Almanaque O Encanto das Trovas - Tomo VII - vol.1 - Rio Grande do Sul

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O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 1

SUMÁRIO

Delcy Rodrigues Canalles (Porto Alegre).............................................. 3 Doralice Gomes da Rosa (Porto Alegre) ............................................... 7 Flávio Roberto Stefani (Porto Alegre) ................................................. 11 Gislaine Canales (Porto Alegre) ......................................................... 15 Ialmar Pio Schneider (Porto Alegre) .................................................. 19 Lisete Johnson (Porto Alegre) ........................................................... 24 Luiz Machado Stábile (Uruguaiana) .................................................. 28 Marisa Vieira Olivaes (Porto Alegre) .................................................. 32 Milton Sebastião de Souza (Porto Alegre) .......................................... 36 Neoly de Oliveira Vargas (Sapucaia do Sul) ....................................... 41

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Delcy Rodrigues Canalles

1 A bonita escadaria que parece não ter fim, é um convite à poesia que existe dentro de mim!

2 A Estação da Primavera chega linda, colorida, com muitas flores! Quem dera fosse eterna em nossa vida! 3 A mensagem foi pequena: - Não me esperes, por favor! Não chorei. Não vale a pena chorar por um falso amor! 4 A pedra bruta esculpida pelas mãos de um escultor, se for bom, tem quase vida: - qual Moisés e seu valor! 5 Araras azuis voando, num bailado tão bonito, são bailarinas dançando pelos céus do infinito!

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6 A renúncia é uma virtude que, em verdade, purifica; tão rara, na Juventude e, na Velhice, tão rica! 7 A Via – Láctea sorria, deitando luzes no chão... Era o parto da poesia na obra da criação! 8 Busquei a Felicidade e a encontrei certo dia! Na minha realidade, ventura é trova...é poesia! 9 Caminhando pelos trilhos em noites enluaradas, as estrelas lançam brilhos, que salpicam as estradas!

10 Cavalgando o "Minuano" eu sigo em frente, risonho... Sou tropeirista aragano que monta o vento do sonho. 11 Cem vezes tu repetiste que me amavas loucamente... Cem vezes tu me mentiste e cem vezes eu fui crente! 12 É com as mãos da poesia e um amor grande e profundo, que os poetas, hoje, em dia, embelezam mais o mundo! 13 Em vez do vício, a virtude e, da revolta, a harmonia... Quisera que a juventude se drogasse de poesia!…

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14 Eis um convite infinito do mar e céu se encontrando, num bailado tão bonito, para quem vai navegando! 15 Em meus sonhos de criança, desejei pescar a Lua e pus anzóis de esperança nas poças d'água da rua! 16 Em vez do vício, a virtude e... da revolta, a harmonia... Quisera que a Juventude se drogasse de poesia! 17 Foi num baile. Aquele olhar, tão profundo e sedutor, foi a forma de mostrar toda a grandeza do amor!

18 Jogo redes de ternura e, na espera, então me ponho... Pesco peixes de ventura no lago verde do sonho! 19 Meus dias, antes tristonhos, mudaram, hoje confesso, pois com pedaços de sonhos, arquitetei teu regresso. 20 Nada há melhor que a leitura, que nos leva a viajar, e propicia a ventura de ir a qualquer lugar! 21 Nesta penumbra doída, neste mar de densas águas, joguei a linha da vida e pesquei somente mágoas!

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22 No imenso mar de ternura eu fiz pescarias novas: - cheguei a pescar ventura com meu caniço de trovas. 23 O rio chora sozinho, pois a seca o dizimou... Seu leito está tão baixinho, que ele sente que secou! 24 Ó, velhice, eu que temia que chegasses, de repente, vivo em tua companhia, sem notar que estás presente! 25 Parece até aquarela, em pintura verdadeira, a beleza dessa tela da nossa amada bandeira!

26 Que a nossa luz interior clareie o chão das estradas para que a Paz e o Amor sigam juntos, de mãos dadas! 27 Sobre um fio, numa rua, brincavam gato e criança, sob a luz do Sol ou Lua, fantasiados de esperança! 28 Sou a seiva da esperança no seio branco ou de cor! Eu alimento a criança, seja a mãe da cor que for! 29 Um golezinho somente, do teu licor de ternura, para minha alma que sente tanta sede de ventura!

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Doralice Gomes da Rosa

1 A frágil rosa em seu galho depois que o vento passou, desfolhou-se sobre o orvalho que a madrugada deixou. 2 A franga sente o perigo, vendo o frango já galeto, diz a ele: - Eu vou contigo pra rodar no mesmo espeto.

3 A mulher grita, se zanga quando o marido, afobado, invés de soltar a franga, solta um frango congelado. 4 Anda estranho meu gatinho, parece coisa mandada, na cama nenhum beijinho, é só rom-rom e mais nada. 5 Ao Patrão Velho e buenacho, pedindo, tiro o chapéu: - Olha um pouco aqui pra baixo, manda uma bênção do céu. 6 Ao ver o broto nadando, o vovô, já bem caduco, se joga na água, gritando: - "Tô maluco, tô maluco!

