Análise da Interatividade nas Mídias

May 18, 2017 | Autor: Cândida Almeida | Categoria: Social Media, Mídias Sociais
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2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais

4. Análise da Interatividade nas Mídias364,365 Monica Franchi Carniello366 Universidade de Taubaté/ Anhanguera Educacional Adolpho Carlos Françoso Queiroz367 Mackenzie/ Anhanguera Educacional Adriana Pessatte Azzolino368 UNICAMP/ Anhanguera Educacional Maria Cândida Almeida369 PUC SP/ SENAC/ Anhanguera Educacional Tércio de Abreu Paparoto370 Anhanguera Educacional

RESUMO O desenvolvimento tecnológico das mídias remodelou as possibilidades dos processos comunicativos e ampliou o potencial interativo dos meios de comunicação. Esse artigo tem por objetivo verificar os potenciais de interação das mídias eletrônicas e digitais que se consolidaram nos processos de comunicação da sociedade ocidentalizada nos séculos XX e XXI. A pesquisa caracteriza-se como exploratória quanto ao objetivo, de abordagem qualitativa, com delineamento bibliográfico, e as mídias foram analisadas a partir de critérios estabelecidos tomando como premissa o conceito de interatividade, discutido na revisão de literatura. Verificou-se que o estabelecimento de uma estrutura de comunicação pautada no modelo de rede, cenário viabilizado com a emergência da tecnologia digital, ampliou o potencial de interação das mídias. No entanto, nem sempre tal potencialidade é explorada em sua totalidade. Palavras-chave: Comunicação digital; Interatividade; Mídias sociais.

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Artigo apresentado no II Encontro Regional Sudeste de História da Mídia, no GT 6 – História da Midia Digital. 365 Esse artigo é resultado parcial do projeto Mídias Sociais: tendências e desafios da comunicação em rede, desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa da Anhanguera Educacional e financiada pela FUNADESP 366 Doutora em Comunicação e Semiótica (PUCSP). Professora e Pesquisadora UNITAU-SP, Anhanguera Educacional e FUNADESP- Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular. E-mail: [email protected] 367 Doutor em Comunicação (UMESP), Professor e Pesquisador Universidade Presbiteriana MACKENZIE; Anhanguera Educacional e FUNADESP- Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular. 368 Doutora em Comunicação (USP), Professora e Pesquisadora-Colaboradora DMM-IA-UNICAMP; Anhanguera Educacional e FUNADESP- Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular. 369 Doutora em Comunicação e Semiótica (PUCSP). Professora e Pesquisadora; PUC-SP;SENAC-SP; Anhanguera Educacional e FUNADESP- Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular. 370 Doutor em Literatura (USP), Professor e Pesquisador ; Anhanguera Educacional e FUNADESP-Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular

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2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais Introdução A tecnologia é um dos elementos diretamente relacionados com o desenvolvimento humano. No decorrer da história, é possível observar vários pontos de transição social e cultural a partir de inovações tecnológicas. O século XX, especificamente, é marcado pela intensidade do desenvolvimento tecnológico, em um período histórico relativamente curto, o que impactou em vários campos de atuação humana, dentre os quais as mídias, que são o foco desse trabalho. São vários os marcos tecnológicos relativos aos meios de comunicação, tais quais a imprensa que, apesar de se impor de forma mais lenta do que se imagina (CHARTIER, 1998, p.9), inegavelmente amplia as possibilidades de distribuição de mensagens a partir de meados de 1450. No período contemporâneo, a consolidação dos meios eletrônicos no século XX e o subsequente processo de digitalização dos meios de comunicação, que se difunde de maneira mais evidente a partir da década de 1990, explicitam a relação direta entre desenvolvimento tecnológico e os processos de comunicação, visto que essas mudanças tecnológicas impactam diretamente na estrutura constituinte dos fluxos comunicacionais. É com a ascendência das mídias eletrônicas e, posteriormente, digitais, que a ciência da comunicação se consolida como campo do conhecimento, ao tomar para si como objeto de estudo as mídias, que, sob distintas abordagens, são compreendidas e teorizadas. Santaella (2001), na comunicação foi o desenvolvimento das práticas, a invenção dos novos meios de comunicação que motivaram os estudos. Dentre os focos de pesquisa destacam-se: mensagens e códigos; meios e modos de produção de mensagens; contexto comunicacional das mensagens; sujeito-emissor da comunicação; e teorias da recepção. A abordagem delimitada para o estudo das mídias nesse artigo é o potencial interativo dos meios. Parte-se da premissa de que, a partir da observação da história da mídia, as tecnologias midiáticas caminharam para uma ampliação das formas de interação entre usuários e meios, bem como interação entre usuários. O objetivo desse artigo é verificar os potenciais de interação das mídias eletrônicas e digitais que se consolidaram nos processos de comunicação da sociedade ocidentalizada nos séculos XX e XXI.

