ALIANÇA, RECIPROCIDADE E COOPERAÇÃO ESTRATÉGICA: análise da rede virtual Linkedin®

May 26, 2017 | Autor: R. Periódico dos ... | Categoria: Cooperação, Mídias Sociais, Administração, Estrategia, Redes Sociais Virtuais, Alianças
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ALIANÇA, RECIPROCIDADE E COOPERAÇÃO ESTRATÉGICA: análise da rede virtual Linkedin® Rafaella Cristina Campos1 Rodrigo Cassimiro de Freitas2 João Paulo Cardoso Silva3 Mônica Carvalho Alves Cappelle4 Resumo Objetiva-se neste artigo identificar a presença ou não de mecanismos que possibilitem a estruturação de alianças estratégicas, cooperação e reciprocidade entre empresas e profissionais atuantes na rede social virtual LinkedIn®. Através da natureza qualitativa de análise de dados que prevê análise do conteúdo e do layout da página da rede social virtual LinkedIn® verifica-se que tanto para empresas quanto para candidatos a eficácia, eficiência, estrutura e intensidade dos laços e nós estabelecidos estão mais relacionados à interpretação parcial do evento de uma das partes envolvidas do que do seu contexto total e geral que é impalpável. Palavras-Chave: Redes Sociais Virtuais; Aliança; Cooperação. ALLIANCE, RECIPROCITY AND STRATEGIC COOPERATION: analysis of virtual network Linkedin® Abstract The main goal of this article is to identify the presence or absense of resouses that alow the structure of strategic alliances, cooperation and reciprocity beetween companies and candidates that are active on the social midia network called LinkedIn®. Through the qualitative nature and data analysis based on the technic contain analysis, the attend is to understand the contain and the layout of LinkedIn®, it´s evident that for the companies and for the candidates the effectiveness, efficiency, and intensity structure of the laces and nodes are not clear, so it is not possible to tell for certain that the strategic moves are effective because it is only possible to understand for complete one side of the formation of the laces and nodes, so the full knowledge is uncertain and provide doubt about the benefits in competition and cooperation in search for a new opportunity on the job market. Key Words: Social Midia Network; Alliance; Cooperation.                                                                                                                         1

Professora Efetiva da Faculdade Presbiteriana Gammon – FAGAMMON; Doutoranda em Administração na Universidade Federal de Lavras – UFLA. (Contato: [email protected]). 2 Professor Efetivo da Pontifícia Universidade Católica – PUC/MG Unidade de Arcos; Doutorando em Administração pela Universidade Federal de Lavras – UFLA. (Contato: [email protected]). 3 Estudante de Graduação em Administração pela Universidade Federal de Lavras – UFLA. (Contato: [email protected]). 4 Professora Associada da Universidade Federal de Lavras – UFLA, no Departamento de Administração e Economia - DAE. (Contato: [email protected]).  

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INTRODUÇÃO Desde o fenômeno da globalização, há a necessidade eminente de nos conectarmos cada vez mais rápido e com maior precisão de informações. Mesmo sendo bombardeados com volumes cada vez maiores de informações e tecnologias. Inicialmente, isso aconteceu com as informações e comunicações em geral, depois este valor foi agregado às tecnologias, e hoje este comportamento é observado na geração e transmissão de informação em âmbito pessoal e profissional. Cada vez mais cresce a demanda entre as pessoas em transmitirem informações sobre seu perfil pessoal e profissional com a finalidade de se comunicarem com uma gama de empresas e de indivíduos cada vez maior, objetivando aprimoramento das técnicas e teorias de acessibilidade ao mercado e maior visibilidade interpessoal. Com a aceleração da transmissão de informação no nível pessoal e profissional, as redes vinculadas à internet, meio de maior aglomeração de informação conhecido nos dias de hoje. Observaram a necessidade de organizar as informações dos usuários e pesquisadores para não só facilitar o acesso às informações, mas também criar um padrão de preenchimento, para que todos os indivíduos que tivessem acesso à rede pudessem visualizar de forma ampla e concreta o que cada pessoa dispõe e quer informar. A partir deste movimento surgiram as redes sociais virtuais. Redes por si só consistem em alianças estratégicas entre outras empresas e outras formas e cooperação produtiva e tecnológica (BRITTO, 2002). Já redes sociais virtuais são definidas como relações não orientadas entre atores com a finalidade de cooperar entre si num objetivo estratégico comum (LEMIEUX; OUIMET, 2008). Mas com a múltipla variação de construção de redes sociais presentes na internet no dia de hoje, cada uma construiu uma aliança estratégica específica que rege a densidade e o conteúdo relacional de seus membros (nós). Existem redes sociais que têm como aliança estratégica de seus membros a exposição de perfil pessoal para vínculo afetivo, outras que a estratégia é se vincular por meio de similaridades cosanguíneas, e outras que tem como aliança estratégica a cooperação e a competição do perfil profissional. É o caso da rede social LinkedIn®. Segundo as informações contidas no site eletrônico dessa rede virtual, o LinkedIn® é uma rede profissional do mundo da internet em mais de 200 países e territórios, é uma rede de capital aberto, e com a missão de conectar profissionais e torná-los mais produtivos e bem sucedidos. Como a rede social, apesar de ter várias sedes administrativas espalhadas pelo mundo, sua central de funcionamento está  157  

