AMBIENTE SONORO EM CANTEIRO DE OBRA DA CONSTRUÇÃO CIVIL: ESTUDO DE CASO PARA MARINGÁ-PR

June 8, 2017 | Autor: Claudio Pietrobon | Categoria: Environmental Sustainability, Environmental Comfort, Environmental Accoustics
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AMBIENTE SONORO EM CANTEIRO DE OBRA DA


CONSTRUÇÃO CIVIL: ESTUDO DE CASO PARA MARINGÁ-PR



AUTOR(ES): Ricardo Augusto das Chagas Lima
Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo - Universidade Estadual de Marngá –
Departamento de Engenharia Civil
Av. Colombo, 5790, bloco C-67, Zona 07, Maringá - Paraná
E-mail: [email protected]

Cássio Tavares Menezes Jr.
Arquiteto e Urbanista Mestrando em Engenharia Civil UFSC - UEM
Universidade Estadual de Marngá – Departamento de Engenharia Civil
Av. Colombo, 5790, bloco C-67, Zona 07, Maringá - Paraná
E-mail: [email protected]

Claudio Emanuel Pietrobon, Dr. Eng.
Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Engenharia Civil
Av. Colombo, 5790, bloco C-67, Zona 07, Maringá – Paraná
E-mail: [email protected]


Elvira B. Viveiros, Dr. Eng.

Universidade Federal de Santa Catarina
E-mail: [email protected]


RESUMO


Sabendo-se que os canteiros-de-obra da construção civil estão entre as
maiores fontes de ruído na sociedade, o presente estudo visa analisar os
níveis de ruído em um canteiro-de-obra típico da cidade de Maringá-PR nas
diversas fases de execução da obra. Verificam-se os efeitos desse ruído nas
pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, como a população vizinha ou
mesmo nos seus próprios operários. A partir disso, tenta-se encontrar, de
forma bastante preliminar, alternativas de redução do ruído e/ou atenuação
de seus efeitos em três etapas do processo construtivo: atenuação na fonte,
mudanças no layout e a proteção dos operários.
Palavras Chaves: Ruído, Canteiro-de-Obra, Construção Civil.


INTRODUÇÃO


A preocupação em combater o ruído na vida cotidiana aumenta quando a
sociedade se conscientiza dos efeitos danosos que o ruído provoca ao ser
humano. O ruído gerado por canteiros-de-obra da construção civil apresenta-
se como um grande problema, principalmente em áreas residenciais, onde os
níveis de ruído são mais baixos e o início de uma obra ocasiona
significativos aumentos desses níveis. Os níveis de pressão sonora, medidos
em cada fase da obra, e os questionários realizados com a população e
operários buscam identificar os equipamentos e atividades que mais geram
incômodo durante a execução de uma obra residencial.

O estudo também visa analisar, objetivamente, a forma como o ruído afeta a
comunidade vizinha ao canteiro-de-obra e seus operários, tentando encontrar
medidas de redução dos níveis de ruído e atenuação dos efeitos causados.
Sabendo onde e quando o ruído é mais sentido e como isso afeta a nossa
vida, poderemos então buscar alternativas para prevenir-se dos efeitos ou
buscar soluções mais efetivas de redução do ruído nas principais fontes.


MATERIAIS E MÉTODOS


As principais questões investigadas foram os níveis de pressão sonora
produzidos em canteiro-de-obra típico de Maringá – PR e a percepção do
trabalhador e comunidade quanto aos efeitos destes ruídos à sua audição e à
sua saúde de forma geral.

Para isso foi feita a escolha de um canteiro-de-obra representativo
considerando área construída, equipamentos utilizados e destino final,
através de levantamento de dados estatísticos realizados pela Prefeitura
Municipal de Maringá nos últimos vinte anos.

Em uma segunda etapa, foram levantados e caracterizados: as principais
fases de execução da obra e os tipos de equipamentos (máquinas e
ferramentas) mais ruidosos utilizados no canteiro de obra nessas fases.
Para maior precisão e padronização no levantamento dos níveis de pressão
sonora em dB(A), o canteiro de obra foi dividido em quadrantes por uma
malha (5,00m x 5,00m) resultando em dezoito pontos de medição.

Os níveis de pressão sonora levantados em cada fase da obra foram, então,
analisados conforme as normas: NR-15 - Atividades e Operações Insalubres –
que fixa valores limites de tolerância ao ruído contínuo ou intermitente e
ruído de impacto; NHO 01 – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído –
FUNDACENTRO (2001); e NBR 10151:2000, que fixa as condições exigíveis para
a aceitabilidade do ruído em comunidade e especifica um método para a
medição, assim como as correções nos níveis medidos. Isto foi feito através
de tabelas, gráficos comuns e gráficos de ruído em 2D e 3D, identificando,
então, as principais zonas geradoras de níveis sonoros e determinando a
dose de exposição ao ruído dos operários da obra em comparação com os
limites permitidos por norma. Finalmente, pesquisou-se junto aos operários
e vizinhos do canteiro de obra os possíveis efeitos produzidos pela
exposição ao ruído.



3. RESULTADOS



Os resultados consideram os níveis de pressão sonora das medições de ruído
de fundo e das diversas fases de execução da obra e suas diferentes fontes
geradoras de ruído.

