Amuletos no Antigo Egipto: Protecção na gravidez, parto e infância

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Ano lectivo: 2014/2015

Amuletos no Antigo Egipto: Protecção na gravidez, parto e infância

Trabalho realizado para a disciplina de Metodologia do Trabalho Científico, regida pela Profª Dra. Fátima Reis

Entregue a: 8 de Janeiro de 2015

Joana Vieira Varela Nº 46066 Mestrado em História, especialidade de História Antiga

RESUMO Este paper tem como objectivo mostrar as diferenças entre os amuletos presentes no Antigo Egipto usados diariamente dos utilizados para o nascimento e protecção de recém-nascidos e crianças, assim como das suas mães. Inicialmente irei referir-me à importância que os filhos tinham para a sua família na sociedade egípcia, dando ênfase à fertilidade e mortalidade infantil, que terão levado a uma procura de amuletos, feitiços e frases de protecção para ajudarem na altura do nascimento da criança. A partir desse ponto, vou desenvolver uma análise de objectos considerados mágicos, desde amuletos a tijolos de nascimento e a varinhas. Por fim, irei ainda apresentar um exemplo de um relato mítico na literatura egípcia, no Papiro de Westcar, sendo também analisado neste trabalho o papiro médico de Kahun. Palavras-chave: Antigo Egipto; Vida Privada; Nascimento; Criança; Amuletos ABSTRACT This paper aims to show the differences between the amulets used daily in Ancient Egypt and the ones specifically used to help in the birth of children and protect the new-born and their mothers. Initially, I’ll refer to the importance of children to the family in the Egyptian society, with emphases on fertility and children mortality, which led to the search of amulets, spells and protection sentences that were supposed to help in the birth. By then, I’ll develop an analysis of a few objects considered magical, as amulets, birth bricks and wands. Finally, I’ll present an example of a literary text that speaks of birth and, lastly, I’ll analyse the medical papyrus of Kahun. Key-words: Ancient Egypt; Private Life; Birth; Children; Amulets

No Egipto, a vida no Além era algo pelo qual se ansiava. Ter descendentes era uma maneira de assegurar esta continuação de vida pois seriam os filhos que fariam o culto funerário aos seus pais.1 Contudo, conseguir ter um considerável número de filhos era difícil devido à elevada taxa de mortalidade que se verificava naquela altura. A utilização de amuletos, feitiços e preces aos deuses serviam então para tentar aumentar as probabilidades de tanto o bebé como a mãe sobreviverem ao parto, e após isso, conseguirem aumentar a longevidade da criança.2 Como o Dr. José Candeias Sales refere, “cada mulher egípcia dava à luz, teoricamente e em média, de 3 em 3 anos, ou seja, tinha oito filhos, mas, devido à elevada mortalidade infantil, só dois ou três sobreviviam”. 3 Em Kahun, foram encontradas várias caixas de madeira que seriam utilizadas para colocar as crianças que tinham morrido antes de atingirem cerca de 12 meses de idade.

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Vide José das Candeias Sales, “Amamentar no Egipto Antigo: do prazer na relação materno-infantil à ideologia”, Estudos Orientais: os prazeres no Médio Oriente Antigo. IX, Lisboa, Instituto Oriental, 2006, p.68 2

Vide Maria João Machado, “Criança”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo, Lisboa, Caminho, 2001, p.252 3 Vide José das Candeias Sales, op.cit., p.68

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Estes bebés eram acompanhados de amuletos (que serão explorados mais à frente) e, por norma, enterrados no chão da casa onde a família vivia. 4 Também a morte das parturientes gerava preocupação, devido às condições de higiene e aos problemas que poderiam surgir no momento do parto, levando a população a recorrer amuletos, feitiços e orações, para tentar aumentar a hipótese de sobrevivência das crianças e das suas mães, como irei mostrar mais à frente neste trabalho em desenvolvimento. As crianças seriam amamentadas até aos 3 anos, aproximadamente, sendo que o leite materno era visto como um líquido curativo5 e as mulheres que não o conseguiam produzir (e que tivessem meios para tal) contratavam amas-leite que cuidariam das crianças e, se fossem servas, essa passaria a ser a sua função essencial, tomando a família da criança em mãos alimentar a ama bem, para que produzisse leite de qualidade. 6 Na altura do nascimento, tanto a mãe como a criança seriam protegidas (ou não) pelos deuses ligados à fertilidade e à maternidade, em especial o deus Bés, a deusa Taueret e a deusa Meskhenet. Como será analisado mais à frente, o papiro de Kahun trata os problemas de fertilidade e de natureza ginecológica7. Ser mãe no antigo Egipto era não só uma questão de desejo mas também uma questão socio-religiosa e as famílias que não conseguissem ter filhos biológicos podiam adoptá-los, sendo que uma mulher sozinha também o poderia fazer 8. A mulher egípcia tinha quase tantos direitos como o homem, usufruindo de uma posição social mais elevada que noutras sociedades antigas. Era valorizado particularmente o seu papel como “nebet per - senhora da casa”9 e como mãe, sendo que havia ensinamentos específicos que tentavam transmitir essa importância da figura maternal às crianças, como é referido no Ensinamento de Ani: “Faz por ela o dobro do que ela fez por ti; cuida dela como ela cuidou de ti; tu foste para ela um grande fardo, mas ela nunca descarregou isso em ti.” 10 Era geralmente a mãe quem dava o nome ao recém-nascido e, na cultura egípcia, era ao nomear-se algo que isso se tornava real, sendo que os nomes atribuídos às crianças estavam ligados a conceitos específicos,