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7 Apeie, peão, se abanque, venha tomar chimarrão! Amarre o pingo ao palanque: - Aqui, ninguém é patrão! 8 Aquela coroa enxuta, mal anoitece, ela sai, dizendo que vai à luta - só Deus sabe onde ela vai! 9 As lembranças e euforia dos folguedos de criança gravei no peito em poesia onde a saudade descansa. 10 Brigamos qual cão e gato sem razão, sem um motivo. Ele me arranha, eu lhe bato, mas sem meu gato não vivo.

11 Cai a chuva e com malícia, num jeito todo atrevido, vai moldando com perícia teu corpo sob o vestido. 12 Chimarrão, tem mais sabor quando a bomba prateada volta trazendo o calor dos lábios da minha amada! 13 Diz, num porre, o coroinha, na missa, ao Padre Pimenta: - Eu só tomei umazinha, o resto foi água-benta! 14 Hoje, nós dois, no abandono; perdidos, sem mais escolhas: – dois galhos secos no outono que o vento varreu as folhas.

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15 Já fui frango revoltado, dono, rei do meu terreiro. Hoje, velho, aposentado, nem subo mais no poleiro. 16 Levando um chute o magrinho ao jogar uma pelada, o que já era pouquinho acabou virando nada. 17 Magro dos pés ao pescoço, feio do fim ao começo, o Zeca era o próprio esboço de uma caveira ao avesso. 18 Marujo ao pisar na areia traz do mar lendas estranhas, nunca viu uma sereia mas fisgou muitas piranhas.

19 Marujo velho, o Raimundo quando em vez dá uma ensaiada, levanta a vela e vai fundo mas qual, só nada, mais nada! 20 Meninas, eis um conselho: - vêde bem por onde andais! A honra é como um espelho, se quebrar, não cola mais... 21 Minha gata por capricho ronda o gato do vizinho. Mas o danado bicho sai miando e bem fininho. 22 Na ilusão de ser amado, sonho a grandeza dos sábios, bebo o licor do pecado no cálice dos teus lábios.

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23 Não quero saber de intriga pois cheguei à conclusão: - é melhor viver sem briga, do que brigar com razão! 24 Na solidão do meu rancho, nossa rede, que ironia, ainda presa no gancho, embala a noite vazia. 25 Nesta taça de licor transbordando de ternura, brindaremos nosso amor, nossos sonhos de ventura. 26 Nosso amor é um triste enredo que o destino emaranhou, fez de nós dois um brinquedo que em tuas mãos se quebrou.

27 O capeta à Terra veio, fugindo do fogo eterno e ao ver o mundo tão feio, voltou correndo pro inferno. 28 O frango muito fuleiro pula o muro, canta grosso, vai ciscar noutro terreiro e acaba virando almoço. 29 Para brindar a partida de alguém que já não me quer, bebo o champanha da vida nos lábios de outra mulher. 30 Quando eu cruzar a porteira para o plano do infinito, levarei minha bandeira com meu protesto e meu grito!

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Flávio Roberto Stefani

1 Abaixo a guerra entre irmãos! Plantemos a paz somente. - Quem tem sementes nas mãos não tem granadas na mente.

2 Adoro bonde gaiola e ao teu lado – vistas turvas – se a curva do trilho esfola, me saram as tuas curvas… 3 Brancos, negros e amarelos, se a causa é justa e loquaz, juntam braços, que são elos forjando as cores da Paz! 4 Brinquedos bons eu não tinha, mas sabia achar maneira, e com latas de sardinha eu tinha uma frota inteira. 5 Brinquedos de guerra, não, pois quem brinca de matar, amanhã – de arma na mão -, vai matar para brincar!

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6 Chuta o balde a Dona Mima porque o marido, Vavá, em vez de partir pra cima, vai pra baixo do sofá... 7 Com malícia, a lua cheia vestiu de luz nosso leito ao te ver desnuda, alheia, aconchegada em meu peito. 8 Coragem! Ergue teu rosto, desamarra esta carranca, porque o sol, depois de posto, nos mostra a lua mais branca. 9 Cruel e ingrato, o sobrinho põe no freezer o seu tio, e a surpresa é o bilhetinho: - "Não esquenta... fica frio...”

10 Destino cruel se encerra neste turismo obsoleto: - quando o frango sobe a serra, não desce - vira galeto!... 11 De surpresa, muitas vezes, vinha o noivo da vizinha... e depois de nove meses, nasceu uma surpresinha... 12 È mais feliz a criança que recebe amor profundo, pondo luzes de esperança no quarto escuro do mundo. 13 Em ternura plena e extrema, nossos sonhos se cruzaram. E a noite se fez poema... E os versos também se amaram!

