ACESSIBILIDADE PARA USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO COM DEFICIÊNCIA: um Estudo de Artigos Científicos na Ciência da Informação (2008-2013)

July 13, 2017 | Autor: Suélen Andrade | Categoria: CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, Biblioteconomia, Tecnologias Assistivas
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Descrição do Produto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO – FAED CURSO DE BIBLIOTECONOMIA – HAB. EM GESTÃO DA INFORMAÇÃO

SUÉLEN ANDRADE

ACESSIBILIDADE PARA USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO COM DEFICIÊNCIA: um Estudo de Artigos Científicos na Ciência da Informação (2008-2013)

FLORIANÓPOLIS, SC 2014

SUÉLEN ANDRADE

ACESSIBILIDADE PARA USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO COM DEFICIÊNCIA: um Estudo de Artigos Científicos na Ciência da Informação (2008-2013)

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Humanas e da Educação, da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elaine Rosangela de Oliveira Lucas Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Maria de Jesus Nascimento

FLORIANÓPOLIS, SC 2014

FICHA CATALOGRÁFICA A553u Andrade, Suélen, 1990Acessibilidade para usuários da informação com deficiência: um estudo de artigos científicos na Ciência da Informação (2008-2013) / Suélen Andrade; Orientadora: Elaine Rosangela de Oliveira Lucas; Coorientadora: Maria de Jesus Nascimento. – Florianópolis, 2014 66 f. : il. ; 30cm. Inclui referências bibliográficas. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Humanas e da Educação, Departamento de Biblioteconomia e Gestão da Informação, Florianópolis, 2014. 1. Biblioteca acessível. 2. Usuários da informação com deficiência. 3. Acessibilidade. 4. Tecnologias assistivas. I. Lucas, Elaine Rosangela de Oliveira (orientadora). II. Nascimento, Maria de Jesus (coorientadora). III. Universidade do Estado de Santa Catarina. Curso de Biblioteconomia – Habilitação em Gestão da Informação. IV. Título.

CDD: 020

SUÉLEN ANDRADE

ACESSIBILIDADE PARA USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO COM DEFICIÊNCIA: um Estudo de Artigos Científicos na Ciência da Informação (2008-2013)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Biblioteconomia – Habilitação em Gestão da Informação, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia.

Banca Examinadora

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elaine Rosangela de Oliveira Lucas Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Maria de Jesus Nascimento Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Avaliadora: Prof.ª Dr.ª Elisa Cristina Delfini Correa Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Florianópolis, SC 27/11/2014

A todas as pessoas que confiaram na minha capacidade e que sempre estavam comigo nas horas difíceis, me dizendo para não desistir. Dedico também a todas as pessoas com deficiência que superam obstáculos diariamente para terem uma vida normal.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por estar sempre comigo, mesmo nos momentos que pensei que não ia conseguir. Ele estava sempre me cuidando e demonstrando que me amava. Obrigada, Papai do Céu! À minha família, que sempre em meio às dificuldades, me davam forças para continuar. Especialmente aos meus pais que sempre batalharam desde quando eu era pequena, a fim de que eu pudesse ter uma vida comum, igual a todos. Aos professores do curso de Biblioteconomia da UDESC, por todo o conhecimento passado a nós, e pelo apoio sempre dado aos alunos. Especialmente a minha orientadora, Prof.ª Lani Lucas, e minha coorientadora Prof.ª Maria de Jesus Nascimento por me apoiarem e confiarem em minha capacidade de realizar um trabalho bem feito. Enfim, quero agradecer a todos que fazem ou fizeram parte de minha vida: meus amigos da Igreja Fonte de Vida; meu Pastor; meus líderes; as meninas que trabalharam comigo durante meu estágio na Biblioteca da ALESC; e também aos meus colegas de sala, desde aqueles que não estão mais até os presentes. Foi bom saber que em meio as limitações, consegui superar mais um desafio com muita força e fé, e estar a um passo de realizar o sonho de me formar e possuir uma profissão tão especial onde é possível mostrar a importância da informação na vida de uma pessoa. Obrigada a todos! Amo muito vocês!

“Dêem graças ao Senhor, porque Ele é bom. O Seu amor dura para sempre!” Salmos 136:1

RESUMO

ANDRADE, Suélen. Acessibilidade para usuários da informação com deficiência: um estudo de artigos científicos na Ciência da Informação (2008-2013). 2014. 66 f. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Humanas e da Educação, Curso de Biblioteconomia, Florianópolis, 2014.

Este trabalho visa a conhecer a produção científica sobre usuários da informação com deficiência e a acessibilidade. O objetivo geral da pesquisa é analisar a produção científica que aborda o tema usuário da informação com deficiência e a acessibilidade nas revistas brasileiras de Biblioteconomia e Ciência da Informação, no período de 2008 a 2013. A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória, com abordagem quali-quantitativa. Analisa 25 artigos de 13 revistas de Biblioteconomia e Ciência da Informação que apresentam relação com usuários da informação com deficiência, a partir das seguintes variáveis: número de publicações por revista; ano das publicações; categorias das publicações; autores mais produtivos; tipo de autoria; vínculo institucional dos autores; métodos de pesquisa adotados nos artigos; tipos de usuários com deficiência abordados nas publicações; tipos de acessibilidades; tecnologias assistivas; palavras-chave; e resumos dos artigos. Os resultados mostram que a Revista ACB e o ano de 2008 obtiveram o maior número de publicações apresentadas sobre o tema. Na categoria de publicações prevalece o artigo, sendo a pesquisa bibliográfica, a metodologia mais utilizada. A autoria múltipla prevalece nos artigos analisados, assim como os autores provém de instituições do sul e sudeste. O autor mais produtivo é bibliotecário e mestre em Ciência da Informação. A deficiência visual e acessibilidade a informação foram as categorias que mais houve estudos. As tecnologias assistivas citadas pelos autores foram, de uma maneira geral, contempladas para todos os tipos de deficiências, havendo maior índice para deficiências visuais. As palavras-chave e os resumos também foram analisados conforme aparecem nos artigos. As palavras-chave com maior incidência, bem como as palavras usadas no texto dos Resumos foram utilizadas para elaborar nuvens de palavras. Conclui-se que a área precisa de atualização e ser consciente da falta de material sobre o tema e que esse grupo de usuários precisa de bibliotecas acessíveis para satisfazerem suas necessidades de informação.

Palavras-chave: Biblioteca acessível. Usuários da informação com deficiência. Acessibilidade. Tecnologias assistivas.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1 – Publicações selecionadas por revista .................................................... 36 Gráfico 2 – Autores mais produtivos ........................................................................ 40 Gráfico 3 – Métodos de pesquisa utilizados nos artigos ........................................... 43 Gráfico 4 – Tipos de deficiência estudados nos artigos ............................................ 45 Gráfico 5 – Tipos de acessibilidade .......................................................................... 46 Quadro 1 – Revistas analisadas e títulos normalizados ........................................... 31 Quadro 2 – Tecnologias assistivas........................................................................... 51 Figura 1 – Nuvem de termos das Palavras-chave .................................................... 54 Figura 2 – Nuvem de termos dos Resumos ............................................................. 55

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Publicações selecionadas por revista ..................................................... 34 Tabela 2 – Publicações das revistas por ano ........................................................... 36 Tabela 3 – Categorias das publicações.................................................................... 37 Tabela 4 – Autores mais produtivos ......................................................................... 39 Tabela 5 – Tipos de autoria ...................................................................................... 40 Tabela 6 – Vínculo institucional dos autores ............................................................ 41 Tabela 7 – Métodos de pesquisa utilizados nos artigos ........................................... 42 Tabela 8 – Tipos de deficiência estudados nos artigos ............................................ 44 Tabela 9 – Tipos de acessibilidade .......................................................................... 46 Tabela 10 – Categorias de Palavras-chave.............................................................. 52

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ACB – Associação Catarinense de Bibliotecários ACIC – Associação Catarinense para Integração do Cego APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais ATACP – Programa de Certificação em Aplicações da Tecnologia Assistiva AVAs – Ambientes Virtuais de Aprendizagens CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações DVD – Digital Versatile Disc e-MAG – Modelo de Acessibilidade do Governo Eletrônico FURG – Universidade Federal do Rio Grande IBC – Instituto Benjamin Constant IDP – Instituto Brasiliense de Direito Público ISO – International Organization for Standardization LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais NBR – Norma Brasileira ONU – Organização das Nações Unidas PDV – Pessoas com Deficiência Visual PETROBRAS – Petróleo Brasileiro PUC-Campinas – Pontifícia Universidade Católica de Campinas RBBD – Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação RDBCI – Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação SC – Santa Catarina SENABRAILLE – Seminário Nacional de Bibliotecas Braille SENAC-SP – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de São Paulo SIBI-SC – Sistema Integrado de Bibliotecas do Município de São Carlos TA – Tecnologia Assistiva TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação UCAM – Universidade Cândido Mendes UFBA – Universidade Federal da Bahia UFC – Universidade Federal do Ceará

UFES – Universidade Federal do Espírito Santo UFF – Universidade Federal Fluminense UFG – Universidade Federal de Goiás UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais UFPB – Universidade Federal da Paraíba UFPE – Universidade Federal de Pernambuco UFPR – Universidade Federal do Paraná UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina UI – Unidade de Informação UNESP – Universidade Estadual Paulista UNICAMP – Universidade de Campinas UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina UNIVENETO – Faculdade de Educação Regional Serrana W3C – World Wide Web Consortium

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .............................................................................. 15 1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 15 1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 15 1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 15 1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 16 2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 18 2.1 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO E NECESSIDADES DE INFORMAÇÃO ........... 18 2.2 MAPEAMENTO TEMÁTICO DE TRABALHOS: ESTUDOS JÁ REALIZADOS ... 19 2.3 DEFICIÊNCIAS E AS LEGISLAÇÕES ............................................................... 21 2.4 ACESSIBILIDADE EM BIBLIOTECAS ............................................................... 25 2.5 ACESSIBILIDADE ÀS INFORMAÇÕES NA WEB .............................................. 27 3 METODOLOGIA ................................................................................................... 31 4 RESULTADOS ..................................................................................................... 34 4.1 NÚMERO DE PUBLICAÇÕES ........................................................................... 34 4.2 AUTORIA DOS ARTIGOS ................................................................................. 38 4.3 METODOLOGIAS NAS PUBLICAÇÕES ............................................................ 42 4.4 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO – TIPOS DE DEFICIÊNCIA ESTUDADOS ....... 44 4.5 TIPOS DE ACESSIBILIDADE ............................................................................ 45 4.6 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS............................................................................ 47 4.7 PALAVRAS-CHAVE E RESUMOS..................................................................... 52 4.7.1 Termos das Palavras-Chave......................................................................... 53 4.7.2 Termos dos Resumos ................................................................................... 54 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 56 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 59 APÊNDICE A – Corpus da pesquisa – Referências dos artigos analisados ...... 63