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Vide Geraldine Pinch, Magic in Ancient Egypt. 1ª edição, London, British Museum Press, 1994, p.132 Vide Margaret Marchiori Bakos, Leda BandeiraCastro, Letícia de Andrade Pires, “A formação do escriba no antigo Egito”, Origens do ensino. Porto Alegre, Edipucrs, 2000. Disponível em: http://www.pucrs.br/edipucrs/digitalizacao/colecaoeducacao/origensdoensino.pdf#page=149, p.155 6 Vide José das Candeias Sales, op.cit., p.82 7 Sobre este assunto, vide Jean Li, Elite Theban Women of the Eighth-Sixth Centuries BCE in Egypt: Identity, Status and Mortuary Practice, A dissertation submitted in partial satisfaction of the requirements for the degree of Doctor in Philosophy in Near Eastern Studies in the Graduate Division of the University of California, Berkeley, 2010, p.29, n.5 8 Confira Margaret Marchiori Bakos, Fatos e mitos do Antigo Egipto, Porto Alegre, Edipucrs, 1994, p.46 9 Vide José das Candeias Sales, op.cit., p.67 10 Idem, Ibidem, apud Pascal Vernus, Les sagesses de l'Égypte pharaonique, Paris, Imprimerie Nationale, 2001, pp.250-251 5

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como os deuses (por exemplo: “Sahathor «o filho de Hathor»”) ou como aspectos físicos ou espirituais (vejamos ainda como exemplo “Nefertiti «chegou a bela!»”). 11 Estes nomes por si só já serviriam como amuleto ou símbolos de protecção. Os amuletos eram então vistos (e são ainda hoje por quem neles acredita) como uma forma de protecção contra o “mau-olhado”, doenças, entre outras maleitas, sendo que tanto eram utilizados pelos vivos como eram colocados nas ligaduras que envolviam os corpos dos mortos, por exemplo. Ainda que por vezes seja difícil fazer a distinção entre os dois tipos de amuletos, por norma os que eram utilizados enquanto a pessoa estava viva tinham pequenos orifícios onde seria colocado um fio, sendo usados ao pescoço. Contudo, por vezes os amuletos que eram empregados em vida acompanhavam o morto na sua viagem para o mundo de Osíris 12, o deus da vegetação, morte e ressurreição 13. Com uma cronologia bastante alargada, desde a Época Pré-Dinástica até à Greco-Romana14, os amuletos prevalecem apenas com algumas alterações, mais marcadas a partir da implantação do cristianismo 15. Estes objectos com um cariz mágico adquiriam-no não só através de fórmulas complexas como encantamentos que eram recitados ou escritos em papiro e colocados no interior do amuleto, mas também através das suas características mais próprias, como o material de que eram feitos, a sua cor (por exemplo, o verde como símbolo da vegetação e de regeneração e o vermelho como cor do Sol poente, assim como do coração) e a sua forma, representando deuses e animais sagrados.16 Tanto as pedras preciosas como as rochas e as plantas eram utilizadas como amuletos pois eram vistas como formadas a partir ou através dos deuses, como se pode observar na descrição feita no Papiro Salt 825. Utilizando a tradução de Ritner, lê-se “Horus cried. The water fell from his eye to the earth and it grew. That is how dry myrrh came to be. Geb was sad on account of it. Blood fell from his nose to the ground and grew. That is how pines came to be and resins came to be from their fluid. Then Shu and Tefnut cried exceedingly. The water from their eyes fell to the ground and it grew. That is how incense came to be.”17.Assim, se as lágrimas e 11

Vide José das Candeias Sales, op.cit., p.740 Atente-se em Luís Manuel de Araújo, “Amuletos”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p. 66 13 Vide José das Candeias Sales, As divindades egípcias. Uma chave para a compreensão do Egipto antigo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Estampa, 1999, p.29 14 A época pré-dinástica inclui-se no período da pré-história do Egipto. Já a época greco-romana (332 a.C. – 395 d. C.) é normalmente caracterizada pelo fim do domínio persa, com a chegada ao Egipto de Alexandre o Grande, até ao período de ocupação romana (incluindo). Para um estudo mais pormenorizado vide Isabel Fernandes Simões, “Préhistória”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.709-710 e Luís Manuel de Araújo, “Época greco-romana”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.323-324 15 Confira Luís Manuel de Araújo, op. cit,. p.66 16 Vide Idem, A colecção egípcia do Museu de História Natural da Universidade do Porto. 1ªedição, Porto, Edições Centenário - Catálogo de Exposição, 2001, p.153 17 Vide Robert Kriech Ritner, “The mechanics of ancient Egyptian magical practice”, Studies in Ancient Oriental Civilizations, Thomas HOLLAND, ed., Chicago, The University of Chicago, 2008, p.39 12

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sangue dos deuses caíram na terra, aquilo que dela é extraído terá então propriedades mágicas derivadas dos deuses18. O egiptólogo William Flinders Petrie criou uma divisão dos amuletos em cinco categorias que eu apresento em seguida:

Esquema 1 - Tipologia dos amuletos egípcios com base nas definições de William Flinders Petrie (Luís Manuel de Araújo, "Amuletos", Dicionário do Antigo Egipto, Direcção de […], Lisboa, Caminho, 2001, p.66

Para ajudar ao aumento da fertilidade e ao nascimento de bebés, dava-se especial enfâse aos amuletos de poder, com formas de deuses como Taueret, Bés e Meskhenet, como já foi referido anteriormente. Enquanto Meskhenet está mais ligada à maternidade, como Taueret e Ísis, Bés estava mais ligado à fertilidade, sendo frequentemente representado com um falo extremamente comprido. A sua aparência horrível serviria para afastar perigos, sendo que ele também apresentava, várias vezes, facas, cobras ou instrumentos musicais que afastariam elementos negativos e também trariam alegria à criança ou à mãe que a estava a alimentar. Tendo-se tornado um protector de HórusCriança (ou o deus Harpócrates), Bés era um deus que guardava e velava pelas crianças no

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Sobre este assunto vide, Joana Vieira Varela, Amuletos do Antigo Egipto. Trabalho de seminário de História Antiga da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2014. Disponível em: https://www.academia.edu/8888836/Amuletos_no_Antigo_Egipto__Trabalho_de_Semin%C3%A1rio_de_Hist%C3%B3ria_Antiga. Pp.3-4