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14 Entre os licores mais puros que a vida me fez provar, estão os lábios escuros que me deixaste beijar. 15 É tão nojenta a franguinha, tão cheia de blablablá, que se um dia for galinha, nem raposa a comerá… 16 Eu, boêmio sem comando, nos dias mais enfadonhos, passo os dias chimarreando na varanda dos meus sonhos! 17 Ganha contornos de festa, de festa vira euforia, quando Deus se manifesta, abrindo os olhos do dia!

18 Garibaldi, esses vinhedos dão vinhos com tal sabor, que o licor dos teus segredos está no próprio licor. 19 Gerador de paz e calma, que dispensa cerimônia, o livro é o jantar da alma nas noites claras de insônia. 20 Já velhinho, o marinheiro, que foi das ‘gatas’ xodó, hoje só e sem dinheiro, levanta a âncora... e só!... 21 Lembrando um fandango antigo, muita mão... muitos abraços... a Joana leva consigo um belo “troféu”... nos braços…

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22 Meu Senhor, quero sentir, de uma forma singular, a coragem de sorrir quando o dia é de chorar. 23 Não tem cura, é de matar, bebe tanto o Zebedeu, que outro dia foi trocar seu nome pra “Zebebeu”... 24 Na pescaria, de fato, notei teu jeito chinfrim, mas o olhar era de gato: - um no peixe e outro em mim... 25 Nascedouro de certezas e ninho de inspiração, a lua afasta as tristezas, pondo paz no coração.

26 No abandono das marquises, meninos dormem de mão, fingindo que são felizes nos braços da solidão. 27 Quando a euforia me invade, nas luzes do amanhecer, puxo a corda da saudade para esticar meu viver. 28 Se a violência é demais, num mar que não se detém, pega o rumo de outro cais, onde o amor ancore o bem. 29 Sendo forte, sendo inquieta, com requintes de magia, a trova é o cais do poeta, onde se amarra a poesia!

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Gislaine Canales

1 A minha vida é uma Trova, trova de ilusão perdida, pois a vida é grande prova, que prova a Trova da vida!

2 Aquela ponte que unia nossas vilas ribeirinhas une ainda, por magia, suas saudades e as minhas. 3 Caminhei pelo infinito, vaguei por milhões de espaços... Até lá estava escrito o meu regresso aos teus braços! 4 É contrastante a ironia, nesta verdade contida: - lindo o entardecer do dia, triste o entardecer da vida! 5 Eu gosto de navegar nesse mar de azul infindo formado por teu olhar. Não existe mar mais lindo!

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6 Fotos mostrando uma vida, namoro, noivado e então, a essência nela cumprida: - os filhos do coração! 7 Letras que formam poesia, nos abraçam com carinho, deixam rastros de alegria em todo o nosso caminho! 8 Não lembro de ti, passado, pois, consegui te esquecer; agora, só tenho ao lado os sonhos que vou viver! 9 Na Primavera, chegando, cheia de cor e beleza, os jovens seguem cantando, num aplauso à Natureza!

10 Navegando em meu veleiro, num mar , assim, tão bonito, procuro meu companheiro, nesse meu sonho infinito! 11 Nesta vida tão inquieta, o meu consolo é pescar. Sou pescadora - poeta, que pesca versos no mar! 12 Numa troca de carinhos, dois sorrisos se irmanaram, e os dois, antes, tão sozinhos, juntos, pra sempre, ficaram ! 13 Nunca mais fiquei sozinha, pois na Internet eu namoro e essa solidão, que eu tinha, não mora mais onde eu moro!

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14 O espelho mau me mostrou algo que eu nem suspeitava… Agora, eu sou como estou, e nunca como eu sonhava! 15 Olhando o mar, eu diviso, a areia branca a esperar um beijo feito sorriso, que as mansas ondas vêm dar! 16 Olhava o mar com temor, numa espera preocupada: - nem peixes…nem pescador! Tão só o vazio do nada! 17 O magro e a magra dançando… Osso com osso batia… E quem estava escutando pensava ser bateria…

18 O mais bonito sorriso, que eu ganhei, cheio de afeto, revelar nem é preciso ! Foi do meu primeiro neto! 19 O mar é o mais doce amante pois não cansa de beijar, num lirismo alucinante, toda praia que encontrar! 20 O meu viver enfadonho, só de amarguras composto, põe as rugas do meu sonho sobre as rugas do meu rosto! 21 O trem passando entre flores, vai a infância recordando, pai e mãe: os meus amores... e nós todos, viajando...

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22 O Trovador, com seu sonho, e sua grande emoção, desenhou um Sol risonho na preta poluição!!! 23 O trovador que em verdade, faz da trova uma oração, coloca com amizade “A trova no Coração”! 24 Quando unimos nossos braços, aos braços de outros irmãos, sentimos que os nossos laços enfrentam todos os nãos! 25 Quero cantar pelo espaço e, nas estrelas, rever todas as trovas que eu faço. Trova é prece em meu viver!