 

baseada na internet. Então, seus vínculos são estabelecidos de forma aleatória e sem controle direto dos gestores da rede. Isso faz com que as conexões sejam descentralizadas, amorfas e multidimensionais. A falta de “formalidade” e o direcionamento multilateral nas formações de laços dentro desta rede social nos faz pensar: qual é a intensidade dos laços e conexões formados dentro da rede social virtual? A internet é dinamicamente informal por sua agilidade e facilidade de fazer e desfazer conexões. Nesse sentido, é possível estabelecer um vínculo profissional duradouro e eficaz através de uma rede social? Por fim, perguntamos para este trabalho: a rede social virtual LinkedIn® tem campos de informações que garantem a formação de vínculo pessoal capaz de gerar o cerne do estabelecimento da aliança estratégica: um híbrido de cooperação e de competição? O objetivo principal deste trabalho é identificar a presença ou não de mecanismos que possibilitem a estruturação de alianças estratégicas, cooperação e reciprocidade entre empresas e profissionais atuantes na rede social virtual LinkedIn®. Os objetivos específicos consistem em: primeiro, descrever quais são os recursos disponíveis na rede social virtual LinkedIn® que permitam a evidência de conexões (laços/nós); e segundo, averiguar a contraposição de elementos que permitem (des)vantagem cooperativa e reciprocidade entre empresas e profissionais. Este trabalho se torna justificável do ponto de vista científico frente ao vertiginoso crescimento das redes sociais virtuais, mas nem por isso sua viabilidade é consciente, no sentido de que o objetivo central do estabelecimento de laços e conexões para aquele tipo específico de rede social é respeitado e utilizado pelos seus usuários. É preciso estudar a estruturação das redes sociais para avaliar se suas ferramentas realmente atendem ao seu público e ao seu objetivo, efetuando laços e conexões fortes e duradouros. A estrutura do trabalho será divida em: primeiramente a introdução, conseguinte uma breve revisão de literatura para embasar as premissas da análise e surgimento das redes e redes sociais. A revisão de literatura será subdividida e três sessões, a primeira irá consistir na contextualização da construção das organizações dinâmicas e ligadas à internet nos dias de hoje, a segunda definição de redes e redes sociais, e a terceira na construção de cooperação e competição dentro de redes e redes sociais. Após este processo seguirá uma análise das ferramentas disponíveis na rede social LinkedIn®, e ao final as reflexões e considerações finais. 1 REVISÃO DE LITERATURA V.9, nº2, p. 156-175, ago./dez. 2016.

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1.1 UMA BREVE CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS ORGANIZAÇÕES: PADRÕES E PARÂMETROS O mercado é extremamente instável porque suas relações nem sempre são estabelecidas em confiabilidade. Além disso, a amplitude entre produtor e comprador impede o controle perspicaz das negociações. A partir da necessidade de diminuir os custos de transações e de se gerenciar estas transações mais de perto é que surgiram as organizações. Ronald Coase em 1937, além de responder o “por que da existência das organizações?” também propôs que o sistema de preços, quanto mais fechado e mais fiscalizado, permite não só maior confiabilidade nas relações organizacionais, mas também, maior resolução de conflitos e permite maiores ganhos nas relações, tanto financeiras quanto no elo relacional (BARNEY; HESTERLY, 2004). Mas, mesmo que haja uma preocupação, e ela é crescente, com relação aos aspectos relacionais e as influências pessoais dentro da organização, o que nunca vai se extinguir como influência de ambos é a geração de custos. Toda e qualquer empresa não escapa de estar inserida num mundo globalizado e numa lógica capitalista e, por isso, tem como fator proeminente na sua sobrevivência e funcionamento diário o custeio de suas transações. Já nas teorias neoclássicas e na microeconomia de Adam Smith, apontava-se a incrível habilidade dos mercados de coordenarem a produção econômica e efetuar as transações a um custo extremamente baixo e sem subsídio governamental. Visto somente desta forma parece até um regime utópico, mas a qual demanda havia esta redução de custos? Tudo era regido por uma descentralização de custeio e por uma atenção mínima às necessidades das “engrenagens humanas” que faziam a maior parte do processo produtivo até então. Com a automação das organizações a partir das revoluções industriais, o significado do trabalho e da força de trabalho mudou, mas pouco se fez para integrar as pessoas ao trabalho de forma menos mecanizada e, portanto, menos repetitiva e sofrida. Nas décadas de 30 e 40 um turbilhão se formou perante esta necessidade de agregar o homem ao processo produtivo como parte pensante das empresas. O ambiente organizacional passou a ter relevância e ganhar destaque nos estudos não só para averiguar o controle da produção e garantir maiores resultados, mas sim, senão principalmente, para garantir maior integração entre homem, máquina e organização. Com base nesta movimentação, começou-se a relevar como base de estudo e percepção de gestão, que poderia haver outros componentes externos à organização que  159  

 

influenciavam na sua construção, e, portanto, constituíam o que se denominou como ambiente organizacional (HATCH, 1997). A autora ressalta que há variáveis dentro da organização que compõe sua estrutura, componentes sutis à gestão de pessoas e ao processo produtivo tais como a forma de trabalho, os interesses, competição, parcerias estabelecidas, formas de consumo e agências reguladoras. Todas estas instâncias que impelem influência não só sobre a produção, mas também sobre o comportamento interpessoal dentro das organizações, faz com que as próprias organizações (formadas por dinâmicas humanas) gerem relações de oportunidade para se sobressair em relação às outras. As relações de oportunidade surgem como vantagem competitiva, em busca inovadora de processos organizacionais, visando estabilidade no mercado e notoriedade. A busca pela notoriedade, que ocasiona maior busca dos consumidores e, portanto, ampliar riquezas, tornando o ambiente hipercompetitivo. A competição apenas ocorre se houver base estratégica para supri-la (POTTER, 1998). A estratégia competitiva, como qualquer outra ação organizacional, vai acompanhar o desenvolvimento das ações sociais e históricas. Com mercado fechado e protecionismo, o mercado gera uma estratégia competitiva cada vez mais acirrada, tanto interna quanto na dinâmica de governos. E quanto mais aberto for o mercado, mais abrangente é a estratégia competitiva, para conseguir lidar não só com um mercado exigente nem só com uma dinâmica de governo aberta, mas também, com usuários de diversos tipos de públicos, diversificando não só o público-alvo, mas também, o tipo de estratégia adotado para atingi-lo. Não foram necessariamente os computadores que inovaram e aceleraram a ação estratégica de busca de talentos e vantagem competitiva entre as empresas, mas sim a internet. Isso porque a ferramenta internet tornou o acesso à informação extremamente mais ágil. As redes conseguem acessar seus nós (atores) numa precisão e velocidade que antes da internet não era permitido. Da mesma forma, o cruzamento de informações de uma rede para a outra se tornou mais evidente. As informações de vantagem competitiva se esvaem mais facilmente. Isso porque o veículo da internet não gera confiabilidade de informação como um acordo formal entre empresários. 1.2 AS REDES SOCIAIS VIRTUAIS: UM CAMPO PROMISSOR DE ESTUDOS. As redes sociais virtuais têm se tornado um campo repleto de possibilidades de estudo e têm recebido significativa atenção nas últimas décadas. Os trabalhos que

