Alfabetizaçao e contação de histórias

June 20, 2017 | Autor: Ana Laura Silva | Categoria: Artes
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Alfabetização, contação de histórias e Linguagem Teatral no Ciclo I Ana Laura da Silva 27/09/2014

Resumo O presente trabalho intitulado: Contação de Histórias, Alfabetização e linguagem teatral nas séries iniciais da Educação Básica apresenta os principais resultados obtidos no trabalho de pesquisa do curso de Especialização na Arte de Contar Histórias em Educação com crianças de 7 a 11 anos de idade, da Escola Estadual Jornalista Professor Emir Macedo Nogueira, localizado na periferia da zona leste de São Paulo, aliando a contação de histórias, o teatro, artes plásticas e alfabetização. Foi trabalhado durante o ano letivo em parceria com as professoras de alfabetização, em particular a Professora Leila I. Miazaki. Precisa-se elucidar primeiramente o que é Contação de Histórias:é a arte do envolvimento coma leitura e seu mundo fantástico utilizando como mediação a expressão artística (dança, teatro, música,etc.) como uma forma lúdica de mobilizar processos internos conflitivos, facilitando a estrutura e expansão da personalidade, a compreensão do sujeito, da leitura e escrita á partir do imaginário da criança. Foram trabalhadas as dificuldades que alguns alunos apresentavam em entender a sonorização das letras, suas semelhanças e diferenças. Também se trabalhou a coordenação motora das crianças, a coordenação visomotora, a noção espacial, a noção espaço temporal, noção de lateralidade, sensibilidade estética, codificação e decodificação de signos E assim ajudou-se na formação do entendimento da junção das letras a formação das palavras, ou seja na alfabetização das mesmas de forma lúdica. Palavras-chaves: ALFABETIZAÇÃO. CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS. LINGUAGEM TEATRAL.

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1 Introdução O que os alunos são capazes de fazer? Quais os padrões desejáveis que deveriam ser atingidos para que os alunos desenvolvam as competências e habilidades básicas exigidas para a aquisição da leitura e escrita? O que caracteriza o real aprendizado e a aquisição da leitura e escrita? O recurso da contação de histórias utilizado como recurso pedagógico. Em que o teatro educação e a contação de histórias pode ajudar nessa aquisição? Devemos começar especificando o que é e qual a origem do teatro e o significado da contação de histórias: Encontramos a definição: teatro nasceu dos rituais realizados nas sociedades primitivas, as quais acreditavam que as danças imitativas propiciavam poderes sobrenaturais que controlavam os fatos, como a fertilidade da terra e o sucesso em batalhas. Nos primórdios, a teatralidade também foi usada para exorcizar os maus espíritos. á no Brasil o teatro originou-se com as representações de catequização dos índios. As peças, com conteúdos didáticos, procuravam traduzir a crença cristã para a cultura indígena. A Companhia de Jesus, ordem que se encarregou da expansão da crença pelos países colonizados, encenou as primeiras peças desse tipo no país. Os autores eram o Padre Joséde Anchieta e o Padre Antônio Vieira. Entendemos que desde a colonização o teatro desempenhava importante papel na sociedade , ajudava naeducação que se pretendia dar as pessoas e obteve muita eficiência nesse processo. Claro que guardada as devidas distâncias de tempo e espaço, conseguimos avanços notáveis na aquisição da leitura e escrita , aliando o teatro e a alfabetização. Este trabalho apresenta os principais resultados obtidos durante o ano letivo, suas principais contribuições a facilitação na aquisição da leitura e escrita Para isso, apresentamos inicialmente um rápido balanço sobre a situação das dificuldades sentidas pelos alunos: quando chegam a escola , principalmente as crianças que não fizeram pré-escola, tem muita dificuldade até mesmo para pegar no lápis. Não tem coordenação motora fina e nem senso de direção. Para que este quadro melhorasse foram propostos exercícios de coordenação motora pela professora da sala, utilizado o quadro negro e o caderno. Em arte foi trabalhado o espaço pessoal e global e diversos exercícios de expressão corporal aonde os alunos foram convidados a dar forma aos sentimentos, exploraram a expressões de medo, alegria, dor, insegurança, dúvida, raiva etc., e através deste exercício concluíram que todos sentem mais ou menos igual ( palavras de um dos alunos da 1 séria A da professora Leila). As lendas, parlendas, mitos, ritos, fábulas e contos são as mais mágicas expressões da mitologia 2

