Abreu,K.C. 1996-2002. Conflitos entre Comunidades tradicionais e carnívoros_Monografia_SCB/PUC-PR

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INFLUÊNCIA DE FELINOS EM COMUNIDADES HUMANAS ADJACENTES AO PARQUE NACIONAL DE ILHA GRANDE - RIO PARANÁ – PARANÁ - BRASIL.

Aluno: Kauê Cachuba de Abreu Orientador: MSc. Mauro de Moura Britto 2002 ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ – PUC-PR MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

INFLUÊNCIA DE FELINOS EM COMUNIDADES HUMANAS ADJACENTES AO PARQUE NACIONAL DE ILHA GRANDE - RIO PARANÁ – PARANÁ - BRASIL.

CURITIBA 2002 ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

KAUÊ CACHUBA DE ABREU.

INFLUÊNCIA DE FELINOS EM COMUNIDADES HUMANAS ADJACENTES AO PARQUE NACIONAL DE ILHA GRANDE - RIO PARANÁ – PARANÁ - BRASIL.

Monografia apresentada à Disciplina Apresentação de Monografia do Curso de Biologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial para obtenção de grau em biologia. sob orientação do Biólogo M. Sc. Mauro de Moura Britto. Co-orientadores: Dra. Maude Nanci Joslim Motta – Advogada e Dr. Nei Moreira – Médico Veterinário

2002 ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

SUMÁRIO I – AGRADECIMENTOS.................................................................................................. II - ABSTRACT / RESUMO.............................................................................................. III – EPÍGRAFE.................................................................................................................. 1.- INTRODUÇÃO...........................................................................................................1 1.1. ESPÉCIES ESTUDADAS.........................................................................................1 1.2. FATORES DE AMEAÇA........................................................................................10 1.3.ÁREA DE ESTUDO.................................................................................................12 1.3.1. HÍSTORICO DE OCUPAÇÃO REGIONAL.......................................................12 1.3.2. PARQUE NACIONAL DE ILHA GRANDE.......................................................14 1.3.3. ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MUNICIPAIS, E O CORIPA.............17 2. - OBJETIVOS..............................................................................................................19 3. - MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................20 4. - RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................24 4.1. A REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO PARANÁ..........................................24 4.2. REMANESCENTE POPULACIONAL...................................................................25 4.3. PREDAÇÃO EM REBANHOS DOMÉSTICOS.....................................................27 4.4. FATORES AGRAVANTES....................................................................................34 5. - RECOMENDAÇÕES...............................................................................................38 6. - CONCLUSÃO..........................................................................................................40 7. – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................45 8. – ANEXOS..................................................................................................................49 LISTA DE TABELAS. Tabela I – Dimensões das APA’s Municipais.................................................................18 Tabela II – Propriedades visitadas durante o estudo.......................................................28 Tabela III – Descrição e características das carcaças predadas.......................................32 Tabela IV – Áreas com atividades de cinegéticas/Problemas de predação.....................37 Tabela V – Carcaças de felinos.......................................................................................42

LISTA DE FIGURAS Figura I – Arquipélago do Parque Nacional de Ilha Grande e entorno...........................16 Figura II – Freqüência de visitas as fazendas.................................................................27 Figura III – Propriedades: com vestígios; sem vestígios; com predação; com animais problemas.........................................................................................................................30

LISTA DE FOTOGRAFIAS. Fotografia I – Onça-pintada abatida com zagaia na região 1940...................................13 Fotografia II – Método de Triagem................................................................................22 ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Fotografia III – Amostra fecal de Puma concolor...........................................................23 Fotografia IV – Amostra fecal de Panthera onca..........................................................23 Fotografia V – Carcaça de Ovino predada por Puma concolor.....................................32 Fotografia VI – Carcaça de Ovino predada por Puma concolor.....................................32 Fotografia VII – Carcaça de Ovino predada por Puma concolor....................................32 Fotografia VIII – Carcaça de Eqüino predado por Panthera onca.................................33 Fotografia IX – Giral utilizado para caça.......................................................................36 Fotografia X – Carcaça de Puma concolor....................................................................42

LISTA DE ANEXOS. Anexo I - Localização do Parque Nacional de Ilha Grande...........................................50 Anexo II – ............................................................................. Anexo III – ........................................................................... Anexo IV –

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AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a realização e consolidação deste trabalho. Agradeço ao nosso Deus por guiar o meu caminho. Especialmente agradeço a Gilberto Romario de Abreu, Lia Cachuba de Abreu, Luana Cachuba de Abreu, Tuane Cachuba de Abreu, Taiana Cachuba de Abreu e Antônia Luthischil Cachuba, a minha família, que muito me apóia, incentiva, ajuda e agüenta a minha pessoa. Amo todos vocês, obrigado por tudo pessoas. Ao Parque Nacional de Ilha grande, em especial a diretoria, funcionários, voluntários e brigadistas, estagiários, voluntários regionais e todos os vinculados diretamente com as atividades desenvolvidas. Agradeço a atenção, paciência e todas as orientações do meu grande amigo e orientador Mauro de Moura Britto, você tem papel fundamental na realização e finalização deste trabalho. Obrigado por toda a ajuda, sou muito grato, também a todos que contribuíram, para este, como co orientadores, agradeço toda a disponibilidade, paciência, podadas, incentivos e risadas, especialmente a Tereza Cristina Castelhano Margarido, a quem devo muito, Nei Moreira, companheiro, Leni Cristina, a idolatrada, Emygidio L. A. Monteiro Filho, o Mestre dos Magos, Estefano Francisco Jablonsk, o divino Mestre, Sandra M. Cintra Cavalcanti, a conselheira, Peter Grasdem Crawshaw Jr., entre vários o exemplo, Leandro Silveira, The Big Boss, Fernanda braga, peça rara, Marta Ficher e Julio Leite Monteiro, os oráculos, João Deliberador Miranda, o “macacólogo”, este tem futuro e com toda a minha gratidão a Maude Nancy Joslim Motta a Mãe, patroa, amiga e fada madrinha, sou grato pela oportunidade e confiança depositadas. Sou eternamente grato a todos vocês, meus amigos, obrigado, entre dificuldades e compensações, pelo trabalho de me lapidarem. A Associação Mata Ciliar, em especial Jorge Belix e Cristina Adania, pela ajuda técnica disponibilizada e confiança. A EMATER pela ajuda logística e técnica, em especial Jozé Cosme de Lima e Claudinho Ferreira e das secretarias do município de Vila Alta, Job Rezende Neto, o gavião, Marci, Jose de Souza, o Água fria, Nego Ilhéu, Irineu Paraguaio, Goiz rei do rio... Pessoas como da minha própria família de labuta, como Tiago Giarola Boscarato, o micuin, Carlos Cesar da Silva, o Índio, o Leste, Pedro Chaves de Camargo, o fire, Daniel Mandryk Mellek, Fabio Iurky, o Brasil, bem como Ronaldo Bunzel, Francisco da Silva, o Chico macaúba do município de São Jorge do Patrocínio e a família do Cano, Claudio da Associação de pescadores artesanais do município de Guairá... e uma infinidade coletiva ... As prefeituras e departamentos de meio ambiente, fiscalização das APA´s dos municípios lindeiros ao PNIG tanto no Paraná como Mato Grosso do Sul, Navirai, Querência do Norte, Icaraima, Itaquirai, Mundo Novo, Ivinhema, Altônia... agradeço a disponibilidade, logística e prontidão. Agradeço ao IBAMA e ao CORIPA pela logística disponibilizada, e esforço de apoio propiciado. A ITAIPU pela logística disponibilizada, principalmente ao pessoal do escritório de Guairá, em especial Deusdeti e Marcia. A comunidade humana da região que sempre me acolhe calorosamente e de braços abertos, sem está colaboração este trabalho não teria sido realizado, sou muito grato a todos vocês. Agradeço aos professores da PUC-PR por participarem da minha formação, através de vivências, estudos, cobranças, discussões, entreveros e muito respeito, isto tudo nos faz crescer como pessoas e profissionais. A todos os amigos e companheiros do curso, de veteranos ate os calouro. A todos aqueles que sentem-se em paz com a minha amizade e consideram-se meus amigos, valeu a força galera. São tantas as pessoas que apoiaram este projeto que torna-se quase impossível enumerá-las todas aqui, eu não atrevo-me a citar muitos nomes, pois me sentiria muito mau, se por acaso ficassem pessoas queridas sem aparecer nas citações. Espero que este material venha ao conhecimento de todos vocês. Sintam se todos agradecidos. Valeu pessoas!! ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

EPÍGRAFE DA UTILIDADE DOS ANIMAIS Terceiro dia de aula. A professora é um amor. Na sala estampas coloridas mostram animais de todos os feitios. É preciso querer bem a eles, diz a professora, com um sorriso que envolve toda a fauna, protegendo-a . Eles têm direito à vida, como nós, e além disso são muito úteis. Quem não sabe que o cachorro é o maior amigo da gente? Cachorro faz muita falta. Mas não é só ele não. A galinha, o peixe, a vaca... todos ajudam. - Aquele? É o iaque, um boi da Ásia Central. Aquele serve de montaria e de burro de carga. Do pêlo se fazem perucas bacaninhas. E a carne, dizem que é gostosa. - Mas se serve de montaria, como é que a gente vai comer ele? - Bem, primeiro serve para uma coisa, depois para outra. Vamos adiante. Este é o texugo. Se vocês quiserem pintar a parede do quarto, escolham pincel de texugo. Prece que é ótimo. - Ele faz pincel, professora? - Quem, o texugo? Não, ele só fornece o pêlo. Para o pincel de barba também, que o Arturzinho vai usar quando crescer. Arturzinho objetou que pretende usar barbeador elétrico, e além do mais, não gostaria de pelar o texugo, uma vez que devemos gostar dele, mas a professora já explicava a utilidade do canguru: - Bolsas, malas, maletas, tudo isso o couro do canguru dá pra gente. Não falando na carne. O canguru é utilíssimo. - Vivo, professora? - A vicunha, que vocês estão vendo aí, produz... produz é maneira de dizer, ela fornece, ou por outra, com o pêlo dela nós preparamos ponchos, mantas, cobertores etc. - Depois a gente come a vicunha, né fessora? - Daniel, não é preciso comer todos os animais. Basta retirar a lã da vicunha, que torna a crescer... - E a gente torna a cortar? Ela não tem sossego, Tadinha. - Vejam agora como a zebra é camarada. Trabalha no circo, e seu couro listrado serve para forro de cadeira, de almofada e para tapete. Também se aproveita a carne, sabem? - Há, o pingüim? Estes vocês já conhecem da praia do Leblon, onde costuma aparecer, trazido pela correnteza. Pensam que só serve para brincar? Estão enganados. Vocês devem respeitar o bichinho. O excremento... - Não sabem o que é? O cocô do pingüim é um adubo rico em nitrato. O óleo feito com a gordura do pingüim... - Mas a senhora disse que a gente deve respeitar. - Claro. Mas o óleo é bom. - Do javali, professora, duvido que a gente lucre alguma coisa. - Pois lucra. O pêlo da escovas de ótima qualidades. - E o castor? - Quando voltar a moda de chapéus para homens, o castor vai prestar muito serviço. Alias, já presta, com a pele usada para agasalho. É o que se pode chamar de um bom exemplo. - Eu, hem? - Dos chifres do rinoceronte, pode encomendar um vaso raro para o living de sua casa. - A tartaruga marinha, meu deus, é de uma utilidade que vocês não calculam. Come-se os ovos e toma-se a sopa: uma de-li-cia. O casco serve para fabricar pentes, cigarrilhas, tanta coisa. O biguá é engraçado. - Engraçado, como? - Apanha peixes para a gente. - Apanha e entrega, professora? - Não é bem assim. Você bota um anel no pescoço dele, e o biguá pega o peixe mas não pode engolir. Então você tira o peixe da goela do biguá. - Bobo que ele é. - Não. É útil. Ai de nós se não fossem os animais que nos ajudam de todas as maneiras. Por isso que eu digo: devemos amar os animais, e não maltratá-los de jeito nenhum. Entendeu, Ricardo? - Entendi. A gente deve amar, respeitar, pelar e comer os animais, e aproveitar bem o pêlo, o couro e os ossos. Carlos Drummond de Andrade (Estado de Minas, 31/08/1971) ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