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analisam essas relações são diversos com focos variados, as contribuições teóricas partem de estudos antropológicos e sociológicos. Diante desse panorama, acredita-se, que as redes influenciam diretamente o comportamento dos sujeitos sociais, isso quer dizer que as suas relações sociais promovem impacto significativo na forma de interpretação de mundo dos atores. Argumenta-se que como constructo teórico, a análise de redes é um estudo recente e por esse motivo o seu campo de estudo ainda está em construção (MIZRUCHI, 2006; CARVALHO;

MARQUES;

CARVALHO,

2009;

CASTRO;

BULGACOV;

HOFFMANN, 2011). Vários fatores interferem nesse campo de estudos, fatores sociais, econômicos, culturais, psicológicos, ambientais, jurídico-legais, políticos, governamentais, dentre outros que perpassam e são transversais aos estudos de redes. Percebe-se também que esses estudos se dividem em abordagens prescritivas e descritivas, e há uma divisão de teóricos em torno dessas abordagens, alguns ficam apenas no campo das ideias, enquanto outros trazem para debate uma perspectiva mais realista sobre o fenômeno e menos benevolente, por exemplo, as abordagens críticas. As redes sociais têm se tornado um campo repleto de possibilidades de estudo e têm recebido significativa atenção nas últimas décadas. A partilha de valores e objetivos comuns entre pessoas ou organizações é denominada como rede social. Segundo Mizruchi (2006) os estudos iniciais sobre redes estão baseados na antropologia e na sociologia estrutural. A primeira com influência de Levi-Strauss e a segunda de George Simmel. Para Simmel (2006) e Powell (1990) as relações entre pessoas nas redes figuram maior importância que as normas culturais; nesse sentido as formas e padrões das relações seriam mais importantes que o seu conteúdo, ou seja, foco extremo no objetivismo; no qual o princípio básico é definido a partir da moldagem do conteúdo das relações em função da estrutura. Powell (1990), em sua obra, argumenta que as redes são formas de organização e coordenação contrárias à lógica de mercado e às estruturas hierárquicas, pois são permeadas por padrões recíprocos de comunicação e troca baseadas em confiança. Esse autor, com olhar antropológico, defende que, mesmo em ambientes hierarquizados, as redes sociais exitosas são aquelas baseadas na reputação, laços de amizade, relacionamentos de longo prazo, do ponto de vista da finalidade de sua criação e desempenho. Essas redes então demandam flexibilidade e agilidade de ajustes e, fundamentalmente, relações baseadas em confiança (PERROW, 1992; BRITTO, 2002; GRANDORI; SODA, 1995; AHUJA; SODA; ZAHEER, 2012).  161  

 

Para Perrow (1992) geração de confiança não é facilmente demonstrada e ilustrada, pois ela não poderia ser criada intencionalmente, dessa forma ela é gerada por contextos e estruturas que podem ser deliberadamente criados, encorajando a confiança. Ainda que a confiança não possa ser deliberadamente criada, ao aproximar dos estudos de Perrow (1992) em redes interorganizacionais, alude-se que existem formas de incentivar comportamentos cooperativos e inibir interesses puramente particulares para estimular a criação da confiança como, por exemplo, partilhar e discutir informações, ter experiências de ser ajudado por outro ator na rede, ampliar relacionamentos de longo prazo, aumentar o fluxo de contatos e de laços, a existência de pequenas diferenças entre poder, tamanho e posição estratégica de cada ator, giro da liderança na representação dos grupos, recompensas similares entre os atores. Mizruchi (2006) acredita que as redes influenciam diretamente o comportamento do sujeito, isso quer dizer que as suas relações sociais promovem impacto significativo na sua forma de interpretação do mundo. Verifica-se que, como constructo teórico, a análise de redes é um estudo recente. E por esse motivo, seu campo de estudo ainda está em construção, argumento aderente ao apresentado nesse trabalho. Por isso, acredita-se que as contribuições e as limitações dos estudos são variadas em função da trajetória de refinamento teórico que está em processo de desenvolvimento, a sugestão se baseia na aproximação dos estudos para tornar o corpus teórico mais sólido. O estudo dessas relações por coesão e equivalência estrutural foi amplamente amparado na literatura, no entanto floresceram críticas sobre a efetividade demonstrativa em comportamentos das relações baseadas em modelos matemáticos (MIZRUCHI, 2006). Do ponto de vista dos estudos sobre estrutura, as redes são formadas por um conjunto de nós (atores), os laços que conectam os nós, padrões, estruturas e conteúdo que resultam dessas conexões (podem ser associados com número, identificação, características dos nós, laços fortes e fracos, localização e padrão de conexões entre os nós). Portanto, a arquitetura da rede muda com a soma ou subtração de nós ou com a mudança de suas características, ou quando os lanços entre os nós são criados, dissolvidos ou modificados em termos de forma ou conteúdo (AHUJA; SODA; ZAHEER, 2012). Não é surpreendente que os avanços em tecnologia de informação promoveram avanços significativos para a difusão de redes sociais virtuais nos últimos dez anos. Uma vez que essas ferramentas encurtam a distância entre as pessoas e colaboram ao

