AGRICULTURA ORGÂNICA EM OITO MUNICÍPIOS DO SUDOESTE DO PARANÁ

June 5, 2017 | Autor: Luciano Candiotto | Categoria: Geography, Agroecology, Organic agriculture, Agroecologia
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LUCIANO ZANETTI PESSOA CANDIOTTO LUIZ ANTONIO SCHIMITZ PAMELA CICHOSKI RAQUEL ALVES DE MEIRA SUZANA GOTARDO DE MEIRA TALITA CAROLINE DAMBROS

AGRICULTURA ORGÂNICA EM OITO MUNICÍPIOS DO SUDOESTE DO PARANÁ

FRANCISCO BELTRÃO 2013

2 Copyright © 2013 Grupo de Estudos Territoriais – GETERR

Esta obra possui conselho editorial indicado pelo Grupo de Estudos Territoriais (GETERR) Marcos Aurélio Saquet - Presidente Adilson Francelino Alves Edson Belo Clemente de Souza Eliseu Savério Sposito Luciano Zanetti Pessôa Candiotto Roseli Alves dos Santos Silvia Regina Pereira Diagramação: Luciano Z. P. Candiotto, Raquel A. de Meira, Suzana G. de Meira. Ficha catalográfica: Sandra Regina Mendonça. Impressão: Grafibem Tiragem: 1.200 exemplares Apoio financeiro: Secretaria Da Agricultura Familiar (SAF) / Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Equipe colaboradora: Ari Silvestro – ASSESOAR Débora Luzia Gomes – bolsista CNPq Felipe Fontoura Grisa - ASSESOAR Janete Rosane Fabro - ASSESOAR Lucas Ricardo Hoenig – bolsista CNPq Lunéia Catiane de Souza – bolsista CNPq

Maristela da Costa Leite – bolsista CNPq Prof. Dr. Adilson Francelino Alves – UNIOESTE, Fco Beltrão Prof. Dr. Marcos Aurélio Saquet – UNIOESTE, Fco Beltrão Profa. Dra. Roseli Alves dos Santos – UNIOESTE, Fco Beltrão Prof. Ms. Serinei Cesar Grigolo – UTFPR, campus Dois Vizinhos

Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas - UNIOESTE – Campus Francisco Beltrão

A278 Agricultura orgânica em oito municípios da região sudoeste do Paraná. / Organização de Luciano Zanetti Pessôa Candiotto et al. – Francisco Beltrão: Unioeste – Campus de Francisco Beltrão, 2013. 120 p. ISBN: 978-85-89441-63-6 1. Agricultura orgânica – Sudoeste do Paraná. I. Candiotto, Luciano Zanetti Pessôa. II. Título.

CDD – 631.584

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SUMÁRIO

PREFÁCIO

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APRESENTAÇÃO

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DIFERENÇAS ENTRE AGRICULTURA ORGÂNICA E AGROECOLOGIA

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PERFIL DOS OITO MUNICÍPIOS PESQUISADOS E DOS AGRICULTORES COM PRODUÇÃO ORGÂNICA

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MUNICÍPIO DE AMPÉRE

11

MUNICÍPIO DE ENÉAS MARQUES

22

MUNICÍPIO DE FLOR DA SERRA DO SUL

25

MUNICÍPIO DE FRANCISCO BELTRÃO

31

MUNICÍPIO DE ITAPEJARA D´OESTE

46

MUNICÍPIO DE MARMELEIRO

58

MUNICÍPIO DE SALTO DO LONTRA

67

MUNICÍPIO DE SÃO JORGE D´OESTE

76

MUNICÍPIO DE VERÊ

88

PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA

104

EXEMPLOS DE PLANTAS INDICADORAS DE CARACTERÍSTICAS DO SOLO

105

PORQUE APLICAR O PLANTIO DIRETO?

110

PLANTAS AMIGAS E INIMIGAS EM ALGUMAS CULTURAS

110

PRINCIPAIS NUTRIENTES E SUAS FUNÇÕES NAS PLANTAS

112

SINTOMAS NAS PLANTAS DEVIDO À DEFICIÊNCIA EM NUTRIENTES

114

DICAS PARA O CONTROLE DE PRAGAS

115

CONSIDERAÇÕES FINAIS

118

REFERÊNCIAS

120

4

PREFÁCIO

A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER, criada em 2004 e instituída em 11 de janeiro de 2010 pela Lei 12.188, estabelece princípios e objetivos para os serviços de Ater voltados para o desenvolvimento rural sustentável com base na agricultura familiar. Os esforços de implementação da PNATER incluem a parceria com o CNPq por meio de editais relacionados à inovação metodológica, tecnológica e de processo, para as diversas categorias da agricultura familiar. Desde 2004 foram realizados 8 editais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio da Secretaria da Agricultura Familiar e do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural. Foram fomentados 577 projetos de extensão em Instituições de Ensino Superior Públicas, Comunitárias e Confessionais, Públicas de Assistência Técnica e Extensão e Estaduais de Pesquisa Agropecuária – OEPAs, contribuindo com a execução da PNATER. Os editais incluem o Edital MCT/CNPq/MDA/CT-Agro nº 22/2004; Edital MCT/CNPq/MDA/CT-Agro nº 20/2005 em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Fundo Setorial do Agronegócio (CT - Agronegócio); Edital MCT/CNPq/MDA/MDS nº 36/2007 em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS); Edital

MCT/CNPQ/CT

MDA/SAF/MCT/SECIS/FNDCT/Ação

Agronegócio/MDA Transversal

I/CNPQ

n° n°

23/2008; 24/2008;

Edital

MCT/CNPQ/MDA/SAF/DATER n° 33/2009; Edital MDA/SAF/CNPq n° 58/2010; e Edital MCTI/MAPA/MDA/MEC/MPA/CNPq nº 81/2013. O Edital MDA/SAF/CNPq n°58/2010 fomentou projetos de implantação e/ou consolidação de 52 Núcleos de Pesquisa e Extensão em Agroecologia nas instituições de ensino, sendo 18 projetos na região Sul; 13 projetos no Sudeste, 12 projetos no Nordeste, 5 projetos na região Centro-Oeste, e 4 projetos na região Norte. Esses projetos contribuíram para a produção científica e extensão rural com base nos princípios da Agroecologia na agricultura familiar, e fortaleceram parcerias com a assistência técnica e extensão rural, qualificando a formação de professores, alunos e técnicos. Os projetos foram executados por 42 instituições e envolveram mais de 70 instituições parceiras/colaboradoras de extensão rural governamentais e não governamentais, pesquisa agropecuária, secretarias estaduais e municipais, ensino

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médio, organizações de agricultores e pescadores, entre outras. As atividades foram desenvolvidas em cerca de 200 municípios em 20 estados da federação, beneficiando direta e indiretamente mais 10.000 pessoas, entre estudantes, professores, agricultores e agentes de ATER. Os projetos contratados pelo Edital promoveram ações de extensão tecnológica inovadora nas áreas do conhecimento das Ciências Agrárias (39 projetos), Ciências Humanas (9 projetos), Ciências Sociais Aplicadas (1 projeto), Ciências Biológicas (1 projeto) e outras áreas (2 projetos) sendo que o projeto “Conhecendo a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia em nove municípios do Sudoeste do Paraná”, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus de Francisco Beltrão, sob responsabilidade do prof. Dr. Luciano Zanetti Pessôa Candiotto, resultou na publicação desse livro. Esse Edital contribuiu significativamente para a construção do conhecimento agroecológico, a formação de parcerias entre extensão rural, ensino, pesquisa agropecuária e agricultores familiares, e a formação de agentes de Ater. Agora, o desafio a enfrentar é assegurar que o aprendizado desses projetos seja apropriado pela Ater, de forma a qualificar os serviços, contribuindo para o fortalecimento da agricultura familiar e a promoção do desenvolvimento rural sustentável.

Valter Bianchini Secretário da Agricultura Familiar Ministério do Desenvolvimento Agrário

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APRESENTAÇÃO

Esse livro tem o objetivo de apresentar os resultados de dois projetos de pesquisa desenvolvidos pelo Grupo de Estudos Territoriais (GETERR), da UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão. Os dois projetos tiveram apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e buscaram conhecer elementos relacionados à experiências de agricultura orgânica no Sudoeste do Paraná. Em um dos projetos1, procuramos conhecer a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia em oito municípios da região (Ampére, Flor da Serra do Sul, Francisco Beltrão, Itapejara D´Oeste, Marmeleiro, Salto do Lontra, São Jorge d'Oeste e Verê), considerando as ações realizadas por instituições públicas e privadas (prefeitura, associações, ONG´s, sindicatos e cooperativas), e principalmente os estabelecimentos rurais que atuam na perspectiva da agricultura orgânica. Assim, pudemos identificar avanços, dificuldades e perspectivas para cada município e para cada Unidade de Produção e Vida Familiar (UPVF) pesquisada. No outro projeto2, trabalhamos com o levantamento de informações acerca das formas de manejo de solos e plantas em 12 UPVFs do município de Francisco Beltrão, realizamos cursos sobre manejo de solos e plantas, análises químicas dos solos, e apresentamos sugestões de manejo para os agricultores. As sugestões estão presentes nesse livro. Portanto, esse livro é destinado a agricultores e pessoas que consomem ou pretendem consumir alimentos orgânicos, com informações básicas sobre a configuração da agricultura orgânica em oito municípios da região Sudoeste do Paraná, considerando cada um dos estabelecimentos rurais pesquisados, bem como com dicas e sugestões para o manejo adequado de solos e plantas dentro da perspectiva da agroecologia. Nesse tempo em que muito se fala de sustentabilidade, achamos fundamental incentivar experiências que buscam efetivar essa sustentabilidade, e entendemos que a O projeto “Conhecendo a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia em nove municípios do Sudoeste do Paraná” teve apoio financeiro da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), através do Edital n. 58/2010, chamada 2. Como no início da pesquisa soubemos que não haviam mais agricultores com produção orgânica no município de Enéas Marques, optamos por não continuar o levantamento nesse município. 2 O projeto “Apoio técnico sobre manejo agroecológico em unidades rurais familiares no município de Francisco Beltrão – PR” teve apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), através do Edital n. 10/2010. 1

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agroecologia é uma dessas experiências voltadas a uma agricultura sustentável. Assim, temos procurado entender elementos constituintes da agroecologia e da agricultura orgânica no Sudoeste do Paraná, que possui uma rica história de agricultores e instituições que vêm fortalecendo essas práticas. Geralmente, não conseguimos diferenciar um produto orgânico, nem mesmo valorizá-lo, pois a grande maioria dos alimentos que compramos, são produzidos com o uso de agrotóxicos. Achamos que os alimentos mais bonitos ou maiores são melhores em termos nutricionais e mais saborosos. Quando vemos um “bichinho” em alguma verdura, estranhamos sua presença, pois isso não é mais comum. Até jogamos fora alimentos com algum inseto, pois achamos que ele pode contaminá-lo. No entanto, não paramos pra pensar que o “bichinho” é uma testemunha de que aquele alimento não foi pulverizado com agrotóxicos, e que esse ser “indesejável”, não contaminará o alimento caso este seja bem lavado e preferencialmente mergulhado em uma mistura de água com um pouco de vinagre. Invertemos nossa noção de um alimento saudável e não nos damos conta de que consumimos cada vez mais agrotóxicos. Além de buscarmos apresentar alguns resultados de nossas pesquisas, a intenção desse livro é informar você leitor, sobre a existência de agricultores que cultivam seus produtos sem agrotóxicos no Sudoeste, mostrando o que produzem, onde estão, qual a trajetória dessas iniciativas nos oito municípios pesquisados, entre outros aspectos que podem ser úteis aos agricultores, como as dicas de manejo de solos e plantas. Sabemos que existem outros agricultores no Sudoeste que trabalham nessa perspectiva e, caso tenhamos deixado algum agricultor dos municípios pesquisados fora desse material, gostaríamos de nos desculpar. Porém, como as informações sobre agricultura orgânica são difíceis de serem obtidas, acabamos trabalhando com os dados que conseguimos obter de outras instituições, como prefeituras dos municípios envolvidos, Rede Ecovida de Agroecologia, Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR), Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), entre outras. O mais importante é que conseguimos disponibilizar esse livro como mais uma contribuição para a divulgação, reconhecimento e fortalecimento da agricultura orgânica e da agroecologia no Sudoeste do Paraná.

Prof. Dr. Luciano Z. P. Candiotto e equipe organizadora.

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DIFERENÇAS ENTRE AGRICULTURA ORGÂNICA E AGROECOLOGIA

De modo geral, na agricultura orgânica os alimentos são cultivados sem o uso de insumos químicos produzidos em laboratórios (agrotóxicos), de modo que sua qualidade nutricional e seu sabor são melhores que nos chamados alimentos convencionais (cultivados com agrotóxicos). Esse tipo de agricultura é chamado de orgânica. No entanto, a busca por produtos orgânicos leva a uma pressão de mercado, favorecendo àqueles produtores que podem investir em tecnologias externas à propriedade, e os consumidores que podem pagar mais caro pelos produtos orgânicos. Portanto, mesmo com uma produção mais “limpa”, a agricultura orgânica, assim como a agricultura convencional ou transgênica, pode ser desenvolvida dentro da mesma lógica comercial, onde o agricultor acaba recebendo um valor baixo pelos alimentos que produz, enquanto os atravessadores ficam com a maior parte do lucro, ao vender esses produtos com valores mais altos que os convencionais, inviabilizando a possibilidade da maioria das pessoas consumirem alimentos orgânicos. Segundo Assis e Romeiro (2002), a prática eminentemente mercantil pode colocar em risco a sustentabilidade do sistema, pois costuma desconsiderar o equilíbrio entre o social, o econômico e o ecológico. Assim, mais do que produzir alimentos sem agrotóxicos, é preciso valorizar o trabalho dos agricultores, através de um pagamento justo pelos produtos, do fortalecimento de sua autonomia e autoestima, e da oferta desses produtos para o maior número de consumidores possível. É nesse contexto que a agroecologia se diferencia da agricultura orgânica, pois apesar de fazer parte das formas de produção orgânica, a agroecologia é mais complexa, preocupando-se não somente com os aspectos produtivos, mas também com a questão da comercialização, através da aproximação entre produtor e consumidor. Na perspectiva da Agroecologia, o processo de produção agrícola deve estar vinculado às dimensões ambiental, social e econômica das propriedades e famílias rurais. Assim, a agroecologia fundamenta-se na qualidade de vida dos agricultores e dos consumidores, onde o lucro também é importante, porém apresenta-se como mais um dos elementos a serem otimizados, e não como o único e principal elemento, como é comum na agricultura convencional, transgênica e mesmo em algumas experiências de agricultura orgânica que objetivam somente a geração de lucro para os produtores envolvidos.

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Podemos afirmar que todas as práticas agroecológicas estão inseridas na corrente da agricultura orgânica, que, por sua vez, é uma das correntes da chamada agricultura de base ecológica. Por outro lado, as práticas agroecológicas, apesar de fazerem parte da agricultura orgânica, possuem peculiaridades que as tornam mais restritas que as da agricultura orgânica, pois a Agroecologia está intimamente vinculada à agricultura familiar e/ou camponesa, sendo um tipo de agricultura de pequena escala, caracterizada pela policultura, pela mão-de-obra familiar, por sistemas produtivos complexos e diversos, adaptados às condições locais, voltados para o consumo familiar e mercados locais e regionais, valorizando as práticas agrícolas e culturais dos agricultores familiares, como o saber fazer acumulado historicamente. Assim, entendemos que o fortalecimento da Agroecologia faz parte de uma estratégia de fortalecimento da agricultura familiar de base camponesa, onde esses agricultores são reconhecidos como aqueles que produzem a maior parte dos alimentos consumidos no país, tendo assim um papel fundamental para toda a sociedade. Enquanto a mídia propaga as “vantagens” e “conquistas” do agronegócio, marcado pela monocultura e uso intensivo de agroquímicos, nós procuramos destacar a importância social dos agricultores familiares, pois são eles que produzem a maior parte dos alimentos que consumimos diariamente. É preciso ressaltar que antes da década de 1960, toda a produção agrícola no Brasil era orgânica, pois os insumos químicos como pesticidas, herbicidas e fertilizantes, além de maquinários e sementes produzidas em laboratório não estavam disponíveis para os agricultores. É a partir de um processo chamado modernização da agricultura, que esses insumos passam a substituir alguns elementos naturais, como o adubo, a matéria orgânica das plantas, as sementes crioulas e a tração animal. Assim, a agricultura orgânica não é nada novo, porém ela se fortalece a partir da constatação de problemas ambientais, sociais e mesmo econômicos causados pela modernização da agricultura, e da busca por alternativas a esse modelo que predomina nos dias atuais. Apesar de termos procurado diferenciar as UPVFs que se limitam a praticar a agricultura orgânica daquelas mais próximas aos fundamentos da agroecologia no contexto dos agricultores alvo das pesquisas desenvolvidas, optamos por não apresentar essas informações aqui. Apenas diferenciamos as UPVFs que são totalmente orgânicas, daquelas parcialmente orgânicas, onde a agricultura orgânica é praticada para alguns produtos, mas coexiste com cultivos convencionais, ou seja, onde são utilizados algum tipo de agrotóxico.

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PERFIL DOS OITO MUNICÍPIOS PESQUISADOS E DOS AGRICULTORES COM PRODUÇÃO ORGÂNICA

Optamos por apresentar a situação de cada município de forma separada, considerando sua trajetória em relação ao apoio e implantação da agricultura orgânica e os agricultores que atualmente estão envolvidos com esse tipo de produção. Os dados foram obtidos principalmente de entrevistas realizadas com técnicos, gestores (Secretários municipais de agricultura) e agricultores. Organizamos as informações da seguinte forma: - um breve texto sobre o surgimento das experiências de agricultura orgânica em cada município; - um quadro síntese com as principais informações de cada município; - um mapa com a localização dos estabelecimentos rurais com produção orgânica; - imagens de alguns estabelecimentos; - um quadro síntese com informações de cada estabelecimento pesquisado; e - algumas impressões da equipe executora do projeto. Salientamos que as informações qualitativas dos quadros sínteses (do município e dos agricultores), como dificuldades e vantagens da produção orgânica, foram coletadas a partir da opinião dos entrevistados (gestores, técnicos e agricultores). Alguns dados, como de população total, população rural e número de estabelecimentos rurais foram retirados do censo populacional do IBGE de 2010. No mapa do município de Verê, não foi possível inserir todas as UPVFs pesquisadas, mas somente treze UPVFs. Considerando que a pesquisa pretendia trabalhar com nove municípios e que no município de Enéas Marques não havia mais agricultores com produção orgânica no período do início do projeto, trabalhamos com oito municípios, ao invés de nove, conforme a proposta inicial. Tínhamos a informação de que apenas dois agricultores praticavam a agricultura orgânica, porém, ao estabelecermos os primeiros contatos com eles, fomos informados que um havia desistido em virtude de estar trabalhando na cidade, e que outro havia falecido. No entanto, como foram feitas algumas entrevistas em Enéas Marques, apresentamos considerações sobre a agricultura orgânica nesse município.

