A viagem dos portugueses e a de Sá de Miranda

May 30, 2017 | Autor: Marcia Arruda Franco | Categoria: Sá de Miranda, Luis Vaz de Camões, Literatura Portuguesa Do Renascimento
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A viagem dos portugueses e a viagem de Sá de Miranda   Márcia Maria de Arruda Franco UFOP Desde  o  século  XV,  as  viagens  portuguesas  esperavam  por  uma  narrativa  épica  que  as  "imortalizasse".  Os latinistas e D. João II conceberam­na em latim (Ramalho, 1993 e Matos, 1991). Garcia de Resende, no prólogo do Cancioneiro  Geral,  de  1516,  também  suspira  por  uma  epopéia  em  lingoagem.  Esta  idéia  será  obsessivamente repetida entre os poetas da escola nova, Ferreira, Bernardes, Caminha, e só realizada por Luís de Camões. Sá de Miranda manifestou o desejo de ver as Descobertas cantadas em estilo alto na dedicatória a D. João III que precede a Fábula do Mondego,  uma  obra  luso­castelhana.  Ao  poema  pastoril  é  dado  um  exórdio  épico  em  que  são referidas tanto a gesta dos portugueses e a guerra contra o infiel: Ínclito Rey, que d'este al otro Polo enchistes de trofeos, abriendo al Nilo, desd'el Tajo, luz nueva y nuevo día, mudando en esto la natura estilo: dándoos Neptuno el mar, dándoos Eolo sus vientos, y armas Marte a la porfía. Por la zona que ardía en brava, continuamente, vuestra animosa gente, los Portugueses, a que nada espanta, a vós, Señor, los ojos, y a la santa empresa y lealtad propria y d'abuelos, contra amenaza tanta gran denuedo venció tantos recelos.(Ibidem) A  Fábula  do  Mondego  não  permanece  no  registro  épico,  "reconociendo  al  tiempo  el  su  poder",  senão  por  listar  os signos caracterizadores da região do Mondego ("Ya munda, que es dezir, clara agua y pura"), isto é , Coimbra, em que  estão  as  ruínas  da  Torre  de  Hércules  (estrofe  6)  e  o  túmulo  de  Afonso  Henriques  (estrofe  7).  A  Fábula  do Mondego  envereda  por  uma  reflexão  sobre  a  poesia  ao  gosto  do  Renascimento  (reconta­se  a  lenda  de  Orfeu  e Eurídice)  e  sobre  a  loucura  amorosa,  mal  de  que  padecem,  como  Diego,  muitos  pastores  mirandinos.  A possibilidade  de,  à  semelhança  de  Vergílio  (Sá  de  Miranda,  1976,  75),  o  gênero  pastoril  incluir  referências  ao assunto alto ou épico é feita na terceira estrofe da dedicatória. A  obra  de  Sá  de  Miranda  (Comédias,  Cartas  e  algumas  Éclogas  em  vernáculo)  está  no  início  do  processo  de constituição  da  moderna  poesia  portuguesa.  É  a  primeira  a  trazer  para  as  letras  portuguesas  os  pressupostos formais  e  conteudísticos  da  cultura  humanística.  Isto  é  feito  sem  que  sejam  renegadas  a  herança  cancioneiril peninsular e a prática luso­castelhana, sendo está a mais arraigada tradição ibérica de Sá de Miranda. A sua culta lira soube fazer uma crítica ética à empresa indiana, denunciando o seu ponto chave: a transformação cultural  operada  pelos  novos  signos  da  cultura  marítima.  As  imagens  náuticas,  que  a  retórica  antiga  lia  como alegorias do Estado, da situação política, a guerra e/ou a paz (HANSEN, 1987, 13), ganham, por assim dizer, uma determinação  histórica,  referindo­se  agora  às  Grandes  navegações.  Para  Sá  de  Miranda,  a  aventura  portuguesa, como  chance  ilusória  de  enriqueimento  rápido,  atráves  do  comércio  ultramarino,  era  uma  "clara  peçonha"  que entrava pelos portos (rimando com mortos) portugueses: Entrou, dias há, peçonha clara pelos nossos portos, sem que remédio se ponha: uns dormentes, outros mortos, alguém polas ruas sonha.(Sá de Miranda, 1977,84) O  poeta  sabe  do  valor  épico  da  gesta  portuguesa.  Sua  crítica  refere­se  à  ganância  gerada  pela  aparente  riqueza indiana: Fez no começo a pobreza vencer os ventos e o mar, vencer quási a natureza; medo hei de novo à riqueza, que nos venha a cativar.(Ibid.) http://www.geocities.ws/ail_br/aviagemdosportugueses.html

