Ação de fungicidas no controle da septoriose na cultura do tomateiro. Marco Antonio T. Rodrigues1 , Alexandre Jorge T.Santos2, Rumy Goto 3 1
BASF S.A.,
[email protected]; Plantec, Iracemópolis, SP; 3UNESP-FCA,
Departamento de Produção Vegetal/Horticultura, C. Postal 237, 18603-970. Botucatu-SP.
RESUMO Com o objetivo de avaliar a ação de pyraclostrobin+metiram no controle da septoriose do tomate, foi realizado um experimento em plantio comercial de tomate cv. Santa Clara no município de Arthur Nogueira-SP, durante período de março a abril de 2000. As pulverizações foram realizadas com pulverizador pressurizado a CO2 (55 lb/pol2) a intervalos de 10 a 15 dias e volume de 1000 L/ha. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com 7 tratamentos e 4 repetições, sendo cada parcela formada por 16 plantas. A severidade da doença foi avaliada com base na coleta de 100 folhas por parcela de 12 plantas por parcela. Todos os tratamentos testados foram eficazes no controle da doença, sendo superiores à testemunha. As parcelas tratadas com o fungicida pyraclostrobin+metiram (4,0 kg/ha e 2,0 kg/ha) apresentaram elevados níveis de controle da requeima, sendo superior ou equivalente ao metconazole (1,0 ; 0,75 e 05 L) e tebuconazole (1,0 L) Palavras-chave: Lycopersicum esculentum, Septoria lycopersici, controle químico. ABSTRACT The objective of this experiment was the evaluation of pyraclostrobin+metiram on septoria leaf spot in tomato cv. Santa Clara in Arthur Nogueira county, São Paulo state, from March to April 2000. The sprays were done with a CO2 pressured sprayer (55 lb/pol2) at intervals of 10 and 15 days and volume application was 1000 L/ha. The experiment was set in a randomized blocks design with 7 treatments and 4 replications, with 16 plants/plot. The severity of the disease was evaluated by collecting 100 leaves of 12 plants/plot. All the treatments were effective in the disease control, superior to the check. The plots treated with the mixture pyraclostrobin +metiram (4,0 and 2,0 kg of c.p./ha) showed high levels of septoria leaf spot control, superior or equivalent to metconazole (1; 0,75 and 0,5 L) and tebuconazol (1 L). Keywords: Lycopersicum esculentum, Septoria lycopersici, chemical control
A septoriose é uma doença que pode provocar perdas consideráveis na produção de tomate devido à destruição das folhagens, que expõem os frutos à queimadura de sol.
É favorecida por prolongados períodos de alta umidade e temperaturas moderadas, podendo ocorrer em qualquer região do Brasil (Lopes & Santos, 1994). A doença afeta a planta em qualquer fase de desenvolvimento, em todos os órgãos aéreos, exceto o fruto. Sintomas são visíveis em torno de 6 dias após a inoculação e os sinais (picnídios) cerca de 10 a 14 dias. Além do tomateiro, o agente causal da doença, Septoria lycopersici, ataca espécies selvagens de solanáceas como maria pretinha, S. carolinenses, Physalis spp e Datura stramonium. Como controle, além da rotação de cultura, é recomendado o tratamento de semente bem como a pulverização da cultura. Os programas de pulverizações empregados para o controle de Alternaria solani e de Phytophthora infestans são suficientes para o controle desta doença. Não se conhece o comportamento de variedades resistentes nas condições do Brasil (Tokeshi & Carvalho, 1980). Kurozawa & Pavan (1997) recomendam como controle os fungicidas sistêmicos mais específicos como benomyl, tiofanato metílico, carbendazin e tiabendazol. Furlaneto & Café (1996) avaliaram para o controle da septoriose do tomateiro os produtos à base de clorotalonil, mistura de fluazinan+clorotalonil, e tebuconazole, que proporcionaram maior produção de frutos de tomate/parcela e também menor severidade da doença; os produtos que apresentaram baixa performance foram o iprodione, tiofanato metílico e benomil. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi realizado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção/FCA/UNESP, no município de São Manuel-SP. A cultivar utilizada no experimento foi a 'Santa Clara'. O transplantio foi realizado em 17/02/00, adotando-se um espaçamento de 1,0 x 0,7m. A adubação básica de plantio foi feita segundo análise de solo. Os tratos culturais constaram de desbrotas, irrigações periódicas, capinas manuais e adubações de cobertura. Cada parcela experimental constou de 16 plantas (comprimento 5,6 m). Até o início do florescimento, aplicou-se o fungicida isatalonil – 300 g/100 L num total de três aplicações com intervalo de dez dias. Analisaram-se 12 plantas de cada parcela de acordo com a porcentagem de área lesionada. Foi realizada uma avaliação ao final dos tratamentos. A aplicação foi realizada para os tratamentos nos dias 22/03/00, 02/03/00, 13/03/00 e 28/03/00, com auxílio de um pulverizador costal pressurizado a CO2 e bico tipo D3-23, com 55 lb de pressão e volume de calda de 1000 L/ha.