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MUNICÍPIO DE AMPÉRE

Trajetória da Agricultura Orgânica em Ampére O início da produção orgânica no município de Ampére ocorreu na década de 1990, devido a três fatores principais. O primeiro deles foi a implantação das ECAs (Escolas Comunitárias de Agricultores), criadas em 1991, pela ASSESOAR, com o intuito de levar informação e realizar a formação dos pequenos agricultores com foco na politização para a atuação social dos mesmos. Pelo menos dois agricultores do município que participaram das ECAs na época, produzem alimentos orgânicos atualmente. O segundo fator está ligado à criação do Curso Técnico em Agroecologia, promovido pela ASSESOAR, fruto de parceria entre entidades da agricultura familiar da região Sudoeste do Paraná e universidades públicas. O curso teve início no ano de 2002 e três turmas já o concluíram. Em todas as turmas houveram alunos do município de Ampére. O terceiro fator foi a realização de uma feira de produtos orgânicos na FAMPER (Faculdade de Ampére), a partir de 2007, sob coordenação de um docente do curso de Administração, que iniciou com a participação de seis famílias de agricultores. Atualmente essa feira é realizada em um bairro do município e conta com a participação de cinco agricultores. Nesse conjunto, soma-se a criação da AFAECO (Associação dos Agricultores Familiares Ecológicos de Ampére), criada em 2007. A partir da AFAECO foi iniciada, em 2008, outra feira de produtos orgânicos, que ocorre na praça central todos os sábados pela manhã. Nessa feira participam atualmente treze agricultores. De modo geral, podemos perceber que a agricultura orgânica fortaleceu-se no município a partir de incentivos ligados à formação técnica e política dos agricultores para o cultivo de alimentos livres de agrotóxicos, que vem contribuindo na geração de renda nos estabelecimentos rurais, bem como para a manutenção de alguns jovens no campo.

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Quadro síntese da agricultura orgânica no município de Ampére População total

17.308 habitantes

População rural

4.051 habitantes

Número de

1.348

estabelecimentos rurais Número de

15 (duas famílias entraram recentemente, mas não fizeram

estabelecimentos

parte da pesquisa. Assim, o número de agricultores com

rurais com produção

produção orgânica segundo o último levantamento em 2013,

orgânica

é de 17). 5 totalmente orgânicos 7 parcialmente orgânicos 5 não foi possível averiguar, pois iniciaram produção orgânica recentemente (Feira da FAMPER)

Número de

60

Agricultores envolvidos na produção Início da produção

1991

orgânica Produção

Hortaliças, frutas, tubérculos, raízes e grãos.

Locais e formas de

Feira da agricultura familiar

comercialização

Mercados do município Empresa de grãos orgânicos Gebana (Capanema) Nos estabelecimentos rurais Programas institucionais como PAA e PNAE.

Entidades envolvidas

Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) ASSESOAR CRESOL CLAF EMATER FAMPER CAPA Prefeitura Municipal

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Certificação

Apenas 1 agricultor é certificado pela Ecocert (Gebana).

Dificuldades

- Escassez de mão de obra no campo; - Falta de conhecimentos e de pesquisas na área; - Falta de subsídios para a fase de transição da agricultura convencional para orgânica; - Dificuldades de fazer a “limpeza” do terreno e de combater as pragas; - Falta de equipamentos, tecnologias e produtos naturais apropriados; - Falta de água (em algumas UPVFs); - Falta de incentivos públicos e apoio político; - Dificuldade de conscientização por parte do consumidor; - Falta de diferenciação dos preços dos produtos orgânicos (valorização); - Dificuldade de transporte dos alimentos para a feira; - Falta de divulgação (espaço na mídia); - Falta de respaldo das leis para a agricultura orgânica e agroecológica; - Falta de formação de sujeitos pensantes nas escolas tradicionais; - Falta de técnicos específicos para trabalhar com os agricultores orgânicos.

Vantagens da produção

- Autonomia do agricultor; - Aumento do interesse e fidelidade por parte dos consumidores; - Melhoria da renda; - Diminuição dos custos de produção; - Preservação do meio ambiente; - Aumento das relações de convivência com as pessoas (feira); - Produção para o consumo da família; - Melhor sabor e qualidade dos alimentos orgânicos; - Consequente melhoria na saúde dos agricultores.

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15

Fotos da produção orgânica no município de Ampére

Horta mandala da UPVF de Alíria e Erno Frederico Backes

Horta orgânica da UPVF de Amarildo e Derli Garda

Pomar da UPVF de Dorilde e Lourenço Lavardo

Frutas da UPVF de Oswaldo e Maria Woicheowski

Horta orgânica da UPVF de Rosemari e Ronaldo da Ponte

Horta orgânica da UPVF de Sandra Demaman

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Quadros dos agricultores orgânicos do município de Ampére Dos 17 estabelecimentos rurais que atualmente praticam a agricultura orgânica, trabalhamos com 15, pois dois entraram recentemente. Havia um estabelecimento que participava da feira, mas o casal de agricultores desistiu da produção orgânica, ficando apenas com o leite. Outros dois estabelecimentos entraram na feira recentemente e não foram entrevistados. Na feira da FAMPER, dos quatro estabelecimentos que participavam, apenas um, de Sandra Demaman continua. Os outros três deixaram a feira. Contudo, quatro estabelecimentos entraram na feira (mas não foram entrevistados), de modo que atualmente cinco estabelecimentos fazem parte dessa feira. Portanto, apesar de termos trabalhado com 15 estabelecimentos rurais, apresentamos a seguir somente 11, haja vista que 4 desistiram da produção orgânica durante o período de desenvolvimento da pesquisa. Nome

Airton Luiz Rodrigues Freire e Monica Lazarin Freire

Endereço

Linha Santa Polônia - Ampére

Telefone

(46) 8816-3720

Área estab. rural

5,4 hectares

Produção orgânica

Frutas (uva, abacate, banana, pêssego, ameixa, limão taiti, laranja, poncã e morgote), vinho e vinagre.

Produção orgânica

Frutas (uva, abacate, banana, pêssego, ameixa, limão taiti,

comercializada

laranja, poncã e morgote), vinho e vinagre

Locais de venda

Feira da AFAECO e mercado

Certificação

Não possuem

Nome

Alíria Backes e Erno Frederico Backes

Endereço

Comunidade Bom Princípio - Ampére

Telefone

(46) 3547-1761 R-31

Área estab. rural

14,4 hectares

Produção orgânica

Feijão, mandioca e algumas frutas

Produção orgânica

Feijão, mandioca e algumas frutas

comercializada Locais de venda

Feira da AFAECO

Certificação

Não possuem

17

Nome

Amarildo A. Garda e Derli Ivaz Garda

Endereço

Linha Santa Terezinha - Ampére

Telefone

(46) 9104-2311

Área estab. rural

3,6 hectares

Produção orgânica

Quiabo, repolho, alface (crespa, americana e roxa), brócolis, rúcula, chicória, couve, almeirão, beterraba e milho

Produção orgânica

Quiabo, repolho, alface (crespa, americana e roxa), brócolis,

comercializada

rúcula, chicória, couve, almeirão, beterraba e milho

Locais de venda

Feira da AFAECO, mercado e no estabelecimento rural

Certificação

Não possuem

Nome

Aristides e Elói Ivos

Endereço

Entre Água Doce e Santa Rita - Ampére

Telefone

(46) 9112-3640

Área estab. rural

55,2 hectares

Produção orgânica

Açúcar mascavo, garapa, melado, pipoca, feijão, vagem, tomate (cereja e pequeno), abacaxi, batata doce, banana prata, abacate, caju, maçã, pêssego (15 variedades), lima, laranja, graviola, carambola, fruta do conde, manga (muitas variedades), lichia, acerola, pera, cupuaçu, castanha, caqui (branco e preto), coco, bergamota, tinóia, própolis, marmelo e tamainha

Produção orgânica

Açúcar mascavo, garapa, melado, pipoca, feijão, vagem, tomate

comercializada

(cereja e pequeno), abacaxi, batata doce, banana prata, abacate, caju, maçã, pêssego (15 variedades), lima, laranja, graviola, carambola, fruta do conde, manga (muitas variedades), lichia, acerola, pera, cupuaçu, castanha, caqui (branco e preto), coco, bergamota, tinóia, própolis, marmelo e tamainha

Locais de venda

Feira da AFAECO

Certificação

Não possuem

18

Nome

Beatriz M. de Souza e Deuclécio Girioli

Endereço

Linha Santa Inês - Ampére

Telefone

(46) 3547-2837 e 9918-5630

Área estab. rural

8,8 hectares

Produção orgânica

Feijão e trigo

Produção orgânica

Feijão e trigo

comercializada Locais de venda

Feira da AFAECO

Certificação

Não possuem

Nome

Dorilde e Lourenço Lavardo

Endereço

Linha Bonita - Ampére

Telefone

Não informado

Área estab. rural

10,8 hectares

Produção orgânica

Frutas cítricas, uva, pera, maçã, batata, tomate, banana, nozes e morango

Produção orgânica

Frutas cítricas, uva, pera, maçã, batata, tomate, banana, nozes e

comercializada

morango

Locais de venda

Feira da AFAECO, mercado, restaurantes e no estabelecimento

Certificação

Não possuem

Nome

Maria e Rosalino Roque

Endereço

Linha Seca / Alto Alegre - Ampére

Telefone

(46) 8809-8977

Área estab. rural

10,8 hectares

Produção orgânica

Tomate, verduras, cheiro verde, quiabo, chuchu, frutas cítricas, banana, abóbora, moranga, colorau, mandioca, batata, açúcar mascavo, doces e conservas

Produção orgânica

Tomate, verduras, cheiro verde, quiabo, chuchu, frutas cítricas,

comercializada

banana, abóbora, moranga, colorau, mandioca, batata, açúcar mascavo, doces e conservas

Locais de venda

Feira da AFAECO

Certificação

Não possuem

19

Nome

Oswaldo e Maria Woicheowski

Endereço

Linha Sarandizinho - Ampére

Telefone

(46) 8805-3846

Área estab. rural

11,5 hectares

Produção orgânica

Milho, feijão, soja, cebola, alho, mandioca, amendoim, cana de açúcar, banana, batata-doce, pipoca, doces e conservas

Produção orgânica

Feijão, soja, cebola, alho, mandioca, amendoim, batata-doce e

comercializada

pipoca

Locais de venda

Feira da AFAECO, programas institucionais (PAA e PNAE), Gebana e nas casas dos consumidores

Certificação

Ecocert e Rede Ecovida

Nome

Rosemari e Ronaldo da Ponte

Endereço

Linha Santa Inês – Ampére

Telefone

(46) 8816-5325

Área estab. rural

13,2 hectares

Produção orgânica

Milho, feijão, arroz, batata, mandioca, tomate, rabanete, cenoura, beterraba, pepino, repolho e conservas de pepino

Produção orgânica

Milho, feijão, batata, mandioca, tomate, rabanete, cenoura,

comercializada

beterraba, pepino, repolho e conservas de pepino

Locais de venda

Feira da AFAECO

Certificação

Não possuem

Nome

Sandra Demaman

Endereço

Vargem Bonita - Ampére

Telefone

(46) 8801-1544

Área estab. rural

3,6 hectares

Produção orgânica

Cenoura, alface, couve, repolho, almeirão (pão de açúcar), beterraba, brócolis, poncã, morgote, laranja, feijão

Produção orgânica

Cenoura, alface, couve, repolho, almeirão (pão de açúcar),

comercializada

beterraba, brócolis, poncã, morgote, laranja

Locais de venda

Feira da FAMPER e nas casas dos consumidores

Certificação

Não possuem

20

Nome

Valdecir e Salete Zambotti

Endereço

Linha São Paulo - Ampére

Telefone

(46) 9921-6840

Área estab. rural

11,9 hectares

Produção orgânica

Pepino, moranga, vagem e algumas frutas

Produção orgânica

Pepino, moranga, vagem e algumas frutas

comercializada Locais de venda

Feira da AFAECO e no estabelecimento rural

Certificação

Não possuem

Impressões da equipe sobre a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia no município de Ampére A partir da análise dos dados e das informações sobre o município até o final do ano de 2012, podemos destacar que, em relação à agricultura orgânica, o poder público, em especial o municipal, não dispõe de políticas de auxílio e investimentos para estimular o cultivo de produtos orgânicos. O poder público municipal estimula apenas a produção de alimentos para o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), sem promover campanhas de incentivo à produção orgânica e/ou agroecológica. Num contexto geral, observamos que, dos quinze estabelecimentos pesquisados, apenas dois são totalmente orgânicos, sendo que um possui certificação da Rede Ecovida de Agroecologia e também da Ecocert, que certifica os grãos entregues para a empresa Gebana. Dos demais, três são totalmente orgânicos e não possuem certificação e os onze restantes são parcialmente orgânicos e também não têm certificação. Percebemos que a agricultura orgânica e agroecológica não é muito conhecida em Ampére, mesmo porque não existe uma feira organizada pelo poder público municipal, mas sim, duas feiras dinamizadas isoladamente pelos próprios agricultores. Desta forma, a divulgação e a comercialização ficam comprometidas, pois o consumidor não tem informações suficientes para procurar pelos produtos orgânicos. Porém, apesar dessas dificuldades, podemos observar que existe um trabalho em prol da produção orgânica, pois a grande maioria dos agricultores possui uma postura ideológica em favor dessa produção, visando à saúde, a viabilidade das pequenas

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propriedades, melhor qualidade dos alimentos, diversidade dos mesmos e a organização política. Os agricultores participantes da AFAECO contam também com o incentivo de um projeto de feiras, desenvolvido pela ASSESOAR, a partir do qual são elaborados alguns cursos para os agricultores e dispostos alguns recursos para a compra de caixotes e sacolas para a feira e para divulgação dos alimentos orgânicos, entre outras ações. Está sendo discutida ainda no município a possibilidade de uma futura parceria entre a prefeitura e o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), para o acompanhamento e assistência técnica aos agricultores orgânicos. De modo geral, no município de Ampére, existe um processo para tentar viabilizar a produção orgânica e agroecológica nos estabelecimentos rurais, que são de propriedade de agricultores familiares e, portanto, podem ser considerados Unidades de Produção e Vida Familiares (UPVFs). Há um respeito aos costumes e à cultura local, possibilitando que essas UPVFs gerem renda e contribuam para a permanência de alguns agricultores no campo. Apesar desses esforços dos agricultores, falta apoio da prefeitura e de outros órgãos públicos, no direcionamento de projetos e políticas específicas para a agricultura orgânica.

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MUNICÍPIO DE ENÉAS MARQUES Considerações das instituições entrevistadas As instituições entrevistadas no município de Enéas Marques foram a Cooperativa de Crédito com Interação Solidária (CRESOL), Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e Sindicato dos Trabalhadores Rurais. No que diz respeito aos objetivos com a agricultura orgânica, fomos informados que em 2001 não havia mais produção no município. O representante da CRESOL afirmou que a instituição trabalhou na mobilização e disponibilizava crédito, porém não houve procura por parte dos agricultores. Hoje, a CRESOL não tem nenhuma atuação na área. Segundo o entrevistado da EMATER, a instituição ofereceu um curso no ano de 2007, mas não houve continuidade. Dos 493 agricultores interessados, 64 participaram de alguns cursos, contudo somente 33 agricultores fizeram todos os cursos e apenas 6 famílias iniciaram a produção orgânica efetivamente. O entrevistado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais destaca que inicialmente houve boa participação dos agricultores, mas que havia restado apenas dois agricultores orgânicos, sendo que o objetivo hoje seria incentivar as duas famílias a continuarem. Em relação aos parceiros com a produção orgânica no município, foram citadas a EMATER, que apoiava quando tinha a produção orgânica; a Prefeitura Municipal, especificamente da Secretaria Municipal de Agricultura; o Sindicato dos Trabalhadores Rurais; CRESOL; Rede Ecovida; ASSESOAR e a Casa Familiar Rural. No que diz respeito à atuação das instituições em relação à produção orgânica no município, podemos considerar que não existe nenhuma atuação. O entrevistado da CRESOL destaca a disponibilização de crédito, mas não há uma linha específica para a produção orgânica. Já o da EMATER, destaca a assistência através de reuniões técnicas; reuniões práticas; cursos; visitas; dia de campo; excursões; (“se fala bastante, mas se fez pouco referente à agricultura orgânica, não por falta de vontade da instituição, mas porque os agricultores desistiram”). O do Sindicato dos Trabalhadores Rurais afirma que ajuda as instituições parceiras, como a CRESOL, na construção das casas e proteção de fontes nas propriedades rurais, mas também não possui nenhuma função ou projeto ligado à agricultura orgânica.

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Em relação à concepção de agricultura orgânica e agroecologia, nenhum dos entrevistados soube claramente diferenciá-las. Todos sabem que a agricultura orgânica consiste em produzir alimentos sem agrotóxicos, mas não apresentam detalhes. No que diz respeito aos avanços, apenas a EMATER destacou que pretende abrir uma feira com dez quiosques, e um será para a produção orgânica. Em relação às dificuldades, foram destacadas a falta de estrutura; necessidade de preços maiores para os produtos orgânicos (pois o preço não se diferencia do convencional); dificuldades na comercialização; dificuldade de mão-de-obra, em função da evasão dos jovens do campo; falta de incentivo das diversas instituições; dificuldade de transição da agricultura convencional para a orgânica; baixa geração de renda; trabalho penoso; diferença da aparência dos produtos orgânicos comparados com os produtos convencionais; além da falta de pesquisas e tecnologias para a produção orgânica. O entrevistado do Sindicato também destaca a dificuldade de participação nas reuniões e cursos sobre agricultura orgânica em virtude da atividade leiteria, que ocupa a maior parte do tempo dos agricultores. Em relação às perspectivas, somente foi apontado que apesar da agricultura orgânica ser promissora, pois a sociedade está cada vez mais consciente, nos últimos anos, ao invés das experiências aumentarem, elas estão diminuindo. Isso foi atribuído à dificuldade dos agricultores em realizar o controle biológico e à falta de apoio em geral.

Considerações do Secretário Municipal de Agricultura A entrevista com o Secretário de Agricultura do município foi realizada em conjunto com o Secretário do Meio Ambiente e com uma Engenheira Agrônoma. Segundo os entrevistados, não existe nenhuma política específica de apoio à agricultura orgânica. Em relação ao orçamento para a agricultura orgânica, destacam que não há um orçamento específico, mas que se necessário, pode ser usado o que existe no orçamento da Secretaria de Agricultura. Em relação à disponibilidade de estrutura, destacam que existe, mas que está desativada. Sobre a aquisição de produtos orgânicos para a merenda escolar, destacam que o município não adquire produtos totalmente orgânicos para a merenda escolar. Os entrevistados buscaram mostrar que valorizam a agricultura orgânica, porém não apresentaram nenhuma ação direta nessa área.

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No que diz respeito ao controle de agrotóxicos, relatam que quem realiza o controle em alguns pontos é a Secretária Estadual de Abastecimento (SEAB), porém existe o problema das vendas clandestinas de agrotóxicos. Também não há no município uma política voltada para a redução do uso de agrotóxicos. Em relação à coleta de lixo, destacam que existe a coleta nas comunidades rurais, que é realizada a cada 60 dias em pontos principais. A Secretaria estimula também os agricultores a fazer a tríplice lavagem e a guardar as embalagens para a época da coleta. Elas são recolhidas uma vez por ano, em três pontos de coleta por uma empresa especializada. Quanto às perspectivas, destacam que o futuro da agricultura orgânica e da agroecologia no município é um desafio grande. Apesar de ser uma boa alternativa, hoje o que predomina é a atividade leiteira, enfatizando que o produtor não dá conta de se inserir nas duas atividades, pois falta mão de obra. Outro aspecto relatado foi que, se não houver retorno financeiro, os agricultores não se interessam pela atividade. Os entrevistados destacaram que talvez em outros municípios a agricultura orgânica esteja mais avançada, mas no município de Enéas Marques esta questão não evoluiu. De modo geral, as entrevistas demonstram que não há preocupação nem atuação específica para o desenvolvimento da agricultura orgânica e, muito menos da agroecologia no município de Enéas Marques.

