Adaptação interativa: o caso Capitu e mil Casmurros da Rede Globo

June 1, 2017 | Autor: Ludimila Matos | Categoria: Machado de Assis, Literatura brasileira, Interação, Adaptação, Adaptação para o cinema
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Adaptação interativa: o caso capitu e mil casmurros da rede globo. Ludimila Santos Matos Mestranda PPG Comunicação, PU C Rio de Janeiro

RESUMO Estudo de caso sobre a adaptação da obra machadiana, Dom Casmurro, realizada pela Rede Globo no ano de 2008, como parte do Projeto Quadrante, no qual quatro renomadas obras da literatura brasileira serão transformadas em microsséries de cinco capítulos. A microssérie, nomeada Capitu, apresenta peculiaridades em relação a outras produções do gênero da mesma emissora por dialogar com diversas áreas das artes, desde o teatro, passeando pelo cinema e, até pelo circo, isso para não citar o próprio deslizamento entre literatura (linguagem escrita) e audiovisual (hibridação entre as várias mídias: áudio, vídeo...). A adaptação se difere, inclusive, da primeira realização dentro desse mesmo projeto - A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna – pois, convergiu também para a Internet, por meio da qual, a emissora viabilizou formas de aproximar o público do produto, e incentivá-lo ao consumo do mesmo. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Brasileira; Machado de Assis; Adaptação; Capitu; Interação.

TELEVISÃO vesrus (?) INTERNET Ao observar a nova conjuntura que vem se firmando no mundo contemporâneo como conseqüência da implementação e absorção das novas tecnologias, é possível distinguir mudanças nos processos de cognição e recepção dos produtos midiáticos. Em particular trata-se aqui da tecnologia digital, da Internet, da Web 2.0 e da interatividade permitida por esse novo modelo de troca de dados que configura a rede mundial de computadores. Numa tentativa de reaproximar o telespectador à TV, num cenário onde o mesmo se afasta do antigo aparelho em função das possibilidades de convergência presentes na World Wild Web, a Rede Globo buscou formas de reconquistar uma audiência cada dia mais distante, utilizando-se da própria rede, dos deslizamentos entre áreas das artes observando as possibilidades emblemáticas da modernidade. O Projeto Quadrante, da emissora, tem por intenção transformar quatro obras renomadas da literatura nacional em microsséries de cinco capítulos. A estréia da concepção deu-se com a adaptação do romance A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna como parte das comemorações de seu aniversário de 80 anos. Capitu, adaptação da obra

de Machado de Assis, Dom Casmurro, foi a segunda a ser produzida e exibida no canal aberto. Ainda aguardam produção Dançar Tango em Porto Alegre, de Sérgio Faraco e Dois Irmãos, de Milton Hatoun. Dom Casmurro é considerada a obra prima do escritor brasileiro Machado de Assis. Foi publicado em 1899 e, embora o próprio autor fosse contra a classificação, o romance está categorizado como obra realista. Em celebração aos 100 anos da morte do escritor, a Rede Globo adaptou a obra para TV, na microssérie Capitu, dirigida por Luís Fernando Carvalho. O mesmo diretor assinou outras produções de estética visual singular. No caso da adaptação do aclamado romance de Machado, Carvalho trabalhou com interseções entres várias áreas das artes, mesclando teatro, poesia, cinema, fotografia e música. Observando-se os capítulos da microssérie, é possível identificar os deslizamentos entre linguagens visuais e artísticas. A tentativa de uma releitura da obra que tentasse aproximar o telespectador moderno da mesma, ou mesmo sua curiosidade para uma posterior leitura. Propõe-se aqui uma análise da construção da adaptação, distinguido suas multifaces e sua relação direta com o comportamento interacional digital do usuário da Internet.