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momento do nascimento, sendo representando, frequentemente com Taueret, nas chamadas “facas mágicas”, bastões de nascimento ou ainda varinhas, utilizadas maioritariamente no Império Médio 19. Apresento aqui uma figura de uma dessas varinhas:

O Bés

deus A deusa Taueret

Figura 1 - Varinha de nascimento. “Apotropaic wand, from Thebes, Egypt. Late Middle Kingdom, around 1750 BC. A magical 'knife' intended for the protection of a mother and child.” Imagem e legenda retirada de: https://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_objects/aes/a/apotropaic_wand.aspx

Este exemplar actualmente presente no Museu Britânico em Londres representa, além dos deuses apresentados na imagem, leões, cobras e escaravelhos – estes últimos ligados ao renascimento, tanto do deus sol, como da passagem para o além. A peça é feita de marfim, incorporando em si o poder do hipopótamo e da deusa que se fazia representar por esse animal, a deusa Taueret. Deusa associada ao acto de dar à luz, Taueret (ou Taweret, Opet, Ipi ou ainda Reset) era reproduzida em figuras com “braços e pernas de leão, costas e cauda de crocodilo e cabeça de hipopótamo”20. Como se pode ver pela imagem da varinha, Taueret apresenta seios e uma barriga proeminente, que indicam uma gravidez, sendo por isso associada à maternidade. Como Geraldine Pinch refere, o nome da deusa significa “The great one” e ela combina em si a ferocidade dos três animais que a representam e a sua protecção enquanto divindade. Como se pode ver na imagem, a deusa está apoiada num símbolo hieroglífico que significa protecção, sendo frequentemente representada com estes signos nas varinhas e também nos encostos de cabeça e cabeceiras de camas.21

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Confira Luís Manuel de Araújo, “Bés”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p. 150 20 Vide Cláudia Monte Farias, “Taueret”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p. 806 21 Vide Geraldine Pinch, op.cit., p.40

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Segundo Stephen Quirke, um fio com figuras em ouro de Taueret poderia ser utilizado para ajudar mulheres em trabalho de parte.22 Um exemplo de um fio como o descrito pelo autor anterior encontra-se no museu Britânico:

Figura 2 - “Gold Taweret necklace. From Egypt, 18th Dynasty, 1470-1350 BC. String of alternating hollow gold beads and Taweret amulets". Imagem e legenda retirada de: https://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_objects/aes/g/gold_taweret_necklace.aspx

Na mesma varinha (figura 1) temos uma imagem de Bés, um deus com um aspecto algo aterrador que serviria exactamente o propósito de assustar e afugentar espíritos malignos. A sua face é normalmente rodeada por uma juba de leão, apresentando orelhas deste animal. Como Taueret, Bés conjuga em si o poder deste felino, fazendo-se representar com um falo proeminente e testículos aos quais são dados particular destaque, ligando-o claramente a cultos de fertilidade. Divindade do lar, exibe frequentemente consigo facas ou cobras, ou o mesmo símbolo hieroglífico de protecção visível na Figura 1 com a deusa Taueret ou ainda um instrumento musical que, além de repelir entidades malévolas, deveria relaxar a futura mãe ou a mãe que alimentava as crianças23. Vários exemplares destas varinhas foram encontrados em enterramentos de crianças, podendo ligar-se assim a um renascimento na vida do Além. 24 Numa delas encontra-se a seguinte inscrição:

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Atente-se no estudo de Stephen Quirke, Jeffrey Spencer, ed., The British Museum Book of Ancient Egypt. 1ªedição, London, British Museum Press, 1994, p.173 23 Vide Luís Manuel de Araújo, op.cit., p. 150 24 Para um maior desenvolvimento deste tema, atente-se em David P Silverman, William Kelly Simpson, Josef Wegner, ed. Archaism and innovation: Studies in the culture of middle kingdom Egypt, Philadelphia, University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology, 2009. Disponível em: https://www.academia.edu/894376/A_Decorated_Birth_Brick_from_South_Abydos_New_Evidence_on_Childbirth_an d_Birth_Magic_in_the_Middle_Kingdom

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“Words spoken by the multitude of amuletic figures [the aba gods25]: ‘We have come in order to protect the lady Meriseneb’ ”. Noutra estaria ainda inscrito: “Cut of the head of the enemy when he enters the chamber of the children whom the lady was born!”

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. Usadas mais frequentemente

durante o Império Médio, estas varinhas serviriam para criar um círculo protector à volta da parturiente e, depois, da criança recém-nascida. Este círculo estaria particularmente presente durante a noite pois era nessa altura que a criança estaria mais vulnerável, a dormir no quarto com a sua mãe. Muitas vezes estas varinhas eram acompanhadas por feitiços ou frases utilizadas para “activar” o poder destes objectos.27 Ainda que não esteja presente na varinha apresentada neste trabalho, a deusa Meskhenet tinha também uma ligação importante à maternidade estando representada simbolicamente num tijolo de nascimento28, apresentado em seguida:

Figura 3 - O tijolo de nascimento encontrado em Abidos (Lado A) - retirada de: David P Silverman, William Kelly Simpson, Josef Wegner, ed. Archaism and innovation: Studies in the culture of middle kingdom Egypt, Philadelphia, University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology, 2009. p.451. Disponível em: https://www.academia.edu/894376/A_Decorated_Birth_Brick_from_South_Abydos_New_Evidence_on_Childbirth_and_Birt h_Magic_in_the_Middle_Kingdom

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Segundo Emily Teeter, os “Aba Gods” apresentar-se-iam como hipopótamos, tartarugas e outros animais compostos, segurando normalmente facas, cobras ou símbolos hieroglíficos de protecção, como acontece com Bés e Taueret (que se enquadram nesta descrição). 26 Vide Emily Tester, Religion and ritual in Ancient Egypt, 1st edition, Cambridge University Press, New York, 2011, p.169 27 Sobre este ponto, vide o que afirma Kasia Szpawoska, Daily life in Ancient Egypt, 1st edition, Austrália, Blackwell Publishing, 2008, p.27 28 Para um maior desenvolvimento sobre estudo deste tijolo, confira Josef Wegner “A decorated birth-brick from Abydos”, Archaism and innovation: Studies in the culture of middle kingdom Egypt, David P Silverman, William Kelly Simpson, Josef Wegner, ed., Philadelphia, University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology, 2009. Disponível em: https://www.academia.edu/894376/A_Decorated_Birth_Brick_from_South_Abydos_New_Evidence_on_Childbirth_an d_Birth_Magic_in_the_Middle_Kingdom