As medições do ruído de trânsito e do ruído de fundo apresentaram níveis de
pressão sonora equivalente, Leq(A), superior aos limites estipulados pela
lei municipal que regulamenta os limites máximos de sons permissíveis em
cada zona de uso do município. Constatou-se, ainda, que 89,89% dos pontos
de medição estavam acima do limite de conforto acústico para ambientes
externos, como estabelece a norma NBR 10.151:2000.

Nas fases de execução do estaqueamento foram levantados os níveis de
pressão sonora para ruídos intermitentes e de impacto. Os níveis de ruído
de impacto não ultrapassaram os limites permitidos pelas normas NR 15 do
Ministério do Trabalho e NHO 01 da Fundacentro. Já nas medições de ruído
intermitente verificou-se que 66,7% dos pontos de medição estavam acima do
limite de 85 dB(A) estipulado pelas normas NR-15 e NHO 01 para exposição do
trabalhador durante a jornada de trabalho de 8h diárias.

Nas fases de uso constante da betoneira e do vibrador, ou seja, na
concretagem das vigas baldrames, das lajes do 1º pavimento e de cobertura e
da piscina, os pontos de medição localizados junto a esses equipamentos
estavam acima do limite permitido pelas normas nacionais, sujeitando os
trabalhadores a níveis de ruído superiores a 85 dB(A), conforme mostra a
Figura 1, exigindo medidas de controle de ruídos.

Figura 1 – Levantamento dos níveis de pressão sonora equivalente - Leq(A) –
na fase de concretagem das vigas baldrames.

No levantamento dos níveis de pressão sonora produzidos pelo uso de
ferramentas como martelo, marreta, enxada, máquina de dobrar ferro, em
serviços de escavação, assentamento de lajotas, formas de madeira, armação
de ferragens, escavações, e outros, foram observados níveis de ruído
próximos aos níveis de ruído de fundo.

Na etapa de execução das formas de madeiras, com a utilização de
equipamentos como serra elétrica e furadeira, constatou-se que esses
equipamentos são geradores de ruídos com grande abrangência, expondo seus
operadores e os trabalhadores que se encontram nessa área a níveis de
pressão sonora acima do nível máximo permitido de 85 dB(A).



4. CONCLUSÕES


Os dados levantados mostram que em todas as atividades do canteiro de obra
existem fontes geradoras de ruídos que podem afetar a saúde dos
trabalhadores desses locais. A falta de consciência e o desconhecimento da
gravidade dos efeitos que a exposição prolongada a níveis elevados de ruído
traz à saúde dos operários agravam e contribuem para a não prevenção nos
locais de trabalho.

Apesar das maiores queixas estarem relacionadas à perturbação do sono no
período matutino, a comunidade em geral se comporta de forma mais tolerante
aos ruídos produzidos em canteiro de obra por dois fatores básicos: o
caráter temporal da obra e os benefícios futuros da ocupação do lote na
vizinhança. Além disso, os vizinhos ao canteiro de obra mostram-se
tolerantes aos níveis de ruído por considerarem que tais ruídos também
foram produzidos na execução de suas respectivas casas, o que então
consideram um fato normal.

Foi possível identificar, também, que os equipamentos elétricos e mecânicos
estão entre os maiores geradores de ruído no canteiro de obra. Através do
levantamento feito, as principais fontes de ruído no canteiro de obra
foram: caminhão-perfuratriz, caminhão de concreto usinado, betoneira,
vibrador, serra manual e furadeira.

As propostas de atenuação na fonte geradora de ruído incluem o uso de
barreiras acústicas entre a fonte geradora do ruído e os trabalhadores, a
redução do ruído na sua origem através do uso de mantas acústicas e a
manutenção nos equipamentos.

Para as propostas de mudança de layout, pode-se adotar medidas de
reposicionamento dos equipamentos que geram maior nível de ruído para
locais mais isolados do canteiro de obra, posicionando-os o mais longe
possível dos locais de trabalho. Quando os métodos de atenuação do ruído
não são suficientes para reduzir os níveis de pressão sonora, deve-se
proteger o trabalhador, com o uso de EPI (equipamento de proteção
individual), durante a jornada de trabalho.

Finalmente, é importante salientar que os níveis de pressão sonora em
canteiros de obra da construção civil estão acima dos limites estabelecidos
pelas normas brasileiras, sendo de fundamental importância um estudo para
implantação de um programa nacional de controle de ruídos em equipamentos
da construção civil.


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 10.151:2000. Acústica –
Avaliação do ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade
–Procedimento. ABNT, Rio de Janeiro: 2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 10.152:1987. Acústica –
Avaliação do ruído ambiente em recintos de edificação visando o conforto
dos usuários – Procedimento. ABNT, Rio de Janeiro: 1987.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO – MTE. NHO 01 – Norma de Higiene
ocupacional – Procedimento Técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional ao
Ruído. FUNDACENTRO, São Paulo: 2001.

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ. Maringá, 1997. Projeto de Lei Complementar
N. 218/97. PMM. Disponível em: http://www.cmm.gov.br/projetos/lc218.htm.
Acesso em: 30 de março de 2001.
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