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reativar relacionamentos e intensificar os laços via web como, por exemplo, o Facebook® é uma rede social virtual. O Facebook® reconstrói relacionamentos por meio de reativação de laços perdidos ao longo do tempo e por distanciamento geográfico. Se por um lado, os laços mais fortes podem resistir ao tempo com a intensificação dos contatos, por outro lado é inevitável o enfraquecimento daqueles que se desconectam por diversas contingências (AHUJA; SODA; ZAHEER, 2012). Salienta-se que as redes possuem três níveis de análise: os indivíduos que fazem parte do grupo, o grupo que faz parte da organização e a organização que faz parte da rede, e de acordo com o nível os resultados dos estudos serão diferentes. Há evidências que as pesquisas em redes sociais além de apresentar centralidade relacionada a todos os níveis de análise de redes, também apresenta o maior índice de centralidade de intermediação teórica, o que leva a concluir que é assunto que mais aglutina outras abordagens (BRITTO, 2002). Por esse motivo, várias outras formas de relacionamentos em rede surgem vertiginosamente. Exemplo disso é o LinkedIn®, uma rede social virtual fundamentada em interesses profissionais. As redes sociais podem atender a diversos objetivos para a sua formação, denominados antecedentes, além dos fatores de sua manutenção chamados de mecanismos de coordenação e os resultados práticos da rede que estão diretamente ao planejamento de seu surgimento (GRANDORI; SODA, 1995). Para Grandori e Soda (1995) as redes sociais são definidas através dos relacionamentos entre atores sociais que podem se formar em cenários horizontais, nos quais todos os integrantes interferem igualmente na rede do ponto de vista de poder e autoridade. No entanto os mesmos autores demonstram que essa relação pode ser assimétrica, pois alguns atores podem ser eleitos como pontos de intermediação de informações e mediação de conteúdo transacionado na rede. Em uma análise organizacional esse cenário de assimetria pode ser mais comum, pois argumenta-se que redes sociais no âmbito de redes interorganizacionais colaboram na manutenção de confiança entre seus membros, as normas do grupo podem colaborar na definição das regras de rede interorganizacional, nas quais existem ambiguidades, então criar normas morais para assuntos não tratados explicitamente para inibir oportunismos. O LinkedIn®, por exemplo, sendo uma rede social virtual com objetivos profissionais em um cenário horizontal tem funcionado como mecanismo de monitoramento dos possíveis e dos atuais colaboradores de uma organização.  163  

 

1.3 COOPERAÇÃO E COMPETIÇÃO NAS REDES VIRTUAIS. Os estudos ligados à competição estão interessados não só em entender as disputas entre as organizações, mas também, as alianças estratégicas formadas a partir desta competição dentro das redes de organizações. Existem muitas definições do que pode vir a ser competição (BARBOSA, 1999), mas há dois conceitos atrelados a competitividade que o autor ressalta que devem ser expurgados: primeiramente que competição gerada é algo ruim, e segundo que competição é antônimo de cooperação. Nas redes organizacionais, competição está ligada ao fato da rede demandar uma associação para fins de sucesso mercadológico e supremacia aos demais concorrentes. Não sugere deslealdade, não sugere falta de ética, estas abstrações são conjunturas sociais ligadas à terminologia competição e que não se aplica ao conceito clássico mercadológico e industrial do mesmo. Bem como cooperação que não significa auxílio mútuo livre de competição e livre de hierarquia, mas sim, uma aliança estratégica formada por mais de um elemento a fim de encontrar um denominador comum de competição no mercado por meio da união de vários expoentes. (BENGTSSON; KOCK, 1999). As redes sociais permitiram não só a transição da estrutura clássica de organização para o meio virtual, mas também uma gama de ligações, de conexões e laços que são imensuráveis, e que carregam entre estes caracteres marcas distintas e singulares de suas relações. A rede LinkedIn®, propõe a formação de perfil profissional e a exposição deste ao inserir o seu proprietário em um ambiente de competição e cooperação entre os laços que ele irá estabelecer em favor de si próprio ou das alianças estratégicas que formará no decorrer do tempo (essa é a proposta do site). Ao discutir o perfil profissional, atualmente, podemos dizer que esta exposição é volátil dentro das relações de competitividade e cooperação. As relações nas redes sociais são cada vez mais crescentes e ampliadas, macrossociais. Isso faz com a qualificação do perfil profissional seja cada vez mais demandada e que os vínculos profissionais sejam cada vez mais fortes (LEMOS; FREITAS DE SÀ, 2012). As influências de formação e construção deste perfil profissional são imensuráveis nas redes sociais, mas o perfil em si é que permite o contato entre os atores. Mas, não há como mensurar a veracidade, não há como estabelecer a força e o conteúdo dos laços e conexões. De acordo com Lacoste (2010) as relações verticais tendem a gerar esta dinâmica de prevalência simultânea entre competição e cooperação para que o oportunismo se instaure e haja ocorrência de maiores relações de ganho mútuo do que V.9, nº2, p. 156-175, ago./dez. 2016.

