A viagem a Tenerife das meninas Phelps

May 30, 2017 | Autor: Claudia Faria | Categoria: Travel Writing
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A viagem a Tenerife das meninas Phelps

Esta comunicação surge no âmbito do doutoramento em Estudos culturais
onde nos iremos debruçar sobre o diário manuscrito de Mary Phelps, filha do
comerciante Joseph Phelps, família sobre a qual incidiu o nosso mestrado,
investigação que se encontra publicada na colecção Funchal 500anos.
Em primeiro lugar iremos caracterizar, de forma breve, a família
Phelps no sentido de contextualizar o texto que é agora alvo do nosso
estudo mais aprofundado.
Os primeiros membros da família, William Phelps[i] e Elisabeth Peyton,
chegaram ao porto do Funchal, vindos de Dursley,[ii] no ano de 1784.
Instalaram-se no Carmo (rua ainda existente na cidade do Funchal, assim
como a casa) e ali edificaram residência e escritório. A família foi
crescendo intensamente, já que se podem contar dez filhos.[iii]
A primeira referência à casa comercial da família surge em 1786, dois
anos após a chegada de William. Sabe-se que ao longo dos tempos a firma foi
mudando de nome. Todavia, manteve sempre na designação o nome da família,
sendo a mais conhecida Phelps Page & Co. O estudo realizado por Noel
Cossart[iv] acerca das firmas estabelecidas no Funchal, e que abarca os
anos de 1772 e 1880, permite verificar que o nome da família Phelps é
sempre referenciado. Um outro estudo, da autoria de Grabham Blandy,[v]
igualmente sobre as firmas britânicas sediadas na cidade do Funchal, entre
os anos de 1803 a 1811, confirma a presença daquela empresa familiar.
Enquanto William Phelps, o filho mais velho, tomava conta dos negócios
em Londres, coube a Joseph Phelps, o benjamim, a responsabilidade de
liderar a empresa no Funchal.
Seguindo a tradição britânica, os filhos de William Phelps e Elizabeth
Peyton, depois de concluído o estudo das primeiras letras, seguiram para
Inglaterra onde, em colégios internos, completaram a sua formação. Joseph
Phelps foi enviado para Winchester e terá sido numa dessas estadas que
conheceu Elisabeth Dickinson,[vi] que, em 1819, se tornou sua mulher. Os
recém-casados[vii] rumaram ainda nesse mesmo ano à ilha da Madeira, onde
Joseph iria liderar a firma herdada de seu pai. Constituíram uma enorme
família de 11 filhos[viii] e Elisabeth tomou a seu cargo a exigente função
de cuidar das crianças e da casa, e não só, já que, e através da leitura do
texto de Mary, tem sido possível constatar o caráceter empreendedor de
Elisabeth que se dedicou a muitas causas sociais e culturais com particular
destaque para a a Escola Lancasteriana, instituição dedicada ao ensino das
primeiras letras que esteve sob a sua liderança por 40 anos.
As duas filhas mais velhas do casal Elisabeth e Joseph, Bella e Mary
nasceram em 1820 e 1822 respectivamente. Ambas faleceram em 1893 e
permaneceram solteiras até ao fim das suas vidas.
O manuscrito de Mary permite caracterizar não apenas o quotidiano
familiar mas também é uma importante fonte de pesquisa no que diz respeito
à comunidade britanica instalada na Madeira na época de oitocentos, sendo
igualmente importante entendê-lo como condifente, como guardador de
segredos de uma adolescente de origem britanica a residir numa ilha, meio
perdida no meio do Atlântico.
Mary inicia o seu diário sem qualquer referência aos motivos que a
levam a tomar a decisão de registar, daquela data em diante, as suas
impressões sobre o dia-a-dia, os seus gostos, as suas opiniões e
essencialmente os seus inner thoughts, nem tão pouco utiliza qualquer tipo
de expressão para apelidar o seu caderno de apontamentos. Este documento é
composto por 14 volumes e inicia em Junho de 1839 e finaliza em Outubro de
1843.
Para este nosso propósito de hoje interessa-nos apenas o relato de uma
viagem a Tenerife feita pelas irmãs, descrição essa que surge no final do
4º volume e ocupa os dois volumes seguintes, correspondendo temporalmente à
data de partida do Funchal no dia 17 de Setembro de 1840 e à partida de
Tenerife no dia 26 de Dezembro do mesmo ano, sendo possível constatar que a
estada das filhas mais velhas de Joseph Phelps teve a duração de 4 meses.