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MUNICÍPIO DE FLOR DA SERRA DO SUL

Trajetória da agricultura orgânica no município de Flor da Serra do Sul A primeira iniciativa identificada através da pesquisa, que contribuiu para a trajetória da agricultura orgânica e agroecologia no município de Flor da Serra do Sul, foi um projeto com duração de cinco anos, iniciado no ano de 2001, pela Secretaria Municipal da Agricultura em parceria com o Instituto Maytenus, uma ONG de Toledo – PR, que desenvolve ações planejadas de consultoria para a implantação da agricultura orgânica e outras ações no meio rural. Durante o período do referido projeto, foi criada também a ECOFLOR (Associação dos Agricultores Ecológicos de Flor da Serra do Sul). Nesse contexto, eram realizadas reuniões mensais, cursos e palestras com temas ligados à produção orgânica, agroecologia e ervas medicinais, além de visitas técnicas e intercâmbios. Muitas expectativas foram geradas na época do projeto, porém nem todas foram concretizadas, como a possibilidade de exportação das ervas medicinais, apresentada como alternativa de comercialização, que nunca ocorreu. O projeto iniciou com boa participação, porém, ao fim do mesmo, as entidades deixaram de prestar apoio técnico e a agricultura orgânica no município foi perdendo forças gradativamente. Atualmente, a ECOFLOR encontra-se inativa e as três famílias que persistiram na produção orgânica no município enfrentam várias dificuldades de cunho técnico, organizacional e político para continuarem persistindo nessa forma de agricultura. Mesmo assim, os agricultores remanescentes relatam que pretendem aumentar, melhorar ou, pelo menos, manter a produção de orgânicos.

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Quadro síntese da Agricultura Orgânica no município de Flor da Serra do Sul População total

4.726 habitantes

População rural

3.082 habitantes

Número de

707

estabelecimentos rurais Número de

3

estabelecimentos

1 totalmente orgânico

rurais com produção

2 parcialmente orgânico

orgânica Número de

8

Agricultores envolvidos na produção Início da produção

Ano de 2001

orgânica Produção

Hortaliças, frutas e ervas medicinais

Locais e formas de

Mercados, casas, confeitaria (no caso do morango)

comercialização

Restaurantes Programas institucionais (PAA e PNAE) Empresas Erva-mate Carijó e Claus Mendes (ervas medicinais).

Entidades envolvidas

Secretaria de Agricultura e Emater (com pouca atuação)

Certificação

Não tem

Dificuldades

- Falta de insumos orgânicos prontos para serem usados (exige muita mão-de-obra e tempo para produzi-los); - Trabalho mais penoso, exige maior esforço físico.

Vantagens da

- Não tem risco de intoxicação;

produção

- Maior valor nutricional dos alimentos; - Melhor para a saúde das pessoas (família e consumidores); - É possível aproveitar tudo o que a terra oferece (insumos naturais); - Preservação do meio ambiente.

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Fotos da produção orgânica do município de Flor da Serra do Sul

Horta e pomar orgânicos da UPVF de Olímpio e Lenita Lamera.

Estufa de hortaliças orgânicas e pé de poncã da UPVF de Osmar Berlanda e Inês.

Plantação de cidreira orgânica e galpão para secagem da cidreira da UPVF de Rolf e Marlene Pallas.

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Quadros dos agricultores orgânicos do município de Flor da Serra do Sul Nome

Olímpio Lamera e Lenita Lamera

Endereço

Linha Pedra Lisa – Flor da Serra do Sul - PR

Telefone

(46) 3565-1326

Área estab. rural

24 hectares

Produção orgânica

Alface, couve, repolho, cenoura, morango, beterraba, rabanete, vagem, tomate, laranja, pêssego, bergamota, poncã, ameixa

Produção orgânica comercializada

Alface, couve, repolho, cenoura, morango, beterraba, rabanete, vagem, tomate, laranja, pêssego, bergamota, poncã, ameixa

Locais de venda

Colégios, mercados, casas dos consumidores, confeitaria e programas institucionais (PAA e PNAE)

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Osmar Berlanda e Inês

Endereço

Linha Tilongo – Flor da Serra do Sul – PR.

Telefone

Não informado

Área estab. rural

12 hectares

Produção orgânica

Camomila, cidreira, funcho, cenoura, alface, acelga (e outras folhosas), beterraba, pepino, moranga, mandioca, tempero verde, laranja e poncã

Produção orgânica comercializada

Camomila, cidreira, funcho, cenoura, alface, acelga (e outras folhosas), beterraba, pepino, moranga, mandioca, tempero verde, laranja e poncã

Locais de venda

Mercados, programas institucionais (PNAE), casas dos consumidores, bares, restaurantes e empresa Ervamate Carijó

Certificação

Não possuem

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Nome

Rolf Rui Pallas e Marlene Klein Pallas

Endereço

Linha Bandeirantes – Flor da Serra do Sul – PR

Telefone

(46) 3565-1206

Área estab. rural

11,6 hectares

Produção orgânica

Cidreira, hortaliças, mandioca e batata

Produção orgânica comercializada

Cidreira

Locais de venda

Empresa Claus Mendes – Santa Lúcia

Certificação

Não possuem

Impressões da equipe sobre a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia no município de Flor da Serra do Sul Considerando a análise das entrevistas e observação em campo, concluímos que, no município de Flor da Serra do Sul, as entidades e a administração pública municipal não têm pautado, de forma efetiva, a questão da agricultura orgânica e da agroecologia em seus planos de trabalho. A associação dos produtores orgânicos também encontra-se inativa e sem perspectivas de voltar a atuar. Os poucos agricultores que persistem nessa forma de produção o fazem individualmente, não estando organizados de forma coletiva para a produção e para a comercialização. O único agricultor que possui certificação de conformidade orgânica no município, através da Rede Ecovida de Agroecologia, relata enfrentar dificuldades para mantê-la, pois para isso é necessário participar das reuniões da Rede em outros municípios, tendo em vista que em Flor da Serra não existe um grupo mínimo de cinco agricultores certificados ou interessados em certificar. Ele afirmou que não tem mais ido às reuniões do grupo ao qual está vinculado, no município de Barracão. Vale ressaltar que o município de Flor da Serra do Sul recebe mais de R$ 1.000.000,00 por ano em recursos provenientes do ICMS Ecológico por possuir em sua área uma unidade de conservação (Reserva Particular de Patrimônio Natural - RPPN) e uma área de manancial de abastecimento público que abastece o município de Francisco Beltrão. Acreditamos, portanto, que o poder público municipal poderia aproveitar esse recurso para prestar um apoio mais efetivo na expansão e fortalecimento de iniciativas viáveis ao desenvolvimento da agricultura familiar e sustentáveis do ponto de vista ambiental, tais como a agricultura orgânica, agroecologia e turismo rural.

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Observa-se, no entanto, que a falta de políticas de apoio e incentivo nos níveis municipal, estadual e federal impede que outros agricultores se interessem pela produção orgânica. Outro fato é que o número reduzido de agricultores orgânicos no município dificulta as possibilidades de certificação participativa, que se dá em grupos de cinco agricultores.

MUNICÍPIO DE FRANCISCO BELTRÃO Trajetória da agricultura orgânica no município de Francisco Beltrão. Em meados da década de 1980, a ASSESOAR (Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural), com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), organizou os primeiros grupos de agricultura alternativa, que buscavam difundir, entre outras técnicas: práticas de adubação verde; preservação das sementes crioulas (variedades de milhos), entre outras. No mesmo período ocorria a implementação do fundo rotativo de crédito para a agricultura familiar, que culminaria mais tarde na criação da Cooperativa de Crédito com Interação Solidária (CRESOL). No início da década de 1990 foram formadas as primeiras Escolas Comunitárias de Agricultores (ECAs), uma iniciativa da ASSESOAR que contou com o apoio dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, da EMATER (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) e de Secretarias Municipais de Agricultura, dependendo da conjuntura de cada município. Eram grupos de formação constituídos, basicamente, por representantes de grupos de base de agricultores de vários municípios da região Sudoeste, que tinham o compromisso de levar para os seus municípios os aprendizados em tecnologias ecológicas, técnicas de produção alternativas, formas de organização dos agricultores, entre outros temas relacionados. Em 1996 teve início, no distrito rural de Jacutinga, em Francisco Beltrão, o Projeto Vida na Roça (PVR). Tratava-se de uma iniciativa da ASSESOAR, que contou com o apoio de universidades, prefeitura municipal e outras entidades. Os agricultores da comunidade Jacutinga estavam passando por sérias dificuldades financeiras, não tinham acesso ao crédito e a agricultura estava decadente devido à erosão dos solos e a falta de renda. Nesse contexto, o PVR se propôs a auxiliar os agricultores familiares desta comunidade, atuando em vários aspectos como no debate sobre o modelo de ensino, a baixa produtividade agrícola, o êxodo rural e os problemas decorrentes da agricultura

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convencional. Algumas das ações implementadas foram: práticas de conservação de solos a partir de adubação verde, proteção de fontes, recomposição da mata ciliar e organização de hortas em cada UPVF, além da produção de grãos orgânicos. Mais tarde, alguns agricultores da Vila Rural Gralha Azul também passaram a fazer parte do PVR. Em 1997 foi fundada a Associação Amigos da Natureza, formada por oito famílias de agricultores, das quais sete eram participantes do Projeto Vida na Roça. Ainda em 1997, a Associação organizou a feira dos agricultores ecológicos, que foi inaugurada às vésperas do natal do mesmo ano. A EMATER, através da figura do engenheiro agrônomo Nilton Fritz, esteve envolvida neste processo de organização da feira, porém não houve um trabalho sistemático de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) para a agricultura orgânica no município. Mais tarde, no ano de 2006, houve uma tentativa de acabar com a feira e incorporar a produção orgânica dos feirantes ao Mercado do Produtor da COOPAFI (Cooperativa de Comercialização da Agricultura Familiar Integrada), porém, houveram algumas divergências e os agricultores acabaram desistindo desta forma de comercialização. Assim, esses agricultores optaram por reconstituir a feira de produtos orgânicos. Atualmente, são nove famílias que participam da feira e estão organizadas através de uma associação informal de agricultores ecológicos. A feira ocorre todas as sextas-feiras pela manhã, na Praça do Morro do Calvário e é uma das principais formas de comercialização da produção orgânica no município.

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Quadro síntese da agricultura orgânica no município de Francisco Beltrão População total

78.943 habitantes

População rural

11.500 habitantes

Número de

3.178

estabelecimentos rurais Número de

15

estabelecimentos

13 totalmente orgânicos

rurais com produção

2 parcialmente orgânicos

orgânica Número de

38

Agricultores envolvidos na produção Início da produção

Décadas de 1990.

orgânica Produção

Hortaliças, tubérculos, raízes, frutas, grãos, leite e queijo.

Locais e formas de

Feira Agroecológica no Bairro Cango

comercialização

Feira do Centro Mercados da cidade Nos estabelecimentos rurais Programas institucionais como PAA e PNAE.

Entidades envolvidas

Sindicato dos Trabalhadores Rurais ASSESOAR CRESOL COOPAFI EMATER Rede Ecovida.

Certificação

Rede Ecovida

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Dificuldades

- Falta de interesse por parte dos agricultores; - Saída dos jovens do campo e falta de mão de obra no meio rural; - Dificuldade de isolar as áreas de cultivo orgânico para evitar a contaminação por agrotóxicos das lavouras convencionais vizinhas; - Escassez de informação e conhecimento sobre agroecologia; - Dificuldade de acessar linhas de crédito. - Uso de insumos químicos por parte de alguns agricultores (que se dizem orgânicos) quando surgem problemas na produção; - A dificuldade de manter uma produção regular para atender à demanda; - Força do agronegócio (pacote tecnológico) com o apoio das prefeituras; - Falta de políticas públicas e de recursos destinados a entidades que apoiam a agroecologia; - Normas de controle rígidas se comparadas com a agricultura convencional; - Excesso de exigências (burocracias) para conseguir a certificação; - Falta de pesquisas e tecnologias (insumos, sementes, maquinários) adaptadas a essa forma de produção; - Deficiência de infraestrutura e logística e de capacitação e formação para agricultores e técnicos; - Falta de mais espaços para comercialização.

Vantagens da

- Melhoria da saúde;

produção

- Possibilidade de melhoria da renda; - Diminuição dos custos de produção; - Facilidade de venda; - Autonomia do agricultor; - Preservação do meio ambiente; - Satisfação pessoal em produzir alimentos mais limpos.

35

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Quadros dos Agricultores Orgânicos de Francisco Beltrão

Nome

Almir Calegari e Roseli Aparecida Godinho

Endereço

Vila Rural Gralha Azul - Francisco Beltrão

Telefone

(46) 8802-4377 e (46) 9914-3451

Área estab. rural

0,50 hectares

Produção orgânica

Mandioca, alface, couve, almeirão, tempero verde, laranja, pêssego e panificações

Produção orgânica

Mandioca, alface, couve, tempero verde e panificações

comercializada Locais de venda

Feira Agroecológica, programa institucional (PNAE) e casas dos consumidores

Certificação

Em processo pela Rede Ecovida

Nome

Altair e Bacelide Celuppi

Endereço

Linha Menino Jesus - Francisco Beltrão

Telefone

Não informado

Área estab. rural

19,2 hectares

Produção orgânica

Feijão, batatinha, milho, tomate, feijão de vagem, uva, poncã, laranja, caqui, pêssego, ameixa, goiaba

Produção orgânica

Feijão, batatinha, milho, tomate, feijão de vagem, uva, poncã,

comercializada

laranja, caqui, pêssego, ameixa, goiaba

Locais de venda

Programa institucional (PNAE)

Certificação

Não possuem

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Nome

Amaro Korb Rabelo e Catiane Resinato Ribeiro

Endereço

Linha Osvaldo Cruz - Francisco Beltrão

Telefone

Não informado

Área estab. rural

12 hectares

Produção orgânica

Feijão, alface, hortaliças, batatinha, mandioca, arroz, tomate, doces e conservas

Produção orgânica

Feijão, alface, batatinha, mandioca, arroz e tomate

comercializada Locais de venda

Feira Agroecológica e venda direta ao consumidor

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Cleusa da Rosa Araujo e Antonio

Endereço

Jacutinga - Francisco Beltrão

Telefone

(46)3520-8719 e (46)3520-8718 R-222

Área estab. rural

0,3 hectares

Produção orgânica

Feijão, mandioca, repolho, couve-flor, couve folha, beterraba, cenoura, alface, chicória e rabanete

Produção orgânica

Feijão, mandioca, repolho, couve-flor, couve folha, beterraba,

comercializada

cenoura, alface, chicória e rabanete

Locais de venda

Feira Agroecológica e no estabelecimento rural

Certificação

Não possuem

Nome

Élio Ososwski

Endereço

Água Branca- Francisco Beltrão

Telefone

(46)9915-7397

Área estab. rural

7 hectares.

Produção orgânica

Brócolis, couve flor, alface, cenoura, beterraba, tempero verde, almeirão, abobrinha, morango, rúcula e agrião.

Produção orgânica

Brócolis, couve flor, alface, cenoura, beterraba, tempero verde,

comercializada

almeirão, abobrinha, morango, rúcula e agrião.

Locais de venda

Feira do centro, no estabelecimento rural e em festas comunitárias.

Certificação

Não possuem

38

Nome

Gilson Gurgel e Cleonice

Endereço

Jacutinga - Francisco Beltrão

Telefone

(46)3520-8719 ou (46)3520-8718 R - 244.

Área estab. rural

14,8 hectares

Produção orgânica

Milho, feijão, mandioca, couve, alface, cenoura, beterraba, rúcula, laranja, bergamota, pêssego, abacaxi, caqui, pera, cana de açúcar, batata e queijo

Produção orgânica

Mandioca, feijão e queijo

comercializada Locais de venda

Feira Agroecológica, feira do centro e supermercados

Certificação

Rede Ecovida

Nome

José e Noeme Korb e Vonibaldo Korb

Endereço

Jacutinga - Francisco Beltrão

Telefone

(46)3520-8719 ou (46) 3520-8718 R - 206

Área estab. rural

30,3 hectares

Produção orgânica

Feijão, mandioca, frutas cítricas, queijo, doces e conservas

Produção orgânica

Feijão, mandioca, frutas cítricas e queijo

comercializada Locais de venda

Feira Agroecológica e programa institucional (PAA)

Certificação

Rede Ecovida (o queijo já é certificado e o restante está em processo de certificação)

39

Nome

Minervino Luiz Schmitz

Endereço

Jacutinga- Francisco Beltrão

Telefone

(46) 3520-8719 ou (46) 3520-8718 R - 201

Área estab. rural

4,8 hectares

Produção orgânica

Milho, feijão, mandioca, couve, beterraba, brócolis, repolho, alface, pêssego, abacaxi, abacate, banana, uva e framboesa

Produção orgânica

Não há comercialização de produtos

comercializada Locais de venda

Não há comercialização de produtos

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Odila Galupo e Santo Galupo

Endereço

Jacutinga- Francisco Beltrão.

Telefone

Não informado

Área estab. rural

12,5 hectares.

Produção orgânica

Feijão, mandioca, brócolis, cheiro verde, alface, almeirão, chicória, rúcula, rabanete, beterraba, cenoura, couve folha, repolho, espinafre, ervilha, pepino, acelga, abobrinha, feijão de vagem, banana, laranja, morgote, lima, limão, ameixa de inverno, batata doce e amendoim.

Produção orgânica

Brócolis, cheiro verde, alface, almeirão, chicória, rúcula, rabanete,

comercializada

beterraba, cenoura, couve folha, repolho, espinafre, ervilha, pepino, acelga, abobrinha, feijão de vagem e banana.

Locais de venda

Feira Agroecológica

Certificação

Não possuem

40

Nome

Paulo e Luciana Korb e Antonio Korb

Endereço

Jacutinga - Francisco Beltrão

Telefone

(46) 3520-8719 ou (46) 3520-8718 R – 204

Área estab. rural

24 hectares

Produção orgânica

Milho, feijão, arroz, mandioca, alface, couve, feijão vagem, cebola, cebolinha, alho, pêssego, laranja, limão, poncã, bergamota, caqui, pera, jabuticaba, ameixa, melancia e queijo

Produção orgânica

Milho, feijão, arroz, mandioca, alface, couve, feijão vagem, cebola,

comercializada

cebolinha, alho, pêssego, laranja, limão, poncã, bergamota, caqui, pera, jabuticaba, ameixa, melancia e queijo

Locais de venda

Mercados e Entidade AOPA (alho)

Certificação

Em processo pela Rede Ecovida

Nome

Sergio Kaupka e Janete Fabro

Endereço

Seção São Miguel - Francisco Beltrão

Telefone

Não informado

Área estab. rural

18,3 hectares

Produção orgânica

Feijão, mandioca, batata doce e inglesa, alho, cebola, hortaliças, uva, figo, frutas cítricas, maçã e ervilha

Produção orgânica

Feijão, mandioca, batata doce e inglesa, alho, cebola, hortaliças,

comercializada

uva, figo, frutas cítricas e ervilha

Locais de venda

Feira Agroecológica e no estabelecimento rural

Certificação

Rede Ecovida

41

Nome

Tobias e Josefina Korb

Endereço

Jacutinga- Francisco Beltrão

Telefone

Não informado

Área estab. rural

32 hectares

Produção orgânica

Milho, feijão, arroz, mandioca, alface, brócolis, repolho, cenoura, beterraba, tomate, chicória, ervilha, feijão de vagem, acelga, almeirão, agrião, poncã, laranjas (lima, açúcar, comum, branca, umbigo, valença, natal, folha murcha e vermelha), pera, montenegrina, pêssego, uva, ameixa de inverno, jaca, abacate, jabuticaba, araçá, romã, queijo, doces e conservas.

