AA VV. (2011) – “Tomada de posição do grupo de geografia relativamente à lecionação da disciplina de área de integração”, Apogeo, n.º 40, pp.14-17.

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AA VV. (2011) – “Tomada de posição do grupo de geografia relativamente à lecionação da disciplina de área de integração”, Apogeo, n.º 40, pp.14-17.

TOMADA DE POSIÇÃO DO GRUPO DE GEOGRAFIA RELATIVAMENTE À LECCIONAÇÃO DA DISCIPLINA DE ÁREA DE INTEGRAÇÃO Grupo de Geografia da Escola Secundária de Amora

1. Nota Introdutória O presente documento realizou-se tendo por base a reflexão produzida em sede de reunião do Grupo de Geografia da ESA, nos dias 30 de Maio e 7 de Junho de 2011, relativamente à discussão em torno dos critérios de leccionação da disciplina de Área de Integração (AI) nos Cursos Profissionais. A proposta que aqui se apresenta tem por base o consenso geral dos docentes do grupo em torno dos seguintes pressupostos:  Os critérios de gestão do currículo deverão pautar-se por um primado da pedagogia que sirva sobretudo os alunos, a qualidade das suas aprendizagens, e a adequação do seu perfil às realidades sócio-económico-culturais.  As questões organizativas não se sobrepõem às prioridades pedagógicas, as questões organizativas servem estas últimas, e por isso julga-se pertinente e urgente que se repense os critérios de atribuição da AI em função de critérios pedagógicos de rigor;  A qualidade do ensino e das aprendizagens dos alunos, bem como do serviço educativo prestado ganhará com essa reflexão, designadamente através de uma maior articulação e coerência entre o programa, as orientações curriculares e os conteúdos da disciplina de AI, a qualificação profissional (científico-pedagógica) dos seus docentes e o perfil profissional a promover em cada curso profissional;  A corporação serve a comunidade, e a conveniência organizativa da necessária equidade na distribuição do serviço e carga horária dos docentes do departamento, não inibe mas promove a melhoria do serviço educativo prestado;  Animam-nos razões pedagógicas e condutas éticas de rigor, de igualdade e de justiça.

2. Apresentação geral do programa de AI e caracterização da disciplina A Área de Integração surge em 1990, no quadro da componente sociocultural dos currículos de formação de nível 3 das escolas profissionais. A sua designação remetenos, desde logo, para uma ideia de transversalidade e encontro de conhecimentos de diferentes áreas disciplinares, disponíveis para serem aplicados numa melhor compreensão dos problemas do mundo contemporâneo. Tal objectivo gerou a necessidade de construir um programa que favorecesse simultaneamente a aquisição de saberes oriundos das ciências sociais e o desenvolvimento de competências capacitantes para a inserção na vida social e num mercado de trabalho em evolução e 14