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perdas. Nas redes sociais virtuais, as relações são mais instáveis e menos perceptíveis à prevalência e mudança, por isso o oportunismo, as aglomerações e as intensidades dos laços dificilmente são detectados tornando os estudos em redes sociais ainda mais difíceis de serem estudados, e suas relações estruturais, ainda mais voláteis a qualquer tipo de reação abrupta. Há aspectos que agregam valor e significado nas questões de competição e cooperação, aspectos de estruturação das redes, principalmente das redes sociais que tem um padrão estrutural imutável pelos usuários e que não sofre influência por deles. Diferentemente das redes de organizações que sofre influência e influenciam as pessoas e sociedade. Tendo dito que as redes sociais têm um caráter enrijecido em sua estrutura, porque os campos de preenchimento e suas ferramentas de utilidade não mudam de forma circunstancial e nem por influência externa, podemos inferir que a dinâmica de competição e cooperação vai passar por um caráter amórfico, ou seja, em algumas situações específicas como o LinkedIn®, a estrutura da rede vai impedir novas dinâmicas, novas formações de vínculos por ação estratégica vantajosa. 2 METODOLOGIA DE PESQUISA O trabalho é de natureza qualitativa, tipologia exploratória descritiva e a técnica mediadora para tratar as informações escolhida foi a análise de conteúdo. Diferentemente das análises quantitativas de conteúdo, que buscam atender o critério da repetição ao evidenciar as reincidências nos discursos, na análise temática, visa-se ao critério de relevância, segundo o qual devem-se ressaltar outros aspectos dos dados sem que, necessariamente, tenha havido sua repetição no conjunto do material coletado (TURATO, 2003). A coleta de dados foi realizada a partir do acesso do site LinkedIn®. A análise realizada considerou a análise do design da página. Todas as abas, ferramentas e recursos disponíveis para a elaboração do perfil profissional e para, consequentemente, formação de laços e conexões entre diversos membros. Essas foram analisadas com o objetivo de avaliar os recursos disponíveis aos usuários da rede social LinkedIn®, a fim de se identificar a presença ou não de mecanismos que possibilitem a estruturação de alianças estratégicas, cooperação e reciprocidade entre os seus usuários. A análise dos dados foi feita mediante análise de conteúdo que, segundo Bardin (1977, p.44) “procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça”. Assim, buscou-se compreender os significados implícitos em palavras, frases  165  

 

ou expressões nos enunciados da estrutura do site LinkedIn®. Em outras palavras, objetivou-se compreender as relações que poderiam ser estabelecidas entre os fragmentos discursivos e o contexto institucional e histórico-social. A definição de análise de conteúdo é apresentada por Bardin (1977, p.42) como: [...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Minayo (2000) explica que a análise de conteúdo relaciona as estruturas semânticas, aquilo que foi expresso nos relatos das entrevistadas, com os significados dos fragmentos, as quais a autora denomina de estruturas sociológicas. É uma busca de articulação entre a superfície dos textos descrita e analisada com os fatores que determinam suas características: variáveis psicossociais, contexto cultural, contexto e processo de produção da mensagem (MINAYO, 2000; p. 203).

Na classificação proposta por Bardin (1979), a análise temática ou categorial é uma modalidade de análise de conteúdo de cunho qualitativo. Consiste em operações de desmembramento do texto em unidades (categorias) segundo reagrupamentos analógicos. Com essas operações, visa-se descobrir os núcleos de sentido, ou temas que compõem uma comunicação. Optou-se por análise de conteúdo neste estudo porque toda a construção será feita somente com base analítica do que o design do site propõe e do que de acordo com a técnica de análise de conteúdo é possível equiparar como objetivo alcançado entre o que o site propõe e do que os recursos do site realmente alcançam de acordo com este recurso de análise. Não serão utilizadas opiniões de usuários nem de terceiros para a construção da análise de dados em nenhum momento deste trabalho. 3 ANÁLISE DE DADOS: O CONTEÚDO E LAYOUT DO LINKEDIN® O objetivo principal deste trabalho é identificar a presença ou não de mecanismos que possibilitem a estruturação de alianças estratégicas, cooperação e reciprocidade entre empresas e profissionais atuantes na rede social virtual LinkedIn®. Para tanto, a análise de dados será a partir dos links dispostos no site do LinkedIn®. Segue abaixo a análise dividida em 4 (quatro) itens, cada um deste itens compatíveis com a distribuição em blocos do layout da página do LinkedIn®. DestacaV.9, nº2, p. 156-175, ago./dez. 2016.

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se que análise isolada não ocorrerá para o item “Página Inicial” e nem para os links de comunicação direta entre os nós, uma vez que a análise para estes itens vai depender da forma subjetiva do uso da ferramenta, na qual não é objetivo deste trabalho. 3.1 ITEM “PERFIL” O LinkedIn® é uma rede social virtual direcionada a pessoas que procuram divulgar seu perfil profissional e buscar conexões com outros profissionais e empresas por meio do uso da internet. O item “Perfil” é subdividido em 3 (três) categorias de acordo com o layout da página: 1. “Editar Perfil”; 2. “Quem Viu Seu Perfil?”; 3. “Suas Atualizações”. Iniciando uma discussão ampla destes itens, diz-se que: primeiro, há pouca inovação em relação a um currículo profissional clássico, no que diz respeito à distribuição e exigências de informações sobre o profissional. Segundo, a possibilidade de monitorar os visitantes do perfil (por meio de análises gráficas) permite o estabelecimento de conexões cooperativas entre os usuários e avaliação de reciprocidade entre os laços estabelecidos. Terceiro, o uso de recursos visuais (fotos, apresentações, etc.) são um atrativo inicial para que outros usuários e empresas busquem compreender mais sobre o perfil visualizado, possibilitando assim, o estabelecimento de alianças e a percepção das características pessoais e coorporativas que são atrativas ao foco de cadastro no site. Primeiramente, se o “Perfil” se assemelha tanto com a formatação do currículo tradicional, muitos candidatos podem não ver diferencial no site, e, portanto, não terem interesse de se cadastrar. Além disso, sem um diferencial na distribuição de informações sobre o candidato, pode não haver uma apelação para as empresas desistirem de buscar candidatos da forma tradicional e utilizarem a ferramenta LinkedIn® somente pela praticidade. A tradicional formulação do “Perfil” pode não ser tão drástica a ponto das empresas não utilizarem o sistema como base de busca de talentos, mas pode enfraquecer o diferencial de competitividade dos candidatos, que não teriam uma apresentação tão distinta com relação aos outros candidatos. Num mundo onde a criatividade e o diferencial nas primeiras apresentações à empresa contam, a formatação do “Perfil” pode não ser determinante para inclusão ou exclusão de um processo importante. As fragmentações impedem o avanço da vantagem competitiva, tanto empiricamente quanto no estado da arte (MA, 2004). A descrição do “Perfil” seguida  167  

