ÁLVARO DE CAMPOS: DÚVIDAS E QUESTÕES DE MÉTODO

June 4, 2017 | Autor: Antonio Cardiello | Categoria: Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Giorgio Pasquali
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ÁLVARO DE CAMPOS: DÚVIDAS E QUESTÕES DE MÉTODO Antonio Cardiello 1 RESUMO: Pretendemos, mediante a análise de alguns textos do espólio de Fernando Pessoa, ilustrar um problema crítico-textual típico, relativo à fixação de fragmentos e aos critérios metodológicos adoptados a esse respeito, comparando as principais edições críticas da obra poética do heterónimo Álvaro de Campos, desde 1944 até à data. Em particular, serão motivo de confronto e reflexão as diferentes e possíveis propostas de leitura textual do poema, datado de 1914, Dois excerptos de odes. Com base nas teorias de Giorgio Pasquali e T.S. Eliot, o objectivo é sugerir um modo de publicar Pessoa como uma visão de conjunto. Nas nossas conclusões apelaremos, então, ao diálogo aberto entre tradições e edições, enquanto premissa necessária para o conhecimento mais fecundo com ambição de acabamento, sendo que nenhum editor se pode arrogar o direito de fixação final da fragmentação dos poemas, devendo sempre atender à verdade – quase sempre inconclusa – dos textos e às escolhas perfectíveis dos editores. PALAVRAS-CHAVE: Fernando Pessoa. Álvaro de Campos. Edição crítica. Dois Excerptos de Odes. Giorgio Pasquali. O convívio com um autor como Fernando Pessoa pode despoletar uma sensação de profunda precariedade, para não dizer de impasse, dentro de quem se aventura no mais árduo dos projectos: a tentativa de deliberar classificações e elucidações em relação a uma estrutura de pensamento, cuja complexidade implícita acaba por se acentuar por causa da natureza fragmentária de toda a sua obra plural. Mesmo assim, gostamos de acreditar na possibilidade que este estado conflituoso possa, paradoxalmente, favorecer o percurso que 1

Investigador da UNL - Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Instituto de Filosofia da Nova, Lisboa, Portugal, Avenida de Berna 26-C / 1069-061. [email protected].

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tencionamos acompanhar, porque o mergulhar nas dúvidas e nas hesitações talvez seja a modalidade que mais próximo nos leva aos segredos alquímicos do drama em gente pessoano. Comprova-o a constatação que Pessoa e os inúmeros enigmas sem resolução geralmente associados ao seu génio se situam para além da epígrafe de Cícero, dubitando ad veritatem parvenimus, para além de uma verdade alcançada ou alcançável, duvidando. Na esteira de Ockham, Descartes e David Hume, Pessoa cultiva “a dúvida universal” e insere-se naquele leque de pensadores que, tal como Kant, sagraram a própria vida à individuação dos princípios e das antinomias sobre os quais se erige a faculdade de conhecer. Questionar ininterruptamente as nossas convicções mais inamovíveis, sejam essas científicas ou derivadas de cultos religiosos é, certamente, um dos magistérios mais marcantes da sua literatura. Acontece, todavia, que no interior daquele mundo académico que em época recente o elevou a nume tutelar, são deveras poucos os que souberam colher este seu ensino. Dirigindo a atenção para trás no tempo, ao longo destas várias décadas de impressionante proliferação de miscelâneas pessoanas, o olhar não pode evitar de parar sobre a primeira edição com pretensões de completude da obra poética de Pessoa: a da Ática, detentora dos direitos de autor do poeta até 1985. Surgiu em 1942, sete anos depois da sua morte. Os responsáveis do ambicioso propósito foram, pelo menos inicialmente, João Gaspar Simões e Luís de Montalvor que decidiram imprimir, como primeiro volume da colecção, uma antologia de poesia ortónima. Dois anos mais tarde apareceu uma colectânea de poemas do heterónimo Álvaro de Campos2. O trabalho 2

Campos nasceu em 1890, depois de Ricardo Reis, 1887, de Fernando Pessoa, 1888, e de Alberto Caeiro, 1889, mas surgiu na mente de Pessoa no dia 8 de Marco de 1914, participou na revista Orpheu e no movimento sensacionista, escreveu um Ultimatum apos o qual abandonou a cena brevemente — até Pessoa ter iniciado o controverso relacionamento com Ofélia Queiroz —, publicou textos nas revistas Contemporanea, Athena e Presença, concedeu uma entrevista em 1925 acerca da situação da Inglaterra, da Europa e de Portugal, escreveu o mais conseguido poema português do século XX, Tabacaria, redigiu as Notas para a recordação do