1. INTRODUÇÃO

1.1. ESPÉCIES ESTUDADAS

Os representantes da Família Felidae alcançaram o mais alto grau evolutivo como predadores entre todos os carnívoros, são especializados na captura de presas vivas, caracterizam-se por apresentarem, garras afiadas, olhos dirigidos para frente e a dentição que tende a diminuir o número de dentes com predominância dos caninos (Cabrera & Yepes, 1940; Fórmula dental 3/3,1/1, 2-3/2,1/1=28-30 (Grace, 1967). Poucos são os felinos que possuem coloração uniforme, normalmente tendem a uma coloração com manchas (Emmons, 1997; Eisemberg & Redford, 1999). São pouco sociáveis, vivendo normalmente sós, são dotados de grande força, agilidade, sentidos aguçados e elegância de formas e porte (Oliveira, 1994). As dimensões variam enormemente de acordo com as diferentes espécies e diferentes habitats. Apesar de todas as diferenças, apresentam características morfológicas muito semelhantes (Rodrigues & Auricchio, 1994). Nas florestas da região neotropical existentes no Brasil esta família é composta por sete gatos de pequeno porte que pesam de 2 a 22 kg e por duas espécies de onças que possuem entre 40 e 130 kg. Possuem cinco dedos em cada pata, porem pisam apenas com quatro. São predadores típicos, capazes de segurar presas maiores que seu próprio corpo. Suas garras são aptas para dilacerar e, ao mesmo tempo, reter a presa. Quando em repouso, as garras podem retraemse e permanecem ocultas em bolsas cutâneas (Rodrigues & Auricchio, op cit). A organização social das espécies é simples, composta de animais solitários que formam pares somente no período de acasalamento. O número de filhotes raramente passa de três, nascendo em média dois filhotes. Os gatos podem ouvir e enxergar bem, sua visão é binocular com percepção de cores (Kitchener, 1991). Podem ser ativos durante o dia ou a noite (Silveira,1999), tendo boa parte das espécies maior atividade durante o crepúsculo, noite e primeiras horas do dia (Moreira, 2001). Os carnívoros, especialmente felinos têm grandes áreas de vida e atualmente encontram-se em baixas densidades na maior parte do Brasil, devido a diversas pressões antrópicas que ameaçam as diferentes populações. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Podock

(1917)

organizou-os

em

três

grupos

monofiléticos:

Pantherinae,

Acinonychinae e Felinae. Desde então, não há mais consenso no reconhecimento das famílias de carnívoros (Wozencraft, 1989). A maioria das discordâncias referem-se ao número e relação que há entre os gêneros. Esta confusão parece estar relacionada com a variação alométrica e convergências morfológicas. Os felinos têm a maior variação em tamanhos entre os carnívoros recentes, mas mostram a menor variação no cariótipo e morfologia. O gênero Panthera compreende cinco espécies das quais apenas a Panthera onca ocorre no Brasil.

Panthera onca palustris (Linnaeus 1758) Nomes regionais: onça-pintada, onça-preta, jaguar, jaguaretê, canguçu, tigre, hotorongo, Yaguá-pini, balã.

A onça-pintada é o maior felídeo das Américas, o equivalente americano ao leopardo do Velho Mundo. A onça-pintada pesa entre 60 e 120 kg, porém a literatura registrou pesos entre 36 a 158 kg (Eisenberg, 1989; Seymour, 1989). Seu comprimento total é estimado entre 1,7 a 2,4m, sendo a cauda responsável por 52 a 66 cm, sendo os machos maiores que as fêmeas (Rodrigues & Auricchio, 1994). Sua pelagem permite distingui-la dos outros representantes do gênero Panthera, especialmente do leopardo (Panthera pardus), a cabeça larga, o ventre e as patas, curtas e possantes, são pintalgados de manchas negras cheias. O dorso e o flanco apresentam rosetas negras que circundam uma ou mais pintas escuras sobre um fundo que varia do amarelo ao ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

avermelhado. A base do ventre é branca, a parte posterior das orelhas é negra, com uma mancha branca central, os cantos da boca prolongam-se num traço preto. Existem indivíduos pretos da espécie (variação melânica, porem são notadas as rosetas pelo corpo), sendo estes comuns nas diversas regiões de ocorrência (Rodrigues & Auricchio, op cit). A onça-pintada é um animal de hábitos solitários, que concentra suas atividades no período crepuscular-noturno, sendo diurna e noturna, terrestre e territorial, excelente nadadora, também ótima escaladora sendo quase tão arborícola quanto a espécie Panthera pardus (leopardo). Caça a qualquer hora do dia ou da noite, porém prefere a noite. Demarca seu território com urina, marcas de garras nas árvores e várias vocalizações (Rodrigues & Auricchio, op cit). As presas da onça-pintada variam de uma região para outra, sendo a sua alimentação diversificada, desde Hydrochaeris hydrochaeris (capivaras), Repteis (tartarugas, jacarés, iguanas), Pisces (peixes), Taiassuideos (cateto e queixadas), Cervideos (veados), Dasyprocta azarae (cutias), Bradypus (preguiças) e Xenarthras (tamanduás e tatus) entre outros (Crawshaw, 1995; Schaller, 1983; Silveira, 1999; Oliveira, 1994). O período reprodutivo ocorre o ano todo, sem época definida, sendo o ciclo estral da espécie entre o 17º dia, com o cio (período de receptibilidade sexual) durando um dia e meio. O período de gestação é, em média de 112 dias, produzindo proles pouco numerosas, de 1 a 4 filhotes com estrias longitudinais branco amareladas, que nascem com 850g em média e em 40 dias já apresentam 3.100g. A abertura dos olhos ocorre entre 3 e 13 dias. A amamentação do filhote finda entre 5 a 6 meses, permanecendo com a mãe por dois anos, alcançando a maturidade sexual entre 36 e 48 meses (Rodrigues & Auricchio, 1994). Sua distribuição original estendia-se do sudoeste dos Estados Unidos, ao longo da costa atlântica e da costa do Pacífico, evitando as zonas centrais que são muito áridas, estendendo-se até o norte da Argentina (Eisenberg, 1989; Cabrera & Yepes, 1940), ocupava originalmente habitats muito diversificados, indo desde ambientes com alta cobertura vegetal como a Floresta Amazônica e Floresta Atlântica, até ambientes abertos, como campos, cerrados, caatinga, manguezais e Pantanal (Swank & Teer, 1989; Seymour, 1989 “apud” Oliveira, 1994), particularmente ao longo de cursos d’água. Raramente ocorre acima de 1000m ou longe da água (Crawchaw & Quigley, 1991; Seymour, op cit). ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

As fêmeas têm territórios variando de 25 a 38km², enquanto o dos machos é várias vezes maior, e se sobrepõem ao de várias fêmeas, sendo exclusivo para cada macho (Crawshaw & Quigley, op cit). Atualmente, devido a perda de hábitats, a distribuição da onça-pintada restringe-se a países da América Central, onde populações podem ser encontradas principalmente em Belize, Costa Rica, Panamá e na América do Sul. A espécie desapareceu recentemente do Uruguai e está quase extinta no Paraguai e na Argentina (Oliveira, 1994; CENAP, 1998). É possível que, no Brasil, as últimas populações expressivas da espécie se concentrem na Amazônia, devido à extensão de seu habitat, e no Pantanal mato-grossense, devido à concentração de presas para a espécie (Schaller & Vasconcelos, 1978; Schaller, 1983; Schaller & Crawshaw, 1980). Oliveira (1994) mostra que a espécie Panthera onca é considerada quase extinta nas regiões Sudeste e Sul do país, onde o seu habitat foi destruído, praticamente não existindo na costa brasileira, pois tal animal que ocorre somente em locais com características ambientais muito peculiares, sendo uma espécie fortemente ameaçada de extinção, cuja sustentabilidade na Floresta Atlântica é duvidosa. Estes predadores estão sobre sério risco, visto que são poucos e quase inexistentes os corredores que integram esse ecossistema a outros ou mesmo dentro dele (CENAP, 1998). Espécie considerada ameaçada de extinção pelo IBAMA, encontra-se listada no apêndice I da CITES e classificada pela IUCN (1976) como espécie vulnerável (CENAP, op cit; SEMA/GTZ,1995; Petrobrás, 1995). São consideradas definidas 8 subespécies de onças-pintadas, algumas das quais estão completamente extintas (Seymour, 1989 ;Rodrigues & Auricchio, 1994):

Panthera onca arizonensis, Desaparecida dos Estados Unidos (Arizona e Novo México), presente no México (costa do Pacífico); Panthera onca veraecrucis, Texas e México Panthera onca hernandesi, Sul do

(costa Atlântica);

México;

Panthera onca goldmani,

difundida no México;

Panthera onca centralis,

da América Central ao Equador, até os Andes meridionais; Panthera

onca peruvianus,

presente do Equador ao Peru, até os Andes ocidentais e bacia do Alto

Solimões; ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Panthera onca onca,

outrora da Venezuela até o Sul do Brasil e também nas Guianas, Brasil

central, Estado do Espírito Santo e Amazônia; Panthera onca palustris,

outrora presente do Brasil meridional até a Argentina, hoje

representada em remanescentes pontuais no Uruguai, Paraguai e Bolívia, Sul do Brasil, de São Paulo, Paraná a Mato Grosso do Sul e ao Norte da Argentina.

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Puma concolor capricorniensis (Linnaeus, 1771) Nomes regionais: suçuarana, leão-da-montanha, puma, onça-parda, onça-vermelha, cougar, leão-baio, leãozinho-da-cara-suja.

O Puma concolor (onça-parda) é o segundo maior felídae das Américas, apresenta uma coloração uniforme que, dependendo do habitat, varia do amarelo-ferrugem ao amarelo-cinzento. Machos podem pesar de 60 a 100 kg e exceder 2,7 m de comprimento, sendo a cauda responsável por 60 a 70 cm. As fêmeas pouco menores, o comprimento varia entre 1,5 e 2,3 m (Emmons, 1997; Redford & Eisenberg, 1992). A reprodução pode acontecer em qualquer época do ano, mas nascimentos concentram-se nos meses de outubro a dezembro (Dixon, 1982), após 82 a 96 dias de gestação, nascendo em média três filhotes (variando de 1 a 6 filhotes). O desmame ocorre com 6 meses e os filhotes acompanham a mãe até dois anos, período em que iniciam a maturidade sexual, que ocorre aos 36 meses (para machos) e 30 meses para as fêmeas (Rodrigues & Auricchio, op cit; Silveira, 1999). Os filhotes nascem com os olhos azuis, apresentam manchas e pintas pretas pelo corpo que desaparecem com a maturidade (Russell, 1980 “apud” Marins-Sá, 2000, no prelo).

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São animais diurnos e noturnos, terrestres e solitários. Muito ágeis, sobem em arvores com certa facilidade. Quando caçam presas grandes cobrem os restos com vegetação para outras refeições, descansa em galhos de árvores altas, utilizando tocas na época da reprodução (Rodrigues & Auricchio, op cit). Machos e fêmeas se encontram apenas no período reprodutivo, e a maior atividade ocorre no período crepuscular-noturno (CENAP, 1998). As informações sobre a extensão do seu território são variadas, mas sabe-se que este varia de acordo com o tipo de hábitat, densidade populacional e abundância de alimento (Ewer, 1973; Oliveira, 1994; Wallauer, 1998). As áreas de vida dos machos sobrepõem as das fêmeas. Nos ecossistemas do Pantanal, áreas de vida variam de 32 a 155 km². É esperado que os machos compartilhem seu território com mais de uma fêmea (Crawshaw & Quigley; Oliveira, op cit). As onças pardas demonstram-se oportunistas quanto á dieta, alimentam-se de uma grande variedade de presas ao longo da sua distribuição (Iriarte “et al.”, 1990). Suas presas incluem roedores, marsupiais, veados e tamanduás, além de cobras, lagartos e outros itens (Oliveira; Rodrigues & Auricchio, op cit). O Puma concolor é o mamífero terrestre de mais ampla distribuição geográfica no continente Americano, cobrindo mais de 100° de latitude (Iriarte “et al.”, 1990, “apud” Silveira, 1999), sua distribuição inicial se estendia, de forma contínua, do norte do Canadá ao sul da Argentina (Oliveira, 1994), e desde o nível do mar até altitudes de 5000 metros (Person, 1951 “apud” Oliveira, op cit), Este animal habita, com grande plasticidade e numerosas subespécies, qualquer tipo de hábitat, desde desertos até florestas tropicais (Guggisberg, 1975 “apud” Oliveira, op cit). A espécie tem sido amplamente estudada na América do Norte, mas pouco estudada nos trópicos da América do Sul e Central (Currier, 1983; Iriarte “et al.”, 1990). Espécies listadas no Apêndice I da CITES, demais subespécies, Apêndice II, considerada ameaçada de extinção pelo IBAMA e proposto o status vulnerável pela IUCN (CENAP; SEMA/GTZ; Petrobrás, op cit).