 

fragmentada como num currículo tradicional, não diz em síntese e em suma o que ou quem aquele profissional é, e o que ele é capaz de proporcionar, que no fim é o que interessa às empresas e o que faz com que a leitura do currículo seja exaustiva nos processos seletivos. Vê-se, no “Perfil” que não há como alterar a preferência da ordem das informações dispostas. Formação acadêmica vem primeiro, depois histórico profissional e assim por diante às informações adicionais, o que pode desestimular a busca e estabelecimento de alianças entre usuários e empresas: não há como destacar os itens que são mais importantes para determinada situação. Pode haver empresas e usuários que tem preferências de visualizações rápidas de outros tipos de informações prioritárias, e por ter a estrutura enrijecida, pode haver uma perda de fidelidade perante os usuários neste aspecto. A distribuição de informações no item “Perfil” não gera qualquer diferencial dos métodos já conhecidos e por isso pode não apenas tirar a vantagem competitiva pelo aspecto inovativo que está pendente, mas também, haver o desinteresse por meio dos usuários de utilizar o LinkedIn® como recurso distinto do envio de currículo formal. Sabe-se que qualquer estrutura de rede social deve ter uma formalização no sentido de sua distribuição de informações para dar segurança e distinção ao próprio sistema (BENGTSSON; KOCK, 1999). Mas ocasionar mobilidade para casos especiais de laços fortes dentro das redes sociais pode ser não só uma vantagem cooperativa para os nós envolvidos nesta conexão, mas também, seria uma ótima fonte de informação para o gerenciador do site que teria à sua disposição maiores confirmações de conteúdo dentro dos laços, uma vez que os tipos de transação entre os nós seriam sutilmente distintos. Conclui-se, parcialmente, que o layout do item “Perfil” pouco inova com relação aos métodos de redação de um currículo tradicional, e que talvez, a real vantagem em estabelecer alianças pelo LinkedIn® seria com relação aos recursos gráficos (fotos e imagens) que atraem naturalmente o olhar, e o monitoramento da forma como as conexões entre os atores são estabelecidas, permitindo com que o usuário visualize concretamente a reciprocidade de suas ações e conexões na rede e o grau de cooperação e competição estabelecidos através de tal. 3.2 ITEM “REDE” O item “rede” subdivide-se em 2 (dois) itens: 1. “Contatos”; e 2. “Adicionar Conexão”. Inicialmente nesta discussão diz-se que: primeiro, a possibilidade de V.9, nº2, p. 156-175, ago./dez. 2016.

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visualizar os contatos profissionais verídicos gera credibilidade entre os usuários, estabelecendo alianças mais fortes. Segundo, o mapa estabelecido entre as conexões, além de mostrar os graus de separação (distância entre nós) possibilita a sustentação de vantagem de cooperação entre as conexões. O LinkedIn® permite estabelecer vários tipos de conexão classificados pelo tipo de relação vinculada aos membros. Um perfil estabelece vários tipos de conexão com outros tipos de perfil, e cada perfil (nó) pode visualizar os tipos de conexão (laços) que já foram estabelecidos. Os tipos de conectividade são imensuráveis e, portanto, o grau de influência que perpassam sobre a rede e sobre cada nó, apesar de ter extrema importância, pode até ser identificado, mas não determinado com veemência. A não conexidade, a conexidade forte, semi forte ou quase forte, são fatores determinantes não só para definir a relação entre nós, mas a estrutura da rede num todo e sua operacionalidade (LEMIEUX; OUIMET, 2008). Este mecanismo gera cooperação entre os usuários do LinkedIn® uma vez que traz auxílio de natureza pessoal entre um nó e outro para que mais conexões sejam estabelecidas por meio de graus de separação cada vez menores, menores são os graus de separação entre os usuários da rede, mais laços e nós se formam deixando a rede mais completa e intangível de suas reais consequências para o candidato. Por outro lado, ter os vínculos dos laços claramente demarcados por classificação dentro destas conexões pode gerar uma competitividade não sadia. Um nó tendo clara definição da relação entre dois outros nós (ou mais) e tendo interesse em uma parte deles, pode usar de mecanismos dentro da própria rede para desvincular os laços pré-estabelecidos. Mas isto já é uma suposição de espécie “conspiratória”. Outra dificuldade mais óbvia que pode acontecer é nas relações do trabalho já executado por algum nó dentro desta rede. Atualmente, são raras as vezes que um funcionário se estabiliza numa empresa e não busca novas chances de melhoria em outros lugares, se a empresa que este funcionário está avalia de má fé o conteúdo da relação entre seu funcionário e outra empresa, pode não só dificultar com que este funcionário adquira novo cargo em outro lugar, mas que sua atual colocação fique prejudicada. Por mais que as informações sejam distribuídas de forma objetiva (seguem o padrão do site), a análise de quem visualiza será sempre subjetiva (LEMIEUX; OUIMET, 2008). Além disso, as redes sociais agregam ainda uma impessoalidade e informalidade na transposição dos dados. As informações sobre os tipos de conexões estabelecidos muitas vezes revelam que aquele nó específico tem mais laços pessoais do que  169  

 

