Além da Conquista -- Sydney Possuelo e a luta para salvar os últimos povos isolados da Amazônia

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(c) 2011 by Scott Wallace

indigenismo

Nas terras dos

Sydney Possuelo em uma canoa durante a expedição que tinha o objetivo de mapear o território dos flecheiros para protegê-los

flecheiros O jornalista americano Scott Wallace acompanhou

uma expedição pelo território dessses índios isolados e arredios na Amazônia, sob o comando do sertanista Sydney Possuelo, e narra a aventura no livro Além da conquista

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ontinuamos, perseguidos pelo sentimento inquietante de olhos invisíveis sobre nós. Possuelo parou bruscamente. Um ramo recém-cortado pendia através da trilha diante de nós, a cerca de um metro e meio do chão. Parecia que alguém quebrara a muda de árvore com as mãos e a torcera para que ela ficasse atravessada pela trilha. Por si só, o portão improvisado não deteria uma coluna pequena, muito menos nossa coluna de 36 homens bem armados. Mesmo assim, transmitia sua mensagem – e advertência –, que Possuelo reconheceu instantaneamente. ‘Esta é a língua universal da selva’, sussurrou. ‘Significa ‘dê o fora, não ultrapasse; devemos estar perto da aldeia deles’.” Eles, no caso, são os flecheiros, tribo isolada de índios da Amazônia, sem contato com a civilização e com

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outros índios. No recém-lançado Além da conquista (Objetiva), o jornalista americano Scott Wallace faz o relato de uma expedição formada, em 2002, por brancos e por índios já contatados pelo território desses indígenas, sobre os quais pouquíssimo se sabia – e se sabe até hoje –, além do fato de serem exímios arqueiros e de usarem flechas envenenadas. O objetivo da expedição – uma aventura que durou três meses – não era saber mais sobre eles, muito menos “amansá-los” ou fazer amizade. Era, sim, mapear os locais por onde eles transitavam nas terras demarcadas do Vale do Javari (extremo oeste do Amazonas) para protegê-los e a seus territórios. À frente da aventura estava o então chefe do Departamento de Índios Isolados da Fundação Nacional do Índio (Funai), Sydney Possuelo. Maior sertanista

vivo, Possuelo foi o homem que, nos anos 1980, mudou todo o conceito sobre a melhor maneira de proteger os índios brasileiros. Essa relação era então baseada no contato, segundo os ensinamentos do marechal Cândido Rondon e dos irmãos Villas-Boas. Para Possuelo, o contato com os brancos nunca levou nada de positivo aos índios. Apenas morte, privação, aculturação e o fim da independência. Por isso, seria importante preservar as tribos isoladas de qualquer contato. No Censo de 2010, 817,9 mil pessoas se declararam indígenas no Brasil. O Censo, no entanto, não chega a tribos isoladas, como as que vivem nas profundezas do Vale do Javari. Em 2007, a Funai confirmou a presença de 32 tribos isoladas no Brasil – mas acredita-se que elas possam chegar a 67. É o país com o maior número de

grupos não contatados do mundo. As terras demarcadas do Javari, com pouco mais de 8,5 milhões de hectares e cerca de 3.700 índios espalhados em 50 aldeias, abrigam pelo menos quatro desses grupos, incluindo os corubos e os flecheiros. “As ideias de Possuelo são revolucionárias. Ele é um homem incrível, apaixonado, comprometido com seus ideais e com os indígenas. Difícil de lidar, muitas vezes. Mas um herói genuíno”, afirmou Scott Wallace, em entrevista por telefone para a História Viva. Há, no Javari, canamaris, marubos, matsés e matises, entre os contatados. Os não contatados, por sua vez, são tão misteriosos para os brancos quanto para muitos dos próprios indígenas das outras tribos. No grupo dos 36 homens que formaram a expedição de 2002, havia 23 indíge-