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Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) Nomes regionais: jaguatirica, ocelot, oncinha, maracajá-açu, gato-do-mato.

A jaguatirica é um felino de porte médio, pesando 7 a 15kg e medindo 90 a 140cm de comprimento total, com a cauda representando 1/3 deste comprimento (Rodrigues & Auricchio, op cit). A pelagem é espessa de coloração amarelo-dourada com rosetas escuras dispostas principalmente nas laterais do corpo. No dorso as rosetas se fundem formando listras que vão do topo dos olhos á base da cauda (CENAP, op cit). A reprodução da espécie é anual e está, provavelmente, ligada á estação das chuvas, com gestação variando entre 70 e 80 dias, após o qual nascem em média dois filhotes, podendo chegar ao número de quatro filhotes (Emmons, 1989). Dados sobre sua ecologia ainda são escassos. A área de vida de um indivíduo na região do Pantanal foi estimada em no mínimo 1,5km² (Crawshaw & Quigley, op cit) Julga-se que machos e fêmeas possam dividir um mesmo território, mas deslocam-se independente. No Peru e na Venezuela as densidades estimadas para a espécie foram de 0,4 e 0,8 ind/km², respectivamente (Fonseca “et al.”, 1984). O período de atividade da espécie pode ser diurno e noturno (Ludlow & Sunquist, 1987) tendo seus picos de atividade no crepúsculo e alvorecer, durante o dia, dorme em ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

ocos de árvores ou em arbustos. Tem grande habilidade para subir em arvores, saltar e nadar (CENAP; Rodrigues & Auricchio, op cit). Sua dieta inclui répteis, aves, pequenos e médios mamíferos, podendo ocasionalmente predar animais do porte de Mazama sp. (veados), Tayassu tajacu (caititus) e ocasionalmente insetos e artrópodes (Mondolfi, 1986; Emmons, 1987; Bianchi “et al.”, 2000). Este felino ocorre do sul dos Estados Unidos até a Argentina, com exceção do Chile. No Brasil está presente em todas as regiões e ecossistemas, desde a Floresta Amazônica até os Pampas do Rio Grande do Sul, incluindo mangues e banhados, embora utilize áreas florestadas (Fonseca “et al.”, op cit). Esta espécie é classificada pelo IBAMA, como ameaçada de extinção, pela IUCN (1976) como espécie vulnerável, encontra-se no apêndice I da CITES, no anexo I da Convenção de Washington (comércio e caça proibidos) (CENAP; Petrobrás; Rodrigues & Auricchio; SEMA/GTZ, op cit).

1.2. FATORES DE AMEAÇA

Atualmente o principal fator que favorece o declínio das populações de espécies carnívoras é a perda da qualidade do habitat e sua fragmentação, ocasionada principalmente pela utilização, humana, desmedida dos espaços naturais disponíveis (CENAP, op cit; Crawshaw, 1995; Sheller, 1987; CENAP, 1998; Oliveira, 1994; Rabinowitz, 1986; Quigley e Crawshaw, 1992). Nas florestas tropicais, a pratica mais comum é o aniquilamento do habitat (Redford “apud” ValladaresPadua & Bodmer, 1997).

A utilização dos espaços e recursos naturais muitas vezes desordenadas, vêm contribuindo para a degradação, fragmentação e interrupção dos ciclos naturais, ocasionando perdas na biodiversidade, de maneira à por em risco algumas espécies da biota brasileira (CENAP op cit; Marins-Sá, op cit). Mesmo em datas recentes, áreas de grande importância biológica, vêm sendo desbravadas para diversas atividades, somando-se ao descaso para com as questões

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ambientais, a devastação dos biomas naturais avança em nossa história atual. Ex.: Margarido (2001), SOS Mata Atlântica (2001). Muito embora diversos estados brasileiros possuam dezenas de milhares de hectares de terras ociosas ou mal aproveitadas (Associação Brasileira de Caça (ABC), 1985; Instituto de Terras e Cartográfia (ITC), - ). Por necessitarem de grandes áreas de forrageamento e locomoção, a fragmentação do hábitat contribui para o contato dos grandes felinos com as áreas habitadas e utilizadas pelo homem (Courtin, op cit). Depois da fragmentação e perda de hábitat natural e do conseqüente isolamento genético de populações, o maior problema referente à conservação de grandes felinos é o abate de animais que causam prejuízos a rebanhos domésticos(Crawshaw, 1995; Sheller, 1987; CENAP, 1998 ; Oliveira, 1994). Este é um problema histórico e que ocorre em localidades, que por algum motivo, populações humanas e grandes predadores foram obrigados a conviver próximos (Rabinowitz, 1986; Quigley e Crawshaw, 1992). Segundo Currier (1983), por serem considerados como ameaça aos rebanhos, diversas espécies representantes da Família Felidae são caçadas ao longo de suas distribuições. Este é o principal fator de mortalidade da espécie Puma concolor na América do Norte e Mazzolli (1992) extrapola este dado para a América do Sul. A eliminação de predadores topo de cadeia alimentar como onças, pode influenciar diretamente na dinâmica das comunidades animais e indiretamente nas comunidades vegetais (Redford, op cit), pois os predadores são ligados ao controle de mamíferos herbívoros que por sua vez, são responsáveis pela predação de espécies vegetais, portanto, quando se afeta a comunidade de predadores, o ecossistema como um todo é afetado (CENAP, op cit). O presente trabalho teve por objetivo apontar as principais interferências dos grandes felinos nas atividades humanas, referentes as espécies Panthera onca (onça-pintada), Puma concolor (onça-parda) e Leopardus pardalis (jaguatirica), em áreas do Parque Nacional de Ilha Grande e seu entorno, tendo como foco principal levantar o perfil da problemática da predação em animais de criação causadas pêlos grandes felinos na região.

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1.3. ÁREA DE ESTUDO 1.3.1. PARQUE NACIONAL DE ILHA GRANDE

O Parque Nacional de Ilha Grande (PNIG) está localizado na região Centro-Sul do remanescente da planície de inundação do alto Rio Paraná, entre as coordenadas 23° 15’ a 24° 05’S e 53° 40’ a 54° 17’W (Maack, 1968; SENAGRO, 1996; CORIPA, 2000-2001) (Anexo I). Tendo o Trópico de Capricórnio delineado na região na coordenada de 23° 27`. O PNIG é formado pelo conjunto de ilhas que compõem o arquipélago fluvial de Ilha Grande e por áreas de várzeas continentais no leito do Rio Paraná. Ouve-se na região que o Parque Nacional de Ilha Grande é filho ou fruto da implementação das pontes nas áreas do PNIG, o complexo da BR-487 (Ponte Luiz Eduardo Magalhães - Ilha Bandeirantes, substituindo a antiga ligação PR – MS na Ilha Grande – 22Km) e no limite Sul BR 272 (Ponte Aírton Senna) (Motta, 1999). A Área de Proteção Ambiental Federal (APA) das ilhas e Várzeas do Rio Paraná e o Parque Nacional de Ilha Grande foram criados em 30/09/1997 com área de 1.003.059,00ha e 78.875,00ha, respectivamente (Campos, op cit). O clima da região, de acordo como sistema de Köepeen, é classificado como Cfa – Clima tropical-subtropical com verão quente (média de 22º C anuais) e precipitação média anual de 1.500mm. As altitudes variam de 220 a 280m (Campos & Costa-filho, op cit). A área de estudo encontra-se inserida na região fitoecológica da Floresta estacional semidecidual, sendo a vegetação classificada como Floresta Estacional Semidecidual Aluvial, de acordo com IBGE (1992) e Campos & Costa-filho (1997) e segundo IBAMA/Arruda (2001) no Bioma da Mata Atlântica , Eco-região das Florestas do Interior do Paraná. Conhecida também como “Varjão do Rio Paraná”, esta planície iniciava-se na barragem de Jupiá, na foz dos rios Sucuriú e Tietê no rio Paraná, entre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, até o alinhamento Piquiri, na área de influência do lago de ITAIPU (Macck, 1968; Campos e Costa-Filho, 1994). Com o barramento do Rio Paraná pela Usina Hidrelétrica (UHE) de Porto Primavera, 40% desse ecossistema foi alagado restando os outros 60% (aproximadamente 3.375 km²) como o último remanescente desse

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ecossistema no único trecho livre de barragens do Rio Paraná em território brasileiro (Agostinho e Zalewski, 1996). Com cobertura florestal natural praticamente inexistente, solo arenoso em franco processo erosivo, cursos d’água assoreados e predomínio de latifúndios, os municípios lindeiros ao Rio Paraná estão compreendidos nas comarcas de Loanda, Icaraíma, Umuarama, Altônia, Terra Roxa e Guaíra. (Anexo II e III)

(Figura I) Arquipélago do Parque Nacional de Ilha Grande e entorno (IBAMA, PNIG, 1997).

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1.3.2. ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MUNICIPAIS, E O CORIPA

A área de estudo, é caracterizada por um grande mosaico, composto por áreas de diferentes usos do solo e fragmentos florestais do grande domínio da Floresta Atlântica (SOS Mata Atlântica, 2001) em diferentes graus de conservação. Neste contexto geral, encontram-se delimitadas as APA’s Municipais Paranaenses, abrangendo áreas do arquipélago e continentais, cada uma com constituição e realidades particulares, sendo bem diferentes as situações caracterizadas nas barrancas Paranaense e Sul Mato-grossense. As seis APA’s municipais do Paraná encontram-se agregadas em um consórcio intermunicipal para a gestão compartilhada, o CORIPA . Nas áreas das APA’s encontram-se, em sua quase totalidade, alterados os ecossistemas naturais da região (floresta estacional semidecidual), em grande maioria, para grandes e extensas pastagens e grandes áreas de monoculturas. Enquanto que no estado do Mato Grosso do Sul, os quatro municípios lindeiros ao PNIG, estão em processo de implementação das APA’s municipais, predominando uma estrutura de grandes latifúndios, tendo como elemento dominante na paisagem grandes pastagens e extensas lavouras de monocultura, terra outrora cobertas por exuberante floresta (Floresta estacional semidecidual) (Veloso, “et al.”, 1982; Ministério da Agricultura (M.A), 1984), derrubada para extração de madeira e abertura de extensas pastagens, predominando a criação tradicional extensiva de rebanhos bovinos (M.A, op cit). No ano de 1992, frente a destruição que vinha ocorrendo nas áreas do Arquipélago de Ilha Grande, devido, principalmente, a criação de gado bovino e bubalino, principal agente de degradação social e degradação ambiental na região, o IAP, as prefeituras, a sociedade organizada e a ADEMA – Associação de Defesa do Meio Ambiente de Umuarama, deram inicio ao trabalho de buscar uma maneira conjunta para a proteção do arquipélago. Nas áreas de influência do PNIG delimitam-se as APAs Municipais onde cada Município vem podendo realizar a administração ambiental dos recursos naturais, através da implantação do zoneamento pode-se estabelecer locais apropriados para cada atividade agrosilvopastoril e mineraria na área das APA’s municipais (IAP/CORIPA, op cit). Lendo-se no SNUC (2000) Art. nº 15, as Áreas de Proteção Ambiental (APA’s) são áreas em geral extensas, com um certo grau de ocupação humana, dotado de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Segundo a Rede Bio Diversidade (RBD), (2000), sendo as áreas de entorno das Unidades de Conservação (UC’s) funcionando como zonas de amortecimento das atividades antropicas (Zona de Transição).

