ANÁLISE DA GESTÃO DE EMPRESAS DE PROJETO: ESTUDOS DE CASO NA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA-GO 1

May 22, 2017 | Autor: Aline Arrotéia | Categoria: Management, Design Management, Design management in architecture&construction
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QUALIDADE DE PROJETO NA ERA DIGITAL INTEGRADA DESIGN QUALITY IN A DIGITAL AND INTEGRATED AGE III Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído VI Encontro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Construção Campinas, São Paulo, Brasil, 24 a 26 de julho de 2013

ANÁLISE DA GESTÃO DE EMPRESAS DE PROJETO: ESTUDOS DE CASO NA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA-GO 1 Aline Valverde Arrotéia UFG [email protected]

MELHADO, Silvio Burrattino USP [email protected]

RESUMO

As empresas de projeto possuem um papel fundamental no setor da construção de edifícios, uma vez que a fase de projeto reflete diretamente no desempenho do edifício. Logo, compreender o funcionamento da gestão dessas empresas faz-se necessário para o desenvolvimento do setor. Sendo assim, o artigo proposto tem o objetivo de analisar a gestão de empresas de projetos, por meio de estudos de caso na região metropolitana de Goiânia-GO. O método de pesquisa adotado foi do tipo qualitativo, o qual foi realizado a partir de uma revisão bibliográfica acerca do tema, e, sobretudo desenvolvido sob a ótica da tese de doutoramento de Oliveira (2005), o qual propõe um modelo de gestão para empresas de projetos. A partir deste modelo elaborou-se um questionário a ser aplicado em três empresas de projetos. Os resultados obtidos nas entrevistas foram analisados a partir da comparação entre os estudos de caso, o qual foi possível identificar às principais deficiências ligadas a gestão dessas empresas. Com isso, observou-se um quadro que já era esperado, pois, em geral, os profissionais responsáveis pela gestão deste tipo de empresa desconhecem as técnicas e pesquisas que visam aprimorar a qualidade dos projetos produzidos por este seguimento da construção civil. Palavras-chave: Empresas de projeto . Gestão de projetos . Construção civil.

ABSTRACT

Designs Firms have a important role on the construction field due to its importance since the design phase is directly related to the conception and the performance of the building. Hence, to understand the operation of this firms is necessary to the development of the construction industry. Thus this article analyses the design firms management through case of studies from the metropolitan area of Goiânia- GO. The type of methodology applied in the development of the article was qualitative. Starting at a bibliographical review about this subject and based upon the thesis of Oliveira (2005), which proposes a management model to design firms, a questionnaire was formulated and submitted to the three design firms selected as case studies to this research. The results obtained from this three firms compared and it became possible to identify the main deficiencies related to the management of the firms. Therefore, the methodology applied to the case studies confirmed a scenario that was expected on the design firms field. In another words, in order to obtain results from the

1 ARROTÉIA, A. V.; MELHADO, S. B. Análise da gestão de empresas de projeto: estudos de caso na região metropolitana de Goiânia-GO. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO PROJETO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 2013, Campinas. Anais... Campinas: ANTAC, 2013.

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application of the model proposed from Oliveira (2005), the design managers have to be aware of their business deficiencies and the challenges that its application demands. Keywords: design firms, design management, civil construction.