26 Sinto a imensa inspiração desse escultor, se esculpindo, mostrando, a nós, na emoção sua escultura surgindo! 27 Sou pescador de ilusões e nesse pescar me ponho, conquistando corações com os anzóis do meu sonho! 28 Sou tão triste e tão sozinha, que o eco do meu lamento, desta saudade tão minha, escuto na voz do vento! 29 Um gemido de dar medo, eu ouvi… que coisa estranha! Cravou o espeto no dedo, em vez de ser na picanha!

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Ialmar Pio Schneider

1 A beleza do jardim está contida na flor; e a graça que não tem fim encontro no teu amor…

2 A cigarra e a formiga, pelo destino do amor: - uma executa a cantiga, outra executa o labor. 3 A esperança, nesta vida, é tudo que nos conduz, pela estrada florescida de sonhos de amor e luz!… 4 Alta noite, escrevo versos, sentindo a falta de alguém; quem me dera que dispersos, ela os ouvisse também… 5 A mágoa que em mim existe é fruto de uma saudade que me transforma num triste no seio da sociedade.

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6 A manhã surge radiante, envolvendo de esplendor, na alegria contagiante toda a natureza em flor. 7 Amiga de muitos anos, companheira de verdade, enfrentando os desenganos, ela se chama: - Saudade. 8 A minha infância tão pobre com tantas dificuldades, mas não deixou de ser nobre, pois dela sinto saudades. 9 Amo a trova em devaneio porque quero teu carinho: - é por ela que em ti creio e te espero em meu caminho.

10 A noite desceu aos poucos e no céu surgiu a lua para os boêmios e loucos que vagam a esmo na rua. 11 A poesia que me invade em horas de inspiração, além de cantar saudade, também canta solidão! 12 As trovas que a gente escreve, mesmo que sejam banais: - é um pouco da vida breve que não volta nunca mais… 13 As trovas que aqui deponho à apreciação dos leitores, são os frutos do meu sonho que colhi nos meus amores…

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14 A trova que canto agora tem sabor de nostalgia, por alguém que foi embora quando mais bem a queria. 15 Busco na trova a harmonia para equilibrar a vida; é o resumo da poesia em quatro linhas contida. 16 Cada dia uma rotina que devo sempre seguir, entretanto a vida ensina que não posso desistir. 17 “C’est la vie!”, diz o francês em meio do burburinho… “Time is money!”, diz o inglês ao seguir o seu caminho…

18 Como tarda anoitecer nestes dias de verão, quanto é difícil viver mergulhado em solidão! 19 Como uma musa eu te quis e depois como mulher, oh, como fui infeliz por amar quem não me quer ! 20 Das flores todas que planto em meu modesto jardim, aquela de mais encanto vem ser você, meu Jasmim! 21 Deixa-me ficar sonhando em meu mundo de ilusão, pra que vá me acostumando a viver na solidão.

O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 21

22 Dediquei-me tanto ao estudo que quase fiquei mais louco, procurando saber tudo, vejo que aprendi tão pouco… 23 Deve a trova ser singela para sabe-la de cor; quanto mais simples mais bela, quanto mais terna, melhor… 24 Eras uma linda fada num jardim cheio de flores; assim foste minha amada na canção dos meus amores. 25 És a musa dos meus versos que me inspira quando canto e nos momentos adversos o motivo do meu pranto.

26 Escrevo trovas sentidas num desabafo de dor: - são as ilusões perdidas de certo frustrado amor. 27 Eu faço trovas sentidas nestas noites de luar: - são as “paixões recolhidas” que não consigo olvidar. 28 Faço versos para alguém que surgiu em minha vida e agora com seu desdém me deixou a alma ferida. 29 Faze da trova teu lema com grande satisfação, e terás em cada tema um motivo de emoção.

O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 22

30 Já fiz trovas de improviso, mas com muita reflexão, pois de uma coisa preciso: - é não perder a razão… 31 No coração de quem ama não morre nunca a saudade, porquanto é qual uma chama com fogo da eternidade… 32 Quantas trovas, quantos versos, me levaram de roldão, a conhecer universos existentes na ilusão… 33 Quem ler meus versos verá que procurei ser feliz; e afinal entenderá que nunca tive o que quis.

34 Saudade!… palavra viva do que ficou no passado; és o bem que nos cativa para sempre ser lembrado! 35 Seja pobre ou seja rica a rima é uma canção, a saudade sempre fica depois que os versos se vão. 36 Tem trovas que a gente diz, tem outras que a gente lê, e pra mim a mais feliz é a que fala de você ! 37 Tens razão quando tu dizes que o poeta é um sonhador; neste mundo de infelizes só assim suporta a dor.