Produção orgânica

Alface, brócolis, repolho, cenoura, beterraba, tomate, chicória,

comercializada

ervilha, feijão de vagem, acelga, almeirão, agrião, frutas cítricas e queijo.

Locais de venda

Mercado, Programa Institucional (PNAE) e no estabelecimento rural

Certificação

Em processo pela Rede Ecovida

Nome

Valdecir Três

Endereço

Vila Rural Gralha Azul - Francisco Beltrão

Telefone

Não informado

Área estab. rural

0,5 hectares

Produção orgânica

Alface, repolho, cebola, cenoura, beterraba, salsa, couve-flor, rabanete, pepino, vagem e pimentão. Conservas de pepino, cebola e cenoura.

Produção orgânica

Alface, repolho, rabanete, pepino, vagem e pimentão.

comercializada Locais de venda

Feira Agroecológica e no estabelecimento rural

Certificação

Em processo pela Rede Ecovida

42

Nome

Vercedino Coan e Maria Coan

Endereço

Km 8 - Francisco Beltrão

Telefone

(46)9118-9594

Área estab. rural

12 hectares

Produção orgânica

Alface, cenoura, beterraba, repolho, brócolis

Produção orgânica

Alface, cenoura, beterraba, repolho, brócolis

comercializada Locais de venda

Programas Institucionais (PNAE) e no estabelecimento rural

Certificação

Não possuem

Nome

Walfrido e Iolanda Korb

Endereço

Jacutinga - Francisco Beltrão

Telefone

(46)3520-8719 ou (46)3520-8718 R - 209

Área estab. rural

15,9 hectares

Produção orgânica

Milho, feijão, arroz, mandioca, alface, cenoura, repolho, laranja, pêssego, pera, bergamota, cana de açúcar, batata.

Produção orgânica comercializada

Feijão, mandioca, laranja, pêssego, pera, bergamota e batata.

Locais de venda

Programas Institucionais (PAA e PNAE) e no estabelecimento rural

Certificação

Rede Ecovida

43

Fotos da produção orgânica do município de Francisco Beltrão

Horta orgânica da UPVF de Élio Osowski

Horta orgânica da UPVF de Valdecir Três

Horta orgânica da UPVF de Odila e Santo Galupo

Gado na pastagem da UPVF de Tobias e Josefina Korb

Horta orgânica da UPVF de Vercedino e Maria Coan

Horta orgânica da UPVF de Cleusa da Rosa Araújo e Antonio

44

Impressões da equipe sobre a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia no município de Francisco Beltrão. Com base nos dados coletados e na análise realizada durante a pesquisa, foi possível observar que no município de Francisco Beltrão, há tempos (desde a década de 1980) vêm sendo desenvolvidos trabalhos visando o fortalecimento da agricultura orgânica e da agroecologia. Entretanto, estas iniciativas sempre ocorreram por parte de algumas entidades não governamentais, sem contar com um apoio efetivo do poder público municipal e das instituições públicas de agricultura, pelo menos até a ocasião da pesquisa. Talvez por este motivo e devido a outros problemas enfrentados no trabalho com agricultura orgânica e agroecologia, observa-se uma dificuldade em aumentar o número de famílias que praticam essa forma de agricultura e de vida no campo. Um diferencial observado, no entanto, com relação aos agricultores orgânicos identificados no município foi o grande percentual de UPVFs totalmente orgânicas entre o total das famílias entrevistadas, sendo que várias delas utilizam-se também de práticas e princípios agroecológicos, mais complexos do que a simples prática da agricultura orgânica. Esse fator deve-se principalmente à forte influência do projeto Vida na Roça e outros processos de formação desenvolvidos pela ASSESOAR, com o apoio de outras entidades locais da agricultura familiar, dos quais a maior parte dos agricultores entrevistados esteve presente. Entre as quinze famílias identificadas com práticas de cultivo orgânico no município, treze têm a produção totalmente orgânica, enquanto apenas duas cultivam produtos orgânicos em uma parcela do estabelecimento rural. Cinco, entre as quinze famílias, possuem certificado de conformidade orgânica através da Rede Ecovida de Agroecologia e outras cinco estão em processo (quase concluído) de certificação. A produção orgânica do município é bastante diversificada, predominando o cultivo de hortaliças, panificações e queijo, que são comercializados na Feira Agroecológica,

organizada

pelos

próprios

agricultores.

Outras

formas

de

comercialização dos alimentos orgânicos são os programas institucionais (PAA e PNAE), o Mercado do Produtor (COOPAFI) e os mercados locais. Concluímos que, apesar da falta de apoio do poder público municipal e da carência de políticas públicas de incentivo nos três níveis de governo, além de outras dificuldades, o município encontra-se bem organizado com relação à produção e, principalmente, à comercialização de alimentos orgânicos. Francisco Beltrão está entre os poucos municípios da região que possui uma feira exclusivamente de orgânicos e a

45

forte relação com as entidades, principalmente ASSESOAR e Rede Ecovida, colabora para a organização e persistência dos agricultores, mesmo quando surgem algumas dificuldades. De acordo com a visão geral dos representantes das entidades entrevistados, existem vários limites e desafios que precisam ser vencidos para ampliar o foco na agroecologia no município. Em nível local é importante investir em parcerias em rede entre as entidades que apoiam a causa a fim de fortalecer o debate acerca do tema. Em nível mais abrangente, o futuro da agroecologia irá depender de ações de apoio do governo estadual ou federal, firmadas através das políticas públicas. Vencidas estas instâncias, todos acreditam que a agricultura orgânica poderá ter boas perspectivas de produção e de mercado e ser uma boa alternativa de geração de renda e de vida para os agricultores familiares.

46

MUNICÍPIO DE ITAPEJARA D’ OESTE

Trajetória da agricultura orgânica no município de Itapejara d’Oeste. A agricultura orgânica começou a se desenvolver no Município de Itapejara d’Oeste entre os anos 2000 a 2002, a partir de uma cooperação entre o CAPA (Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor), o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura. Estas entidades passaram a visitar e prestar assistência técnica aos agricultores que estavam em processo de conversão dos estabelecimentos rurais para a agricultura orgânica. A visita baseava-se em divulgar uma forma de agricultura sem a utilização de adubos químicos e agrotóxicos, que também fosse socialmente justa. Durante a parceria, quase noventa agricultores participaram de cursos de capacitação em produção orgânica. Até por volta do ano de 2006, o município contou com este apoio mais efetivo do CAPA e das entidades locais, principalmente no cultivo de uva para produção de suco para a APROVIVE (Associação dos Produtores Vitivinicultores do Município de Verê). Após esse período e até por volta do ano 2011, no entanto, observou-se um decréscimo na atuação das entidades com consequente redução do número de agricultores persistentes na produção de alimentos orgânicos. De 2011 para cá, voltam a surgir algumas iniciativas, por parte de uma empresa particular de Assistência Técnica e Extensão Rural e de outras entidades locais, trazendo um novo ânimo para a questão da agricultura orgânica no município e abrangendo novos agricultores nessa forma de produção. Um exemplo disso é um projeto que vem sendo desenvolvido voltado à produção de laranjas orgânicas para fabricação de suco em uma indústria de Santa Catarina (Primor). A empresa Primor oferece assistência técnica junto aos técnicos do próprio município (empresa ATER), responsabiliza-se pelo processo de certificação das laranjas e absorve a produção de laranjas orgânicas de Itapejara d´Oeste. Existe ainda um esforço de algumas entidades vinculadas à agricultura familiar em atrair mais agricultores para a produção de hortaliças orgânicas no município, sendo que desde 2012, pelo menos seis novos agricultores passaram a produzir desta forma. Neste contexto, ainda no mesmo ano foi criada a Associação dos Agricultores Familiares Agroecológicos de Itapejara d’Oeste (APROFAI).

47

Quadro síntese da agricultura orgânica no município de Itapejara d’Oeste População total População rural Número de estabelecimentos rurais Número de estabelecimentos rurais com produção orgânica Número de Agricultores envolvidos na produção Início da produção orgânica Produção Locais e formas de comercialização

Entidades envolvidas

Certificação Dificuldades

Vantagens da produção

10.531 4.828 999 18 11 totalmente orgânicos 7 parcialmente orgânicos 40 2000-2002 Hortaliças, frutas (principalmente laranja e uva), tubérculos, raízes e grãos. Programa Institucional (PAA) Mercado do Produtor (COOPAFI) APAV Supermercados Nos estabelecimentos rurais Entrega na casa de consumidores e restaurantes. CAPA, EMATER, Prefeitura Municipal, SINTRAF, CRESOL, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, ATER, COOPAFI e APROFAI. IBD e Rede Ecovida - Falta de mão de obra; - Dificuldade de viabilizar a produção e a comercialização; - Falta de valorização dos produtos; - Dificuldades no controle das pragas; - Dificuldade em evitar a contaminação por agrotóxicos das lavouras vizinhas; - Pouco incentivo pela prefeitura municipal; - Períodos do ano de estiagem e excesso de chuva; - Falta de água em alguns estabelecimentos rurais; - Falta de assistência técnica; - Excesso de burocracia para conseguir a certificação. - Produção de alimentos mais saudáveis (livres de produtos químicos); - Possibilidade de fonte de renda; - Não contaminação da família e as melhorias na saúde e na qualidade de vida.

48

49

Quadros dos agricultores orgânicos de Itapejara d’Oeste

Em Itapejara d´Oeste foram 16 estabelecimentos rurais que participaram desde o início da pesquisa. No entanto, apresentamos 18 quadros de estabelecimentos rurais/UPVFs com produção orgânica, pois 4 agricultores desistiram da produção orgânica, enquanto 6 começaram a trabalhar com agricultura orgânica recentemente. Assim, optamos por retirar as informações daqueles que foram entrevistados e desistiram, e incorporar as informações que conseguimos sobre os que entraram há pouco tempo. Contudo, como não entrevistamos os agricultores que entraram recentemente, conseguimos apenas algumas informações repassadas por técnicos do município. Nome

Afonso Wuikoski

Endereço

Barra Grande – Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 8807-8420

Área estab. rural

19,5 hectares

Produção orgânica

Laranja

Produção orgânica

Laranja

comercializada Locais de venda

Empresa Primor de Santa Catarina

Certificação

IBD

Nome

Albino Kamanski

Endereço

Salto Grande - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 9978-8852

Área estab. rural

19,2 hectares

Produção orgânica

Brócolis, couve, beterraba, alho, pipoca, tomate e pepino

Produção orgânica

Brócolis, couve, beterraba, alho, pipoca, tomate e pepino

comercializada Locais de venda

Programas institucionais (PAA)

Certificação

Não possuem

50

Nome

Amauri Locateli

Endereço

Sete de Setembro - Itapejara d’Oeste

Telefone

Não informado

Área estab. rural

Não informado

Produção orgânica

Hortaliças

Produção orgânica

Hortaliças

comercializada Locais de venda

Não informado

Certificação

Não possuem

Nome

Arsindo Corbiniano Colla

Endereço

Rio Gavião - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 9915-9803 (46) 9918-6119

Área estab. rural

22 hectares

Produção orgânica

Uva e vinho

Produção orgânica

Uva e vinho

comercializada Locais de venda

APAV e mercados

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Cleci Perin Dambros

Endereço

Barra do Vitorino - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 9921-5114

Área estab. rural

4,8 hectares

Produção orgânica

Tempero verde, couve-flor, brócolis, cenoura, morango, tomate, pepino, alface, açúcar mascavo

Produção orgânica

Tempero verde, couve-flor, brócolis, cenoura, morango, tomate,

comercializada

pepino, alface, açúcar mascavo

Locais de venda

Mercado do Produtor (COOPAFI) e no estabelecimento rural

Certificação

Não possuem

51

Nome

Dalvir Batistus

Endereço

Barra do Vitorino

Telefone

(46) 8822-0649

Área estab. rural

Não informado

Produção orgânica

Hortaliças

Produção orgânica

Hortaliças

comercializada Locais de venda

Não informado

Certificação

Não possuem

Nome

Darci Dalacosta

Endereço

Ipiranga

Telefone

(46) 9973-7081

Área estab. rural

Não informado

Produção orgânica

Laranja

Produção orgânica

Laranja

comercializada Locais de venda

Empresa Primor de Santa Catarina

Certificação

IBD

Nome

Filisbino Cirino dos Santos e Otilia Salete

Endereço

Coxilha Rica - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 9115-5345

Área estab. rural

30,7 hectares

Produção orgânica

Feijão, mandioca, alface, chicória, cenoura, rabanete, beterraba, repolho, couve-flor, brócolis, laranja, limão e bergamota

Produção orgânica

Feijão, mandioca, alface, chicória, cenoura, rabanete, beterraba,

comercializada

repolho, couve-flor, brócolis, limão e bergamota

Locais de venda

Mercado, casas dos consumidores, mercados institucionais (PAA através da COOPAFI) e Empresa Primor de Santa Catarina (laranja).

Certificação

IBD (laranja) e Rede Ecovida

52

Nome

Leomar Hofmam

Endereço

São Miguel - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 8807-2480

Área estab. rural

Não informado

Produção orgânica

Hortaliças

Produção orgânica

Hortaliças

comercializada Locais de venda

Não informado

Certificação

Não possuem

Nome

Lidia Pegorini

Endereço

Barra do Vitorino - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 9924-4109

Área estab. rural

Não informado

Produção orgânica

Hortaliças

Produção orgânica

Hortaliças

comercializada Locais de venda

Não informado

Certificação

Não possuem

Nome

Luis Paulo Wiebusch

Endereço

Coxilha Rica - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46)8804-5652

Área estab. rural

3,3 hectares

Produção orgânica

Tomate, morango, alho e cenoura

Produção orgânica

Tomate, morango, alho e cenoura

comercializada Locais de venda

Supermercados, mercados institucionais (através da COOPAFI), restaurantes e no estabelecimento rural

Certificação

Não possuem

53

Nome

Milton Moschen

Endereço

Barra Grande - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 3526-6009

Área estab. rural

35 hectares

Produção orgânica

Uva e laranja

Produção orgânica

Uva e laranja

comercializada Locais de venda

Programas Institucionais (PAA) e Empresa Primor de Santa Catarina (laranja)

Certificação

IBD

Nome

Nadir e Oneide Antoniolli.

Endereço

Volta Grande - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 8807-3772

Área estab. rural

14 hectares

Produção orgânica

Uva, laranja, bergamota, tangerina e vinho

Produção orgânica

Uva

comercializada Locais de venda

Mercado do Produtor (COOPAFI)

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Paulo Gimeli

Endereço

Santa Barbara - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 8820-3549

Área estab. rural

Não informado

Produção orgânica

Hortaliças

Produção orgânica

Hortaliças

comercializada Locais de venda

Não informado

Certificação

Não possuem

54

Nome

Raul Dall Agnol

Endereço

Treze de Maio - Itapejara d’Oeste

Telefone

Não informado

Área estab. rural

13 hectares

Produção orgânica

Laranja

Produção orgânica

Laranja

comercializada Locais de venda

Empresa Primor de Santa Catarina

Certificação

IBD

Nome

Roberto D’Avila

Endereço

Coxilha Rica - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 9919-8667

Área estab. rural

Não informado

Produção orgânica

Hortaliças

Produção orgânica

Hortaliças

comercializada Locais de venda

Não informado

Certificação

Não possuem

Nome

Ronaldo Fiorentin

Endereço

Santo Agustinho - Itapejara d’Oeste

Telefone

Não informado

Área estab. rural

Não informado

Produção orgânica

Laranja

Produção orgânica

Laranja

comercializada Locais de venda

Não informado

Certificação

IBD

55

Nome

Salete Gonçalves

Endereço

Palmeirinha - Itapejara d’Oeste

Telefone

(46) 9920-2900

Área estab. rural

Não informado

Produção orgânica

Hortaliças

Produção orgânica

Hortaliças

comercializada Locais de venda

Não informado

Certificação

Não possuem

56

Fotos da produção orgânica de Itapejara d’Oeste

Produção de laranjas orgânicas da UPVF de Afonso Wuikoski

Horta orgânica da UPVF de Albino Kamanski

Parreiral orgânico da UPVF de Arsindo Corbiniano Colla

Horta orgânica da UPVF de Cleci Perin Dambros

Horta orgânica da UPVF de Filisbino e Otilia dos Santos

Horta orgânica da UPVF de Luiz Paulo Wiebusch

57

Impressões da equipe sobre a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia no município de Itapejara do Oeste Percebemos que a produção orgânica do município teve uma alta entre os anos 2000 a 2006, quando houve apoio mais efetivo do CAPA e das entidades locais, sobretudo dos técnicos da empresa ATER, que são pagos com recursos do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Prefeitura municipal. Após esse período, houve um decréscimo na atuação das entidades e consequente desânimo dos agricultores que, em parte, abandonaram a produção orgânica por falta de apoio e dificuldade de enfrentarem sozinhos os problemas que surgiam referentes à produção e à comercialização. O fato de alguns agricultores de Itapejara d´Oeste fazerem parte da APROVIVE, sediada em Verê, garante a eles a assistência técnica do CAPA e um espaço de comercialização garantida das uvas. As novas iniciativas, surgidas a partir de 2011, através da empresa ATER e outras entidades locais, trouxeram um novo ânimo para a questão da agricultura orgânica e agroecológica no município. A possibilidade de venda garantida (no caso dos produtores de laranja orgânica), aliada a outras vantagens trazidas por essa forma de agricultura, têm se mostrado como importantes ferramentas para manter os agricultores que já estão e atrair novos agricultores para a produção orgânica. A Associação (APROFAI), criada no ano de 2012, também tem um importante papel de melhorar a relação entre os agricultores e constitui um instrumento de acesso às políticas públicas que venham a colaborar com a produção e a comercialização dos alimentos orgânicos. Alguns agricultores combinam o plantio de laranja, uvas e hortaliças, sendo que as hortaliças são vendidas para os programas institucionais e diretamente aos consumidores, através de entregas em domicílio. Durante a pesquisa foram citados problemas com supermercados locais, que não valorizam os produtos orgânicos e procuram competir em termos de preços com tais produtos, ao colocar os produtos convencionais com preço mais baixo e ao não pagar mais pelos produtos orgânicos. Dessa forma, acreditamos que a produção orgânica e agroecológica é uma possibilidade interessante de desenvolvimento rural no município de Itapejara d’Oeste, pois as características geográficas e sociais locais são apropriadas para o desenvolvimento dessa forma de agricultura. Além disso, ela proporciona renda, alimentos saudáveis e preservação do meio ambiente.

