ABRALIC SIMPOSIO 2017 Academia

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XV Congresso Internacional da Abralic 2017

7 a 11 de agosto de 2017 UERJ - Rio de Janeiro

SIMPÓSIO 28 - Ficção e poesia brasileira contemporânea em perspectiva
comparatista
Coordenadoras:
Helena Bonito Couto Pereira (U. P. Mackenzie) e Vera Lúcia de Oliveira
Maccherani (Università degli Studio di Perugia - UNIPG)
[email protected]
[email protected]

Resumo:
Esta proposta tem por alvo discutir a literatura produzida nos decênios
recentes no Brasil, de modo não exclusivo, pois, assumindo a perspectiva da
literatura comparada, possibilita a discussão de trabalhos que contemplem
relações entre literaturas. Concebe-se o viés comparatista em sentido lato,
compreendendo múltiplas conexões entre textos de origens nacionais ou
territoriais, e entre textos provenientes de outras artes e mídias que
dialogam com a literatura. Dessa forma, o simpósio abrange três vertentes:
a discussão temática ou estética de poesia ou ficção; uma vertente no
sentido temporal e espacial, abrigando estudos sobre literatura brasileira
recente em suas relações com outras literaturas, e outra que examina textos
literários em suas relações com outras formas artísticas. Mais do que em
outros tempos, evidencia-se hoje o caráter da literatura como produto da
indústria cultural, que se veicula em meio aos demais produtos e à profusão
de mídias e suportes associados aos avanços tecnológicos. Apesar da
retração do mercado editorial (decorrente de numerosos fatores, em especial
a recessão econômica que assola o país), a ficção e a poesia,
surpreendentemente, alcançam espaço para além dos muros da academia.
Manifestações literárias estão presentes em feiras, festivais, lançamentos
e outros eventos associados a livros (não só em papel), com participações
de autores que, ademais de criar ficção e poesia, vão ao encontro do
público leitor para divulgar e, sempre que possível, debater seu processo
criativo, sua construção textual, suas circunstâncias, ou ainda os
possíveis significados de suas obras. A literatura continua a ter seu
público, embora raros escritores hoje possam ser vistos como formadores de
opinião, ou melhor, não podem ser vistos da maneira intensa como nossos
escritores canônicos eram considerados por seus coetâneos. De todo modo,
nesta proposta assume-se como infundado o receio quanto à permanência da
literatura em nosso cenário artístico, social, cultural, intelectual. Para
que sejam possíveis as discussões em uma temática ampla, que envolve ficção
e poesia, e levando em conta as restrições de tempo próprias de um evento
(sem prejuízo de possíveis desdobramentos no futuro), define-se o recorte
temporal, de modo a incluir apenas obras produzidas nas quatro ou cinco
décadas mais recentes. Dadas as peculiaridades do texto poético e do texto
ficcional, dois eixos nortearão as apresentações, de modo a agrupá-las por
afinidade, confluindo, se possível ao término de cada sessão, para
discussões de caráter geral, visto que a reflexão sobre a contemporaneidade
constitui base comum a todos os trabalhos. Estudos monográficos em torno de
autor ou obra são aceitos; o mesmo vale para estudos sobre temáticas
específicas, com textos de diversas origens culturais ou em diferentes
suportes, em perspectiva comparatista. Quanto aos textos para discussão,
são temáticas recorrentes: relações entre ficção, história e memória,
autoficção, metaficção historiográfica; vida caótica nas metrópoles, perda
de identidade e de referências, personagens à deriva na sociedade pós-
moderna; niilismo; preconceito, desigualdade e violência (não só) nas
nações pós-coloniais. Do ponto de vista estético, a multiplicidade de vozes
contribui frequentemente para o fragmentarismo formal, porém viabiliza a
expressão de vozes outrora excluídas. O narrador onisciente, em sua
infrutífera busca de enunciar de modo imparcial, ausentou-se decididamente
da literatura contemporânea. Hoje registram-se narradores múltiplos,
expressando-se por meio de vozes que se alternam entre 1ª e 3ª pessoa e que
mergulham sem hesitar na interioridade, na memória, na consciência
conflitiva das personagens. São criativos, irônicos e não hesitam em expor
o estatuto da obra de ficção, ou seja, referem-se ao próprio fazer
literário ou à própria obra enquanto produção em andamento. Espera-se,
portanto, que, em paralelo aos temas de ordem político-ideológica
(explícitos ou não), seja possível identificar marcas estéticas próprias do
nosso tempo: consciência do fazer literário, reflexões sobre a linguagem,
construções metalinguísticas e intertextuais de vária ordem. A aguda
autoconsciência, face explícita da reflexividade, é um traço marcante da
ficção literária e dos demais domínios da criatividade na cultura
contemporânea. A literatura, nas palavras de Samoyault, tece um eterno
diálogo consigo mesma graças ao fenômeno da intertextualidade. Esse é o
diálogo que fundamenta e enriquece toda a nossa atuação como leitores e
críticos.

Referencial teórico básico
NEJAR, Carlos. História da literatura brasileira. Da Carta de Caminha aos
contemporâneos. Cap. 33-38. São Paulo: Leya; Rio de Janeiro: Fundação
Biblioteca Nacional, 2011.
NITRINI, Sandra. Literatura comparada. São Paulo: Edusp, 1997.
ROCHA, João Cezar de Castro (Org.). Roger Chartier. A força das
representações: história e ficção. Chapecó (SC): Argos, 2015.
SAMOYAULT, Thiphaine. L ́intertextualité. Mémoire de la littérature. Paris:
Armand Colin, 2005.
TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro:
DIFEL, 2009.

Palavras-chave: Literatura comparada; ficção contemporânea; Poesia
contemporânea; Intertextualidad
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