1 INTRODUÇÃO Nos últimos 20 anos, a busca pela qualidade e produtividade tem modificado drasticamente a realidade da indústria da construção civil. De modo que, as organizações empresariais são pressionadas a se estruturarem cada vez mais com novos instrumentos e técnicas para manterem-se competitivas no mercado. Nesse cenário, a atividade do projeto foi muito valorizada, e a atividade de coordenação passou a ser tarefa especializada e imprescindível no processo de desenvolvimento de projetos, uma vez que era considerada uma atribuição secundária do arquiteto. Paralelamente, os processos de construção também avançaram de forma considerável em virtude das exigências e necessidades do projeto (MANSO; MITIDIERI FILHO, 2011). As empresas de projeto desempenham um papel importante e fundamental na cadeia da construção civil. Logo, a gestão dessas empresas, mesmo com as suas limitações e características particulares almejam promover ações que as tornem organizações mais eficazes no meio em que atuam (SOUZA; MELHADO, 2008). Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar a gestão de empresas de projeto de edificações, por meio de estudos de caso realizados na região metropolitana de Goiânia. 2 A EMPRESA DE PROJETO E AS SUAS PARTICULARIDADES As empresas de projeto, em especial as de pequeno porte, apresentam algumas características que são peculiares, e limitam o seu desempenho, tais como: recursos financeiros, humanos e tecnológicos escassos, alta dependência do grau de empreendedorismo e liderança de seus titulares, seus proprietários atuam tanto na gestão técnica como administrativa, e na sua maioria, desconhecem as técnicas principais de gestão disponíveis (OLIVEIRA; MELHADO, 2008). Para Oliveira e Melhado (2003), as dificuldades relacionadas às atividades de projeto são diversas e podem ser classificadas da seguinte maneira: Dificuldades sistêmicas: em virtude da defasagem do ensino nos cursos de arquitetura e engenharia; fiscalização insuficiente do órgão de classe (CREA); pouco incentivo à pesquisa por parte do governo, universidades, e entidades da classe; baixo grau de exigência dos clientes em relação à qualidade dos projetos; e, oscilações constantes na demanda por projeto em função da alta dependência com a situação econômica do país. Dificuldades setoriais: em razão do grande número de profissionais que atuam de forma fragmentada corroboram para a pulverização do setor; a

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falta de metodologias que monitorem a demanda por projeto dificulta o planejamento dos profissionais; a falta de integração entre a atividade de projeto e as demais etapas do processo de construção caracteriza-se como uma deficiência para o setor. Dificuldades estruturais: estão relacionadas às deficiências encontradas nos métodos de desenvolvimento do processo de projeto; a falta de investimento em recursos humanos nas empresas de projeto; a oscilação da equipe de trabalho; a baixa integração entre os profissionais da atividade de projeto; dificuldade de acompanhamento do setor com relação ao desenvolvimento tecnológico; diferentes padrões e procedimentos por parte dos contratantes; baixo nível de normalização; e ausência da cultura da utilização dos indicadores de desempenho da edificação durante o seu uso como informações de entrada para o projeto. Todas essas dificuldades contribuem de alguma forma para os problemas encontrados no setor de projetos, Portanto, este quadro indica a necessidade de se redefinir novas formas de trabalho para o desenvolvimento da cadeia produtiva da construção, bem como as empresas de projeto. Por isso, pensar em uma gestão mais eficiente para essas empresas pode trazer uma série de benefícios e melhorias para este quadro, e assim minimizar os problemas encontrados no setor de projetos. Pois, segundo Souza (2009), a empresa de projeto, seja qual for o seu porte, especialidade e tipologia de projeto, deve estar atenta à necessidade de gestão dos seus processos, bem como no desenvolvimento da cultura do planejamento. Dessa forma, os processos devem ser conduzidos a partir da reflexão coletiva e organizada dentro da empresa, com o objetivo de definir e desenvolver ferramentas coerentes de acordo com as suas necessidades individuais, levando-se em consideração os princípios do planejamento, controle, e retroalimentação no contexto da empresa. De acordo com Oliveira e Melhado (2006), as empresas de projeto, em geral, são caracterizadas por uma estrutura organizacional simples, pois possuem poucos níveis hierárquicos e um alto nível de concentração de autoridade. Ao mesmo tempo, essas empresas apresentam reduzida complexidade interna e alto nível de flexibilidade. Essas propriedades as tornam mais aptas a enfrentar a competitividade e as exigências do mercado. 3 MODELO DE GESTÃO PARA EMPRESAS DE PROJETO A partir da realidade encontrada nos processos internos das empresas do setor de projetos, Oliveira (2005) em sua tese de doutoramento propõe de um modelo de gestão específico para pequenas empresas de projeto de edifícios, de acordo com as suas necessidades e particularidades. Este método de gestão é composto por nove módulos, são eles: estrutura organizacional, planejamento estratégico, gestão de custos, gestão comercial, gestão de recursos humanos, sistema de informações, planejamento e controle do processo de projeto, serviços agregados ao projeto e, por fim, avaliação de desempenho.