Mary descreve os acontecimentos trivias que antecederam o embarque
dedicando ainda algumas linhas aos minutos que se seguiram, descrevendo a
cabine na qual irão ficar instaladas, onde realça a paisagem que se vai
perdendo nitidez mas o que mais chama a nossa atenção são as suas palavras
no que diz respeito à despedida que partilhamos convosco: "our parting was
not very affecting – not a tear shed on either side, we certainly are a
very unsentimental family"[ix]. Em seguida centra o seu relato na descrição
do navio, da cabine, dos passageiros e nas comodidades disponíveis para a
viagem que durará 3 dias. Mary lamenta o facto de enjoar e confessa ter
alguma inveja da irmã que passa o tempo num divertido flirt com o capitão,
que é descrito como very kind.
Logo à chegada ao destino Mary compara a ilha da Madeira com a ilha de
Tenerife dizendo que "it looks very barren and not so pretty as Madeira but
much larger". Um pouco mais adiante acrescenta que "3 windmills look so
British but the rest so foreign". Prosseguindo com os detalhes da chegada à
ilha canariana, Mary informa que foram recebidas pelo Consul, Mr. Barlett,
descrevendo como a "stupid looking old man with white hair" e ainda por Mr.
Hamilton, na casa do qual iriam ficar instaladas por uns dias, e que as
recebeu very kindly.
Em casa da família Hamilton foram acolhidas pela dona da casa que as
recebeu com um beijo e grande satisfação. Depois de instaladas no quarto
mais confortável da residência e de descansarem um pouco, tomaram uma
refeição e aproveitaram para os pôr a par das novidades sobre o Funchal.
Com o passar dos dias, Elisabeth e Mary foram convivendo com os amigos
dos Hamilton e alguns familiares. Mary salienta o facto de Mr. Hamilton ser
rico, referindo-se à constante presença de uma housekeeper. A filha de Mr.
Phelps desabafa dizendo que "it is nice to live with rich people specially
after our poverty". Todavia quando descreve os seus anfitriões admite que
Mrs. Hamilton "is pretty, sweet but not wise" e que o marido "is very
gentlemanly and suits her in cleverness". Mais adiante acrescenta que "they
are neither intellectual or deep" facto que no seu entender conduz à
felicidade sobretudo nos casos em que a superioridade se encontra do lado
feminino como é o caso.
Para passar o tempo e além de se dedicarem à leitura e aos lavoures
domésticos, deram agradáveis passeios essencialmente pela Plaza e Mary, por
várias vezes, destaca a vista magnifica sobre a baía, a montanha e os
jardins. No seu entender a vila é limpa, bem pavimentada apesar de not
pretty. Dos vários sitios visitados Mary destaca a Concordia, a Igreja da
Conception, descrita como limpa, arejada, com algumas pinturas engraçadas
but whitewashed inside. Menciona ainda o passeio pelo pequeno jardin de
Alameidos assim como um passeio que fizeram para o lado norte, durante o
qual Bella aproveitou para desenhar. Tiveram igualmente a oportunidade de
fazer uma subida a um monte, cuja descida ao longo de um curso de água
assim como a vista sublime foram dignas de elogios por parte da filha de
Joseph Phelps.
Os domingos são passados em total recolhimento, cada um no seu quarto,
lendo, rezando ou apenas descansando, situação que Mary estranha e critica
profundamente. Por outro lado, e devido à morte de um comerciante, as lojas
ficaram encerradas durante 5 dias e tanto Mary como Elisabeht lamentam
profundamente esta situação pois estavam desejosas de ir às compras.
Todavia, assim que o comércio reabriu, as irmãs não ficaram satisfeitas, já
que nem os artigos nem o atendimento eram dignos. No entanto, alguns dias
mais tarde, Mr. Hamilton levou-as a um estabelecimento comercial denominado
Martens, onde puderam comprar flores, fitas e luvas. Apesar de tudo, Mary
mantem a sua critica quanto ao atendimento dizendo que "the people seem to
be perfectly indifferent whether they sell or not".
Durante esta estada junto dos Hamilton, Elisabeth e Mary conviveram
com a família do consul, cuja segunda mulher é espanhola. Mr. Barlett tinha
uma filha do primeiro casamento chamada Anita. Mary descreve-a como
"spanish in appearence and manners" acrescentado que gosta de bailes e
festas mas que também lê D. Quixote e Gilblas, facto que impressionou Mary.
Dias mais tarde, e num convivio na residencia do consul, Mary teve a
oportunidade de ver o bebé que retrata como "the most distressing little
object in a dirty red shir and yellow cape".