e filosofia vestidas da indumentária do folclore que se nos apresenta como necessário encantamento a distrair os humanos de sua dura sobrevivência diária e alertar, sob suas máximas inconscientes, dos perigos e necessidades deste mundo. . . Como acontece isso, então? Antes mesmo de nascer, a futura criança já identifica as vozes de sua mãe e pai. Estabelece, desde que seu sistema auditivo se completa, um vínculo, através do som da fala de seus pais portanto, sua oralidade que testemunha seu desenvolvimento e pertencimento a um universo desconhecido, que demos os nomes de emoção, sensação, sentimento, estima, e qualquer outra nomeação que explique os laços de devoção, necessidade, partilha, acolhimento e o mais que se faça presente na vida e que nos diferencia como humanos que somos. A oralidade é essa façanha biológica, mental e emocional que nos transmutou na mais alta categoria de entendimento e humanidade. Somos seres eminentemente orais, às quais a palavra e todo seu significado se nos faz compreensivos e conscientes daquilo que somos. É, pois, a partir da fase oral, que o bebê toma posse de si e do mundo e, mais tarde, essa mesma oralidade é que o fará expressar-se ao mundo e entende-lo. Tanto é verdade, que aqueles privados da voz, mesmo de nascença, aprendem a fazer uso de outras maneiras de expressar sua oralidade, ainda que sem o emprego do som. A linguagem por meio de sinais fala por eles; sinais, gestos, olhares, são oralidade muda e, mesmo privados da emissão de som (e até de ouvi-los), entendem e se fazem entender, dentro das possibilidades infinitas de se nos dizer, mesmo sem falar. É por meio dessa ferramenta quase milagrosa, que o homem, em sua infância cultural, em que não se expressava por escrito, por não haver ainda inventado tal magia, deixava, através dos tempos e fatos, sua leitura e interpretação do mundo e de suas coragens, medos, inspirações, lições e vivências, que se aperfeiçoaram em ensinamentos, através da palavra contada e depois, cantada, eternizando feitos épicos corajosos ou covardes, de extrema riqueza moral e dos exemplos mais duros de suas fraquezas, enfim, a oralidade pode ser considerada como o primeiro meio de o homem registrar sua história. . . contando histórias. . . Por fim, apresentamos breves comentários a respeito das atividades utilizadas em sala de aula que tiveram resultado positivo na aquisição do letramento.

2 Trabalhos Relacionados A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO PROMOÇÃO DE LEITURA Ouvir alguém contar histórias na infância é muito importante para a formação do homem, é o início da aprendizagem de ser leitor, e ser leitor é compreender não só as histórias escritas como os acontecimentos do seu cotidiano. Inicialmente, o contato da criança com o texto acontece oralmente, 3