DOM CASMURRO X CAPITU: UMA INTERSEÇÃO ENTRE TEATRO, CIRCO, MÚSICA, CINEMA E TELEVISÃO Há, no estudo das Letras, ampla bibliografia sobre adaptações da literatura para o cinema ou, no fluxo contrário, do cinema para a literatura. Hoje, é possível produzir e disseminar produtos como a microssérie em análise graças aos diversos movimentos de reformulação que o cinema viveu ao longo de sua história. Ainda que neste estudo, aborde-se uma adaptação da literatura para a televisão, sob o molde de uma produção audiovisual, a estética do mesmo dialoga com características mais caras às realizações cinematográficas. Um dos movimentos cuja influência remete ao produto em estudo é conhecido por Nouvelle Vague francesa. Robert Stam, em A Literatura através do Cinema, cita o ensaio do romancista/cineasta Alexandre Astruc, O nascimento de uma nova câmera: a câmera-caneta, onde Astruc

Propõe que o cinema estava em vias de se tornar um novo meio de expressão, análogo à pintura ou ao romance. Dentro dessa

perspectiva, o filme não seria mais a interpretação de um texto escrito pré-existente; o próprio processo de filmagem se constituiu como uma forma de escrita através da mise-en-scène. (STAM, 2008, p.331)

Ainda sobre a Nouvelle Vague, Stam (2008, p.332) aborda Bazin sobre sua defesa da adaptação, pois esta não levaria a perdas na literatura. De acordo ainda com Bazin, “a adaptações fílmicas ajudam a democratizar a literatura e torná-la popular” (In STAM, 2008, p.332). O movimento defendia a prática de um “cinema misto”, “que mesclasse uma certa audácia formal (reflexividade, disjunção som/imagem) com os prazeres do cinema dominante (narrativa, performance, desejo, espetáculo)” (STAM, 2008, p.335). Outras questões foram levantadas sobre as adaptações literárias. É comum a avaliação do grau de similaridade entre a obra e a adaptação a partir da interpretação do cineasta. Para Ismail Xavier, a cobrança por essa fidelidade perdeu terreno nas últimas décadas,

pois há uma atenção especial voltada para os deslocamentos inevitáveis que ocorrem na cultura, mesmo quando se quer repetir, e passou-se a privilegiar a idéia de “diálogo” para pensar a criação das obras, adaptações ou não. [...] A interação entre as mídias tornou mais difícil recusar o direito do cineasta à interpretação livre do romance ou peça de teatro, e admite-se até que ele pode inverter determinados efeitos, propor outra forma de entender certas passagens, alterar a hierarquia dos valores e redefinir o sentido da experiência das personagens. (XAVIER In PELLEGRINI, ANO, p.61)

Tomando-se por base a citação de Xavier, antes de ater-se à análise de Capitu como obra resultante de mídias e artes híbridas, faz-se necessário pontuar alguns aspectos do romance que aparentam ser as bases definidas pelo diretor, Luis Fernando Carvalho, da construção da adaptação. Seguindo a métrica da obra original, Capitu, embora seja batizada pelo nome da contra-protagonista, a história conta a perspectiva de Bentinho sobre os fatos, e a partir da ótica de um “velho”, que ao fim da vida, pra reviver emoções da adolescência, começa a escrever suas memórias. Embora a história de Machado, passada no Rio de Janeiro, à época do Segundo Império, seja clássica, a adaptação demonstra um esforço em configurá-la para a recepção do público moderno, numa montagem onde pode-se identificar referências do teatro, do cinema, da poesia, do circo e da pintura, à priori. As filmagens da microssérie foram concentradas num galpão transformado em palco com intuito de remeter à aura teatral, apresentando uma identidade visual