Na conversa com Mr. Barllet, Mary aprendeu alguns factos sobre a
ilha, essencialmente acerca da sua produção e da língua espanhola,
considerada por aquele "the first modern language". Com alguma regularidade
os Hamilton recebiam visitas para o chá e Mary menciona ter travado
conhecimento com Mr. Bruce, que descreve como "vulgar, awkward, odd stupid
young man". Acrescenta ainda que este receia o contacto com as raparigas e
admite que "I don't like him". Todavia, e passados alguns dias, Mary
confessa que tem mantido um flirt com Mr. Bruce, o qual a tem acompanhado
nos passeios pela praça. Este diz-se surpreendido pelo facto de Mary não
ter qualquer receio em expressar a sua opinião e esta acaba por convencê-lo
a escrever um journal, oferecendo-se para ser a sua instructora. Mais
tarde, Mary acaba por admitir que "he is not so bad after all". De entre as
pessoas com as quais travaram conhecimento, Mary refere Don Sisto, filho de
um conde de Orotava, considerado bonito. Mary não só discorda como
acrescenta que "he is not more reputable than poor Jacinto except the Don
before his name".
No dia 23 de Setembro é anunciada a chegada de um navio proveniente da
Madeira. As irmãs Phelps anseiam a chegada de correspondência mas
lamentavalmente ninguém lhes escreveu e manifestando o seu total desalento
Mary aproveita o momento para proceder a uma introspecção. Revela não ter
capacidade para sentir, nem grandes alegrias nem tristezas. "My feelings
are neither lively, passionate or deep". No mesmo tom carregado, adianta
que "I am just the kind of person that is laughed at books and despised in
mankind" e termina dizendo que acha estranho que alguém seja capaz de
sentir qualquer tipo de afeição por ela.
O mês de Outubro inicia-se com Bella doente e a irmã atribui este
facto ao calor e ao tipo de alimentação. Consequentemente os dias que se
seguiram foram passados de forma mais calma e em casa. Deste modo, Mary
aproveitou para passear pelo jardim da residência, para escrever cartas e
para ler, admitindo que "was happy to be left alone all day".
No dia 5, logo pela manhã, todos foram acordados com a chegada de Mr.
Smith que, finalmente, veio buscar as filhas do comerciante Phelps. Mary
não deixa de confessar a sua imensa felicidade admitindo que agora irá
viver " with rational and sensible people", sendo visível a sua vontade em
deixar os Hamilton, justificando-se que "it is unsatisfactory to find that
at the end of 3 weeks our mutual knowledge and liking remain exactly the
same as the 1st day".
A partida deu-se no dia seguinte pelas 6h da madrugada, Bella
transportada num hammock e Mary a cavalo tal como Mr Smith. Este é
retratado como "the most charming, kind and condescending without
patronizing person". As raparigas foram recebidas calorosamente pela esposa
de Mr. Smith, que apesar de ser considerada invalid, "talks, laughs and
eats like normal people". No trajecto para a casa dos Smith, Mary conta que
parou em La Laguna, em La Motanga, que descreve como a miserable place e
ainda em Vitória que contrasta fortemente com a cultivated and magnificente
Oratava.
Durante a estada junto de Mr. Smith, Mary dedicou grande parte do seu
tempo ao piano, praticando diariamente uma média de 4 a 5 horas. Além do
mais, aproveitou o restante tempo livre para ler tudo o que lhe era
recomendado pelo anfitrião. As irmãs aproveitaram igualmente para dar
passeios, conhecendo os arredores de La Paz mas igualmente algumas paragens
mais distantes. Um dos destinos mais habituais era o porto e o passeio
marítimo. Elisabeth e Mary visitaram o Jardim Botânico. No que se refere a
excursões, Mary destaca as idas a Canadas, Caldadeira, Aqua Mansa. Nesta
última, as irmãs levantaram-se às 5h da madrugada e após percorrem um
caminho assustador chegaram à residencia da Marquesa de La Candia por volta
das 11h. A casa, suja, desconfortável foi o local de refreshment, tendo o
grupo depois subido até La Madre de la Acqua, local que Mary compara com a
freguesia do Monte. O regresso a casa neste dia estafante aconteceu já
depois das 6h da tarde. Um outro passeio digno de registo ocorreu no dia 22
de Outubro tendo as filhas de Joseph se levantado às 4h da madrugada com o
objectivo de subir ao Peak. Devido ao frio, Bella e Mary cobriram-se com
cobertores e tomaram o pequeno-almoço com o nascer do sol. A subida íngreme
e perigosa foi motivo de preocupação mas o objectivo foi alcançado e as
irmãs regressaram a casa satisfeitas e deslumbradas com a paisagem.