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pioneiro dos organizadores, em relação aos quais a cultura portuguesa estará sempre em dívida pela forma como promoveram a estética pessoana, “pecava”, todavia, por patentes erros de leituras, por algumas graves omissões de partes julgadas inconvenientes e por “um critério pragmático mas discutível de preferir a versão inicialmente escrita por Pessoa às suas revisões” (CASTRO, 1993, p. 43), que tinha a cativante prerrogativa de ser geralmente a mais clara e legível. Não obstante os limites e as repetidas negligências imputáveis à dupla Montalvor-Simões se tornarem, em época mais recente, cristalinos para todos, alertando posteriores investigadores acerca das coordenadas do caminho a não percorrer (isso aconteceu infelizmente só após 1979, ano em que o espólio do escritor foi adquirido pelo Estado e transferido para a Biblioteca Nacional de Portugal), temos de registar outras páginas controversas relativamente à bibliografia das edições da poesia pessoana. Um exemplo, entre os mais estrondosos, talvez seja um artigo assinado por Teresa Rita Lopes na revista Colóquio-Letras nº 125/126 de Julho/Dezembro de 1992, acutilante e avassaladora recensão dirigida à publicação da primeira edição crítico-genética, jamais tentada em Portugal, de um conjunto de escritos de Fernando Pessoa. Mais concretamente, o alvo das suas violentas invectivas foi o trabalho de organização e fixação de textos poéticos de Álvaro de Campos, concluído em 1990, por Cleonice Berardinelli, com o apoio do “Grupo de Trabalho para o Estudo do Espólio e Edição Crítica da Obra Completa de Fernando Pessoa”, mormente conhecido por Equipa Pessoa.

meu mestre Caeiro — enquanto Pessoa compunha alguns dos trechos mais majestosos do Livro do Desasocego —, e, morto Caeiro, exilado Reis, desvanecido o filósofo António Mora, tornou-se, sem dúvida, a presença mais viva, constante e interveniente do drama em gente, o heterónimo mais representado nas Ficções do Iinterlúdio ideadas por Pessoa (no plano de publicação das obras heterónimas) é o participante mais importante de um Congresso que faria parte dessas ficções, congresso ou colóquio que abriria com o Ultimatum de Campos aos mandarins da Europa e seria encerrado com uma resposta deste heterónimo à teoria da arte de Ricardo Reis.

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Sem pretender entrar nos detalhes das polémicas inauguradas pela análise da autora de livros como Fernando Pessoa et le drame symboliste - héritage et création e Pessoa por Conhecer I, a tese que nos arriscamos a formular, longe de ser uma ulterior e desnecessária defesa prestada ao universo das orientações editoriais dos responsáveis do volume impresso pela INCM, limitar-se-á a um curto relatório de pendor historiográfico de algumas das questões mais escaldantes e paradigmáticas da antiga querela filológico-literária que se estendeu também a Álvaro de Campos – Livros de Versos (Estampa, 1993), onde Lopes repropõe, na íntegra, no espaço destinado à apresentação do volume, a mesma intervenção corrosiva de 1992 e o mesmo título: A Crítica da edição Crítica3. Quanto aos ataques à deontologia profissional de Cleonice Berardinelli, esses começam bem cedo, quando em rápidas passagens lhe atribui os excessos de “separar em vários poemas diferentes partes de um mesmo monólogo” e de “refazer a partir de fragmentos soltos alguns dos poemas extensos do primeiro Campos”. Teresa Rita Lopes sente-se revoltada pois julga que “não nos compete a nós – subentende os editores – fazer colagens (como faz a Edição Crítica) com os fragmentos e esboços que o Poeta deixou, a fim de realizar a ‘grande ode’ que ele não compôs” (LOPES, 1993, p. 19) e animada por um autêntico desgosto, falará abertamente na página 23 (201, para quem confere a versão em papel químico da introdução guardada em Colóquio-Letras) de “operações cirúrgicas”,

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Uma terceira versão deste artigo sairá quase 10 anos mais tarde (com poucas e irrelevantes alterações) “anexada” a um outro volume antológico de versos de Álvaro de campos: Álvaro de Campos, Poesia, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002. Neste livro, a investigadora pessoana decide “cindir” o seu antigo texto em duas partes originando assim um prefácio e um posfácio. Tal como a colectânea publicada por Estampa, a edição de Assírio e Alvim colige 245 textos. Se aqui desaparecem alguns incluídos na edição de 1993, no seu lugar encontramos 3 inéditos, cuja descoberta se deve ao trabalho de pesquisa de Richard Zenith. Os poemas identificáveis pelos respectivos primeiros versos são os seguintes: “Que imperador tem o direito” (pp. 157159); “Perto da minha porta” (pp. 229-230) e “Usas um vestido” (p. 376377).