(Tabela I) DIMENSÕES DAS APA’S MUNICIPAIS. Município

Área total

Guaíra 24,385,28 Altônia 54,314,77 S.J. Patrocinio 30,773,05 Vila Alta 68,284,86 Icaraíma 22,498,42 Dimensões em hectares (há).

Área do PNIG

Área do continente

4.493,93 19,521,72 17,932,92 30.886,16 1,489,71

19.891.35 34.793,05 12.840,13 37.398.70 21.008,71

A primeira APA foi criada em 11 de fevereiro de 1994, através do decreto n° 087/94, sendo denominada de APA Municipal do Arquipélago de Ilha Grande no município de Vila Alta. Em 11 de abril de 1994, o município de Altônia, cria através do Decreto n° 049/94, a APA Municipal de Altônia. No dia seguinte, 12 de abril de 1994, o município de São Jorge do Patrocínio, cria a APA Municipal de São Jorge do Patrocínio através do Decreto n° 021/94. Com a criação destas APA’s estava parcialmente protegida uma área de 78.811,30ha (IAP/CORIPA, op cit). Restava parte do arquipélago de Ilha Grande, no Estado do Paraná, a ser protegido através de unidades de conservação. Com base em estudos realizados, o município de Icaraíma, em 20 de abril de 1995, através do Decreto n° 017/95, criou a APA Municipal de Icaraíma. Com a criação desta ultima APA, havia-se protegido, através de unidades de conservação os remanescentes, do importante ecossistema do Varjão do Rio Paraná no trecho compreendido entre a foz do rio Ivaí e Piquiri, totalizando uma área de 90.811,30ha (IAP/CORIPA, op cit). ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

1.3.3. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO REGIONAL

O Estado do Paraná teve em seu histórico de colonização a sua economia baseada na agricultura, extração de madeira, pecuária, nas industrias e na exploração de minérios (Garau, - ). Com estes dados entende-se o atual estado das florestas no Paraná. Como o visto por Campos & Agostinho (1997), a região compreendida entre os Rios Paraná, Paranapanema e Piquiri, incluindo a região drenada pelo baixo Ivai, apesar de ter sido a última porção do território paranaense a ser ocupada pelo processo de colonização, sofreu, em menos de quatro décadas, o quase completo exaurimento de seus recursos naturais. Paradoxalmente, no limite oeste da região mais degradada do estado, por sua vez uma das unidades ambientalmente mais degradadas da federação, encontra-se o ultimo trecho de águas livres de represamento no Rio Paraná em território brasileiro (Campos et al., 2002). O derradeiro remanescente do ecossistema que convencionou chamar de Varjão do Rio Paraná, denominado por Maack (1968) como “Regiões Pantanosas e de Campos de Inundação do Rio Paraná”, apresenta grandes áreas submersas em razão dos diversos aproveitamentos hidrelétricos da bacia hidrográfica, representa refúgio para inúmeras espécies ameaçadas de extinção, possuindo extrema importância numa região totalmente alterada (IAP/Coripa, 1999). A ocupação, desordenada, inicialmente substituiu a totalidade da área florestada em cafezais. Alguns anos depois da colonização, circunstâncias econômicas e fenômenos climáticos impactaram de morte a cafeicultura, com a erradicação de cafezais e desmobilização da grande maioria da mão-de-obra. Milhares de pessoas, sem trabalho, migraram, acarretando em maior diminuição da atividade econômica. As pastagens e algumas culturas mecanizadas, adaptadas ao solo fraco, alteraram completamente, em poucas décadas, a paisagem original (IAP/Coripa, op cit). O segundo período, entre 1940 e 1950, aconteceu com a ampliação da área agricultável, notadamente para a implantação de lavouras de café, algodão e cana-deaçúcar, que causou a destruição de mais de 4 milhões de hectares de matas nativas, basicamente de floresta tropical e subtropical (floresta estacional semidecidual) localizadas, particularmente, nas regiões Norte e Noroeste. Entre 1950 e 1970 foram eliminados 50 mil km² de mata pluvial nativa, acelerando o processo de erosão e assoreamento dos rios (Montaya, 1992, apud” IAP/CORIPA, op cit.) ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

e alterando a quantidade de peixes existentes, devido à redução na disponibilidade de frutos, folhas e insetos utilizados em sua alimentação. A devastação que se deu entre 1970 e 1975, em que foram destruídas 3.450.000 ha de florestas nativas, devido a expansão de culturas temporárias, com predominância de soja e trigo, que trouxe em seu bojo desequilíbrios ocasionados pelo uso excessivo dos agrotóxicos, o manejo inadequado dos sistemas, o uso irracional dos solos, a concentração de terras (grandes latifundiários), a expulsão de mais de um milhão de trabalhadores do campo e o inchamento das cidades (IAP/CORIPA, op cit). O estado atual de devastação das florestas úmidas da Floresta Atlântica é o resultado de quase cinco séculos de colonização e expansão da agricultura e da rede urbana do Brasil. A região Noroeste do Paraná, em sua história passou por vários ciclos, que marcam o desenvolvimento econômico do país, como o da cana-de-açúcar, do ouro, do algodão, do café, da modernização da agricultura e da industrialização (CIMA, 1991). Como os vistos em Laffranchi (1940) e Vargas (1970), os relatos históricos da ocorrência de caça são demasiadamente fartos para á região, sendo relatada uma utilização desenfreada dos recursos naturais da região.

(Foto I) onça-pintada abatida com zagaia na região do alto Rio Paraná (Laffranqui, 1940).

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Segundo o pensamento vigente, a mata era tida como fonte de pestes e muitos males, precisava ser derrubada e conquistada, e todo animal nela existente, um bicho perigoso que deveria ser abatido (ABC, op cit) e vista até mesmo em dias atuais. Este trabalho destina-se à áreas limítrofes e internas das APA’s municipais do PNIG, sob diversas influências antrópicas e em diversos níveis de degradação, por serem áreas de influência e manutenção da expressiva biodiversidade apresentada na região, e tratarem-se de remanescentes dos ecossistemas locais com grande risco de desaparecerem. Pela região do PNIG representar um dos últimos remanescentes das Regiões Pantanosas e de Campos de Inundação do Rio Paraná, livres de represamento, caracterizando um grande ecótono transicional entre a região de floresta estacional semidecidual (Domínio Floresta Atlântica) no Estado do Paraná e a savana (Cerrado) do Estado do Mato Grosso do Sul, e ser considerado um grande corredor de dispersão de fauna (SOS Mata Atlântica, 1999), e proposto por Campos e Agostinho (1997): Corredor de Fluxo de Biodiversidade do Rio Paraná – uma proposta de interação e proteção ambiental de ecossistemas ameaçados. A importância dos corredores ecológicos formados pelo entroncamento dos rios para a manutenção do fluxo gênico é ainda maior quando se tratam de espécies fortemente ameaçadas de extinção no estado do Paraná. Por exemplo, como exclama Cullen (1999), devido principalmente a sua habilidade em deslocarem-se por grandes distancias e explorar animais domésticos evidencia que os grandes felinos conseguem sobreviver temporariamente em pequenos fragmentos florestais, quando em longos deslocamentos ou dispersão. Biodiversidade é a variedade da vida, incluindo variação a nível genético, de espécie e comunidade. Hoje há uma crise na biodiversidade em todos os níveis (Templeton, 1990, apud. Mazzolli, 1992). Os jacarés-açus, as onças-pintadas e as harpias mantêm a incrível diversidade das florestas tropicais através de efeitos indiretos (Redford apud Valladares-Padua e Bodmer, op cit).

2. OBJETIVO GERAL

Acompanhamento do problema da predação de felinos em rebanhos domésticos no entorno do Parque Nacional de Ilha Grande. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

3. MATERIAL E MÉTODOS

As atividades referentes ao acompanhamento dos problemas de predação por felinos em rebanhos domésticos foram realizadas e aplicadas em áreas de influência das APA’s municipais de entorno ao Parque Nacional de Ilha Grande (PNIG), em localidades onde concentram-se atividades humanas. No período entre 20 de Julho de 2001 a 20 de Julho de 2002 foram efetuadas, no interior e adjacências do PNIG, fases de campo realizadas em 91 dias, somando-se 728 horas. As fazendas contidas e vizinhas as APA’s municipais, tanto no Estado do Mato Grosso do Sul como no Estado do Paraná, foram visitadas e monitoradas quanto a perdas sofridas em seus rebanhos. As coletas de dados foram realizadas inicialmente durante o período de treze meses (2º semestre de 2001 e 1º semestre e Julho de 2002) contemplando todas as estações do ano, nesta etapa, dando ênfase a coleta de dados referentes as atividades dos felinos. Sempre que possível a estada em campo foi igual a sete dias, a cada mês. Também foram concentrados esforços no interior do PNIG na busca de dados que vieram a complementar o entendimento da dinâmica de alguns indivíduos das espécies focadas, que utilizam áreas do PNIG e das APA’s municipais. Estas atividades consistiram em visitas, entrevistas, vistorias e monitoramento dos rebanhos e criações domésticas que sofreram danos ocasionais por grandes felinos. As atividades de monitoramento dos rebanhos foram baseadas em visitas as propriedades, visando a aproximação com moradores e proprietários, acompanhamento das atividades de manejo realizadas com os rebanhos, quantificação dos prejuízos econômicos e ambientais, e o compilamento de dados complementares que possam vir a auxiliar no entendimento dos dados. A aproximação com moradores, trabalhadores, proprietários e comunidades foi essencial para a orientação das atividades do referido projeto, buscando estabelecer um ciclo de informações sobre predadores e presas, envolvendo pessoas através de assuntos de seu próprio interesse, apresentando e esclarecendo informações sobre a importância da conservação dos habitats e comunidades animais. Estas atividades respeitaram as características de cada comunidade, buscando despertar a noção de responsabilidade social e levar aos cidadãos uma melhor consciência de suas ações. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Através das visitas e informações obtidas nas propriedades e com a comunidade, orientaram-se as constatações das propriedades com problemas referentes a perdas ocasionadas por felinos. As vistorias aconteceram nas localidades e arredores das propriedades que tenham sofrido perdas nos rebanhos supostamente ocasionadas por grandes felídeos, visando principalmente à identificação do predador (CENAP, op cit.). As características das carcaças predadas são imprescindíveis para determinar a espécie predadora, sendo as características deixadas na presa específicas para cada espécie, estas foram comparadas com descrições da animais predados em estudos realizados em outras áreas de ocorrência das referidas espécies (CENAP, op cit; Wede & Bowns, 1982). Sendo definidos e comparados os diferentes padrões de predação de um mesmo indivíduo durante as diferentes estações do ano. Desenhos, mensurações e fotografias foram tiradas para auxiliar na identificação das espécies. A obtenção de rastros e pegadas foi efetuada através da retirada de contra-moldes em gesso e parafina, quando estas foram encontradas em solos apropriados. Sendo a obtenção destes dificultada pelas diferentes características impostas pelos ambientes encontrados na área de estudo, ex.: camada espessa de serapilheira nas áreas de florestas, substrato composto por areia fina e geralmente seca não formando ou caracterizando os rastros, áreas inundadas, etc. As diferentes marcas deixadas no ambiente como: tocas, dormidouros, carcaças e outras foram fotografadas e plotadas em mapa local (1:25.000), descritas em caderneta de campo e localizadas com auxílio de um GPS (Sistema de Posicionamento Global). O material escatológico eventualmente encontrado foi acondicionado em sacos plásticos e potes, contendo informações sobre o local, data e características das mesmas. O material coletado foi tríado com o objetivo de definir características da dieta dos animais, buscando identificar a ocorrência de itens que indiquem animais de criação (bubalinos, bovinos, eqüinos, ovinos, suínos e outros) na alimentação. As amostras foram tríadas manualmente a seco, separando-se peças morfológicas não digeridas para a comparação e determinação das espécies ocorrentes na dieta, sendo algumas apontadas por Abreu et al., (2002). Através da comparação das peças não digeridas separadas durante a trígem, com coleções de referencia zoológica (Museu de Zoologia – Puc-PR e Museu de História Natural- PR), juntamente com a analises de pêlos separados e submetidos as técnicas de identificação de pêlos propostas por Quadros (1997, 2002) e utilizadas por Zanette (1996). ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

As diferenças entre os bolos fecais das diferentes espécies definiram-se através de suas morfologia, comparação a material de referência e metodologias propostas por Crawshaw (“apud” Valladares-Padua e Bodmer, op cit) e Quadros (op cit) e identificação de rastros associados às fezes.