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4 MÉTODO DE PESQUISA O método de pesquisa adotado para o desenvolvimento deste trabalho foi do tipo qualitativo, por meio do questionário aplicado em três empresas de projeto na região metropolitana de Goiânia-GO, selecionadas como estudos de caso desta pesquisa. O questionário foi elaborado a partir do modelo de gestão para empresas de projetos, desenvolvido por Oliveira (2005) em sua tese de doutoramento, o qual propõe uma metodologia de gestão subdividida em nove módulos, que abordam os seguintes elementos: estrutura organizacional, planejamento estratégico, gestão de custos, gestão comercial, gestão de recursos humanos, sistema de informações, planejamento e controle do processo de projeto, serviços agregados ao projeto e, por fim, avaliação de desempenho. Para avaliar a gestão dessas empresas, foram realizadas entrevistas estruturadas por meio do questionário, aplicado aos proprietários ou aos responsáveis pela gestão da empresa. Vale ressaltar que no decorrer da entrevista foram abordados temas livres, ou seja, independentemente do modelo adotado, uma vez que os entrevistados relataram sobre as dificuldades encontradas na gestão de suas empresas. A seguir apresentase o questionário aplicado durante as entrevistas nas empresas de projeto.

QUESTIONÁRIO PARA A EMPRESA: CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA: Nome da empresa: Filosofia da empresa (pensamento que norteia o trabalho da empresa): Responsáveis pelas informações: Nome

Função

Formação da Empresa: Data de fundação: Proprietários: Especialidade: Nicho de mercado: Local de atuação: Porte da Empresa: Faturamento anual: Número de funcionários: Número de projetos concluídos: Número de projetos em andamento: M2 construído (desde a fundação até o momento): 1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL: Possui organograma formalmente estabelecido? Caso a resposta seja positiva, qual?

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2. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: A empresa possui planejamento estratégico definido para se manter no mercado de atuação? Se sim, quais são os objetivos de curto, médio e longo prazo? Tipologias de projetos que pretende produzir ou descartar: Clientes que pretende abranger: Os lucros esperados: Novos investimentos em recursos (materiais, financeiros, equipamentos, recursos humanos, tecnologia, etc.) para inovação ou crescimento: 3. GESTÃO DE CUSTOS: Utiliza-se alguma ferramenta eletrônica de controle dos custos? Elabora quadro financeiro geral com os gastos por clientes, tipo de projeto e por região? Existe a separação das contas da empresa e do(s) proprietários? 4. GESTÃO COMERCIAL: Como é feita a divulgação da empresa? Investe-se em marketing? Possui uma metodologia fixa para o cálculo do valor dos projetos? Quem estabelece? Possui um modelo padrão para elaboração da proposta técnico-comercial? 5. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS: A empresa possui critérios para a contratação e demissão de pessoal? Faz treinamento com seus colaboradores? Se sim, com qual frequência? Os projetos são desenvolvidos dentro da própria empresa ou são terceirizados? 6. SISTEMA DE INFORMAÇÕES: A empresa faz controle das informações, verbais ou escritas, recebidas ou enviadas, por todos os colaboradores da empresa, por meio de formulários preestabelecidos? Utiliza-se Banco de Tecnologia Construtiva para melhorar a rastreabilidade das informações relativas a projetos de obras já concluídas? Estabelece procedimentos e rotina de trabalho para o gerenciamento e coordenação das atividades? 7. PLANEJAMENTO E CONTROLE DO PROCESSO DE PROJETO: A empresa possui um escopo das etapas de projetos a serem desenvolvidas? É realizada uma listagem do sequenciamento das atividades que compõem o desenvolvimento do projeto? Faz-se estimativa do número de horas técnicas que serão necessárias para a confecção dos projetos? 8. SERVIÇOS AGREGADOS AO PROJETO: Os projetos são entregues impressos ou por e-mail? De que forma os projetos são validados (in loco ou por e-mail)? A empresa realiza reuniões para a entrega dos projetos? 9. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO: A empresa realiza avaliação de desempenho dos seus projetos? A empresa faz visitas nas obras para avaliar os aspectos de construtibilidade, economicidade? De que forma a empresa avalia a satisfação dos seus clientes com relação ao projeto entregue?

