Adaptação e Validação do Questionário de Valores Psicossociais (QVP-24) ao contexto de adolescentes brasileiros e portugueses (versão em português de publicação em inglês)

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ATENÇÃO: Este manuscrito é uma tradução para o português realizada pelos autores do artigo original, publicado na Revista Psicologia: Reflexão e Crítica. Caso cite o artigo deve ser utilizada esta citação: Lins, S., Poeschl, G., Lima, T.J.S., Souza, L.E.C.S, & Pereira, C.R. (2016). Adaptation and validation of the psychosocial values questionnaire to the context of Brazilian and Portuguese teenagers. Psicologia: Reflexão e Crítica/ Psychology: Research and Review, 29 (12), 1-10. doi: 10.1186/s41155-016-0013-0

Adaptação e Validação do Questionário de Valores Psicossociais (QVP-24) ao Contexto de Adolescentes brasileiros e portugueses

Adaptation and validation of the Psychosocial Values Questionnaire (PVQ-24) for Brazilian and Portuguese teenagers context

Samuel Lins Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil Gabrielle Poeschl Universidade do Porto, Porto, Portugal Tiago Jessé Souza de Lima Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil ,Luana Elayne Cunha de Souza Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil Cícero Roberto Pereira Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil

Email para correspondência: [email protected]

Lins, S., Poeschl, G., Lima, T.J.S., Souza, L.E.C.S, & Pereira, C.R. (2016). Adaptation and validation of the psychosocial values questionnaire to the context of Brazilian and Portuguese teenagers. Psicologia: Reflexão e Crítica/ Psychology: Research and Review, 29 (12), 1-10. doi: 10.1186/s41155-016-0013-0

Resumo: O presente trabalho objetivou adaptar e validar o Questionário de Valores Psicossociais (QVP-24) em uma amostra de adolescentes brasileiros e portugueses e testar as hipóteses de conteúdo, estrutura e compatibilidade da Abordagem Societal dos Valores. Participaram neste estudo 730 adolescentes, sendo 482 brasileiros (213 rapazes e 269 moças) com idade média de 15 anos (DP = 1,1), e 238 portugueses (117 rapazes e 121 moças) com idade média de 15,4 (DP = 1,8). Em ambas as amostras, o QVP-24 apresentou índices satisfatórios de consistência interna e a estrutura fatorial proposta foi confirmada (sistemas materialista, religioso, hedonista e pós-materialista, com este último dividido em três subsistemas, bem-estar social, bem-estar individual e bem-estar profissional). Análises fatoriais confirmatórias e de escalonamento multidimensional fornecem suporte, em ambas as amostras, para as hipóteses de conteúdo (quatro sistemas e 3 subsistemas), estrutura (duas dimensões), e compatibilidade (correlações positivas) entre os sistemas de valores. Palavras-chave: Valores; Validade; Conteúdo; Estrutura, Adolescentes.

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Abstract:

This work aims at adapting and validating the Psychosocial Values Questionnaire (PVQ-24) in a sample of Portuguese and Brazilian adolescents, and in testing the content, structure and compatibility hypotheses of the Societal Approach of Values. Participated in this study 730 adolescents; 482 are Brazilian (213 boys and 269 girls) with an average age of 15 years (SD = 1.1); and 238 are Portuguese (117 boys and 121 girls) with an average age of 15.4 (SD = 1.8). In both samples, the PVQ-24 showed satisfactory internal consistency, and the proposed factor structure was confirmed (systems: materialistic, religious, hedonistic, and postmaterialist, the latter being divided into three subsystems: social well-being, individual wellbeing and occupational well-being). In both samples, confirmatory factor analysis and multidimensional scaling support the content (four systems and 3 subsystems), structure (two dimensions) and compatibility (positive correlations between systems) hypotheses.

Keywords: Values; Validity; Content; Structure, Adolescents.

Lins, S., Poeschl, G., Lima, T.J.S., Souza, L.E.C.S, & Pereira, C.R. (2016). Adaptation and validation of the psychosocial values questionnaire to the context of Brazilian and Portuguese teenagers. Psicologia: Reflexão e Crítica/ Psychology: Research and Review, 29 (12), 1-10. doi: 10.1186/s41155-016-0013-0

Referências sobre os valores humanos podem ser encontradas em campos distintos, como filosofia (Rickert, 1922; Scheler, 1973), antropologia (Kluckhohn, 1951), sociologia (Parsons & Shils, 1951; Thomas & Znaniecki, 1918), e psicologia (Maslow, 1954; Rokeach, 1973; Schwartz, 1992). Os estudos sobre valores humanos ganharam lugar de destaque possivelmente por este construto exercer um papel importante no processo seletivo das ações humanas (Rokeach, 1973), o que levou ao desenvolvimento de algumas teorias sobre os valores, a exemplo das propostas por Rokeach (1973), Inglehart (1991) e Schwartz (1992). Estas teorias estão assentes em uma visão dicotômica sobre a natureza dos valores, no qual os valores são explicados como sendo ou de natureza individual ou de natureza social. Por sua vez, a Abordagem Societal dos Valores (Pereira, Camino, & Costa, 2005) procura integrar estas explicações, tendo em conta a necessidade de articulação entre os níveis de explicação dos fenômenos psicossociais na Psicologia Social (Doise, 1982). Neste sentido, o presente trabalho objetiva testar, em um contexto transcultural (Brasil e Portugal), as hipóteses de conteúdo, estrutura e compatibilidade desta abordagem, como também adaptar e validar o Questionário de Valores Psicossociais (QVP-24) que é a medida empregada por esta abordagem.