(Foto III) amostra fecal de Puma concolor

(Foto IV) amostra fecal de Panthera onca

Visitas as diferentes fazendas foram direcionadas pelas informações repassadas pela comunidade da região ao projeto. Foram trabalhadas e discutidas com especialistas e proprietários, maneiras alternativas de manejo dos rebanhos, na realidade de cada local, visando minimizar as perdas ocasionadas por ataques de animais silvestres. Algumas das alternativas para minimizar a problemática da predação são sugeridas por Hawthone (1980), CENAP (op cit) e Britto (2002). Segundo Margarido (1994) e Cullen (1999) a obtenção de informações sobre atividades ilegais como a caça e o abatimento de animais silvestres são difíceis de serem sistematizadas e quantificadas. Foram efetuadas entrevistas com caçadores, atuais e antigos, familiarizados com a região, para apontar as espécies existentes e exploradas em atividades cinegéticas. O translado local vem sendo realizado de diversas maneiras, sendo utilizados como meio de transporte, conforme a necessidade, cavalos, barcos, bicicletas, carro, caiaques e helicóptero.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. A REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO PARANÁ.

Esta região de colonização recente (ITC,-), outrora coberta por exuberante floresta tropical (estacional semidecidual), segundo Maack (op cit), caracterizada por densos perobais, sofreu a partir da década de 40 uma exploração desmedida para, principalmente, implementação de nova fronteira agrícola. A região teve vários ciclos econômicos desde então, sendo considerada a última fronteira agrícola do Estado (SOS Mata Atlântica; ITC, op cit). Após quase 60 anos de intensa exploração, tendo a fronteira agrícola expandido sem que as mais rudimentares cautelas fossem tomadas para a proteção dos hábitats (ABC, op cit), a região Noroeste do Paraná apresenta hoje um perfil ambiental, quase em sua totalidade, altamente modificado restando menos de 3% da cobertura florestal original de Floresta estacional semidecidual da região (SOS Mata Atlântica, op cit; Pró-UC’s, 2002). Na região Sudeste do Estado de Mato-grosso do Sul, relata-se que em meados da década de 70 e 80 acelerou-se a abertura das áreas naturais existentes na região. Nas décadas de 60 e 70 implementaram-se as grandes áreas de pastagens de bovinos e bubalinos no interior das Ilhas Grande e Bandeirantes. Estas décadas coincidem com o período de maior intensidade nas atividades cinegéticas principalmente sobre os grande felinos, abatidos na maioria por predarem animais domésticos, relatados nas entrevistas realizadas com antigos e atuais caçadores (onceiros). Na região continental da APA de Altônia, desde a década de 70 não se tem registros para onças-pintadas. Segundo SOS Mata Atlântica (2001), este município juntamente com o Município de São Jorge do Patrocínio, são umas das unidades estaduais que menos representam os ecossistemas naturais da região, sendo dois dos municípios mais degradados do Estado do Paraná.

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4.2. REMANESCENTES POPULACIONAIS

A região tem em seu folclore popular estreita relação com forças e personagens da natureza, tendo a espécie Panthera onca (onça-pintada) grande respeito nos relatos da região Noroeste do Paraná e Sudeste do Mato Grosso do Sul. Relatos outrora realizados sobre a região denominada de Varjões do Rio Paraná, por Maack (op cit), apontavam esta como área de maior densidade populacional para a espécie Panthera onca, (sendo Panthera onca palustris definida para a região), no território brasileiro, com grande ocorrência de exemplares melânicos (pretos), estes devem constituir grande parte da população remanescente desta espécie na região (Zatti, -; Borba, 1870; Franco, 1973; Laffranchi, op cit; Cullen, op cit). A região do médio e alto Rio Paraná, juntamente com áreas remanescentes na Argentina e Paraguai representam as últimas populações viáveis com algumas chances de conservação a longo prazo, sendo o limite Sul e Sudeste de distribuição atual da espécie Panthera onca, que apresenta outros pontuais e isolados remanescentes a extremo Sul e Leste (Oliveira, 1995; Medellin, “et al.” , 2003). Segundo Oliveira (2001) tendo está espécie a sua área de ocorrência, no Brasil, reduzida em ≅40% da área original, baseando-se nas propostas de Oliveira (op cit), Cabrera & Yepes (1960), Schaller (1979), Emmons (1997), Chebez (1996), e como relatado por Britto (com. Pess.) para o estado do Paraná, onde esta espécie é fortemente ameaçada de extinção (Crawshaw, 1995; Paraná, 1994). Segundo informações registradas em campo e obtidas junto a moradores familiarizados com a área de estudo, ilhéus e oficiais da base de apoio do Corpo de Bombeiros – Policia Militar do Paraná – PR, na APA de Vila Alta, um indivíduo de Panthera onca, provavelmente um macho, adulto e seriamente debilitado de saúde, estaria transitando na Ilha dos Bandeirantes, próximo ao complexo da BR-487 (Ponte Luiz Eduardo Magalhães). Segundo informações de moradores tradicionais da região na APA de Icaraíma, aproximadamente há seis anos relata-se que ouve o deslocamento de um indivíduo da espécie Panthera onca, das imediações da foz do ribeirão 215, tributário do Rio Ivaí, no município de Vila Alta e Icaraima, até a região metropolitana do município de Umuarama (≅ 80 km paralelo ao Rio Paraná), nas áreas remanescentes da nascente do Rio Xambrê, ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

percorrendo ≅150Km em uma região caracterizada por lavouras, pastagens, remanescentes florestais de matas ciliares e reservas legais de propriedades, para procriar no local. Após criar dois filhotes, estes retornaram á região de origem, sendo abatidos por causarem prejuízos a rebanhos na região (Cavalcanti, A; Bernardo, J. C. com. pess.). Na APA de Altônia, acompanha-se a movimentação de um indivíduo de Puma concolor, no sítio Rosana. Este exemplar encontra-se em uma área composta por áreas de cultivo de cítricus, manga, café, algodão, monocultura de eucaliptos, pastos, e fragmentos de reserva legal e remanescentes ciliares do córrego Suzana. Este mosaico é, ainda, cortado por uma estrada rural com acentuada movimentação humana, onde são freqüentes os relatos de visualizações do indivíduo. Conforme as observações em campo apontam, são atividades de forrageamento realizadas pelo exemplar na área, buscando abater lebres (Lepus spp.), tatus (Dasypus spp) e pombas (Columba spp), encontrados em grande abundância nas áreas alteradas. Após algumas visitas na referida área, observou-se tratar de uma fêmea, que cria um filhote de aproximadamente quatro meses de vida. Até o presente momento não foram relatados danos causados pelo animal.

ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

4.3. PREDAÇÃO EM REBANHOS DOMÉSTICOS

Através das visitas e informações obtidas nas propriedades, orientaram-se as coletas de dados e constatações das propriedades com problemas referentes a perdas ocasionadas por felinos nos rebanhos.

(Figura II) - FREQUENCIA DE VISITAS AS FAZENDAS.

50 40 30

fazendas

20

Jul

Mai

Mar

Jan

Nov

Set

0

Jul

10

A maioria das visitas e vistorias revelaram um grande histórico de problemas passados envolvendo de alguma forma a predação nos rebanhos domésticos da região. Sendo que na grande maioria dos relatos e registros, são registros mais antigos onde os animais domésticos já foram abatidos há meses e revelou que o espaço tempo decorrido entre o acontecimento do evento e a tomada de informações fidedignas. Na região observou se uma maior ocorrência com perdas envolvendo criações de pequeno porte. Nestas foram apontadas uma maior quantidade de perdas ocasionadas nos rebanhos devido a problemas de manejo agropastoril, doenças e suas conseqüências, manejo inadequado, bem como

descargas elétricas naturais, oriundas de raios em

tempestades, quando comparadas com carnívoros silvestres. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

(Tabela II) PROPRIEDADES VISITADAS DURANTE O ESTUDO. Fazenda

Município

Mês 2001/2002

Criação

Manejo

Predação Outros

Sete quedas St. Rita St. Maria Tucano Ponta Pente Água fria Zé Maria São Vicente N. .Sr. Aparecida Tininha Amambaré ITAIPU Japones

Guairá Guairá Guairá Guairá Altônia Altônia Altônia Altônia Altônia Altônia

Jul/Set/Dez/Jan/Jun Jul/Ago/ Jul/ Jul. Jul. Jul. Jul. Jul. Jul. Jul.

Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino

Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo

-

3 -

Guairá Mundo Novo Mundo Novo Mundo Novo

Jul/Set/Dez/Jun Jul/Set/ Jul/Set/Jan/ Jul/Set/Jan/

Bov./Eqüino Bovino Bovino Bov./Eqüino

Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo

1

3

2 Fronteiras São Domingos Vanzini Esperança Pirassununga Boa Vista São Pedro

Mundo Novo Mundo Novo Mundo Novo Mundo Novo Mundo Novo Mundo Novo El Dorado

Jul Jul Jul Jul Jul Jul. Jul/Dez/Jun

Bovino Bovino Bovino Bovino

Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo

1

-

El Dorado El Dorado El Dorado El Dorado

Jul/ Jul/ Jul Jul/Dez/Mai

Predador

P. concolor

Bov./ovino

P. concolor Macuco Cadeado Rib. D'onça São João do Morumbi St. Antônio Junqueira Esperança Laguna Peru St. Branca Uberaba St. Catarina St. Filomena São Lorenço Garça Canaa St. Antônio Ilheu Adão PM - CB Icarai Leãozinho Baunilha/Jatoba Agua Boa Amambai Cano Rosalino Roda d’água Andreis Cruz de Malta

Bovino Bovino Bovino Bovino

Jul/Dez/Fev El Dorado Bovino Jul El Dorado Bov./Ovino Jul Ovino El Dorado Jul El Dorado Bovino Jul Altônia Bovino Jul. São Jorge Patrocínio Bovino Jul. Vila Alta Bovino Jul. Vila Alta Bovino Jul. Vila Alta Bovino Jul/ Vila Alta Bovino Jul/ Vila Alta Bovino Jul/Set/Nov/Jan/Mar Vila Alta Ovino

Icaraíma Vila Alta Itaquiraí Itaquiraí Itaquiraí Itaquiraí Navirái Guairá Guairá Guairá Guairá Guairá

/Mai/Jul Jul/Fev/Jul Jul/Jan/Abr/ Jul/Fev Jul Jul Jul/ Jul/Abr/Jul Ago/Abr/Mai Ago/Set/Dez/Jun Ago/Dez Ago Ago/Set/

Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo

1 -

1 -

Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo

1 1 1 46

7 5 2 1 2 1 -

1 1 -

1 2 1 3 4 1

Bov./Eqüino Semi-comfi. Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bov./Bubali. Bovino Bovino Bovino

Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo

P.concolor

P. concolor P. concolor P. concolor

P. concolor P. onca

P. concolor

ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Pacaembu Arvoredo Rodeio Volta do Piquiri St. Branca St. Catarina Porto Izabel Paredão São Paulo Monte Azul Estrela Caçador Tanara

Guairá Guairá Guairá Guairá Guairá Guairá Guairá Icaraíma Vila Alta Icaraíma Vila Alta Vila Alta Vila Alta

Ago Ago Ago Ago/ Ago/ Ago/ Set Out/Jul Out/Jul Out Out Out Out/Fev/

Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Frango

Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Semi-comf.

