Algumas perguntas a Paula Rego

May 25, 2017 | Autor: Emília Ferreira | Categoria: Arte Contemporanea, Desenho, Artistas portuguesas
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Algumas perguntas a Paula Rego1 Emília Ferreira Emília Ferreira — A sua eleição como membro do London Group que, nos anos 60, vivia uma fase de renovação com insistência formal na figuração foi importante para a sua obra em que sentido? Paula Rego — Para mim foi muito bom ter sido eleita para o London Group. Era uma organização muito conceituada, com artistas muito mais velhos do que eu.

E.F. — Ao longo de toda a sua carreira, o desenho foi sempre central. Continua a considerar o desenho um meio de liberdade? P. R.— É verdade que o desenho sempre me foi mais fácil, e eu gosto mais de desenhar do que de usar pincéis.

E.F. — Como escolhe os artistas ou os temas com que quer dialogar? P. R.— Todos os meus trabalhos são estórias.

E.F. — Continua a sentir a arte como um processo catártico? P. R.— Adorava que isso fosse assim. E.F. — Continua a sentir que, com o seu trabalho, opera alguma justiça? P. R.— Às vezes representam-se leis injustas, como no caso do aborto ilegal. Se o assunto me tocar profundamente, é-me mais fácil pintar sobre isso. E.F. — As mulheres são sempre figuras centrais na sua obra, como sujeitos da ação – e não como objetos da narrativa. Porque é que, com a marcante exceção de O Crime do Padre Amaro (aliás, um anti-herói), as mulheres são sempre as heroínas? P. R.— Nem sempre as mulheres são heroínas. Muitas vezes são estranhas e humanas, como toda a gente. 1

Entrevista para o catálogo da exposição Ciência do Desenho, Casa da Cerca-Centro de Arte Contemporânea, Almada, 2012.

E.F. — Todos os seus trabalhos começam com exercícios de desenho numa escala mais pequena, ou não? E, se for assim, como é que depois decide a escala dos trabalhos finais? P. R.— Eles não começam por ser pequenos; eles começam do tamanho que têm.

E.F. — Desde 1987, quando retomou a prática do modelo vivo, houve algum momento em que o tenha abandonado? P. R.— Isso torna o desenho mais fácil, por exemplo no caso dos cotovelos, clavículas, pernas, mas ainda faço alguns desenhos a partir da imaginação. E.F. — Como define hoje o academismo da sua obra? P. R.— Eu não sou uma académica; sou uma artista que cria imagens.

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