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2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais Tomou-se o cuidado de compreender que a interatividade, assim como qualquer outro conceito, está sujeito à historicidade. Tal perspectiva pretende evitar o olhar anacrônico sobre o objeto. Tecnologia e mídias: ampliação dos processos de comunicação Para compreender as relações entre mídia e tecnologia, toma-se como referência conceitual a definição de Pross (1971), que estabeleceu uma categorização das mídias que permite a compreensão da evolução das mídias e tecnologias de comunicação desenvolvidas pelo homem. A proposição de Pross está na classificação das mídias em primária, secundária e terciária.

A mídia primária pode ser compreendida como o próprio corpo e suas

potencialidades físicas, sensoriais e cognitivas, já que, nessa instância, o processo de comunicação se dá sem o uso de quaisquer aparatos. O diálogo presencial é a melhor ilustração da mídia primária. Já na mídia secundária o emissor faz uso de aparatos para se comunicar, tais quais papel e caneta, por exemplo, e o emissor decodifica a mensagem sem a necessidade de qualquer aparato. Nessa fase a tecnologia já se faz presente no processo de comunicação, cuja mediação imprime maior grau de complexidade aos fluxos comunicacionais. Na chamada mídia terciária, ainda segundo Pross, emissor e receptor fazem uso de aparatos para a viabilização do processo de comunicação, o que contempla as mídias eletrônicas e digitais, todas pautadas em complexos aparelhos de codificação e decodificação. Ressalta-se que as três dimensões midiáticas coexistem na sociedade. Conforme tecnologias passaram a ser utilizadas com fins de ampliação dos fluxos de comunicação, novas possibilidades de interação se delineiam. Essas possibilidades de interação, bem como a própria concepção de interatividade, se refletem nas teorias da comunicação que foram formuladas a partir dos estudos midiáticos. Retomando uma das teorias da comunicação de massa pioneiras, datada do início do século XX, a Teoria Hipodérmica, definida como ―um processo iniciado nos meios de comunicação, que atingem os indivíduos provocando determinados efeitos‖ (ARAÚJO, 2007, p.126) bem reflete uma primeira leitura que concebia os fluxos de comunicação como via de mão única, e as mídias como onipotentes. As características das mídias existentes na época conduziram a essa leitura das mídias, bem como o estado da arte dos conceitos e estudos 625

2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais sociológicos vigentes na época. Em tal concepção, obviamente superada, a presença de interatividade é mínima e talvez pouco percebida e discutida, uma vez que o conceito se forma de maneira mais consistente em um período posterior. Nas teorias que sucedem essa primeira abordagem da comunicação, especialmente da escola norte-americana, observa-se uma gradual ruptura com a concepção de um receptor passivo, o que abre uma porta para a reflexão sobre a interatividade das mídias. McLuhan (1974) permeia, de certo modo, a perspectiva de interatividade ao categorizar os meios de comunicação em meios quentes e meios frios. Segundo o autor, o meio quente prolonga um único de nossos sentidos, com uma alta saturação de dados (por ele denominado de ―alta definição‖) como é o caso da fotografia e do rádio, que não deixam muita coisa a ser complementada ou preenchida pelo receptor da mensagem. Verifica-se, portanto, a identificação de baixa interatividade. Já os meios frios, segundo McLuhan (1974), proporcionam mais envolvimento, com maior profundidade e expressão integral, dentre os quais estão o telefone e a fala. Verifica-se um maior nível de interatividade nos meios frios. Para o autor, os meios quentes excluem e os meios frios incluem. Tal concepção reflete um contexto midiático pautado prioritariamente nas mídias eletrônicas e impressas, que consolidaram a comunicação de massa, que se reconfigura com o advento das mídias digitais estruturadas em rede. ―Os meios de comunicação de massa constituem apenas uma pequena parte de uma indústria da informação que é cada vez mais dependente das ferramentas de distribuição da Internet para entregar seus produtos‖ (DIZARD JUNIOR, 1998, p.25). A concepção da comunicação de massa implica na baixa interação entre emissor e receptor e entre receptor e mensagem, premissas da interatividade. No contexto contemporâneo da comunicação emissor e receptor não existem mais isoladamente, emergindo a figura do emissor-receptor. Interatividade no cenário midiático contemporâneo A tecnologia digital e sua aplicação nos sistemas midiáticos, estruturados em rede, rompeu com o monopólio das empresas para a reprodução, transmissão e armazenamento de informações. Com os recursos da informática existentes atualmente, o próprio autor pode exercer também a função de editor, pois é capaz de editar, diagramar, imprimir e distribuir seu texto, acumulando papéis antes claramente definidos. A mudança do papel do receptor proporcionada pela possibilidade da comunicação de mão dupla mediada trouxe consigo a