Note-se, no entanto, que segundo Mary, o passatempo favorito dos
canarianos era "to sit and do nothing", atitude que esta critica
ferozmente. Por outro lado, a chuva e o mau tempo foram dois motivos
fortemenente impeditivos para que Bella e Mary pudessem conhecer a ilha
mais profudamente, tendo alguns dos passeios sido cancelados.
No entanto, e quando a família recebia visitas, os serões tornavam-se
mais animados. Visitas à casa dos amigos era igualmente habituais. Todavia,
a saúde debilitada de Mrs. Smith tornava estes convívios e os passeios mais
longos impossíveis, razão pela qual Bella, algumas vezes, ficava a tomar
conta da anfitriã, já que Mr. Smith tinha de se ocupar das crianças. O
casal fazia questão em não deixar os filhos muito tempo com os criados e
Mary refere que "the education of their bodies, mind and disposition is
uncommon" sobretudo quando presenciou o hábito de tomar banho diariamente
num tanque ao ar livre. Na verdade, este modo de educar os filhos é motivo
de registo por parte da filha de Elisabeht Phelps que diariamente dava
assistências às aulas que Mr. Smith dava aos seus filhos, Charles James
and Derwet, numa tentativa de "learn the art of teaching" . No entender de
Mr. Smith "children should be taught nothing nor be allowed even to learn
anything that they cannot entirely understand", situação que leva Mary
imediatamente a comparar a educação mantida na sua casa com esta que está a
presenciar, salientando que "poor children, like us, who were compelled to
learn without understanding and to live without liberty". Além do mais, o
anfitrião defende que e de acordo com a idade de Mary, esta deveria estudar
cerca de 3 horas por dia e andar durante cerca de 2h, equilibrando assim o
intelecto e o físico.
Nesse sentido Mary lamenta a rígidez da sua mãe, desejando que "that
my mother could or would govern her children in the same way". Mais adiante
lamenta o facto da sua mãe jamais a deixar tomar conta da educação dos seus
irmãos mais novos. Todavia, reflectindo um pouco sobre tudo isto, acaba por
confessar que tem medo deste ambiente acrescentando que "I do hope they
will not corrupt us".
No dia 25 de Outubro Mary finaliza a descrição de um dia sem qualquer
nota digna de registo lembrando que é o dia de aniversário da sua irmã
Bella. Aos vinte anos, esta passa esta celebração longe dos pais e dos
irmãos, sem receber qualquer prenda nem sequer um jantar mais elaborado.
O sexto volume do diário de Mary difere dos restantes na medida em que
Mary identifica o local onde está a ser feito o registo: Orotava, Tenerife.
Este é o último volume dedicado à viagem a esta ilha canariana e tal como o
anterior refere-se essencialmente à estada junto da família Smith.
Os dias passam uns iguais aos outros, sendo de salientar a doença de
Mrs Smith que fez com que esta ficasse acamada durante largos dias, com
fortes dores apesar do Opium, condicionando o quotidiano não apenas do seu
marido e dos seus filhos, como o das hóspedes. Bella tomou conta dela
durante largas horas, mantendo-se à sua cabeçeira e quer Mary quer Mr.
Smith ficaram impossibilitados de tocar piano e treinar as notas mais
difíceis, para grande desgosto da primeira. Por outro lado, Mary lamenta o
facto de o pequeno-almoço ser, agora, servido mais tarde, situação que lhe
provoca dores de cabeça e bastante incómodo.
Dos passeios que fez durante o mês de Novembro, Mary destaca a ida à
praia, The Callaeds, onde as ondas gigantes lhe causaram algum espanto.
Aproveitaram igualmente para se aventurarem ao longo de uma caverna, escura
e cheia de lama. Nesta caminhada tiveram a oportunidade de serem recebidas
pelo Governador Don Rafael Camps, que ofereceu um jantar composto de sopa,
pêssegos, carne, peru, tarte de maça e fruta variada. Ao finalizar a
descrição deste dia, Mary refere que ela e a irmã foram as únicas pessoas
que deixaram alguma comida no prato uma vez que os restantes convivas
"adopted the English and unspanish custom of devouring all". Mary destaca
ainda o passeio à Cueva de los Siete Palácios, residência do último rei dos
guanches, assim como as idas à praia onde se entretiam a fazer castelos na
areia.
Esta tranquilidade é interrompida no dia 30 de Novembro com a chegada
da correspondência e, em particular, com uma carta de Elisabeth Phelps,
através da qual, informa as filhas de que está novamente grávida. A
surpresa de Mary não passa despercebida quando escreve "worst shot of all!
There is coming an 11th Phelps!", acrescentando que não quer voltar para a
Madeira e ser incomodado pelo choro e gritos dos irmãos. No entanto, e logo
de imediato, Mary deixa transparecer a sua grande preocupação pela mãe
admitindo que " poor lady, she is more to be pitied than we".