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1 INTRODUÇÃO As unidades de informação são espaços de convívio público em que se encontram diferentes tipos de usuários, com diferentes tipos de necessidades, mas que tem um objetivo em comum: que é a busca de informações para satisfazer suas necessidades pessoais e/ou profissionais, inclusive para solucionar um problema. O usuário é fator que mais merece atenção na Unidade de Informação (UI), pois é a razão de ser do sistema, por este motivo, é importante que se realizem estudos, a fim de traçar esse perfil e de identificar necessidades e comportamentos pela busca de informação, tanto por grupos quanto por indivíduos, para que se possa melhor adequar a coleção e a prestação de serviço da UI, a fim de satisfazer as reais necessidades de informação de seus usuários. Ramalho (2012) afirma que usuário da informação pode ser uma pessoa, um grupo ou uma entidade e, ainda, que pode ser classificado como: usuário real; potencial; interno; externo, entre outros. Dependendo de cada tipo de usuário haverá formas diversas de estudá-lo, de chamá-lo para usufruir dos recursos informacionais. Também suas necessidades de informação são diversificadas, de acordo com as características e atividades que desempenham, dentre outras razões. Dentro do grupo de usuários da informação, existem alguns que necessitam não somente de informação, mas também, de um atendimento mais específico, devido as suas limitações motoras, visuais ou auditivas. Esses usuários nem sempre possuem ambientes e instrumentos que os auxiliam, devido aos espaços não possuírem infraestrutura adequada, recursos financeiros etc., e com isso, passam a não poderem ou gostarem de frequentar bibliotecas e outras unidades de informação. Dessa forma, passam a ficar excluídas do acesso a informação, mas deveria ser o contrário, pois bibliotecas deveriam ser espaços de inclusão e não de exclusão. A sociedade atualmente está em crescente mudança, e com isso é necessário que se deva fazer inclusão de qualquer tipo de pessoa, que esteja excluída por diferentes motivos tais como: cor; raça; classe econômica; crenças; e principalmente, pessoas com algum tipo de limitação, seja ela física, visual ou auditiva. De acordo com o Censo Demográfico de 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012), aproximadamente 45 milhões de pessoas

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possuem algum tipo de deficiência. Isto quer dizer que um bom percentual da população brasileira não está participando e convivendo, como deveriam, na sociedade na qual fazem parte, pois muitos são os problemas enfrentados por essas pessoas que as impedem de terem autonomia e liberdade de ir e vir. A inclusão das pessoas com necessidades especiais tem seu amparo em legislações específicas que garantem seus direitos, como “acesso à educação, atenção à saúde, inclusão social, e acessibilidade” (BRASIL, 2011). Assim sendo, é responsabilidade dos governantes estaduais, federais e municipais garantirem o acesso dessas pessoas, seja em instituições públicas ou privadas, para que assim outras pessoas passem a conviver com as diferenças e entendam as condições e necessidades específicas de cada um, pois cada indivíduo é diferente. Assim também ocorre com os diferentes tipos de deficiência, em que cada um possui limitações diferentes e, por isso, precisam de algum tipo de auxílio e acessibilidade, em concordância com suas necessidades. Nos últimos anos, a literatura vem registrando estudos sobre usuários com deficiência, devido talvez, a percepção dos profissionais da informação sobre este público que merece atenção, para que sejam feitas ações que mudem as situações de exclusão. Seguramente os estudos publicados, realizados em bibliotecas e que relatam experiências, dão uma maior força para que outros pesquisadores possam seguir o exemplo e aumentar o número de bibliotecas acessíveis a todos. Desta maneira, o presente estudo está organizado em cinco capítulos: 1) Introdução, onde se fez uma contextualização acerca do tema, como também foram apresentados o problema de pesquisa, os objetivos e a justificativa; 2) Revisão de literatura, abordando, questões acerca dos usuários da informação e as necessidades de informação, bem como o mapeamento de estudos já realizados sobre as deficiências, as legislações e a acessibilidade na biblioteca e na web; 3) Metodologia, descrevendo o tipo de pesquisa e os instrumentos de coletas de dados; 4) Resultados, descrição das análises dos dados, as quais estão organizadas em tabelas, gráficos e quadros que, por sua vez, foram separadas em seis categorias; e 5) Considerações finais, acerca das conclusões obtidas no estudo e apresentando argumento para possível estudo futuro.

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1.1 PROBLEMA DE PESQUISA Considerando a importância que a literatura pode exercer na atuação profissional e conscientização do bibliotecário quanto à acessibilidade, sente-se a necessidade de se identificar e estruturar a produção relevante sobre o tema em questão. Portanto, este estudo pretendeu verificar a produção de artigos de periódicos da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, sobre usuários da informação com deficiência e a acessibilidade, entre os anos de 2008 a 2013, a fim de averiguar o que os autores pensam sobre este tema e como tratam-no em suas pesquisas.

1.2 OBJETIVOS O objetivo geral e os específicos são descritos a seguir. 1.2.1 Objetivo geral O objetivo geral desta pesquisa é analisar a produção científica que aborda o tema usuário da informação com deficiência e a acessibilidade nas revistas brasileiras de Biblioteconomia e Ciência da Informação, no período de 2008 a 2013. 1.2.2 Objetivos específicos Os objetivos específicos são:  levantar os artigos nas principais revistas da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação que abordem o tema sobre usuários da informação com deficiência e a acessibilidade;  constatar qual a revista que mais publica este tema;  apresentar as publicações por ano das revistas;  identificar as categorias de publicações;  determinar autores mais produtivos sobre o tema;  quantificar a literatura periódica em termos de autor principal e autoria múltipla;  identificar o vínculo institucional dos autores das publicações;  descrever os métodos de pesquisa adotados nos artigos;

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 averiguar os tipos de usuários com deficiência abordados nas publicações;  analisar os tipos de acessibilidades estudados pelos autores dos trabalhos;  constatar nos artigos, as tecnologias assistivas existentes que auxiliam e facilitam a acessibilidade; e  analisar os termos das palavras-chaves e dos resumos mais citados dos artigos.

1.3 JUSTIFICATIVA Esta pesquisa justifica-se pela curiosidade pessoal da acadêmica que tem uma deficiência física e de estar ao par das situações e dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência. Grande parte das organizações, sejam públicas ou privadas, não garantem total acesso aos serviços que prestam as pessoas com deficiência, por não terem a acessibilidade devidamente normalizada. Em visitas a algumas bibliotecas e buscando fazer uso do material, tanto no meio físico quanto no digital, percebe-se que os usuários que possuem alguma limitação passam por grandes dificuldades para terem acesso às informações. Portanto, surgiu a curiosidade de conhecer que tipos de estudos estão sendo realizados pelos profissionais que atendem esses usuários, as experiências vividas, enfim, conhecer as reais condições de acesso que são dadas aos usuários com deficiência. Este estudo trará contribuições para a área, no sentido de que dará maior visibilidade aos estudos sobre a temática e, dessa forma, ajudará aos profissionais que lidam com situações dessa natureza, particularmente os bibliotecários, carentes de conhecimento e preparo de como lidar com tais situações, pois não dispõem de um trabalho estruturado, com todos os estudos realizados sobre o tema. Dessa forma, conhecendo melhor o que a literatura relata sobre os recursos informacionais e tecnologias mais adequados aos deficientes, os bibliotecários terão maior consciência da situação e poderão atender melhor essa categoria de usuários. As revistas de Biblioteconomia e Ciência da Informação registram trabalhos que analisam e estruturam os trabalhos que tratam do usuário da informação como, por exemplo, o mapeamento feito por Araújo (2009), os estudos que estruturam os artigos sobre necessidade de informação de Hyodo (2009) e Ramalho (2012), e a análise dos planos de ensino das disciplinas de Usuários da Informação, de

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Nascimento (2010). No entanto, não se constata a existência de estudos que estruturem a produção científica que aborda, especificamente, o tema sobre usuários com deficiência e a questão da acessibilidade, o que justifica a importância e o caráter inovador desse projeto de pesquisa, tanto para a literatura da área quanto para os bibliotecários que lidam com essa categoria de usuários. Acredita-se que o resultado desse estudo poderá ser utilizado como referência nos planos de ensino das disciplinas de Usuários da Informação nos cursos de Biblioteconomia e, também, pretende-se incentivar os conteúdos dessa temática em outras disciplinas, para capacitar os futuros bibliotecários a atenderem com qualidade esse tipo de público, destacando, principalmente, as questões sobre a acessibilidade.

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2 REVISÃO DE LITERATURA A revisão de literatura aborda as temáticas: usuários da informação e necessidades informacionais; descreve conceitos e tipos de usuários; apresenta mapeamentos de estudos que tratam da temática usuários da informação; assim como, aborda a questão sobre usuários com necessidades especiais, as deficiências e as legislações, acessibilidade nas Unidades de Informação e na web e a inclusão digital. 2.1 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO E NECESSIDADES DE INFORMAÇÃO As Unidades de Informação têm como objetivo principal fornecer recursos informacionais para suprir as carências daqueles que a necessitam. Dessa forma, cumpre seu papel não só de registrar e armazenar informações e documentos, mas, acima de tudo, transmitir o conhecimento e a informação aos seus usuários. Portanto, usuário da informação se define como “pessoa que faz um aproveitamento intensivo, ativo e assíduo, não apenas do serviço de leitura, mas também de outros serviços proporcionados pela biblioteca” (BUONACORE, 1976 apud NASCIMENTO, 2011, p. 45). Para Sanz Casado (1994, p. 19 apud NASCIMENTO, 2011, p. 45), “Usuário da Informação é aquele indivíduo que necessita de informação para desenvolver suas atividades”. Os usuários podem ser classificados de acordo com seu perfil, atividades que atuam, conforme suas necessidades, idade, sexo, entre outros (CHOWDHURY, 2010 apud MALHEIROS, 2013). Esta autora ainda utiliza outros critérios, como o tipo de biblioteca que utilizam, por exemplo, nas bibliotecas públicas poderá ser classificado como “público em geral, adultos, crianças, estudantes, donas de casa, alfabetizados, recémalfabetizados e pessoas não alfabetizadas, profissionais, agricultores, artesãos, planejadores e decisores etc.” (CHOWDHURY, 2010 apud MALHEIROS, 2013, p. 53). Os usuários têm necessidades de informação, mas nem sempre estas são bem claras para eles. Esse é um processo cognitivo que nem sempre o usuário tem consciência

e,

portanto,

WESCHENFELDE, 2002).

não

é

capaz

de

expressá-la.