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Figura 4 - Desenho do tijolo de nascimento encontrado em Abidos (Lado A) - retirada de: David P Silverm, Philadelphia: University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology, 2009. Disponível em: https://www.academia.edu/894376/A_Decorated_Birth_Brick_from_South_Abydos_New_Evidence_on_Childbirth_and_Birt h_Magic_in_the_Middle_Kingdom

Figura 5 - Reconstrução da imagem presente no Lado A, feita por Jennifer Wegner. Imagem retirada de: David P Silverman, William Kelly Simpson, Josef Wegner, ed. Archaism and innovation: Studies in the culture of middle kingdom Egypt, Philadelphia, University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology, 2009, p.457. Disponível em: https://www.academia.edu/894376/A_Decorated_Birth_Brick_from_South_Abydos_New_Evidence_on_Childbirth_and_Birt h_Magic_in_the_Middle_Kingdom

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Figura 6 - O tijolo de nascimento encontrado em Abidos (Lado B, C, D e E) - retirada de : David P Silverman, William Kelly Simpson, Josef Wegner, ed. Archaism and innovation: Studies in the culture of middle kingdom Egypt, Philadelphia, University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology, 2009. p.453 Disponível em: https://www.academia.edu/894376/A_Decorated_Birth_Brick_from_South_Abydos_New_Evidence_on_Childbirth_and_Birt h_Magic_in_the_Middle_Kingdom

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Figura 7 - Imagem retirada de: David P Silverman, William Kelly Simpson, Josef Wegner, ed. Archaism and innovation: Studies in the culture of middle kingdom Egypt, Philadelphia, University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology, 2009, p.450. Disponível em: https://www.academia.edu/894376/A_Decorated_Birth_Brick_from_South_Abydos_New_Evidence_on_Childbirth_and_Birt h_Magic_in_the_Middle_Kingdom.

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Figura 8 - Orientação dos lados do tijolo de nascimento. Imagem retirada de: David P Silverman, William Kelly Simpson, Josef Wegner, ed. Archaism and innovation: Studies in the culture of middle kingdom Egypt, Philadelphia, University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology, 2009. p.451 Disponível em: https://www.academia.edu/894376/A_Decorated_Birth_Brick_from_South_Abydos_New_Evidence_on_Childbirth_and_Birt h_Magic_in_the_Middle_Kingdom

Meskhenet é associada ao nascimento de crianças sendo frequentemente representada com dois tijolos, os mesmos sobre os quais as parturientes dariam à luz. Deusa ligada à origem da vida, acabou por se ligar ao conceito de renascimento, estando presente no tribunal de Osíris, associando-se assim ao mundo do Além29. É esta deusa que confere o poder real ao faraó, como se verá mais à frente no conto “Khufu e os magos”. Meskhenet aparece também com as duas plumas, enroladas na ponta, como é visível na imagem.

Figura 9 - Meskhenet. Imagem retirada José das Candeias Sales, “Amamentar no Egipto Antigo: do prazer na relação materno-infantil à ideologia”, Estudos Orientais: os prazeres no Médio Oriente Antigo. IX, Lisboa, Instituto Oriental, 2006,p.98

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Confira “Meskhenet”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p. 566

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Por vezes esta deusa está ligada a Renenutet, a deusa serpentiforme conotada com as colheitas e a amamentação, muitas vezes representada a amamentar o seu filho Nepri, deus do grão. Estas suas representações são equiparadas às de Ísis a alimentar o seu filho Hórus 30. Também Hathor e Ísis são importantes deusas ligadas à fertilidade e à maternidade. Hathor é representada neste tijolo na forma de duas cabeças com cornos liriformes, com uma cabeleira azul que lhe é característica, identificando-a como uma deusa celestial e solar. Esta cor simboliza as águas primordiais a partir das quais o sol teria nascido, assim como a cor do céu matinal que aclara com a subida do sol no seu percurso pelo céu 31. Os cornos presentes nessas cabeças ligam a deusa à vaca e, através deste animal, à maternidade. Ligada ao amor, ao erotismo, à música, dança e alegria32, Hathor seria a mãe original do faraó e deus Hórus, no mito onde Hórus e Seth seriam irmãos, sendo mais tarde substituída por Ísis como mãe do deus. A vaca liga também esta deusa aos ritos funerários e ao mundo do Além, como a vaca que deixa o deserto onde foram feitos os túmulos e volta para os pântanos de papiro

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. Josef Wegner coloca a hipótese da mãe representada no tijolo

no lado A poder ser uma representação ou incarnação da deusa Hathor, ainda que as três mulheres apresentem as mesmas características (estas duas mulheres que acompanham a mãe seriam também representações de Hathor)34. Igualmente, Ísis costuma ser associada à parturiente em imagens que recriam o momento do parto. Modelo de esposa e mãe, Ísis é rainha, sacerdotisa, amante e mágica, ligando os seus poderes mágicos de protecção à vertente maternal35. Normalmente eram utilizados 4 tijolos de nascimento para o momento do parto, sendo cada um associado a uma deusa: tipicamente Ísis, Néftis, Nut e Tefnut. A própria deusa Meskhenet era associada às quatro deusas anteriores: “Meskhenet-the-Great (Msḫnt-wrt) is identified with Tefnut, Meskhenet-the-Grand (Msḫnt-t-',t) with Nut, Meskhenet-the-Beautiful (Msḫnt-nfrt) with Isis, and 30

