Alvaro Estrada, « A Vida de Maria Sabina / La Sage aux champignons sacrés » (1974/1984)

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algum tempo.2 Nossos antepassados sempre comeram os meninos santos em veladas presididas por sábios. O uso indevido que os jovens fizeram das coisinhas foi escandaloso. Obrigaram as autoridades de Oaxaca a in­ tervir em Huautla. E claro que nem todos os estrangeiros são maus.3 Naquela época, chegaram à minha casa algumas pes­ soas que falavam castelhano e se vestiam como ·gente da cidade. Um intérprete mazateco veio com eles.4

XVIII

Entraram na minha casa sem que eu os convidasse a entrar. Viram uns meninos santos que eu tinha sobre uma mesinha. Um deles, apontando-os, perguntou: "Se eu lhe pedisse os cogumelos, você os daria?"

Numa certa época vieram jovens de ambos os sexos de cabelos compri dos, com roupas estranh as. Vestiam ca isas de vári s cores e usavam colares .1 Vieram muitos. Alguns





- Sim, porque creio que você veio em busca de Deus

desses Jovens me procuravam para que eu fizesse veladas c m o pequeno que brota. "Viemos à procura de Deus", di­ ziam. Para mim, era difícil explicar-lhes que as veladas não

eu disse.

?

Um outro, com uma voz autoritária, ordenou : "Você virá conosco a San Andrés Hidalgo. Iremos procurar uma

eram feitas com a simples intenção de encontrar Deus e sim com o propósito único de curar as doenças de que a­ dece nossa gente.



pessoa que, como você, dedica-se a enlouquecer as pessoas." Enquanto isso, as outras pessoas que estavam no gru­

Soube mais tarde que os jovens de cabelos compridos não precisavam de mim para comer coisinhas.

po revistavam minha casa por todos os lados. Um deles mos­ trou aos demais uma garrafa que continha São Pedro. Com

Não faltaram camponeses mazatecos que, a fim de ob­ ter alguns centavos para comer, venderam meninos santos aos jovens. Estes, por sua vez, comiam-noS' onde queriam;

2 Sabe-se de alguns mazatecos que ficaram traumatizados por muito tempo, dois anos, por exemplo, por causa de um "castigo" dos cogumelos.

decisão, eu disse:

para eles, tanto fazia mastigá-l os sentados à sombra de um cafezal como sobre um penhasco ou numa vereda das mon­ tanhas.

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tabaco moído misturado com cal e

exército e agentes federais intervieram em Huaut!a a partir do verão de

1969, para expulsar os jovens, estrangeiros e mexicanos, que tinham transfor­ mado o lugar num centro de alucinogenação desenfreada. O comportamento dos jovens mexicanos, entre os quais se encontravam delinqüentes e muitos "meninos ricos" em busca de aventura, foi lamentável. Essa irresponsável irrupção dos jovens em Huautla levou as autoridades mexicanas a proibir o tráfico e o uso de alucinógenos, o que foi incluído no Código Sanitário vigente na República Mexi­ cana, em janeiro de 1971, por iniciativa do presidente Gustavo Díaz Ordaz. A vigilância federal prolongou-se até o momento em que diminuiu o número de jovens. Então, as autoridades municipais encarregaram-se de velar pela tranqüi­ lidade do local. A fama de Huaut!a, que se espalhou por todo o mundo ocidental, atrai, todos os anos, um turismo incipiente, mas constante. O bordado, trabalho das mulheres, é um atrativo que os turistas apreciam. A presença de jovens estran­ geiros (hippies) em Huaut!a (1969) não foi escandalosa, e sim notória.

Estes jovens, loiros e moreno s, não respeitaram nossos costumes. Nunca, que eu me lembre, os meninos santos fo­ ram comidos com tanta falta de respeito. Para mim, fazer veladas não é um brinque do. Quem faz isso simplesmente para sentir os efeitos pode enlouquecer, e ficar assim por 1 Refere-se aos jovens do fim da década de sessenta que a imprensa quali­ ficou de hippies.

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"E

4 Agentes

1 "

federais do estado de Oaxaca.