através da voz de algum familiar contando histórias, pois, historicamente, as crianças e jovens aprendiam com as histórias vividas e contadas por seus pais, avós e parentes que compartilhavam suas experiências pela coletividade. Mudam os tempos, mudam os costumes. Atualmente, poucas famílias têm o hábito de contar histórias para as crianças na hora de dormir, essa atividade foi dando lugar a outros interesses. Para quem ficou, então, a função de provocar a imaginação infantil? Acreditamos que cabe à escola tomar para si a função de resgatar esses momentos tão importantes na vida do ser humano, a prática mais prazerosa e usada entre as pessoas: o ato de contar e ouvir histórias. Contar histórias lidas, ouvidas, imaginadas, histórias de contos de fada, de terror, de suspense etc. Enfim, todas essas formas de comunicação sempre estiveram presentes na vida e na lembrança de qualquer pessoa, e nas crianças, mais ainda, pois para elas é imprescindível contar suas descobertas. Ao contar histórias o professor estabelece com o aluno um clima de cumplicidade que os remete à época dos antigos contadores que, ao redor do fogo, contavam a uma plateia atenta as histórias, costumes e valores do seu povo. A plateia não se reúne mais em volta do fogo e do contador de histórias, mas, nas escolas, esse papel é dos professores, elos entre o aluno e o livro. A contação de histórias é um momento mágico, que envolve a todos que participam desse instante de fantasia. Depois de ouvir uma história, o aluno quer prolongar o prazer e a reação dele é de pedir para ver o livro, momento propício para a promoção do encontro que conduzirá o aluno ao prazer da leitura. O ato de contar histórias é próprio do ser humano, e o professor pode apropriar-se dessas características e transformar a contação em um importantíssimo recurso de formação do leitor. A ARTE DE CONTAR DE HISTÓRIAS NA ESCOLA A arte de contar histórias desperta no ouvinte a imaginação, a emoção e o fascínio da escrita e da leitura. Contar histórias em sala de aula é o laço que une o aluno ao livro, é através da narração que podemos fazer nascer no ouvinte o desejo de ouvir, ler e descobrir outras histórias. . . . como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas histórias. Escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do mundo. Fanny Abramovich Apesar disso, há uma ausência total ou quase total da prática de contar histórias na sala de aula ou na escola. Talvez essa ausência seja característica da ideia de que na escola a leitura deva ser somente aquela capaz de instrumentalizar o aluno para a vida futura, oferecendo-lhes condições de lutar por condições mais dignas. Com esse caráter utilitário, a escola exige 4

uma leitura com vistas quase sempre à avaliação. Se, por um lado, a escola lança mão de várias estratégias para fazer o aluno ler e escrever provas, testes, questionários, interpretações de textos por outro despreza a contação de histórias como uma ferramenta valiosa no estímulo à leitura e à escrita. Bajard diz que: às vezes, a expressão escrita da criança é alimentada pelas histórias contadas sistematicamente pelo professor. O professor pode até saber disso, mas ao analisarmos o espaço que a narrativa ocupa na sala de aula, como fonte de prazer e troca de experiências na vida dos alunos, é necessário considerar que o professor não pode se constituir narrador se ele próprio não encontra prazer em narrar. Para isso, ele deve reconhecer a importância de trocar as suas experiências com as dos alunos, já que narrar é disponibilizar experiências. Benjamin salienta que O narrador retira da experiência o que ele conta: sua própria experiência ou a relatada pelos outros. E incorpora as coisas narradas à experiência dos seus ouvintes. Outro ponto importante sobre o porquê dessa prática não ser comum na sala de aula são as condições institucionais que podem impedir um trabalho diferenciado com a leitura, visto que a contação de histórias foge ao padrão das avaliações. Não se podem mensurar notas, conceitos quando contamos ou ouvimos uma história, e a escola tem dificuldades em trabalhar com aquilo que não se pode avaliar. Tal dificuldade é apresentada até mesmo com a literatura que perde o seu caráter estético, pois o livro de literatura se transforma em uma ferramenta de avaliação, fazendo com que o prazer e o deleite da leitura se evaporem com a avaliação. Assim, é evidente que o fracasso escolar referente ao desenvolvimento pelo gosto da leitura e formação de leitores recaem sobre a forma como o professor está trabalhando a relação do livro com o aluno, visto a literatura não estar recebendo o estímulo adequado. A contação de histórias deve ser uma alternativa para que os alunos tenham uma experiência positiva com a leitura, e não uma tarefa rotineira escolar que transforma a leitura e a literatura em simples instrumentos de avaliação, afastando o aluno do prazer de ler. Porque para formar grandes leitores, leitores críticos, não BAJARD, Elie. Afinal, onde está a leitura? Cadernos de Pesquisa. São Paulo. N33, novembro 1992.p.13. BENJAMIN, Walter. O Narrador. In: Magia e Técnica, arte e política. Ensaios sobre Literatura e histórias da cultura. Obras escolhidas, v.1. São Paulo: Brasiliense, 1994. Pg.201. basta ensinar a ler. É preciso ensinar a gostar de ler. [. . . ] com prazer, isto é possível, e mais fácil do que parece.. (VILLARDI). Por isso, a contação de histórias surge como uma fonte inesgotável de prazer, conhecimento e emoção; orientando educadores para o desenvolvimento de uma prática pedagógica transformadora no ambiente escolar, onde o lúdico e o prazer sejam eixos condutores no estímulo à leitura e na formação de alunos leitores. Além disso, contar histórias é revelar segredos, é seduzir o ouvinte e