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“esquartejamentos” sofridos pelos textos do heterónimo engenheiro e de um desejo perverso do editor de se substituir ao autor. As razões de tanto alarmismo encontram-se na recusa que Teresa Rita Lopes manifesta, da assunção sistemática e a seu ver inapropriada, das variantes de autor por conta dos responsáveis da Edição Crítica grifada INCM. Todo o capítulo 2.1 de Álvaro de Campos – livros de versos roda à volta desta disputa. Foca-se a confusão que, nas opiniões da sua organizadora, Cleonice Berardinelli terá produzido por causa do acolhimento do padrão teórico concertado pela Equipa Pessoa. De facto, Lopes está convicta que para um leitor prevenido, isto é, competente, é “repugnante” ter de lidar com um “rótulo de variante de tão diferentes casos” (LOPES, 1993, p. 22). A confusão dependeria do lugar atribuído às variantes do autor que “não figuram em pé de página, tendo sido automaticamente integradas no texto, substituindo a(s) palavra(s) da linha corrida que Pessoa pôs em causa mas não recusou porque não riscou” (LOPES, 1993, p. 23). Deixa-a atónita constatar que “no Aparato de rodapé aparecem, como “variantes” à mistura com os verdadeiros erros cometidos pelos editores, as honestas leituras do texto corrido que Pessoa nunca riscou e que os ditos editores – refere-se à Ática e à brasileira Aguilar – acertadamente fixaram” (LOPES, 1993, p. 19). Na verdade, aqui há realmente uma confusão, mas não criada pelos responsáveis da ostracizada edição: a confusão instala-se ao trocar os significados de variantes de autor com variantes de tradição e vice-versa, como Lopes fez. Como ensina a moderna crítica textual, as variantes do autor “estão no testemunho, cabendo ao editor observá-las e transcrevê-las para um dos lugares que lhes estão reservados numa edição críticogenética: o texto crítico ou o aparato genético” (CASTRO, 1993, p. 57) enquanto as variantes de tradição são aquelas produzidas durante a transmissão de um texto, cabendo ao crítico seleccionar “aquela que, em seu entender, mais próxima está do original e a integra no texto crítico, […] deixando assim evidentes todos os elementos da sua decisão, para revisão por parte do leitor” (CASTRO, 1993, p. 54). Estas últimas, relembra Cleonice Berardinelli, “mais não são que os erros introduzidos no texto pelas edições posteriores” (Ática e Aguilar, GUAVIRA LETRAS, n. 18, ago.-dez. 2014

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quase sempre coincidente com a primeira nas divergências e com a Antologia de Fernando Pessoa estabelecidas por Casais Monteiro) que foram postos em rodapé no volume da Série Maior4. Integrá-las ou não, demarca a linha de separação que existe entre uma edição críticogenética e uma outra que nunca o será5. Se uma edição “chama-se crítica quando resulta de uma dúvida metódica em relação às condições existentes de um determinado texto e de uma inquirição aos seus testemunhos mais autorizados, feita de fresco e sem restrições” (BERARDINELLI, 1993, p. 43), Teresa Rita Lopes, em 1993, parece então afastar-se desses princípios não admitindo nenhuma hesitação ao agrupar, em três blocos distintos, as múltiplas folhas (15) que constituem a extensíssima Passagem das horas. Também rejeita a subdivisão em dois grandes acervos do mesmo poema efectuada por Cleonice Berardinelli. Contudo, a nosso ver, Lopes soube emendar as colagens efectuadas por Cleonice Berardinelli questionando a subdivisão em dois grandes acervos do mesmo poema e evitou a tentação de dar à ode uma estrutura semelhante à da Ode Maritima, “com um ritmo crescente, encantatório mesmo, até atingir o clímax – o seu meio-dia – decrescendo depois até ao seu crepúsculo e à sua diluição na noite” (LOPES, 2013, p. 622). Enfim, Lopes soube identificar bem os principais blocos líricos desta composição poética:

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Cf. BERARDINELLI, Cleonice. Consertando desconcertos, in AA. VV. Defesa da Edição Crítica de Fernando Pessoa, p. 13.

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«Há uma diferença fundamental entre a técnica de publicar inéditos e a edição crítica: aquela considera cada manuscrito como um indivíduo, que decifra, identifica, transcreve e publica, quer diplomaticamente, se lhe conservar todas as características gráficas, quer modernizadamente; a edição crítica, pelo contrário, reduz a um único texto vários manuscritos, naquilo que eles têm de igual ou equivalente, valorizando apenas as variantes que em alguns pontos os separam. Sucederá, assim, que um manuscrito inédito, ao ser diluído dentro do texto crítico, acabará por nunca beneficiar de uma publicação integral como a que lhe é dada pelo primeiro processo» (CASTRO, 1990, p. 32)