nas, entre matises, canamaris e corubos já contatados. Quando adentraram as terras dos flecheiros, dois dos canamaris resolveram ignorar as ordens de Possuelo de não se aproximar muito dos índios isolados. Acreditando que os flecheiros poderiam ser parentes distantes dos canamaris, se separaram do grupo e seguiram até a aldeia. Ao ouvirem gritos dos flecheiros, se lembraram de sua pontaria e do veneno na ponta das flechas, entraram em pânico e fugiram. Quando foram finalmente encontrados, Possuelo disse aos dois rebeldes que eles nasceram de novo. E discursou para todo o grupo: “Não estamos aqui para vê-los ou conhecê-los, ou chamá-los. Estamos aqui para verificar se eles usam esta terra. Estamos aqui para garantir que os madeireiros, pescadores e caçado-

res não venham para cá. Eu vim para registrar a localização deles e levar essas informações para Brasília. Para que ninguém volte a entrar aqui, nunca mais!”. Scott, que estava a serviço da National Geographic, lembra que, nesse momento, o pânico já estava instalado, misturado a uma sensação de maravilhamento. Afinal, eles estavam andando por terras onde possivelmente nenhum branco jamais pisara antes. “Quando encontramos os primeiros sinais dos flecheiros, eles ainda não sabiam que estávamos lá. Levou dias até que descobrissem. Investigar os vestígios deles foi incrivelmente fascinante. Sentir, ver, saber que estávamos numa terra de índios não contatados... Foi uma experiência impressionante. Mas quando fomos descobertos, ficou mais preocupante. Ninguém sabia como os flecheiros www.historiaviva.com.br

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“C

por Flávia Ribeiro

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reagiriam. A floresta amazônica em si já é um lugar atemorizante”, lembra. A floresta é também um lugar de privações para os que não estão acostumados a elas. Para os índios isolados, não. Os próprios flecheiros demonstraram ter uma sociedade baseada não só na caça, na pesca e na coleta. A expedição encontrou lavouras de cana-de-açúcar, banana e aipim, entre outras – sendo que a banana e a cana, não originárias do Brasil, demonstram que ou haveria um sistema de trocas entre índios isolados e contatados ou os flecheiros invadiram plantações no passado. Descobriu-se também que o arco e flecha não eram suas únicas armas, já que foram encontradas zarabatanas em suas aldeias. No livro, Possuelo explica a Wallace: “Essas pessoas e sua cultura só podem sobreviver numa selva intacta. Dentro de uma floresta viva, os índios têm tudo o que precisam para sobreviver. A flora, a fauna e a terra que protegemos são para proporcionar o alimento e abrigo dos grupos que vivem aqui, e ponto final. Protegendo os índios, também www.historiaviva.com.br

protegemos milhões de hectares de biodiversidade”. A defesa da manutenção do isolamento dos grupos foi uma revolução no modo de fazer política indigenista no Brasil. Muitas tribos passaram a ter suas terras mais protegidas contra invasões. Os confrontos e as tentativas de ocupar o espaço indígena, no entanto, persistem. O discurso de que manter seu isolamento é privá-los dos benefícios da civilização também sobrevive. “Esse argumento é usado há 500 anos e temos poucos exemplos de que os índios foram beneficiados com essa aproximação. Essas pessoas na verdade estão falando sobre tirar as terras e os recursos desses povos, não em beneficiá-los. E mesmo os mais bem-intencionados acabam levando morte e destruição a esses povos, que não têm resistência a vírus e bactérias que nós portamos e acabam sofrendo tremendamente após o contato, morrendo por causa de gripe ou sarampo”, defende Wallace. Para o jornalista, a expedição pelas terras dos flecheiros foi uma

FLÁVIA RIBEIRO é jornalista

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Sydney Possuelo, 42 anos de selva, fala sobre sua saída da Funai, a fama de genioso e a condição atual do índio brasileiro