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convidá-lo a se apaixonar. . . pela história. . . pela leitura. Contar histórias é a mais antiga das artes. Nas sociedades primitivas esta atividade tinha um caráter funcional decisivo, os contadores eram os que conservavam e difundiam a história e o conhecimento acumulado pelas gerações. Durante séculos, essa cultura se manteve sem a escrita, mas na memória viva. Transmitidos de geração em geração, os contos de tradição oral viajaram do oriente para o ocidente. Com a invenção da imprensa, os livros e jornais se tornaram grandes agentes culturais dos povos. Os velhos contadores ficaram para trás, mas os contos tradicionais se incorporaram definitivamente em nossa cultura. Os Irmãos Grimm e Perrault coletaram e registraram os contos colhidos da boca do povo, permitindo que chegassem até nossos dias. Assim, as histórias ganharam a nossa casa, através da agradável voz de nossa avó ou mãe.

3 Metodologia A elaboração deste projeto visou fazer com que o aluno descobrisse e desenvolvesse seu senso crítico, sua iniciativa e sua criatividade, ampliando seu repertório cultural, conhecendo diversos tipos de linguagens e manifestações artísticas. A construção desse foi democrática e interagiu com a atuação Professor/Aluno e Professor/Professor sendo trabalhado com as professoras responsáveis pela alfabetização da sala, objetivando soluções e melhoria de qualidade do ensino/aprendizagem, elevando seu padrão e refletindo na prática cotidiana, construindo a efetiva aprendizagem do aluno e melhorando sua autoestima. Lembrando que todo conhecimento é digno de ser assimilado para que possamos cada vez mais, aprimorar a nossa condição humana. Vygotsky enfatiza a ligação entre as pessoas e o contexto cultural em que vivem e são educadas. De acordo com ele, as pessoas usam instrumentos que vão buscar à cultura onde estão imersas e entre esses instrumentos tem lugar de destaque a linguagem, a qual é usada como mediação entre o sujeito e o ambiente social. A internalização dessas competências e instrumentos conduz à aquisição de competências de pensamento mais desenvolvidas, constituindo o cerne do processo de desenvolvimento cognitivo. Foi trabalhado como forma de autoconhecimento o reconhecimento o ambiente que os circundam , suas famílias, a comunidade aonde estão inseridos, seus vizinhos, amigos, a escola como fonte de inspiração, aprimorando a observação e a criatividade. Foi levada em consideração a bagagem cultural do aluno e seus familiares, seus costumes e vivencias a realidade social na qual estão inseridos e suas necessidades. Todo o trabalho foi realizado durante o ano letivo na Escola Estadual Jornalista Professor Emir Macedo Nogueira, localizada a Rua Iaçapé, 322 6

, Parque Santa Madalena - região leste de São Paulo; com a aprovação da Diretora Rosiane Cernev e vice Maria do Carmo. A presente pesquisa teve apoio incondicional das professoras de 1 a 4 séries em especial a Professora Leila I. Miazaki, que foi minha companheira durante todo o processo. Foi feita a pesquisa através da bibliografia citada, formulou-se um roteiro de trabalho, definindo situações que criaríamos para realizar a proposta de facilitação do processo de alfabetização das crianças que naquele momento ainda não tinham se apropriado da leitura e escrita, e ampliar o repertório cultural daquelas que já sabiam ler e escrever. Faz-se necessário que nos conscientizemos, enquanto educadores, da responsabilidade diante da importância da leitura para a vida individual, social e cultural do educando. A escola deve valorizar o livro, não como algo para ser guardado na estante, mas para ser lido. É também dever da escola indicar diretrizes e incentivar a prática da leitura. Segundo Ziraldo: . A tônica da escola deveria ser a leitura, num trabalho que fizesse do hábito de ler uma coisa tão importante quanto respirar. Partindo dessa premissa levamos as crianças a terem contanto com diversas histórias, lendas e contos. Exploraram diversos sons através da atividade som natural e cultural, com CDs, assistiram vídeos do nosso folclore, ouviram CDs de musicas regionais, cultura popular; também tiveram contato direto com apresentações teatrais ao vivo e gravadas(na sala de vídeo) ; e em sala de aula, confeccionaram fantoches de meia para depois, com seus pares criarem o agrupamento das letras através de seus bonecos criando histórias e sons que facilitaram no entendimento fonético das palavras e de como poderiam ser escritas. Foram trabalhadas diversas imagens, obras de arte e com elas pediu-se que as crianças realizassem uma leitura, aonde se pode notar que os elementos ali notados, mostraram claramente a capacidade de percepção de cada um. Cenas de O Retirante de Portinari, por exemplo, recebeu vários comentários sobre a tristeza, a pobreza, e as emoções que eles deveriam estar sentindo por estarem naquela situação.