58

MUNICÍPIO DE MARMELEIRO

Trajetória da agricultura orgânica no município de Marmeleiro A agricultura orgânica no município de Marmeleiro inicia-se, por volta de 1998, com o trabalho de algumas entidades, principalmente o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), a Cooperativa de Crédito Rural com Interação Solidaria (CRESOL) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Posteriormente, houve o ingresso de empresas comercializadoras de grãos orgânicos (principalmente soja), como a empresa GAMA, que prestava assistência técnica, fornecia os insumos e viabilizava a certificação através do Instituto Biodinâmico e a comercialização. Com base nos relatos dos agricultores durante a pesquisa, muitas dificuldades foram surgindo com relação ao cultivo orgânico no decorrer dos anos, como o aumento na incidência de doenças e ataques de pragas nas lavouras, cada vez mais difíceis de combater, gerando perdas consecutivas de produção. Nesse contexto, muitos agricultores desistiram da agricultura orgânica e migraram novamente para o cultivo convencional. Recentemente, novas expectativas começam a surgir com relação à produção orgânica no município, porém mais ligadas ao cultivo de hortaliças e tubérculos, impulsionadas principalmente pela venda garantida aos programas institucionais (PAA e PNAE), organizados no município através da COOPAFI. Também no ano de 2012, foi iniciada com o apoio da Prefeitura Municipal e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, uma feira de agricultores, que ocorre semanalmente (aos sábados pela manhã) na praça central do município. A feira não é exclusivamente de produtos orgânicos, mas dois dos agricultores orgânicos participam e outros demonstraram interesse em participar.

59

Quadro síntese da agricultura orgânica no município de Marmeleiro

População total

13.900 habitantes

População rural

5.076 habitantes

Número de

1.404

estabelecimentos rurais Número de

8

estabelecimentos

4 totalmente orgânicos

rurais com produção

4 parcialmente orgânicos

orgânica Número de

18

Agricultores envolvidos na produção Início da produção

Década de 1990.

orgânica Produção

Hortaliças, frutas, mandioca e grãos.

Locais e formas de

Programas Institucionais PAA e PNAE (organizados através

comercialização

da COOPAFI) Empresa Bio Orgânica de Realeza Empresas Agrorgânica e Tozan Alimentos Orgânicos de Ponta Grossa Feira do Agricultor.

Entidades envolvidas

Sindicato dos Trabalhadores Rurais Sindicato Rural Movimento dos Sem Terra ASSESOAR CRESOL SENAR SEBRAE EMATER Secretaria de Agricultura Rede Ecovida

60

Certificação

IBD (grãos e mandioca) Rede Ecovida

Dificuldades

- Falta de pesquisas na área e de tecnologias adequadas; - Falta de pessoas/empresas que elaborem insumos orgânicos (caldas e preparados); - Dificuldades técnicas para a implantação de sistemas de irrigação; - Deficiência das políticas governamentais para a produção orgânica e também para manter os jovens no campo; - Escassez de mão de obra; - Dificuldade de certificação; - Falta de divulgação; - Preços mais caros dos produtos; - Inexistência de incentivos; - Falta de consciência da população; - Dificuldade no trabalho (mais penoso, maior esforço físico); - Falta de apoio técnico e de recursos (crédito); - Falta de defensivos orgânicos eficientes para combater os ataques de insetos cada vez mais frequentes.

Vantagens da produção

- Melhoria da saúde; - Diminuição dos custos de produção (insumos); - Forma de produção mais adequada ao perfil da agricultura familiar; - Expectativa de melhor retorno financeiro; - Preservação do meio ambiente; - Produção para consumo próprio; - Não descapitalização dos agricultores; - Melhoria de qualidade de vida e da autoestima; - Melhor valor dos produtos.

61

62

Quadros dos Agricultores orgânicos do município de Marmeleiro Nome

Ademar e Sandra Godinho

Endereço

Assentamento São Jorge - Marmeleiro

Telefone

(46) 3525-2543 R-22

Área estab. rural

13,9 hectares

Produção orgânica

Milho, soja e uva

Produção orgânica

Milho

comercializada Locais de venda

Biorgânica de Realeza

Certificação

IBD

Nome

Ari e Cleri dos Santos

Endereço

Acampamento São Francisco - Marmeleiro

Telefone

(46) 8806-9705

Área estab. rural

24 hectares

Produção orgânica

Milho, soja, linhaça, mandioca e batata

Produção orgânica

Milho, soja, linhaça, mandioca e batata

comercializada Locais de venda

Biorgânica e Programa Institucional (PAA)

Certificação

IBD

Nome

Claides Kohwald

Endereço

Linha Hípica – Marmeleiro

Telefone

(46) 3525-1088 (46) 8813-5048

Área estab. rural

3,6 hectares

Produção orgânica

Chuchu, vagem, abóbora, mandioca, pimentão, pepino, melão, laranja, arroz, feijão, milho verde e pipoca e melado

Produção orgânica

Chuchu, vagem, abóbora, mandioca, pimentão, pepino, melão,

comercializada

laranja, arroz, feijão, milho verde e pipoca e melado

Locais de venda

Feira e venda direta aos consumidores

Certificação

Não possuem

63

Nome

Eusébio Luiz Vodzinski

Endereço

Rua Isidoro Lírio Flack, Bairro Ipiranga - Marmeleiro

Telefone

(46) 9921-4986

Área estab. rural

0,65 hectares

Produção orgânica

Alface, chicória, almeirão, rúcula, repolho, brócolis, couveflor, beterraba, rabanete, cenoura, mandioca, milho, feijão

Produção orgânica

Alface, chicória, almeirão, rúcula, repolho, brócolis, couve-

comercializada

flor, beterraba, rabanete, cenoura, mandioca

Locais de venda

Merenda

escolar,

feira,

mercado,

estabelecimento rural Certificação

Não possuem

Nome

Ladislau e Liqueria Berezanski

Endereço

Linha Manduri – Marmeleiro

Telefone

(46) 8800-3817

Área estab. rural

17 hectares

Produção orgânica

Milho, soja, doces e conservas

Produção orgânica

Milho e soja

comercializada Locais de venda

Mercado, estabelecimento rural e empresas

Certificação

IBD

Nome

Natalio Ribeiro Pain.

Endereço

Acampamento São Francisco

Telefone

Não informado

Área estab. rural

15,6 hectares

Produção orgânica

Milho, soja, doces e conservas

Produção orgânica

Milho e soja

comercializada. Locais de venda

Empresa Bio Orgânica de Realeza

Certificação

IBD

padaria

e

no

64

Nome

Sidney Kohwald

Endereço

Linha Itaiba – Marmeleiro

Telefone

(46) 9971-0075

Área estab. rural

17,8 hectares

Produção orgânica

Milho (verde e seco), hortaliças (grande variedade), feijão, pipoca, mandioca, batata, açúcar mascavo, doces e conservas

Produção orgânica

Milho (verde e seco), alface, rabanete, cenoura, tempero

comercializada

verde, feijão, pipoca, mandioca, batata, açúcar mascavo, doces e conservas

Locais de venda

Feira

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Vilmar e Mara Lucia Sartori

Endereço

Linha São Luiz- Marmeleiro

Telefone

(46) 8803-3231

Área estab. rural

7 hectares

Produção orgânica

Batata doce, mandioca, laranja, bergamota, maçã, açúcar mascavo, vinho, suco de uva e melado

Produção orgânica

Batata doce, mandioca, laranja, bergamota, maçã, açúcar

comercializada

mascavo, doces, conservas, vinho, suco de uva e melado

Locais de venda

Feira e mercados

Certificação

Não possuem

65

Fotos da produção orgânica do município de Marmeleiro

Parreiral orgânico da UPVF de Ademar e Sandra Godinho

Pomar da UPVF de Sidney Kohwald.

Horta orgânica da UPVF de Claides Kohwald

Horta orgânica da UPVF de Euzébio Luiz Vodzinski

Lavoura orgânica da UPVF de Ladislau e Liqueria Berezanski

Milho orgânico da UPVF de Natalio Ribeiro Pain

66

Impressões da equipe sobre a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia no município de Marmeleiro A partir das entrevistas com os agricultores percebemos que as dificuldades enfrentadas - já relatadas anteriormente - atrapalham o avanço da agricultura orgânica no município, principalmente para os produtores de grãos. Entre os oito agricultores entrevistados, quatro produziam grãos, sendo que três deles relataram estar pensando em desistir da lavoura orgânica e migrar para a convencional ou para outra produção (como o leite, por exemplo). Com relação aos produtores de hortaliças (quatro entre os oito entrevistados), existem alguns progressos, principalmente no que se refere à comercialização, considerando a implantação dos programas institucionais (PAA e PNAE). Porém, de acordo com o relato dos agricultores, existem várias dificuldades de organização com relação a esses programas, que impedem que eles colaborem de forma mais efetiva para o fortalecimento da agricultura orgânica no município. Um exemplo é o não pagamento de valor diferenciado pelos alimentos orgânicos para os agricultores que possuem certificação. Um diferencial de 30% a mais nos valores destes produtos é garantido por lei, no entanto, os agricultores afirmaram que falta maior atenção na elaboração do projeto pelos responsáveis no município, para viabilizar esse percentual. Observamos que não existem políticas públicas municipais que priorizem a agricultura orgânica e agroecológica de forma específica. Todo o apoio prestado pelo poder público municipal é para os agricultores familiares de forma geral, como a feira municipal e a compra de alimentos da agricultura familiar para a alimentação escolar. Com relação a visão das entidades entrevistadas no município, há os que acreditam no potencial de crescimento da agricultura orgânica, mas todos tem consciência da grande luta que ainda precisam enfrentar para que haja mais incentivos públicos e apoio político para o aumento da assistência técnica, das pesquisas, da divulgação e do acesso aos recursos para investimentos nessa área.

67

MUNICÍPIO DE SALTO DO LONTRA

Trajetória da agricultura orgânica no município de Salto do Lontra As primeiras iniciativas ligadas à produção de alimentos orgânicos no município, de acordo com as informações levantadas na pesquisa, surgiram no final da década de oitenta (por volta de 1989), quando alguns grupos de agricultores passaram a se organizar, com o apoio da ASSESOAR, para discutir práticas de agricultura alternativa. Mais tarde, algumas iniciativas e parcerias com o poder público municipal para investimentos nessa linha foram surgindo, na tentativa de reorganizar esses agricultores para a produção orgânica. No entanto, com as mudanças constantes de prefeito, a maioria delas acabou não tendo continuidade. No ano de 1997, a partir de discussões entre o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural do município, através do Instituto EMATER e da Secretaria Municipal de Agricultura, foram desenvolvidas ações para impulsionar as atividades ligadas à produção orgânica, principalmente de grãos e de hortaliças. Em 1998, com a implantação do Programa Pró-Caxias3 várias ações foram desenvolvidas, culminando na criação da Associação dos produtores orgânicos de Salto do Lontra, a qual iniciou contando com 33 associados, sendo a maioria produtores de soja. De acordo com as informações das entrevistas, o objetivo da associação era buscar a certificação através do Instituto Biodinâmico (IBD). No entanto, os valores pagos para a certificadora, assim como a mensalidade da associação começaram a ficar pesados para os agricultores, que começaram a desistir. Aos poucos, o número de associados foi diminuindo, sendo que os últimos se desligaram da associação e começaram a negociar diretamente com a empresa que fornecia os produtos e a assistência técnica para a produção da soja. Atualmente, a associação encontra-se inativa e os agricultores ecológicos desorganizados, sendo que, a única assistência técnica prestada aos mesmos é direcionada à comercialização dos produtos no PAA e PNAE através da COOPAFI.

3

Consórcio Intermunicipal Pro-Caxias, considerado por seus idealizadores, um projeto de desenvolvimento integrado e auto-sustentável que abrange os nove municípios em torno do reservatório da usina hidrelétrica de Salto Caxias. O projeto iniciou-se a partir de uma parceria entre a Companhia Paranaense de Energia (COPEL) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), tendo como principal objetivo identificar as potencialidades dos nove municípios e apoiar o potencial da região com investimentos e estudos técnicos.

68

Os agricultores que produzem verduras, frutas, panificações, entre outros alimentos orgânicos, estão organizados através de uma feira, que ocorre semanalmente no município, onde comercializam seus produtos. Essa feira foi iniciada a partir de iniciativa do Grupo de Estudos Territoriais (GETERR/UNIOESTE) em um projeto anterior. Quadro síntese da agricultura orgânica no município de Salto do Lontra População total

13.672

População rural

6.243

Número de

1.761

estabelecimentos rurais Número de

6 – totalmente orgânicos

estabelecimentos rurais com produção orgânica Número de

19

Agricultores envolvidos na produção Início da produção

1997

orgânica Produção

Hortaliças Frutas Mandioca Grãos

Locais e formas de

Feira

comercialização

COOPAFI Empresas Gebana e Tozan Programas institucionais como PAA e PNAE.

Entidades envolvidas

COOPAFI Sindicato dos Trabalhadores Rurais CRESOL Secretaria de Agricultura.

Certificação

Ecocert, IBD

69

Dificuldades

- Dificuldades com o manejo e controle de insetos e doenças; - Falta de mão-de-obra; - Falta de incentivos governamentais; - Falta de assistência técnica contínua; - Falta de seguro da produção; - Falta de linhas de créditos específicos para a produção orgânica; - Falta de valorização dos produtos; - Dificuldade de encontrar adubo orgânico pronto; - Necessidade de maior trabalho braçal.

Vantagens da produção

- Melhores condições de saúde; - Maior valor dos produtos; - Menores custos com a produção; - Maior autonomia e independência dos agricultores.

70

71

Quadros dos agricultores orgânicos do município de Salto do Lontra Nome

Eduardo e Verônica Ferreira Edvaldo e Ericleia Ferreira

Endereço

São Luiz – Salto do Lontra

Telefone

(46) 9118-6658

Área estab. rural

17 hectares

Produção orgânica

Milho, soja, trigo, hortaliças e frutas

Produção orgânica

Soja e trigo

comercializada Locais de venda

Empresa Gebana

Certificação

Ecocert (soja e trigo)

Nome

Flávio e Ilda Peron

Endereço

Vila Rural – Salto do Lontra

Telefone

(46) 8814-2819

Área estab. rural

0,52 hectare

Produção orgânica

Milho, mandioca, cenoura, pepino, alface, repolho, beterraba, brócolis, cana de açúcar, açúcar mascavo

Produção orgânica

Milho, mandioca, cenoura, pepino, alface, repolho, beterraba,

comercializada

brócolis e açúcar mascavo

Locais de venda

Restaurantes, lanchonetes e programas institucionais (PAA)

Certificação

Não possuem

Nome

José e Maria do Carmo Ferreira

Endereço

São Luiz – Salto do Lontra

Telefone

(46) 9104-6492

Área estab. rural

13 hectares

Produção orgânica

Milho, soja, trigo, mandioca, alface, repolho, beterraba e frutas

Produção orgânica

Soja e trigo

comercializada Locais de venda

Gebana

Certificação

Ecocert (soja e trigo)

72

Nome

Marino da Luz de Souza

Endereço

Bom Fim – Salto do Lontra

Telefone

(46) 9104-6126

Área estab. rural

23,7 hectares

Produção orgânica

Milho, feijão, soja, mandioca, batata e hortaliças (alface, almeirão, couve-flor, cenoura, beterraba)

Produção orgânica

Soja, mandioca, batata e hortaliças (alface, almeirão, couve-

comercializada

flor, cenoura, beterraba)

Locais de venda

Feira e programas institucionais (PAA e PNAE)

Certificação

Não possuem

Nome

Paulo Ferreira

Endereço

Vila Pio X – Salto do Lontra

Telefone

(46) 9109-6999

Área estab. rural

18 hectares

Produção orgânica

Soja, milho, trigo, vinho, doces e conservas

Produção orgânica

Soja, milho e trigo

comercializada Locais de venda

Gebana

Certificação

Ecocert (soja, milho e trigo)

73

Nome

Tibúrcio e Zenaide dos Santos

Endereço

1o de Maio – Salto do Lontra

Telefone

(46) 8407-1470 e 3538-1777

Área estab. rural

6 hectares

Produção orgânica

Milho, feijão, mandioca, repolho, cebola, alface, couve-flor, beterraba, chicória, brócolis, cenoura, alho, banana, pêssego, laranja, bergamota, poncã, jabuticaba, manga, uva, figo, melancia, café, amendoim, morango, maçã, carambola, acerola e tempero pronto de cebola

Produção orgânica

Mandioca, repolho, cebola, alface, couve-flor, beterraba,

comercializada

chicória, brócolis, cenoura, alho, banana, pêssego, laranja, bergamota, poncã, jabuticaba, manga, uva, figo, melancia, café, amendoim, morango, maçã, carambola, acerola e tempero pronto de cebola

Locais de venda

Mercado do produtor (COOPAFI) e feira

Certificação

Não possuem

74

Fotos da produção orgânica no município de Salto do Lontra

Lavoura orgânica da UPVF de Eduardo e Edvaldo Ferreira

Estufa de hortaliças orgânicas da UPVF de Flávio Peron

Horta orgânica da UPVF de José Ferreira

Horta orgânica da UPVF de Marino da Luz

Lavoura orgânica da UPVF de Paulo Ferreira

Horta orgânica da UPVF de Tibúrcio e Zenaide dos Santos

75

Impressões da equipe sobre a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia no município de Salto do Lontra Com base na análise das informações sobre o município de Salto do Lontra, coletadas durante a pesquisa, é possível perceber que não existem políticas municipais de apoio e incentivo à produção orgânica. O poder público municipal não destina orçamento e estrutura para ações específicas nessa linha e as entidades, de forma geral, não têm conseguido pautar essa questão, de forma contínua em seus planos de trabalho. Vale ressaltar que o município já foi referência na região em iniciativas de agricultura orgânica, mas nos últimos anos enfrentou um decréscimo no número de agricultores orgânicos e uma regressão nas discussões acerca da agroecologia. Apesar disso, entre os seis agricultores entrevistados, cinco possuem UPVFs totalmente orgânicas e três possuem certificação da produção de grãos, por auditagem, através do Instituto Biodinâmico (IBD). Tais agricultores, apesar das dificuldades enfrentadas, persistem das iniciativas de organização para a produção orgânica desenvolvidas nas últimas três décadas, evidenciando que a agricultura orgânica e agroecológica é uma forma viável de desenvolvimento da agricultura familiar, que precisa ser olhada com maior atenção pelas autoridades e políticas públicas a nível municipal, estadual e federal.