(NASCIMENTO;

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Assim, necessidade de informação é entendida, de acordo com Nascimento e Weschenfelde (2002, p. 2), como “a carência de informação que o indivíduo deve suprir para realizar uma pesquisa, para sua educação e atualização pessoal, ou para uma tomada de decisão em seu desempenho profissional.” Como o foco desse estudo são os usuários com deficiências, é necessário, portanto, procurar verificar as necessidades informacionais destes. Malheiros (2009, p. 44), em um trabalho sobre as necessidades de informação das pessoas com deficiência visual, afirma que [...] em relação as Pessoas com Deficiência Visual (PDV), [...], suas necessidades de informação seguem o padrão de necessidade dos demais usuários, o que diferencia é o suporte físico onde é depositada a informação e um atendimento especial em relação ao acesso a essas informações. A diferença está na busca (falta de acessibilidade) e no acesso.

Desta maneira, torna-se necessário que os profissionais tenham a prática de fazer estudos de usuários, a fim de conhecer “quem é esse usuário e quais são as suas necessidades de informação, comportamento de busca e uso das informações, e é por meio dos ‘estudos de usuários’ que se consegue chegar a esse conhecimento.” (MALHEIROS, 2013, p. 53-54). Esses estudos contribuem para a Gestão de Estoques Informacionais, a fim de adquirirem um acervo que circule pelos usuários e que sejam materiais de que realmente necessitem.

2.2 MAPEAMENTO TEMÁTICO DE TRABALHOS: ESTUDOS JÁ REALIZADOS As pesquisas científicas contribuem para o avanço e reconhecimento de determinadas áreas, pois estas através dos estudos de um determinado objeto em questão, passam a transmitir novos conhecimentos. Assim, variadas pesquisas científicas sobre determinada temática geram uma produção científica. Portanto, o que se entende por produção científica, de acordo com Lourenço (1997, p. 25 apud RAMALHO, 2012, p. 103), é “toda produção documental, independente do suporte desta [...] sobre um determinado assunto de interesse de uma comunidade científica específica, que contribua para o desenvolvimento da ciência e para a abertura de novos horizontes”. Alguns estudos fazem mapeamento e análise de outros trabalhos sobre determinada temática, com o objetivo de conhecer um pouco mais da literatura

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sobre o tema. Há estudos que mapeiam os trabalhos relacionados ao tema usuários da informação, como: mapeamento dos estudos de usuários de Araújo (2009); os estudos de necessidade de informação de Hyodo (2009) e Ramalho (2012); e a análise dos planos de ensino das disciplinas de usuários da informação de Nascimento (2010). Araújo (2009) mapeou os estudos de usuários da informação de sete periódicos, entre os anos de 1998 e 2007. Dos 190 artigos identificados, foram analisados 114, por se tratarem de pesquisas realizadas com usuários da informação. Estes artigos foram analisados nas seguintes categorias: tipos de usuários estudados; tipos de fontes, sistemas ou serviços de informação estudada; técnica de coleta de dados utilizada; procedência institucional dos autores; e autores citados (referências bibliográficas). Os resultados mostraram que: os tipos de usuários mais estudados foram os acadêmicos; a maioria dos artigos contempla seus estudos com usuários em diversos tipos de fontes de informação; a técnica de coleta de dados mais utilizada foi o questionário; grande parte dos autores procede da instituição UFMG; e entre os pesquisadores mais citados identificaram-se pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Hyodo (2009)

realizou uma análise dos artigos sobre a temática

‘necessidades de informação’, na revista Ciência da Informação, num período de dez anos, 1997-2007. Foram analisados quatro artigos, de um total de nove, através da análise de citação. Essa autora procurou identificar, especificamente, pesquisas aplicadas a bibliotecas e serviços de informação. As citações foram classificadas em: tipologia documental; temporalidade; idioma; origem geográfica; e autoria. O estudo de Hyodo mostrou que os documentos citados foram publicados entre os intervalos de 3 a 5 anos e de 6 a 10 anos antes da pesquisa. O tipo de documento mais citado foi o artigo de periódico, procedente do Brasil, predominando o idioma português, e os autores foram citados em mais de um trabalho. Ramalho (2012) mapeia e analisa a temática ‘necessidades de informação’ no periódico cientifico Informação & Sociedade: Estudos, entre o período de 2002 a 2011, e adotou a abordagem quali-quantitativa para o desenvolvimento da pesquisa. Para realizar o estudo, Ramalho estabeleceu quatro categorias para análise: tipologia da produção científica; idioma da produção científica; origem geográfica e institucional da produção; e autores e coautores da produção. Os estudos analisados focam os ‘estudos de usuários’, e caracterizam-se como relatos de

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pesquisas,

predominantemente

em

idioma

português,

cujas

autorias,

em

colaboração, procedem de universidades públicas. Nascimento (2010) fez um estudo de análise da estrutura dos planos de ensino de ‘usuários da informação’ nos cursos de biblioteconomia de quarenta universidades brasileiras, entre 2005 e 2009. Utilizou a análise de referência como procedimento metodológico. Foram analisados 37 planos de ensino como um todo, desde as formas de apresentação até as referências utilizadas. Os resultados mostraram que os planos divergem quanto aos títulos das disciplinas, carga horária, fases dos cursos, ementas e conteúdos programáticos. Grande parte das referências dos planos são artigos de periódicos em língua portuguesa. Quanto à temporalidade dos documentos das referências, estas possuem vida média de 13 anos. Entre os autores citados são poucos os que são professores das disciplinas e há muitos casos que não utilizam autocitações em seus planos. Por meio desses autores, podemos verificar a grande importância dada aos estudos que abordam o tema usuários da informação. No entanto, não se constata na literatura, estudos que estruturam a produção sobre usuários da informação com deficiência, o que, de fato, também é uma necessidade de que se conheça mais sobre esse tipo de usuário.

2.3 DEFICIÊNCIAS E AS LEGISLAÇÕES Antigamente, as pessoas que nasciam com algum tipo de deficiência eram excluídas da sociedade, não tinham direito a nada, ficavam ‘escondidas’ pelos pais, em casa, por medo de serem ridicularizadas, eram abandonadas e as matavam por pensarem que elas não podiam fazer parte da sociedade. Mas, ao longo dos anos e com a evolução da sociedade, as pessoas começaram a mudar seus conceitos, por meio da criação de instituições e de legislações que dão apoio e regem os direitos das pessoas com necessidades especiais. No Brasil, segundo Nunes (2010, p. 9 apud ROSA, 2012, p. 23), algumas instituições foram criadas com esse intuito, Em 1854, foi construído o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, hoje conhecido como Instituto Benjamin Constant e, em 1856, o Instituto dos Surdos e mudos, hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos. Em 1954 foi Fundada a associação de pais e amigos dos Excepcionais (APAE), com ensino e serviços gratuitos. Contudo somente na década de 60 e 70 é que

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aparecem outros centros com objetivo de incluir essas pessoas com deficiência. A partir de 80 esta integração social teve um impulso maior quando surge a luta pelos direitos das pessoas com deficiência por meio de organizações como a Coordenadoria Nacional de Integração da pessoa Portadora de Deficiência.

Alguns documentos internacionais que promoveram os direitos dessas pessoas, foram de grande contribuição para que outras fossem criadas nacionalmente, conforme citadas a seguir (PUPO, 2006 apud PAULA; CARVALHO, 2009, p. 66; ROSA, 2012, p. 26-27; SILVA, 2011, p. 18-20): a) Declaração de Direitos Humanos – ONU em 1948; b) Carta para o Terceiro Milênio – Reabilitação Internacional de 09/09/1999; c) Declaração de Madri, de 21/05/2002: parâmetros para a inclusão social, direitos das pessoas com deficiência; d) Declaração de Quito de 11/04/2003: governantes dos países da America Latina defendem uma Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência – ONU; e) Declaração de Salamanca – 1994: descreve princípios, práticas na área de educação para pessoas com necessidades especiais, como o preparo e a especialização dos profissionais da educação; f) Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência de 1975: recomendações a fim de estabelecer igualdade e uma vida melhor à pessoa com deficiência – ONU.

No Brasil, também foram criadas normas e leis que regulamentam ações e direitos sempre em conformidade com as legislações internacionais, garantindo uma maior liberdade e inclusão dessas pessoas na sociedade. A “Constituição Federal de 1988” (PUPO, 2006 apud PAULA; CARVALHO, 2009; ROSA, 2012; SILVA, 2011) foi um grande marco inicial de reconhecimento das pessoas com deficiências no país. Estabeleceu os “direitos a saúde, à educação, ao trabalho, à igualdade, ao transporte, à vida familiar, à assistência de modo geral, ao lazer, à cultura, ao esporte e o direito à eliminação das barreiras arquitetônicas”. (ROSA, 2012, p. 27-28). Essa mesma autora também cita a ‘Emenda Constitucional de 1978’, como um princípio de inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, na época da ditadura. A “Lei nº 10.098 de 2000” (PAULA; CARVALHO, 2009; SILVA, 2011), trata de questões de acessibilidade aos deficientes físicos, “estabelecendo normas gerais e critérios básicos para promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência [...] mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos” (PAULA; CARVALHO, 2009, p. 66). Assim como também a norma

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9050 da ABNT, estabelece recomendações sobre a acessibilidade em instituições públicas e privadas, bem como no espaço da biblioteca. Essas são algumas das principais legislações existentes no país, mas também há outras, com o mesmo intuito, que podem ser citadas como exemplos: “o Parecer nº 17/2001 – Diretrizes nacionais da Educação Especial na Educação Básica” (PAULA; CARVALHO, 2009, p. 66); “a Lei nº 7405/85; a Lei nº 7853/89; o decreto nº 3298 que atualiza a Lei nº 7853/89; a portaria nº 3284/03” (ROSA, 2012, p. 9); entre outros. Como já se sabe, vários são os tipos de definições que se pode ter para deficiência, pois é um termo muito abrangente e complexo e isso pode dar vários tipos de interpretações e nomenclaturas. Uma definição que se pode dar é que a deficiência “é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.” (BRASIL, 1999) Ao longo do tempo, os termos para se referir as pessoas com algum tipo de limitação foram mudando, pois muitos deles sugeriam incapacidades, ou levavam a uma forma de discriminação. Os termos que mais são usados pelos leigos para se referir a essas pessoas são: pessoas portadoras de necessidades especiais; pessoas portadoras de deficiência; deficientes; entre outros. O termo “portador de deficiência” é o que mais é utilizado e o mais incorreto, pois o verbo “portar” dá a entender que a pessoa carrega essa deficiência com ela, ou seja, faz com que pareça que a qualquer momento poderá ‘largá-la’. A Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1988) utiliza essa nomenclatura para se referir as pessoas com deficiências, devido ao contexto histórico, na época em que foi escrita. Mas, as nomenclaturas estão evoluindo de acordo com o surgimento de novas ideias e conceitos da sociedade. Atualmente, utiliza-se o termo ‘pessoas com deficiência’ oficializado pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a qual foi aprovada pela ONU em 2006, assinada pelo Brasil e outros 80 países em 2007 e ratificada pelo Congresso Nacional em 2008 (QUEIROZ, 2009). Assim, pode haver várias definições sobre a deficiência, de acordo com o Decreto nº 3298/99, art. 3º, incisos I a III (BRASIL, 1999):

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I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.