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alho. Nós o chamamos São Pedro. Serve para proteger os espíritos da maldade. " - Para fumar? - perguntou com voz forte um dos homens. - Não - respondi -, é um tabaco que se esfrega nos braços dos doentes e também se pode colocar um pouco dentro da boca ... meus antepassados o utilizavam, e deram­ lhe o nome de São Pedro. O São Pedro tem muita força . . . ajuda a tirar a doença . Um outro veio trazendo os papéis que falavam de mim. Também mostrou aos outros o disco e o toca-discos que Wasson me dera. Todos se voltaram para mim, e eu disse a mim mesma: "Não posso falar castelhano com eles, mas eles podem ver nesses papéis o que sou . . . " Em seguida, fize­ ram-me subir, com certa suavidade, numa caminhonete, e eu não opus resistência. Fiquei sentada entre o homem que dirigia e um outro, que se sentou junto à porta. Este últi!TIO continuava a folhear os papéis onde apareciam fotografias de minha imagem. Notei que de tempos em tempos me olha­ va de soslaio. Não senti medo em momento algum, apesar de com­ preender que aquelas pessoas eram autoridades e que tra­ tavam de me fazer mal. Chegamos a San Andrés e lá pren­ deram o agente municipal. Finalmente, soube que acusavam a esse homem e a mim de vender um tabaco que enlouque­ cia os jovens. Então, levaram-nos à Prefeitura Municipal. Um médi­ co do Instituto Indigenista falou com os senhores. Falaram durante muito tempo. Por fim, o médico me disse: "Não se preocupe, María Sabina, nada vai lhe acontecer. Estamos aqui para defendê-la. " Os senhores que me prenderam dis­ seram: "Desculpe. Vá para casa e descanse . . . " Mas levaram meu tabaco São Pedro, os papéis, meu disco e o objeto que o fazia soar. Libertaram também o agente municipal de San Andrés. Genaro Terán era o prefeito municipal de Huautla. Ele me disse que um camponês mazateco, que a polícia an106

,

dava procurando, tinha me acusado de vender um tabaco aos jovens, que enlouqueciam ao fumá-lo. O prefeito reve­ lou-me o nome do acusador. - Prefeito - eu disse a Genaro Terán -, você sa­ be que nossa gente não usa o tabaco que esse infeliz afirma que eu vendo. Acusam-me de trazer gringos à minha casa. Eles me vêm procurar. Tiram fotografias de mim, falam comigo. Fazem perguntas, as mesmas que eu já respondi muitas vezes . . . e vão embora depois de participarem de uma velada. Nenhum desses jovens ficou louco na minha casa. Mas o que é isso? Que mal eu fiz a esse senhor que me acusa? Nunca tratei dele na vida. Conheço-o, sei que é filho da finada Josefina, gente nossa, mas nunca fiz mal a esse indivíduo. Essa situação me irrita. Estou disposta a bri­ gar com esse homem. E se ele quiser brigar com faca, eu tenho a minha. E se quiser brigar com revólver, arranjarei um meio de conseguir um . . . Se, depois, o juiz me condenar a vários anos de prisão, isso será o de menos, terei saciado minha coragem. Não gosto que as pessoas brinquem comigo. - Não se preocupe - disse Genaro Terán -, o as­ sunto já foi resolvido. Você não é culpada de nada. Vá para casa, María Sabina . . . Foi uma infâmia. Aquele senhor não deveria usar cal­ ças. Sua mentira me machucou, e por isso eu estava dispos­ ta a ir para a cadeia ou morrer, para provar que eu não era culpada . Aquele homem, talvez para conseguir algum di­ nheiro, vendia os meninos santos e o tabaco que enlouque­ cia os jovens. Finalmente, as autoridades puseram esse senhor na ca­ deia, porque sua maldade ficou comprovada. As autoridades de Huautla me explicaram também que alguns estrangeiros eram maus, que vinham para desvirtuar nossos costumes ... Dois anos depois, o senhor Felícitos Pineda, prefeito municipal, enviou-me um ofício em que pedia meu compa­ recimento diante das autoridades de Teotitlán del Camino. 107

deci as palavras do personagem e voltei imediatamente para Huautla. Já fui à cidade várias vezes. As autoridades de Huau­ tla me levam a Oaxaca na primeira semana de julho, à Gue­ laguetza. Ponho meu melhor huipil e sento-me junto com as autoridades. As freiras que estão em Huautla me leva­ ram à Cidade do México, e fui com elas a várias igrejas; entre elas, visitamos a igreja onde está nossa Virgem de Guadalupe.