É igualmente neste dia que as irmãs são informadas que Mr. Hewson já
está a caminho de Tenerife com o objectivo de as acompanhar na viagem de
regresso ao Funchal. Passados alguns dias, é anunciada a chegada do navio
Vernon, notícia que é recebida com profunda tristeza, já que Mary não
deseja regressar a casa. Desabafando com o seu amigo íntimo, Mary confessa
que tem medo de voltar uma vez que "it will be so miserable after having
our own way so long and being treated like reasonable beings, to be scolded
and contradicted continuously and told that we are very wicked and depraved
– at least that we are lazy, idle and good for naught". Todavia, manifesta
alguma esperança em que tudo corra bem, sugerindo que talvez a mãe esteje
de algum modo mais calma devido à sua condição, acrescentando que "after
all she is a good mother and would certainly make us happy – only it must
be in her own way".
Bella e Mary começam a fazer as malas no dia 23 de Dezmebro mas são
interrompidas por visitas inoportunas. No dia seguinte, Charles Freeman
implora para que as irmãs aceitem o convite para o baile que terá lugar no
porto no dia 25, mas Mary argumenta que "doesn't fell much in the humour
for balls". No entanto, a chuva que começara a cair desde a noite, adiou o
festim e impediu as visitas nesse dia. Foi para Mary uma verdadeira bênção,
apesar de mais adiante, lamentar ter passado o dia " in such a heathenish
manner". O dia de Natal contou igualmente com muita chuva e as irmãs foram
se deitar cedo revelando que "no spirits except for plum pudding". No dia
seguinte levantaram-se às 6h da manhã, chegaram à residencia dos Hamilton à
1h da tarde onde Mr. Hewson as esperava. Subiram a bordo do navio por volta
das 4h e "soon after found ourselves sailing away home again".






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[i] O casal William e Elisabeth contraíram matrimónio em 6 de Dezembro de
1783, na Igreja de St. Giles, Crippelgate, Londres, tendo partido de
Gravesand no dia 18 de Janeiro do ano seguinte, com destino à ilha da
Madeira.
[ii] Cidade situada no distrito de Stroud, condado de Gloucestershire.
[iii] Elisabeth nasceu em 24 de Outubro de 1784 e Mary em 1 de Setembro de
1785. Ambas foram baptizadas no mesmo dia, 24 de Outubro de 1785. William
nasceu dois anos mais tarde e, em 12 de Março de 1789, nasceu Abel, seguido
de Anne, em 4 de Junho do ano seguinte e, por último, Charles, no dia 29 de
Agosto de 1796.
[iv] COSSART, Noel - Madeira — The Island Vineyard. London: Christie's Wine
Publications, 1984.
[v] BLANDY, Graham - The Old Factory at Madeira. Texto policopiado.
Funchal.
[vi] Elisabeth era filha do Capitão Thomas Dickinson e de Francis de
Brissac. O casal Dickinson teve uma família numerosa de nove filhos, sendo
de destacar o primogénito, John, que fundou em 1804 a fábrica de papel John
Dickinson & Co. Ltd.
[vii] Elisabeth e Joseph casaram no dia 17 de Agosto de 1819, segundo o
registo de Margaret Peyton, cedido pela família.
[viii] Elisabeth nasceu em 1820, Mary em 1822, Anne em 1824, Frances em
1826 e Harriet em 1828. No ano seguinte nasceu o primeiro varão da família,
Joseph, e em 1831 nasceu Clara. Dois anos depois nasceu Charles, seguido de
William, em 1836, Arthur, em 1837, e Jane Frederica, em 1842. As duas
primeiras e a última filha do casal Phelps permaneceram solteiras. Anne
tornou-se Mrs. Bayman, por casamento, em 1857, com Robert Bayman, Frances
casou em 1858 com o seu primo John Evans, tornando-se assim madrasta do
famoso arqueólogo Sir Arthur Evans. Harriet casou em 1854 com o reverendo
John Lake Crompton e foi residir para a África do Sul. Clara tornou-se Mrs.
Oakley, por casamento ocorrido em 1860 com o reverendo John Oakley, e
Charles casou em primeiras núpcias com Agnes Neale no ano de 1869, tendo
voltado a contrair matrimónio em 1908 com Katherine Wilkinson. William e
Arthur seguiram a carreira militar. O primeiro casou com Catherine Anne
Glasse e o segundo com Caroline Anne Peyton, em 1868.
[ix] Mary Phelps, Diary, volume IV, p. 26.
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