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5 ESTUDOS DE CASO Para a seleção das empresas, foram levados em consideração os seguintes critérios: a representatividade no mercado goiano, a especialidade, bem como o volume de negócios que essas empresas desempenham neste mercado e no país. 5.1Empresa A A empresa de projeto ‘’A’’ é composta por dois sócios proprietários e arquitetos que atuam a 17 anos no mercado goiano, e, tem como especialidade desenvolver projetos de arquitetura no setor de edificações, mais especificamente, no ramo de incorporação. Logo, estima-se que a empresa já concluiu mais de 30 projetos (residenciais, comerciais e urbanísticos), o que resulta em um total aproximado de 400 mil metros quadrados de construção desde a sua fundação até o presente momento. A maior parte dos projetos é captada na região metropolitana de Goiânia, enquanto que os demais, em menor quantidade têm origem em cidades do interior do estado de Goiás, e em outros estados, como no Mato Grosso e Pará. Atualmente, a empresa desenvolve dois projetos de incorporação, e conta com uma equipe de nove colaboradores. Cabe ressaltar que a empresa de projeto trabalha em parceria com uma empresa construtora, cujos proprietários são os mesmos, desde a sua fundação. Porém, os setores administrativos e financeiros das duas empresas atuam de forma separada. Por isso, em virtude de a empresa construtora ser certificada no Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001 e no PBQP-H nível A da Caixa Econômica Federal, os procedimentos e processos da empresa de projeto acabam tornando-se também padronizados. 5.2 Empresa B Fundada em 1974, a empresa de projeto ‘’B’’ é formada por um único proprietário, sendo este arquiteto e diretor responsável pela mesma. O local de atuação da empresa concentra-se na cidade de Goiânia, porém também desenvolve projetos em outras regiões do país, sobretudo na região centro-oeste. Com uma equipe técnica composta de três arquitetos e um gerente responsável pela coordenação, a empresa tem como especialidade desenvolver projetos tanto na esfera pública como na privada. Nesse momento, a empresa possui em torno de 30 projetos em andamento, uma vez que já concluiu mais de 400 projetos desde a sua fundação até hoje. O corpo técnico completo da empresa conta com dez colaboradores, sendo eles: arquitetos e estagiários na produção, bem como a secretária e auxiliar administrativa no setor de controle de contas. Embora, a empresa não possua um organograma formalmente estabelecido, ela conta com uma estrutura organizacional consolidada, pois existe uma separação entre as atividades administrativas e de projeto.

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5.3 Empresa C A empresa de projeto ‘’C’’, fundada no ano de 1988, é especialista no desenvolvimento de projetos estruturais em edificações de concreto. Composta por dois sócios proprietários e engenheiros, a empresa já concluiu mais de 1000 projetos desde a sua fundação até o momento. Portanto, estima-se em torno de quatro milhões de metros quadrados de construção. Atualmente, a empresa conta com 28 projetos em andamento em várias localidades do país, sendo de forma mais expressiva, nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. O nicho de mercado compreendido pela empresa é na elaboração de projetos de estruturas de concreto em edificações, na maior parte para o setor privado, e em uma menor quantidade para edifícios públicos. A equipe técnica é formada por sete colaboradores, e a empresa não conta com uma estrutura organizacional estabelecida de maneira formal. 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Esta seção é destinada a apresentação dos resultados obtidos a partir da aplicação do questionário em cada uma das empresas selecionadas como estudos de caso deste artigo. Após a descrição dos nove módulos que compreendem o modelo de gestão de empresas de projetos proposto por Oliveira (2005), elaborou-se uma tabela contendo os principais elementos em um resumo de forma simplificada. Sendo assim, a partir da análise cruzada dos casos, foi possível identificar às principais deficiências ligadas a gestão, os procedimentos comuns entre eles, e também, os aspectos positivos encontrados nessa pesquisa, que estão ilustrados na Tabela 1 a seguir. Tabela 1 – Análise dos resultados obtidos nas entrevistas realizadas nas empresas de projeto. N°