Ainda nesse mesmo decreto, são descritas as cinco categorias de deficiências: deficiência física; deficiência auditiva; deficiência visual; deficiência mental; e deficiência múltipla (BRASIL, 1999): I – deficiência física – alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; II – deficiência auditiva – perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; III – deficiência visual – cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; IV – deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização dos recursos da comunidade; e) saúde e segurança; f) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho; V – deficiência múltipla – associação de duas ou mais deficiências.

Neste trabalho irá ser utilizado o termo ‘pessoas com deficiências’, assim como os seus derivados, como, por exemplo, as pessoas que possuem limitações visuais serão chamadas de pessoas com deficiência visual, pois segundo Sassaki (2002, p. 7),

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Pessoas com deficiência vêm ponderando que elas não portam deficiência; que a deficiência que elas têm não é como coisas que às vezes portamos e às vezes não portamos (por exemplo, um documento de identidade, um guarda-chuva). O termo preferido passou a ser pessoa com deficiência.

A partir do que foi exposto, passa-se ao estudo da acessibilidade em bibliotecas, tema desta pesquisa.

2.4 ACESSIBILIDADE EM BIBLIOTECAS Em uma biblioteca é necessário que haja programas de inclusão das pessoas com deficiência, por meio de acessibilidade que garanta o acesso e o uso dos serviços informacionais presentes na Unidade de Informação. A acessibilidade é um direito que garante autonomia, inclusão e liberdade para as pessoas com deficiência. A Lei nº 10.098 (BRASIL, 2000), estabelece normas e critérios gerais para a promoção da acessibilidade, e define-a como a [...] possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Em um contexto de bibliotecas e usuários com deficiências que fazem uso do acervo e outros produtos e que precisam de instrumentos de auxílio, conforme explicita Souza et al. (2013, p. 8), a acessibilidade é necessária em: [...] locais, produtos, serviços ou informações efetivamente disponíveis ao maior número e variedade de pessoas, independente de suas capacidades físico-motoras e perceptivas, culturais e sociais. Isto requer a eliminação de barreiras arquitetônicas, a disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação.

Vivarta (2003, p. 24-25) participou de uma publicação intitulada “Mídia e Deficiência – da série Diversidade, da Fundação Banco do Brasil”, em que são apresentados seis quesitos que devem ser verificados, para que uma sociedade seja acessível:

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• Acessibilidade arquitetônica: não há barreiras ambientais físicas nas casas, nos edifícios, nos espaços ou equipamentos urbanos e nos meios de transporte individuais ou coletivos. • Acessibilidade comunicacional: não há barreiras na comunicação interpessoal (face-a-face, língua de sinais), escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila, incluindo textos em braile, uso do computador portátil) e virtual (acessibilidade digital). • Acessibilidade metodológica: não há barreiras nos métodos e técnicas de estudo (escolar), de trabalho (profissional), de ação comunitária (social, cultural, artística etc.) e de educação dos filhos (familiar). • Acessibilidade instrumental: não há barreiras nos instrumentos, utensílios e ferramentas de estudo (escolar), de trabalho (profissional) e de lazer ou recreação (comunitária, turística ou esportiva). • Acessibilidade programática: não há barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias) e normas ou regulamentos (institucionais, empresariais etc.). • Acessibilidade atitudinal: não há preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações.

A biblioteca é um ambiente destinado a todos os usuários que necessitem de informação, não somente as pessoas com deficiência, mas é claro que a biblioteca deve se adequar as necessidades específicas de cada tipo de usuário. Muitas pessoas ainda não sabem das variadas fontes de informação que podem encontrar em uma biblioteca e ainda desconhecem as ferramentas tecnológicas para auxiliálos em seu dia a dia, portanto, cabe ao profissional da informação fazer essa intermediação. Uma biblioteca acessível é um espaço que permite a presença e proveito de todos os usuários de uma determinada comunidade, e com isso deve estar preparada para acolher a maior variedade de públicos, com necessidades específicas, e que seja possível a realização de suas atividades, garantindo instalações adequadas às diferentes necessidades e em conformidade com as diferenças físicas, antropométricas e sensoriais da população (PÉREZ FERRÉS, 2006). A acessibilidade nas bibliotecas só é possível se todos que fazem parte, tiverem conhecimento das normas para se ter um lugar acessível, no caso o espaço da biblioteca. As normas NBR 9050 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004) e a NBR 15599 (ABNT, 2008) dão suporte aos profissionais nas questões de acessibilidade física e comunicacional. A norma NBR 9050 (ABNT, 2004) estabelece critérios para acessibilidade em edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos para pessoas com deficiência. Esta norma traz uma relação de padrões que servem como parâmetros a serem seguidos, como alguns listados a seguir, no seguimento de bibliotecas: a)

27

tamanho da área de circulação; b) pisos, incluindo piso tátil de alerta e piso tátil direcional; c) capachos, forrações, carpetes e tapetes; d) rampas; e) distância e altura das estantes de livros; f) terminais de consulta; g) balcões de atendimento; h) mesas de estudo; e i) comunicação e sinalização. Já a norma NBR 15599 (ABNT, 2008), fornece diretrizes para promover a acessibilidade na prestação de serviços, enfrentando as barreiras de comunicações existentes pelas pessoas com dificuldades na comunicação. Para bibliotecas e centros de informática, esta mesma norma diz para disporem de: a) Espaço construído e sinalizado como especificado na ABNT NBR 9050; b) Pessoal capacitado para atendimento de pessoas com deficiência; c) Acervo com versões de obras em meio sonoro e visual, ou serviços para que a versão alternativa seja obtida e utilizada, tais como:  Programa de ampliação de tela;  Sistema de leitura de tela, sintetizador de voz e display Braille;  Thermoform e impressora Braille ou sistema de leitura de tela que tenha interação com linhas Braille;  Scanner, com sistema para reconhecimento ótico de caracteres;  Outros dispositivos facilitadores e adaptados para pessoa com deficiência, como resenhas gravadas em vídeo ou DVD, com a informação cultural e social;  Obras da literatura interpretadas em LIBRAS, Braille ou formato Daisy. (ABNT, 2008, p. 10)

Essas normas trazem recomendações para bibliotecas que fazem o atendimento de usuários com deficiência, o que na realidade deveria estar em todas as bibliotecas dando acesso para todos, mas normalmente não são consultadas e, assim, estes espaços não possuem total acessibilidade. 2.5 ACESSIBILIDADE ÀS INFORMAÇÕES NA WEB Ainda, mesmo no século XXI, onde as tecnologias se tornaram um dos principais avanços nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos, boa parte da população mundial ainda não dispõe de recursos tecnológicos, por estarem excluídas do meio digital. A inclusão digital é uma peça essencial, já que grande parte das informações, atualmente, está contida na Internet. De acordo com Medeiros Neto e Miranda (2009), a inclusão digital tem seu conceito empregado em diversos contextos, tais como: educação; comunicação; ciência da computação; e ciência da informação.

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Esses mesmos autores (2009, p. 111) conceituam inclusão digital em sua forma mais limitada, como o “provimento de recursos físicos, tais como computadores e conexão à Internet para populações excluídas, e acesso à produção de informação.” Medeiros Neto e Miranda (2009), ao fazerem uso do documento da II Oficina de Inclusão Digital do Governo Federal (2003), concluem que “o processo de inclusão digital deve ser entendido como acesso universal ao uso das TIC, e como o usufruto universal dos benefícios trazidos por essas tecnologias.” A instituição de TIC, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento

em

Telecomunicações (CPqD) (2006 apud MEDEIROS NETO; MIRANDA, 2009, p. 111) apresenta um modelo de inclusão, em que são listadas três barreiras a serem superadas pelos ‘excluídos’: “a) disponibilidade de acesso; b) Usabilidade e acessibilidade; e c) Inteligibilidade - decodificação e cognição.” Dentre essas, a que mais se identifica, com relação aos usuários com deficiência, é a acessibilidade. Portanto, acessibilidade não somente se refere à existência de rampas, elevadores, ou seja, a eliminação das barreiras físicas ou arquitetônicas nos espaços, mas também, a existência de meios facilitadores para o acesso de informações, seja em suporte digital ou físico. Nas Unidades de Informação, o que mais se verifica de real importância é a acessibilidade física, pois por ser mais “fácil” e o que é mais exigido em questão de legislação, mas é necessário que também haja políticas de acesso e uso de informações, especialmente aos usuários com deficiência. Sousa (2012, p. 66) diz que Para facilitar o acesso a informações, necessita-se inevitavelmente, da utilização de recursos tecnológicos, seja devido a grande quantidade de informação a ser verificada e disponibilizada, seja devido às novas necessidades a serem atendidas, com destaque para a demanda relacionada à utilização da Internet.

Com o grande aumento das informações disponíveis, muitas formas de acesso são inapropriadas para quem possui limitações, devido ao grande número de barreiras que são encontradas na Internet, pois conforme Sousa (2012, p. 68), “no desenvolvimento dos websites, normalmente os projetistas desenvolvem a interface de acordo com seu entendimento do que é melhor, sem considerar qualquer tipo de padronização, preferências ou limitações dos usuários.”

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Assim, muitos usuários com deficiência deixam de obter informação por não ter uma acessibilidade que lhes garanta esse direito, conforme Constituição Federal de 1988, que diz em seu artigo 5º, inciso XXXIII (BRASIL, 1988), [...] todos têm direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do estado.

Não somente informações de órgãos públicos, mas também informações gerais sobre seus direitos, pois fazem parte do dia a dia de quem possui alguma deficiência; informações para suprir suas necessidades, que atualmente podem ser acessadas na web e que precisam oferecer critérios para que todos os usuários tenham acesso. Assim, é necessário haver uma estrutura de Arquitetura da informação, onde se pode ter o usuário como o centro de estudos, podendo perceber suas reais necessidades, bem como planejar e mapear a organização e a apresentação das informações das páginas da web. Torres, Mazzoni e Alves (2002, p. 85 apud SOUSA, 2012, p. 73) falam que a acessibilidade digital [...] é obtida combinando-se a apresentação da informação de formas múltiplas, seja através de uma simples redundância, seja através de um sistema automático de transcrição de mídias, com o uso de ajudas técnicas (sistemas de leitura de tela, sistemas de reconhecimento da fala, simuladores de teclado etc.) que maximizam as habilidades dos usuários que possuem limitações associadas a deficiências.