transformação. Tratava-se de dar corpo a um conjunto de propostas que, assentes em contextos científicos e culturais, desenvolvessem nos alunos curiosidade, iniciativa, criatividade no encontro de soluções, responsabilidade na realização de projectos, sentido de cooperação na partilha de processos e produtos. Quadro 1 – Estrutura do Programa de AI: Áreas, Unidades Temáticas, Temas-problema Área I – A Pessoa Unidade Temática 1– O SUJEITO LÓGICO-PSICOLÓGICO Tema - problema 1.1 – A construção do conhecimento ou o fogo de Prometeu Tema - problema 1.2 – Pessoa e cultura Tema - problema 1.3 – A comunicação e a construção do indivíduo Unidade Temática 2– O SUJEITO HISTÓRICO-SOCIAL Tema - problema 2.1 – Estrutura familiar e dinâmica social Tema - problema 2.2 – A construção do social Tema - problema 2.3 – A construção da democracia Unidade Temática 3– O SUJEITO BIO-ECOLÓGICO Tema - problema 3.1 – O Homem e a Terra Tema - problema 3.2 – Filhos do Sol Tema - problema 3.3 – Homem-Natureza: uma relação sustentável? Área II – A Sociedade Unidade Temática 4– AREGIÃO, ESPAÇO VIVIDO Tema - problema 4.1 – A identidade regional Tema - problema 4.2 – A região e o espaço nacional Tema - problema 4.3 – Desequilíbrios regionais Unidade Temática 5– UMA CASA COMUM:A EUROPA Tema - problema 5.1 – A integração no espaço europeu Tema - problema 5.2 – A cidadania europeia Tema - problema 5.3 – A cooperação transfronteiriça Unidade Temática 6– O MUNDO DO TRABALHO Tema - problema 6.1 – O trabalho, a sua evolução e estatuto no Ocidente Tema - problema 6.2 – O desenvolvimento de novas atitudes no trabalho e no emprego: o empreendedorismo Tema - problema 6.3 – As organizações do trabalho Área III – O Mundo Unidade Temática 7– A GLOBALIZAÇÃO DAS ALDEIAS Tema - problema 7.1 – Cultura Global ou Globalização das Culturas? Tema - problema 7.2 – Um desafio global: o desenvolvimento sustentável Tema - problema 7.3 – O papel das organizações internacionais Unidade Temática 8– A INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA,DO CONHECIMENTO E DA INFORMAÇÃO Tema - problema 8.1 – Das Economias-mundo à Economia Global Tema - problema 8.2 – Da multiplicidade dos saberes à Ciência como construção racional do real Tema - problema 8.3 – De Alexandria à era digital: a difusão do conhecimento através dos seus suportes Unidade Temática 9– A DESCOBERTA DA CRÍTICA: O UNIVERSO DOS VALORES Tema - problema 9.1 – Os fins e os meios: que Ética para a vida humana?

15cultural e a transfiguração da experiência: a Estética Tema - problema 9.2 – A formação da sensibilidade Tema - problema 9.3 – A experiência religiosa como afirmação do espaço espiritual no mundo

O programa integra Áreas, Unidades Temáticas e Temas-problema, conforme o quadro 1 deste documento. Assim, este programa está estruturado em três Áreas (A Pessoa, A Sociedade, o Mundo). Cada uma destas três Áreas está organizada em três Unidades Temáticas que, por sua vez, se compõem de três Temas-problema. Propõem-se, assim, 27 Temas-problema, cada um concebido para 12 horas de ensino / aprendizagem. Considerando uma distribuição equitativa da carga horária global do programa (220 horas) pelos três anos do ciclo de formação (72 + 72 + 72 horas, por conseguinte), o ensino organiza-se anualmente em dois módulos de 36 horas, constituídos por três Temas-problema. Cada um destes módulos inclui Temas-problema das três Áreas propostas. No final de três anos (ou da organização temporal respectiva) são leccionados 6 módulos que abordam 18 Temas-problema. As orientações curriculares exprimem i) uma intenção de paridade entre saber e procedimentos, ou seja, entre o saber e o saber-fazer; ii) o desenvolvimento de competências como: iniciativa, autonomia, criticidade, integração e utilização criativa de saberes; iii) uma abordagem holística e integrada de conhecimentos culturais/científicos e procedimentos de investigação, selecção, organização, tratamento e apresentação desses conhecimentos. Em termos globais o programa da disciplina de AI pretende, essencialmente, desenvolver a capacidade de integrar conhecimentos de diferentes áreas disciplinares, aproximar estes conhecimentos de experiências de vida dos alunos e aplicá-los a uma melhor compreensão e acção sobre o mundo contemporâneo.

3. Fundamentos da proposta Primeiro. Como se afirma nas orientações curriculares de AI, a responsabilidade pela gestão dos conteúdos do programa recai essencialmente nos professores que leccionam a disciplina, mas este pressuposto não se cumpre, mesmo num curso como o de Técnico de Turismo cuja paternidade se deve ao esforço e iniciativa dos seus docentes. Em termos de orientações metodológicas salienta-se a importância da organização dos módulos como conjuntos coerentes com as aprendizagens que se pretendem desenvolver. Essa coerência decorre, naturalmente, de uma opção pedagógica relacionada com o perfil de formação dos alunos, o curso que frequentam, o seu horizonte vocacional, as oportunidades de aprendizagem no meio local ou regional. Segundo. A Geografia é uma disciplina de charneira entre as Ciências Naturais e as Ciências Sociais, procurando responder às questões que o ser humano coloca sobre o meio físico e humano, utilizando diferentes escalas de análise. Desenvolve o conhecimento de lugares, de regiões do Mundo, bem como a produção social de diversos fenómenos humanos e naturais, desenvolvendo ainda o domínio de destrezas de investigação e de resolução de problemas, tanto dentro como fora da sala de aula. Através do estudo da Geografia, os alunos estabelecem contacto com diferentes sociedades e culturas num contexto espacial, o que os ajuda a perceber de que forma os espaços e os fenómenos se relacionam entre si. As orientações curriculares da disciplina de AI apelam à valorização da transversalidade e integração de diversos saberes e conteúdos, que representam o objecto e a essência da ciência geográfica, pelo que a formação científico-pedagógica dos docentes de Geografia constitui uma 16