Valores humanos na Psicologia Social

Na Psicologia Social, as explicações dadas aos valores são, em sua maioria, de natureza intraindividual (Torres et al., 2001). Ou seja, as fontes dos valores estão, sobretudo, nas necessidades individuais (Rokeach, 1973), as quais, distribuídas hierarquicamente, organizam as crenças dos indivíduos em um sistema de valores (Pereira et al., 2005). Nessa definição se enquadram os modelos de valores propostos por Rokeach (1973), Schwartz (1992) e Gouveia, Milfont e Guerra (2014). Outra perspectiva de análise dos valores entende

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estes como ideias abstratas implícita ou explicitamente compartilhadas sobre o que seria correto, bom e desejável em uma sociedade ou cultura (Williams, 1979). Nesta perspectiva se encaixam os modelos que explicam os valores a nível cultural, a exemplo daqueles propostos por Schwartz (2006), Inglehart (1977, 1989) e Hofstede (1980). Os modelos de Rokeach (1973) e Schwartz (1992) adotam uma concepção sobre a natureza dos valores de caráter intraindividual, na qual a fonte dos valores é, sobretudo, de natureza motivacional, pautada nas necessidades biológicas, de sobrevivência dos grupos e de interação social coordenada. Para Rokeach (1973), os valores são crenças que se referem a modos de condutas (valores instrumentais) ou estados finais de existência (valores terminais). Com algumas modificações, a teoria de Schwartz adota o conceito de valores empregado por Rokeach (1973) e utiliza sua metodologia como base para a mensuração dos valores. Schwartz e Bilsky (1987) articulam a desejabilidade social dos valores, indicada por Kluckhohn (1951), com as características da teoria de Rokeach (1973). De acordo com Schwartz (1992), quando pensamos sobre nossos valores, pensamos no que é importante para nossa vida. Schwartz (1992) define valores como metas desejáveis e transituacionais, que variam em importância e servem como princípios na vida de uma pessoa ou de outra entidade social. Por outro lado, Inglehart (1989) parte de uma perspectiva sociológica e propõe em seu modelo que os valores representam, sobretudo, as mudanças culturais ocorridas na história das sociedades, ou seja, os valores teriam uma natureza cultural, por que seriam marcadores mudanças culturais. Inglehart (1989) defende que a mudança do sistema feudal ao sistema de produção capitalista deu favoreceu a emergência dos valores materialistas, e que a estabilidade econômica de algumas sociedades pós-industriais possibilitou a emergência dos valores pós-materialistas. Neste sentido, as sociedades que ainda não solucionaram problemas sociais básicos dão mais importância a metas materialistas, enquanto as sociedades que

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atingiram certo grau de resolução desses problemas valorizam as metas pós-materialistas. Estudos realizados em diversas culturas (Bean & Papadakis, 1994; Braithwaite, Makkai, & Pittelkow, 1996; Kidd & Lee, 1997; Pereira & Camino, 1999) têm demonstrado que os valores materialistas estão associados a preocupações com a estabilidade econômica e que os valores pós-materialistas se relacionam ao bem-estar social, à realização profissional e ao bem-estar individual. De acordo com Estramiana, Pereira, Monter e Zlobina (2014), estes modelos estão assentes em dois pressupostos sobre a natureza dos valores, que também permeiam outros conceitos estudados na Psicologia Social, e que podem ser sintetizados na seguinte alternativa: ou a natureza dos valores é individual, ou seja, eles são necessidades individuais, como defende Schwartz (1992), ou a natureza dos valores é social, ou seja, eles emergem quando ocorrem mudanças culturais, tal como propõe Inglehart (1989). Com base nesta diferenciação vem sendo delineado um modelo que busca articular as concepções individuais e culturais do estudo dos valores através de uma abordagem societal dos valores. De acordo com Pereira et al. (2005) esta abordagem considera tanto a perspectiva psicológica elaborada por Schwartz (1992) sobre os tipos motivacionais, como a perspectiva sociológica proposta por Inglehart (1977, 1989).

Abordagem Societal dos Valores

É com base nas questões anteriormente expostas, e tendo em conta a necessidade de articulação entre os níveis de explicação dos fenômenos psicossociais na Psicologia Social (Doise, 1982), que tem sido proposta a Abordagem Societal dos Valores. Esta abordagem tem por objetivo integrar em um modelo de valores a perspectiva psicológica dos tipos