Foi então que você, Álvaro, me levou para a Cidade do México. Fiquei na casa de seus parentes. E você me levou até um senhor que escreve nos papéis e que, como tantos outros, me fez perguntas para depois pedir às autoridades de Oaxaca que me deixassem em paz.; Você também me levou a uma casa muito grande onde havia objetos de nos­ sos antepassados.ª Havia pedras trabalhadas há centenas de anos por mãos indígenas. Lá também havia fotografias de mazatecos. O que mais me agradou foi ouvir a minha voz, que ali soava sem parar. Minha Linguagem sábia naquele lugar; mal podia crer. Lembro-me que as pessoas se apro­ ximavam para cumprimentar-me. Elas me reconheceram. Também lembro de ter visto um desenho numa parede, no qual me pareceu ver seres malignos . Seres com asas negras. Acho que os demônios são assim, embora nós, mazatecos, não tenhamos imagem do demônio; para nós, o demônio não tem cara nem forma. Voltando a Huautla, Felícitos Pineda insistiu que eu fosse ter com as autoridades de Oaxaca, que estavam me requisitando. Poucos dias depois me apresentei naquela ci­ dade; acompanhava-me uma pessoa da autoridade munici­ pal que explicou que iria levar-me até um personagem, um Principal, um personagem que representava grande autori­ dade em Oaxaca. Com coragem, sem ter medo de nada, dei­ xei-me levar ao lugar marcado . No momento em que o per­ sonagem me viu, gritou meu nome e se pôs de pé. Aproxi­ mou-se de mim sorrindo. Sua atitude era oposta à que eu esperava. Abraçou-me, acariciou meus cabelos e disse: "Eu quis que você viesse para comunicar-lhe que não há nada contra você. " Conversamos um pouco. Na despedida, agra5 Entrevista de María Sabina a José Natividad Rosales (tradutor: Alvaro Estrada. Revista Siempre!, n.º 830, 1969), pedindo ao professor Victor Bravo Ahuja - governador do estado de Oaxaca - que deixassem em paz a "xamã mais famosa do mundo, arruinada pela antropologia e pelo escapismo." 6 María Sabina refere-se ao Museu de Antropologia da Cidade do México. No stand dedicado aos mazatecos d.: Oaxaca, reproduz-se, de vez em quando, a gravação da Folkway Rccords, referida na nota 2 do capítulo anterior.

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A une certaine époque, on a vu venir des jeunes gens, garçons et filles, avec les cheveux longs et bizarrement habillés. Ils portaient des chemises de plusieurs couleurs et se mettaient des colliers 1. Il en vint beaucoup. Certains de ces jeunes gens venaient me trouver pour que je fasse des veillées avec le petit qui pousse. — Nous venons chercher Dieu, ils disaient. C’était difficile pour moi de leur expliquer qu’on ne fait pas les veillées par simple envie de rencontrer Dieu, mais que cela se fait uniquement avec le but de soigner les maladies dont souffrent les gens de chez nous. Il ne manquait pas de paysans mazatèques pour vendre les enfants saints aux jeunes gens, en échange de quelques centavos pour manger. Eux, ils les mangeaient n’importe où; cela leur était égal, de les mastiquer assis à l’ombre des caféiers ou sur un rocher au bord d’un sentier. Ces jeunes gens, des blonds et des bruns, n’ont pas eu de respect pour nos coutumes. Jamais, autant que je me souvienne, les enfants sacrés n’ont été mangés avec un tel manque de respect.

1. Se référant à la fin des années soixante, Maria Sabina fait, bien sûr, allusion aux hippies.

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Pour moi, les veillées ne sont pas un jeu. Celui qui le fait simplement pour sentir les effets peut devenir fou et le rester un certain temps 1. Nos ancêtres ont toujours pris les enfants sacrés lors d’une veillée présidée par un Sage. L’usage indu que les jeunes gens faisaient des petites choses a causé un scandale. Les Principaux de la ville d'Oaxaca ont été obligés d’intervenir à Huautla. C’est sûr, tous les étrangers ne sont pas mauvais2. A cette époque-là, j’ai vu arriver chez moi des personnes qui parlaient espagnol et qui étaient habillées comme des gens de la ville 3. Avec eux venait un interprète mazatèque. Ils sont entrés chez moi sans me demander la permission. Ils ont posé les yeux sur quelques enfants sacrés que avais laissés sur une petite table. Un d’eux, en les montrant, m’a dit : — Si je te demandais des champignons, tu me les donnerais?