76

MUNICÍPIO DE SÃO JORGE D’OESTE

Trajetória da agricultura orgânica no município de São Jorge d’Oeste O início da trajetória da agricultura orgânica em São Jorge d’Oeste, de acordo com as informações coletadas na pesquisa, se deu no final de 1997, com a criação do Consórcio Intermunicipal Pró-Caxias, que contou com a parceria do Instituto Maytenus, uma ONG de Toledo, conforme mencionado anteriormente, sobre o município de Flor da Serra do Sul, que também fez parte desse projeto. O Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA) também estiveram presentes nesse processo que culminou, pouco tempo depois, na criação de uma associação de agricultores em cada um dos nove municípios. No município de São Jorge d’Oeste haviam oito agricultores interessados em produzir orgânicos que fundaram, ainda em 1998, a AORSA (Associação dos Agricultores Orgânicos de São Jorge d’Oeste). A partir do projeto foi realizado um processo de formação continuada com os agricultores dos nove municípios, com um curso de 12 etapas, além de intercâmbios, dias de campo e diversas atividades, a fim de aprimorar a produção orgânica. Em 1999, com o objetivo de divulgar o mercado do produtor e os produtos das agroindústrias que estavam surgindo no município, o Instituto Emater organizou a 2º Feira do Melado (a primeira havia acontecido ainda em 1989). Já em 2001, ocorreu a junção da 3º Feira do Melado com a Feira das Agroindústrias, Artesanato, Indústria e Comércio, sendo chamada de Feira da Produção Orgânica. O evento tinha o objetivo de divulgar o termo “produção orgânica”, conscientizar os consumidores e arrecadar fundos para o fortalecimento das entidades da agricultura familiar (FRITZ, 2008). Por volta de 2004, com o Grupo Gestor do Pró-Caxias enfrentando problemas de produção, os agricultores de São Jorge d’Oeste resolveram criar uma cooperativa que possibilitasse a comercialização dos produtos orgânicos e agroindustriais e atingir os mercados da região. Surge então, entre o final de 2004 e início de 2005 a COOTER (Cooperativa dos Agricultores da Terra dos Lagos do Iguaçu), que passa a ser chamada em 2006 de COOPAFI (Cooperativa dos Agricultores Familiares Integrados de São Jorge d’Oeste), que juntamente com as cooperativas de Coronel Vivida, Marmeleiro e Capanema foram pioneiras nesse novo sistema de comercialização (FRITZ, 2008). Em 2005, os agricultores orgânicos do município, receberam através do “Programa Paraná Biodiversidade”, com o apoio do Instituto EMATER local (que

77

elaborou o projeto), um recurso de R$ 121.600,00, que foi utilizado para construção de estufas, compra de fosfato e aquisição de um trator pequeno com enxada rotativa para a AORSA, fato que contribuiu com o avanço da produção orgânica, principalmente de hortaliças no município (FRITZ, 2008). O convênio com o Instituto Maytenus se encerrou em 2006 e o apoio técnico foi reduzido. Desde 2007 nenhuma ação mais direta vem sendo desenvolvida dentro do Pró-Caxias. No entanto, apesar das dificuldades enfrentadas, o município de São Jorge d’Oeste é um dos que mais avançou na questão da agricultura orgânica. Isso se deu em virtude da presença de um técnico da EMATER que trabalha com agricultura orgânica e, sobretudo, da presença do CAPA, que ofereceu cursos relacionados à agricultura orgânica e atualmente continua prestando assistência técnica, cursos e dias de campo para os agricultores orgânicos do município que ainda fazem parte da AORSA. A prefeitura paga um valor mensal para que um técnico do CAPA acompanhe as dez famílias agricultoras que atualmente praticam a agricultura orgânica. A AORSA também organiza desde o início de 2012 uma feira de alimentos orgânicos para a comercialização direta com os consumidores de São Jorge D´Oeste, que ocorre todas as sextas-feiras no período da tarde, em frente ao Mercado do Produtor do município.

78

Quadro síntese da agricultura orgânica de São Jorge d’Oeste População total

9.085 habitantes

População rural

3.871 habitantes

Número de

1.142

estabelecimentos rurais Número de

10

estabelecimentos

5 totalmente orgânicos

rurais com produção

5 parcialmente orgânicos

orgânica Número de

23

Agricultores envolvidos na produção Início da produção

1997

orgânica Produção

Hortaliças Frutas Mandioca Cana de açúcar Feijão Legumes

Locais e formas de

Feira

comercialização

Programas institucionais (PNAE e PAA) Mercado do Produtor Entrega em casas dos consumidores, mercados e lanchonetes No estabelecimento rural APAV de Verê (quando sobra produção)

Entidades envolvidas

CAPA Secretaria de Agricultura AORSA COOPAFI

79

Mercado do Produtor EMATER Sindicato dos Trabalhadores Rurais Cresol. Certificação

Rede Ecovida

Dificuldades

- Falta de mão-de-obra; - Falta de incentivos; - Falta de diferenciação de preço em relação ao convencional; - Falta de linhas de crédito para a agroecologia; - Falta de seguro agrícola para a produção orgânica; - Falta de respaldo da legislação (os agricultors orgânicos precisam provar que não usam agrotóxicos, enquanto os convencionais não tem responsabilidade nenhuma sobre a contaminação causada); - Dificuldades no controle de insetos; - Falta de conscientização dos consumidores; - Dificuldades com a comercialização devido à diferença de preço; - Falta de tecnologias adaptadas; - Perdas devido à dificuldade de comercialização em alguns casos.

Vantagens da

- Alimentos mais limpos e de qualidade;

produção

- Redução dos custos de produção; - Adubação natural; - Mais saúde para a família e consumidores; - Maior contato com o consumidor (venda na feira); - Renda digna do trabalho; - Facilidade de venda em alguns casos; - Preservação do meio ambiente.

80

81

Quadro dos agricultores de São Jorge d’Oeste

Nome

Ademar e Maria Iracema Koach

Endereço

Linha Fazenda Velha – São Jorge d’Oeste

Telefone

(46) 9918-1676

Área estab. rural

16 hectares

Produção orgânica

Maçã e outras frutas, alface

Produção orgânica

Maçã e alface

comercializada Locais de venda

Programas institucionais (PAA e PNAE), feira e no estabelecimento rural

Certificação

Não possuem

Nome

Arlindo João Scussiato

Endereço

Linha Consoladora – São Jorge d’Oeste

Telefone

(46) 8806-0363

Área estab. rural

10 hectares

Produção orgânica

Morango, alface, tomate, couve flor, beterraba, uva, poncã

Produção orgânica

Morango, alface, tomate, couve flor, beterraba, uva, poncã

comercializada Locais de venda

Feira, casas dos consumidores, mercados e na Empresa Cantu.

Certificação

Não possuem

82

Nome

Atílio e Ivani Moro

Endereço

Linha Nossa Senhora Consoladora – São Jorge d’Oeste

Telefone

(46) 8808-5518

Área estab. rural

9 hectares

Produção orgânica

Rabanete, cebola, alface, brócolis, pimentão, repolho, couveflor, pepino, cenoura, beterraba, tomate e tempero verde

Produção orgânica

Rabanete, cebola, alface, brócolis, pimentão, repolho, couve-

comercializada

flor, pepino, cenoura, beterraba, tomate e tempero verde

Locais de venda

Mercado, feira, programas institucionais (PAA), em casa e o excedente na APAV do Verê

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Eli e Guilherme Kaminski

Endereço

Linha Tiradentes – São Jorge d’Oeste

Telefone

(46) 8811-8675 e 9974-7298

Área estab. rural

6 hectares

Produção orgânica

Tomate, alface, pepino, vagem e abobrinha

Produção orgânica

Tomate, alface, pepino, vagem e abobrinha

comercializada Locais de venda

Mercado, Mercado do Produtor, feira e o excedente na APAV do Verê

Certificação

Rede Ecovida

83

Nome

Francisco e Jandira Coloda

Endereço

Nossa Senhora do Carmo - São Jorge d’Oeste

Telefone

(46) 9925-5356 e 9906-1982

Área estab. rural

15,6 hectares

Produção orgânica

Cenoura, beterraba, repolho, feijão de vagem, tomate, alface, rabanete, mandioca, milho, frutas, doces e conservas

Produção orgânica

Cenoura, beterraba, repolho, feijão de vagem, tomate, alface,

comercializada

rabanete, mandioca

Locais de venda

Feira,

programas

institucionais

(PAA),

casas

dos

consumidores e no Mercado do Produtor Certificação

Rede Ecovida

Nome

João e Irma Pereira

Endereço

Linha Guajuvira - São Jorge d’Oeste

Telefone

(46) 3534-1375

Área estab. rural

10,8 hectares

Produção orgânica

Feijão carioca, milho, morango, pepino, tomate, alface, tempero verde, mandioca, manga, caqui, frutas cítricas, banana, uva, pera, pêssego, nectarina, nozes, acerola, carambola, abacaxi, lichia, doces e conservas

Produção orgânica

Feijão carioca, morango, pepino, tomate, alface, tempero

comercializada

verde

Locais de venda

Casas dos consumidores e programas institucionais (PAA)

Certificação

Rede Ecovida

84

Nome

Laurindo e Leonice Coloda

Endereço

Nossa Senhora do Carmo - São Jorge d’Oeste

Telefone

(46) 8816-5528

Área estab. rural

6 hectares

Produção orgânica

Uva, morango, pêssego, milho, pepino, pera, maçã, figo, couve-flor, tomate, cenoura, repolho, conservas, suco de uva

Produção orgânica

Morango, pêssego, milho, pepino, pera, maçã, figo, couve-flor,

comercializada

tomate, cenoura, repolho, conservas, suco de uva

Locais de venda

Feira, direto ao consumidor e PAA

Certificação

Não possuem

Nome

Otávio e Marta Brito

Endereço

Linha São Geraldo – São Jorge d’Oeste

Telefone

(46) 3534-1917

Área estab. rural

7 hectares

Produção orgânica

Tomate, cenoura, tempero verde e mandioca

Produção orgânica

Tomate, cenoura, tempero verde e mandioca

comercializada Locais de venda

Feira e mercados

Certificação

Não possuem

85

Nome

Selestino e Marinês Antonello

Endereço

Linha Volta Grande – São Jorge d’Oeste

Telefone

(46) 8812-7610 e 9976-0127

Área estab. rural

2,6 hectares

Produção orgânica

Alface, brócolis, repolho, rabanete, cenoura, tomate, ervilha, bergamota, laranja, couve-flor, batata-doce, mandioca, milhoverde e panificações (pão, bolachas, bolos, cucas, assados, roscas, etc.)

Produção orgânica

Alface, brócolis, repolho, rabanete, cenoura, tomate, ervilha,

comercializada

bergamota, laranja, couve-flor, batata-doce, mandioca, milhoverde e panificações (pão, bolachas, bolos, cucas, assados, roscas, etc.)

Locais de venda

Feira, mercado, comércio

em geral, nas

casas dos

consumidores e programas institucionais (PNAE e PAA) Certificação

Rede Ecovida

Nome

Vital Gaio

Endereço

São Jorge d’Oeste

Telefone

(46) 3534-1204 e 9903-4820

Área estab. rural

0,7 hectare

Produção orgânica

Mandioca, milho, batata-doce, alface, tomate, feijão, pepino, repolho, cenoura, beterraba, banana, uva, frutas cítricas, maçã, caqui, goiaba, maracujá e vinho

Produção orgânica

Milho, batata-doce, alface, tomate, feijão, pepino, repolho,

comercializada

cenoura, beterraba, banana, uva, frutas cítricas e vinho

Locais de venda

Feira, mercado, lanchonetes, programas institucionais (PAA), Mercado do Produtor (vinho) e no estabelecimento rural

Certificação

Rede Ecovida

86

Fotos da produção orgânica do município de São Jorge d’Oeste

Horta orgânica da UPVF de Atílio e Ivani Moro

Estufa de tomates orgânicos da UPVF de Francisco e Jandira Coloda

Estufa de hortaliças orgânicas da UPVF de João e Irma Pereira

Morangos orgânicos da UPVF de Selestino e Marinês Antonello

Horta orgânica da UPVF de Otávio e Marta Brito

Pomar orgânico da UPVF de Vital Gaio

87

Impressões da equipe sobre a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia no município de São Jorge d’Oeste Observamos que, de um modo geral, o município de São Jorge d’Oeste encontrase bem organizado com relação à produção orgânica. Foram identificadas dez famílias que trabalham com essa forma de agricultura no município, das quais cinco possuem as UPVFs totalmente orgânicas e as outras cinco produzem de forma orgânica em uma parcela do estabelecimento rural. Entre as dez famílias, cinco possuem certificação de conformidade orgânica através da Rede Ecovida de Agroecologia. A produção orgânica do município é bastante diversificada, sendo predominantes os cultivos de hortaliças e frutas, que são comercializadas na feira, organizada pelos próprios agricultores que fazem parte da Associação (AORSA). Outras formas de comercialização dos alimentos orgânicos são os programas institucionais (PAA e PNAE) e o Mercado do Produtor (COOPAFI), além da Associação dos Produtores Agroecológicos de Verê (APAV), quando possuem excedente de produção. A prefeitura apoia custeando o trabalho de um técnico do CAPA, que presta assistência técnica aos agricultores orgânicos e também adquirindo alimentos orgânicos para os programas institucionais, porém tais programas atendem a agricultura familiar de uma forma geral, não havendo prioridade para os agricultores orgânicos. Também não são previstos outros recursos do orçamento municipal e nem estrutura para ações específicas em agricultura orgânica no município. Conforme análise das entrevistas e observação em campo, conclui-se que o município de São Jorge d’Oeste possui um bom potencial de crescimento e fortalecimento da agricultura orgânica e da agroecologia. Apesar da carência de políticas públicas de incentivo em níveis municipal, estadual e federal e de outras dificuldades já listadas, é um dos poucos municípios da região que possui uma associação de agricultores orgânicos ativa, além disso, conta com a assistência técnica constante do CAPA, o que colabora para a persistência dos mesmos nessa forma de agricultura, mesmo quando surgem dificuldades na produção.

88

MUNICÍPIO DE VERÊ

Trajetória da agricultura orgânica e agroecologia no município de Verê Os primeiros debates sobre a agricultura orgânica do município de Verê iniciaram na década de 1990, pela necessidade de viabilizar os pequenos estabelecimentos rurais, que historicamente vêm dependendo de atividades da agricultura convencional (agricultura de milho e soja, suinocultura, avicultura e bovinocultura leiteira). Destaca-se nesse contexto a atuação do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), instituição vinculada à Igreja Luterana, que trabalha no município desde 1997. A

atuação

do

CAPA

viabilizou

a

agricultura

orgânica/agroecológica,

proporcionando cursos de formação e assistência técnica para os interessados em produzir alimentos livres de produtos químicos, auxiliando na comercialização e na constituição de grupos para planejamento e troca de conhecimentos. Outra frente de atuação do CAPA esteve no incentivo para a produção de uva, preferencialmente dentro do sistema orgânico. Com o fortalecimentos da agricultura orgânica no município outras entidades foram surgindo com o apoio do CAPA, como a Associação dos Produtores Agroecológicos de Verê (APAV), criada em 2001, que reúne os agricultores orgânicos, embala e comercializa os produtos no mercado próprio e no mercado em Curitiba, e a Associação dos Produtores Vitivinicultores de Verê (APROVIVE), criada em 2002, a qual reúne os produtores de uva e trabalha no processamento de sucos. Outras instituições citadas nas entrevistas como parceiras da agricultura orgânica foram o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) e, de forma menos direta, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), a Cooperativa de Credito Rural com Integração Solidaria (CRESOL) e a Prefeitura municipal de Verê. Por fim, podemos entender que a agricultura orgânica se originou e se fortaleceu no município de Verê a partir da presença do CAPA, que foi incorporando instituições como a Secretaria Municipal de Agricultura, o STR, entre outras. Nesse sentido, o objetivo inicial do CAPA esteve na geração de renda para os pequenos produtores familiares, na busca pela melhoria da saúde dos agricultores, a permanência da população no campo, em especial dos jovens e uma formação política ligada a produção de alimentos limpos de agroquímicos, estes portanto são os fatores que impulsionaram a produção orgânica e agroecológica no município de Verê.

89

Quadro síntese da agricultura orgânica no município de Verê População total

7.878 habitantes

População rural

4.597 habitantes

Número de

1.301

estabelecimentos rurais Número de

28

estabelecimentos rurais

13 totalmente orgânicos

com produção orgânica

15 parcialmente orgânicos

Número de Agricultores

88

envolvidos na produção Início da produção

Década de 1990

orgânica Produção

Frutas Hortaliças Mandioca Grãos

Locais e formas de

APAV, APROVIVE, mercados no município e região, além de

comercialização

programas institucionais como o PAA e PNAE.

Entidades envolvidas

CAPA, APAV, APROVIVE, COAFA, CRESOL, EMATER, STR e a Prefeitura municipal.

Certificação

Rede Ecovida e Ecocert (Gebana)

Dificuldades

- Falta de mão de obra; -Pouco incentivo governamental; -Poucas máquinas que auxiliem na produção; -Alto custo para a aquisição de novas tecnologias para produção; -Falta

de

financiamentos

destinados

a

agricultura

orgânica/agroecológica; -Falta de conscientização dos consumidores. Vantagens da produção

-Preservação do meio ambiente; -Viabilidade econômica das pequenas propriedades; -Melhorias das condições de saúde e alimentação; -Permanência dos jovens no campo

90

91

Quadros dos agricultores orgânicos do município de Verê Segundo informações recentes do CAPA, existem atualmente mais de 40 UPVFs produzindo alimentos orgânicos. Contudo, como essa realidade é dinâmica, na época de levantamento dos dados da pesquisa, esse número era de 28 UPVFs, as quais foram devidamente visitadas e inseridas nessa pesquisa. Esse dado demonstra que está havendo um crescimento da agricultura orgânica em Verê, que é o município que mais tem avançado nessa perspectiva.

Nome

Adalberto e Elma Busatta

Endereço

Águas do Verê – Verê

Telefone

(46) 8801-638 e 9922-4471

Área estab. rural

20,3 hectares

Produção orgânica

Pêssego, ameixa, laranja, pera, caqui, uva, bergamota

Produção orgânica

Pêssego, ameixa, laranja, pera, caqui, uva, bergamota.

comercializada Locais de venda

Nas casas dos consumidores, nas Águas do Verê, no mercado e na COAFA.

Certificação

Não possuem

Nome

Alcides e Catarina Moreschi

Endereço

Linha Boa Esperança – Verê

Telefone

Não informado

Área estab. rural

7,2 hectares

Produção orgânica

Feijão, tomate, repolho e morango

Produção orgânica

Feijão, tomate, repolho e morango

comercializada Locais de venda

APAV e no estabelecimento rural

Certificação

Rede Ecovida

92

Nome

Ari Ferreira da Silva

Endereço

Barra Verde – Verê

Telefone

(46) 9900-3437

Área estab. rural

15 hectares

Produção orgânica

Melado, pêssego, ameixa, laranja, batata doce, doces e conservas

Produção orgânica

Melado, pêssego, ameixa, laranja e batata doce

comercializada Locais de venda

COAFA, APAV e no estabelecimento rural

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Armindo e Nilza Lang

Endereço

Águas do Verê – Verê

Telefone

(46) 9978-6058

Área estab. rural

19,9 hectares

Produção orgânica

Cenoura, alface, feijão de vagem, pepino, couve folha, beterraba, couve flor, brócolis, frutas cítricas e conservas

Produção orgânica

Cenoura, alface, feijão de vagem, pepino, couve folha, beterraba,

comercializada

couve flor, brócolis, frutas cítricas e conservas

Locais de venda

APAV e programas institucionais (PNAE E PAA)

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Associação Santo Antônio

Endereço

Verê

Telefone

(46) 9972-9720

Área estab. rural

1 hectare

Produção orgânica

Uva

Produção orgânica

Uva

comercializada Locais de venda

APROVIVE

Certificação

Rede Ecovida

93

Nome

Balduindo Berns e filho Genésio Berns

Endereço

Vila Colonial – Verê

Telefone

(46) 3535-1519

Área estab. rural

26 hectares

Produção orgânica

Soja, milho, mandioca, feijão e algumas frutas

Produção orgânica

Soja, milho, mandioca, feijão e algumas frutas

comercializada Locais de venda

Programas institucionais (PAA) e empresa Biorgânica

Certificação

Rede Ecovida e IBD

Nome

Darci Cassol

Endereço

Verê

Telefone

(46) 9911-1718

Área estab. rural

2,42 hectares

Produção orgânica

Uva, mandioca, feijão, batata, alface, rúcula, chicória, abobrinha, pepino, feijão de vagem e repolho

Produção orgânica

Uva, mandioca, feijão, batata, alface, rúcula, chicória, abobrinha,

comercializada

pepino, feijão de vagem e repolho

Locais de venda

APAV, programas institucionais (PAA) e nas casas dos consumidores

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Décio e Isolete Cagnini

Endereço

Vila Colonial – Verê

Telefone

(46) 9972-9720 e 9922-0201

Área estab. rural

13,6 hectares

Produção orgânica

Uva, pera, pêssego, laranja, erva-mate, hortaliças, poncã, vergamota, nozes, maça e morango

Produção orgânica

Uva, pera, pêssego, laranja, erva-mate, hortaliças, poncã,

comercializada

vergamota, nozes, maça e morango

Locais de venda

Ervateira de Palmas (só a erva), APROVIVE, APAV, e no estabelecimento rural

Certificação

Rede Ecovida

94

Nome

Demara e Edson Preilipper

Endereço

Pitangueiras – Verê

Telefone

Não informado

Área estab. rural

4 hectares

Produção orgânica

Açúcar mascavo, melado, tempero verde, alho, couve-flor, cenoura, cebola, alface, amendoim, morango, beterraba, tomate, abobora, mandioca e batata doce

Produção orgânica

Açúcar mascavo, melado, tempero verde, alho, couve-flor,

comercializada

cenoura, cebola, alface, amendoim, morango, beterraba, tomate, abobora, mandioca e batata doce

Locais de venda

COAFA, APAV e programas institucionais (PAA e PNAE)

Certificação

Em andamento

Nome

Dirceu Moreschi

Endereço

Verê

Telefone

Não informado

Área estab. rural

28 hectares

Produção orgânica

Uva

Produção orgânica

Uva

comercializada Locais de venda

APAV e programas institucionais (PAA)

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Fábio Garbossa

Endereço

Barra do Santana – Verê

Telefone

(46) 9903-7535

Área estab. rural

7,4 hectares

Produção orgânica

Uva, pipoca e mandioca.