Vide “Renenutet”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.750-751 31 Para uma visão mais completa do estudo deste tijolo, atente-se no estudo de Josef Wegner “A decorated birthbrick from Abydos”, Archaism and innovation: Studies in the culture of middle kingdom Egypt. David P Silverman, William Kelly Simpson, Josef Wegner, ed., Philadelphia, University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology, 2009. Disponível em: https://www.academia.edu/894376/A_Decorated_Birth_Brick_from_South_Abydos_New_Evidence_on_Childbirth_an d_Birth_Magic_in_the_Middle_Kingdom 32 Confira Cláudia Monte Farias, “Hathor”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.406-407 33 Para um maior desenvolvimento sobre tema, vide George Hart, “Hathor”, The Routledge Dictionary of Egyptian Gods and Goddesses. 2nd edition, New York, Routledge, 2005, pp.61-66. Disponível em http://obinfonet.ro/docs/relig/egipt/egyptgods.pdf 34 Vide Josef Wegner, op.cit. pp.456-.457 35 Vide Cláudia Monte Farias, “Ísis”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p.453

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Meskhenet-the-Excellent (Msḫnt-mnht) with Nephthys.”36. Pode-se colocar a hipótese de uma das figuras do tijolo (lado A) que acompanha Hathor possa ser deusa Ísis. O tijolo apresentado nas figuras 3 a 8 foi então encontrado em Abidos, no Egipto, numa escavação em 2001, e tem uma dimensão de 17cm de altura e 35cm de comprimento. Não sendo cozido, este tijolo de lama foi apenas parcialmente recuperado e uma das suas faces está completamente destruída. Segundo Josef Wegner, este tijolo teria originalmente uma espessura de cerca de 13cm e, pelo que podemos ver pela orientação do tijolo na figura 8, seria o lado F a ficar virado para cima formando a superfície primária do tijolo. Estes tijolos seriam utilizados para elevar a futura mãe e permitir um maior acesso às mulheres que a auxiliavam durante o parto. O próprio hieróglifo que representa o parto apresenta uma mulher de cócoras (

). A cena mais bem

preservada deste tijolo é a da mãe e da criança, que permitiu a reconstituição feita por Jennifer Wegner, como visível na figura 537. Esta seria a face que ficaria virada para baixo. Nas outras faces do tijolo encontram-se também representados Bés e Taueret. Ainda que ajudasse ao parto e pudesse servir de cama para os recém-nascidos, estes tijolos poderiam ter também uma função amulética, como é expresso na sua decoração. Em seguida apresento uma imagem que Josef Wegner fornece na sua obra, onde podemos observar os vários objectos ligados ao parto e aos cuidados das mães e dos seus recém-nascidos:

Figura 10 –Imagem retirada de: Josef Wegner “A decorated birth-brick from Abydos”, Archaism and innovation: Studies in the culture of middle kingdom Egypt, David P Silverman, William Kelly Simpson, Josef Wegner, ed., Philadelphia, University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology, 2009, p.481

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Vide Ann Macy Roth; Catharine H. Roehrig, “Magical Bricks and the Bricks of Birth”, The Journal of Egyptian Archaeology. Vol. 88, Egypt Exploration Society, 2002, p.131. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/3822340 37 Confira Josef Wegner, op.cit., p.449

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Para protecção dos recém-nascidos e das crianças, eram utilizadas pequenas figuras dos deuses e colocados em fios ao pescoço. A sua forma, cor ou material conferiam a cada figura uma protecção específica. Exemplos destes amuletos de protecção na vertente da joalharia são fios com pendentes de ouro da deusa Taueret que auxiliariam durante o parto (como o da figura 2), fios com pendentes com forma de peixe cujo material devia ser uma pedra de cor verde e colocado no pescoço de uma criança ou de uma jovem para impedir afogamentos ou ainda fios de metal com búzios a formar um cinto para afastar o “mau-olhado” da mulher que o usasse. 38 O peixe é frequentemente utilizado como amuleto no pescoço duma criança, para afastar os “mortos perigosos”39. Além dos que eram usados ao pescoço, vários amuletos eram colocados dentro das casas, perto das portas, para proteger as crianças de serpentes, escorpiões e outros animais perigosos 40. Alguns amuletos tinham como função aliviar dores, como um amuleto descrito no papiro Ebers, que continha dentes de seres humanos adultos e seria utilizado para alivar a dor pediátrica41. Para protecção de membros de crianças, por exemplo devia ser “recited over a child when the sunlight rises (…). The spell is to be spoken over an amulet made of gold and bread pellets, linen, and a seal inscribed with a crocodile and a hand, which is then worn by the child as protection”42. Utilizavam-se também nós para proteger e curar crianças: “seven knots are tied in seven strings and applied to the neck of the child. A headache is cured by applying a string with seven knots at the neck.” Outros exemplos encontram-se no Papiro de Berlim P3027, onde se encontram mais cinco feitiços ligados a nós43. Os egípcios acreditavam que as crianças precisavam de ser particularmente protegidas devido à sua fragilidade e tinham medo que estas fossem atacadas pelos fantasmas das mulheres que tivessem falecido no parto, pois estas invejariam as novas vidas44.

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Confira Joana Varela, op.cit. p.13 Vide Paula Alexandra da Silva Veiga, Saúde e medicina no antigo Egipto: magia e ciência. Dissertação de Mestrado em História (área de especialização em História Antiga), apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2008.p.66 Exemplar policopiado. Disponível em: http://hdl.handle.net/10451/465 40 Atente-se no estudo de Liliana Coelho, “Do nascimento aos primeiros anos de vida: um olhar sobre a infância no Egito do Reino Médio (c. 2040-1640 a.C)”, Plêthos: Revista discente de estudos sobre a antiguidade e o medievo. Nº2, 2012, pp.30-50. Disponível em: http://www.historia.uff.br/revistaplethos/arquivos/vol2num2/edi%C3%A7%C3%A3o_completa.pdf, 41 Ana Luísa Vieira Rodrigues Gonçalves, Dor crónica pediátrica em Portugal: caracterização da situação. Dissertação mestrado em Ciências da Dor, apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2009, p.21. Exemplar policopiado. Disponível em: http://hdl.handle.net/10451/1013 42 Confira Kasia Szpakowska, Daily life in Ancient Egypt, 1st edition, Australia, Blackwell Publishing, 2008, p.31 43 Idem, Through a glass darkly: magic, dreams and prophecy in ancient Egypt. 1st edition, Oxford, The Classical Press of Wales, 2006, pp.250-251 44 Retome Geraldine Pinch, op.cit., p.123, p.149 39