1. On cite le cas de paysans mazatèques restés traumatisés longtemps — deux ans — par une « Punition » des champignons. 2. L’armée et la police fédérale durent intervenir à Huautla à partir ce l’été 1969, pour expulser ces jeunes gens, étrangers et mexicains, qui avaient fait de la région un centre de pratiques hallucinogènes. Parmi les jeunes Mexicains, se trouvaient pêle-mêle délinquants et fils de riches en mal d’aventure, dont la conduite fut souvent irresponsable. Leur invasion amena les autorités à interdire le trafic et usage des hallucinogènes, en les inscrivant en janvier 1971 au Code sanitaire, sur l’initiative du président Diaz Ordaz. Les agents fédéraux restèrent vigilants jusqu’à ces derniers temps, où il ne restait plus que quelques jeunes gens. Aujourd’hui, ce sont les autorités municipales qui sont chargées de veiller sur la tranquillité du village. La réputation de Huautla, qui s’étend à tout l’Occident, y attire au long de l’année un nombre encore modeste mais constant de touristes. L’artisanat — les broderies — est en outre très apprécié de ces derniers. Quant à la présence de jeunes étrangers (hippies) à Huautla (1969), si elle ne causa pas vraiment de scandale, elle ne put passer inaperçue. 3. Des agents fédéraux venus d’Oaxaca.

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— Oui, parce que je crois que tu viens chercher Dieu. Un autre, d’une voix autoritaire, m’a ordonné : — Tu vas venir avec nous à San Andres Hidalgo. Nous allons chercher une personne qui, comme tu le fais, passe son temps à rendre les gens fous. Pendant ce temps-là, les autres personnes du groupe fouillaient ma maison de fond en comble. L’un d’eux a montré aux autres une bouteille qui contenait du San Pedro. Sans hésiter je leur dis : — C’est du tabac pilé mélangé avec de la chaux et de l’ail. Nous autres, nous l’appelons du San Pedro. Ça sert à protéger les esprits contre le mal. — Ça se fume? a demandé un des hommes avec une grosse voix. — Non, c’est un tabac dont on frotte les bras des malades et on peut leur en mettre aussi un peu dans la bouche... Nos ancêtres l’utilisaient et ils l’ont appelé San Pedro. Le San Pedro a beaucoup de force... il aide à faire sortir la maladie. Un autre a pris les papiers qui parlaient de moi. Il a montré aussi aux autres le disque et le tourne-disques que m’avait donnés Wasson. Tous, ils se sont retournés vers moi et moi je me disais : — Je ne peux pas parler espagnol avec eux, mais ils peuvent voir dans ces papiers ce que je suis... Après ça, avec une certaine douceur, ils m’ont fait monter dans une camionnette, et je leur ai obéi sans opposer de résistance. Ils m’ont fait asseoir entre l’homme qui conduisait et un autre qui s’assit du côté de la porte. Celui-là continuait à feuilleter les papiers où l’on voyait des photographies de moi. Je me rendais compte que, de temps en temps, il me regardait du coin de l’œil.

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A aucun moment, je n’ai été prise de terreur, et pourtant je me rendais bien compte que ces gens-là étaient des autorités et qu’ils tâchaient de me nuire. Nous sommes arrivés à San Andres et là ils ont arrêté l’agent municipal. Finalement, j’ai appris que nous étions accusés, cet homme et moi, de vendre un tabac qui rendait les jeunes fous. Ensuite, ils nous ont emmenés à la présidence municipale. Un médecin de l’Institut indigéniste a parlé avec les messieurs. Ils ont parlé longtemps. Après, le médecin m’a dit : — Ne te fais pas de souci, Maria Sabina, il ne t’arrivera rien. Nous sommes là pour te défendre. Eux aussi, les messieurs qui m’avaient arrêtée, ont dit : — Excuse-nous. Va chez toi et repose-toi... Mais ils ont gardé mon tabac San Pedro, les papiers, mon disque et l’objet qui le faisait jouer. Ils ont laissé libre également l’agent municipal de San Andres. Genaro Teran était le président municipal de Huautla. Il m’a expliqué que c’était un paysan mazatèque que la police recherchait, qui m’avait accusée de vendre aux jeunes un tabac qui les rendait fous quand ils fumaient. Le président m’a révélé le nom de mon accusateur. — Président, j’ai dit à Genaro Teran, tu sais que, chez nous, on ne fume pas le tabac que ce malheureux dit que je vends. On m’accuse d’amener des gringos1 chez moi. C’est eux qui viennent me chercher. Ils me prennent en photographie, ils bavardent avec moi. Ils me posent des questions, les mêmes auxquelles j’ai répondu je ne sais combien de fois... et puis ils s’en vont après avoir participé à une veillée. Aucun de ces jeunes gens n’est devenu fou chez moi.