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Os Retirantes Portinari Em outras oportunidades foram colocadas as obras de renomados artistas nacionais e internacionais para serem estudados, relidos e tudo transformado em histórias através dos relatos imaginários acerca das representações artísticas, como a vida dos retirantes do quadro de Portinari. Em todo momento trabalhou-se com a ludicidade. É brincando que se aprende. . . O lúdico tem sua origem na palavra latina ludus que quer dizer jogo.Se se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. A evolução semântica da palavra lúdico, entretanto, não parou apenas nas suas origens e acompanhou as pesquisas de Psicomotricidade. O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo. Passando a necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente. O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana. Caracterizandose por ser espontâneo funcional e satisfatório. Sendo funcional: ele não deve ser confundido com o mero repetitivo, com a monotonia do comportamento cíclico, aparentemente sem alvo ou objetivo. Nem desperdiça movimento: ele visa produzir o máximo, com o mínimo de dispêndio de energia. Segundo Luckesi são aquelas atividades que propiciam uma experiência de plenitude, em que nos envolvemos por inteiro, estando flexíveis e saudáveis. Para Santin, são ações vividas e sentidas, não definíveis por palavras, mas compreendidas pela fruição, povoadas pela fantasia, pela imaginação e pelos sonhos que se articulam como teias urdidas com materiais simbólicos. Assim elas não são encontradas nos prazeres estereotipados, no que é dado pronto, pois, estes não possuem a marca da singularidade do sujeito que as vivencia. Na atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade, o que dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido. Possibilita a quem a vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momentos de autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momentos de vida. Uma aula com características lúdicas não precisa ter jogos ou brin8

quedos. O que traz ludicidade para a sala de aula é muito mais uma atitude lúdica do educador e dos educandos. Assumir essa postura implica sensibilidade, envolvimento, uma mudança interna, e não apenas externa, implica não somente uma mudança cognitiva, mas, principalmente, uma mudança afetiva. A ludicidade exige uma predisposição interna, o que não se adquire apenas com a aquisição de conceitos, de conhecimentos, embora estes sejam muito importantes. Uma fundamentação teórica consistente dá o suporte necessário ao professor para o entendimento dos porquês de seu trabalho. Trata-se de ir um pouco mais longe ou, talvez melhor dizendo, um pouco mais fundo. Trata-se de formar novas atitudes, daí a necessidade de que os professores estejam envolvidos com o processo de formação de seus educandos. Isso não é tão fácil, pois, implica romper com um modelo, com um padrão já instituído, já internalizado.