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motivacionais, proposta por Schwartz (1992), com a perspectiva sociológica sobre os valores materialistas e pós-materialistas, proposta por Inglehart (1989). Este modelo pressupõe inicialmente que a gênese dos valores está nas produções sociais de significado. Trata-se de um fenômeno de ordem social, vinculado a um fenômeno psicológico à medida que os valores são compreendidos como elementos de conhecimento amplamente compartilhados em uma sociedade e que conferem aos indivíduos a possibilidade de entenderem e serem entendidos no contexto das relações sociais (Costa, 2000; Maio, Olson, Allen, & Bernard, 2001). Por se tratarem de produções sociais de significado, os valores precisam de um conjunto de condições sociais para sua emergência (Deschamps & Devos, 1993; Pereira et al., 2005). O modelo pressupõe que estas condições são as lutas ideológicas travadas pelos grupos sociais em busca do poder (Pereira & Camino, 1999) que fazem parte da construção social da realidade (Berger & Luckmann, 1973). Neste sentido, a fonte dos valores encontra-se nas identidades ideológicas que orientam os grupos sociais (Costa, 2000). A emergência de um conjunto de valores em uma determinada sociedade está condicionada não ao fato deles representarem cognitivamente as metas individuais dos membros dessa sociedade, como defende Schwartz (1992), nem as necessidades coletivas, como propõem Inglehart (1994), mas pela característica própria dos valores de representarem as diversas tendências ideológicas com as quais os grupos sociais se identificam (Pereira, Camino, & Costa, 2004). Tendo em conta estes pressupostos, os valores são definidos como estruturas de conhecimento socialmente elaboradas que (a) sintetizam os elementos de um sistema simbólico amplamente compartilhado, (b) expressam os conflitos ideológicos que formam este sistema, (c) servem de instrumento na seleção das alternativas de orientação do comportamento e (d) refletem o contexto sociocultural e as identidades sociais dos indivíduos (Costa, 2000; Estramiana et al., 2014; Fernandes, Costa, Camino, & Mendoza, 2007).

Lins, S., Poeschl, G., Lima, T.J.S., Souza, L.E.C.S, & Pereira, C.R. (2016). Adaptation and validation of the psychosocial values questionnaire to the context of Brazilian and Portuguese teenagers. Psicologia: Reflexão e Crítica/ Psychology: Research and Review, 29 (12), 1-10. doi: 10.1186/s41155-016-0013-0

Conteúdo e estrutura dos valores

A abordagem societal propõe que os valores representam as diversas tendências ideológicas com as quais os grupos sociais se identificam. Estas tendências se organizam em quatro sistemas, com conteúdo próprios: materialista, pós-materialista, religioso e hedonista (Pereira et al., 2004, 2005). O sistema materialista representa a ideologia de acumulação de riquezas e de status social. Os grupos que se identificam com este sistema estão mais voltados para a obtenção de recursos materiais, busca pelo poder, ao mesmo tempo em que prezam e valorizam a autoridade. Os valores que representam este sistema são: riqueza, autoridade, status e lucro. O sistema pós-materialista representa as ideologias do bem-estar social, de autorrealização e de conhecimento. Este sistema é dividido em três subtipos: o bem-estar social, o bem-estar individual e o bem-estar profissional. O bem-estar social representa a identificação com o bem-estar da sociedade, estando associado a questões mais amplas de direitos humanos e cidadania; é representado pelos valores: justiça social, liberdade, igualdade e fraternidade. O bem-estar individual representa a identificação com as realizações pessoais mais abstratas e com o bem-estar subjetivo, sendo constituído pelos valores: alegria, amor, conforto e autorrealização. O bem-estar profissional representa a autorrealização no âmbito profissional, demonstrando responsabilidade e competência; é composto pelos valores: realização profissional, dedicação ao trabalho, responsabilidade e competência. O sistema religioso representa a ideologia da obediência aos preceitos religiosos, abarcando os seguintes valores: obediência às leis de Deus, religiosidade, salvação da alma e temor a Deus. Por fim, o sistema hedonista representa a busca pelo prazer e excitação na vida, e também está voltado à valorização da sexualidade. Os valores que representam este sistema são: prazer, uma vida excitante, sexualidade e sensualidade.

Lins, S., Poeschl, G., Lima, T.J.S., Souza, L.E.C.S, & Pereira, C.R. (2016). Adaptation and validation of the psychosocial values questionnaire to the context of Brazilian and Portuguese teenagers. Psicologia: Reflexão e Crítica/ Psychology: Research and Review, 29 (12), 1-10. doi: 10.1186/s41155-016-0013-0

De acordo com a abordagem societal, estes sistemas se organizam em duas dimensões. A primeira dimensão é formada pelos sistemas materialistas e pós-materialistas (Inglehart, 1977; Pereira et al., 2005). A segunda dimensão contrapõe o sistema religioso ao sistema hedonista. De fato, os sistemas religioso e hedonista podem representar interesses antagônicos (Schwartz, 1996; Pereira et al., 2005), como também é provável uma oposição entre os sistemas materialista e pós-materialista, dado que os valores que os compõem emergeriam em conjunturas socioeconômicas diferenciadas (Inglehart, 1977). No entanto, os sistemas de valores se correlacionam positivamente entre si, indicando que os valores se estruturam não em função de relações de conflito, como afirma Schwartz et al. (2012), mas por suas possíveis compatibilidades (Pereira et al., 2004; Pereira et al., 2005). Esse padrão de correlações positivas ocorre porque os valores pouco têm a ver com necessidades, pois os valores relacionam-se, sobretudo, com as ideologias sobre como a sociedade deve ser organizada (Deschamps & Devos, 1993). Além disso, Pereira et al. (2001) afirmam que uma concepção sobre valores baseada em relações de conflito (Schwartz et al., 2012) contradiz a existência da desejabilidade social presente nesses valores. Portanto, a hipótese de conteúdo da abordagem societal dos valores propõe a existência de quatro sistemas com conteúdos diferentes: hedonista, religioso, materialista e pós-materialista. Este último ainda engloba três conteúdos distintos: bem-estar social, bemestar individual, bem-estar profissional. Estes sistemas são mensurados a partir do Questionário de Valores Psicossociais, composto por 24 itens que representam os diferentes conteúdos propostos. Já a hipótese de estrutura da abordagem propõe a existência de duas dimensões, sendo a primeira formada pelos sistemas materialistas e pós-materialistas, e a segunda pelos sistemas religioso e hedonista. Os valores se estruturam em função de suas relações de compatibilidades, sendo os sistemas de valores correlacionados positivamente entre si.