Produção orgânica

Uva

comercializada Locais de venda

APROVIVE

Certificação

Rede Ecovida

95

Nome

Francisco e Sedoilda Rech

Endereço

Alto Alegre – Verê

Telefone

(46) 9106-9601

Área estab. rural

3 hectares

Produção orgânica

Beterraba, laranja, pêssego, ameixa, batata doce.

Produção orgânica

Beterraba, laranja, pêssego, ameixa, batata doce.

comercializada Locais de venda

Mercados de Verê e da região, APAV, COAFA e programas institucionais (PAA)

Certificação

Não possuem

Nome

Idílio Calgarotto

Endereço

Vila Colonial – Verê

Telefone

Não informado

Área estab. rural

16,8 hectares

Produção orgânica

Uva, mandioca, feijão, batata e hortaliças

Produção orgânica

Uva

comercializada Locais de venda

Uva in natura vende particular e o suco através da APROVIVE.

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Iraci e Cleci Zanin.

Endereço

Linha Baldo/ Vista Alegre

Telefone

Não informado

Área estab. rural

21,78 hectares

Produção orgânica

Uva (suco) e conservas.

Produção orgânica

Uva (suco) e conservas.

comercializada Locais de venda

APROVIVE

Certificação

Rede Ecovida

96

Nome

Irinaldo e Josefina Carniel Calgarotto

Endereço

Vila Colonial-Verê

Telefone

Não informado

Área estab. rural

4,4 hectares

Produção orgânica

Uva, laranja, pêssego, poncã, tempero verde, amendoim e batata-doce.

Produção orgânica

Uva

comercializada Locais de venda

No estabelecimento rural, na APROVIVE e na APAV

Certificação

Rede Ecovida

Nome

João Adilar Wolf e Salete Moreschi

Endereço

Boa Esperança-Verê

Telefone

(46) 8801-0604

Área estab. rural

4,4 hectares

Produção orgânica

Repolho, brócolis, couve flor, vagem, pepino, poncã, bergamota, abacate, banana e laranja.

Produção orgânica

Repolho, brócolis, couve flor, vagem, pepino, poncã, bergamota,

comercializada

abacate, banana e laranja.

Locais de venda

APAV e programas institucionais (PNAE e PAA)

Certificação

Rede Ecovida

97

Nome

Margarete Preiliper

Endereço

Pitangueira – Verê

Telefone

Não informado

Área estab. rural

7,2 hectares

Produção orgânica

Açúcar mascavo, melado, cachaça, cenoura, pepino, beterraba, couve-flor, brócolis, cheiro verde, milho verde, milho grão, pêssego, goiaba, bergamota, laranja, abóbora, batata-doce e mandioca.

Produção orgânica

Açúcar mascavo, melado, cachaça, cenoura, pepino, beterraba,

comercializada

couve-flor, brócolis, cheiro verde, milho verde, milho grão, pêssego, goiaba, bergamota, laranja, abóbora, batata-doce e mandioca.

Locais de venda

APAV e COAFA

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Miguel Thomé

Endereço

Barra do Marrecas

Telefone

(46) 9911-6500 e 9978-7470

Área estab. rural

14,7 hectares

Produção orgânica

Uva, vinho, vinagre, feijão, mandioca, hortaliças e frutas.

Produção orgânica

Uva, vinho e vinagre.

comercializada Locais de venda

Estabelecimento rural e APROVIVE

Certificação

Rede Ecovida

98

Nome

Miriam Salete Franciscon e Emílio Conter

Endereço

Águas do Verê – Verê

Telefone

Não informado

Área estab. rural

7,7 hectares

Produção orgânica

Mandioca, pepino, tempero verde, alface, repolho, brócolis, couve-flor, tomate e beterraba.

Produção orgânica

Mandioca, pepino, tempero verde, alface, repolho, brócolis,

comercializada

couve-flor, tomate e beterraba.

Locais de venda

APAV

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Nelson Moreschi

Endereço

Boa Esperança- Verê

Telefone

Não informado

Área estab. rural

3 hectares

Produção orgânica

Uva

Produção orgânica

Uva

comercializada Locais de venda

APROVIVE

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Nivaldo e Sheila Petroski

Endereço

Nova União – Verê

Telefone

(46) 9916-8512

Área estab. rural

13 hectares

Produção orgânica

Mandioca, batata, abóbora, cheiro verde, beterraba, cenoura e bergamota.

Produção orgânica

Mandioca, batata, abóbora, cheiro verde, beterraba, cenoura e

comercializada

bergamota.

Locais de venda

COAFA

Certificação

Não possuem

99

Nome

Rosineli Meireles da Silva

Endereço

Verêzinho – Verê

Telefone

(46) 8803-7025

Área estab. rural

7,2 hectares

Produção orgânica

Maçã, laranja (3 qualidades), tomate e pepino

Produção orgânica

Maçã e laranja

comercializada Locais de venda

APAV

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Rudimar Castagna

Endereço

Linha Belé – Verê

Telefone

(46) 3535-1737 e 3535-1195

Área estab. rural

1 hectare

Produção orgânica

Uva, caqui, pêssego, laranja, nozes e vinho.

Produção orgânica

Uva, caqui, pêssego, laranja e nozes.

comercializada Locais de venda

APROVIVE, COAFA, APAV, mercados e no estabelecimento rural

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Salvador Zanetti

Endereço

Linha Brasília

Telefone

Não informado

Área estab. rural

7,2 hectares

Produção orgânica

Frutas (cítricas, pera, maçã, caqui, pêssego, butiá) e hortaliças.

Produção orgânica

Frutas (cítricas, pera, maçã, caqui, pêssego, butiá).

comercializada Locais de venda

Estabelecimento rural

Certificação

Não possuem

100

Nome

Valmir e Nelci Jahn

Endereço

Águas do Verê – Verê

Telefone

(46) 8804-2135

Área estab. rural

5 hectares

Produção orgânica

Tomate, brócolis, cenoura, couve-flor, tempero verde, tomate, rabanete, beterraba, feijão de vagem, laranja, bergamota, tangerina, uva francesa, amendoim, pipoca, batata-doce e vinho.

Produção orgânica

Tomate, brócolis, cenoura, couve-flor, tempero verde, tomate,

comercializada

rabanete, beterraba, feijão de vagem, laranja, bergamota, tangerina, uva francesa, amendoim, pipoca e batata-doce.

Locais de venda

APAV e APROVIVE.

Certificação

Rede Ecovida

Nome

Valter e Salete Ferreira

Endereço

Nova União – Verê

Telefone

(46) 9900-2010

Área estab. rural

19,2 hectares

Produção orgânica

Maçã, laranja e caqui.

Produção orgânica

Maçã, laranja e caqui.

comercializada Locais de venda

APAV e nas casas dos consumidores

Certificação

Em andamento

Nome

Vicente Carniel

Endereço

Verê

Telefone

Não informado

Área estab. rural

21,7 hectares

Produção orgânica

Brócolis, beterraba, cenoura, repolho, frutas cítricas, alface e mandioca.

Produção orgânica

Brócolis, beterraba, cenoura, repolho, frutas cítricas, alface e

comercializada

mandioca.

Locais de venda

APAV

Certificação

Rede Ecovida

101

Nome

Waldemar Betiollo e Vera Lucia Cagnini Betiollo.

Endereço

Colônia Nova – Verê

Telefone

(46) 9976-1926

Área estab. rural

12 hectares

Produção orgânica

Açúcar mascavo, mandioca, pipoca, amendoim, batata doce, poncã e bergamotas.

Produção orgânica

Açúcar mascavo, mandioca, pipoca, amendoim, batata doce,

comercializada

poncã e bergamotas.

Locais de venda

Fecularia de Realeza, APAV e programas institucionais (PNAE)

Certificação

Rede Ecovida

102

Fotos da produção orgânica do município de Verê

Horta orgânica da UPVF de Miriam Salete Franciscon e Emílio Conter

Horta orgânica da UPVF de Armindo e Nilza Lang

Horta orgânica da UPVF de Décio e Isolete Cagnini

Parreiral orgânico da UPVF de Idílio Calgarotto

Horta orgânica da UPVF de Edson e Demara Preilipper

Pomar orgânico da UPVF de Irinaldo Calgarotto e Josefina Carniel

103

Impressões da equipe sobre a configuração da agricultura orgânica e da agroecologia no município de Verê Por meio das entrevistas e trabalhos de campo, verificamos que no ano de 2012 o município de Verê contava com vinte e oito (28) estabelecimentos rurais que trabalhavam com agricultura orgânica. Destes, 13 são totalmente orgânicos e 15 são parcialmente orgânicos. De modo geral, o município está bem organizado em relação à produção orgânica e agroecológica, contando com o apoio técnico do CAPA, entidade que trabalha tanto com a produção quanto com a formação dos agricultores. O município também conta com uma produção diversificada, em que a grande maioria dos agricultores, um total de 21, possui certificação pela Rede Ecovida, destacando ainda que mais 4 estavam com o processo em andamento em meados de 2013. Nesse contexto, soma-se o planejamento da produção entre os agricultores, que buscam o não desperdício e o aproveitamento máximo dos produtos para a comercialização. Observamos que a comercialização dos produtos se dá por meio das entidades como o CAPA, APROVIVE e APAV, as quais organizam as feiras, a destinação dos produtos para a rede de mercados locais e da região, e a COAFA, que organiza os programas governamentais como o PAA e o PNAE, destinando os produtos orgânicos e convencionais. Em um contexto geral, podemos entender que a grande maioria das propriedades está sendo trabalhada numa perspectiva de produção de alimentos limpos, com o mínimo de degradação do solo e viabilização econômica, permitindo a permanência dos agricultores no campo, em que existe a garantia de comercialização da produção, além das melhores condições de vida e saúde dessa população.

104

PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA Manejo do Solo Um dos principais fatores para se obter uma boa produtividade é possuir um solo fértil, pois é aí que se concentra as raízes das plantas e de onde elas extraem os nutrientes essenciais para o seu crescimento. Conhecer o solo em que se está plantando é importante para corrigir seu estado físico, suas carências em minerais, matéria orgânica e água. Controle de seres indesejados Os seres indesejados (insetos, fungos e bactérias), chamados de pragas, influenciam fortemente no crescimento saudável da planta. Na agricultura convencional, muitos tipos de agrotóxicos são utilizados para combater essas “pragas”, porém na Agroecologia, busca-se estabelecer um equilíbrio no agroecossistema, mantendo predadores naturais desses seres indesejados e tornando o solo e as plantas mais fortes contra ataques. Conhecendo Melhor o Solo Na Agroecologia, a compreensão e o correto manejo do solo são fatores fundamentais para a produção de alimentos. A fertilidade do solo é a capacidade da camada mais superficial do solo - onde se concentra maior parte das raízes das plantas cultivadas - de obter os nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas. As plantas necessitam de energia solar, gás carbônico, água, macro e micro nutrientes. A água e os micro e macro nutrientes são fornecidos pelo solo. Os macronutrientes compreendem o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre que são absorvidos em quantidades maiores pelas plantas e os micronutrientes, boro, cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio, níquel, cobalto e zinco que são usados em menor quantidade. A planta necessita de todos esses nutrientes, que precisam estar presentes no solo em quantidades adequadas para que tenha um bom crescimento, se qualquer um desses elementos estiver ausente, não há um bom desenvolvimento das plantas (LEPSCH, 2002). A identificação dos nutrientes existentes ou carentes no solo necessita de análise em laboratório, mas também se pode buscar, através de formas práticas, na observação do surgimento de plantas indicadoras como também de sintomas apresentados nas plantas cultivadas.

105

EXEMPLOS DE PLANTAS INDICADORAS DE CARACTERÍSTICAS DO SOLO

Amendoim Bravo ou Leiteira (Euphorbia Heterophylla) Indica o desequilíbrio entre o Nitrogênio e os micronutrientes, como o Molibdênio e o Cobre.

Capim amargoso ou capim açu (Digitaria Insularis) Aparece em lavouras abandonadas ou em pastagens nas manchas úmidas, onde a água fica estagnada após as chuvas. Nas lavouras, ocorre na soja. Indica solos de baixa fertilidade. Beldroega (Portulaca Oleracea e sp) Indica solo fértil não prejudica a lavoura. Além de proteger o solo, é uma planta alimentícia com elevado teor de proteína.

Capim carrapicho (Cenchrus Echinatus) Indica campos agrícolas muito decaídos, erodidos pisoteadas.

e

compactados,

pastagens

Desaparecem

com

a

recuperação do solo.

Capim marmelada (Brachiaria Plantaginea) Indica

decadência,

constantemente

arados,

típica

de

gradeados,

solos com

deficiência de Zinco. Desaparecem com o centeio, aveia preta e ervilhaca, ou com a permanência da própria palhada sobre a superfície.

106

Azedinha (Oxalis Oxyptera)

Aparece em terra argilosa, de pH baixo, falta de cálcio, falta demolibdênio Cabelo de porco (Carex spp)

. Indica solos compactados e com pouco cálcio. Grama seda (Cynodon dactylon)

Indica solo muito compactado.

Barba de bode (Aristida pallens)

Indica pobreza de fósforo, cálcio e potássio. Solos com pouca água.

Cavalinha (Equisetum sp.)

Indica solo com teor de acidez de médio a elevado Dente de leão (Taraxum oficialis)

Indica Boro, terra boa.

107

Carqueja (Baccharis spp)

Indica pobreza do solo, compactação superficial, molibdênio, prefere os solos que retém água estagnada na estação chuvosa.

Guanxuma (Sida spp.)

Indica locais que apresentam subsolo compactado ou solo superficial erodido. Em solo fértil fica viçosa em solo pobre fica pequena. Aparece muito onde se manobram as maquinas após o plantio de batatinhas, estradas, pátios.

Picão Branco (Galinsoga parviflora)

Indica solo com excesso de nitrogênio e deficiente em micronutrientes. É beneficiado pela deficiência de cobre.

Picão preto (Bidens pilosa)

Tansagem (Plantago maior)

Indica solos de media fertilidade,

Indica solos com pouco ar, compactados

solos

ou adensados, frequentemente muito

muito

desequilibrados.

remexidos

e

úmidos.

108

Tiririca (Cyperus rotundus)

Solo ácido, adensado, anaeróbico, com carência em Magnésio. É incompatível com feijão miúdo, feijão de porco, mucuna preta e palha de cana de açúcar.

Capim Rabo de Burro (Andropogon s.p.) Típico de terras abandonadas e gastas, indica solos ácidos com baixo teor de Cálcio, impermeável entre 60 e 120 cm de profundidade.

Samambaia (Pteridium aquilinum) Altos teores de Alumínio acabam com a calagem.

As

queimadas

fazem

voltar

o

alumínio ao solo e proporcionam o retorno da samambaia.

Caruru (Amaranthus ssp)

Indica presença de Nitrogênio livre, matéria orgânica.

Mamona (Ricinus communis)

Indica solo aerado mas com deficiência em Potássio.

109

Urtiga (Urtiga urens)

Indica excesso de Nitrogênio livre e carência de cobre.

Maria Mole (Senecio brasiliensis) Solo adensado, compactado em camadas mais profundas (40 a 120 cm). Regride com adubação de Potássio e implantação de plantas subsoladoras (plantas cujas raízes são capazes de arrebentar as camadas compactadas do solo, exemplo: guandu, crotalária e gramíneas forrageiras).

Grama Forquilha (Paspalum notatum)

Indica decadência do solo pastoril, enfraquecimento.

Nabo (Raphanus raphanistrum)

Indica carência de Boro e Manganês. Correção com 3 kg/ha de bórax e 5 kg/ha de manganês. Aveia quebra a dormência do nabo.

110

PORQUE APLICAR O PLANTIO DIRETO? O método correto para o plantio é o plantio direto, pois a terra depois de roçada mantém a palhada, formando uma superfície protetora, protegendo esse solo da erosão, amenizando o impacto das gotas de chuva. A técnica do plantio direto permite que o plantio seja feito em qualquer época do ano. O solo não perde umidade e fica protegido contra o aquecimento excessivo. A camada de palhada suprime as plantas invasoras e diminui a necessidade de adubos, pois mantém a fertilidade natural do solo e proporciona colheitas estáveis e elevadas, mas o plantio direto só vai ser eficiente se for feito juntamente com a rotação de culturas, que é a troca de culturas a cada plantio, alterando as espécies vegetais na área plantada. Esse tipo de plantio garante a recuperação e mantém a fertilidade do solo, além de ser a forma mais adequada de expulsar as pragas de cada tipo de cultura, não deixando que estas se instalem nas culturas e criem resistência (PRIMAVESI, 1992). Mayer (2001), também destaca que as plantas exercem influência sobre as outras, que pode ser boa ou ruim. Por isso, é importante saber quais plantas são amigas e quais não, para melhorar o controle e aumentar a produtividade.