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Foram encontrados túmulos de crianças com colares que serviriam de amuletos, como os que mostro em seguida:

Figura 11 – Colar de criança. Retirado de: http://www.penn.museum/co llections/object/324073

Figura 12 – Colar de criança. Retirado de: http://www.metmuseum.org/collection/thecollectiononline/search/547619?rpp=90&pg=1&ao=on &ft=child&deptids=10&where=Egypt&what =Jewelry&pos=9

Figura 13 – Colar da criança Myt. Retirado de: http://www.metmuseum.org/collection/th e-collectiononline/search/544145?rpp=90&pg=1&ao =on&ft=child&deptids=10&where=Egyp t&what=Jewelry&pos=3

Na figura 11 temos um exemplar de um colar de uma criança, presente no Penn Museum, na Pensilvânia. Este colar apresenta um amuleto com uma figura alada e contas de hematite, cornalina, e quartzo45. A cornalina era uma das pedras mais utilizadas para amuletos no antigo Egipto devido às suas qualidades mágicas, especialmente para amuletos de escaravelhos e estava ligada ao sangue, protegendo quem o usava.46 Já a figura 12 apresenta um colar de criança com peças com um formato escarabóide. Esta peça está presente no Metropolitan Museum of Art (MET), em New York. Este fio foi encontrado num caixão de uma criança, num cesto. Poderá ter sido usado pela criança ou poderá ter sido uma oferta para a sua vida no além. Feito de faiança, esta pasta de quartzo vitrificada era um dos materiais preferidos para a criação de amuletos com tonalidades azuladas ou esverdeadas, simbolizando a regeneração47.Também a sua forma escarabóide toma especial importância pois o escaravelho é um dos animais mais representados como amuletos no Antigo Egipto, podendo-se inserir numa categoria de amuletos naturalistas. Este insecto, conhecido como kheper, empurrava uma bola de esterco na terra e foi este movimento que os egípcios começaram a associar ao movimento do disco solar no céu. Foi então a partir desta observação que o escaravelho foi vinculado ao deus Khepri e ao Sol nascente, como símbolo de renascimento dos defuntos, pois o Sol renascia depois da noite.

45

Para mais informações sobre a origem deste colar, consulte: http://www.penn.museum/collections/object/324073 Para um estudo mais aprofundado sobre esta temática vide, Pedro Malheiro, “Jóias”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p. 459 47 Confira Luís Araújo, A colecção egípcia do Museu de História Natural da Universidade do Porto. 1ªedição, Porto, Edições Centenário - Catálogo de Exposição, 2001, p.153 46

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Como símbolo ligado ao renascimento, foi muito usado na mumificação dos defuntos, na sua forma de escaravelho do coração48. O último colar aqui apresentado, na figura 13, faz parte de um conjunto de cinco colares presentes também no MET, encontrados no complexo do templo de Mentuhotep II e pertencentes a uma menina chamada Myt. Feito também com pedras de cornalina, este colar serviria para adornar e proteger a criança, antes da sua morte e durante a sua viagem para o além. A múmia desta criança apresentava outros colares feitos com materiais preciosos, como o ouro, mas também pedras como o feldspato, ametista e jaspe, entre outras. O uso destes colares, ainda que numa criança tão jovem (cerca de cinco anos de idade), indica que esta criança teria um elevado estatuto socia. 49 Além dos colares mais simples, também eram utilizados colares com amuletos tubulares:

Figura 14 - “Tubular case of gold made to contain a rolled strip of papyrus with a decree by Khons for the protection of the owner, who would wear it around his neck.” Imagem e legenda retirada de: John Baines, Jaromír Málek, Atlas of Ancient Egypt, Time Life Books, 1984, p.210

Estes amuletos, como diz a legenda da figura 14, continham em si papiros com feitiços e frases protectoras, tendo sido especialmente utilizados a partir do Império Médio mas mais frequentemente no Império Novo50. Foi encontrado um número relativamente grande destas frases, especialmente utilizadas para proteger indivíduos considerados mais frágeis, como futuras mães e recém-nascidos: variavam entre “utterances designed to guide a woman through a safe delivery, to ones to cure a child who has been bitten by a venomous snake or scorpion, to ones keeping away demons disguised as nurses”. Um papiro datado do Império Novo mas, possivelmente escrito durante o Império Médio, fala precisamente de uma série de feitiços criados especificamente para protecção de mães e crianças. 48

Vide Joana Varela, op.cit. p.11 Vide http://www.metmuseum.org/collection/the-collectiononline/search/544145?rpp=90&pg=1&ao=on&ft=child&deptids=10&where=Egypt&what=Jewelry&pos=3&imgNo=0 &tabName=online-resources. Para mais informações sobre os vários colares pertencentes a Myt, vide http://www.metmuseum.org/collection/the-collection-online/search/590944 50 Constate em TGH James, An introduction to Ancient Egypt, London, British Museum Publications, 1979, p.109 49