Lins, S., Poeschl, G., Lima, T.J.S., Souza, L.E.C.S, & Pereira, C.R. (2016). Adaptation and validation of the psychosocial values questionnaire to the context of Brazilian and Portuguese teenagers. Psicologia: Reflexão e Crítica/ Psychology: Research and Review, 29 (12), 1-10. doi: 10.1186/s41155-016-0013-0

A seguir são apresentadas evidências empíricas sobre a abordagem proposta.

Evidências empíricas

Com base nos pressupostos da teoria, foi desenvolvida uma medida, o Questionário de Valores Psicossociais (Pereira, Lima, & Camino, 1997; Torres, 1992), que permite fazer uma análise dos sistemas de valores dos grupos sociais. A versão atual do instrumento é composta por 24 itens equitativamente distribuídos entre os sistemas e subsistemas de valores propostos pela teoria (Pereira et al., 2004). Este instrumento tem sido amplamente empregado em diversos estudos, que vêm acumulando evidências empíricas favoráveis de validade de construto e consistência interna, como também favoráveis à abordagem societal dos valores (Fernandes et al., 2007; Lins, Lima-Nunes, & Camino, 2014; Pereira et al, 2004; Pereira, Torres, & Barros, 2004). Pereira et al. (2004) testaram a validade de construto do QVP-24 através de análises fatoriais confirmatórias em uma amostra de estudantes universitários. Os resultados sustentam a adequação dos itens empregados para mensurar os quatro sistemas, com cargas fatoriais variando entre 0,31 e 0,75, corroborando a hipótese de conteúdo. Ademais, todos os sistemas apresentaram alfas de Cronbach acima de 0,70 e apresentaram correlações positivas e significativas entre si, variando entre 0,09 e 0,76 (p < 0,05). Estes resultados revelam evidências psicométricas de validade e precisão do QVP. Os índices de consistência interna observados estão acima daqueles comumente descritos na literatura para outros modelos, pois um construto como os valores, que apresentam baixa variabilidade de resposta inter-sujeitos, tende a apresentar baixa consistência interna (Rodriguez & Maeda, 2006). As correlações positivas observadas também corroboram a afirmação de que os sistemas se correlacionam

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positivamente entre si, indicando que os valores se estruturam não em função de relações de conflitos, mas por suas possíveis compatibilidades (Pereira et al., 2005). Pereira et al. (2005) forneceram evidências para a estrutura proposta pela abordagem societal através de análises de escalonamento multidimensional. Os resultados mostraram que os quatro sistemas emergem em áreas separadas e são organizados em torno de duas dimensões; materialista – pós-materialista e hedonista – religioso. Este estudo também forneceu evidências de validade convergente entre os sistemas e os tipos motivacionais de segunda ordem da teoria de Schwartz (1992). Foram encontradas correlações entre o materialismo e os valores da autopromoção (r = 0,49; p < 0,001), entre o sistema hedonista e a abertura à mudança (r = 0,55; p < 0,001), entre o sistema religioso e os valores de conservação (r = 0,51; p < 0,001), e entre o pós-materialismo e o tipo motivacional da autotranscendência (r = 0,63; p < 0,001). Este conjunto de correlações corrobora a aproximação conceitual feita por Pereira et al. (2001) entre os sistemas de valores do QVP e os tipos motivacionais da teoria de Schwartz (Pereira et al., 2005). Outros estudos também têm demonstrado a pertinência de se utilizar o QVP para entender comportamentos sociais diversos, fornecendo evidências de validade preditiva para a abordagem societal dos valores. Por exemplo, Pereira et al. (2004) avaliaram a relação entre os sistemas de valores e as atitudes democráticas e observaram que a adesão ao sistema materialista predizia uma atitude negativa em relação à democracia, enquanto que a adesão aos valores pós-materialistas contribuia para uma atitude positiva. Fernandes et al. (2007) ao testarem a relação entre os valores psicossociais e a orientação para a dominância social (ODS), observaram que a ODS estava diretamente associada aos valores materialistas e inversamente associada aos valores pós-materialistas. Pereira, Ribeiro e Cardoso (2004), em um estudo sobre o papel dos valores no envolvimento nos diretos humanos, verificaram que os valores pós-materialistas se