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(a) 70-15, 19 e 21r. Começa com um título (A Passagem das Horas, com o artigo «A») e o verso da última página, a 21, está em branco. Pode considerar-se um fragmento fechado. (b) 70-17 e 16. Começa com um título (A Passagem das Horas) e termina com um grande espaço em branco depois do último verso. (c) 70-13 e 14r. Começa com um título (Passagem das Horas, abreviado, sem o artigo «A») e termina com um grande espaço em branco depois do último verso. (d) 70-18r. Começa com um título (Passagem das Horas) e termina com um espaço em branco depois do último verso. (e) 70-20. Não tem título. A metade inferior do verso da folha ficou em branco. Estes textos dactilografados podem considerar-se complementados por dois manuscritos: (e) 66A-29r. Um manuscrito que poderá datar de 1915, quando o autor começou a conceber a Passagem. (f) 64-27. Outro manuscrito que será por volta de 1918 e que, tal como o anterior, está menos elaborado do que os cinco dactiloscritos já referidos. Um outro grande objecto de disputa foi a assemblagem de excertos que proporcionou as diferentes propostas editoriais do poema Saudação a Walt Whitman. A Saudação a Walt Whitman foi inicialmente publicada pela Ática (1944), cujos editores apresentaram uma versão da ode baseada num conjunto de folhas dactiloscritas numeradas pelos próprios. Cleonice Berardinelli tentou, anos mais tarde (1990, 1999), a reconstrução da ode, partindo fundamentalmente de dois esquemas manuscritos de Pessoa em que o autor projectou a organização do poema (71-11r e 71-2). Teresa Rita Lopes6 não concedeu a estes esquemas validade suficiente para uma tentativa de unificação dos diversos fragmentos de Saudação a Walt Whitman e, na sua proposta de organização evitou colar uns versos a outros; mas esqueceu-se de

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in: LOPES, T. R. Álvaro de Campos – Livro de Versos (Edição Crítica). Lisboa: Editorial Estampa, 1993.

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que estas sinopses podiam servir, não para criar um todo inexistente, mas para articular melhor as partes de um todo intuído e projectado. Agora vale a pena recuar um pouco até ao capítulo 2.2 da introdução (são as páginas 209 e 210 de Colóquio-Letras) onde o discurso recai sobre os “maus tratos” reservados a um outro célebre poema de Álvaro de Campos vindo à luz com as primeiras circulações da vulgata. As gerações recentes de pessoanos ainda atentos ao respeito pela ortografia do autor, conhecem-no com o título Dois Excerptos de Odes e o subtítulo posto entre parênteses Fins de Duas Odes, Naturalmente. Conforme assevera Teresa Rita Lopes, “o leitor que tenha este maravilhoso poema na memória, pelo menos passagens, passará do espanto à indignação ao sentir-se despossuído de um dos mais belos textos escritos em língua portuguesa” (LOPES, 1993, p. 33), porque é “evidente que não pode ser verdade a versão que a EC – acrónimo para Edição Crítica estabelecida por Berardinelli – propõe” (LOPES, 1993, p. 33). O que mais indigna Lopes é Berardinelli ter privilegiado um papel de que o escritor “se serviu para aí esgaratujar posteriormente textos e planos” (LOPES, 1993, p. 34) e não um documento considerado “a versão passada a limpo por Pessoa”, isto é, o texto publicado postumamente na Revista de Portugal, n. 4, Julho de 1938, seguido pela própria e pelos editores da Ática do volume Poesia de Álvaro de Campos. O “pomo da discórdia” é um testemunho integral dactilografado do poema (incorpora 149 versos, 7 mais do que o texto fixado por Lopes) que Cleonice Berardinelli, no aparato crítico da edição Maior, chama de γ (anexo 3), correspondente às cotas 70-3 e 4 do espólio 3 da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP/E3). Deste poema existem, no total, quatro testemunhos: dois parciais e dois completos. Parciais são A (70-1), que contém os versos 79-109, e B (70-2), que contém os versos 110-149. O testemunho B ostenta a data «30-6-1914», dactilografada a tinta vermelha no canto superior direito do rosto da folha. Cleonice Berardinelli indica que o testemunho A está numa folha com marca-d’água almaço, tal como os suportes que receberam as cotas 71-40 a 71-44. Ainda existem, como dito, dois testemunhos integrais, C (Revista de Portugal, nº 4) e D (70-3 e 4), sendo que Berardinelli optou por D e os editores da Ática por C, tal como Lopes, que em 1993 criticou duramente Berardinelli GUAVIRA LETRAS, n. 18, ago.-dez. 2014