incomum às produções da Rede Globo. Observando-se o cenário, a maquiagem, a fotografia, é possível distinguir os deslizamentos e diálogos entre diferentes áreas. O figurino e as cores apresentam uma estética operística; a maquiagem resgata a visualidade circense; a fotografia remonta às artes plásticas. Na primeira cena, do primeiro capitulo há um jogo de imagens ficcionais (produzidas pela equipe da microssérie), planos de filmes da época em que o romance foi escrito e, a cena na qual Bentinho recebe a alcunha de Dom Casmurro, quando no cochila ao ouvir os versos de seu “conhecido de chapéu”. A cena é rodada no Metrô Rio nos dias atuais, onde apenas Casmurro e seu “conhecido” estão caracterizados a rigor do século XIX. Os figurantes são pessoas comuns, vestidas de calça jeans e camiseta, trajes dos séculos XX, XXI. Identifica-se essa junção entre a época na qual a história foi idealizada e mundo contemporâneo. No terceiro capítulo da produção, o diretor sugere que os personagens estão dançando ao som de Strauss em seus Ipod`s. A trilha sonora escolhida para o produto é constituída por música clássica, música pop contemporânea e rock, a exemplo de Ozzy Osborne. Outra estratégia para aproximar a obra do público jovem e recuperar uma audiência cada vez menor. Embora o produto apresente uma série de inovações a exemplo das já citadas neste estudo, Luis Fernando Carvalho, optou por manter o texto original. As falas dos atores, em especial as de Dom Casmurro, o narrador da história, tanto no livro, quanto na microssérie, são exatamente iguais às do romance de Machado de Assis. Aspecto que fixa, novamente, a intenção de um casamento harmônico, e eficaz para a emissora, entre o clássico e a modernidade.

WEB 2.0 E INTERATIVIDADE: MIL CASMURROS Sob a perspectiva dos processos de digitalização, a convergência, palavra em voga nas publicações acadêmicas mais recentes, tem estreitado as relações entre artes e comunicações. Essa conjuntura toma corpo a partir da Revolução Industrial, no século XIX. Walter Benjamin, já tratara da reprodutibilidade técnica, ao traçar um pensamento a respeito das outras possibilidades de entender as artes, que resultaram no momento atual da intersecção entre as duas áreas, catalisada pela digitalização. Em seu texto A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica, Benjamin exemplifica como a reprodutibilidade técnica transformou a recepção das obras de arte:

Em primeiro lugar, relativamente ao original, a reprodução técnica tem mais autonomia que a reprodução manual. Ela pode, por exemplo, pela fotografia, acentuar certos aspectos do original, acessíveis à objetiva [...], mas não acessíveis ao olhar humano. Ela pode, também, graças a procedimentos como a ampliação ou a câmera lenta, fixar imagens que fogem inteiramente à ótica natural. Em segundo lugar, a reprodução técnica pode colocar a cópia do original em situações impossíveis para o próprio original. Ela pode, principalmente, aproximar do indivíduo a obra, seja sob a forma da fotografia, seja do disco. (BENJAMIN, 1994, p.168)

No contexto da modernidade, a “Interatividade” tem sido amplamente citada tanto na Academia, quanto na vida social, na própria Internet, e em tantos outros setores da sociedade. Mas o termo ganhou notoriedade a partir da implementação da Web 2.0. Que, de acordo com Alex Primo trata-se da

(...)segunda geração de serviços online e caracteriza-se por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo. (PRIMO In ANTUON, 2008, p.101)

Para entender a relação do termo e suas respectivas implicações com a produção e divulgação de Capitu, é necessário compreendermos o que a terminação define. Neste estudo adotamos a definição do filósofo contemporâneo Pierre Lévy, para quem “o termo ‘interatividade’ em geral ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de informação” (2000, p. 79). O autor desconsidera o receptor absolutamente passivo, pois o mesmo, ainda que sentado em frente à televisão, decodificaria o conteúdo, desta forma, interpretando os dados. Ainda nos apropriamos aqui de outra idéia de Lévy, na qual o mesmo argumenta sobre as possibilidades para formas de interação entre a televisão e seus telespectadores, surgidas com a instituição do ciberespaço:

(...) a digitalização poderia aumentar ainda mais as possibilidades de reapropriação e personalização da mensagem ao permitir, por exemplo, uma descentralização da emissora do lado do receptor: escolha da câmera que filma um evento, possibilidade de ampliar imagens, alternância personalizada entre imagens e comentários, seleção de comentaristas etc. (LÉVY, 2000, p.79)