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A  Carta  a  António  Pereira  Marramaque  abre  com  uma  crítica  à  relação  dos  Pereiras  com  os  lucros  da  empresa indiana. O poeta rima "correr pardaus", a circulação da moeda indiana, com "caminhos tão maus": Como eu vi correr pardaus por Cabeceiras de Basto, crescerem cercas e o gasto, vi, por caminhos tão maus, tal trilha e tamanho rasto, ( Ib., 83) Dias Miguel (1980, 148) acha que estes pardaus vieram para as terras do senhor de Basto em 1544, com a morte do seu irmão bastardo Rui Vaz Pereira que permaneceu no Oriente por um quarto de século, envolvido nas lides das armas e no comércio indígena, "engrossando uma fortuna apreciável de pardaus, que, por ser seu herdeiro António Pereira, acabaram afinal por ir parar a Cabeceiras de Basto" (Ibidem). Na  seqüência  da  Carta,  Sá  de  Miranda  critica  a  política  ultramarina  por  despovoar  o  reino,  na  famosa  quintilha, escrita no melhor do seu estilo concreto: Não me temo de Castela donde inda guerra não soa; mas temo­me de Lisboa, que, ao cheiro desta canela, o Reino nos despovoa. (Ibidem) O  problema  político  com  Castela  é  minimizado  em  face  do  despovoamento  de  Portugal;  o  vazio  deixado  no  reino português pelas viagens dos descobridores e dos comerciantes é um vazio de identificação cultural, na medida em que  os  valores  antigos  estão  sendo  transformados,  substituídos  por  valores  "alheios".  Para  Sá  de  Miranda,  o império lusitano assume o sentido de uma empresa econômica arriscada, quer dizer, que colocava o reino em risco. O império marítimo, ao absorver as vontades e os sonhos, revolucionava os costumes ibéricos, tão caros ao poeta e  a  seus  amigos.  "O  cheiro  da  canela"  uma  especiaria  indiana  "despovoa  o  reino",  desestruturando  a  orgnização agrária da sociedade portuguesa. Sem camponeses, que todos afluem à Lisboa e ao comércio, fica impossibilitado o prosseguimento da atividade agrícola. O  "cheiro  da  canela",  como  salienta  Maria  Vitalina  Leal  de  Matos  (1987,154),  é  transformado  em  símbolo,  sinal motivado  dos  tempos.  Referindo­se  à  diferença  de  costumes  entre  o  presente  e  a  época  de  Viriato,  o  poeta  se considera  um  representante  da  tradição  e  dos  costumes  religiosos,  trazendo  "óleos"  e  não  "perfumes":  "Os  leitos, mesas  e  os  lumes,  /  todo  cheira:  eu  óleos  trago;  /  vem  outros,  trazem  perfumes."  (Sá  de  Miranda,  1977,  84). Adiante o trabalho com o signo concreto do "cheiro" reaparece, na mesma clave da crítica ao comércio indiano: Disto o cheiro, disto a cor que preço nam tem igual, milagres de Portugal, cousas de tanto sabor para saberem tam mal! (Ibidem, 86) Os  "milagres  de  Portugal"  são  vistos  ironicamente,  isto  é,  como  decorrentes  de  uma  política  econômica equivocada, que estocava mercadorias perecíveis, sem organizar a sua venda, "pagando o pato": Onde se há de lançar tanto? Aquilo é pagar o pato! (...) Que contas vão tão erradas! Enfastia o que sobeja; (Ibidem) Em nota, Rodrigues Lapa sugere que "pagar o pato" talvez queira dizer "pagar o prejuízo que outrem fez" (Ibidem)  . Por  fim,  o  perigo  que  Sá  de  Miranda  pressente  no  abandono  do  reino  por  conta  das  viagens  marítimas,  leva­o  a atacar a figura do marinheiro, que é ridicularizada: Os marinheiros vadios que vilmente a vida apreçam, polas cordas dos navios volteam como bugios, inda que vos al pareçam.(Ibidem, 98) Está  sendo  atacada  aquilo  que  se  constituirá  em  arquétipo  do  português,  principalmente  para  a  mentalidade romântica: a figura do navegador é comparada à de um "mico". Escrita no momento em que se iniciava o processo quinhentista  de  construção  da  imagem  imperial  lusíada,  a  obra  mirandina  se  posiciona  criticamente  em  relação  à revolução cultural centrada nos signos do mar. O  fausto  da  empresa  indiana,  a  promessa  da  riqueza  súbita  são  vistos  como  um  sonho.  Em  outra  carta,  a  D. Fernando  de  Meneses,  o  poeta  sintetiza  a  sua  crítica  ao  devaneio  indiano  e  brasileiro:  "Teme­se  dum  amigo apoderado, / do tempo, que só sonha Índia e Brasil, / té que cada um de lá torne dourado." (Sá de Miranda, 1977, p. 104).  Os  amigos  em  poder  dos  tempos,  isto  é,  levados  pelo  sonho  indiano,  deixam  as  terras  (o  cultivo  da agricultura) e se dirigem à corte, deixam Portugal e se dirigem para as Índias. Sá de Miranda, por sua vez, não se deixa  estar  em  poder  dos  tempos:  permanece  firme  em  sua  argüição  severa  dos  novos  valores,  ao  tentar  abrir  os olhos de António Pereira que, como senhor feudal, deveria ter uma outra atitude em relação à empresa indiana, não descuidando do cultivo e do governo das suas terras:

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Ao reino cumpre em todo ele ter a quem o seu mal doa, não passar tudo a Lisboa, que é muito o peso, e com ele mete o barco n'água a proa.(Ibidem, 97) O poeta alerta contra a febre indiana: "Destes mimos Indianos / hei gram medo a Portugal" (Ibidem, 52), na carta a João Roiz de Sá de Meneses. Com a crítica feita no calor da hora aos engodos da empresa marítima, o poeta, para o  juízo  oitocentista,  se  transforma  em  vate:  prevê  a  ruína  do  império  português,  ainda  na  primeira  metade  de quinhentos. Dele dirá Carolina Michaëlis de Vasconcelos:"foi [...] também um dos primeiros que pressentiu o perigo e apontou, propheticamente, para a origem do mal futuro." (Vasconcelos, 1885, V). Por isso, Sá de Miranda, já no século  XX,  tem  sido  comparado  ao  Velho  do  Restelo,  defensor  das  tradições  ibéricas  e  crítico  da  aventura indiana:"O  Velho  do  Restelo  fustiga  a  ambição  desmedida  dos  navegantes  portugueses,  preanunciando,  como  Sá de  Miranda  já  antes,  a  ruína  econômica  de  Portugal,  de  um  Portugal  já  despovoado",  comenta  Pina  Martins (Martins, 1981, XXVI). A aproximação entre o discurso anti­indiano de Sá de Miranda e o do Velho do Restelo ainda pode ser depreendida por uma leitura atenta desse episódio do canto épico. Algumas imagens e conceitos evocam certas passagens da obra mirandina, como por exemplo os versos: Deixas criar às portas o inimigo, Por ires buscar outro de tão longe, Por quem se despovoe o Reino antigo, Se enfraqueça e se vá deitando a longe! (Lus., IV, 101) lembram, como indica o editor d'Os Lusíadas, Emanuel Paulo Ramos (2a ed, 1978, p.450), a famosa quintilha acima citada da Carta de Sá de Miranda a António Pereira Marramaque; aquela em que o poeta teme "de Lisboa, que, ao cheiro dessa canela, o Reino nos despovoa". A crítica à artilharia, como um mal uso do fogo, também está presente tanto na fala do Velho do Restelo como na Carta de Sá de Miranda a Pero de Carvalho. Diz Sá de Miranda do "fogo": Deste engenho que diremos,  de que nós tais gabos damos,  com quem tudo acometemos?  quantas vezes dele usamos  mal, e como não devemos?    Dom do Céu nosso especial,  e veo a ser todavia  este homem racional  tam engenhoso em seu mal, como ontem na artilharia!" (Sá de Miranda, 1977, 69­70). E n'Os Lusíadas  o  Velho  lamenta:  "Trouxe  o  filho  de  Jápeto  do  Céu  /  O  fogo  que  ajuntou  ao  peito  humano,  /  Fogo que o mundo em armas acendeu, / Em mortes, em desonras (grande engano!)." (Lus., IV, 103). Com  essa  breve  aproximação  não  se  pretende  afirmar  que  o  velho  do  Restelo  seja  uma  referência  explícita  de Camões  a  Sá  de  Miranda,  mas  sim  salientar  que  havia  em  quinhentos  um  discurso  anti­indiano  construído  a  partir de  determinados  pontos­chave:  o  mal  uso  do  fogo,  o  despovoamento  do  reino,  a  ambição  desmedida,  etc,  pontos que se reencontram tanto no discurso do Velho do Restelo como nas cartas mirandinas. Há um detalhe que opõe o Velho do Restelo a Sá de Miranda, o primeiro amaldiçoa o canto da gesta marítima: "Oh! Maldito o primeiro que, no mundo, / Nas ondas vela pôs em seco lenho! / Dino da eterna pena do Profundo,/ Se é justa a justa Lei que sigo e tenho!  /  Nunca  juízo  algum,  alto  e  profundo,  /  Nem  cítara  sonora  ou  vivo  engenho,  /  Te  dê  por  isso  fama  nem memória, / Mas contigo se acabe o nome e glória! (Lus., IV, 102), e o segundo, como poeta que é, toma uma atitude muito diversa. Os signos da aventura marítima serão usados por Sá de Miranda para simbolizar a sua própria gesta de introdutor de  um  novo  metro  e  de  um  novo  conceito  de  poesia.  