4 Resultados A Arte é um meio para a liberdade, a liberação da mente humana, que é o objetivo real e ultimo de toda educação ( Ingrid Dormien Koudela) Descrevemos algumas atividades que tenham feito com que os alunos descobrissem e desenvolvessem seu senso crítico, sua iniciativa e sua criatividade, ampliando seu repertório cultural, conhecendo diversos tipos de linguagens e manifestações artísticas. Para que se tornem conscientes da forma estética, todos tem de ter contato com a arte e passar a produzi-la. Aprender por meio da experiência. A construção de personagens a partir da realidade do aluno foi o primeiro passo, sempre abusando do aspecto lúdico, todos foram convidados a representar uma figura importante em suas vidas: pai, mãe, avô, professor etc. . . Depois pedimos para que todos invertessem os papéis com seus pares, se colocando no lugar do outro. Foi trabalhado como forma de autoconhecimento o reconhecimento do ambiente que o circunda como fonte de inspiração, tendo o teatro como uma área do conhecimento e da sensibilização, aprimorando a observação e a criatividade de cada um e do coletivo. Os alunos entraram em contato com peças do teatro amador e do profissional, para que reconheçam nelas fontes de cultura e de lazer, para assimilarem e transformarem tudo o que foi aprendido em criação artística. Começou-se o trabalho com a dinâmica da historinha, realizadas em todas as séries do ensino fundamental I. Objetivo: Treinar a memorização e atenção. Procedimento: Todos devem estar posicionados em círculo de forma 9

que todos possam se ver. O organizador da dinâmica deve ter em mãos um objeto pequeno e direcionando a todos deve começar a história dizendo: Isto é um . . . .. (Ex. cavalo). Em seguida deve passar o objeto à pessoa ao seu lado que deverá acrescentar mais uma palavra a história sempre repetindo tudo o que já foi dito. (Ex. Isto é um cavalo de vestido. . . ), e assim sucessivamente até que alguém erre a ordem da história pagando assim uma prenda a escolha do grupo. Cria-se cada história engraçada e inicia-se um processo muito rico de criação e socialização. Outra atividade que fizeram em seguida foi o de desenhar sentimentos: expressões fisionômicas (uma expressão de alegria, dor, dúvida, medo. . . ) e em seguida interpretar o sentimento desenhado. Isto incluía a expressão facial, corporal e os sons. Em seguida relacionaram esses sons as letras do alfabeto, comparando assim os sons que cada sentimento realiza e sua forma de expressa-los também na escrita. Por exemplo: o encontro silábico das palavras: Ai, Ui , de dor . Esta atividade foi realizada em especial comas as primeiras séries, onde foram trabalhados os sons das vogais, o encontro silábico, fazendo assim com que eles compreendessem que as vogais podem compor uma palavra sem a necessidade de consoante. Foram trabalhados jogos dramáticos e outras dinâmicas como a da escultura :Esta dinâmica estimula a expressão corporal e criatividade. Sempre divididos em grupos os alunos devem fazer a seguinte tarefa: Preferencialmente o professor levara varias reproduções de obras de arte de diferentes estilos: Um participante trabalha como escultor, fazendo uma releitura da obra de arte indicada ou escolhida enquanto os outro (s) ficam estátua (parados). O escultor deve usar a criatividade de acordo com o objetivo esperado pelo Coordenador, ou seja, pode buscar: -estátua mais engraçada -estátua mais criativa -estátua mais assustadora -estátua mais parecida com o modelo original , etc. 10

Quando o escultor acabar (estipulado o prazo para que todos finalizem), seu trabalho vai ser julgado juntamente com os outros grupos. De vê revezar até todos terem feito todos os papéis. Registra-se o resultado através de fotos, que serão expostas posteriormente. Realiza-se após todas as apresentações uma bateria de perguntas e repostas acerca da obra escolhida e seu estilo, o período da história que ela representa, a opinião de cada um sobre o que foi aprendido, etc. Depois os alunos foram levados á sala de vídeo para assistir filmes e gravações de peças teatrais, durante quatro aulas. Assistiram a apresentação teatral da peça A cigarra e a formiga realizada por um grupo amador da comunidade e apresentações circenses de um grupo de teatro local, realizadas na própria escola, durante o período de aula. Participaram de oficinas de trabalhos manuais para que desenvolvessem suas habilidades manuais, como a de origami, criação de bonecos de papel marchê de construção de brinquedos com materiais reciclados. Realizam leituras dramáticas, a partir de textos de autores consagrados da literatura infantil. Fizeram uma releitura e escreveram uma peça teatral coletiva a partir da experiência anterior. A experiência artística é sempre dinâmica. Confeccionaram a indumentária e os adereços dos bonecos de fantoches que criaram; os instrumentos musicais com material reciclado, já pensando nos sons que fariam com seus instrumentos , na sonoplastia das suas peças teatrais. Elaboraram movimento corporais para dar vida aos personagens. Conseguiram melhor domínio do espaço pessoal e global ,compartilhando o tempo e o espaço com os demais atuantes, tanto dentro como fora do palco. Aprenderam a utilizar a voz como recurso para a caracterização de personagens. Apresentaram maior domínio na utilização da leitura, escrita e da voz (projeção, respiração, dicção, entonação) Elaboraram textos e interpretaram-nos, dando ênfase na resolução dos problemas diários existentes no cotidiano de cada um dos envolvidos. Lembrando que Teatro é a arte cuja primeira lei é a de divertir instruindo. Outra atividade realizada durante o processo foi o exercício coletivo de atribuição de significado, de leitura do texto (Pode ser a letra de uma música já conhecida, um conto, uma lenda do nosso folclore, uma parlenda, etc.) Nessa atividade o professor pode perceber que é possível ler antes de 11