1. Nom que donnent les Mexicains aux Américains du Nord et aux Européens. (N.d.T.)

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Mais qu’est-ce qui se passe? Quel mal je lui ai fait à ce monsieur qui m’accuse? Je ne lui ai jamais parlé de ma vie. Je le connais, je sais que c’est le fils de la défunte Josefina, une femme de par chez nous, mais je ne lui ai jamais fait de mal, à cet individu. Moi, cette situation me rend furieuse. Je suis toute prête à régler ça avec lui à coups de poing. Et s’il veut se battre au couteau, j’ai le mien aussi. Et s’il veut se battre au pistolet, je me débrouillerai pour m’en procurer un... Et si après le juge me condamne à plusieurs années de prison, je m’en fiche, j’aurai assouvi ma colère. Je n’aime pas que les gens se moquent de moi. — Ne t’en fais pas, a dit Genaro Teran. L’affaire est entendue. Il n’y a rien contre toi. Retourne chez toi, Maria Sabina... C’était une infamie. Il avait beau porter des pantalons, ce monsieur-là n’était pas un homme. Sa calomnie me faisait mal, c’est pour ça que j’étais prête à aller en prison, ou à mourir, pour bien démontrer que je n’étais pas coupable. Cet homme, oui, peut-être pour gagner un peu d’argent, vendait les enfants sacrés et du tabac qui rend fous les jeunes gens. Finalement, les autorités l’ont emmené en prison, parce qu’on a eu la preuve de sa mauvaiseté. Les autorités de Huautla m’ont expliqué aussi que certains étrangers étaient mauvais, qu’ils venaient chez nous pour porter atteinte à nos coutumes... Deux ans plus tard, M. Felicitos Pineda, le président municipal, m’a envoyé une convocation officielle par laquelle il me demandait de me présenter devant le ministère public de Teotitlan del Camino. C’est à cette époque que toi, Alvaro, tu m’as emmenée à Mexico. Je me suis installée chez des parents à toi. Et tu m’as emmenée voir

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un monsieur qui écrit dans les papiers et qui, comme tant : autres, m’a posé des questions pour ensuite demander aux autorités de Oaxaca qu’elles me laissent en paix 1. Tu m’as amenée aussi dans une très grande maison, où il avait des objets de nos ancêtres 2. Il y avait des pierres travaillées voilà des centaines d’années par les mains indignes. A cet endroit même, il y avait des photographies de Mazatèques. Ce qui m’a plu surtout, ça a été d’entendre ma voix qui n’arrêtait pas. Mon Langage de Sagesse dans cet endroit : je pouvais à peine le croire. Je me rappelle que les personnes venaient me saluer. On me reconnaissait. Je me rappelle aussi qu’il y avait sur un mur un dessin où j’ai cru voir des êtres malfaisants. Des êtres avec des ailes noires. Je crois que les démons sont comme ça, bien que nous autres Mazatèques, nous n’avons pas de représentation du démon; pour nous, il n’a ni visage ni forme. A mon retour à Huautla, Felicitos Pineda a insisté pour que j’aille me présenter aux principaux de Oaxaca puisqu’on m’y demandait. Quelques jours plus tard, je me suis rendue dans cette ville; j’étais accompagnée par quelqu’un de l’autorité municipale, qui m’avait expliqué qu’il m’amènerait devant un personnage, un principal, un personnage qui représentait une grande autorité à Oaxaca. Avec courage, sans aucune crainte, je me suis laissé

1. Dans cette interview de Maria Sabina par José Natividad Rosales (où j’étais traducteur; revue Siempre!, n° 830, 1969), il était demandé au professeur Victor Bravo Ahuja, gouverneur de l’État de Oaxaca, de laisser en paix « la femme-chaman la plus fameuse du monde, victime de l’anthropologie et de l’irresponsabilité ». 2. Le Musée d’anthropologie de Mexico. Dans la section réservée aux Mazatèques de Oaxaca, est passé continûment l’enregistrement de Folksways Records (cf. p. 129).

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conduire jusqu’au lieu du rendez-vous. Au moment où le personnage me vit, il a crié mon nom et s’est mis debout. Tout souriant, il est venu près de moi. Son attitude était le contraire de ce à quoi je m’attendais. Il m’a embrassée il m’a caressé les cheveux et m’a dit : — J’ai voulu que tu viennes pour te faire savoir qu’il n’y a rien contre toi. Nous avons bavardé un bon moment. En le quittant, je l’ai remercié pour ce qu’il m’avait dit et je suis rentrée aussitôt à Huautla. Depuis, j’ai été plusieurs fois à la ville. Les autorités municipales de Huautla elles-mêmes m’ont emmenée à Oaxaca la première semaine de juillet pour la Guelaguetza. Je me mets mon meilleur huipil et làbas je m’assieds aux côtés des principaux. Les sœurs du couvent de Huautla m’ont emmenée à Mexico et je suis allée avec elles voir plusieurs églises; entre autres nous avons visite celle où se trouve notre Vierge de Guadalupe.

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