26

1 2 2 2

Ilheu Manoel N. Sr. Das Graças Boa Vista Maracajú Paraná Monte Jardim Alvorada Sol Nascente Banhado Alterosa Ilheu – Sebastião

Vila Alta Altônia

Out/Fev/ Nov/

Bovino Bovino

Extensivo Extensivo

1 -

6 -

Bovino Extensivo Bovino Extensivo Bovino Extensivo Bovino Extensivo Bovino Extensivo Bovino Extensivo Bovino Extensivo Bovino Extensivo Cães/Suíno Comfinado

3

1 2 -

L. pardalis

São Bento N. Sr. Aparecida Pinheiro Sete de setembro Fartura São Domingos Loiras Rozana Pau d’alho N Invernadas Pau d’alho S Paranaiara St. Maria St. Rosa Pioneiro St. Antônio Caburai Beira Rio Porto Bonito Paredão Catatau St. Luzia Japones Boa Vista

Nov/ Altônia Nov/ Altônia Nov/ Altônia Nov/ São Jorge Patrocínio Nov/ São Jorge Patrocínio Nov/ São Jorge Patrocínio Nov/ São Jorge Patrocínio Nov/ São Jorge Patrocínio Nov/Dez/Fev/Abr/ Altônia

P.onca

P. onca El Dorado El Dorado El Dorado El Dorado

Dez Dez Dez/ Dez

Bovino Bovino Bovino Bovino

Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo

-

-

Mundo Novo Mundo Novo Terra Roxa Altônia Vila Alta Icaraíma Vila Alta Itaquiraí Itaquiraí Itaquiraí Itaquiraí Itaquiraí Itaquiraí Itaquiraí Itaquiraí Icaraima Icaraima Vila Alta Vila Alta Itaquiraí

Jan Jan Jan Jan Fev/Jul Fev/Jul Fev/Jul Fev/Jul Fev/Jul Fev/Jul Fev/Jul Fev/Jul Fev/Mar/ Mar/Jul Mar/Jul Mar/Jul Mar/Jul Jul/ Jul/ Jul

Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino Bovino

Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo Extensivo

Bovino Bovino Bovino

Extensivo Extensivo Extensivo

-

3 1 2 4 2 -

Total de propriedades visitadas = 100 Total de propriedades com vestígios das espécies = 60; P. onca = 18; P. concolor = 53; L.pardalis = 10 Total de propriedades com problemas de predação = 11 Total de perdas por predação no período de estudo = 83 Total de perdas por outros fatores no período de estudo = 64 ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

(Figura III) Propriedades: com vestígios; sem vestígios; com predação; com animais problemas.

Propriedades c/ vestigios Propriedades s/ vestigios Propriedades com predação Propriedades c/ animais problemas

A Fazenda St. Antônio no Município de Vila Alta (PR), com criação de ovinos, bovinos e eqüinos, teve perdas significativas em seu estoque de ovinos, tendo uma baixa de 46 cabeças em 2001 e 16 cabeças no primeiro trimestre de 2002, ocasionadas por um animal problema da espécie Puma concolor, provavelmente um indivíduo sub–adulto e macho. Este indivíduo, segundo as observações e relatos apurados em visitas a propriedade, foi criado na carne dos animais domésticos e teve a técnica de predar animais domésticos, aprendida através da observação de sua progenitora. Este animal ataca preferencialmente nos períodos crepuscular, dias de temperatura amena e céu nublado, logo após chuviscos. Sendo esta uma constante em trabalhos que avaliam o problema da predação por felinos (Mazzoli, 1992, 2002; Crawshaw, 1995). Deslocando-se por ≅900m em área de pasto com predomínio de uma poaceae denominada rabo–de–burro (Poaceae), até remanescentes ciliares do córrego Guaraúna, prosseguindo por ≅10m da mesma formação e posteriormente ≅200m em área de pasto atingindo o curral onde abate os animais de criação (ovinos), retornando com a presa, geralmente até o limite do pasto com a Poaceae dominante na paisagem. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Na propriedade confirmou-se a existência de três indivíduos da espécie Puma concolor sendo uma fêmea, um macho sub–adulto e um juvenil. As presas escolhidas pelo espécime apresentam uma variação durante as diferentes épocas do ano, sendo no período de verão (Dez./Jan./Fev.), preferencialmente abatidos juvenis, geralmente as carcaças são abandonadas na mata ciliar ou não são encontradas. No inverno (fim de Mai./Jun./Jul. e começo de Ago.) ou períodos de gestação das ovelhas, nestes são preferencialmente abatidas fêmeas gestantes, as carcaças são abandonadas, após a alimentação, no próprio pasto. Na região do município de Altônia a montante da Ilha Três Botelhos situa-se a posse do Ilhéu Sr. Sebastião, na barranca direita da Ilha Grande, cujo ilhéu tem próximo a sua casa uma mangueira com seis porcos, estes sofrem constantes investidas de um espécime melânico da espécie Panthera onca, seus ataques eram atrapalhados por sete cães de raça indefinida (SRD) de médio porte existente na posse. A primeira reclamação efetuada em março de 2002 ao projeto constava da baixa de um cão, após três meses da 1º vistoria tem-se três cães mortos e dois mutilados. Até o momento não comunicaram-se baixas na criação de suínos.

(Tabela III) DESCRIÇÃO E CARACTERISTICAS DAS CARCAÇAS PREDADAS: Ovinos

Puma concolor

Tendem a matar a presa por mordidas no pescoço, na área dorsal ou, geralmente por sufocamento com mordidas na garganta. As carcaças apresentam hematomas e hemorragias grandes na área do pescoço e marcas de garras na cernelha e rosto. São notadas algumas mordidas na região frontal da cabeça (nasais). A alimentação geralmente é iniciada logo após as costelas, incluindo o consumo das extremidades destas. O estômago e intestinos são retirados (não consumidos), para permitir o alcance do fígado, pulmões e coração. São consumidas as musculaturas das patas posteriores, geralmente pela porção ventral. As carcaças são escondidas e cobertas, geralmente, com folhas secas.

ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

(Foto V) Carcaças de Ovino predada por Puma concolor, encontrada em vistoria no dia do ataque (Foto: Kauê Cachuba de Abreu - 1998).

Bovinos

Puma concolor

Panthera onca

Geralmente abatendo novilhos de poucas semanas ou potros de poucos anos. Tendem a matar a presa por asfixia, com mordidas na parte ventral do pescoço. São separadas as vísceras, a alimentação iniciasse logo após as costelas, incluindo o consumo das extremidades destas, e as musculaturas das patas posteriores, geralmente pela porção ventral. São notadas algumas mordidas na região frontal da cabeça (nasais), apresentando aberturas na caixa craniana para alcance do cérebro. Tendem à abatem novilhos de médio a grande porte e geralmente apresentando lesões profundas na base do crânio e as primeiras vértebras e o háxis fraturados. As vísceras são separadas ou não. A alimentação geralmente inicia-se pela face, base do pescoço e área peitoral, consumindo-se coração e outros órgãos internos.

ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Eqüinos

Puma concolor

Panthera onca

Normalmente abatem exemplares jovens de médio e pequeno porte. Aparentemente matam a presa por asfixia com mordidas na base do pescoço na fase ventral. A presa tendem a apresentar o maxilar fragmentada na cartilagem de Meckel e fraturada na porção medial (Anexos VII e VIII) Geralmente apresentam fraturas sucessivas e não profundas na face, principalmente nos nasais. São separadas as vísceras, a alimentação inicia-se logo após as costelas, incluindo o consumo das extremidades destas, e as musculaturas das patas posteriores, geralmente pela porção ventral. Tendem a abater presas de grande porte e adultos, quase sempre arrastando a presa por longas distâncias em áreas protegidas por vegetação e água em abundância. Geralmente apresentam lesões profundas na caixa craniana (Parietal e occipital) e base do crânio (Anexos IX e X). São separadas as vísceras, a alimentação acontece como o descrito na tabela superior.

(Foto III) Carcaça de eqüino predado por Panthera onca na Ilha dos Bandeirantes (Foto: Kauê Cachuba de Abreu - 2001).

ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Frangos

Leopardus pardalis

São observados apenas tufos de penas pelo caminho percorrido pelo animal.

Suínos

não encontradas

Cães

não encontradas

No município de Mundo Novo no Mato grosso do Sul, localiza-se o remanescente Norte da Foz do Rio Iguátemi, sendo a reserva da Fazenda Santo Antônio. O proprietário, tendo conhecimento do referente projeto, entrou em contato com o PNIG, a propriedade apresentava problemas nos anos de 2000 e 1º semestre de 2001, com perdas ocasionadas por onças em seu estoque bovino, em um ano foram predados 36 animais do rebanho. Após este período os ataques cessaram, sendo a presença das espécies trabalhadas, confirmadas para a propriedade.

4.4. FATORES AGRAVANTES

Devido ao grande número de informações, solicitações e denuncias que a sociedade da região efetua ao escritório do PNIG, observou-se um grave fator de degradação da biodiversidade regional, através da descentralização e perda desnecessária de exemplares de diversas espécies de relevante valor para a conservação dos ecossistemas e populações animais representadas na região. A inexistência ou inadequação de estruturas para suporte no atendimento a sociedade e aos exemplares silvestres encaminhados, não observados critérios para solturas, sabendose que algumas espécies tem seu território delimitado em uma suposta área, quando transferidos para outras áreas este, algumas vezes, tentaram retornar ao seu território de origem. As técnicas utilizadas nas atividades pecuárias, em geral seguindo o sistema tradicional de pecuária extensiva ou semi-extensiva (Marques, 1976), encontrando-se em distintas áreas, inclusive as categorias mais vulneráveis do rebanho, forrageando nas bordas e interior dos fragmentos remanescentes de floresta, favorecendo uma maior chance para os predadores na obtenção deste ítem alimentar, vindo este fator a favorecer um aumento na ocorrência de ataques a criações (CENAP, op cit). ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

(Foto IV) Giral utilizado para caça, encontrado no entorno imediato da área do Parque Nacional de Ilha Grande (Foto: Kauê Cachuba de Abreu – 1997).

Em algumas propriedades constatou-se um fator predisponente aos ataques dos felídeos, provenientes de descartes irregulares de sobras e carcaças de animais de criação, sendo estes localizados próximos aos currais e mangueiras, funcionando como um chamariz para espécies carnívoras. As várias causas de baixas nos rebanhos da região são agravadas em períodos de introdução de novas cabeças aos rebanhos da região, períodos de maior abundância de animais peçonhentos nocivos aos animais de criação, causando alguns acidentes, sendo muitos fatais, períodos de baixa produtividade ou qualidade nos vários tipos de pastos utilizados, sendo fatos semelhantes a estes já descritos por Marques (op cit). O grave desrespeito as leis ambientais na região, não observando-se as cotas de reservas legais e raramente observando-se áreas razoáveis de reservas permanentes (Lei nº 4.771 de 15 de set. de 1965; Art.2º, 3º e 4º), vem a agravar a situação do quadro ambiental instalado na área de estudo.

ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

A utilização desmedida de agrotóxicos (Lei 9.665 Art.54º) na região, afeta em diferentes níveis as populações animais e vegetais, adentrando na cadeia alimentar e fixando-se em algumas espécies, refletindo a curto, médio e longo prazo baixas nas populações silvestres. As atividades cinegéticas realizadas nos dias atuais, mesmo proibidas por lei (nº 9.665, cap. V, cessão I, art. 29), deixaram de ser realizadas para saciar a fome, em sua grande maioria, pois são realizadas de forma furtiva e predatória, para comercialização, troféu ou muitas vezes pelo prazer de ver o tombo. As atividades cinegéticas realizadas predatoriamente contribuem, em muito, para o desaparecimento das diversas espécies animais, sendo direta e/ou indiretamente afetadas (Redford “apud” Valladarres-Padua et al.; Margarido, op cit). A realização de atividades cinegéticas, furtivas, em áreas remanescentes de florestas adjacentes e no interior do PNIG, contribuem para a defasagem das diferentes espécies, suprimindo importantes fontes de germoplasma para a conservação a longo prazo da biodiversidade regional, como observado por Tiepollo (1995), suprimindo estoques de potenciais presas naturais para os Felidae. Através das entrevistas definiram-se algumas espécies-presa exploradas, de valor cinegético na região, sendo muitas consideradas ameaçadas de extinção para o Estado do Paraná e para o Brasil (Maragarido, op cit). A ocorrência de algumas espécies tem grande importância para os ecossistemas onde encontram-se e a simples ocorrência de algumas delas representam a qualidade de hábitats disponíveis no PNIG, como Agouti paca (paca), Blastocerus dicotomus (cervo-dopantanal), Mazzama sp. (veado), Cayma latirrostrys (jacaré-do-papo-amarelo), Cayma iacare (jacaré-do-pantanal), Tapirus terrestris (anta), Lutreolina longicaudata (cuícad´água), Myrmechophaga tridactyla (tamanduá-bandeira), Alouatta fusca clamitans (bugioruivo), Chrizocyum brachyurus (lobo-guará), Oncifelis colocolo (Gato-palheiro), Panthera onca (onça-pintada). Segundo Conforti & Cascelli (apud Silveira, 1999), sobre os impactos negativos da ausência de espécies-presa, em decorrência de caça, sobre a movimentação e dieta de onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu, apontam que a movimentação e utilização destas áreas pelos grandes felinos é inibida. Segundo Redford (1992), o homem é o maior competidor por presas (espécies cinegéticas) das onças e o problema de predação de onças sobre rebanhos domésticos pode estar sendo desencadeado pela eliminação de presas naturais pela caça. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

(Tabela IV) ÁREAS COM ATIVIDADES CINEGÉTICAS / PROBLEMAS DE PREDAÇÃO. Fazenda Ilhéu – Sebastião Tanara Ilhéu Manoel St. Antônio Ilhéu Adão St. Antônio Junqueira Esperança Laguna Peru São Pedro Macuco Japonês

caça (2001 - 2002) Ago./ Nov./ Jan./ Fev./ Mai./ Set./ Out./ Jan. Set./ Dez./ Jan./ Fev./ Abr./ Jun./ Jul. Jun./ Jul./ Ago./ Out./ Nov./ Dez./ Jan./ Mar./ Abr./ Jun./ Jul. Jul./ Out. Jun./ Jul./ Set./ Out./ Dez./Jan./ Fev./ Jul. Jun./ Jul./ Set./ Dez./ Fev./ Mai. Jun./ Jul./ Out./ Dez./ Mar. Jul./ Set./ Dez./ Jan./ Jun. Jul./ Out./ Dez./Mar. Jun./ jul./ Set./ Nov./ Dez./ Jan./Abr. Jun./ Jul./ Out./ Dez./ Mar./ Jul.

predação (2001 – 2002) Novembro 2001/ Fevereiro 2002 Outubro 2001 / Fevereiro 2002 Outubro 2001 Julho/Novembro/Dezembro/Janeiro/ Maio / Junho Julho 2001 1º semestre de 2001 Julho 2001 Junho 2001 Julho 2001 Julho 2001 Julho 2001 Junho 2001

Ainda fatores como a depredação de rebanhos domésticos por furtos ou abate de cabeças para o comércio e alimentações de contingentes humanos na região são freqüentes em áreas de influência de assentamentos. Este fato vem a degradar a comunidade de espécies carnívoras, seja por difamação das espécies ou caça indiscriminada.

5. RECOMENDAÇÕES

Primeiramente que sejam buscadas as interações e a parceria entre os diferentes personagens que efetivamente lutam pela existência da região e dependem do lugar, de alguma forma para viver. Buscar junto a comunidade, principalmente a tradicional, parcerias e saídas para problemas locais e regionais, incentivando, capacitando e utilizando representantes da comunidade local. Orientar a comunidade quanto a problemática de animais domésticos asselvajados (ferais) no interior e adjacências do PNIG e reduzi-la. Viabilizar um programa envolvendo os proprietários de áreas nas APA´s Municipais de entorno imediato e adjacentes ao PNIG, atendendo, esclarecendo e procurando saídas quanto aos problemas de entendimentos entre atividades humanas e conservação de vida ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

silvestre, evitando assim conflitos entre as partes, procurar implementar estratégias, sociais e de conservação, que venham a minimizar estes conflitos, evitando perdas para todos. Como: o respeito as áreas de preservação permanente (APP); respeito a reserva legal; implementação de reservas extrativistas; e redução efetiva da caça. Formar um banco de reserva, para futuras, possíveis intervenções de manejo e indenizações referentes a problemas com a fauna local. Estruturar e preparar uma referencia de centralização e recuperação da fauna regional e normatiza-la, utilizando áreas e estruturas existentes, de preferência, internas ao PNIG, por depender de características de rápido acesso e pouca perturbação humana, servindo como ponto de refugio. Através de parcerias, formar uma estrutura em áreas adjacentes ao PNIG, para dar apoio na recuperação e destinação da fauna debilitada e excedente, atendida na região do PNIG. Formulação e realização de uma fiscalização atuante e rígida, igual para todos, quanto a observação da legislação ambiental vigentes nos Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, tendo por premissa garantir o mínimo de interferências nos ambientes naturais para se buscar uma boa qualidade ambiental e garantia de sobrevivência das diferentes espécies da região, através da constituição ou recuperação das áreas de preservação permanente (APP) e reservas legais de cada propriedade adjacente ao PNIG. Contenção e normatização das modalidades de caça de espécies silvestres, nas áreas das APA’s municipais no Estado do Paraná e Mato Grosso do Sul, sendo terminantemente proibida em áreas do PNIG. Ordenar o uso do solo considerando-se as suas aptidões e potencial paisagístico, restringir a administração dos agentes tóxicos (agrotóxicos) dentro das APA’s e entorno imediato. Normatizar e restringir a ocorrência de incêndios florestais na área do PNIG, através de aquisição de equipamentos adaptados para um combate justo e empenho na formalização de apoios, parcerias e ajuda mutua entre os esforços empenhados. A importância do PNIG no contexto do corredor do Rio Paraná é incontestável (Motta, 1998; Cullen, 1998), sendo a integridade deste dependente da consolidação de uma gama de corredores transversais dos tributários dos estados lindeiros a bacia hidrográfica do Rio Paraná. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Buscar garantir o resguardo de áreas remanescentes ainda desprotegidas de estrema importância biológica, tendo estas, papel de relevante importância para garantir a existência das espécies a longo prazo, principalmente as encontradas em risco de extinção. Ordenar e normatizar a utilização das estradas internas do PNIG, na Ilha Grande (antiga ligação PR – MS); Ilha Bandeirantes – complexo BR-487 (Ponte Luiz Eduardo Magalhães) e limite Sul – BR-272 (Ponte Aírton Senna) com grande potencial para realização de diversas modalidades de turismo em áreas naturais, pela oportunidade de observação de representantes da fauna, flora local e potencial paisagístico. Buscar as adequações necessárias para tentar minimizar os impactos ao meio biótico causados pelo complexo da BR-487 em todo o trecho da “obra de arte”.

6. CONCLUSÃO

As áreas de proteção ambiental (APA’s) têm como função minimizar as agressões aos ecossistemas naturais remanescentes, ordenando o uso do solo e restringindo ações impactantes nas áreas de entorno imediato das UC’s existentes. Devido a realidade ambiental caracterizada no Noroeste paranaense e Sudeste do Mato Grosso do Sul, sendo área de ecossistema predominante da Floresta Atlântica (floresta estacional semi-decidual), segundo Maack (op cit), Veloso (op cit), SOS Mata Atlântica (op cit), M. A (op cit), Campos (1994), encontrado altamente modificados. Nas APA’s municipais e principalmente em áreas internas ao PNIG a problemática grave de animais domésticos abandonados que vem a adaptar-se as condições selvagens (animal feral), causando baixas em grupos animais, seja por competição de recursos nos diferentes nichos tróficos ou via predação. Os dados referentes á movimentação e existência de onças no PNIG e adjacências vêm sendo, orientadas por evidências observadas em campo, informações obtidas junto à moradores tradicionais e caçadores familiarizados com a região. Os dados obtidos foram plotados em um mapa da região (escala: 1:25.000 e 1:50.000), revelando uma concentração linear dos dados pontuados, as áreas, coincidindo com os alinhamentos dos Rios Piquiri (PR) e Iguatemi (MS) na ponta Sul do PNIG, juntamente com áreas remanescentes (várzeas) adjacentes continentais no município de ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Mundo Novo (MS), e os Rios Ivaí (PR) e Amambaí (MS) na ponta Norte, apontando a existência de duas fontes remanescentes pontuais para a população de Panthera onca. Sendo, aparentemente, para está espécie, uma população residual, fragmentada e instável. Decorrente do grande número de evidências levantadas e pontuadas para a espécie Puma concolor na região, aponta aparentemente, para um remanescente populacional fragmentado em porções pontuais, sendo alguns registros efetuados em áreas de interferência e uso acentuado humano. Provavelmente pela grande capacidade, desta espécie, de adaptar-se as adversas transformações impostas nos diferentes ambientes que utilizam. Também para a espécie Leopardus pardalis, foram plotadas ocorrências em várias áreas, incluindo áreas urbanizadas, sendo os registros mais freqüentes em áreas que apresentam uma paisagem composta, em meio a, pastagens, lavouras e fragmentos florestais de várias dimensões. Devido à rápida capacidade de regeneração de alguns ecossistemas representados na região (Campos, op cit), entende-se uma maior disponibilidade de áreas a serem reocupadas pela fauna local, propiciando um acréscimo nos estoques de espécies silvestres na região. Sendo que para as várias espécies animais ameaçadas de extinção na região sudeste brasileira, o derradeiro remanescente dos ecossistemas do Rio Paraná (Parque Nacional de Ilha grande, Parque Estadual do Ivinhema e APA Federal das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná) tem papel de fundamental importância na manutenção e resguardo dos ciclos e recursos naturais em uma região recente e altamente modificada pela ação humana. O papel da comunidade foi fundamental para a realização das etapas previstas no projeto, sendo de grande valia no direcionamento, escolha e aplicação das estratégias e metodologias seguidas, sendo várias adaptadas as características regionais. Buscou-se obter em todas as informações, a comprovação e fidelidade das mesmas. Comparando os dados coletados nas entrevistas, com os realizados por Palmeira (2001) no vale do Rio Ribeira, Iporanga - SP (Serra do Mar), que segundo as entrevistas (total de famílias = 28) apontam que 53.58% das famílias sugeriram a exterminação das onças.

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Tendo nas entrevistas realizadas nas APA’s do PNIG (total de famílias = 97), 21.42% das famílias contra os felinos, sendo 75.56% como famílias que nunca tiveram problemas com estes felinos em ≅25 anos de propriedade. Estes números apontam não uma inexistência de onças na região, mas possivelmente reflexos de uma colonização recente e supressão dos recursos naturais rápida e desordenada. Com a consolidação do PNIG e pela capacidade de regeneração de alguns dos ecossistemas da região (Campos, 2002) oferecendo condições de ambiente, propiciam melhores condições para a recuperação da fauna local, como os grandes felinos. A população regional define três modalidades de caça: subsistência, esportiva e predatória, sendo todas realizadas furtivamente na área do PNIG e remanescentes adjacentes. Os dados obtidos apontam uma grave pressão de caça sobre as espécies de felinos, apontando a ocorrência de caça esportiva, predatória e captura de exemplares jovens no interior e adjacências do PNIG para comercialização e tráfico.

Tabela V) CARCAÇAS DE FELINOS. Guaíra

Causa mortis Indeterminada

Local; Obs. Prox. Lagoa Saraiva

Indeterminado

Ilha Brasil

Puma concolor Icaraíma Puma concolor Indeterminado Puma concolor Eldorado Abate e alimentação

Assentamento – Eldorado

Abate e alimentação

Assentamento – Eldorado

Atropelamento

BR- 487 – Ilha Bandeirantes

Atropelamento

BR- 487 – Ilha Bandeirantes; Juvenil

Puma concolor Puma concolor Itaquiraí Panthera onca Puma concolor Navírai Puma concolor

Abate por predação

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(Foto IX) Carcaça de Puma concolor encontrada na Ilha Grande (Foto: Acervo técnico CORIPA – Ronaldo Bunzel- 1997).