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relacionavam positivamente com o envolvimento abstrato, enquanto a adesão aos valores religiosos implicava maior envolvimento no princípio concreto na promoção desses direitos. Além disso, a adesão aos valores materialistas levava a uma avaliação mais positiva do envolvimento governamental nos direitos humanos, ao passo que os valores pós-materialistas contribuíam para uma avaliação mais crítica do papel do governo na promoção dos direitos humanos. Barros, Torres e Pereira (2009) ao avaliarem a relação entre autoritarismo e os valores, observaram que os valores religiosos estavam relacionados com a diminuição da tolerância, enquanto a adesão aos valores hedonistas estava relacionada com o aumento da tolerância e com a diminuição do autoritarismo. Além disso, a adesão aos valores materialistas estava relacionada com o aumento do autoritarismo. Lins et al. (2014), em um estudo sobre o papel dos valores no preconceito racial, constataram que a adesão a valores hedonistas e materialistas prediziam a expressão do preconceito contra os negros. Por outro lado, a adesão aos valores de justiça social apresentava uma relação com a não expressão do preconceito. Em síntese, os estudos realizados com o QVP-24 mostram sua validade de construto para avaliar os quatro sistemas de valores propostos. A consistência interna desta medida é elevada, sobretudo em comparação com outras medidas de valores que têm por base outras teorias (Rodriguez & Maeda, 2006). As pesquisas realizadas com o QVP-24 revelam que a abordagem societal dos valores tem se mostrado válida quanto as suas hipóteses de conteúdo e estrutura. No entanto, os estudos realizados com o QVP-24 contam, em sua maioria, com amostras de estudantes universitários brasileiros, carecendo de estudos com amostras diferentes e de outros países. Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo adaptar e validar o QVP-24 em uma amostra de adolescentes brasileiros e portugueses, fornecendo assim evidências adicionais de validade de construto e consistência interna para o QVP-24, e

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testar a validade transcultural das hipóteses de conteúdo, estrutura e compatibilidade da abordagem societal dos valores. Método Participantes Participaram neste estudo 730 adolescentes. Destes, 482 são brasileiros (213 rapazes e 269 moças) com idade média de 15 anos (DP = 1,1), variando de 12 a 18 anos, e 238 portugueses (117 rapazes e 121 moças) com idade média de 15,4 (DP = 1,8), variando de 13 a 18 anos.

Instrumentos O Questionário de Valores Psicossociais – QVP 24 (Pereira, Camino & Costa, 2004) fazia parte de um instrumento mais abrangente sobre as representações da compra. Este iniciava-se com questões sociodemográficas (sexo e idade) e, na parte que aqui analisamos, era solicitado aos estudantes que indicassem a importância de cada um dos 24 valores em uma escala de 1 (um) a 7 (sete). Quanto mais próximo de 1 fosse a nota, menor era a importância do valor e, quanto mais próximo de 7, maior era a importância do valor. Análise de dados Os dados foram analisados por meio de uma análise fatorial confirmatória (AFC) do QVP-24. Esta técnica permite testar estruturas fatoriais de escalas de medida, como também examinar as relações entre diversas variáveis ao mesmo tempo, sejam elas observadas ou latentes. O software AMOS (versão 19 do programa SPSS – Statistical Package for the Social Sciences) foi empregado para a realização da análise. O método de estimação utilizado foi o ML (Maximum Likelihood). Adicionalmente, também foram verificadas as saturações do sistema de valores pós-materialistas (γ) sobre os subsistemas de valores do bem-estar social, bem-estar individual e bem-estar profissional, como também o peso fatorial dos itens de cada

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sistema de valores (λ), que devem ser estatisticamente significativos (Bagozzi & Phillips, 2001). Para testar o ajuste geral da solução fatorial, utilizaram-se os seguintes indicadores: o qui-quadrado (χ 2), qui-quadrado normalizado (χ²/gl), o CFI (Comparative Fit Index), o GFI (Goodness of Fit Index), o TLI (Tucker Lewis Index), e o RMSEA (Root Mean Square Error of Approximation). O χ2 é um teste de significância que mostra o quanto o modelo se ajusta aos dados, este indicador aponta para um bom ajustamento quando o χ2 é estatisticamente não significativo, p ≥ 0,05. Todavia o qui-quadrado é bastante dependente do tamanho da amostra, o que pode facilitar a rejeição indevida de modelos ajustados aos dados (Garson, 2012). O qui-quadrado normalizado é uma alternativa ao qui-quadrado que é menos dependente do tamanho da amostra, sendo aceitáveis valores de até 3 (Iacobucci, 2010). Para os demais índices (CFI, GFI, e TLI), valores mais próximos de 1 indicam melhor ajuste, entretanto, valores entre 0,80 e 0,90 indicam ajuste aceitável (Garson, 2012). Por fim, o RMSEA, acompanhado de um intervalo de confiança (IC) de 90%, cujo valores de até 0,06 indicam ajuste satisfatório, aceitando-se aqueles de até 0,10 (Byrne, 2010). Para testar a hipótese de estrutura, foi empregado o escalonamento multidimensional (MDS; Multidimensional Scaling). Partiu-se de uma matriz de similaridade entre os valores, considerando-se as distâncias euclidianas quadradas (algoritmo ALSCAL). Os valores foram transformados em pontuações Z antes de ser criada a matriz de distâncias entre elas. As análises foram realizadas a nível ordinal fixando a extração de duas dimensões. O Stress e o RSQ (Coeficiente de Correlação Quadrado) foram utilizados para avaliar o ajuste do modelo. Estes índices covariam de forma inversa, significando que a dimensionalidade do espaço é avaliada por um decréscimo do valor do Stress e um acréscimo correspondente do RSQ. O Stress mais próximo de 0 e o RSQ mais próximo de 1 indicam melhor ajuste do modelo,

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admitindo-se, respectivamente, valores de até 0,20 e iguais ou superiores a 0,60, respectivamente (Schiffman, Reynolds & Young, 1981).