A avaliação foi realizada no dia 06/04/00, coletando-se 100 folhas por parcela e atribuindo notas de 0 a 5 de acordo com a área foliar afetada. O delineamento estatístico adotado foi de blocos ao acaso com 7 tratamentos e 4 repetições. Para análise estatística, foi utilizada a transformação em arco seno da raiz de x e as médias foram comparadas através do teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (Pimentel Gomes, 1984). Tabela 1. Doses dos produtos comerciais (p.c.) e dos ingredientes ativos (i.a.) por ha. Artur Nogueira-SP, 2000. Trat. / Produto Comercial
Dose (p.c.) g/ha
Ingrediente ativo
Dose (i.a.) g/ha
Cabrio Top
2,0 kg
1200
Cabrio Top
4,0 kg
Caramba Caramba Caramba Constant
0,5 L 0,75 L 1,0 L 1,0 L
metiram + pyraclostrobin metiram + pyraclostrobin metconazole metconazole metconazole tebuconazole
2400 45 67,5 90 200
Testemunha
RESULTADOS E DISCUSSÃO No início das aplicações não havia índice de infecção aparente nas plantas tratadas. A evolução da doença ocorreu durante o ciclo da cultura. Como os índices de infecção durante o cultivo foram insuficientes para diferenciar os produtos, foi realizada apenas uma avaliação final. O índice de doença no tratamento testemunha foi de 24,33%, permitindo visualização do controle obtido pelos produtos testados. Todos os tratamentos apresentaram controle sobre a septoriose do tomateiro, entretanto os mais efetivos foram pyraclostrobin +metiram (Cabrio Top), nas doses de 2,0 e 4,0 kg/ha, metconazole (Caramba), nas doses de 0,75 e 1,0 L/ha e teboconazole (Constant como padrão), na dose de 1,0 L/ha. Não foram observados sinais de fitotoxicidade nas plantas pelos tratamentos realizados.
Tabela 2. Porcentagem de infecção foliar causada por Septoria lycopersici, após as aplicações com os fungicidas testados em tomateiro cv. Santa Clara. Arthur Nogueira-SP, 2000 Tratamentos pyraclostrobin + metiram(Cabrio Top) pyraclostrobin + metiram(Cabrio Top) Metconazole(Caramba) Metconazole(Caramba) Metconazole(Caramba) Tebuconazole(Constant) Testemunha Média Geral CV % DMS
Dose pc/ha 2,0 kg
Médias Originais 2,55
4,0 kg
1,05
0,5 L 0,75 L 1,0 L 1,0 L
4,40 3,60 2,60 3,10 24,33
Médias (1) Transformadas 9,09 bc 5,73 11,97 10,77 8,69 10,01 29,49 11,72 21,07 5,99
c b bc bc bc a
(1)Dados transformados em arc sen da raiz de x/100 (2)Médias seguidas de letras minúsculas, indicam não haver diferenças significativas ao nível de 5% pelo teste de Tukey.
LITERATURA CITADA
FURLANETO, C. & CAFÉ, A.C. Eficiência de fungicidas no controle da septoriose do tomateiro no distrito Federal. Fitopatologia Brasileira, v.21, Suplemento, p.399, 1996. KUROZAWA, C. & PAVAN, M.A. Doenças do tomateiro - Lycopersicon esculentum Mill. IN:
KIMATI, H.
et al.
Manual de Fitopatologia. Volume 2: Doenças das plantas
cultivadas. São Paulo: Ceres, 1997. p.690-719. LOPES, C.A. & SANTOS, J.R.M. Doenças do Tomateiro. Brasília: Embrapa CNPH, 1994. 61p. TOKESHI, H. & CARVALHO, P.C.T. Doenças do tomateiro - Lycopersicon esculentum Mill. IN: GALLI, F. Manual de Fitopatologia - Doenças das plantas cultivadas. São Paulo: Ceres, 1980. p.511-552.