profissionais dentro de sua rede, muitas vezes o LinkedIn® não está sendo utilizado com os objetivos que a rede propõe. Esta mesma informalidade pode ser um critério de relevância para as empresas de caráter formal, que não aderem à impessoalidade das redes sociais virtuais. Conclui-se parcialmente que há uma dicotomia suave entre o estabelecimento de cooperação favorável e de competição desfavorável neste item de análise. Ao mesmo tempo que é interessante para os usuários utilizarem a visualização dos graus de separação e de integração entre os atores (nós), a explicitada forma destas relações, que muitas vezes tem maior benefício na sua manifestação implícita, podem gerar barreiras para os usuários e interpretação errônea das empresas com relação às intensões de alguns usuários. 3.3 ITEM “EMPREGOS” O grande destaque de ferramentas da rede LinkedIn® é o link “Empregos”. Discute-se inicialmente que a avaliação do LinkedIn® com relação à oferta de empregos para o usuário é autônoma, ou seja, a partir das competências listadas no “Perfil”, o sistema vai triar as vagas relacionadas às competências para assim permitir a visualização de vagas correlacionadas. Esta análise autônoma, para ter sucesso, necessita que o usuário tenha um avanço na auto gestão de carreira, o que é raro dadas as políticas profissionais e pessoais para a área. Só isto permite com que a listagem de competências seja verídica e não um vislumbramento. A exposição da vaga pode ocasionar não uma cooperação mas uma competição entre os nós de uma mesma conexão. Uma vez manifestado por um nó qual tipo de emprego está interessado ou está ofertando, todos os outros atores da rede vão ter acesso a essa informação, e aí, surgem relações oportunistas. Destaca-se ainda que com relação à inovação, a forma como há divulgação das vagas não preenche tal critério. Há vários outros sites que propõe divulgação de vagas até de forma mais interativa do que o LinkedIn®. Além de serem dificilmente detectadas, as relações oportunísticas não tem garantia se vão ser benéficas ou maléficas para o conteúdo do laço já estabelecido na rede, mas esta incerteza nas relações não são exclusividades das redes sociais. Mesmo se tendo consciência do tipo de conteúdo e força de laço estabelecido entre dois nós, estes mesmos nós são interligados a outros nós, e estas outras relações podem não ser entendidas e mensuradas em sua totalidade, fazendo com que a incerteza das relações permaneça (MIZRUCHI, 2006). V.9, nº2, p. 156-175, ago./dez. 2016.

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A centralidade de proximidade se manifesta no caso da ferramenta “Empregos”. A distância geodéstica diminui em função de um interesse que pode ser mútuo, mas de um interesse que existe (LEMIEUX, OUIMET, 2008). Ou seja, há interesse numa vaga que a localidade é distante com relação à localidade do nó que estabeleceu a conexão. Pode haver manifestação do interesse, mas as chances práticas de sucesso ainda devem ser avaliadas. O recurso “Empregos” também é uma manifestação de cooperação. As conexões entre os nós da rede podem indicar entre si empregos que consideram de interesse para as alianças estratégicas, ou de interesse particular de um nó para o outro, o que de certa forma também é uma manifestação da aliança estratégica. Novamente ressalta-se que as manifestações de aglomeração e oportunismo podem não ser mensuradas, mas em outras várias relações organizacionais isto se repete, mas não impede o utilitário das relações entre os nós das redes. 3.4 ITEM “INTERESSES” O item é subdivido em 3 (três) subitens, são eles: 1. “Empresas”; 2. “Grupos”; e 3. “Pulse”. Destaca-se inicialmente que o item “Pulse” pode promover uma análise congruente do usuário, entre as informações fornecidas em seu perfil e sua manifestação prática de interesses pessoais e profissionais. Tal item permite visualizar as formas de atualização do usuário e os destaques de seus interesses de leitura (se é que há). Há exibição de abas específicas de acordo com o desenvolvimento do perfil do usuário (Exemplo: “Ex-Alunos”; “Ex-Colegas”), demonstrando a autonomia do sistema em organizar de acordo com os interesses e perfil, abas informativas que facilitem o acesso do usuário e permitem melhor visualização de suas alianças. Todos estes subitens vão gerar aglomerações autônomas que ocorrem através do estabelecimento de conexões e redes de cooperação. As aglomerações são características marcantes das redes. Os aglomerados irão permitir maior índice de sobrevivência e destaque operacional dentro da própria rede (POTTER, 1999). A ferramenta “Grupos” propõe cooperação entre os laços mais fortes já estabelecidos para que novas conexões mais fortes sejam estabelecidas e com maior importância à rede do candidato. Mas não há como definir quais são os laços fortes e fracos no LinkedIn®, isso porque não há como averiguar de forma imediata e documental (talvez por meio de gráficos demonstrativos) que as informações dispostas por todos os nós são verídicas e atualizadas, isso faz com que muitas vezes, a vinculação com grupos de importância para o nó em questão, seja feita por puro tato, ou  171  

 

seja, sorte. Não há como ter certeza absoluta de qual laço vai se estabelecer como cooperador de mais outro laço forte a não ser que o desejo de vantagem competitiva seja similar, mas novamente ressaltamos, não há como definir que as informações são verdadeiras. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo principal deste trabalho foi identificar a presença ou não de mecanismos que possibilitem a estruturação de alianças estratégicas, cooperação e reciprocidade entre empresas e profissionais atuantes na rede social virtual LinkedIn®. Com a análise de dados deste trabalho e com o levantamento de literatura podese averiguar que as redes, em particular as redes sociais virtuais, perpassam aspectos muito peculiares no que diz respeito ao estabelecimento de laços, conexões e conteúdo dos mesmos. Isso porque, primeiramente, pressupor que todos os usuários da rede estão utilizando-a com objetivos comuns a todos os outros usuários é uma utopia. As relações humanas em si já são permeadas de oportunismo e incerteza, o que não garante uma homogeneidade do uso da rede, e menos ainda das ferramentas dispostas para a mesma. Dentro do mercado de trabalho, todas as relações e alianças estratégicas são permeadas pela dinâmica de cooperação e competição, e uma vez que não conseguimos estabelecê-las nem em nossas relações pessoais, nem em nossas relações profissionais, o sucesso profissional e a carreira estão comprometidos pelo individualismo. Com a avaliação das ferramentas do site LinkedIn® por meio de análise de conteúdo do layout da página, podemos dizer que há sim possibilidade de estruturação de alianças estratégicas entre os atores da rede social, mas ao mesmo tempo que há essa possibilidade ela é permeada de percalços e receios provindos do cerne da relação humana e da incerteza gerada pela distância geodésica entre os atores, impedindo pessoalidade e confiabilidade entre os mesmos. Com relação ao caráter de inovação, vê-se que é uma questão muito mais de acessibilidade e aglomeração de informações congruentes, do que do próprio sistema do site. Ou seja, o LinkedIn® inova ao agregar todas as informações compreendidas como necessárias para estabelecer relações profissionais, mas a forma como as informações de alguns itens são distribuídas nos faz pensar até que ponto a disposição destas informações causa furor pela sua estética, e não pela sua funcionalidade. Deve-se destacar que as relações de formação de aliança, reciprocidade e cooperação são mensuráveis, mas intangíveis na sua construção e sedimentação uma V.9, nº2, p. 156-175, ago./dez. 2016.