saber decodificar todas as palavras, que ler é atribuir significado, e a relação do analfabeto com a língua materna (nos alunos que ainda não se alfabetizaram) é mais ou menos parecida com a nossa relação com um idioma desconhecido. Assim o aluno, durante sua exploração do texto tenta encontrar a correspondência entre a escrita e a pausa sonora dos versos (da música memorizada ). Nesta fase já entenderam a relação som e letra (palavra). Outra atividade realizada foi o encontro consigo mesmo, aonde os alunos descobrem seus limites: eles são questionados sobre quanto tempo conseguem ficar agachados sem qualquer tipo de sensação desagradável, quanto tempo conseguem prender a respiração, quantas horas precisam dormir para conseguir descansar de verdade e acordarem bem dispostos para mais um dia de aula; seus gostos musicais, etc. Todos se colocam em círculo e vão relacionando suas preferências, seus gostos, suas dúvidas e soluções. E reconhecem no outro as semelhanças existentes. Sentiu-se que as relações existentes entre todos os envolvidos no processo se tornou mais humana, mais emotiva, mais amiga. Cerceada de compreensão e companheirismo. As pequenas desavenças foram solucionadas através do diálogo e da amizade. Através dos diversos jogos dramáticos os alunos foram estimulados a usar a imaginação dramática, sendo que ela é parte fundamental do desenvolvimento da inteligência e por isso mesmo deve ser cultivada por todos os métodos modernos de educação. Piaget indica que o jogo está diretamente relacionado ao desenvolvimento do pensamento na criança. Com qualquer estrutura cognitiva (esquema) há dois processos associados : o jogo assimila a nova experiência e, então, prossegue pelo mero prazer do domínio; a imitação, relaciona-se com a experiência de modo a acomoda-la dentro da estrutura cognitiva jogo para assimilar, imitação apara acomodar. A imaginação dramática interioriza os objetos e lhes confere significado.Pode-se ou melhor deve-se utilizar poemas e poesias extraídas de diversos autores para dar inicio a dramatização, foi utilizada por nós durante todo o processo de alfabetização e seu resultado foi extremamente positivo. Alem de aumentar o interesse, dispertou a curiosidade e interesse pela leitura.

5 Conclusão Os chamados contos de fadas vieram da própria necessidade humana de mentir,de enfeitar, e enfrentar as diversas realidades de nossa condição humana. Curiosamente, contos de fadas possuem ou não a presença de fadas; História que têm príncipes, fadas e princesas. Geralmente são contadas para as crianças e têm como objetivo desenvolver a imaginação e incentivar a leitura na fase da alfabetização além de ensinar lições de vida e morais. As fábulas, que na maior parte das vezes encerravam lições de moral, 12