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por não ter estabelecido o texto de Dois excerptos de Odes partindo de C. A nosso ver, essa crítica faz e fez pouco sentido, pois D incorpora lições de B (v. 136) e C (v. 109), tem versos que faltam na Revista de Portugal (e portanto em Lopes) e Berardinelli argumenta, e é muito provável, que o testemunho D seja posterior ao C. Lopes gosta mais dos versos 93-99 na edição da Ática, mas essa é uma questão de gosto que não devia originar maiores desacordos. No pleno respeito por um dos princípios basilares da crítica textual moderna, segundo o qual o primeiro trabalho do editor consiste em ordenar um corpus de uma obra cronologicamente, e “em encontrar o fio que relaciona os diversos testemunhos de cada texto” (CASTRO, 1990, p. 48), a investigadora brasileira alicerça a sua preferência por esse testemunho após uma colação de outros dois autógrafos dactilografados, provindos do mesmo espólio. Refiro-me a duas lições com apenas segmentos parciais de poemas, diferentemente do que se constata em γ, versão integral do texto: α7 (70-1rv) [anexo 1] e β (702rv) [anexo 2]. Sinceramente deixa-nos muito perplexos a abordagem teórica e a observação material de Teresa Rita Lopes acerca dos encimados documentos quando considera falsa a afirmação sustentada por Cleonice Berardinelli, isto é, que γ incorpora alterações presentes nos outros dois, negando a existência de correcções autorais em α e atribuindo só uma a β; De facto quer α,quer β, apresentam duas emendas bem visíveis que foram recolhidas por γ, respectivamente nos vv. 99 e 108 (cf. Anexo com Anexo 3) e nos vv. 136 e 149 (cf. Anexo 2 com Anexo 3). Mais: os vv. 109 e 113 comprovam que α8 (cf. Anexo

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Ambos os testemunhos α e γ apresentam, na margem superior da folha, a data 30-6-1914 (dactilografada a tinta vermelha em α e manuscrita a lápis em γ). Numa perspectiva bio-bibliográfica, o pormenor do ano reenvia a uma sucessão de primados concomitantes: Pessoa em Fevereiro, publica na revista A Renascença (número único), os poemas Pauis e O Sino da Minha Aldeia; é de 4 de Março o primeiro poema datado de Alberto Caeiro; são de 12 de Junho as primeiras odes datadas de Ricardo Reis.

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Temos de assinalar uma gralha cometida por Cleonice Berardinelli na página 394 da série Maior da do volume das poesia de Álvaro de Campos. Na nota relativa ao vv. 109, faz uma troca involuntária entre as letras gregas

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1 com Anexo 3) e β (cf. Anexo 2 com Anexo 3) passaram lições a γ que só numa fase posterior foi modificado. Perante todos estes dados, e pelo aparecimento de outras palavras no v. 108, não detectáveis em α, parece patente que γ não é senão um “descendente” dos outros dois e um “avanço” na cadeia genética da obra. Na ausência de outros testemunhos manuscritos (não é de excluir que um dia poderão aparecer outros) e em acordo com um axioma largamente partilhado ou partilhável entre filólogos mais e melhor envolvidos em projectos de edições crítico-genéticas, “na quase totalidade do texto de Pessoa, o trabalho do editor consiste em reproduzir diplomaticamente a mais recente versão autógrafa e, na falta de autógrafos, a mais recente edição contemporânea do poeta ou, na falta desta, a mais antiga edição póstuma” (CASTRO, 1990, p. 52), achar que γ deve servir de base à edição relativamente ao poema examinado é a única escolha fiável. Uma escolha que Teresa Rita Lopes ainda hoje descartaria (é o nosso receio), porque para ela “um texto manuscrito é um objecto fechado, produzido num momento inspirado e, em momentos separados, ornamentados com variantes que nele não entram mas se destinam apenas a ser tomadas em consideração numa eventual reescrita do texto” (CASTRO, 1993, p. 71). No nosso entendimento, pelo contrário, todos os textos, sobretudo inéditos, manifestam a exigência de “ser conformados com o universo textual preexistente”, dado que “a sua decifração é validada pela integração num quadro de estruturas linguísticas e lexicais emanado dos textos anteriormente conhecidos” (CASTRO, 1993, p. 97). Nomeadamente, no ensaio Storia della tradizione e critica del testo, Giorgio Pasquali sublinha a necessidade de que as operações de mera crítica textual sejam precedidas e suportadas por um aprofundado estudo histórico da tradição textual, que não considere os distintos testemunhos apenas sob o aspecto de siglas ou de simples “depositórios de textos”; ao invés, é oportuno vasculhar minuciosamente cada manuscrito, não esquecendo de observar a α e β pelo que a variante autoral “a lua começa a ser real” está registada em β quando na realidade pertence ao testemunho α.

