Alquimia - mortificação

July 21, 2017 | Autor: Sonia Vaz | Categoria: Mitology, Educación, Psicologia
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CONSULTÓRIO DE PSICOLOGIA E ESTUDOS JUNGUIANOS
SONIA VAZ
CRP- 08/02338 CNPJ: 13.431.216/0001-53

MORTIFICATIO

I-
A opus alquímica possui três estágios: nigredo, albedo e rubedo, significando o escurecimento da matéria; o clareamento da matéria e seu posterior avermelhamento.
Na operação da Mortificatio estaremos lidando com o estágio da nigredo.
O termo mortificatio não possui qualquer referência química e significa literalmente, matar ; sujeitar-se às paixões e apetites por meio de penitências e ou outros dolorosos rigores infligidos ao corpo.
Outro termo utilizado para mortificatio é putrefatio, a decomposição que destrói corpos orgânicos mortos.
Esta é a mais negativa das operações e encontra-se vinculada às derrotas, torturas, mutilções, morte e apodrecimento.
Todavia, essas mesmas imagens sombrias, podem levar às mais sublimes: crescimento, ressurreição e renascimento.
Reportanos à concepção de que a putrefação precede a toda e qualquer geração de uma nova forma de existência de forma que anula a velha natureza transmutando-a em nova.
Ocorre no ventre da terra que é a coagulatio.
O estágio do negrume significa a sombra, processos inconscientes da psique que são trabalhados na coagulatio e encontra seu fim no negrume.
A resistência que os pacientes demonstram na psicoterapia é bastante justificável, pois intuitivamente percebem o sofrimento a que estão se entregando no processo de individuação.
A idéia psicológica contida nas imagens da putrefacio ou mortificatio é a necessidade de sacrificar algo que pode corresponder até mesmo ao mais puro dos sentimentos: o amor como na obra de Siegfried de Wagner.
Esse é o processo doloroso e sofrido da mortificatio, no entanto, proporciona um grande crescimento e amadurecimento. Aprende-se a lidar com a sombra, dar-lhe limite e mais, usufruir de sua potência.
Caso a pessoa não alcance a conscientização de sua mortificatio, o processo tende a ser repetir tornando-a fixada em um relacionamento ou numa situação que só lhe causa putrefação.
A energia catexiada no objeto, que pode ser uma pessoa ou uma situação, deverá ser resgatada pelo ego, ou seja, conscientizada para que não a impeça de seguir adiante com sua vida.
Acolher a sombra, produzir sua morte e passar para outra fase de existência é o que requer o processo de mortificatio.
Assim, o desejo irrefreado, a obsessividade, o exagero afetivo é destruído, significando o afogamento do indivíduo em seus próprios excessos.
Ao morrer assume uma cor negra, entra em putrefação que se faz cheia de veneno. O alquimista submete essa carcaça venenosa fogo do processo alquímico transformando veneno em remédio, um elixir capaz de salvar ou de matar.
Na alquimia a mortalidade é a fraqueza mais importante e derradeira. Segundo Jung em seu texto Psicologia e Religião, foi exatamente esta fraqueza que colocou Jó em vantagem diante de Iahweh:
"Mas, o que o homem possui que Deus não o tenha? Por causa de sua pequenez, debilidade e impotência diante do Todo poderoso, ele possui a consciência mais aguda, baseada na auto-reflexão: para sobreviver ele precisa manter-se sempre consciente de sua impotência. Deus não precisa dessa precaução porque não se depara em parte alguma com um obstáculo insuperável que o obrigue a hesitar e, portanto, a refletir sobre si mesmo."
De modo que, no processo de mortificatio estaremos sempre perseguindo a retirada de projeções o que equivale a fazer da morte nossa profissão, porque somente as coisas separadas é que se podem unir.
Num texto gnóstico contido no texto de James Hillman, Estudos da Psicologia Arquetípica, apresenta-se a seguinte frase: "...ninguem que tema a morte será salvo, porque o reino da morte pertence àqueles que se entregam à morte."
Numa outra passagem do mesmo texto: "... sejais aquele que busca a morte, como os mortos que buscam a vida."
Ao abraçar a morte, de acordo com os conceitos de compensação e da união dos opostos, o ego constela a vida em profundidade e intensidade.
Observar o que nos trás o inconsciente e acolher, significa que deliberadamente se está tornando a existência miserável para assim criar as condições a fim de que a psique autônoma funcione com maior liberdade. É a participação consciente no processo de individuação que nos reporta a uma maior autonomia e gerência do self sobre o ego.

II-
Após o estágio do negrume, acima descrito, a matéria se purificará até alcançar seu segundo estágio: o albedo.
A palavra albedo vem do latim e significa que a matéria após haver sido submetida ao fogo, tornou-se esbranquiçada e livre dos venenos. A palavra foi adotada pelos alquimistas para designar a purificação da matéria.
No entanto, após um tempo de exposição ao sol, a mesma matéria esbranquiçada torna-se amarelada, gerando assim o terceiro estágio da alquimia: citrinitas.
Esta palavra foi adotada pelos alquimistas nos séculos XV e XVI para designar o terceiro estágio da alquimia que corresponde ao DESPERTAR. Em seu sentido literário significa a transmutação da prata em ouro.

Rubedo é uma palavra em latim que significa que a matéria, novamente sobre a ação do fogo, tornou-se avermelhada. E foi adotada pelos alquimistas nos mesmos séculos XV e XVI para designar o quarto e último estágio da alquimia: a Iluminação.
Sendo que o estado da rubedo é precedido pela nigredo que seria a morte espiritual, depois albedo que seria a purificação após a morte e a citrinitas, o despertar após o estágio de purificação.

Jung em seu texto, Estudos Alquímicos, lembra que no estado de brancura não se vive, é necessário a vermelhidão da vida para que haja intensidade.

Na próxima reunião: Separatio – aprofundando o conceito de albedo.
Depois: Conjunctio – aprofundando o conceito de rubedo.

E, até lá, que a morte nos encontre!!!

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