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Lisete Johnson

1 Ah, o amor não dividido, sonho não compartilhado... Será este cão marido ou um homem acorrentado?

2 As amizades bonitas, correntes de abraço estreito, levo, gravadas em fitas, no porta-joia do peito. 3 Benditas fotografias, que contam fatos passados, retalhos de alegres dias, pelo tempo, costurados! 4 Céu marinho como tela, verdes, grises, tom carbono… são tintas de uma aquarela, pintando as tardes de outono. 5 Embora meu andar cansado, denuncie minha idade, a menina do passado baila com facilidade!

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6 Enquanto houver um luar e um sol cheio de esplendor, há de se ouvir o cantar da lira de um trovador! 7 Eu fui deixando um a um meus vícios e compulsões… E feliz, hoje, em jejum me alimento de emoções 8 Foi graças a seu gingado, que a garota, um “avião”, ganhou do “seu” deputado “baita” cargo em comissão! 9 Franciscos são pregadores de lumes e boas novas… Alguns, da fé, são pastores, outros, pastoreiam Trovas. (trova para o Prof. Garcia)

10 Inconstância é estar contigo, tudo tem duplo valor: - busco o amor, encontro o amigo; busco o amigo, encontro o amor. 11 Meu barquinho de papel, antes que o dia desponte, zarpará do mar ao céu, onde repousa o horizonte! 12 Meu gato, todo assanhado, pêlo em pé, todo se estufa, totalmente apaixonado, e seduz minha pantufa… 13 Muitos sofrem neste mundo, por falta de pão e teto, mas o pesar mais profundo, é ser carente de afeto.

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14 Na feira, o “seu” Manuel: – Não vendo nada... Pois, pois! Mas se esgoela: - Olha o pastel, pague três e leve dois! 15 Não culpe, nunca, o destino pelas quedas e fracassos. Não se censura um menino que cai nos primeiros passos! 16 Não é à força e martelo, que se esculpe um cidadão! Constrói-se, até, um castelo, não caráter, retidão... 17 Nas nuvens vejo ajoelhada minha mãe a orar comigo, sempre que a fé é abalada e nem rezar eu consigo.

18 No brinquedo “Esconde-esconde”, eu me escondia tão bem, que, até hoje, não sei onde, eu me escondi…E de quem? 19 Num arco-íris de cores, fui descendo de mansinho sem, se quer, pisar nas flores que plantaste em meu caminho. 20 O Jerry, rato travesso, atazanou tanto o gato, que virou Tom, ao avesso, e fez do gato, sapato! 21 "Paloma, blanca paloma", do nada veio, ao tudo foi, trouxe a paz, levou a soma de uma sentença: - "Acá estoy!!"

O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 26

22 Por excesso de vaidade, de soberba, de altivez, valores, como a igualdade estão, hoje, em escassez. 23 Quando criança, eu ficava olhando o céu, a cismar: - quem, tão alto, a luz ligava para acender o luar! 24 Quando o percurso é distante e os trilhos correm sem fim, é bem neste exato instante, que Deus alia-se a mim! 25 Que monótono seria, se não houvesse matizes de cor, de raça , de etnia, frutos de várias raízes!

26 Se a pressa fez-me escolher atalhos e não caminhos, por certo, só vou colher em vez de rosas, espinhos… 27 Sol poente e meu veleiro diz adeus aos coqueirais... Voa livre, aventureiro, à procura de outros cais! 28 Teu beijo, bombom cremoso de conhaque com anis, é o manjar mais saboroso que minha boca já quis! 29 Um larápio, bem “pé-frio”, ao fugir de um cachorrão, escolheu, logo, o desvio que acabava na prisão!…

O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 27

Luiz Machado Stábile

1 A causa não foi à toa de tão grande quebradeira: – era o “gato” da patroa e a “gata” da cozinheira.…

2 A criança abandonada, sem pai, sem teto, sem pão, tem a violência estampada no rosto e no coração. 3 A dúvida do velhinho, quanto ao filho da mulher, é saber se é do vizinho, do mordomo ou do chofer… 4 A mãe, mulata de festa, o pai, português do Minho, e a grande surpresa é esta: – o filho nasceu loirinho… 5 A patroa se consome ao descobrir que a empregada sendo Pimenta no nome, tem a língua apimentada… 6

O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 28

A tua volta, querida, é força que me renova, põe amor em minha vida e euforia em minha trova. 7 Chora a viúva do Honório que morreu envenenado; e o "veneno", no velório, "mata" qualquer convidado! 8 Dançamos de passos certos, mas a dança não nos faz corrigir passos incertos de tantos anos atrás. 9 Ela tem barriga d'água? pergunta a mãe, preocupada, e o médico, sem ter frágua: - Mas o peixinho já nada...