Procedimento Inicialmente, foi feito um contato com escolas do ensino secundário, solicitando, através do envio de carta, a autorização para a aplicação do questionário com os alunos. Depois de obtida a autorização, entrou-se em contato com os professores para que os questionários pudessem ser aplicados durante as aulas. Os participantes foram informados acerca da confidencialidade dos dados e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. O projecto de pesquisa foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (FPCEUP) da Universidade do Porto (Portugal).

Resultados

Relativamente ao ajustamento fatorial (ver Figura 1), os resultados sugerem que o modelo proposto é adequado para representar o grau de adesão aos valores pelos adolescentes brasileiros, χ2 (243) = 658,62, p < 0,001, χ 2/gl = 2,71, GFI = 0,89, CFI = 0,88, TLI = 0,86, RMSEA (IC 95%) = 0,06 [0,05-0,06]. Os resultados revelam que o sistema pós-materialista é adequadamente representado pelos subsistemas do bem-estar social (γ = 0,79), do bem-estar individual (γ = 0,86) e do bem estar profissional (γ = 0,94). O subsistema do bem-estar social abrange os valores de igualdade, liberdade, fraternidade e justiça social (λ = 0,40 a 0,72). Como proposto, os valores de autorrealização, alegria, conforto e amor saturam no subsistema de bem-estar individual (λ = 0,41 a 0,59), e o subsistema de valores do bem-estar profissional engloba os valores de realização profissional, dedicação ao trabalho, competência e

Lins, S., Poeschl, G., Lima, T.J.S., Souza, L.E.C.S, & Pereira, C.R. (2016). Adaptation and validation of the psychosocial values questionnaire to the context of Brazilian and Portuguese teenagers. Psicologia: Reflexão e Crítica/ Psychology: Research and Review, 29 (12), 1-10. doi: 10.1186/s41155-016-0013-0

responsabilidade (λ = 0,53 a 0,66). O sistema hedonista é composto pelos valores do prazer, sexualidade, sensualidade e uma vida excitante (λ = 0,39 a 0,83), o sistema materialista pelos valores autoridade, riqueza, lucro e status (λ = 0,37 a 0,73) e, por fim, os valores religiosidade, temor a Deus, salvação da alma e obediência às leis de Deus compõem o sistema religioso (λ = 0,62 a 0,85). Todas as saturações são estatisticamente significativas p < 0,001. Os índices de consistência interna dos sistemas pós-materialista, hedonista, materialista e religioso são satisfatórios (alfa de Cronbach = 0,80; 0,80; 0,67; 0,78, respectivamente).

Figura 1. Estrutura fatorial do Questionário de Valores Psicossociais (Brasil)

A análise de escalonamento multidimensional apresenta bons índices de ajuste (RSQ = 0,89 Stress = 0,16) para a solução bidimensional apresentada. Os quatro sistemas de valores emergiram separadamente no espaço. Os valores materialistas se agruparam no quadrante

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inferior esquerdo, os valores pós-materialistas no quadrante superior direito, os valores hedonistas no quadrante superior esquerdo e os valores religiosos no quadrante inferior direito. A Figura 2 apresenta a representação gráfica dos valores para a amostra de adolescentes brasileiros.

Figura 2. Configuração dos sistemas de valores dos adolescentes brasileiros

Relativamente a amostra de adolescentes portugueses, também verificamos um bom ajustamento do modelo proposto, χ2 (243) =541,31, p < 0,001, χ 2/gl = 2,23, GFI = 0,85, CFI = 0,82, TLI = 0,80, RMSEA (IC 95%) = 0,07 [0,06-0,08]. Na Figura 3, podemos observar que o sistema pós-materialista é bem representado pelos subsistemas do bem-estar social (γ = 0,71), bem-estar individual (γ = 0,98), e bem-estar profissional (γ = 0,82). O subsistema do bemestar social é adequadamente representado pelos valores de liberdade, igualdade, fraternidade e justiça social (λ = 0,38 a 0,64). O subsistema do bem-estar individual também é adequadamente representado pelos valores de autorrealização, alegria, conforto e amor (λ = 0,34 a 0,50). Os valores de realização profissional, dedicação ao trabalho, competência e responsabilidade saturam adequadamente no subsistema bem-estar profissional (λ = 0,49 a

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0,76). O sistema hedonista organiza os valores prazer, sexualidade, sensualidade e vida excitante (λ = 0,65 a 0,80). Os valores de autoridade, riqueza, lucro e status representam adequadamente o sistema materialista (λ = 0,35 a 0,61). O sistema religioso também é adequadamente formado pelos valores religiosidade, temor a Deus, salvação da alma e obediência às leis de Deus (λ = 0,71 a 0,90). Todas as saturações encontradas são estatisticamente significativas p < 0,001. Relativamente à confiabilidade, os sistemas pósmaterialista, hedonista, materialista e religioso indicam índices de consistência interna satisfatórios (alfa de Cronbach = 0,77; 0,83; 0,60; 0,84, respectivamente).