Para isso, os componentes que são precisos para o desenvolvimento Web junto com a interação, devem trabalhar juntos para que se possa ter uma Web acessível às pessoas com deficiências (W3C, 2005, tradução nossa). Estes componentes são compostos por: “conteúdo – informações de páginas ou aplicativo da web; navegadores, players de mídia; tecnologias assistivas; experiências e conhecimentos dos usuários; desenvolvedores; ferramentas de autoria e avaliação.” (W3C, 2005, tradução nossa). Tomaél et al (2001) aponta dez itens para avaliar fontes de informações na Internet: informações de identificação; consistência das informações; confiabilidade das informações; adequação da fonte; links; facilidade de uso; layout da fonte; restrições percebidas; suporte ao usuário; outras observações percebidas. Alguns

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desses itens remetem a dar uma maior acessibilidade as pessoas com deficiência, como exemplos estão os itens:  facilidade de uso – quanto a fácil movimentação entre páginas através de links; quantidade de clics (no máximo três) para acessar as informações etc.;  layout da fonte – legibilidade (nitidez, tamanho da letra/imagem); adequação e utilização de diversas mídias (texto, som, imagem) etc.;  outras observações percebidas – recursos que auxiliam as pessoas com deficiência no uso da fonte.

No Brasil, algumas iniciativas foram criadas pelo Governo (SOUSA, 2012), como o Modelo de Acessibilidade do Governo Eletrônico (e-MAG) e a Acessibilidade Brasil, a fim de garantir uma acessibilidade das páginas web mesmo que parcialmente, e pode-se perceber que os “responsáveis desenvolveram esforços no sentido de torná-lo acessível para todos.” (SOUSA, 2012, p. 73).

31

3 METODOLOGIA Este trabalho é uma pesquisa exploratória, na qual foram levantados e analisados os artigos publicados em revistas da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, que abordaram o tema usuários da informação com deficiência e acessibilidade no período de 2008 a 2013. Para Gil (2002, p. 41), a pesquisa exploratória proporciona “maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. [...] tem como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições.” O levantamento dos artigos das revistas científicas foi realizado, tanto pelo esquadrinho do sumário de cada uma das revistas selecionadas quanto pelas palavras-chave quando houve dúvidas. O critério de seleção das revistas foi de acordo com o Programa Qualis de Periódicos da CAPES. Foram selecionadas as revistas com extratos A1, B1 e B2, consideradas referências para a área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Para a verificação dos artigos que realmente tratem a respeito do tema “usuários da informação com deficiência e acessibilidade” foram analisados os títulos, os resumos e as palavras-chave de todos os artigos das revistas selecionadas, dentro do período coberto pela pesquisa. As revistas selecionadas para a realização da coleta dos dados dos artigos estão listadas no Quadro 1, a seguir. Durante a pesquisa percebeu-se a necessidade de padronização e redução dos títulos dos periódicos para melhor descrição de tabelas e gráficos, portanto, foram adotados os títulos conforme abaixo: Quadro 1 – Revistas analisadas e títulos normalizados

Padronizados Ciência da Informação Em Questão Encontros Bibli InCID Informação & Informação Informação & Sociedade Perspectivas em CI Perspectivas em GC PontodeAcesso

TÍTULO DAS REVISTAS Originais Ciência da Informação Em Questão: Comunicação e Informação Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação Informação & Informação Informação & Sociedade: Estudos Perspectivas em Ciência da Informação Perspectivas em Gestão & Conhecimento PontodeAcesso: Revista do Instituto de Ciência da Informação da UFBA

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Revista ACB RBBD RDBCI TransInformação

Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação TransInformação Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

O período proposto desta pesquisa é de cinco anos, considerado suficiente para se ter uma amostra representativa, iniciando em 2008 e seguindo até 2013, pretendeu verificar estudos atuais sobre o tema proposto. O ano de 2014 não foi incluído, pois a coleta para a formação do corpus de análise aconteceu no decorrer deste mesmo ano. A análise de dados foi feita de acordo com a abordagem quali-quantitativa em que se pretendeu quantificar em dados numéricos, o total de artigos e analisar as seguintes variáveis:  número de publicações – nesta etapa foram apresentadas e analisadas informações referentes à revista científica que mais publicou sobre o tema; o número de publicações por ano das revistas; e o número de publicações por categorias, sendo consideradas as seguintes: artigo; relato de pesquisa; relato de experiência; e palestra e comunicação;  autoria dos artigos – apresenta os autores mais produtivos, a tipologia das autorias (autoria única e múltiplas autorias) e o vínculo institucional dos autores estudados;  metodologias das publicações – identifica os métodos utilizados pelos autores nas pesquisas;  usuários com deficiência – identifica quanto aos tipos de usuários com deficiência em cada trabalho, podendo ser físico, visual ou auditivo;  acessibilidade – analisa quais são os tipos de acessibilidades estudadas;  tecnologias assistivas – identifica as tecnologias citadas nos artigos que auxiliam a acessibilidade; e  palavras-chaves e categorias – analisa os termos de palavras-chave e de resumos nos artigos selecionados.

Foi selecionado um total de 27 artigos, sendo que em uma das revistas (InCID) não se encontrou nenhum artigo sobre o tema. A pré-seleção se deu pela análise do título, resumos e palavras-chave. Após análise de conteúdo, por meio de

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leitura de todos os artigos das revistas, constatou-se que 2 artigos não tinham relação com Usuários da Informação com deficiência e a acessibilidade, restando então 25 artigos que compõem o Corpus de análise desta pesquisa.

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4 RESULTADOS A pesquisa analisou um corpus composto por 25 artigos, encontrados entre 13 revistas científicas da área da Ciência da Informação, no período compreendido entre 2008 e 2013, que tratavam do tema ‘usuários da informação com deficiência’. Durante a pré-seleção detectou-se que duas das 13 revistas científicas tinham uma peculiaridade: as Revistas Perspectivas em Gestão & Conhecimento e InCID iniciaram suas publicações posteriormente a data inicialmente proposta para este trabalho, sendo então analisados, a partir de suas datas iniciais de publicações – InCID, a partir de 2010 e Perspectivas em Gestão & Conhecimento, a partir de 2011. Nos tópicos seguintes serão apresentados e analisados os resultados e tabulação dos dados das variáveis consideradas para esta pesquisa, conforme explicitado na metodologia.

4.1 NÚMERO DE PUBLICAÇÕES Nesta categoria foram analisadas 13 revistas científicas da área de Ciência da Informação, com um total de 25 artigos analisados. As informações analisadas foram quanto: a revista que mais publicou; ao ano mais publicado; e as categorias dadas pelas revistas. Na Tabela 1 são apresentadas as ocorrências de artigos em cada uma das revistas. Observa-se que a Revista ACB, com 40%, obteve o maior índice de publicações sobre o tema em questão, sendo, portanto, a Revista que mais publicou. Seguida

pela

Informação & Sociedade

com

12%,

Revista Brasileira

de

Biblioteconomia e Documentação (RBBD) e Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação (RDBCI) com 8%, e as demais oito revistas com 4%. InCID por não apresentar nenhum artigo obteve 0%. Tabela 1 – Publicações selecionadas por revista REVISTAS Revista ACB Informação & Sociedade RBBD RDBCI Ponto de Acesso

OCORRÊNCIAS 10 3 2 2 1

% 40 12 8 8 4

35

Perspectivas em GC Em Questão Informação & Informação Encontros Bibli TransInformação Ciência da Informação Perspectivas em CI InCID

1 1 1 1 1 1 1 0

TOTAL 25 Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

4 4 4 4 4 4 4 0 100

Uma das razões de a Revista ACB receber o maior índice, foi devido à publicação dos trabalhos apresentados em dois eventos, no ano de 2007, que abordaram o tema sobre usuários com deficiência: o XXVI Painel de Biblioteconomia em Santa Catarina (SC) abordou o tema a ‘Acessibilidade à informação: tecnologias e práticas inovadoras’, e o V SENABRAILLE, pela primeira vez em SC, ‘Tecnologias para acessibilidade ao livro e à informação pelos portadores de deficiência visual’. (EDITORIAL ACB, 2008). De acordo com o EDITORIAL ACB (2008, p. 5), O SENABRAILLE nasceu do idealismo de um grupo de bibliotecários com o objetivo de propiciar um espaço para a troca de experiências, para a divulgação de projetos com as melhores práticas, e, principalmente, realizar a análise sobre a questão do acesso à informação pelos portadores de deficiências visuais.

O Painel de Biblioteconomia, por sua vez, é realizado anualmente desde 1982, pela ACB e seus parceiros, almejando os seguintes objetivos: 1. Aprimorar a prática profissional dos bibliotecários catarinenses propiciando educação continuada aos mesmos; 2. Divulgar e compartilhar experiências, resultados de pesquisas e estudos da área de biblioteconomia e ciência da informação realizada em Santa Catarina e em outras regiões do Brasil; 3. Promover debates que contribuam com a sociedade na realização de projetos e reivindicações de ações ao entendimento de nacionalidade, cidadania e responsabilidade e inclusão social. (EDITORIAL ACB, 2008, p. 5)

Assim, como forma de demonstração dos resultados da Tabela 1, será apresentado o Gráfico 1, a seguir.

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Gráfico 1 – Publicações selecionadas por revista

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Considerando o aspecto das publicações das revistas por ano, conforme Tabela 2, observa-se o ano de 2008 como o ano que mais houve publicações, contando com 13 trabalhos publicados, também sendo a Revista ACB a que mais publicou neste mesmo ano, devido aos trabalhos do Painel e do SENABRAILLE publicados. Em segundo, o ano de 2013, com 5 produções, sendo diversificado entre as revistas. Em seguida, os anos de 2012 e 2011, com três publicações cada; 2009 com uma publicação e destacando-se o ano de 2010, que não houve publicação. Tabela 2 – Publicações das revistas por ano TÍTULO DA REVISTA Revista ACB Informação & Sociedade RBBD RDBCI PontodeAcesso

2008 09 01 01 01

2009 -

ANO 2010 2011 01 01 -

2012 01 01 -

2013 01 01 -

37

Perspectivas em GC Em Questão Informação & Informação Encontros Bibli TransInformação Ciência da Informação Perspectivas em Ciência da Informação InCID TOTAL

01 -

01 -

-

13 01 00 Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

01 -

01 -

01 01 01 -

03

03

05

Outra variável analisada, no âmbito do número de publicações, foram as categorias de cada trabalho, e que foram identificadas conforme descritas nas revistas aos quais estavam submetidos esses trabalhos. Durante a coleta de dados averiguou-se em qual categoria a revista os enquadravam, pois as categorias eram diferentes nas variadas revistas. Tabela 3 – Categorias das publicações CATEGORIAS Artigo Relato de pesquisa Relato de experiência Palestra Comunicação