A  construção  do  sentido  dos  poemas  deriva  de  um  ato hermenêutico proposto pelo leitor: "Quantos ledores tantas, as sentenças; / c'um vento velas vem e velas vão." (Sá de  Miranda,  1977,  287).  Para  sugerir  a  dinâmica  interpretativa  do  poético,  Sá  de  Miranda  utiliza  imagens  de navegação. A "Elegia a uma senhora muito lida, em nome de um seu servidor" alude ao saber dessa senhora letrada que parece colaborar com as "descobertas mirandinas", ajudando a limar os primeiros decassílabos mirandinos: Cuidando em vós, senhora, no alto engenho delicado saber, na tanta estima, não sei com que ousadia ante vós venho,   Por dom da natureza posta em cima de todo o que aqui vemos descoberto, a que é tam necessária vossa lima.(grifo meu, Ibid., 13) A obra mirandina se posiciona criticamente em relação à aventura marítima e comercial dos portugueses, fundando a escola nova ou mirandina como descobridora de um novo metro (o decassílabo) e de novas formas e gêneros para http://www.geocities.ws/ail_br/aviagemdosportugueses.html

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o poético. A primeira estrofe do Canto V d'Os Lusíadas abre com uma referência ao Velho do Restelo: "Estas sentenças tais o velho  honrado  /  Vociferando  estava,  quando  abrimos  /  As  asas  ao  sereno  e  sossegado  /  Vento,  e  do  porto  amado nos partimos" (Lus., V, 1). Em seguida, é retomado um costume dos navegadores portugueses ao largarem do cais: "E, como é já no mar costume usado, / A vela desfraldando, o céu ferimos, / Dizendo: ­ Boa viagem! Logo o vento / Nos  troncos  fez  o  usado  movimento"  (Lus.,  V,  1).  Esta  expressão  será  usada  por  Sá  de  Miranda  em  relação  à aventura com o novo metro e as novas formas. Na dedicatória a D. Manuel de Portugal, a encabeçar a primeira écloga vernácula mirandina, Encantamento, o poeta compara a sua gesta de introdutor do novo gosto italiano com a de Horácio, que introduziu o metro grego na língua latina, e também com a gesta dos portugueses. Sá de Miranda abriu os portos da língua aos cantares peregrinos. D. Manuel de Portugal e outros podem seguir a viagem iniciada por Sá de Miranda, que "fez o que pôde": [...] Já que fiz aberta aos bons cantares peregrinos, fiz o que pude, como por si diz aquele, um só dos líricos Latinos; provemos esta nossa linguagem, e, ao dar da vela ao vento: Boa viagem.( Ib.,223)

Bibliografia: 1.CAMÕES, Luís Vaz de, Os Lusiadas, 2a ed, Porto, Porto ed., 1978. 2.GARCIA, Alexandre M, org., Poesia de Sá de Miranda, Lisboa, Comunicação,1984. 3.LAPA, Rodrigues, sel. pref. e notas, Poesias Escolhidas de Sá de Miranda, Belo Horizonte, Itatiaia, 1960. 4.HANSEN, João Adolfo, Alegoria, construção e interpretação da metáfora. 2a ed., São Paulo, Atual, 1987. 5.MARTINS, J. V de Pina, O Humanismo na obra de Camões, Separata dos Arquivos do Centro Cultural Português (XVI), Paris, Fundação Calouste Gulbenkian,1981. 6.MATOS,  Luís  de,  L'Éxpansions  portugaise  dans  la  literature  latine  de  la  Renaissance,  Lisboa,  Fundação  Calouste Gulbenkian,1991. 7.­­­­­­­, Itinerarium Portugallensium, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,1992. 8.MATOS, Maria Vitalina Leal de, Ler e Escrever, Lisboa, Imprensa Nacional­Casa da Moeda, 1987. 9.MIGUEL, António Dias, António Pereira Marramaque, Senhor de Basto, Subsídios para o estudo de sua vida e obra, Paris, Calouste Gulbenkian,1980. 10.SÁ DE MIRANDA, Francisco de, Obras Completas, 4a ed /3a ed, Lisboa, Sá da Costa, 1976/1977. 2 vols. 11.RAMALHO,  Américo  da  Costa,  "Os  humanistas  e  a  divulgação  dos  Descobrimentos",In:  Congresso  Internacional Humanismo Português na época dos Descobrimentos, Actas, Coimbra, Universidade de Coimbra / Fac. de Letras, 1993. 12.VASCONCELOS, Carolina Michaëlis de. Poesias de Francisco de Sá de Miranda. Halle, Max Niemeyer, 1885.

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