CONSULTÓRIO DE PSICOLOGIA E ESTUDOS JUNGUIANOS
SONIA VAZ
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CURSO DE ALQUIMIA – SEPARATIO
Os alquimistas consideravam a "prima matéria" um composto confuso de componentes indiferenciados e opostos entre si e, por assim ser, requeria um processo de separação.
Muitas substâncias ao serem aquecidas dividem-se numa parte volátil, que se torna vapor e num resíduo terroso que permanece.
No processo de destilação um líquido mais volátil é separado de um outro menos volátil e a evaporação faz a separação entre um solvente líquido do sólido nele dissolvido.
Assim, a confusa mistura passa por uma diferenciação de suas partes componentes.
Como no processo do nascimento do cosmos a partir do caos, produz-se aqui a ordem a partir da confusão.
Os textos alquímicos conta que na retorta estão se separando a Terra e o Céu, para enfim, se juntarem.
Psicologicamente trata-se de produzir a consciência dos contrários como resultado da separação e depois da união.
No mundo separado cria-se um espaço entre os opostos, lugar esse onde se encontra a vida e o crescimento do ego consciente ou o caminho do meio, o fio da navalha e não o meio-termo das coisas.
É nesse território que se encontra em amálgama e não em síntese, as forças instintuais-criativas e ou as forças espirituais que aqui, perfazem o mesmo objeto.
Na Tábua de Esmeralda consta que se deve separar a terra do fogo, o sutil do denso numa clara alusão à um processo psicológico que ao ser aplicado separa a vivência simbólica da vivência concreta conduzindo o ego à decisões clarificadas também pela separação da objetividade e subjetividade, por exemplo.
Muitos divórcios se dão simbolicamente muito antes que os indivíduos envolvidos se dêem conta. Assim a realidade imediata e a simbólica são dois níveis diferentes de realidade.
Os tipos psicológicos podem ser utilizados para criar a separação e posterior entendimento entre as pessoas.
Por outro lado, um processo de separatio pode ser anunciado ao se perceber um aumento de antagonismo ou conflitos provocados por diferenças numa relação que antes esteve amigável.
E se as pessoas não perceberem que estão vivendo um momento de separatio e que deverão aplicar o acolhimento às diferenças ou sua objetiva, clara e assertiva rejeição, o processo chega a violência.
A separatio é como uma espada que corta, separa, diferencia e mata por que nada mais será como antes.
Para haver união antes deverá existir a separação e sua diferenciação.
Ao se produzir a separação, o Logos trará clareza e concomitantemente, o conflito, condição para se aplicar a diferenciação e estabelecer o contrato que seja favorável às partes.
Cristo segundo o Evangelo de Thomé e identificado como um arquétipo, é o Logos que vem á Terra para trazer a espada, "vim para trazer a discórdia, fogo, espada e guerra...".
O conflito leva à separatio que sendo ela vivenciada através do Logos estabelecerá união ou ao menos um concordar em discordar.
O controle aos fluxos dos outros precede ao controle dos próprios fluxos e se intensifica ao não existir acolhimento ao processo de separatio.
A pureza e ou a brancura do albedo, requer, para que se haja vida, o seu oposto. E com seu oposto, o conflito estará estabelecido, e com ele a necessidade de separatio.
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