garantia na qualidade no ensino de determinadas unidades temáticas de AI, a que mais à frente se fará referência. Terceiro. Do ponto de vista metododológico, a orientação curricular por uma linha metodológica de projecto reclama igualmente a necessidade de mobilização de saberes na sua dimensão conceptual e instrumental, não exclusivos, mas comuns e característicos da Geografia. A dimensão conceptual permite conhecer e aplicar conceitos como espaço, território, lugar, região, ambiente, localização, escala geográfica, mobilidade geográfica, interacção espacial e movimento, bem como estabelecer relações entre eles. A dimensão instrumental refere-se às competências relacionadas com a observação directa, com a utilização, a elaboração e a interpretação de informação actual e pertinente próxima da experiência dos alunos, mas também com a interpretação de fotografias e com a representação gráfica e cartográfica de dados estatísticos, visando sempre integrar as diferentes características dos fenómenos sociais, económicos e culturais num contexto espacial, de modo a desenvolver o processo de conhecimento integrado do Mundo. O programa de AI tem subjacente e de forma transversal a quase todos os módulos, a necessidade de desenvolvimento de uma consciência espacial do Mundo, encarado a diferentes escalas de análise (local, regional, nacional, continental e mundial), na certeza de que esta contribui para a consciencialização de que todos os seres humanos partilham o mesmo ambiente e, por isso, são interdependentes e de que as interrelações homem-ambiente têm repercussões que ultrapassam a escala local e afectam espaços mais amplos atingindo na maioria dos casos uma dimensão planetária/global. Quarto. Por último, analisando em pormenor as Áreas, as Unidades Temáticas e os Temas-Problema constantes no programa de AI, observa-se que sensivelmente metade dos conteúdos estão presentes nos programas e orientações curriculares da disciplina de Geografia, no 3º ciclo do ensino básico e no ensino secundário, e tradicionalmente leccionados pelo corpo docente do respectivo grupo de recrutamento. Num total das 9 unidades temáticas previstas no programa de AI, existem 4 unidades que concentram conteúdos temáticos e procedimentais característicos e específicos da ciência geográfica, a saber: Unidade Temática 4 – A REGIÃO, ESPAÇO VIVIDO; a Unidade Temática 5 – UMA CASA COMUM:A EUROPA; a Unidade Temática 6 – O MUNDO DO TRABALHO; e a Unidade Temática7 – A GLOBALIZAÇÃO DAS ALDEIAS. Face ao anteriormente exposto, o Grupo de Geografia vem por este meio: 1. Manifestar o interesse e a disponibilidade dos docentes do grupo de Geografia em leccionar a AI dos cursos profissionais por razões que se prendem com a natureza e adequação do seu perfil profissional ao currículo da referida área. 2. Propor que sejam reavaliados pelo Conselho Pedagógico os critérios de atribuição da docência da AI dos cursos profissionais, tendo por base os diferentes perfis profissionais dos diferentes cursos.

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3. Propor que, em conformidade com as orientações curriculares da Área de Integração, enquanto área de efectiva integração, passe também a ser leccionada no terceiro ano do curso, sob pena de pouco integrar, com as consequentes implicações na qualidade de formação proporcionada. Propõese portanto que sejam anualmente considerados dois módulos de 36 horas, constituídos por três Temas-problema. Amora, Junho de 2011

Os proponentes: José Lemos Diogo Anabela Carvalho Fernando Santana João Gomes Rui Marques Jorge Pereira Perpétua Pedro Maria João Silva Luís Mendes Adolfo Torres Ricardo Raimundo

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