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individualidade histórica do texto considerado. A forma através da qual um texto chegou até nós é, por outras palavras, extremamente relevante para compreender a natureza daquele texto. Enquanto promove a importância do detalhe genealógico, Pasquali denuncia toda uma série de problemas que o método lachmanniano não é capaz de resolver, por não ter em conta variáveis como a recensão aberta, a contaminação e as variantes de autor. Recensão aberta: nem sempre a reconstrução do stemma codicum permite uma adequada selecção das lições: se estivermos a examinar uma recensão aberta ou horizontal, isto é, se a inteira tradição não provir de só um arquétipo, é preciso recorrer a instrumentos correctivos baseados em critérios internos, ou seja, avaliando entre diversas lições, as que aderem maioritariamente ao usus scribendi do autor e a lectio difficilior. Contaminação: fenómeno frequente que se verifica quando um testemunho contém erros conjuntivos que o assemelham a mais famílias (no stemma tem a peculiaridade gráfica duma linha tracejado). Isto origina-se porque muitas vezes nos scriptoria um códice copiado era corrigido ou, em caso de lacunas, “preenchido” mediante o confronto com a lição de um outro manuscrito da mesma obra. Este fenómeno perturba a “mecanicidade” das ligações genealógicas e para o método de Lachmann constitui um grande problema. Daí o pressuposto de considerar que cada testemunho tem a sua história. Variantes de autor: é possível (como vimos abundantemente em Pessoa) que o próprio autor altere a sua obra. É o caso, por exemplo, da tornada, a última estrofe dedicatória, que o poeta, por vezes, modifica segundo o tipo de público a que se dirige. Por isso, também o texto do autor se encontra em movimento, aspecto que representa uma nova complicação para o método lachmanniano. No fundo, Pasquali não dirige as suas críticas contra o método de Lachmann em si (Pasquali nunca tira ao método a sua utilidade quando se trata de dar uma ordem lógico-racional aos dados possuídos), mas contesta que se possa aplicar rigidamente em qualquer situação. Daí a imprescindibilidade de conhecer a história de cada um dos manuscritos, a tradição da sua recensio. GUAVIRA LETRAS, n. 18, ago.-dez. 2014

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Embora as linhas guia da crítica textual e da crítica literária sigam divergentes microcosmos de nomenclatura e intentos, as conclusões proferidas por Pasquali não me parecem ser totalmente inconciliáveis com o seguinte princípio que, quer na visão de Pessoa quer na de T.S. Eliot, é assumido como imprescindível numa óptica de estética modernista: recuperar e reunir, integrando-os em contextos actuais, conteúdos de pensamentos éticos, morais, religiosos e estéticos, pertencentes ao património da Tradição, quase sempre entendida por engano como alguma coisa de estático, caduco e obsoleto, ou como a rota oposta ao caminho que leva ao novo e ao original, e que ao invés representa a plataforma de onde se parte para alcançar o novo por conhecer9. Essa posição justifica-se constatando que, como Eliot declarará em dois textos capitais, “se o nosso problema é construir o futuro, nós somente podemos fazê-lo a partir de materiais do passado; devemos usar a nossa hereditariedade, ao invés de negá-la” (ELIOT, 1936, p. 80) porque “ao perder de vista a tradição, nós perdemos o contacto com o presente” (ELIOT, 1936, p. 62). Transferida para o domínio da crítica textual, aplicada ao estudo da obra poética de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos, esta reflexão apela ao confronto dialógico aberto entre edições, enquanto premissa necessária para o conhecimento mais fecundo com ambição de acabamento, sendo que nenhum editor se pode arrogar o direito de fixação final da fragmentação dos poemas, devendo sempre atender à verdade – quase sempre inconclusa – dos textos e às escolhas perfectíveis dos editores.

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Cf., DAUNT, R. T.S. Eliot e Fernando Pessoa: Diálogos de New Haven. Sao Paulo: Landy Editora, 2004, p. 61.

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Anexo 2

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Anexo 3

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Anexo 4 [BNP/E3; 70 – 3 e 4] Dois excerptos de ODES de Alvaro de Campos: (fins de duas odes, naturalmente). I ………………………………………………………. Vem, Noite antiquissima e identica, Noite Rainha nascida desthronada, Noite egual por dentro ao silencio, Noite Com as estrellas lantejoulas rapidas No teu vestido franjado de Infinito. Vem, vagamente, Vem, levemente, Vem sósinha, solemne, com as mãos cahidas Ao teu lado, vem E traz os montes longinquos para ao pé das arvores proximas, Funde n’um campo teu todos os campos que vejo, Faze da montanha um blóco só do teu corpo, Apaga-lhe todas as differenças que de longe vejo de dia, Todas as estradas que a sobem, Todas as varias arvores que a fazem verde-escuro ao longe, Todas as casas brancas e com fumo entre as arvores, E deixa só uma luz e outra luz e mais outra, Na distancia imprecisa e vagamente perturbadora, Na distancia subitamente impossivel de percorrer. Nossa Senhora Das cousas impossiveis que procuramos em vão, Dos sonhos que veem ter comnosco ao crepusculo, á janella, Dos propositos que nos acariciam Nos grandes terraços dos hoteis cosmopolitas sobre o mar, Ao som europeu das musicas e das vozes longe e perto, GUAVIRA LETRAS, n. 18, ago.-dez. 2014