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ertanista e indigenista, Sydney Possuelo passou 42 de seus 73 anos se embrenhando na selva. Sempre se sentiu em casa na floresta amazônica, onde participou de dezenas de expedições. Ex-presidente da Funai (1991- 1993) e ex-chefe do Departamento de Índios Isolados do órgão, Possuelo é o protagonista de Além da conquista, do jornalista Scott Wallace, que relata uma de suas jornadas pelas terras dos índios não contatados conhecidos como flecheiros. Nesta entrevista, Possuelo comenta a atual política indigenista do país e lamenta: “Brasileiro não gosta de índio”. O senhor já leu o livro Além da conquista, que conta a história de uma das suas expedições na Amazônia? Estou terminando de ler... Eu tenho que respirar fundo, porque nunca fui tão malhado. O Scott sofreu muito com o desconforto, o suor, a falta de comodidade... Ele perdeu 15 quilos naquela expedição, foi uma perda de massa maior do que a dos demais. Então, quando ele escreve “nós estávamos cansados” e todos estavam esqueléticos, na verdade quem estava cansado era ele. Ele sofria e transferia esse desconforto para todo mundo. Mas tudo bem. Claro que não gosto de ser chamado de déspota. Só a raiva explica eu ser

descrito não como um homem calvo, e sim como um careca com tufos rebeldes. Mas isso não significa nada. O que tem significado é que ele passa bem a ideia da transformação que eu fiz naquela região. Quando ele fala do meu gênio, nem me chateio tanto. Sou genioso mesmo. Mas o livro é bem escrito, tem boa pesquisa histórica, informações corretas e é bem fiel ao que eu penso e digo. Só não gosto de quando ele sugere que escondi comida para o Orlando, meu filho, porque isso é um absurdo tão grande que nem sei o que comentar. Mas houve situações em que se escondeu comida, não houve? Eu soube pelos índios que o Pau-

lo (Welker, um dos funcionários da Funai na época) escondeu um saco de latas de leite condensado. Só que, numa expedição como essa, você não consegue esconder nada dos índios. Eles me contaram. Depois que você está na selva há 20, 30 dias, as coisas doces assumem um outro valor. Você chega a sonhar com elas. O que não justifica a atitude dele, porque uma expedição é algo feito de companheirismo e confiança. O livro é bem fiel a muitas coisas. Você sabe quantos já foram vendidos? Foi lançado agora. É que eu tenho uma curiosidade sobre o interesse despertado, porque a verdade é que a população brasileira não gosta de coisas indígenas. Brasileiro não gosta de índio. Índio é assunto de pequenos grupos. O senhor acha? Por quê? Índio sempre teve esse estigma de ser atrasado, ocupar terra demais, ser empecilho ao desenvolvimento. Todos esses chavões que não paswww.historiaviva.com.br

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A serviço da National Geographic, Scott Wallace entrevista Sydney Possuelo durante a aventura que rendeu o livro

experiência única, que mudou sua visão da vida, ainda que ele nunca tenha chegado a avistar os índios isolados, já que a política de não contato foi respeitada. “Eu já tinha viajado pela Amazônia e voltei depois disso. O que vejo hoje, nas minhas andanças, são índios sofrendo com falta de saúde, de educação, de recursos. Negligenciados. Não vejo a atual política brasileira em relação aos índios de forma muito positiva. O foco me parece ser no desenvolvimentismo. Mas essa expedição de 2002 foi diferente das outras. Mais difícil, pela duração, isolamento e privação de todo e qualquer conforto. Mas foi excepcional, porque há poucos lugares no mundo em que as pessoas vivam totalmente independentes da sociedade globalizada. Eles sabem sobreviver nesse mundo, não precisam de nada que nós tenhamos. Os flecheiros são verdadeiramente independentes”, analisa Wallace. No livro, o jornalista nem sempre guarda palavras simpáticas a Possuelo. O sertanista é descrito muitas vezes como um homem autoritário, de personalidade irascível. Até mesmo a suspeita de que ele teria escondido comida para seu filho Orlando, então com 18 anos e membro da expedição, é levantada. Mas a admiração pela ideias e ações de Possuelo em defesa dos indígenas está presente em cada página. “Ele é um herói”, repete Wallace, e conclui: “Como ele, acho que é possível que esses índios sejam preservados. Mas a questão é: nós temos a vontade necessária para fazer com que isso aconteça?”.