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Por exemplo: “a protective spell for guarding the limbs, to be recited over a child when the sunlight rises”, ou ainda “spell for a knot for a child, a fledgling: are you hot in the rest? Are you burning in the bush? Your mother is not with you?”. Este último feitiço devia ser recitado sobre um amuleto feito de ouro e pedaços de pão, linho e um selo inscrito com um crocodilo e uma mão, que deveria depois ser usado pela criança como protecção51. No terceiro período intermédio era comum as crianças serem protegidas por estes decretos na sua forma de promessa de protecção de um deus, em que o deus prometia proteger o jovem de demónios ou perigos como afogar-se, ser atingido por um trovão, ou esmagado por uma parede em colapso. Um exemplo destes feitiços é: “I [the god] shall enable him to grow up. I shall enable him to develop”52. As crianças (rapazes e raparigas) utilizavam durante a sua infância a cabeça rapada, normalmente com apenas uma trança lateral ou dois rabos-de-cavalo entrançados. Estes eram adornados com contas e pendentes amuléticos53. Muitos dos caixões encontrados com múmias de crianças apresentam algumas destas contas, o que mostra algum cuidado pelos elementos mais jovens das famílias. A importância das crianças e do seu nascimento é então algo muito presente na vida quotidiana do povo egípcia. Um exemplo na literatura egípcia onde se testemunha um parto é o texto “Khufu e os magos”. Este encontra-se no papiro de Westcar (ou Berlim 3033) e faz parte dos cinco contos que compõem este papiro, sendo que o último conto que conhecemos conta em parte a história do nascimentos dos três filhos da rainha Reddjedet54. Chamado de “nascimento da V dinastia”, este conto mostra-nos o nascimento, como o nome indica, dos três primeiros governantes da V dinastia. 55 Ainda que não saibamos como acaba o conto (o papiro está incompleto), o que aqui nos interessa para este trabalho é a presença de um parto numa obra literária, e a sua descrição. Estão presentes no momento do parto Ísis, Néftis, Meskhenet, Heket e Khnum. Estas deusas teriam tomado então a forma de músicas e, ao chegar a casa de Reddjedet, teriam oferecido colares

51

Confira Kasia Szpakowska, Daily life in ancient Egypt[…], p.31 Vide Emily Teeter, op.cit., p.170 53 Recupere-se o entendimento de Kasia Szpakowska, op.cit., p.52 54 Será utilizada para análise a tradução do conto pelo Dr. Telo Canhão, Textos da literatura egípcia do Império Médio: textos hieroglíficos, transliterações e traduções comentadas, 1ªedição, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. pp.49-165 55 Vide Telo Canhão, Textos da literatura egípcia do Império Médio: textos hieroglíficos, transliterações e traduções comentadas, 1ªedição, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2010 pp.56-57 52

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e sistros56. Reddjedet era a mulher de um sacerdote de Ré e os seus filhos seriam filhos do próprio Ré. Esta mulher viu-se rapidamente rodeada pelas deusas, com Ísis à sua frente, Néftis atrás e Heket a ajudarem a apressar o parto. Meskhenet é a deusa que confere poder de realeza à criança quando esta nasce, e o deus Khnum57 é quem deu força ao seu corpo, ou seja, deu-lhe forças para viver: “Depois Meskhenet foi até junto dele e disse: «Um rei que assumirá a realeza em toda esta terra.» E Khnum deu vigor ao seu corpo”58. A cada um dos futuros reis foi cortado o cordão umbilical e foram colocados numa cama de tijolos (como se pode observar na figura 10). Depois do parto, era comum a mãe passar por um tempo de purificação, e Reddjedet passará catorze dias nesse ritual. Observamos pelo texto que o parto era um assunto tratado quase unicamente por mulheres, tanto que o deus Khnum, que ter-se-ia apresentado como bagageiro das três damas que auxiliam a mulher do sacerdote de Ré, só toma parte no fim do parto, conferindo força ao recém-nascido

59

. Este papiro confirma a imagem

(grandemente destruída) do tijolo de Abidos, onde vemos apenas mulheres a rodearem a mãe e a sua criança. Também o Papiro Ginecológico de Kahun menciona situações médicas ligadas à gravidez. “Kahun” foi o nome dado por William Matthew Flinders Petrie a cidade localizada na região do Fayum, ao sul do Cairo, ainda que o nome da cidade seja na realidade Lahun, foi com o primeiro nome que o papiro se generalizou. Considerado o mais antigo tratado ginecológico conhecido (ainda que muito danificado), este papiro encontra-se no Petrie Museum of Egyptian Archaeology, em Londres. A primeira tradução dos textos foi feita por Francis Llewellyn Griffith em 1898 e a mais recente tradução foi feita por Stephen Quirke e Mark Collier, em 200460. O papiro é dividido em três partes, sendo constituído por feitiços, precauções a tomar e prescrições diversas. Inicialmente apresenta as prescrições médicas para manter a mulher saudável e garantir que ela possa engravidar. A seguir, é descrito um caso de prolapso uterino, que surge depois da gravidez devido a um deslocamento do útero. Este precisaria ser tratado para que a mulher pudesse engravidar. Em terceiro lugar são exibidos métodos contraceptivos e métodos que permitiriam 56

Relembro que Hathor estava também ligada à música e se poderá aqui fazer representar desta maneira, assim como pelos colares apresentados a Reddjedet, que estariam ligados ao culto hathorico. 57 Para saber mais sobre este deus e sobre o mito de criação a ele ligado, confira, Malgorzata Kot Acúrcio, “Khnum”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.483-484 58 Vide Telo Canhão, op. cit.,p.117 59 Vide Idem, ibidem., p.125 60 Confira Liliana Coelho, Vida pública e vida privada no Egito do reino médio (c.2040 - 1640 a.C.), Dissertação de Mestrado em História, apresentada à Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2009, pp.83-84. Exemplar policopiado. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=152526,

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verificar se a mulher era fértil, sendo que só poderiam ser aplicados em mulheres saudáveis. As prescrições que aparecem em seguida são para verificar qual será o sexo da criança e se ela nascerá saudável. Este papiro expõe assim uma estrutura bem construída, percorrendo os passos necessários para tentar propiciar a continuidade da família e o seu crescimento 6162. Ao contrário do papiro Ebers (papiro médico), o papiro de Kahun não apresenta uma parte sobre como examinar o paciente, começando logo com prescrições e tratamentos. Por exemplo:63 “Examination of a woman whose eyes are aching till she cannot see, on top of aches in her neck: You should say of it 'it is discharges of the womb in her eyes' You should treat it by fumigating her with incense and fresh oil, fumigating her womb with it, and fumigating her eyes with goose leg fat. You should have her eat a fresh ass liver” Como é visível, este excerto apresenta uma breve descrição do problema e do tratamento a aplicar. Os primeiros casos apresentados no papiro começam com a frase “you shall then make for her…”, isto é, começa com instruções do que fazer e o que dar à mulher grávida, seja para ingerir, seja introduzir na vagina ou aplicar exteriormente. Em vários casos o que é recomendado é fumigar a vagina com os ingredientes descritos no papiro.64 Já na segunda secção existe uma dificuldade acrescida devido ao mau estado em que o papiro se encontra, contudo é possível identificar fórmulas para ajudar a acelerar o parto, para perceber se uma mulher irá conceber e inclui ainda prescrições para impedir a concepção, que utilizavam excrementos de crocodilo, leite azedo e mel.