OCORRÊNCIAS 14 4 4 2 1

% 56 16 16 8 4

TOTAL 25 Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

100

Com base na Tabela 3, observa-se que a categoria ‘artigo’ obteve o maior número de ocorrências com 14 trabalhos selecionados. Em seguida, estão ‘relato de pesquisa’ e ‘relato de experiência’ com quatro trabalhos cada um, ‘palestra’ com duas ocorrências e, por último, ‘comunicação’ com uma publicação. De acordo com as Diretrizes para Autores da Revista ACB1 e da Revista Ciência da Informação2, as categorias de publicações são conceituadas da seguinte forma: 

artigos – compreende textos que contenham relatos completos de estudos ou pesquisas concluídas, textos opinativos com respaldo teórico, revisões de

1 2

http://revista.acbsc.org.br/racb/about/submissions#authorGuidelines http://www.scielo.br/revistas/ci/pinstruc.htm

38

literatura que levantem o estágio atual de determinado assunto com importância para divulgação e, fundamentação bibliográfica na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação; 

relatos de experiências – compreendem notas, artigos, comunicações e descrições de atividades realizadas por sistemas, serviços ou Unidades de Informação, cuja divulgação possa contribuir para o melhor conhecimento dos recursos informacionais disponíveis no país e para a solução de problemas técnicos do setor. Compreende relatos de experiências didáticas e trabalhos de bibliotecários professores e estudantes de Biblioteconomia;



relatos de pesquisa – artigo sobre pesquisa bibliográfica, documental ou experimental, concluída ou em andamento;



palestras – texto oriundo de palestras apresentadas em eventos da área; e



comunicações – compreendem relatos breves sobre temas de atualidade, trabalhos de pesquisa ou projetos, em andamento ou recém-concluídos, que sejam relevantes e que mereçam rápida divulgação.

É importante ressaltar que, embora os documentos analisados que compuseram o corpus desta pesquisa não são todos ‘Artigos’ de fato, se normalizou o uso deste termo para identificar qualquer um dos 25 documentos que compuseram o corpus.

4.2 AUTORIA DOS ARTIGOS As informações da categoria ‘autoria’ foram divididas em três partes, a saber: a primeira refere-se aos autores mais produtivos; a segunda abrange o tipo de autoria (única ou múltipla); e a terceira apresenta as instituições de origem dos autores. Constaram 50 autores entre autores principais e coautores identificados nos 25 trabalhos. A produtividade dos autores foi analisada de acordo com a quantidade de vezes que um autor tenha aparecido na autoria de cada um dos artigos analisados, independente da sua posição de autoria (autor ou coautor). Na Tabela 4 a seguir, pode-se verificar a relação de autores mais produtivos.

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Tabela 4 – Autores mais produtivos AUTORES SILVA, Romario Antunes da CARVALHO, José Oscar Fontanini de PUPO, Deise Tallarico RODRIGUES, Rosângela Schwarz

NÚMERO DE ARTIGOS 3 2 2 2

TOTAL 9 Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

% 5 4 4 4 17%

Percebe-se na Tabela 4, que o autor que mais publicou foi SILVA, Romario Antunes da, produzindo três artigos da produção analisada como autor principal. Em segundo lugar ficaram CARVALHO, José Oscar Fontanini de; PUPO, Deise Tallarico e RODRIGUES, Rosângela Schwarz com duas publicações cada um deles. Os outros 46 autores seguem com uma publicação (83% restantes), somando junto aos mais produtivos, um total de 55 autorias envolvidas nos artigos analisados (ver Gráfico 2). Assim, observa-se que as autorias deste tema na revista Ciência da Informação são bastante pulverizadas, pois são poucos autores que publicaram artigos sobre o tema de forma recorrente, mesmo tendo um número considerável e diversificado de autores para os 25 artigos analisados, porém, a maioria escreveu um artigo apenas. SILVA, Romario Antunes da3 é Bibliotecário e Mestre em Ciência da Informação pela UFSC. De acordo com seu Currículo Lattes, possui diversas formações complementares na área de usuários com deficiência e a questão da acessibilidade. Destacam-se que as duas publicações de RODRIGUES, Rosângela Schwarz foram como coautora com SILVA, Romario Antunes da, pois era sua orientadora de mestrado no ano de 2011. Como forma de demonstração dos resultados da Tabela 4, será apresentado o Gráfico 2, a seguir.

3

Currículo Lattes de SILVA, Romario Antunes da: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4551060J6

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Gráfico 2 – Autores mais produtivos

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

A Tabela 5 apresenta as características de autoria nas 25 publicações selecionadas. Observa-se que 76% são de autoria múltipla, ou seja, foram realizados por meio de colaboração, enquanto somente 24% são de autoria única. Em relação às autorias múltiplas predominaram trabalhos de dois ou três autores por publicação com 64%, já os artigos que contaram com a colaboração de quatro ou cinco autores, somaram os 12% restantes do total de publicações analisadas. Tabela 5 – Tipos de autoria TIPOS DE AUTORIA OCORRÊNCIAS

%

Autoria única

6

24

2 autores

12

48

3 autores

4

16

4 autores

2

8

5 autores

1

4

TOTAL 25 Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

100

41

Noronha (2007, p. 180 apud MÜLLER, 2012, p. 26) destaca benefícios para a crescente publicação em parceria: “trabalhar em grupo e disseminar o resultado de uma pesquisa mostra o processo de socialização do conhecimento. Além do próprio conhecimento produzido, essa parceria propicia também uma maior visibilidade extra-muros [sic] da instituição.” A última análise desta categoria de autoria foi no âmbito dos vínculos institucionais dos autores. A identificação das instituições foi a partir do que os autores informaram nos artigos que foram selecionados, ou seja, considerou-se as instituições informadas no ano em que foram publicados os artigos. O percentual foi obtido de cada um dos artigos que informavam instituições diferentes, independente de autores, conforme Tabela 6 a seguir, que somam 24 Instituições. Tabela 6 – Vínculo institucional dos autores VÍNCULO INSTITUCIONAL OCORRÊNCIAS UNICAMP 3 UFSC 3 PUC-Campinas 2 UFES 2 ACIC 1 FURG 1 IBC 1 IDP 1 PETROBRÁS 1 SENAC-SP 1 SIBI-SC 1 UCAM 1 UFBA 1 UFC 1 UFF 1 UFG 1 UFMG 1 UFPB 1 UFPE 1 UFPR 1 UFRN 1 UNESP 1 UNISUL 1 UNIVENETO 1 TOTAL 30 Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

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Foram um total de 24 instituições identificadas em cada um dos 25 artigos. Com base na Tabela 6, a UNICAMP e a UFSC obtiveram três ocorrências nos artigos analisados, portanto, são instituições em que houve maiores índices de publicações. A Pontifícia Universidade Católica de Campinas e a Universidade Federal do Espírito Santo com duas ocorrências cada. As demais vinte instituições obtiveram uma ocorrência cada.

4.3 METODOLOGIAS NAS PUBLICAÇÕES As metodologias utilizadas pelos autores foram identificadas, de acordo com a análise de conteúdo do corpus da pesquisa. Alguns trabalhos apresentavam seus métodos de pesquisas de forma objetiva e, muitas vezes, no próprio resumo, porém, os que não apresentavam essa informação de forma clara, foram analisados na integra para identificá-los. As informações de métodos de pesquisa apresentadas na tabela a seguir, estão conforme descritas pelos autores de cada um dos artigos analisados. Optouse por deixar alguns itens apresentados separadamente, mesmo sendo de mesma tipologia, devido a algumas outras especificações que as complementam. Assim, uma mesma metodologia pode estar apresentada e contada separadamente, conforme Tabela 7, a seguir. Tabela 7 – Métodos de pesquisa utilizados nos artigos MÉTODOS DE PESQUISA Pesquisa bibliográfica Pesquisa empírica Pesquisa exploratório-descritiva/Estudo bibliométrico Estudo de caso/Pesquisa de campo Pesquisa bibliográfica/Pesquisa de campo Estudo de caso/Pesquisa exploratória Pesquisa exploratória/Pesquisa descritiva/Pesquisa quali-quantitativa Estudo de caso/Pesquisa quantitativa Estudo de caso Estudo de usuário TOTAL Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

OCORRÊNCIAS 14 3 1 1 1 1 1 1 1 1 25

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Assim, observou-se que a pesquisa bibliográfica é o método que mais está presente nos artigos, com 14 ocorrências e mais uma apresentada com a pesquisa de campo. A pesquisa empírica foi o segundo método mais utilizado, com três ocorrências, que tratavam de testes de acessibilidade em websites com avaliadores automáticos. Os demais obtiveram uma ocorrência cada. Acredita-se que os autores preferem utilizar a pesquisa bibliográfica, pois é desenvolvida basicamente com material já publicado, como livros, artigos científicos e outros. Em quase todas as pesquisas exige-se trabalhos dessa natureza, mas há pesquisas realizadas somente a partir de fontes bibliográficas. Esse tipo de pesquisa permite ao pesquisador uma ampla cobertura de fenômenos do que poderia pesquisar diretamente (GIL, 2002). Assim, para melhor visualização dos dados da Tabela 7 apresenta-se o Gráfico 3. Gráfico 3 – Métodos de pesquisa utilizados nos artigos

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

A seguir, serão descritos os resultados dos tipos de deficiência estudados.

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4.4 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO – TIPOS DE DEFICIÊNCIA ESTUDADOS Os tipos de deficiências foram identificados de acordo com a análise de conteúdo de cada um dos artigos. As produções concentram-se no estudo das deficiências visuais, 64% dos artigos analisados, em segundo com 20% encontra-se as ‘Deficiências – Forma geral’, especificado por tratar de literatura que abordou as pessoas com deficiências em um contexto geral, sem especificação. Constatou-se em um artigo (4%), há a ocorrência de dois tipos de deficiências, ou seja, trata-se de um trabalho em que foram estudados usuários com deficiência visual e usuários com deficiência auditiva. Os outros dois apresentam a deficiência auditiva (8%) e deficiência física (4%), conforme Tabela 8 a seguir. Tabela 8 – Tipos de deficiência estudados nos artigos TIPOS DE DEFICIÊNCIAS Deficiência visual Deficiências - Forma Geral Deficiência auditiva Deficiência física Deficiência visual e auditiva

OCORRÊNCIAS 16 5 2 1 1

TOTAL 25 Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

% 64 20 8 4 4 100

Por meio das informações dessa tabela, pode-se inferir que grande parte dos estudos centraliza-se nos usuários com deficiência visual, pois são grandes as experiências relatadas pelos profissionais acerca deste tema, que remetem ao fato de se ter um setor específico para esse público, contendo acervo acessível, computadores com softwares específicos, entre outros. Identificou-se, também, na análise desses artigos, a importância dada às pessoas com deficiência em um contexto geral, sendo necessário que as Unidades de Informação tenham acessibilidade para todas as limitações. Como forma de demonstração dos resultados da Tabela 8, será apresentado o Gráfico 4 a seguir.