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vez que no ambiente das redes sociais virtuais as relações são veladas e aparentemente não contextuais, apesar do LinkedIn® dispor do recurso “Rede” que caracteriza a longitude dos laços, a sua força é inexorável. Além disso, as resultantes para empresas e candidatos são distintas, até mesmo para variáveis iguais e/ou similares. Tem-se que para as empresas, a divulgação de oportunidades e a exposição explícita de suas redes, laços e nós é favorável, uma vez que o marketing se torna espontâneo, os esforços para captação de candidatos são menores, sendo que os usuários da rede e a própria rede já fazem divulgação das oportunidades, e a avaliação prévia de alguns tipos de “Interesses” do candidato já estão à disposição da mesma. Quando há referência às relações de formação de aliança, reciprocidade e cooperação no nível dos usuários da rede social virtual LinkedIn®, destaca-se que estas relações, para garantir maior eficácia, não devem ser necessariamente explícitas, como o recurso de layout da página o faz. Todas as estratégias que o candidato lança mão ao elaborar laços e nós da rede ficam explícitas na página, e não há como selecionar o conteúdo a ser exibido, então pode abrir margem para boicote de outros candidatos que tenham o mesmo interesse, ou até abrir maior concorrência mesmo que o intuito não seja divulgação. Há casos em que as relações de cooperação e competição são enviesadas, ou seja, pela amplitude impalpável da extensão e intensidade dos laços e nós formados. A vantagem está no sigilo de informações, onde uma e não todas as partes envolvidas tem acesso total ao conteúdo público. Além disso, as motivações que estabelecem laços e nós são em seu cerne de conteúdo privado, ou seja, comente o operador humano conhece as motivações, então as leituras e compreensão espontâneas de auto análise que a rede possui pode não só ser ineficaz, mas também, prejudicial ao colaborador. Através da natureza qualitativa de análise de dados que prevê análise do conteúdo e do layout da página da rede social virtual LinkedIn® verifica-se que tanto para empresas quanto para candidatos a eficácia, eficiência, estrutura e intensidade dos laços e nós estabelecidos estão mais relacionados à interpretação parcial do evento de uma das partes envolvidas do que do seu contexto total e geral, que é impalpável. Ou seja, conclui-se para este artigo que há vantagem para as empresas que conseguem verificar laços e interesses antes de entrar em contato direto com o candidato o que poupa tempo, já as mesmas questões para o candidato não são necessariamente benéficas, uma vez que deixar as intensão e formações de laços evidentes, pode ocasionar competição e boicote, e não cooperação, nada é garantia de reciprocidade, uma vez que a natureza das redes sociais virtuais é sua movimentação não orientada.  173  

 

Nota-se também que o segredo por traz do sucesso do site LinkedIn® pode estar além das ferramentas dispostas, uma vez que é permeado pelas relações humanas que são, além de subjetivas, imprevisíveis. Não há como estabelecer de forma global até onde há eficácia das relações de aliança, reciprocidade e cooperação no LinkedIn®, tanto para os atores quanto para as empresas. Para futuros trabalhos sugere-se uma pesquisa empírica com dados primários para averiguar as suposições deste trabalho na ótica dos usuários da rede LinkedIn® REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AHUJA, G.; SODA, G.; ZAHEER, A. The genesis and dynamics of Organizational Networks. Organization Science. V.23, n.2, pp. 434-448, march/april 2012. BARBOSA, F.V. Competitividade: Conceitos Gerais. IN: RODRIGUES, S.B. Competitividade, Alianças Estratégicas e Gerência Internacional. São Paulo: Atlas, 1999. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. 225 p. BARNEY, J.B.; HESTERLY, W. Economia das Organizações: Entendendo a Relação Entre as Organizações e a Análise Econômica. IN: CLEGG R.; HARDY,C. ;NORD, W.R. (Ed.) Handbook de Estudos Organizacionais. Vol.3. São Paulo. Atlas, 2004. p.131:185. BENGTSSON, Maria. KOCK, Soren. Cooperation and Competition in Relationships Between Competitors in Business Network. Journal of Business and Industrial Marketing. Vol. 14, nº3, 1999. p.178:193. BRITTO, Jorge. Cooperação Interindustrial e Redes de Empresas. IN: KUPFER,D; HASENCLEVER,L. (Org.) Economia Industrial: Fundamentos Teóricos e Práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Campus. 2002. CARVALHO, F.A.; MARQUES, M.C.P.; CARVALHO, J.L.F. Redes interorganizacionais, poder e dependência no futebol brasileiro. O&S, Salvador, v.16, n.48, Jan./Mar., 2009. CASTRO, Marcos de; BULGACOV, Sergio; HOFFMANN, Valmir Emil. Relacionamentos Interorganizacionais e Resultados: Estudo em uma Rede de Cooperação Horizontal da Região Central do Paraná. RAC, Curitiba, v. 15, n. 1, art. 2, pp. 25-46, Jan./Fev. 2011. GRANDORI, A.; SODA, G. Inter-firm networks: antecedents, mechanisms and forms. Organization studies. V.16, n.2, pp.1-19, 1995. HATCH, M.J. Organization Theory: Modern, Symbolic and Postmodern Perspectives. Oxford: Oxford University Press, 1997. p.63:100. LACOSTE, Sylvie. Vertical Competition: The Key Account Perspective. Industrial Marketing Management. Vol.41 2012. p.649:658. V.9, nº2, p. 156-175, ago./dez. 2016.

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