65

Na terceira secção encontramos também métodos para uma identificação de uma possível gravidez, por exemplo através da visualização dos veios sanguíneos nos seios das mulheres. Um outro método consiste em colocar uma cebola na sua vagina e, caso no dia seguinte o cheiro dessa cebola apareça no seu nariz isso significaria que a mulher estaria grávida. É nesta secção que 61

Idem, ibidem, p.94 A tradução que aqui será usada foi feita por Stephen Quirke e encontra-se disponível em: http://www.ucl.ac.uk/museums-static/digitalegypt//med/birthpapyrus.html 63 Coluna 1, linhas 1-5, como apresentado no site referido na nota 61. 64 Considere J.F: Nunn, Ancient Egyptian Medicine, British Museum Press, London, UK, 1996. p.34 65 Idem, Ibidem, p.35 62

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aparece o único encantamento descrito neste papiro, supostamente para ajudar ao que foi descrito anteriormente. Por fim, a secção quatro do papiro de Kahun é composta por dois parágrafos, prescrevendo tratamento para dores de dentes durante a gravidez e um outro para o que aparenta ser uma fístula entre a bexiga e a vagina. Mais informações ginecológicas da época encontram-se nos papiros de Berlim, de Londres, no papiro Ebers, Ramesseum e Carlsberg, ainda que estes não venham a ser tratados neste trabalho.66 Para concluir, observámos com este paper a importância que os filhos tinham para o quotidiano do povo egípcio, desde a dedicação que estes deviam ter aos seus pais e em especial à sua mãe, à forma como estes significavam um assegurar por parte dos filhos que os cultos funerários dos seus pais seriam feitos. O nascimento seria visto como um momento privado, do qual poucas pessoas participavam (maioritariamente mulheres) e no qual era necessário garantir protecção para a mãe e para a criança Estas crianças deviam então ser protegidas com objectos mágicos que lhes dariam o auxílio dos deuses, sendo principalmente protegidas durante a sua infância. Os amuletos deviam acompanhá-los em todas as ocasiões, mesmo em caso de morte, onde guiariam os seus donos para a vida no além. Os materiais de que eram feitos já em si conteriam magia pois vinham dos deuses, mas muitas vezes essa magia precisava de ser “activada” por frases e feitiços que seriam ditos por cima desses mesmos amuletos. Em conclusão, este paper faz parte de um trabalho em curso tendo em vista um tema mais alargado, sendo que mais questões serão desenvolvidas e tratadas à medida que este se for ampliando. Deixo algumas questões em aberto que poder-se-ão vir a responder com estudos mais alargados nesta área de estudo: quem teria escrito os papiros (ou as secções destes) ligados a questões ginecológicas e obstetrícias e a quem se dirigiam? Encontrar-se-ão mais tijolos de nascimento, dado a sua suposta imensa utilização, e mostrarão estes um apoio às teorias já formadas através do tijolo encontrado em Abidos? Estas questões poderão vir a ser respondidas com um estudo mais extensivo dos papiros médicos e através de escavações arqueológicas nas muitas cidades ainda existentes que contêm em si vestígios da sociedade do Antigo Egipto.

66

Vide Idem, Ibidem, p.35

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FONTES E BIBLIOGRAFIA: I. FONTES: 1. Fontes Impressas: CANHÃO, Telo “Khufu e os magos”, Textos da literatura egípcia do Império Médio: textos hieroglíficos, transliterações e traduções comentadas. 1ªedição, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. pp.49-165 2. Fontes Iconográficas: “Necklace”: http://www.penn.museum/collections/object/324073 “Carnelian Necklace of the Child Myt”:

http://www.metmuseum.org/collection/the-

collectiononline/search/544145?rpp=90&pg=1&ao=on&ft=child&deptids=10&where=Egypt&what=Jewelry &pos=3 “String

of

Scaraboids”:

http://www.metmuseum.org/collection/the-collection-

online/search/547619?rpp=90&pg=1&ao=on&ft=child&deptids=10&where=Egypt&what=Jewelry &pos=9 Magic Wand: https://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_image.aspx?image=ps247238.jpg&ret page=15172 Tijolo de nascimento: http://www.eartharchitecture.org/index.php?/archives/693-BirthBrick.html

3. Fontes Electrónicas: http://www.ucl.ac.uk/museums-static/digitalegypt//med/birthpapyrus.html - Kahun Medical Papyrus

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II. BIBLIOGRAFIA: 1. Bibliografia Geral: 1.1 Obras de Referência: ACÚRCIO, Malgorzata Kot “Ankh”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp. 73-74 Idem “Anúbis”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp. 80-81 Idem “Khnum”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.483-484 ARAÚJO, Luís Manuel de “Amuletos”, Dicionário do Antigo Egipto, Direcção de […], Lisboa, Caminho, 2001, pp.6667 Idem “Bés”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […], Lisboa, Caminho, 2001, p.150 Idem “Colares”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […], Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p.212 Idem “Coroas”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.241-242

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Idem “Djed”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p.281 Idem “Época greco-romana”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.323-324 Idem “Escaravelho”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp. 329-331 Idem “Estatuetas funerárias”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp. 344-346 Idem “Faiança”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp. 359-360 Idem “Falo”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp. 362-364 Idem “Maet”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.524-536 Idem “Serpente”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p.783

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