ADEUS AO TRABALHO?

June 5, 2017 | Autor: Paulo César Machado | Categoria: Business Administration, Direito do Trabalho, Sociologia do Trabalho, Toyotismo
Share Embed


Descrição do Produto

ADEUS AO TRABALHO? Ricardo Antunes Relatório do Texto – Capítulo 1

O autor nos apresenta neste seu ensaio uma ampla abordagem sobre a temática da globalização do trabalho desde a desconcentração, a flexibilização e a desregulamentação, até a crise da sociedade do trabalho vivida no século 20. No Capítulo 1, nos apresenta uma análise das dimensões e as repercussões das mudanças nas relações do trabalho e da produção, no contexto histórico do pósguerra do século 20, com o aparecimento de grandes inovações e a aplicação de novas tecnologias de produção, tais como a microeletrônica e a automação generalizada. Sua análise concentra-se em grande parte deste capítulo, nas evoluções percebidas no processo de trabalho dos modelos “taylorista” e “fordista” que naturalmente se mesclam, dando origem ao “neofordismo” enquanto surge no Japão o modelo “toyotista”, que a partir principalmente da década de 1980, começa a se expandir nos países da Europa e América do Norte (EUA). O “toyotismo” caracteriza-se pelo rompimento com o antigo padrão de produção em massa, que privilegiava a produção total, com a estocagem máxima de matérias-primas e produtos. No novo modelo, despreza-se a quantidade, passando a ênfase à eficiência, onde se produz com padrões de atendimento voltados exclusivamente ao mercado consumidor, onde a produção varia de acordo com a demanda e o trabalhador não é valorizado nas crises e quedas de mercado, muitas vezes é descartado. O modelo “toyotista”, implicitamente disfarça, com meios manipulatórios, e mitiga o despotismo do antigo modelo “taylorista” e “neofordista”, adotando um sistema de participação do empregado, dentro da ordem da empresa e da hierarquia, onde o empregado é levado a assumir responsabilidades e/ou riscos que seriam das suas chefias ou do patrão (empresa). Ensaiam-se modalidades de desconcentração industrial, com novos padrões de gestão e gerenciamento da força de trabalho, que nada mais são que formas intencionalmente aprimoradas, de modificar as condutas e influenciar no modo de pensar dos trabalhadores, de forma a torna-los mais maleáveis e suscetíveis à dominação do capital globalizado. Com a ascensão do “toyotismo”, surge um acentuado privilegiamento da “flexibilidade”, tanto no aparelho produtor, quanto no da organização do trabalho e dos trabalhadores. Na medida em que a implantação desse sistema se amplia pelos diversos mercados e áreas industriais, mais acentuada se mostra a tentativa de precarização com a pretendida desregulamentação das condições e redução das vantagens e conquistas obtidas nos direitos trabalhistas, ao que passaram a se referir pelo pomposo nome de “flexibilização”. Enquanto que, ao contrário do “fordismo”, onde um trabalhador realizava uma única função, agora este mesmo trabalhador é responsável por diversas e variadas funções, as quais ele vai executando de acordo com a programação da empresa ou para atender ao mercado em coordenação com as necessidades empresariais.

Em razão dessa flexibilidade, o toyotismo passou a ser denominado como sistema de acumulação flexível. Este modelo, de certa maneira, no contexto da obra apresentada, tornou-se um gatilho para o disparo certeiro contra a força das lutas sociais e particularmente as lutas da classe trabalhadora, onde procurou atingir entre outros níveis e aspectos, o patamar da posição ideológica do trabalhador, uma vez que, tal como a “mão invisível” de Adam Smith, incorporou à categoria uma cultura indutora do comportamento tipicamente subjetivista, implantando um pacote de ideias com vistas à mudança de um perfil voltado para o coletivo funcional, para um perfil desagregante, que enfatiza e faz surgir uma apologia ao extremado individualismo, cuja consequência é o declínio das tradicionais formas de comportamento solidário, quebrando sobremaneira a interação e a atuação coletiva do trabalhador dentro da sociedade e da sua classe laboral. Como exemplo dessa forma sorrateira de agir, implícita no modelo japonês ou toyotista, o autor apresenta, neste capítulo um relato onde nos mostra que a Toyota, nos anos 1950, conseguiu derrotar uma longa greve de metalúrgicos e em seguida o forte sindicalismo sofreu outras derrotas e severa repressão foi aplicada aos principais líderes sindicais; aproveitando a desestruturação do sindicalismo, as empresas criaram o que veio se tornar num traço de distinção no sindicalismo japonês da era “toyotista”. Criou-se o sindicalismo de empresa, totalmente submisso a classe patronal, assim esse sistema passou a combinar a repressão com a cooptação, que se tornou a pedra fundamental para o sucesso do sistema capitalista dominante, em particular da Toyota e o seu modelo de acumulação flexível, culminando com a plena subordinação do trabalhador ao mando empresarial, e coordenado pelo sindicalismo manipulado e cooptado, que deu origem ao modelo chamado de “toyotista”. Para sustentar sua análise o autor traz em citações, trabalhos, artigos e teses de consagrados autores que produziram estudos favoráveis ou não ao tema e críticas abrangentes sobre o assunto. Por fim o autor nos conduz pela sua posição declaradamente favorável à linha que vê com restrições o dito “processo de acumulação flexível”, onde se encaixa o modelo japonês ou “toyotista”, cujo objeto, ele julga, carece de uma ampla reflexão crítica; ao mesmo tempo mostra com riqueza de argumentos sua posição contrária aos postulados da doutrina liberal, ora dita “neoliberal” e fecha o capítulo com indagações, segundo o mesmo agudas, evocando e apresentando citações de vários autores com afinidades a esta linha de pensamento, em detrimento da flexibilização, visto que esta, nenhum benefício trará ao trabalhador ou ao trabalho.

Governador Valadares, 13/04/2016.

Paulo César Machado.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.