Eu sinto que este chamego por ti é mais do que isso; é mais do que amor e chego a crer que é puro feitiço. 11 Eu duvidei, na verdade, de tudo quanto afirmaste, mas hoje, nesta saudade, sinto que me enfeitiçaste. 12 Fazer trova com humor, sobre escuro... não sei, não!... Previna-se o trovador: - é "humor negro" - eles dirão... 13 Fazia gato e sapato com o marido. Coitado! Mas, uma noite, seu “gato” miou em outro telhado!…

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Iniciou-se muito cedo nossa história bela e grata e o que pareceu brinquedo, são hoje bodas de prata. 15 Mãe e filha são Pimenta, e o velho, que é "vermelhão", com santa paciência aguenta a alcunha de "Pimentão". 16 Mesmo sendo pequenina, com ela ninguém se meta, pois sua língua ferina é pimenta malagueta! 17 Na dança de roda existe uma alegria sem fim, que acorda a criança triste que dorme dentro de mim.

Ninguém mais olhava a fita, que o namorado e a Jurema faziam cena inaudita no escurinho do cinema! 19 Numa tarde fria e turva, foi dar uma fugidinha: - Aí... “derrapou na curva” na “condução” da vizinha… 20 O fandango dos Menezes foi tão bem organizado, que no fim de nove meses começa a dar resultados… 21 O marujo acostumado às ondas jamais tonteia, mas na terra, se ‘molhado”, anda tonto, volta e meia.

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O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 30

O vizinho, eletricista, ela, dada a calafrios, bastou-lhe um golpe de vista pra ter choques e arrepios… 23 Prometeu tudo pra ela: – das joias à lua até. Casados, deu-lhe panela e um fogão com chaminé! 24 Quando partes, fico em trevas e não sei se minhas queixas vêm dos sorrisos que levas ou das tristezas que deixas! 25 Que importa a dança das horas que vão céleres passar? Importa, quando demoras, a hora em que vais voltar.

Se um dia calar meu canto e eu não puder mais lutar, que não me falte, no entanto, coragem para sonhar. 27 Teus olhos são, em verdade, a minha fonte de vida: – são dois faróis de bondade na minha noite sofrida… 28 Veloz, corria na praia, despreocupado e ao léu... Viu uma “curva” sem saia, e só acordou no céu… 29 “Volto em breve” – eis a promessa de todo marujo esperto, e como promete à beça, não volta nunca, por certo.

26 O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 31

Marisa Vieira Olivaes

1 A Lua, cantada em verso, o Sol, ardente e fecundo, são luzeiros do universo, clareando os pagos do mundo!

2 A paixão, com seus enredos, quando em "êxtase" se inflama, queima tabus, rompe os medos do coração de quem ama! 3 À tardinha, mansamente, ofuscando a luz da rua se encontram furtivamente dois amantes... Sol e Lua...! 4 Carências... são desventuras... qualquer coisa-de-sofrer... Sou carente... de almas puras que amenizem meu viver. 5 Certeiro, de mira boa, é o que nos fala a razão; toda mentira ressoa com ecos de imprecisão...

O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 32

6 Coração... não foste apenas um figurante qualquer... - Roubaste todas as cenas da vida "desta" mulher!... 7 Dançar foi tudo que eu quis... meu sonho desfeito em dor... Mas finjo que sou feliz compondo versos de amor. 8 Depois que desce a cortina, quando o amor desata os laços, não é um show que termina... é a vida feita em pedaços. 9 De esperas fiz meu passado... e compondo a vida assim, tornei-me um barco ancorado no cais do porto de mim...

10 De lembranças vou vivendo, abraçada à solidão... - E a saudade... vou moendo na usina do coração!… 11 Desejei ser bailarina... e foi meu sonho dourado... Mas meu sonho de menina permaneceu encantado... 12 Em cada verso que fiz, pedaços de mim deixei... o sonho de ser feliz... o pranto que derramei... 13 Eu já me perdi no horário... nas palavras, no caminho... Mas, no meu imaginário, só não perdi teu carinho!

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14 Felicidade... esqueci que jeito tem e onde mora... Se tive um dia, a perdi no instante em que foste embora. 15 Feliz é quem só procura, rompendo os nós do caminho, criar elos de ternura, pondo algemas de carinho!!! 16 Magia é o instante - perfeito em que nós dois somos um, quando, entre o seu e o meu peito, não sobra espaço... nenhum! 17 Meu coração, ao relento, qual mendigo, no abandono, já não tem mais sentimento... -bicho perdido sem dono...!

18 Meu mundo... é um mundo perdido entre regras sem valor... E eu só quis - sonho vencido viver um mundo de amor. 19 Minha alma às vezes se agita e este mundo eu sinto avesso... Passada a dor - fé bendita em Deus, vejo o recomeço. 20 Nas tantas voltas da vida aprendi, do sofrimento, que para toda ferida, existe sempre um alento. ... 21 No cais da ilusão, deixei meu coração sonhador... E jamais desatraquei meus lindos sonhos de amor...

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22 Nós somos dois mascarados... você ator, e eu atriz... dois bobos, apaixonados, com medo de ser feliz!.... 23 Os meus sonhos de menina, réstias de luz se apagando, são coriscos na neblina que em silêncio vão passando... 24 Procurei em todo canto, um lugar para pousar... -Ave, perdida de encanto, fiz meu pouso em teu olhar! 25 Quando o “Minuano” assobia, rasgando o espaço, imponente, é um vendaval de poesia soprando na alma da gente!