MÓDULO

1

Estrutura Organizacional

2

Planejamento Estratégico

EMPRESA A

EMPRESA B

EMPRESA C

Descrita no item 5.1

Descrita no item 5.2

Descrita no item 5.3

Manter atuante no nicho de mercado da incorporação de edifícios. O último investimento da empresa foi à introdução da tecnologia BIM (Autodesk Revit) no processo produtivo, e a aquisição de todos os softwares legais. Espera-se como

Aumentar a produção dos projetos de arquitetura, e continuar os projetos urbanísticos. Embora, a empresa desconheça as técnicas do planejamento estratégico, um dos objetivos é implementar o Revit em todos os projetos do escritório, pois

Pretende manter o volume de projetos em estruturas de concreto, aumentar a produção de projetos estruturais com protensão, e abranger de forma imediata projetos de alvenaria estrutural. A expectativa de crescimento é aumentar de 20 a 25% dos lucros.

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MÓDULO

3

Gestão de Custos

4

Gestão Comercial

5

Gestão de Recursos Humanos

EMPRESA A

EMPRESA B

objetivo a longo prazo que os lucros sejam mantidos no mesmo ritmo. Utiliza-se o Excel e o Sienge (software para gestão e administração de empresas construtoras) como ferramenta eletrônica para a gestão dos custos. Os gastos são separados por tipologia de projeto. E as contas dos proprietários e da empresa são separadas. A propaganda da empresa é feita por meio da publicidade aberta (site), e a divulgação boca a boca (propaganda indireta). O valor do projeto é fechado de acordo com o preço do mercado goiano. Possui um modelo padrão de proposta técnico-comercial com o escopo do produto a ser entregue. É importante falar que a empresa também especifica o produto/serviço que NÃO está incluso na proposta. A contratação e demissão de pessoal são realizadas segundo os requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001, uma vez que a empresa construtora é certificada e

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somente um dos projetos é desenvolvido neste programa. A ferramenta de controle financeiro utilizada pela empresa é o Excel. E as contas da empresa e do proprietário são distintas.

EMPRESA C

Para controlar os gastos da empresa utiliza o software Excel. Faz-se também o uso do quadro financeiro separado por empresa contratante. Existe uma separação das contas dos proprietários e da empresa.

A divulgação da empresa é feita de forma indireta (boca a boca), e também com o site. A empresa utiliza um cálculo padrão para mensurar o valor dos projetos segundo a metodologia criada pelo Prof. Dr. Walter Maffei (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP). A proposta técnicocomercial é baseada no modelo sugerido pela ASBEA, em que o pagamento está vinculado a cada fase de entrega do projeto.

A propaganda indireta (indicação boca a boca) e o site são as formas de divulgação da empresa. O cálculo do valor dos projetos é feito a partir dos seguintes critérios: preço encontrado no mercado, região, e os valores de propostas anteriores. A proposta técnicocomercial se resume em apenas uma página.

Não existem critérios definidos para a contratação e demissão de pessoal. A empresa não faz treinamento com os seus colaboradores. Embora, os projetos sejam desenvolvidos

O principal requisito observado na durante uma entrevista de contratação de pessoal é o relacionamento interpessoal. O treinamento dos colaboradores é

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MÓDULO

6

Sistema de Informações

7

Planejamento e Controle do Processo de Projeto

8

Serviços Agregados ao

EMPRESA A

EMPRESA B

EMPRESA C

ocupa o mesmo espaço da empresa de projeto. Todos os projetos são desenvolvidos pelos projetistas da própria empresa que fazem parte da equipe técnica desde 2007.

na própria empresa, os projetistas não são contratados, mas sim, terceirizados.Os projetos são pagos diante de uma porcentagem de acordo com o contrato e o nível de complexidade do projeto.