No caso específico do nosso objeto de estudo, a interatividade ganhou corpus diferenciado, num farto exemplo de convergência das mídias . A emissora, como meio

de divulgar a série entre o público adolescente, em parceria com uma nova agência de soluções em comunicação, a Live-Ad, investiu em redes sociais interativas, incentivando a leitura coletiva da obra de Machado na Internet. Um dos casos mais famosos da conjunção entre vários veículos para divulgação de um produto midiático foi a trilogia de filmes Matrix, inserida no que Henry Jenkins denomina “narrativas transmidiáticas” (2008, p.132). Ainda de acordo com o mesmo autor, nunca os telespectadores foram tão exigidos por uma franquia de filmes. Jenkins explica a trajetória da franquia desde seu pré-lançamento no qual a divulgação despertava curiosidade no telespectador com a pergunta: “O que é Matrix?”, incentivando-o a buscar respostas na Internet. Na sequência Matrix Reloaded, os produtores plantaram pistas sobre o lançamento nos jogos de vídeo games Matrix, paralelamente à disponibilização de uma série de animes1 na rede mundial que complementariam o roteiro do cinema. O segundo filme da trilogia bateu recordes de audiência. “Matrix é entretenimento para a era da convergência, integrando múltiplos textos para criar uma narrativa tão ampla que não pode ser contida em uma única mídia” (JENKINS, 2008, p. 134). De acordo com o diretor do programa de Estudos de Mídia Comparada do MIT2

Uma história transmidiática se desenrola através de múltiplos suportes midiáticos [...]. Na forma ideal de narrativa transmidiática, cada meio faz o que faz de melhor – a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida pela televisão, romances ou quadrinhos [...]. A compreensão obtida por meio de diversas mídias sustenta uma profundidade de experiência que motiva mais consumo [...]. Oferece novos níveis de revelação e experiência renova a franquia e sustenta a fidelidade do consumidor. A lógica econômica de uma indústria de entretenimento integrada horizontalmente – isto é, uma indústria onde uma única empresa pode ter raízes em vários diferentes setores midiáticos – dita o fluxo de conteúdos pelas mídias. Mídias diferentes atraem nichos de mercado diferentes. (JENKINS, 2008, p. 135)

Encerrando Capitu como um projeto de mídia que se configura dentro de alguns aspectos da teoria da narrativa transmidiática por entender a possibilidade de compreensão e disseminação num projeto que mescla diversas mídias, neste estudo, a

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Curtas de animação. Massachusetts Institute of Technology.

mesma é analisada com base no modelo proposto por Jenkins. De acordo com o vídeo3 de divulgação da microssérie Capitu, a emissora “precisava melhorar sua reputação para com uma nova geração que estava desconectada da TV”4. Uma forma de casar produto televisivo e ambiente digital, este último mais aberto à cooperação e às trocas coletivas. Na intenção de reconquistar esse público, hipnotizado pelas possibilidades multimídia da rede mundial de dados, a TV Globo, elaborou um projeto paralelo à produção da microssérie, chamado Mil Casmurros. A idéia consistia num esforço para mobilizar uma leitura coletiva do romance Dom Casmurro, na Internet. Para incentivar os usuários da rede a participarem da iniciativa, a emissora convidou atores reconhecidos pelo grande público a participarem do “movimento literário”, e divulgou-o na própria Worl Wide Web. A produção também utilizou outra estratégia de marketing que remetia o telespectador à Internet. Dois DVD`s que continham o trailer de Capitu e o convite para Mil Casmurros, foram deixados em um shopping no Rio de Janeiro e em São Paulo. A proposta sugerida na mídia era que quem encontrasse o DVD assistisse e deixasse em outro lugar, para que outra pessoa também pudesse ver, e depois fosse ao site da microssérie contar num post5 onde encontrou o material e sua opinião sobre o mesmo. Estratégia para manter o site da série sempre visitado. Assim, internautas foram para frente da webcam ler seus trechos favoritos de Dom Casmurro. Segundo a direção do programa, a estratégia, em junção com outras táticas de propaganda, teria alcançado um público de 33 milhões de telespectadores na frente da TV, assistindo à microssérie exibida durante a madrugada. A solução encontrada como forma de resgatar essa audiência, agora dividida com a Web, rendeu à microssérie um Leão de Ouro de Relações Públicas na categoria Novas Mídias no Festival de Publicidade de Cannes.