26 Ternura... palavra doce que o mundo esquece e não diz... - Quem dera que o Homem fosse só de ternura aprendiz!... 27 Toda vez que a nostalgia invade o meu pensamento, é nos braços da poesia que eu sempre encontro um alento! 28 Um cenário de magia surge aos versos que componho: - Um reator de poesia na imensa usina do sonho! 29 Um coração, sem amor, um amor, sem se entregar, são como... um vaso sem flor e um barco... longe do mar...

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Milton Sebastião de Souza

1 A gorducha Dona Benta quando senta esparramada deixa a cadeira onde senta quase um mês descadeirada.

2 Ao vencedor, toda a glória! Mas festeje com cuidados: - que a euforia da vitória nunca humilhe os derrotados. 3 A vida é feita de escolhas: os acertos, festejamos... O duro é virar as folhas nas tantas vezes que erramos... 4 Como gato na água fria quando vê careca perto, porco-espinho se arrepia: - pensa no escalpo, por certo. 5 Contigo sempre reparto este amor que não termina: - é na penumbra do quarto que o nosso amor se ilumina!

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6 Craque que chuta bastante, seu lugar no time encontra mas um “chute” de estudante é, quase sempre, gol contra... 7 De tanto passar calote, o “salafra” se deu mal: - foi com muita sede ao pote ao lograr um policial… 8 Dizer adeus foi tolice, mas este orgulho maldito só deixou que eu descobrisse depois que eu já tinha dito!... 9 Eu sou frango... e só me ralo: - se escapo de ser canjinha, quando estou virando galo sou morto e viro galinha.

10 Foi dura a separação... E eu sigo nessa ressaca: - no cais do meu coração somente a saudade atraca… 11 Grita o galo no terreiro, demonstrando muita zanga: - "Não sobe no meu poleiro o frango que solta a franga." 12 Leitor viciado e indefeso: - sempre um livro em frente a face... eu seria um grande obeso, caso a leitura engordasse... 13 Mais fortes... mais apagadas... ora sumindo ou voltando, as lembranças são pegadas que o destino vai deixando.

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14 Meu caminho é o teu caminho! Se a morte nos separar, quem chegar no céu sozinho, chora até o outro chegar. 15 Meus sonhos não são modelos; alguns me fazem chorar... Mas não tenho pesadelos: - pesadelo é não sonhar!... 16 Morreu de tanto fumar, e pra limpar seu pulmão tiveram que colocar três chaminés no caixão! 17 Não se queixa o pobre Zé, ganha a vida sem mutreta: - limpador de chaminé, só ri vendo a coisa preta.

18 No amor, deixe o leme solto: - o vento indica aonde vais... No amor – sempre – o mar revolto é mais seguro que o cais… 19 Num fogo constrangedor, ele brinca com a desgraça: “Garçom, me passa o extintor... e empina a nova cachaça… 20 O mar da vida não muda, pouco adianta lamentar: - quando o vento não te ajuda, usa as mãos para remar. 21 O marujo, em alto mar, faz motim, reclama e xinga: “Comida pode faltar, mas não pode faltar pinga!!!”

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22 O pai é sempre o primeiro se o filho está precisando. Quem tem um pai verdadeiro, tem sempre exemplos sobrando. 23 O velho cais destruído pelo mar aterrador ficou muito parecido com nosso sonho de amor... 24 Para quem faz o que pode, busca o rumo, insiste e tenta, a felicidade explode e até corrente rebenta... 25 Passa o tempo, passa a vida, mas fica, em qualquer idade, uma criança escondida dentro de cada saudade...

26 Qual licor adocicado que embriaga devagar, teu beijo me tem deixado tonto e louco por te amar. 27 Quando qualquer luz se acende faz a vida ressurgir. A própria sombra depende de uma luz para existir. 18 Quando a nuvem da má sorte cobre de sombras teu mar, a esperança é o vento forte que faz o tempo mudar. 29 Quando no embalo do amor almas inventam desejos, duas taças de licor dão novo sabor aos beijos.

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30 Quando nosso amor espelha o que o desejo revela, a lua fica vermelha só de espiar na janela... 31 Quando o altar vira mercado que busca lucros ou votos, sempre há um Deus falsificado para enganar os devotos. 32 Quando qualquer luz se acende faz a vida ressurgir. A própria sombra depende de uma luz para existir. 33 Quando um filho perde a trilha perseguindo falsos brilhos, toda a vida da família, geralmente, sai dos trilhos.

34 Sempre que trepida o amor, brotam gemidos sem fim. Se gemido fosse flor motel seria jardim. 35 Se não fosse a fantasia que o sonho pinta na mente, muita gente morreria sem nem saber que foi gente... 36 Se nem sei se circo existe, se chorar é o que mais faço, por que é que o destino insiste em me fazer de palhaço? 37 Todas as fontes secaram: - deserto em volta de mim... Meus sonhos todos murcharam, vivo na espera do fim...