deram origem aos contos de fadas; Quase sempre os protagonistas de uma fábula são animais.De qualquer modo as fábulas, os mitos e os contos de fadas são literatura de valor moral e psicológico imprescindíveis para a formação da criança.A mensagem é que não se deve desistir tão facilmente; A verdade é que na vida iremos ter frustações. Bettelheim (1980) questiona as atitudes de alguns pais de privarem os filhos dos contos de fadas, já que tais estórias, por darem forma e conteúdo aos pensamentos infantis, garantem sempre um final feliz o qual a criança autonomamente não conseguiria imaginar. Além de transmitirem importantes ensinamentos no que concerne a mesma em conseguir solucionar problemas internos, como requisito para obter uma personalidade madura. A partir da leitura do texto, o leitor absorve a dimensão de importância que possui os livros de contos de fadas. O autor consegue expor claramente a carga de significação que possuem tais estórias, de modo que demonstra o grau de aplicabilidade das estórias dos contos de fadas em nossa vida. O desenvolvimento de diferentes atividades de forma integrada, e lúdica, apontou para algumas mudanças na forma de entendimento dos alunos, o que pode significar a concretização do aprendizado. As práticas desenvolvidas e os resultados obtidos mostram que é necessário integrar os conteúdos de artes a toda forma de alfabetização, a fim de consegui enriquecer e dinamizar as atividades em sala de aula. Chega-se a conclusão de que a partir da articulação entre os jogos teatrais e a tarefa de alfabetizar de forma lúdica e organizada conseguiu-se um resultado positivo na alfabetização desses alunos. As atividades aqui descritas visam, como já foi dito, o desenvolvimento das capacidades de expressão do aluno. O professor poderá aplicá-las no ensino de qualquer uma das disciplinas do currículo. Uma vez que se o aluno desenvolver suas capacidades de expressão, ou seja, observação, percepção, expressão, espontaneidade e imaginação além da capacidade relacional, estará aberto a todo tipo de aprendizagem. Sempre lembrando que o aprendizado é um processo contínuo e está sempre em andamento mas nunca acabado. De acordo com Koudela: A atividade artística é periférica ao sistema escolar e lhe é atribuída a característica de recreação, quando não é submetida a exercícios de coordenação motora. Se considerarmos que o símbolo elaborado pelo indivíduo através da imitação, do jogo, do desenho, da construção com materiais possui significado lógico, sensorial e emocional, podemos concluir que, pelo contrário, a educação artística constitui o próprio cerne do processo educacional Temos que mudar a concepção de aula, a pratica pedagógica, as estruturas educacionais vigentes, que fragmenta o conhecer e o fazer humano em diferentes areas do conhecimento, e as dissocia do emocional. Nós não somos seres fragmentados, somos um todo, e assim temos que compreender os 13

nossos alunos : corpo, mente e alma(emocional) e trabalha-los respeitando sua totalidade e acima de tudo fazendo uso dessa tríade para buscar neles o que está adormecido. Desperta-los para o conhecimento e para o auto conhecimento, para tenham consciência daquilo que são capazes de fazer autonomamente, daquilo em que precisam de ajuda e ainda no que podem ajudar ao outro. FOTOS DO PROCESSO DE CRIAÇÃO E DAS APRESENTAÇÕES Apresentação teatral dos alunos dos 4 e 5 anos. Tema: lendas do nosso folclore

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LITERACY, storytelling STORIES AND LANGUAGE THEATRE IN CYCLE I Ana Laura da Silva 27/09/2014

Abstract 15

This work entitled : Storytelling , Literacy and theatrical language in the early grades of Basic Education presents the main results obtained in the research work of the specialization in the Art of Storytelling in Education with children 7-11 years of age, State School Teacher Journalist Emir Macedo Nogueira , located on the outskirts of east side of São Paulo , combining storytelling, theater , visual arts and literacy . Was worked during the school year in partnership with the teachers of literacy , in particular Professor Leila I. Miazaki . One must first clarify what is Storytelling : is the art of reading engagement and their fantastic world using mediation as artistic expression ( . Dance, theater , music , etc. ) as a playful way to mobilize conflicting internal processes coma, facilitating structure and expansion of personality , understanding of the subject , reading and writing from the imagination of the child. The difficulties some students had to understand the sound of letters , their similarities and differences have been worked . Also worked motor coordination of children, visual-motor coordination , spatial sense , the notion timeline, notion of laterality , aesthetic sensitivity , coding and decoding of signs And so it helped in understanding the formation of the junction of the letters forming the words, that is the same in literacy through play . Key-words: LITERACY . Storytelling . LANGUAGE THEATRE .

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