PLANTAS AMIGAS E INIMIGAS EM ALGUMAS CULTURAS Cultura Abobora Acelga

Alface

Alho

Batata

Beterraba Berinjela

Plantas Amigas Milho, vagem, acelga, chicória, amendoim, cenoura Salsa, nabo, couve-flor, feijão, rabanete, cenoura Cenoura, rabanete, beterraba, rúcula, acelga, feijão, milho, alho, nabo, hortelã, chicória, ervilha, cebola, couve-flor, tomate Alface, beterraba, cenoura, camomila, morango, rosa, tomate, salsa Feijão, milho, repolho, alho, fava, urtiga, cravo de defunto, caruru, ervilha, alho, salsa, cebola, espinafre

Plantas Inimigas Batatinha

Pepino, salsa, morango

Ervilha, feijão, couve-flor

Beterraba, tomate

couveflor,

Alface, alho, nabo, vagem, salsa, Mostarda, milho, batata cebola, pepino Feijão, vagem

111

Beterraba, morango, cenoura, camomila, tomate, couve, sálvia, Cebola alface, rosa, alecrim, macela, salsa, pepino, abobora Ervilha, alface, manjerona, feijão, rabanete, tomate, sálvia, cebola, Cenoura cebolinha, salsa, hortelã, chicória, abobora, alho Cenoura, mostarda, espinafre, Cebolinha tomate, rosa, repolho, couve-flor Feijão, ervilha, camomila, hortelã, enfro, sálvia, alecrim, losna, aipo, Couve salsa, acelga, espinafre, alface, pepino, rabanete Milho, girassol, berinjela, alface, batata, cenoura, pepino, couve, Feijão repolho, alecrim, nabo, aipo, salsa, beterraba, rabanete, tomate Batata, ervilha, feijão, epino, abobora, melão, melancia, trigo, rúcula, nabo, rabanete, quiabo, Milho mostarda, moranga, girassol, endro, mucuna, berinjela, amendoim, salsa, tomate, alface Morango Feijão, espinafre, tomate Girassol, feijão, milho, ervilha, Pepino salsa, beterraba, cebola Tomate, ervilha, agrião, cenoura, Rabanete espinafre, vagem, chicória, milho, salsa, couve, alface, batata, feijão Batata, beterraba, alface, cebola, Repolho cebolinha, tomate, endro, alecrim Rúcula Chicória, vagem, milho Salsa Tomate, pimenta Alecrim, alho, cebola, cebolinha, hortelã, salsa, cenoura, sálvia, Tomate urtiga, aipo, nabo, chicória, espinafre, alface, milho, feijão, rabanete Milho, abóbora, rúcula, chicória, Vagem acelga, rabanete Fonte: MAYER, Paulo H. (2001). Org. Raquel A. Meira.

Ervilha, feijão, couve-flor

Endro, funcho

Ervilha, feijão Beterraba, alho, batata, tomate

cebola,

Mandioca, cebola

ervilha,

alho,

Funcho, aipo, beterraba

Repolho, alface Rabanete, tomate, alface Pepino Morango

Alface Pimenta, soja, batatinha, ervilha, pepino e batata

112

Os cultivos consorciados, desenvolvidos em algumas propriedades, são fundamentais, por fornecer mais matéria orgânica ao solo após a colheita, protegendo a terra contra a insolação e o impacto da chuva, e também como alternativa frente à monocultura. Primavesi (1992) lembra que o consorciamento pode beneficiar a cultura principal, mas deve-se tomar cuidado para que essas plantas consorciadas sejam companheiras e, para saber se essas plantas se gostam, basta colocar um prato de areia lavada e, em outro, terra sacudida da cultura anterior. Em seguida, colocam-se nesses dois pratos entre 50 e 100 sementes da cultura que se deseja plantar. Se nascer primeiro na areia, não se gostam. Se nascerem primeiro na terra, são companheiras.

PRINCIPAIS NUTRIENTES E SUAS FUNÇÕES NAS PLANTAS

Nutrientes Nitrogênio (macronutriente)

Fósforo (macronutriente)

Potássio (macronutriente)

Cálcio (macronutriente)

Magnésio (macronutriente) Enxofre (macronutriente)

Principais Funções É absorvido em maior quantidade. É o principal elemento que compõe as proteínas. É responsável em promover o crescimento das plantas. Em excesso pode diminuir a resistência das plantas. Aumenta a produção e melhora a qualidade, pois estimula o crescimento das raízes, semente e fruto. Fortalece a planta contra efeitos do frio e seca por armazenar energia na planta. A falta de fósforo provoca grãos chochos. É o 2º mais absorvido pela planta. Ajuda a formar açucares e proteínas, controla a absorção e perda de água da planta. Ajuda na absorção de outros nutrientes. Aumenta a resistência da planta contra pragas e doenças. É fornecido junto com o magnésio quando se aplica calcário ao solo. Importante na formação das células da planta promove a absorção da água, aumentando a elasticidade e permeabilidade da parede celular. Torna as plantas e frutos mais resistentes ao apodrecimento. Importante na fotossíntese da planta. Geralmente existe em quantidade suficiente no solo. Ajuda na formação das proteínas que fazem parte dos grãos. Ajuda a fixar Nitrogênio nas plantas.

113

Boro (micronutriente)

Molibdênio (micronutriente)

Zinco (micronutriente) Ferro (micronutriente)

Manganês (micronutriente)

Cobre (micronutriente) Cloro (micronutriente)

Importante na formação do pólen e no crescimento no embrião. Aumenta a resistência física das plantas, torna as folhas e ramos mais rígidos. Quando há deficiência de Boro o ataque de insetos é maior. Usado em pequenas quantidades pelas plantas. Melhora o desenvolvimento das raízes. Ajuda na fixação de Nitrogênio e na formação de proteína nas plantas. Influencia para que as partes jovens das plantas sejam normais. Também influencia na produção dos hormônios de crescimento. Influencia na formação da clorofila (o verde das plantas). Aumenta o aproveitamento dos outros nutrientes pela planta. Torna as plantas mais resistentes a pragas, doenças e variações climáticas. Ajuda na formação das vitaminas na planta, também melhora o aroma e o sabor dos frutos. Acelera a germinação, melhora o desenvolvimento das raízes e o aproveitamento dos outros nutrientes. Aumenta a resistência das plantas à pragas, secas e doenças. Junto com o Magnésio e o Cobre, ajudam na formação da clorofila e das proteínas. É indispensável para o melhor aproveitamento dos macronutrientes.

Cobalto Ajuda na fotossíntese e fixação de Nitrogênio pelas (micronutriente) leguminosas. Fonte: MAYER, Paulo H. (2001). Org. Raquel A. Meira.

114

SINTOMAS NAS PLANTAS DEVIDO À DEFICIÊNCIA EM NUTRIENTES Deficiência de Nitrogênio

Deficiência de Fósforo

A planta fica fraca, com folhas

As plantas ficam miúdas, os frutos tem

uniformemente amareladas e as folhas

uma maturação tardia, grãos chocos e as

mais velhas murchas.

folhas ganham tonalidades escuras, arroxeadas.

Deficiência de Potássio

Deficiência de Cálcio

Apresenta manchas brancas, amarelas nas

As folhas e brotos mais novos ficam

folhas e com as bordas secas, os caules

deformados, a ponta não cresce, aparecem

ficam finos e fracos.

manchas amarelas entre as nervuras e nas margens, as raízes ficam fracas e os frutos racham.

Deficiência de Magnésio

Deficiência de Enxofre

As nervuras das folhas mais velhas ficam

As folhas novas ficam pálidas, às vezes

com cores arroxeadas que se curvam e são

com manchas secas e cores arroxeadas.

facilmente arrancadas. Deficiência de Boro

Deficiência de Zinco

As folhas das pontas ficam deformadas,

Folhas pequenas, retorcidas com manchas

escurecimento no interior das hortaliças,

amareladas, tufos de folhas nas pontas dos

como couveflor, nas frutíferas

ramos.

desenvolvem a vassoura de bruxa, no tomateiro provoca o superbrotamento lateral em arvores provoca o caule oco. Deficiência de Cobre

Deficiência de Manganês

Folhas das pontas murchas, dificuldade do

Aparece nas folhas mais novas, uma rede

caule ficar reto.

de nervuras sobre um fundo amarelado, as folhas tem pequenas manchas.

Fonte: MAYER, Paulo H. (2001). Org. Raquel A. Meira.

115

DICAS PARA O CONTROLE DE PRAGAS Para controle de pulgões: Inseticida de samambaia: facilmente encontrado em potreiros e áreas de pousio. Com 500gr de folhas e 2 litros de água, ferve-se durante 30 minutos e deixa descansar por 24 horas. Misturar 1 litro deste líquido para 10 litros de água e pulverizar as plantas. Inseticida de urtiga: além de repelente funciona como fortificante para a planta: 500 gramas de folhas e 1 litro de água, esmagar bem e deixar descansar por 2 dias, retirar a urtiga e misturar a solução em 10 litros de água e regar as plantas a cada 15 dias. Inseticida de água de fumo: picar 10 cm de fumo de corda e misturar em 10 ml de álcool e 1 litro de água e deixar curtir por 1 dia, após isso misturar a solução em 10 litros de água e pulverizar as plantas. Para controle de míldio: Macerado de urtiga: secar e moer 100 gramas de urtiga depois misturar com água e deixar por 8 dias, mexendo 2 vezes ao dia, no 9º dia misturar essa quantidade a 100 litros de água e pulverizar as plantas. Preparado de mamoeiro: moer 1 kg de folhas de mamoeiro e misturar a 1 litro de água, coar e adicionar 4 litros de solução de sabão ou açúcar de 1 a 3% e irrigar o solo. Para controle de fungos: Fungicida de cavalinha: secar a sombra 200 gramas de cavalinha depois moer e ferver por 20 minutos com 10 litros de água e aplicar no solo por alguns dias. Para controle de cochonilhas, ácaros, carunchos e gorgulhos: Inseticida de enxofre: umedecer 100 gramas de enxofre até fazer uma pasta, depois acrescentar mais 20 litros de água e misturar bem, acrescentar 20 ml de óleo mineral (1%). Aplicar nas plantas, mas evitar usar na época de florescimento. Para aplicação em galpões misturar 10 gramas de enxofre em 25 ml de álcool, levar ao galpão e atear fogo na mistura. Deixar o galpão fechado por 3 dias e depois abrir para ventilar.

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Para controle de cascudinhos: Isca de tajujá: cortar pedaços de raiz com 10 cm de comprimento, enfiar em estacas e distribuir nas culturas na mesma altura das plantas. Proteger as iscas da chuva para terem um tempo maior de durabilidade. Colocar de 2 a 4 estacas a cada 10m² e trocar as iscas de 7 a 15 dias. Repelente de cascudinhos: triturar 100 cascudinhos com um copo de água e misturar em 20 litros de água e pulverizar as plantas, deve ser aplicado a cada 10 dias. Para controle de fede-fede: Misturar 300 gramas de sal, 150 ml de urina animal e 10 litros de água, molhar panos nesta mistura e distribuir em estacas a cada 50 metros. Para o controle de lagartas: No combate de lagartas na mandioca é indicado aplicar 20ml/ha de Baculovirus ou 3 kg/ha de Buveril em 80 litros de água (os dois produtos são comercializados). Para o controle de lesmas: Preparado de losna: misturar 1litro de água fervente sobre 300 gramas de folhas secas de losna e deixar por 10 minutos, coar e misturar em 10 litros de água e pulverizar. Para controle de pragas nas hortaliças, frutíferas e grãos: Extrato de pimenta alho e sabão: misturar 100 gramas de pimenta do reino em 1 litro de álcool em uma garrafa, tampar e deixar em repouso por uma semana. Triturar 100 gramas de alho e misturar a 1 litro de álcool e também deixar repousar por uma semana. Dissolver 50 gramas de sabão neutro em um litro de água quente. Na hora de usar, pegar um copo de extrato de pimenta e meio copo de extrato de alho a solução de sabão e misturar a 20 litros de água e pulverizar. Fonte: MAYER (2001), PENTEADO (2007), PENTEADO (2008). Org. Raquel A. Meira.

Não são somente as técnicas de prevenção que garantem a saúde das plantas, pois se isto está acontecendo o sistema de produção não está totalmente equilibrado, por esse motivo é necessário que se faça uso de todas as técnicas corretas de produção mencionadas nas recomendações gerais. Reiterando que o bom manejo do solo é essencial para que se tenha uma boa produção e garantir a saúde das plantas. Um solo bem preparado, com disponibilidade de água e bem adubado, funciona como prevenção contra pragas e doenças.

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Na agroecologia, os defensivos naturais não devem acabar com os insetos, mas sim fornecer a planta maior resistência, sem afetar a saúde do homem e nem causar o desequilíbrio da natureza (PENTEADO, 2008). Na proteção das plantas, antes de qualquer intervenção com algum produto, Penteado (2008) destaca a importância de o produtor se ater a alguns fatores, como: ter conhecimento da cultura, seu ciclo e suas exigências climáticas; fazer monitoramento das pragas e doenças assim como a eficiência dos procedimentos de combate; fazer controle da adubação para que não tenha falta e nem excesso, que podem causar desequilíbrio das plantas. Penteado (2008) destaca ainda, algumas medidas auxiliares de proteção das plantas, que são: escolha de cultivos adaptados e resistentes às condições climáticas e do solo; utilização de mudas sadias e tratamento das sementes com produtos alternativos; retardar ou antecipar o plantio visando obter períodos mais favoráveis; utilizar um espaçamento adequado, mais amplo para evitar a umidade excessiva e ocorrência de doenças como fungos e bactérias; evitar solos encharcados e com excesso de irrigação, pois favorecem doenças nas raízes; combater os insetos principalmente na fase de mudas; instalar cercas vivas, que servem de refugio dos inimigos naturais, que podem ser feitos com plantas medicinais; fazer a rotação de culturas e evitar a monocultura, evitando assim a permanência de pragas e doenças da cultura anterior; nas épocas de estiagem, evitar a pulverização, pois ativam as plantas sem que elas tenham condições de absorver os nutrientes.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento dessas pesquisas permitiu ao GETERR ampliar seu conhecimento sobre a atual configuração da agricultura orgânica e da agroecologia nos oito municípios que foram alvo do projeto. De modo geral, a quantidade de agricultores envolvidos com a agricultura orgânica já foi maior em outros períodos, sobretudo no início da década de 2000. No entanto, entendemos que isso se deu em virtude de um entusiasmo dos agricultores e de entidades que investiram em projetos nessa temática. Com a finalização de alguns projetos e mudanças de conjuntura política e ideológica, algumas instituições como a EMATER reduziram sua atuação na agricultura orgânica, levando também a uma redução por parte dos agricultores envolvidos. São muitas as dificuldades enfrentadas pelos agricultores, pois como pudemos ver nos quadros sínteses dos municípios, faltam políticas públicas, assistência técnica, interesse político, projetos com continuidade, crédito e seguro para os agricultores orgânicos, entre outros fatores. Isso indica também uma opção por parte dos políticos da região, assim como de todo o Brasil, em priorizar a agricultura convencional e o agronegócio, deixando a agricultura orgânica relegada a algumas instituições da agricultura familiar e a agricultores que não abrem mão dessa forma de produzir e de viver. Apesar das dificuldades, a pesquisa sobre a configuração da agricultura orgânica nos oito municípios possibilitou identificar avanços importantes, como os programas institucionais do governo federal (PAA e PNAE), iniciativas de ONGs e outras instituições, tanto no apoio à produção, quanto nos processos de certificação e comercialização e, principalmente, na organização política dos agricultores orgânicos, que apesar de ser variada, apresenta resultados significativos, como a criação de associações formais e informais de agricultores orgânicos, feiras e outros espaços de venda direta com os consumidores. Já a pesquisa referente ao manejo orgânico de solos e plantas, nos permitiu conhecer as formas de manejo utilizadas por agricultores do município de Francisco Beltrão, mas principalmente levantar informações que podem ser úteis para os agricultores em termos de técnicas de manejo de solos e plantas. Essas informações foram sistematizadas na segunda parte do livro.

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Sabemos que as dificuldades são grandes e que há muito que se fazer para o desenvolvimento e crescimento da agricultura orgânica e, sobretudo da agroecologia no Sudoeste do Paraná e no Brasil. Contudo, os resultados da pesquisa indicam que há um enorme potencial de crescimento dessas iniciativas, principalmente se os consumidores passarem a se interessar por tais alimentos e a procurá-los. A demanda certamente influencia na oferta, e é possível ampliar a produção de alimentos orgânicos na região, fortalecendo a agricultura familiar e melhorando a qualidade dos alimentos que chegam a nossa mesa. Por outro lado, a sensibilização da população para a agricultura orgânica pode despertar um questionamento maior sobre os alimentos que temos consumido, provenientes da utilização intensiva de agroquímicos, da exploração do trabalho do agricultor familiar, da transgenia, da utilização excessiva de solos e águas e do uso crescente de conservantes e de outros produtos que podem levar a problemas na saúde das pessoas. O alimento agroecológico, além de ambientalmente correto, contribui para a melhoria das condições sociais e econômicas dos agricultores familiares, assim como para a melhoria de nossa saúde. Apoiar a agricultura orgânica e a agroecologia, é apoiar práticas próximas à ideia de sustentabilidade. É contribuir para a necessária transformação de valores e de práticas sociais, muito comentadas, porém pouco efetivadas nos dias de hoje. Por fim, gostaríamos de agradecer ao apoio da UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão; da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) / Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA); do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); da Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR); do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais dos municípios, de outras instituições que apoiaram essa pesquisa e, principalmente dos agricultores, que se dispuseram em nos receber e em nos informar sobre seus problemas, suas necessidades, seus avanços e seus anseios.

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REFERÊNCIAS

ALTIERI, Miguel. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. Editora da UFGRS, 2004. Porto Alegre.

ASSIS, Renato, L. de; ROMEIRO, Ademar. Agroecologia e agricultura orgânica: controvérsias e tendências. In: BRANDENBURG, Alfio (Org.). Desenvolvimento e Meio Ambiente: caminhos da agricultura ecológica. Curitiba: Editora da UFPR, n.6, 2002, p. 67-80.

CANDIOTTO, L. Z. P.; CARRIJO, B. R.; e OLIVEIRA, J. A. A Agroecologia e as Agroflorestas no contexto de uma Agricultura Sustentável. In: ALVES, A. F.; CARRIJO, B. R.; CANDIOTTO, L. Z. P. (Org.). Desenvolvimento territorial e agroecologia. SP: Expressão Popular, 2008. p. 213-232.

CAPORAL, Francisco R. Agroecologia não é um tipo de agricultura alternativa. 2008. Disponível em: . Acesso em novembro de 2011.

DUARTE, Valdir P. A Ecologia como Ideologia - Os Pequenos Agricultores no Sudoeste do Paraná – Brasil – Nuances. 2011. 230 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Nacional Argentina/Faculdade de Humanidades e Ciências Sociais – Posadas – Missiones, 2011.

FRITZ, Nilton Luiz. Agroecologia: O desenvolvimento no Sudoeste do Paraná. In: ALVES, Adilson Francelino; CARRIJO, Beatriz Rodrigues; CANDIOTTO, Luciano Zanetti Pessoa (organizadores). Desenvolvimento Territorial e Agroecologia. 1ªed.- São Paulo: Expressão Popular, 2008.

GAIOVICZ, Elaine Fabiane. Território e Poder: A produção agroecologica como estratégia de desenvolvimento territorial. 2011. 161 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Unioeste / Campus de Francisco Beltrão, 2011.

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INSTITUTO

MAYTENUS.

Descrição

da

instituição.

Disponível

em:

. Acesso em: 04 de abr. 2013.

MAYER, Paulo Henrique. Alternativas ecológicas para prevenção de pragas e doenças. 18ª edição, Francisco Beltrão, PR. Grafit Gráfica e Editora Ltda. 2001.

LEFF, E. Agroecologia e saber ambiental. Tradução: Francisco Roberto Caporal. In: Revista Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável. V. 3, n.1, Porto Alegre: EMATER, jul/set. 2002.

LEPSCH, Igo F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de Textos, 2002.

PENTEADO, Silvio Roberto. Manual Prático de Agricultura Orgânica: fundamentos e técnicas. Campinas, SP. Edição do Autor. 2007.

_______________________________. Defensivos Alternativos e Naturais: para uma agricultura saudável. Campinas, SP. Edição do Autor. 2008.

______________________________.

Adubação

na

Agricultura

Ecológica:

cálculo

e

recomendação numa abordagem simplificada. Campinas, SP. Edição do Autor. 2ª Edição, 2009.

PRIMAVESI, Ana. Agricultura sustentável: manual do produtor rural. São Paulo: Nobel, 1992.

Trabalhos de campo desenvolvidos pela equipe da pesquisa de setembro de 2011 a outubro de 2012.

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