A empresa não controla às informações verbais ou escritas entre os seus colaboradores. E para os clientes externos utiliza como registro e-mails ou o SADP. Utiliza um checklist criado pela própria empresa constantemente em todos os processos do projeto.

As informações verbais ou escritas entre os seus colaboradores não são documentadas. Somente nas reuniões com os clientes faz-se o registro por meio de atas ou e-mails. Para a contagem das horas técnicas utiliza-se a ferramenta Time Chip para a contabilização do tempo. O escopo das etapas de projeto e a lista de sequenciamento das atividades utilizados pela empresa são baseados no modelo da ASBEA. A estimativa do número de horas técnicas necessárias para a confecção dos projetos é contada somente nos projetos de arquitetura. Isso porque, os projetos de urbanismo levam, geralmente, dois anos para serem finalizados. Os projetos são impressos para a

realizado de forma constante (1 hora de estudo por semana). E, em especial, para os iniciantes que recebem um treinamento mais intensivo. Todos os projetos são desenvolvidos dentro da própria empresa. A empresa não documenta as informações verbais ou escritas entre os seus colaboradores. E, para os clientes externos utiliza atas em ocasiões muito pontuais. Não estabelece nenhum tipo de procedimento ou rotina de trabalho para a coordenação das atividades.

O sequenciamento das atividades é feito por meio do checklist das etapas do processo de projeto. Em geral, o projeto legal leva em torno de quatro meses e o projeto executivo seis meses para a sua confecção. A empresa trabalha com banco de horas.

Os projetos são entregues via e-mail.

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O escopo das etapas do projeto, geralmente, é definido pela empresa contratante. Não possui uma listagem formal do sequenciamento das atividades que compõem o desenvolvimento do projeto. A estimativa do número de horas técnicas para a confecção dos projetos é definida de acordo com a tipologia. A entrega dos projetos é feitas por

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MÓDULO Projeto

9

Avaliação de Desempenho

EMPRESA A

EMPRESA B

EMPRESA C

O projeto legal é validado a partir da aprovação na prefeitura, e o executivo por um escritório de compatibilização de projetos escolhido pelo contratante. A empresa não faz reuniões para a entrega dos projetos.

entrega, e também são enviados via email. A validação e confirmação do projeto são realizadas por email. Sobretudo, no caso de licitações é solicitado o preenchimento de formulários e comprovantes a pedido do contratante. A empresa não faz reuniões para a entrega dos projetos. Não aplica nenhum método para avaliação de desempenho dos projetos, e da satisfação dos clientes e usuários.

e-mail ou por meio de um CD-ROM. A empresa não realiza reuniões para a entrega dos projetos. E a validação dos projetos é feita por email ou no ato da entrega do CDROM.

A avaliação de desempenho dos projetos é realizada de forma constante com o acompanhamento da obra. Os aspectos de construtibilidade e economicidade também são avaliados, e retroalimentados para os empreendimentos futuros. Não utiliza nenhum tipo de avaliação de satisfação formalmente escrita, como por exemplo, questionários

A empresa possui um formulário para avaliar o desempenho de seus projetos, porém, segundo o entrevistado não recebem as respostas dos seus contratantes. A avaliação da satisfação dos clientes é realizada de maneira informal. E, fazem visitas até a obra somente quando solicitado.

7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS As empresas de projetos escolhidas como estudos de caso deste artigo tiveram o objetivo de mapear os principais processos que compõem os sistemas de gestão dessas empresas na região metropolitana de GoiâniaGO. Assim, como Oliveira (2005) descreve a realização dos estudos de caso veio a confirmar um quadro que já era esperado no setor de projetos. Pois, essas empresas, geralmente, são dirigidas por técnicos com sérias deficiências relacionadas à gestão, uma vez que estão mais preocupados com o seu processo produtivo.