Pela alta pressão de atividades cinegéticas nas comunidades de mamíferos do PNIG, entende-se um decréscimo na disponibilidade de espécies–presa para os felinos, tendo uma forte influência na problemática da predação nos rebanhos domésticos. Através da plotagem dos dados (tabela IV) observou-se que as fazendas com ocorrências de ataques de onças nos rebanhos coincidem com áreas de grande pressão antrópica nas comunidades animais como a caça predatória de espécies-presa disponíveis para os felinos em questão. Sendo indicados por Crawshaw (op cit), Cullen (op cit), Margarido(op cit), Redford (op cit), Silveira (op cit), Emmons (op cit), que este fato é um agravante na problemática de predação sobre rebanhos domésticos . Pois como dito por CENAP (1998), nas áreas transformadas e utilizadas pelo homem há uma substituição das presas naturais dos felinos por animais domésticos. Com isto fica fácil de entender por que acontece a pradação em rebanhos domésticos. Por exemplo, uma das técnicas da caça predatória relatadas consiste em segmentar o vale de um córrego ou ribeirão com uma tela de arame. Algumas pessoas ficam a espera na tela enquanto duas pessoas acompanhadas por cães descem o vale do curso d’água, tocando os animais silvestres, estes quando encurralados na tela são abatidos a golpes de facão, pauladas e armas de fogo. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Esta técnica é utilizada para captura de espécies como capivaras, catetos, queixadas, pacas, veados e etc. Devido ao direcionamento dado pelas informações repassadas pela comunidade da região ao projeto, tem-se (Figura III) uma concentração maior de visitas nos primeiros meses do projeto. Como visto por Silveira (1999), fica difícil obter dados concretos nos índices de predação de grandes felinos em rebanhos domésticos, principalmente, devido ao fato de que a maioria das fazendas não mantém um número homogêneo durante todo um ano. Sendo o número de baixas por predação (nº = 83) superior ao causados por outros motivos (nº= 64). Este fato deve-se a problemáticas envolvendo animais problemas nas propriedades. No total das propriedades visitadas definiram-se onze fazendas que tiveram baixas em seus rebanhos, comprovadamente causados por espécies de felinos. Em um total de 6 baixas (Bovinos - 2; Equinos – 1; Cães - 3) causadas por Panthera onca, tendo 53 (Ovinos - 49; Bovinos –3; Equino - 1) causadas por Puma concolor e com 26 (Frangos - 26) ocasionadas por Leopardus pardalis. Sendo uma fazenda (Santo Antônio, lindeira a APA de Vila Alta no Estado do Paraná), apresentando baixas por animais problemas, sendo exemplares da espécie Puma concolor.

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8.

ANEXOS

Anexo I

Localização do Parque Nacional de Ilha Grande. (PNIG) no Rio Paraná, MS/PR-BR. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Anexo II

CADASTRO DE PROPRIEDADE

Localidade: Data: Município: Contato: Área: Nº de Pessoas: Idade: Proprietário: Propriedades vizinhas:

Técnico/Colaborador: Nome: Idade: Escolaridade:

Escolaridade: Renda mensal: Contato:

Problemas com predação: OBS:

DESCRIÇÃO DO AMBIENTE: Reserva (Sim) (Não) Mata Ciliar ( ) Marcação: Reserva Legal ( ) Reserva Permanente ( ) ( ) Confinado ( ) Reserva Extrativista ( ) OBS:

Área:

Silvicultura - Qual:

Produção (Sim) (Não) Hortaliça ( )

Área:

Pasto ( ) Área: Sistema: Rodízio ( ) Brinco ( )

Pomar ( ) Exótica ( )

Nº de Piquetes: Manejo: Extensivo ( ) Intensivo

Piscicultura ( )

Raça:

Monocultura - Qual:

Consorcio – Qual:

OBS:

Tipos de vegetação: Relevo:

Estado de sucessão: Outros:

Rios:

Animais silvestres freqüentemente observados: OBS:

TIPOS DE AMEAÇAS: Extrativismo: Caça ( ) Utensílios ( ) Seletivo ( ) Aleatório ( ) Coleta ( ) Características: OBS:

Segmentação: Estrada ( ) Qual: Cerca ( ) Tanque ( ) Cultura ( ) Qual: Alambrado ( ) OBS:

Área:

Fragmentação: Monocultura ( ) Qual: Exótica ( ) Qual: Hidrelétrica ( )

Área:

Empobrecimento: Atropelamento ( ) Qual: Voçoroca ( ) Tipo: Organismos invasores ( ) Qual: Bordas ( ) Ferais ( )

DESCRIÇÃO DA PAISAGEM DO ENTORNO:

Ficha desenvolvida e utilizada para cadastros de propriedades visitadas (1996). ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Protocolo de vistoria em animal doméstico abatido Relatório de visita técnica nº Carcaça n° Data: / / Nome da propriedade: Piquete / Pasto: Contato do proprietário: Contato do administrador:

Responsáveis:

Dados da presa e sinais encontrados ao exame da carcaça: Tempo pos mortem: Espécie: ________________________ Raça:___________________________ Idade: ( ) jovem ( ) subadulto ( ) adulto Sexo:( ) macho ( ) fêmea Peso:________kg Cor da pelagem/plumagem: _________ Presença de chifres: ( ) sim ( ) não Estado geral do animal: ( ) gordo ( ) magro ( ) muito magro Estômago: ( ) vazio ( ) cheio ( ) muito cheio Presença de parasitos internos: ( ) não ( ) sim — órgãos parasitado:_________ Presença de parasitos externos:( ) não ( ) pulgas ( ) carrapatos ( ) piolhos Forma de abate, posição e sinais existentes na carcaça: Fratura da coluna vertebral:( ) não( )sim altura: ( ) cervical ( ) torácica ( ) lombar Sinais de asfixia: ( ) não ( ) sim — descrever lesões:

Local da mordida:( )cabeça ( )nuca ( )garganta ( )patas ( )dorso ( )ventre Características da mordida: distância entre os caninos:_____________cm arcada superior _____________cm arcada inferior _______________cm Presença de arranhões: ( ) não ( ) sim — local: _______________________ Presença de hematomas: ( ) não ( ) sim — local: _______________________ Partes consumidas: ( ) anterior ( ) média ( ) posterior ( ) vísceras Percentual da carcaça consumido: Principais partes_________ ___________% Obs: Nas proximidades da carcaça existe: fonte de água:( ) não( ) sim distância: ___________m floresta ou cobertura vegetal densa: ( ) não ( ) sim — distância: ___________m casa próxima: ( ) não ( ) sim — distância:_______ m habitada permanentemente: ( ) sim ( ) não Distância do local do abate para o local de consumo:____________________m Carcaça coberta: ( ) não ( ) sim — tipo da cobertura: Sinais do predador Fezes: ( ) não ( ) sim comprimento:____________ cm diâmetro_____________cm Pêlos: ( ) não ( ) sim — amostra nº_____________________________ Pegadas: ( ) não ( ) sim — molde(s) nº_____________________________

Protocolo desenvolvido para vistorias em carcaças de domésticos reclamados (1996). ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

ANEXO III

Croqui com a distribuição das localizações de registros de eventos de predação em animais domésticos na área de estudo. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

ANEXO IV

Exemplo de coleta de contramoldes de rastros e pegadas de Puma concolor em solo arenoso (Fotos: Kauê Cachuba de Abreu / Tiago G. Boscarato – Ilha do Bandeirantes – 1997).

Anexo V

Paisagem de região conhecida como Canal morto Jacaré, Canal Leste (Foto: Kauê Cachuba de Abreu – 1997). ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Anexo VI

Paisagem com vista sul da Lagoa Jacaré, na porção norte da Ilha dos Bandeirantes, localidade da estação 01TAF, das amostragens com armadilhamento fotográfico (Foto: Kauê Cachuba de Abreu – 1997).

Anexo ...

Paisag em da região do Rio Amambaí/municípios de Itaquirai e Navirai/MS, localidade conhecida localmente como Baixil do campinho (Foto: Kauê Cachuba de Abreu – 1997).

ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Anexo VII

Crânio de eqüino abatido por Puma concolor , apresentando muitas leões causadas por diferentes mordidas (Foto: AbreuKC 2001).

Anexo VIII

Crânio de eqüino abatido por Puma concolor, apresentando diferentes lesões em diferentes partes (Foto: AbreuKC 2001). ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

Anexo IX

Crânio de eqüino abatido por Panthera onca , apresentando poucas lesões oriundas do ataque (Foto: AbreuKC 2002).

Anexo X

Crânio de eqüino abatido por Panthera onca, apresentando lesão no parietal superior, arco zigomático fraturado e caixa craniana fragmentada na parte inferior (Foto: AbreuKC 2002). ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

INFLUÊNCIA DE GRANDES FELINOS EM COMUNIDADES ADJACENTES AO PARQUE NACIONAL DE ILHA GRANDE – RIO PARANÁ – PARANÁ – BRASIL. KAUÊ CACHUBA DE ABREU, PUC-PR ([email protected]); ORIENTADOR; MAURO DE MOURA BRITTO, DIBAP-IAP (DEPARTAMENTO DE BIODIVERSIDADE DO INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ) ([email protected]). NOVEMBRO DE 2001.

No Parque Nacional de Ilha Grande (PNIG) e adjacências são realizados esforços para buscar informações referentes a existência e atividades de grandes felinos, utilizando técnicas de observação de indícios diretos e indiretos, juntamente com as atividades de acompanhamento dos rebanhos regionais, visando a obtenção de dados sobre o provável impacto de predação causado pelos felinos. Tendo em vista a vulnerabilidade e importância deste remanescente florestal e a carência de estudos referentes a comunidades animais, serão realizados esforços para o conhecimento da biologia e ecologia das espécies Panthera onca (onça pintada), Puma concolor (onça parda ou suçuarana) e Leopardus pardalis (jaguatirica). Estes dados virão a subsidiar estratégias e planos de conservação regional, e auxiliarão no desenvolvimento de medidas preventivas e educativas, visando o desenvolvimento de trabalhos que venham à contribuir para com a conservação das espécies e habitats, subsidiando assim o desenvolvimento de atividades de menor impacto, funcionando como grande ferramenta de apoio aos ideais conservacionistas. Em fases de campo realizadas em 2001 e 2002 aponta-se uma alta pressão de atividades cinegéticas, nas comunidades de mamíferos do PNIG, entende-se um decréscimo na disponibilidade de espécies–presa para os felinos, tendo uma forte influência na problemática da predação nos rebanhos domésticos. Através das visitas e informações obtidas nas propriedades, orientaram-se as coletas de dados e constatações das propriedades com problemas referentes a predação nos rebanhos domésticos. Total de propriedades visitadas = 100; Total de propriedades com vestígios das espécies = 60 (P. onca = 18; P. concolor = 53; L. pardalis = 10); Total de propriedades com problemas de predação = 11; Total de perdas por predação no período de estudo = 83; Total de perdas por outros fatores no período de estudo = 64. Buscou-se obter em todas as informações, a comprovação e fidelidade das mesmas. Comparando os dados coletados nas entrevistas, com os realizados por Palmeira (2001) no vale do Rio Ribeira, Iporanga - SP (Serra do Mar), que segundo as entrevistas (total de famílias = 28)apontam que 53.58% das famílias sugeriram a exterminação das onças. Tendo nas APA’s do PNIG (total de famílias = 97), 21.42% das famílias contra os felinos, sendo 75.56% como famílias que nunca tiveram problemas com estes felinos em ~25 anos de propriedade. Estes números apontam não uma inexistência de onças na região, mas possivelmente reflexos de uma colonização recente e supressão dos recursos naturais rápida e desordenada. Segundo Silveira (1999), fica difícil obter dados concretos nos índices de predação de grandes felinos em rebanhos domésticos, principalmente, devido ao fato de que a maioria das fazendas não mantém um numero homogêneo durante todo um ano. Sendo o número de baixas por predação (n= 83) superior ao causados por outros motivos (n= 64). Este fato deve-se a problemáticas envolvendo animais problemas nas propriedades. Sendo a Fazenda Santo Antônio (lindeira a APA de Vila Alta no Estado do Paraná), apresentando baixas por animal-problema, sendo um espécime da espécie Puma concolor. Citação: Abreu&Britto. 2001. Evento Perspectivas para a conservação do Rio Paraná. CESP – Primavera/SP. ABREU, K. C.. 2002. Influências de felinos em comunidades humanas adjacentes ao Parque Nacional de Ilha Grande - Rio Paraná – Paraná – Brasil. Monografia de Conclusão em Ciências Biológica – PUC/PR.

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