45

Gráfico 4 – Tipos de deficiência estudados nos artigos

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

A partir dos dados demonstrados sobre os tipos de deficiências, passa-se ao estudo da acessibilidade.

4.5 TIPOS DE ACESSIBILIDADE As informações sobre os tipos de acessibilidade foram identificadas a partir de uma análise de conteúdo. Os termos foram selecionados de acordo com o contexto dos artigos, definidos como: acessibilidade à informação para artigos que tratam de eliminação de barreiras para acesso a informações, especificamente, em suportes físicos. Acessibilidade digital para artigos com eliminação de barreiras na web. E, por último, a acessibilidade arquitetônica para eliminação de barreiras físicas como em residências, prédios públicos etc. Esses termos foram atribuídos conforme referencial teórico, como também de forma a contemplar as questões de acessibilidade no contexto de bibliotecas, e de acesso na web. De acordo com Vivarta (2003, p. 24-25), que elencou seis quesitos para acessibilidade (arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal), foi inserido, durante a análise, especificações quanto aos artigos que tratassem de acessibilidade comunicacional, portanto, foram acrescidos os termos acessibilidade à informação e acessibilidade digital. Ao fim da análise foi

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verificado que todos os 25 artigos tratavam de acessibilidade comunicacional, e então resolveu-se fazer a tabulação de dados somente com as especificações dadas a essa categoria. Tabela 9 – Tipos de acessibilidade TIPOS DE ACESSIBILIDADE OCORRÊNCIAS Acessibilidade à informação 15 Acessibilidade digital 7 Acessibilidade à informação e arquitetônica 3 TOTAL 25 Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

% 60 28 12 100

Observando a Tabela 9 acima constata-se que 60% das produções analisadas trataram sobre acessibilidade à informação, esse mesmo tipo de acessibilidade, estudada junto com acessibilidade arquitetônica totalizaram três artigos. Por sua vez, a acessibilidade digital obteve um percentual de 28%. Nos artigos que em seu conteúdo caracterizou-se como acessibilidade às informações, esses tratavam de acervos acessíveis de bibliotecas, relatando experiências em seus locais de trabalhos, promovendo a inclusão de usuários com deficiência. Como forma de demonstração dos resultados da Tabela 9, será apresentado o Gráfico 5 a seguir. Gráfico 5 – Tipos de acessibilidade

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

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Quanto à acessibilidade digital, os artigos discursavam sobre ter acesso às informações, mas no espaço web, como Ambientes Virtuais de Aprendizagens (AVAs) e sites. Dos sete artigos identificados como tal, três apresentavam o estudo de níveis de acessibilidade por meio de testes de acessibilidades, com avaliadores automáticos, os outros quatro eram estudos para caracterizar comportamentos dos usuários e características para se ter acessibilidade nesses espaços. Outro tipo de acessibilidade que alguns trabalhos abordavam era a arquitetônica. Esperava-se encontrar um maior percentual de artigos, devido a ser este o tipo de acessibilidade que mais é requisitado por lei e por ser mais “fácil” de ser realizada, mas o que se vê é o contrário, devido talvez, ao fato de que haja uma maior concentração de estudos em relação às deficiências visuais, em que não se precisam fazer construções específicas. Para esses tipos de usuários são mais necessárias acessibilidades no acesso a informação.

4.6 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS As tecnologias assistivas são importantes para a vida de uma pessoa com deficiência. Conforme explicita Bersch (2008, apud SILVA, 2011, p. 24), O uso da tecnologia em prol de serviços e recursos que visam contribuir, melhorar ou ampliar as habilidades funcionais de pessoas com deficiência, denomina-se tecnologia assistiva (TA), e tem como objetivo promover vida independente e inclusão social a estas pessoas.

Essas tecnologias assistivas são divididas em classes pela ISO 9999 (2002 apud GALVÃO FILHO, 2009, p. 9-10), as quais estão listadas a seguir:           

Classe 03 - Ajudas para tratamento clínico individual Classe 05 - Ajuda para treino de capacidades Classe 06 - Órteses e próteses Classe 09 - Ajudas para cuidados pessoais e de proteção Classe 12 - Ajudas para mobilidade pessoal Classe 15 - Ajudas para cuidados domésticos Classe 18 - Mobiliário e adaptações para habitação e outros locais Classe 21 - Ajudas para a comunicação, informação e sinalização Classe 24 - Ajudas para o manejo de produtos e mercadorias Classe 27 - Ajudas e equipamentos para melhorar o ambiente, ferramentas e máquinas Classe 30 - Ajudas para a Recreação

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Bersch (2013), em sua publicação intitulada “Introdução à Tecnologia Assistiva”, também faz uma classificação das categorias de TA, com base na ISO 9999 e no Programa de Certificação em Aplicações da Tecnologia Assistiva (ATACP) da California State University Northridge. Essas categorias foram elaboradas de forma mais didática e explicativa, conforme segue:  auxílios para a vida diária e vida prática – materiais e produtos que facilitam em tarefas rotineiras e cuidados pessoais, como se alimentar, cozinhar, vestirse, e executar necessidades pessoais e higiênicas. Exemplos: talheres modificados; roupas acessíveis para facilitar o vestir e despir; barras de apoio; recursos para transferências; etc.;  Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) – recursos para atender pessoas sem fala ou com dificuldades de se comunicarem. Exemplos: pranchas de comunicação com simbologias gráficas (BLISS, PCS etc.); letras ou palavras escritas; vocalizadores de mensagens gravadas (pranchas com produção de voz), entre outros;  recursos de acessibilidade ao computador – dispositivos de entrada e saída para o computador tornar-se acessível a pessoas com deficiências visuais, auditivas, mentais e físicas. Exemplos: teclados modificados; mouses especiais; acionadores; software de reconhecimento de voz; dispositivos apontadores (movimento de cabeça, movimento de olhos, ondas cerebrais); ponteiras para digitação; softwares (leitores de tela; ajustes de cores e tamanhos de informações; leitores de texto impresso); impressoras Braille; linha braile; impressão em relevo etc.;  sistemas de controle de ambiente – controles remotos que auxiliam pessoas com limitações motoras a controlar aparelhos eletroeletrônicos, sistemas de segurança, entre outros, localizados em seu quarto, sala, escritório, casa e arredores;  projetos arquitetônicos para acessibilidade – projetos de acessibilidade por meio de adaptações estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho, por meio de rampas, elevadores, adaptações em banheiros, mobiliário entre outras, que retiram ou reduzem as barreiras físicas e garantam acesso às pessoas com limitações físicas e sensoriais;

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 órteses e próteses – próteses são peças artificiais para substituir partes ausentes do corpo. Órteses são colocadas junto a um segmento do corpo, a fim de garantir um melhor posicionamento, estabilização e/ou função que servem no auxílio de mobilidade, funções manuais, correção postural, entre outros;  adequação postural – recursos que garantam posturas alinhadas, estáveis, confortáveis, e uma boa distribuição do peso corporal. Exemplos: assentos e encostos especiais; estabilizadores ortostáticos; etc.;  auxílios de mobilidade – melhoria na mobilidade pessoal. Exemplos: cadeiras de rodas manuais e motorizadas, bengalas, muletas, entre outros;  auxílios para qualificação da habilidade visual e recursos que ampliam a informação a pessoas com baixa visão ou cegas – auxílios ópticos, lentes, lupas manuais e eletrônicas, softwares de ampliação de tela, material gráfico com texturas e relevos, Braille etc.;  auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo – sistema de legendas, obras digitais em língua de sinais, aparelhos para surdez, equipamentos infravermelho, telefones com teclado-teletipo, entre outros.  mobilidade em veículos – adaptações para possibilitar uma pessoa com deficiência física dirigir um veículo, elevadores e rampas para cadeiras de rodas etc.; e  esporte e lazer – recursos que favorecem a prática de esporte e participação em atividades de lazer. Exemplos: cadeira de rodas para basquete, bola sonora, entre outros.

As informações quanto às tecnologias assistivas dos artigos foram selecionadas conforme as citações destas no decorrer dos textos, em cada um dos artigos. Assim, foram em um primeiro momento, agrupadas em categorias: acervo; equipamentos; materiais; softwares e outras tecnologias. E, assim, para cada categoria foram subdivididas em outras subcategorias e, por fim, apresentando as tecnologias assistivas nestas, conforme Quadro 2 a seguir. A escolha da forma de tabulação dos dados por meio de um quadro, foi devido à complexidade dos dados não estarem de acordo com uma tabela, e também, o quadro oferece uma maior síntese dos dados.

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Assim, algumas informações foram descritas, sobre algumas das tecnologias assistivas descritas no quadro. Os acervos em forma Braille contavam com obras escritas em Braille. A escrita Braille foi idealizada por Louis Braille (1809-1852), que desenvolveu um método de escrita por meio de pontos em relevo (anagliptografia) e hoje é uma das mais utilizadas tecnologias para pessoas com deficiência visual (MENEZES; FRANKLIN, 2008). Os acervos sonoros contam com obras em áudio. Essa categoria foi assim intitulada, devido as obras serem transmitidas aos leitores por meio do som. Encontrou-se várias nomenclaturas para essas obras, conforme especificado nos artigos. Alguns tipos de obras sonoras possuem diferenças quanto à forma de leitura dos textos, como de acordo com Jesus (2011), no site Bengala Legal, o Audiolivro é uma obra que contém mais dramatização da leitura e, muitas vezes, seus locutores são atores que contam com trilhas sonoras e efeitos especiais, dando mais interpretações para seu público. Já o ‘Livro Falado’ foi criado com o objetivo principal de oferecer leitura para pessoas com deficiência visual, portanto, é uma tecnologia assistiva, o qual existem normas de acessibilidade a serem obedecidas, como buscar fazer uma leitura bem pontuada, clara e viva, mas não dramatizada, pois é o leitor quem tem de construir o significado da leitura. As obras digitais acessíveis são aquelas que concentram imagem, texto e som em um só produto. Esses tipos de livros são em formato DAISY, que em seu diretório há diversos arquivos com os formatos citados e, para sincronização destes, é necessário um tocador específico para apresentação na tela do computador com texto, imagem e som simultaneamente (JESUS, 2011). O restante das categorias aparece de forma clara e não necessitam de muita descrição. A seguir, o Quadro 2 apresenta a descrição das tecnologias assistivas dos artigos selecionados.