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E que dóem por sabermos que nunca os realisaremos. Vem e embala-nos, Vem e afaga-nos, Beija-nos silenciosamente na fronte, Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam Senão por uma differença na alma E um vago soluço partindo misericordiosamente Do antiquissimo de nós Onde teem raiz todas essas arvores de maravilha Cujos fructos são os sonhos que afagamos e amamos Porque os sabemos fóra de relação com o que pode haver na vida. Vem solemnissima, Solemnissima e cheia De uma occulta vontade de soluçar, Talvez porque a alma é grande e a vida pequena, E todos os gestos não sahem do nosso corpo, E só alcançamos onde o nosso braço chega E só vemos até onde chega o nosso olhar. [3v] Vem, dolorosa, Mater-Dolorosa das Angustias dos Timidos, Turris-Eburnea das Tristezas dos Desprezados, Mão fresca sobre a testa-em-febre dos Humildes, Sabôr de agua da fonte sobre os labios seccos dos Cançados. Vem, lá do fundo Do horizonte livido, Vem e arranca-me Do solo da angustia onde vicejo, Do solo de inquietação e vida-de-mais e falsas-sensações D’onde naturalmente nasci. Apanha-me do meu solo, malmequer esquecido, E entre hervas altas malmequer ensobrado, Folha a folha lê em mim não sei que sina, E desfolha-me para teu agrado, GUAVIRA LETRAS, n. 18, ago.-dez. 2014

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Para teu agrado silencioso e fresco. Uma folha de mim lança para o Norte, Onde estão as cidades de Hoje cujo ruido amei como a um corpo. Outra folha de mim lança para o Sul Onde estão os mares e as aventuras que se sonham. Outra folha minha atira ao Occidente, Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o futuro, E ha ruidos de grandes machinas e grandes desertos rochosos Onde as almas se tornam selvagens e a moral não chega. E a outra, as outras, todas as outras folhas — Ó occulto tocar-a-rebate dentro em minha alma! — Atira ao Oriente, Ao Oriente, d’onde vem tudo, o dia e a fé, Ao Oriente pomposo e fanatico e quente, Ao Oriente excessivo que eu nunca verei, Ao Oriente buddhista, brahmanista, shintoista, Ao Oriente que é tudo o que nós não temos, Que é tudo o que nós não somos, Ao Oriente onde — quem sabe? — Christo talvez ainda hoje viva, Onde Deus talvez exista com corpo e mandando tudo… Vem sobre os mares, Sobre os mares maiores, Sobre o mar sem horizontes precisos, Vem e passa a mão sobre o seu dorso de féra, E acalma-o mysteriosamente, Ó domadora hypnotica das cousas que se agitam muito! Vem cuidadosa, Vem maternal, Pé ante pé enfermeira antiquissima, que te sentaste Á cabeceira dos deuses das fés já perdidas, e que viste nascer Jehovah e Jupiter, E sorriste, porque tudo te é falso, salvo a treva e o silencio, E o grande Espaço Mysterioso para além d’elles… [4r] Vem, Noite silenciosa e extatica, GUAVIRA LETRAS, n. 18, ago.-dez. 2014

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Vem envolver no teu manto leve O meu coração… Serenamente como uma briza na tarde lenta, Tranquillamente como um gesto materno afagando, Com as estrellas luzindo (ó Mascarada do Além!) Pó de ouro no teu cabello negro, E o quarto minguante máscara mysteriosa sobre a tua face10.

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Todos os sons sôam de outra maneira Quando tu vens. Quando tu entras baixam todas as vozes. Ninguem te vê entrar. Ninguem sabe quando entraste, Senão de repente, vendo que tudo se fecha, Que tudo perde as arestas e as côres, E que no alto céu ainda claramente azul e branco no horizonte, Já crescente nitido, ou circulo amarellento, ou mera esparsa brancura11, A lua começa o seu dia12. II

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Ah o crepusculo, o cahir da noite, o acender das luzes nas grandes cidades, E a mão de mysterio que abafa o bulicio, E o cansaço de tudo em nós que nos corrompe Para uma sensação exacta e activa13 da Vida! Cada rua é um canal de uma Veneza de tedios E que mysterioso o fundo unanime das ruas, Das ruas ao cahir da noite, ó Cesario Verde, ó Mestre, Ó do «Sentimento de um Occidental»!

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α E a lua mysteriosa sobre a tua face

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α Já crescente nitido, [↑ ou] circulo branco, [↑ ou] mera luz nova que vem,

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α A lua começa a ser real. γ A lua começa [↑ o seu dia.]