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Neoly de Oliveira Vargas

1 Ao marujo que anda absorto, cuida que o dito malogra, “um amor em cada porto” e em cada porto uma sogra!

2 A velhinha tão "carente", vendo o 'gato' peladão, ficou mais incandescente que chaminé de vulcão. 3 A verdadeira amizade, não exige recompensas, assim como nos aplaude, nos corrige, sem ofensas. 4 Cansado, o velho marujo tenta a manobra no cais, o caso é que o dito cujo nem consegue atracar mais. 5 Doces lembranças guardadas, no peito, quem não as tem? De caminhar de mãos dadas por sobre os trilhos do trem.

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6 Ele inventa mil diabruras, corre, pula, esse meu neto, com as suas travessuras é o meu ator predileto. 7 Eu conheci um “gatão”, gato mesmo! É brincadeira, só pegou na minha mão, já me filou a carteira. 8 Herói dos inconfidentes, não conheceste a vitória, mas teu nome, Tiradentes ficou gravado na História! 9 Lembra uma taça de vinho, de inebriante sabor, quando, com muito carinho, tu me beijas, meu amor.

10 Magro e comprido, o Quinzinho, assim mesmo tem quem goste, é o cachorro do vizinho que sempre o toma por poste. 11 Meu avô... lembro seu jeito, seu olhar... quanta doçura! E havia naquele peito uma usina de ternura. 12 Minha filha é tão bonita, amamentando o meu neto, numa ternura infinita, é fonte de puro afeto. 13 Minha mulher é uma brasa, diz ter ordens da sogrinha, implantou “lei seca” em casa; mato a sede na vizinha…

O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 42

14 Na penumbra, ao sol poente, lembrando os bailes de outrora, dois velhinhos ternamente, na sala, dançam agora. 15 Numa ilusão, tal criança, volto sempre ao mesmo cais, naquela doce esperança de te ver uma vez mais. 16 Olha o copo, o beberrote, aplica o golpe e malogra, vai com tanta sede ao pote, bebe o laxante da sogra. 17 O problema é que essa gente, com tanta "oferta" hoje em dia, vai logo pros "finalmente", pois nada mais arrepia!

18 Pelo sol, pela beleza, deste céu, do mar, da flor, e por toda a natureza, eu te agradeço, Senhor. 19 Pra que teu lar seja um templo, pleno de amor e de paz, mostra o caminho do exemplo, que é sempre o mais eficaz. 20 Quando acalmou a peleia no fandango do seu Matos, acharam 10 pés de meia e mais de 30 sapatos. 21 Quando a Olívia reclamou dos “deveres” do marido, o marujo retrucou: - o espinafre tá vencido!

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22 Quando a saudade me abraça, num devaneio febril, até na nuvem que passa eu diviso o teu perfil. 23 Quando o magro, no capricho, saía todo arrumado, ouvia logo um cochicho: - Olha o “palito engomado”! 24 Quarenta graus! Tava quente! Mas fiquei arrepiada, não é que liga um parente, pra pedir... grana emprestada? 25 Surpresa a noiva ficou, numa ansiedade maluca, quando o noivinho tirou a dentadura, a peruca…

26 Tanto ódio!... Tanta guerra!... Mandai “bons ventos”, Senhor, aos quatro cantos da terra, somente espalhando amor. 27 Tristeza, estresse, por que? Tenha uma vida sadia! - Participe da UBT, faça uma trova por dia. 28 Um amigo verdadeiro, é jóia que não tem preço, na vitória, é companheiro, nos ampara no tropeço. 29 Viver é recomeçar, olhar em frente, sorrir, é ter coragem, lutar acreditar no porvir.

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NOTA O download (gratuito) dos números anteriores em formato e-book pode ser obtido em http://independent.academia.edu/JoseFeldman As trovas foram obtidas em livros, boletins de trovas, jornais, trovas enviadas pelos trovadores e em alguns sites, como www.falandodetrova.com, www.poesiasemtrovas.blogspot.com.br, www.singrandohorizontes.blogspot.com.br Biblioteca J. G. de Araújo Jorge, as Mensagens Poéticas enviadas pelo falecido trovador potiguar Ademar Macedo, etc. Montagem da Capa da Revista sobre imagem obtida na internet, não foi encontrada a autoria. Caso perceba uma trova errada, seja por razões várias, por favor, entre em contato com [email protected], para que possamos corrigir a tempo ou fazer uma errata no próximo número. Esta revista não pode ser comercializada em hipótese alguma, sem autorização de seus autores ou representantes legais. Pode ser copiado, desde que se coloque o autor das trovas, caso contrário pode ser caracterizado como crime e ser enquadrado nas sanções legais. Respeite os direitos do autor. O Encanto das Trovas . . . Tomo VII – Estado do Rio Grande do Sul – vol. 1......... Página | 45

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