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MATERIAIS

OUTRAS TECNOLOGIAS

EQUIPAMENTOS

SOFTWARES

ACERVO

Quadro 2 – Tecnologias assistivas Braille Sonoros Ampliados Digitais Acessíveis Audiovisuais Libras Livros em Braille. Livros falados. Audiolivros. Livros ampliados. Livros digitais Materiais Obras interpretadas Publicações em Livros em áudio. Livros Obras ampliadas. acessíveis. Obras em audiovisuais. em LIBRAS. Braille. Partitura em sonoros. Obras sonoras. formato Daisy. Braille. Obras em Textos falados. Braille. Leitores de Tela Ampliadores de Tela Deficiência Auditiva Outros Jaws. Dosvox. Sinal. NVDA. Lentepro. ZoomText. Signet. Signtalk.signsim. Editor de texto em Braille. Braille Fácil. MecDaisy Letra. Delta Talk. Monitvox. Virtual Lupa Windows. Magic. signpuddle. Rybená. Descritiva Videos. Simuladores de teclado. Cantal-Letras. Vision. Voice Over. Orca. Sintetizador de voz. Openbook. Prograas de comando de voz. Bibliovox. Narrator. Braivox. Duxbury Escrita Braille Máquina de datilografia em Braille. Regletes. Punções. Apagador de texto Braille. Impressora Braille. Braille falado.

Ampliação de Textos Lupas eletrônicas. Lupas. CCTV. Ampliadores de textos. Réguas de leitura. Fotocopiadora de ampliação de textos.

Deficiência Física Cadeiras de rodas. Mesas adaptadas. Banheiros adaptados. Rampas. Órteses. Próteses.

Outros Maquete tátil com sensor. Amplificador de volume. Thermoform. Aparelho de digitalização e leitura – SARA. Display Braille. Teclados e mouses especiais. Teclado Braille

Deficiência Visual Pisos táteis. Bengalas.

Biblioteca Catálogo de livros em Braille. Catálogo de livros em Áudio. Catálogo de livros Ampliado. Folhetos em Braille. Folhetos Ampliados.

Deficiência Auditiva Aparelhos auditivos. Legendas. LIBRAS.

Outros Materiais em Thermoform. Papel para escrita Braille.

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

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4.7 PALAVRAS-CHAVE E RESUMOS As palavras-chave e os resumos dos 25 artigos também foram selecionados para análise. O objetivo de analisá-las foi fazer uma comparação com os termos mais citados entre elas, ou seja, verificar se houve ligação entre as palavras mais citadas do resumo e das palavras-chave correspondentes a cada artigo. Em relação às palavras-chave, optou-se por categorizar todos os termos para fins de quantificação destas. Por exemplo, os termos deficiência visual, pessoas com deficiência visual, deficientes visuais, cegos etc., foram agrupados na categoria ‘Deficiência visual’. A Tabela 10, a seguir, traz a relação das 17 categorias de palavras-chave criadas juntamente com suas ocorrências, ou seja, número de palavras-chave ligadas a determinada categoria. Tabela 10 – Categorias de Palavras-chave CATEGORIAS DE PALAVRAS-CHAVE OCORRÊNCIAS Unidade de Informação 13 Deficiência visual 13 Inclusão 10 Acessibilidade 9 Educação 8 Informação 8 Tecnologia Assistiva 6 Web 6 Pessoa com deficiência 4 Tecnologia da Informação e Comunicação 3 Deficiência auditiva 3 Metodologia 3 Instituição 3 Deficiência física 2 Demanda 2 Bibliotecário 2 Sociedade 2 TOTAL 97 Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

% 13 13 10 9 8 8 6 6 4 3 3 3 3 2 2 2 2 100

Conforme Tabela 10 foram identificados nos 25 artigos 97 palavras-chave. As informações desta revelam que os descritores dos artigos selecionados estão agrupados, exclusivamente, nas categorias de Unidade de Informação e Deficiência

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visual com 13% cada uma. Essa incidência de números na categoria de Unidades de Informação, diz respeito aos artigos que estudam os usuários da informação com deficiência dentro de bibliotecas, seja de que tipo for. Esses artigos tratam de bibliotecas acessíveis, onde são disponibilizados para os usuários acesso a informação, sem nenhum tipo de barreira. Para a categoria de ‘Deficiência Visual’ houve também o maior índice, devido aos estudos se concentrarem nesse tipo de deficiência, conforme mostrado nos resultados do tópico 7.4 deste trabalho que trata dos usuários da informação a partir dos tipos de deficiências abordadas. As categorias, Inclusão (10%), Acessibilidade (9%), Educação e Informação (8% cada), demonstram o conhecimento dos autores quanto aos direitos das pessoas com deficiências e a importância de serem tratadas em seus estudos para que haja mais igualdade entre todos. As demais seguem a linha específica de tecnologias, tanto para auxílios para acessibilidade quanto para acesso digital e virtual; outros tipos de deficiências também foram abordados; tipos de metodologias adotados pelos autores; etc. A seguir, serão apresentadas outras formas de apresentação dos dados das palavras-chave e resumos. 4.7.1 Termos das Palavras-Chave Foram encontradas um total de 97 palavras-chave nos 25 artigos do corpus da pesquisa Utilizou-se uma ferramenta para criação de World Clouds (nuvens de palavras), a fim de destacar os termos mais citados de uma melhor maneira. A seguir, apresentam-se as palavras que mais foram citadas nos artigos. Sabe-se que nas palavras-chave, os descritores são constituídos por termos que denotam um conceito, porém, a ferramenta utilizada monta a nuvem com as palavras separadas de cada termo, conforme Figura 1, a seguir.

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Figura 1 – Nuvem de termos das Palavras-chave

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Verifica-se nesse montante de palavras, que as mais destacadas coincidem com as categorias das palavras-chave citadas na tabela anterior. A palavra ‘Biblioteca’ apresenta-se como a mais citada, seguida de ‘visual’, ‘Acessibilidade’, ‘Inclusão’, ‘Deficiente’, ‘informação’, ‘Braille’ etc. 4.7.2 Termos dos Resumos Os resumos dos artigos também foram analisados conforme suas palavras. Foram agrupados todos os resumos para análise e a ferramenta verificou quais palavras foram mais citadas e as demonstra em forma de nuvem. A seguir, a Figura 2 apresenta os resultados obtidos.

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Figura 2 – Nuvem de termos dos Resumos

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

A Figura 2 mostra um emaranhado de palavras a mais, que a das palavraschave, devido à quantidade de palavras que os resumos possuem. Percebe-se que há certa compatibilidade entre as palavras desta Figura e da Figura 1, pois vários dos termos estão em evidência, como é o caso de ‘Bibliotecas’, ‘inclusão’, ‘acessibilidade’, ‘informação’, entre outras.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo buscou analisar a produção científica das principais revistas brasileiras de Biblioteconomia e Ciência da Informação, que abordaram o tema usuário da informação com deficiência e a acessibilidade, entre o período de 2008 a 2013. Assim, dentre os 25 artigos analisados, que compuseram o corpus da pesquisa, observou-se as seguintes características da produção científica no âmbito do tema proposto: a) a revista com maior número de publicações é proveniente do Estado de Santa Catarina, intitulada Revista ACB; b) o ano com maior índice de publicações foi o ano de 2008, com 13 publicações. De forma oposta, podemos destacar o ano de 2010 que não trouxe indícios de publicações nas revistas; c) a categoria de publicações revelou que grande parte dos autores publicam na categoria ‘artigo’; d) o autor mais produtivo entre os 50 autores envolvidos, possui 5% (3 aparições em artigos) dos trabalhos analisados; e) a autoria múltipla predominou nos artigos, apresentando a existência de trabalhos em colaboração entre bibliotecários e profissionais que estudam o tema; f) os autores são provenientes das instituições do sudeste e sul do Brasil; g) a pesquisa bibliográfica foi a mais utilizada em termos de metodologia de pesquisa; h) predominou o estudo de deficiência visual, e acredita-se que o resultado foi motivado pelas características desse público e as formas de acessibilidade serem mais fáceis de se adquirir; e i) o tipo de acessibilidade mais tratada nos artigos corresponde a acessibilidade à informação, a qual dizia respeito, mais especificamente aos acervos acessíveis em bibliotecas. As tecnologias assistivas analisadas por serem complexas e diversificadas foram tabuladas no formato de um quadro, em que também pode-se inferir as categorias apresentadas nos artigos. Assim, há uma grande predominância de tecnologias assistivas voltadas às pessoas com deficiência visual. As palavras-chave e os resumos foram analisados separadamente, conforme seus termos mais citados. Em relação às palavras-chave, demonstram grande resultados com pesquisas relacionadas a acessibilidade em Unidades de Informação especialmente Bibliotecas, e também, mais especificamente, com Pessoas com Deficiência Visual. Assim, observou-se, também, que os termos das palavras-chave coincidem com os termos do resumo.

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Os artigos das revistas demonstram grande interesse dos autores para a questão de usuários da informação com deficiência e acessibilidade nos espaços e acervos da biblioteca e no meio digital. Por meio dos trabalhos, seja relatos de experiência ou de pesquisa, em que os profissionais estão se empenhando em buscar integração e inclusão dessas pessoas no meio e convívio social. Observouse que alguns desses autores realizam estudos aprofundados sobre a temática, como forma de capacitação e obter um maior conhecimento de novas tecnologias e formas de comunicação para cada tipo de deficiência. A grande maioria dos autores fez uso da pesquisa bibliográfica, para simplesmente descrever informações a respeito do tema, utilizando de material já publicado de outros autores. Assim, percebeu-se a necessidade de haver mais estudos que realmente identifique as reais necessidades de cada tipo de usuário com deficiência, os tipos de acessibilidade e tecnologias assistivas específicas para cada tipo de limitação, isso só pode se verificar através de estudos com esse grupo de usuários. Por meio desta pesquisa pode-se perceber o nível de importância dos estudos sobre acessibilidade para deficientes realizados na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Os cursos de graduação em Biblioteconomia poderiam abordar mais a temática em algumas disciplinas, utilizando-se deste estudo que trouxe características das deficiências, as leis que garantem direitos de inclusão, de acesso a informações; questões acerca da acessibilidade, citando normas com aspectos voltados a bibliotecas e uso da web; os resultados das análises de dados também podem ser fontes de informação, pois estruturam as publicações em vários aspectos. Assim, possibilitando aos futuros profissionais alguns conhecimentos necessários para atuar em bibliotecas e que promovam a acessibilidade para qualquer pessoa com deficiência. Observou-se durante a análise dos artigos que há, ainda, certa diversificação e redundância dos termos adotados e que foram abordados pelos autores, muitos não seguem a legislação que adota termos específicos para tratar as pessoas que possuem algum tipo de deficiência. É preciso, então, que os profissionais verifiquem essas legislações para não causar algum tipo de constrangimento e preconceito em relação a essas pessoas. Assim, este estudo oportunizou à acadêmica relatar um pouco do conhecimento adquirido no curso, mas muito mais que isso, permitiu descrever

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aspectos que estão no cotidiano das pessoas com deficiência e ainda sofrem com a falta de acessibilidade e falta de inclusão.

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