varia de minutos à 12 horas dependendo do produto, até que a superfície fique “taque”, ou seja, no intervalo da secagem deixa de ser úmida para tornar-se pegajosa.

Na foto a esquerda o mordente à óleo (disponível de1-3 horas até 12 horas) e à direita o mordente à base de água (30 minutos).

A FOLHA DE OURO Folha de ouro 22 ou 23 quilates de 8 x 8cm, são fornecidas em cadernos com papel de seda intercalando as folhas com 25 unidades por caderno. A folha de ouro original deve ser aplicada utilizando a técnica do ouro brunido sobre camadas de gessocola, revestido de bolo de armênia sobre o qual a folha de ouro é aplicada com a técnica de douração à água.

A FOLHA DE OURO 

Para dourar superfícies planas existem folhas de ouro 22k confeccionada em rolos, utilizada com aplicados apropriado, permite um ganho de tempo na aplicação em trabalhos de grande dimensão como tetos de igrejas ou cupulas. O metal está aderido sobre uma fita de papel de seda com 20,5m de comprimento por 10,4cm de largura

A FOLHA METÁLICA UTILIZADA Existem no mercado vários tipos de folhas metálicas “imitação”, de prata, ouro e cobre, uma das mais utilizadas é a chamada prima-prima, ou seja, de espessura dupla medindo 16 x 16 cm. O selamento da folha metálica (imitação) é necessário porque estamos manipulando uma folha que não é ouro original e sim uma liga de outros metais, sujeitas a oxidação e escurecimento, preciso aplicar um verniz de selamento.

SANDÁRACA 

Após a douração é passado um verniz a base de resina de sandaraca, também utilizada nos ícones desde a antiguidade, a sandáraca é uma resina macia e quebradiça ao toque, como o mástique, solúvel em álcool etílico e éter. Com o passar do tempo torna-se escura e avermelhada. Muito usada no acabamento da folha de ouro e prata nos ícones. Seu preparo é similar ao damar, para retenção de impurezas, dissovendo-se em álcool absoluto à 30%.

GOMA-LACA(SHELLAC) 

Utilizada como impermeabilizante para fundos de pintura. Devido à sua lenta solubilidade e à sua cor acentuada não é mais usada para proteção de quadros em forma de verniz, pois ocorre um escurecimento da película ao longo do tempo. Solúvel em álcool etílico. Disponivel em variações de tonalidades: indiana, limão, clarificada.

VERNIZ DE RETOQUE  Não

é um verniz final, é um verniz temporário criando uma proteção temporária a pinturas a óleo recentemente concluídas igualando o brilho de seu acabamento. Pode ser utilizado como um verniz de selamento se a pintura é realizada à óleo sobre a folha de ouro imitação.

PINTURA, MATERIAIS UTILIZADOS E DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADE PLÁSTICA: PINTURA À ÓLEO SOBRE DOURAÇÃO EM TELA

BREVE INTRODUÇÃO A PINTURA

O QUE É TINTA?  Tinta

é : pigmento + aglutinante.  Aglutinante é um material que tem a finalidade a aglutinação de outros materiais, no caso da tinta ele fará a adesão do pigmento ao suporte, e por ele se designa a técnica (tempera, óleo, acrílico, etc)  O pigmento é uma partícula finamente dividida, insolúvel, que confere a característica da cor, e que depende em parte da granulometria, tamanho, forma e textura dos grãos.  Um pigmento deve ser inalterável à luz, temperatura ambiente e resistir a umidade

OS ÓLEOS SECATIVOS Os óleos secativos são os aglutinantes naturais da pintura a óleo. Na verdade eles não “secam” no sentido comum da evaporação, mas pela oxidação com o ar. Enquanto a secagem das temperas se faz por evaporação, no óleo se faz pela absorção do oxigenio, quando aumenta de peso e de volume.  permite que as cores sejam aplicadas ou espalhadas e as camadas sobrepostas.  mantém o pigmento aglutinado numa película, protegendo da ação atmosférica.  seca e age como adesivo, fixando as cores ao fundo  realça a profundidade e tonalidade do pigmento, dando a este uma qualidade diferente de quando seco. 

AETIUS, MÉDICO DO SEC. V CITA O ÓLEO DE NOZES NA ENCÁUSTICA E DOURAÇÃO.

MONGE TEÓFILO SÉC. XII Descreve

o

modo de preparar as tintas com o óleo de linho no tratado: Diversarum artium schedula

ÓLEO DE LINHAÇA 

“Põe a secar linhaça ao fogo, em uma panela, sem água. Passa-a, depois, a um morteiro e tritura até deixá-la reduzida a um pó fino; coloca-a novamente na panela, na qual verterás um pouco de água e esquenta-a bem. Envolvea logo em um pedaço de pano novo e mete-a em uma prensa, daquelas utilizadas para extração de azeite de olivas, nozes e dormideiras e espreme-as do mesmo modo que farias com estas. Mói neste óleo, mínio, vermelhão ou qualquer outra cor que queiras, sobre uma base de pedra, sem água.” (Monge Teófilo séc. XII)

CENNINO CENNINI – ANO 1437 

“Volta a moer ou triturar, cada uma das cores, como fizeste para trabalhar em afresco, com a diferença de que, em vez de moer com água, agora deves fazer com este óleo” (Il libro dell'arte).

ÓLEO DE LINHAÇA é o que apresenta menores inconvenientes dos óleos secativos  extraído da semente do linho por prensagem, pode ser prensado a frio, cru, ou refinado por meios mecânicos. 

- VERNIZ FINAL PARA QUADROS



finalidade de proteger a pintura e produzir um acabamento uniforme, aplicado um ano após secagem.

VERNIZ DE DAMAR É

um verniz final. Sua vida útil é cerca de 20 anos, quando deve ser removido e reaplicado. Retém sua aparência incolor por mais tempo que qualquer outro verniz natural. Solúvel em essência de terebintina.

VERNIZ DE CERA  As

emulsões de cera defendem a pintura da ação da poeira e gases nocivos, resulta num brilho acetinado, muito utilizado em museus. Deve ser aplicado aquecido em banhomaria em fogareiro ELÉTRICO!

REGALREZ 

REGALREZ 1094 resina de hidrocarboneto é um verniz altamente estável , de cor clara , de baixo peso molecular, com resistência ao amarelecimento, estabilidade contra a degradação térmica, etc. É hoje o verniz usado para a proteção final de obras de arte em processos de restauração, quando indicado o envernizamento.

PASSO A PASSO 



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 

Preparação da base da tela, pode ser um gesso acrilico ou tinta acrilica de boa qualidade. Pode aplicar várias demãos aguardando secagem. Base acrilica terra de siena queimada (cor do bol). Secagem Aplicação do mordente acrilico, aguardar o tempo de toque Aplicação da folha de ouro, retirar os excessos Aplicação do verniz de retoque, aguardar secagem Pintura final com tinta á óleo, sem uso de solventes. Menino Jesus – oleo sobre douração. Silvana Borges



Sugestão de pintura – trabalho monocromático com tintas à óleo terra de siena queimada, sombra queimada, terra de siena natural e laca vermelha. BOM TRABALHO!

BIBLIOGRAFIA              

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