ENTREVISTA “Está tudo pior do que há dez anos”

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ENTREVISTA

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sabem o que são direitos humanos”. Por que é tão importante a defesa dos povos isolados? Eu sempre fui um admirador dos povos indígenas, de suas vidas, da simplicidade das suas coisas, das suas mãos calosas, de sua independência, do seu modo de vida que não prioriza o acúmulo de coisas. E tudo isso é colocado em xeque quando nós chegamos. Isso invariavelmente significa perda da língua, da cultura, da independência. Não há vantagem para eles. Os isolados não são mais importantes do que os já contatados. Só que para eles ainda há a esperança de um caminho diferenciado. Os contatados não são só aculturados, são marginalizados. O contato nunca trouxe benefício a eles. De 5 a 6 milhões, há 500 anos, hoje eles são cerca de meio milhão. Eles não precisam da gente e de nada do que a gente produz.

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Quando o senhor se deu conta de que a política do não contato seria melhor do que a do contato? Isso foi um processo. Não foi como Paulo na estrada de Damasco, que viu Jesus e se transformou. Veio da compreensão da cabeça de (Cândido) Rondon, que tinha a filosofia do contato. Foi difícil, para mim, tomar outro caminho. Tive que perceber que Rondon, assim como eu, www.historiaviva.com.br

era um agente do seu tempo. Era positivista, acreditava em todos os homens irmanados. A ideia dele não era segregar, era unificar, miscigenar. Embora ele fosse um humanista, um homem que avançou muito na questão da demarcação de terra, o que fazia era em benefício da sociedade majoritária. Ainda assim, é um dos pouquíssimos heróis que este país carente de heróis tem, pelo trabalho com os índios, pela expansão das linhas de telégrafo, pela demarcação de fronteiras. Então, quando eu pensava que não estava certo esse negócio de contato, eu recuava: “Mas estou contra Rondon!”. Até perceber que não era assim, que ele pertenceu a um tempo. Que depois foi dado mais um passo com os irmãos Villas-Boas, que criaram o Parque do Xingu, em que 15 ou 16 etnias moravam. E que eu poderia dar mais um passo. Qual foi o maior ensinamento que Rondon deixou e que o senhor ainda considera válido? “Morrer se preciso for. Matar, nunca!”. Essa frase é impressionante, porque ele não fala isso teoricamente, e sim numa situação em que ele está a cavalo, no meio dos nambiquaras, sendo alvejado por flechas. “Nós somos os invasores!”, ele explicou. Isso

Morreram algumas pessoas em expedições de que o senhor participou. Foi mantida a postura de não agressão mesmo assim? Sim. Tive companheiros mortos. E não retaliamos. O Sobral estava comigo havia 17 anos e foi morto pelos corubos. Mantínhamos uma boa relação com eles havia três ou quatro meses e, de repente, eles atacaram.

No livro, Wallace sugere que a morte do Sobral despertou no senhor essa certeza na política do não contato. Foi isso mesmo? Possivelmente sim. É uma hipótese. Mas é mais profundo que isso. É a percepção de que você não encontra uma só etnia integrada. É saber que muitas etnias desapareceram completamente, mortas por armas ou por vírus. Mesmo os brancos mais bem-intencionados, como os liderados por Rondon, levaram a morte. Se o contato mata, faz com que eles desapareçam. O que fazer então? Primeiro, saber onde estão os grupos isolados. Sabedores de onde estão, delimitar essas terras. E, depois, vamos vigiar para que não sejam invadidas. Criei o departamento com essas funções, colocamos seis equipes em pontos estratégicos da Amazônia e monitoramos pelo ar e por terra. Essa expedição de que o Scott participou era um desses trabalhos. E é entender que essa demarcação não é um limite para o índio. Ele pode sair quando quiser, se achar que isso vai ser bom. Essa demarcação é um limite para o branco, para que ele não entre.

Por quê? Porque toda a história deles é de luta contra os brancos, que produziram tantos mortos, fizeram tantas emboscadas, que eles não conse-

Por que o senhor saiu do setor de índios isolados da Funai em 2006? Tinha 42 anos de selva e 35 de Funai quando saí. Eu estava perto da fronteira do Brasil com o Suriname

é de um humanismo profundo, uma frase de ressonância eterna. Quando criei o Departamento de Índios Isolados, foi a frase que usei como norte. O senhor passou por situações em que teve de lembrar essa frase sob risco de morte? Estive para morrer pelas mãos de índios três vezes, duas após ter sido feito prisioneiro. Na outra vez, foi na BR-180, fui fechado por caiabis. Megaron, sobrinho do Raoni, estava comigo e me defendeu. Colocou o corpo na frente do meu, negociou e me salvou. Mas a maior parte das ameaças que sofri veio de brancos – ribeirinhos, fazendeiros, seringueiros...