CONCLUSÃO No contexto da digitalização dos processos midiáticos e das relações sociais a convergência é citada como palavra de ordem desse novo paradigma que se delineia. Diversas discussões sobre o mundo digital alimentam o cenário acadêmico e a vida 3

Vídeo de apresentação da microssérie Capitu no prêmio internacional, Globo de Ouro, em Cannes, ao qual concorreu, e ganhou, o cobiçado Leão de Ouro. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=jK_h6XiVVbE 5

Comentário feito por usuários de redes sociais interativas digitais.

cotidiana. O que é facilmente identificável, porém, nesse novo ambiente, é que o mundo entrou num fluxo de sentido único em direção ao digital. Muito se tem especulado sobre a convergência das mídias, que Henry Jenkins define como “fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos” (2008, p.27), e as formas de interação com os públicos que essa realidade supõe. A Internet aparece no centro desse processo, contagiando e se apropriando de antigas formas de produção midiáticas. Há registro de iniciativas ousadas do casamento de mídias antes completamente distantes, a exemplo do caso clássico da trilogia Matrix, que uniu cinema, Internet e vídeo game. Observa-se que o meio de comunicação que mais vem sofrendo quedas mercadológicas é a televisão pela perda da audiência, em especial, do público jovem, adolescente, que constitui a grande massa dos usuários da rede mundial. Neste estudo, tem-se a microssérie da Rede Globo, Capitu, como um caso de recuperação de identidade e alcance da televisão num mundo digitalizado, transformando seu grande concorrente, a Internet, num aliado. O produto foi idealizado, segundo a direção da emissora, para o público jovem. Dom Casmurro é leitura obrigatória em aulas de literatura brasileira logo no início da vida escolar. Objetivava-se aproximar esse público, novamente, do meio televisivo, por meio da participação coletiva no meio em que esse público se concentra e, por fim, gerar pontos de identificação da juventude moderna com a obra clássica. A solução encontrada pela produção para divulgar a microssérie, o projeto Mil Casmurros, rendeu prêmio internacional à Rede Globo e, trouxe a audiência de 33 milhões de pessoas. O mini-seriado exemplifica de forma concreta o deslizamento entre as artes, numa montagem que utilizou referências do teatro, das artes plásticas, da contemporaneidade, da música, do cinema e do circo, aproximando-se dos objetivos de grandes movimentos do cinema como o nouvelle vague e modernizando o texto clássico de Machado de Assis, que embora sustente o projeto visual incomum da microssérie, foi fielmente mantido. Capitu viria inaugurar na televisão brasileira a experimentação que o cinema e a televisão americana já visualizaram. Pode-se exemplificar os casos dos seriados Lost e Heroes,

que

investem

num

trânsito

contínuo

entre

telespectador/usuário,

disponibilizando conteúdo atachado a essas produções na rede mundial, abrindo canais

de diálogo com o público e incentivando um determinado modelo de interação e participação na construção desses produtos midiáticos. O paradigma desse ambiente constrói-se à medida que a sociedade se adapta à digitalização do mundo. Posto isto, Capitu insere-se num conjunto de objetos que constituem amplo escopo de investigação, configurando-se como um produto resultante da emergência resultante da convergência em seu sentido amplo: convergência de mídias, convergência das artes.

REFERÊNCIAS BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. – (Obras escolhidas; v.1) JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed.34, 1999. PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. In: ANTUON, Henrique (org). Web 2.0: participação e vigilância na era da comunicação distribuída. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008. STAM, Robert. A literatura através do cinema: realismo, magia e a arte da adaptação. 1. Ed. Belo Horizonte: UFMG, 2008. XAVIER, Ismail. Do texto ao filme: a trama, a cena, e a construção do olhar no cinema. In: PELLEGRINI, Tânia et al (org.). Literatura, cinema e televisão. São Paulo: SENAC São Paulo: Instituto Itaú Cultural, 2003.

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