Figura 3. Estrutura fatorial do Questionário de Valores Psicossociais (Portugal)

A análise de escalonamento multidimensional apresenta índices de ajuste satisfatórios para a solução bidimensional apresentada, RSQ = 0,71, Stress = 0,23. Os quatro sistemas emergiram separadamente, o sistema materialista está localizado no quadrante superior

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esquerdo e o pós-materialista no quadrante superior direito, já o sistema hedonista emergiu no quadrante inferior esquerdo e o religioso no quadrante inferior direito. Cabe salientar que os valores amor, vida excitante e autoridade emergiram fora dos quadrantes de seus sistemas, sendo que o valor amor emergiu no quadrante do sistema hedonista, a vida excitante no quadrante do sistema materialista, e o valor autoridade no quadrante do sistema religioso. A Figura 4 apresenta a plotagem dos valores para a amostra de adolescentes portugueses.

Figura 4. Configuração dos sistemas de valores dos adolescentes portugueses

Por fim, foi testada a invariância de medida entre os países. Primeiro testou-se a invariância configuracional, na qual os itens foram definidos para cada fator e as cargas fatoriais e covariâncias foram livremente estimados. Os índices de ajuste obtidos foram os seguintes: χ2 (486) = 1.200, p < 0,01, GFI = 0,89, CFI = 0,86, RMSEA (IC 95%) = 0,045 [0,042 – 0,048]. Em seguida testou-se a invariância métrica, onde as cargas fatoriais e as covariâncias foram fixadas para as duas amostras. Os índices de ajuste obtidos foram os seguintes: χ2 (510) = 1.319, p < 0,01, GFI = 0,87, CFI = 0,84, RMSEA (IC 95%) = 0,047 [0,044 – 0,050]. Em ambos os testes o modelo proposto apresentou bons índices de RMSEA, e o GFI e o CFI ficaram próximos do ponto de corte de 0,90. Para testar a hipótese de que a

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estrutura fatorial é invariante entre os países, foi computada a diferença entre o CFI (ΔCFI) os modelos livre e restrito, tal como sugerido por Cheung e Rensvold (2002), adotando como ponto de corte o valor de 0,01 para aceitar a hipótese da invariância. O ΔCFI foi de 0,02, acima do ponto de corte sugerido, mas ainda assim próximo a este valor.

Discussão O objetivo do presente trabalho foi adaptar e validar o QVP-24 em uma amostra de adolescentes brasileiros e portugueses, e testar a validade transcultural das hipóteses de conteúdo, estrutura e compatibilidade da abordagem societal dos valores. Os resultados obtidos revelam que a medida apresenta evidências satisfatórias de validade de construto e consistência interna, podendo ser aplicada para conhecer os valores de adolescentes no Brasil e em Portugal. Embora não se tenha confirmado a hipótese da invariância, tais achados sugerem que a estrutura fatorial proposta, embora não seja de todo invariante entre os países, apresenta diferenças mínimas entre os países em sua estrutura fatorial. A análise fatorial confirmatória demonstrou o ajuste da solução fatorial proposta, composta pelos sistemas materialista, religioso, hedonista e pós-materialista, com este último dividido em três subsistemas, bem-estar social, bem-estar individual e bem-estar profissional. Todos os itens apresentaram saturações significativas, variando entre 0,37 e 0,85, para a amostra brasileira, e entre 0,34 e 0,90, para a amostra portuguesa. O QVP-24 apresentou índices de consistência interna (alfa de Cronbach) próximos ou acima dos valores comumente recomendados na literatura (ao menos 0,60 e de preferência acima de 0,70; Garson, 2013). Os sistemas pós-materialista, hedonista e religioso apresentaram alfas acima de 0,70 em ambas as amostras, apenas o sistema materialista apresentou alfas entre 0,60 e 0,70. Estes resultados são compatíveis com as investigações anteriores realizadas com o QVP-24 (Pereira et al.,

Lins, S., Poeschl, G., Lima, T.J.S., Souza, L.E.C.S, & Pereira, C.R. (2016). Adaptation and validation of the psychosocial values questionnaire to the context of Brazilian and Portuguese teenagers. Psicologia: Reflexão e Crítica/ Psychology: Research and Review, 29 (12), 1-10. doi: 10.1186/s41155-016-0013-0