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β exacta e precisa e activa γ exacta e activa

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Que inquietação profunda, que desejo de outras cousas, Que nem são paizes, nem momentos, nem vidas, Que desejo talvez de outros modos de estados de alma Humedece interiormente o instante lento e longinquo! Um horror somnambulo entre luzes que se accendem, Um pavor terno e liquido, encostado ás esquinas Como um mendigo de sensações impossiveis Que não sabe quem lh’as possa dar… Quando eu morrer, Quando eu me fôr, hirto e differente como toda a gente, Ignobil por fóra, e por dentro quem sabe que outro-ser, Por aquelle caminho cuja idéa se não pode encarar de frente, Por aquella porta a que, se pudessemos assomar, não assomariamos, Para aquelle porto que o Capitão do Navio não conhece — Seja por esta hora condigna dos tedios que tive, v [4 ] Por esta hora mystica e espiritual e antiquissima, Por esta hora em que talvez, ha muito mais tempo do que parece, Platão, sonhando, viu a idéa de Deus 136 Esculpir corpo e existencia nitidamente plausivel14 Dentro do seu pensamento exteriorisado como um campo. Seja por esta hora que me leveis a enterrar, Por esta hora que eu não sei como viver, Em que não sei que sensações ter ou fingir que tenho, Por esta hora cuja misericordia é torturada e excessiva, Cujas sombras veem de qualquér cousa que não as cousas, Cuja passagem não roça vestes no chão da Vida Sensivel Nem deixa perfume nos caminhos do Olhar. Cruza as mãos sobre o joelho, ó companheira que não tenho nem quero

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β [←Esculpir] corpo e existencia nitidamente plausivel

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ter, Cruza as mãos sobre o joelho e olha-me em silencio, A esta hora em que eu não posso ver que tu me olhas, Olha-me em silencio e em segredo e pergunta a ti-propria — Tu que me conheces — quem eu sou…15 ÁLVARO DE CAMPOS: DOUBTS AND QUESTIONS OF METHOD ABSTRACT: Through an in depth analysis of several textes from Fernando Pessoa's archive, we aim at illustrating a typical problem of textual criticism with relation to the organization of excerpts as well as the implementation of methodological criteria in this field, comparing the principal critical editions of the poetical work of the heteronym Álvaro de Campos, from 1944 up to date. In particular, the basis for confrontation and reflection will be constituted by different and possible answers of the poem composed in 1914, Dois excerptos de odes. The goal is to suggest a publication of Pessoa based on the theories of both, Giorgio Pasquali and T.S. Elliot. In our conclusions we will, hence, call for an open dialogue between traditions and editions as the fundamental premise of the most fertile knowledge, given that no editor may arrogate the right of the final organization of poetical excerpts, with the need to adhere always to the truth- almost always inconclusive- of rectifiable texts and choices of editors. Keywords: Fernando Pessoa. Álvaro de Campos.Critical Edition. Dois excerptos de Odes. Giorgio Pasquali.

REFERÊNCIAS BERARDINELLI, C. Consertando desconcertos. In: Berardinelli, C.; Castro I. Defesa da Edição Crítica de Fernando Pessoa, Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1993.

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β – Tu que me conheces – quem eu sou…

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CASTRO, I. Intenções finais e mais intenções. In: Berardinelli, C.; Castro I. Defesa da Edição Crítica de Fernando Pessoa, Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1993. __________. Editar Pessoa. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Edição Crítica de Fernando Pessoa, Colecção «Estudos», vol. I, 1990. DAUNT, R. T.S. Eliot e Fernando Pessoa: Diálogos de New Haven. Sao Paulo: Landy Editora, 2004. ELIOT, T. S. The humanism of Irwing Babbitt. In: Essays ancient and modern. London: Faber and Faber, 1936. __________. The possibility of a poetic drama. In: The sacred wood. Essays on poetry and criticism. New York: Barnes and Noble, 1928. PESSOA, F. Álvaro de Campos – Poesia. Edição de Teresa Rita Lopes. Lisboa: Assírio & Alvim, 2013, 2.ª edição. _________. Álvaro de Campos, Poesia. Edição de Teresa Rita Lopes. Lisboa: Assírio & Alvim, 2002. _________. Poemas de Álvaro de Campos. Edição de Cleonice Berardinelli. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Edição Crítica de Fernando Pessoa, Série Maior, vol. II, 1990. _________. Poemas de Álvaro de Campos. Edição de Cleonice Berardinelli. Lis-boa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Edição Crítica de Fernando Pessoa, Série Menor, vol. I, 1992. LOPES, T. R. Álvaro de Campos – Livro de Versos (Edição Crítica). Lisboa: Editorial Estampa, 1993. BIBLIOGRAFIA PESSOA, F. Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944. GUAVIRA LETRAS, n. 18, ago.-dez. 2014

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