quando o Leonêncio Nossa – repórter do Estado de S. Paulo que também estava na expedição sobre a qual o Scott escreve e que lançou sobre o tema Homens invisíveis (Record, 2007) – me ligou via rádio. Estava lá, perdido no meio do mato, e ele me chama de Brasília e diz: “Sydney, o Mércio Gomes disse que índio tem terra demais e que está pensando em limitar isso. O que você acha?”. Mércio Gomes era o presidente da Funai. Eu respondi que dizer que índio tem terra demais é tradição no Brasil. Que garimpeiros, fazendeiros, usineiros, ribeirinhos e deputados dizem isso. Mas que aquela era a primeira vez que eu ouvia isso da boca de um presidente da Funai, a pessoa que deveria fazer a defesa judicial e extrajudicial dos povos indígenas. Aí ele me demitiu. Governo é isso, ou você comunga com ele ou está fora. Essa é a política deste governo. Como vê a política indigenista que é feita na Funai hoje? Estou afastado da Funai. Mas mantenho contato com os índios. E o que eles me dizem é que hoje está tudo pior do que era há dez anos: pior na saúde, na educação, na demarcação de terra. Está tudo parado, abandonado. Há uma semana, vários índios estiveram aqui em Brasília e me ligaram falando isso, e que há muita conversa e pouca ação. O que mais este país precisa é de ação. Em dois anos na presidência da Funai, de 1991 a 1993, dupliquei a superfície de terra indígena, que passou de cerca de 530 mil km2 para cerca de 1,250 milhão de km2. Não era só um desejo meu. Era uma imposição constitucional. A Constituição deu cinco anos ao Executivo para demarcar terras. Fui criticado,

mas a propriedade da terra na Amazônia é da União, com usufruto dos povos indígenas. Você reforça a autoridade do governo federal. Quais são os maiores perigos que rondam os índios atualmente? Os perigos são os mesmos de sempre, mas em maior grau. Tem a busca da borracha e do ouro ainda, mas menos do que antes. Em compensação, hoje temos a grande “sojeira” nacional. É soja para todo lado. Para além disso, temos um governo com uma visão desenvolvimentista, abrindo estrada, construindo hidrelétricas, incentivando a soja... Qual é a situação dos flecheiros, que são os protagonistas da jornada descrita no livro? Estão isolados ainda. O que não sei é se alguém ainda faz ao menos sobrevoos para saber se a área deles está intacta. Os índios que participaram da expedição estão todos lá, no Vale do Javari. Mantenho contato. Mesmo longe da Funai, o senhor consegue ajudar os índios? Não muito. Fundei o Instituto Indigenista, mas é uma organização que só existe no papel. Não recebo verba federal, e os recursos internacionais que eu recebia quando estava na Funai acabaram com a crise dos Estados Unidos e da Europa. No livro, o senhor diz: “Posso ser branco, mas tenho alma de índio”. O que é ter alma de índio? Sempre achei que ser índio é uma coisa linda, extraordinária mesmo. São homens independentes do nosso mundo tecnológico. Para mim, seria uma honra pertencer a uma tribo. www.historiaviva.com.br

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Sydney com seu filho Orlando, que o acompanhava nas expedições: polêmica sobre supostos Wallace reproduz uma frase maralimentos cante sua: “Luto pelos direitos escondidos humanos daqueles que sequer

guem mais confiar. Nesse grupo dos corubos, alguns tinham marcas de balas pelo corpo. O que acontece é que você está ali fazendo amizade, mas em outro ponto da floresta há um confronto entre outros corubos e um grupo de brancos. E esse grupo desconta em você. Porque, para eles, você faz parte da mesma aldeia.

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sam de desinformação, de gente que acha que asfalto significa progresso. Fora as opiniões motivadas por interesses econômicos, propagadas por homens ligados à agropecuária, à exploração fundiária. Você destrói a selva e, junto, os povos que nela vivem.

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