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Dessa forma, este quadro afirma que os principais problemas encontrados nessas empresas estão ligados a gestão administrativa, bem como a falta de capital para investir na melhoria contínua de seus processos, e o alto grau de dependência com o desempenho econômico do setor. Nos três casos estudados, observou-se que os gestores, em geral, desconhecem as técnicas de gestão e planejamento para as suas empresas. Particularmente, na empresa ‘’A’’, em virtude da parceria com a empresa construtora, certificada no Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001 e PBQP-H Nível A, pode-se dizer que esta empresa possui um caráter mais corporativo, ao invés da imagem do ‘’ateliê de projetos’’, tão comum neste mercado. Com isso, identificou os seguintes aspectos: Maior padronização dos seus processos; novos investimentos em tecnologia, como por exemplo, o Autodesk Revit – BIM (Building Information Modeling), e o uso de softwares originais; o escopo com a definição das etapas do processo de projeto criado pela própria empresa é constantemente revisado; existe um acompanhamento da obra para avaliar aspectos de construtibilidade, economicidade, e erros ou detalhes de projetos que dificultam a execução; retroalimentação do processo executivo para os futuros empreendimentos. Na empresa ‘’B’’, o diferencial encontrado foi com relação ao uso de uma metodologia fixa para o cálculo do valor do projeto, neste caso somente o projeto de arquitetura, e a contabilização do número de horas técnicas para a confecção dos projetos por meio de um Time Chip. Enquanto que na empresa ‘’C’’, observou-se a utilização do software CAD/TQS no seu processo produtivo, sendo este específico para projetos de estruturas de concreto armado, concreto protendido e alvenaria estrutural, considerado também uma tecnologia BIM. Em resumo, as três empresas de projetos entrevistadas possuem as seguintes características em comum, são elas: • • • • •

As contas da empresa e dos proprietários são separadas; Os projetos são desenvolvidos dentro da própria empresa; A divulgação comercial é realizada por meio do site e da propaganda indireta (boca a boca); Não controlam as informações verbais ou escritas por meio de formulários preestabelecidos entre os seus colaboradores; Não fazem reuniões para a entrega dos projetos.

Em conclusão, para que o modelo sugerido por Oliveira (2005) gere resultados positivos para as empresas de projetos, faz-se necessário que os seus gestores conheçam as suas deficiências técnicas e de gestão. E, principalmente que estejam dispostos a ‘’mudar’’, uma vez que precisam compreender não somente os benefícios potenciais que este modelo pode trazer, mas também os desafios que ele impõe na sua implementação. Por

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isso, é fundamental que essas empresas sejam preparadas de acordo com as suas necessidades e com a realidade em que elas se encontram. REFERÊNCIAS MANSO, M. A.; MITIDIERI FILHO, C. V. Gestão e coordenação de projetos em empresas construtoras e incorporadoras: da escolha do terreno à avaliação pósocupação. São Paulo: Pini, 2011. OLIVEIRA, O. J.; MELHADO, S. B. Gestão do processo comercial em empresas de projeto. 7, 2003, São Paulo, 2003. OLIVEIRA, O. J. Modelo de gestão para pequenas empresas de projetos de edifícios. 2005. 279 f. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. OLIVEIRA, O. J.; MELHADO, S. B. Como administrar empresas de projeto de arquitetura e engenharia civil. São Paulo: Pini, 2006. OLIVEIRA, O. J.; MELHADO, S. B. Proposta de um modelo de gestão para pequenas empresas de projeto de edifícios. Revista Gestão & Tecnologia de Projetos, São Paulo, v. 3, n.2, p. 106-126, 2008. SOUZA, F. R.; MELHADO, S. B. A importância do sistema de informação para a gestão das empresas de projeto. Revista Gestão & Tecnologia de Projetos, São Paulo, v. 3, n.1, p. 121-139, 2008. SOUZA, F. R. Implementação de modelo de gestão para empresas de projetos de edifícios. 2009. 220 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

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