Análise Abril Despedaçado

July 15, 2017 | Autor: Robson Hirae Narciso | Categoria: Ensaio sobre a dádiva, Atropologia, Dádiva, Abril Depedaçado
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O filme foi muito bem discutido em sala, conseguimos verificar nele de forma bem elusiva o funcionamento da dádiva. Aqui farei uma breve análise. Para começo já vemos que a família vive com grandes dificuldades, apenas do que colhem, fazendo rapaduras e com trabalho de seu próprio suor. Ficamos sabendo também que boa parte das suas terras foram tomadas pelos Ferreiras. Neste ponto inicia-se a dádiva agonística, onde foram feitos sacrifícios de vida em nome de uma tradição e vingança. A análise que vou fazer é sobre alguns aspectos de ruptura desta dádiva agonística, pois como estudado, a dádiva é uma troca, mas não uma troca imediata, e a dádiva agonística é baseada em ostentação de poder, generosidade. No filme, o primeiro momento em que vemos é no momento em que o senhor cego da família dos Ferreira diz que o Tonho vai ter uma trégua até a lua cheia, independente de o sangue da camisa amarelar ou não neste meio tempo, neste momento podemos ver um momento de ostentação de uma certa generosidade, pois neste período o garoto poderia viver tranquilamente e somente após este deveria se preocupar com algo acontecer, a retribuição. Temos também o momento em que Clara passa pelo Riacho das Almas, onde presenteia o menino com um livro, e este livro é uma porta para uma nova percepção do garoto, onde ele percebe que existe mais no mundo do que a rotina em que vive (que posteriormente simplifica em uma frase muito marcante do filme “A gente é que nem os boi: roda, roda e nunca sai do lugar”), e começa a sair um pouco do mundo onde vive, este presente também pode ser visto como uma dádiva para criação de vinculo socia, pois vemos que quando questionado sobre onde conseguiu o livro, menino diz "Minha amiga", neste ponto, gostaria de frisar também sobre o fato de o objeto derivado da dádiva conter a "alma" de seu doador, possuidor, vemos isto com o livro, onde menino passou a ver a Clara como a sereia, e também nas camisas das pessoas mortas, que elas "decidiam" qual seria o momento de vingança. Continuando ainda com os circenses temos o momento em que o menino recebe um nome, Pacu, nome este que dá para ele uma certa existência, questiono aqui o porque de até então o menino não ter nome, e acredito que seja pelo fato de que, para não se aproximar demais da criança, a família não o nomeou, pois sabia que ele deveria seguir a tradição de vingança da família. O próximo momento de ruptura, que acho muito interessante por sinal, é no momento em que arrebenta o balanço. Nele, o momento quase final do filme, até o momento o balanço era uma representação da ida e volta de Tonho para cobrar a dívida de vida do irmão, e a representação da inocência e infância de menino, agora Pacu, após isto vemos que a família Ferreira mentindo para o senhor, diz que o sangue da camisa amarelou, e que este seria o momento de se vingar do irmão, indo até a residência dos Breves. Temos aqui também o momento em que Pacu, para acabar com o ciclo de mortes, se veste como seu irmão ao perceber a presença do "Capitão Nascimento" e dá sua vida para que seu irmão seja livre, como este ciclo de dádiva foi quebrado, seu pai já lhe fala para cobrar, pois não existem mais regras que precisam ser seguidas, e neste ponto Tonho também percebe isto e se encaminha para o local onde seu irmão sempre desejara ir, cumprindo assim a sua dádiva, ou dívida para com seu irmão que deu sua vida para que Tonho se libertasse, e assim sendo ele se livra de todo o fardo que carregava, todo medo e dúvida, e parte para o mar, onde retribui seu irmão com a liberdade, e a presença do mar, assim, Tonho

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