Afinal, o que é estudar?

June 30, 2017 | Autor: Sérgio Luís Boeira | Categoria: Leitura E Compreensão Textual
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AFINAL, O QUE É ESTUDAR? Prof. Sérgio Luís Boeira Estudar é desenvolver uma série de procedimentos para aprender. A aprendizagem contém três aspectos: 1. Assimilar ideias novas, dando sentido e ordem a elas, não apenas ouvindo-as ou memorizando-as; 2. Refletir sobre as novas ideias, adequando-as às nossas próprias ideias, confrontando-as, a fim de melhorar a compreensão geral do que estamos estudando; 3. Expressar ideias recentemente formuladas, falando e escrevendo sobre elas, ou seja, tendo uma postura realmente ativa diante do aprendizado. Os três aspectos – assimilação, reflexão e expressão de idéias novas – podem ser melhor compreendidos da seguinte forma:

Assimilação Há quem pense que assimilar ideias é o mesmo que “enfiar” montanhas de fatos ou informações em sua própria cabeça, como se assimilação fosse sinônimo de memorização. Usar a memória é muito importante e é preciso desenvolvê-la, mas não separando-a da compreensão. Quando compreendemos algo, organizamos informações que têm sentido para nós. Fazemos uso de critérios valorativos para armazená-las, de tal forma que o processo de assimilação envolve uma preocupação com a ordem de importância que cada idéia nova tem para nós. Quanto mais elevada é nossa expectativa de assimilação (quando mais queremos verdadeiramente aprender), mais profunda deve ser nossa compreensão dos critérios valorativos que estamos utilizando na aprendizagem, muitas vezes de forma inconsciente. Por outras palavras, maior compreensão do “mundo externo” requer maior autocompreensão.

Reflexão e Diálogo Este processo requer uma capacidade de diálogo pessoal consigo mesmo de uma forma mais intensa do que a que normalmente precisamos para fazer coisas com as quais já estamos habituados. Refletir sobre ideias novas é interrogá-las, avaliá-las, perguntar a si mesmo não apenas sobre o sentido e o valor que elas têm para nós, mas também para as pessoas com quem convivemos e para a sociedade em geral. Refletimos sobre novas ideias quando fazemos anotações sobre elas; quando elaboramos um “mapa conceitual” (técnica de aprendizagem), destacando e resumindo

as principais ideias de um capítulo ou livro. Refletir sobre ideias é entrar em confronto com elas, testando-as com nossa capacidade de raciocínio lógico e com nossa capacidade tanto de analisá-las quanto de resumi-las, colocando-as num outro contexto, diferente daquele no qual elas apareceram. Para isso precisamos elaborar certas imagens, representações, símbolos, interpretações que façam referência às ideias novas, mas que sejam algo mais do que elas, algo diferente, porque este algo já contém uma parte de nossa subjetividade. Nesse processo estamos mais do que assimilando e organizando – estamos filtrando, selecionando, interpretando, julgando e representando em nova forma as ideias novas. Refletir implica em reconstruir o conhecimento, assumindo responsabilidade pelo que nele introduzimos de nossa subjetividade.

Expressão Ao exprimir novas ideias fazemos uso das imagens ou representações sintéticas que desenvolvemos durante a reflexão, obtendo com isso maior solidez no aprendizado. Expressar ideias novas, falando ou escrevendo, faz parte do aprendizado tanto quanto ouvi-las ou lê-las. Usar um equipamento de gravação para explicar para nós mesmos o que entendemos depois da leitura de um parágrafo ou de um capítulo é uma técnica muito eficaz de aprendizagem. Apresentar as novas ideias e discuti-las entre pessoas que estão interessadas em aprendê-las também é muito eficaz. Não temos, neste processo, nenhuma garantia de que nossas representações, imagens ou interpretações são “verdadeiras” ou “exatas”. Facilmente nos apegamos a aspectos irrelevantes ou confundimos nossas ideias antigas com as ideias que estamos procurando aprender. Por isso, precisamos recuar ao avançar no aprendizado, fazendo uma retrospectiva, perguntando a nós mesmos e a outros onde estão os possíveis erros de interpretação. Elaborar testes, fazer novas observações sistemáticas, conferir os textos originais – isto é fazer ciência. Estudar é investigar, memorizar, levantar hipóteses, desconfiar do que já foi aprendido, escrito e consagrado, assim como debater, expor as próprias dúvidas, aceitar e rever erros de interpretação, combinar análise com síntese, desenvolvendo a percepção, o sentimento, a intuição e o pensamento em equilíbrio dinâmico.

Aprendizagem de baixa, média ou alta intensidade

O que foi dito acima pode servir como parâmetro para decisão sobre níveis de aprendizagem almejados. Se optarmos por um nível com baixa intensidade de

aprendizagem, paramos no primeiro procedimento, o da assimilação. Se escolhermos um nível de aprendizagem de intensidade média, avançamos para o procedimento da reflexão e do diálogo, integrando no mesmo a assimilação. Mas se decidirmos alcançar uma aprendizagem de alta intensidade, então buscaremos integrar os dois primeiros procedimentos no terceiro, o da expressão. E expressão não só oral, mas principalmente escrita, organizada com a finalidade de aprender, de pesquisar, analisar, de sintetizar.

Referência bibliográfica

NORTHEDGE, Andrew. Técnicas para estudar com sucesso. Ed. USFC, 1998.

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