2004; Pereira et al., 2005). Dessa forma, o QVP-24 obteve validade externa, por ter sido verificado em diferentes contextos culturais. Cabe ressaltar que os índices de consistência interna do QVP-24 estão próximos ou acima dos valores comumente reportados nos estudos de valores que empregam outras escalas, a exemplo do Portrait Values Questionnaire de Schwartz (2001). Ademais, o alfa de Cronbach tende a ser uma estimativa conservadora da fidedignidade de uma medida, pelo que, a verdadeira estimativa de fidedignidade tem baixa probabilidade de ser menor e elevada probabilidade de ser maior do que o valor reportado (Maroco & Garcia-Marques, 2006). No conjunto, os resultados obtidos na AFC e na MDS fornecem evidências empíricas que permitem aceitar as hipóteses de conteúdo e estrutura do modelo, como também a hipótese da compatibilidade entre os sistemas de valores. A hipótese de conteúdo foi corroborada pela AFC que demonstrou a adequação dos quatro sistemas propostos pela abordagem societal dos valores: hedonista, religioso, materialista e pós-materialista. Este último ainda engloba três subsistemas: bem-estar social, bem-estar individual, bem-estar profissional. Estes sistemas e subsistemas são operacionalizados através de quatro itens cada, que satisfatoriamente mensuram os conteúdos propostos, sendo todas as cargas fatoriais significativas e acima de 0,30 para ambas as amostras. Estes resultados corroboram aqueles encontrados por Pereira et al. (2004). Já a hipótese de estrutura da abordagem propõe a existência de duas dimensões. A primeira dimensão é formada pelos sistemas materialistas e pós-materialistas, e a segunda pelos sistemas religioso e hedonista. Os resultados obtidos pela MDS demonstram que estes sistemas estão distribuídos em função de duas dimensões, tal como proposto pela teoria. De acordo com Pereira et al. (2004), considerando que o sistema religioso é conceitualmente semelhante aos valores de conservação, é possível que eles se contraponham por apresentarem interesses distintos (Schwartz, 1996). De forma similar, é provável uma oposição entre os

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sistemas materialista e pós-materialista, pois estes emergiram em conjunturas socioeconômicas diferenciadas (Inglehart, 1989). Não obstante, a interpretação destas oposições deve ser ponderada, tendo em conta as correlações positivas entre os valores (Pereira et al., 2005). A organização em duas dimensões é mais saliente na amostra brasileira, posto que na amostra portuguesa os valores amor e autoridade emergiram fora dos quadrantes de seus sistemas. O valor amor emergiu mais ao centro, ainda no quadrante do sistema hedonista, o valor vida excitante no quadrante do sistema materialista e o valor autoridade no quadrante do sistema religioso. Embora os sistemas de valores representem conteúdos diferentes, é provável que suas diferenças não sejam discretas, mas sim contínuas (Schwartz, 1992). Pereira et al. (2005), ao correlacionar os sistemas propostos pela abordagem societal com os tipos motivacionais identificados por Schwartz (1992), observaram correlações significativas entre o sistema religioso e os valores de conservação. Neste sentido, o valor autoridade se aproxima do conteúdo dos valores de conformidade de Schwartz (1992), o que pode nos ajudar a entender o resultado observado em Portugal. As covariâncias entre os sistemas foram majoritariamente positivas, exceto a observada entre os sistemas religioso e hedonista na amostra brasileira. Tomadas em conjunto, as covariâncias observadas entre os sistemas permitem corroborar a hipótese de que não existe oposição entre os valores, mas sim que estes se estruturam em função de suas relações de compatibilidades. De acordo com Pereira et al. (2005, p. 22), “estas correlações mostram que a concepção baseada em relações de conflito entre valores (Schwartz, 1996) contradiz a existência da desejabilidade social dos sistemas axiológicos. Isto não implica que não possa haver conflitos entre motivações individuais e sociais. Significa que os valores não são representantes cognitivos de interesses ou motivações individuais”. Ou seja, os valores têm pouco a ver com as necessidades, pois eles relacionam-se, sobretudo, com as ideologias

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sobre como a sociedade deve ser organizada (Deschamps & Devos, 1993). Deste modo, a cisão entre valores individuais e sociais é pouco fiável, pois todos os valores são sociais na medida em que são produzidos nas interações entre os indivíduos (Beattie, 1980; Lima, 1997) e são amplamente compartilhados por estes (Maio & Olson, 1998).

Considerações finais

Em conclusão, pode-se afirmar que o QVP-24 se mostrou uma medida válida e precisa para mensurar os valores dos adolescentes brasileiros e portugueses e que a abordagem societal dos valores teve suas hipóteses confirmadas em todo ou parcialmente, em ambas as amostras. Cabe ressaltar que o sistema de valores dos adolescentes tende a ser menos diferenciado em relação ao dos adultos, já que os adolescentes são menos desenvolvidos cognitivamente e menos experientes (Schwartz 2001). Isto pode ser uma possível explicação para a estrutura observada na amostra portuguesa não ter sido tão clara quanto à observada na amostra brasileira, pois embora a média de idade seja similar em ambas as amostras, a portuguesa apresenta maior desvio padrão. Neste sentido, demanda-se estudos futuros em outras culturas para testar mais amplamente as hipóteses propostas pela abordagem, como também estudos que avaliem a estabilidade da estrutura fatorial proposta em outros contextos.

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Agradecimentos Esta pesquisa foi financiada pelo Programa Erasmus Mundus External Cooperation Window (Projecto MUNDUS17 – coordenado pela Universidade do Porto).

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