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2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais possibilidade e a necessidade da chamada interatividade, termo adotado pelo marketing e explorado indiscriminadamente pelas mensagens publicitárias. Compreende-se como interatividade o envolvimento dos dois pólos do processo comunicacional, fonte e receptor, na construção de uma mensagem. O grau máximo de interatividade, se pensarmos em todas as mídias, ainda está na mídia primária, por meio do diálogo (PROSS,1971) . O diálogo protagonizado corpo a corpo é a comunicação com o mais alto grau de interatividade possível para um ser humano. A mensagem é construída paulatinamente conforme os sons emitidos e a linguagem gestual do corpo, que interdepende da linguagem verbal, em uma troca mútua de papéis e compartilhamento da mesma intencionalidade, a da construção da mensagem. No entanto, o diálogo exige a presencialidade. Reproduzir tal nível de interatividade por meio de aparatos, superando o tempo (efemeridade da fala) e o espaço (distâncias geográficas), de maneira a tornar viável a comunicação em tempo real disponível para o maior número de pessoas possível foi um dos feitos das mídias digitais. Na década de 1990, Negroponte sinalizou que as formas de interação já seriam o foco do aprimoramento tecnológico das mídias. O maior desafio para a próxima década não é dar às pessoas telas maiores, melhor qualidade de som e um painel gráfico mais fácil de usar. É fazer computadores que conheçam o usuário, aprendam quais são as suas necessidades e entendam linguagens verbais e não verbais (NEGROPONTE, 1997, p.91-92). A estrutura em rede foi um conceito que se aproximou muito do ideal de recriar o diálogo do homem, pelo menos se compararmos com as outras mídias eletrônicas, e impactou fortemente sobre todos os setores da sociedade, pois foi uma quebra na linha evolutiva dos meios de comunicação. Todas as invenções ou aprimoramento das mídias até então eram fundamentadas na comunicação de massa, ou seja, tinham como objetivo aumentar o alcance de uma única mensagem para um número cada vez maior de pessoas. As teorias da comunicação

contemporâneas

contestam

o

modelo

linear

da

comunicação

emissor/mensagem/receptor, que não é compatível com as estruturas organizacionais dos meios de comunicação atuais, baseadas na idéia de rede. O que houve com a viabilização da Internet foi a passagem da comunicação de massa, na qual um fala para muitos, ignorando os traços distintivos individuais dos receptores, para a comunicação segmentada. A idéia do compartilhamento de intenções que existe em um 627

2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais diálogo passa a ser possível na cultura interligada por redes, interconectada, que troca informações o tempo todo através de uma estrutura rizomática, labiríntica. Podemos pensar, também, que a interatividade não se dá entre o homem e a máquina apenas. O que ocorre é mais amplo, é o compartilhamento de memórias, sendo que a interface nada mais é do que um lead para a memória coletiva. O termo interatividade foi rapidamente absorvido pelos discursos da publicidade e do marketing com função de seduzir (ou mesmo iludir) uma sociedade tecnoburocrática facilmente volúvel aos rótulos comerciais. Galindo (2002) propõe uma distinção conceitual entre a interatividade e a reatividade.

Para o autor, interatividade implica em uma bi-

direcionalidade, lembrando do diálogo com o mais alto grau possível de ser atingido. Isso significa que ser interativo é ser imprevisível, ou seja, não é possível ter comunicação de mão dupla se um dá as cartas e o outro apenas as escolhe. Nas redes midiáticas, ser imprevisível significa trabalhar com sistemas abertos, nos quais é possível a interferência do receptor (que também passa a ser emissor) na construção da mensagem. Pode-se ainda encontrar um traço distintivo entre interatividade e compartilhamento, sendo que este último possui uma radicalidade própria que implica interferências e procedimentos desautorizados. As estruturas rizomáticas permitem a perda da noção de autor, eliminando a edição do processo de veiculação das mensagens por parte de um autor identificado. Muitas vezes, o que chega ao receptor com o rótulo publicitário de interativo, na maioria dos casos, é apenas o que poderíamos chamar de reativo. A mera escolha entre opções predeterminadas não passa de um estímulo à reação. Os resultados, por mais numerosos que sejam, são previsíveis, pois se limitam a um número possível de combinações a partir de um banco de dados. O que é estocástico não passa pelo paradigma da imprevisibilidade. Na propaganda, o grau máximo de participação do público seria o compartilhamento do consumidor nas ações estratégicas e comunicacionais das corporações, fato para o qual nossa economia ainda não está preparada, já que a produção conjunta desconstruiria a noção de autoria das empresas, causando um conflito enorme em relação à idéia de propriedade de marca, direitos de uso de imagem, etc. A difusão e crescente popularização da Internet, no entanto, tem indicado um inevitável caminho rumo ao compartilhamento, como é o caso dos blogs. As mudanças sociais se dão em diversos níveis conforme os grupos sociais, alguns de maneira extremamente veloz, outros de maneira bem mais lenta e resistente.

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2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais O fato é que essas mudanças interferem não somente nos adeptos aos computadores, mas também em toda a sociedade, pois alteram o paradigma do mundo contemporâneo, baseado anteriormente em uma evolução história linear que não tem mais espaço em uma sociedade estruturada em forma de redes que trazem novas perspectivas temporais e espaciais. Método A pesquisa caracteriza-se como exploratória quanto ao objetivo, de abordagem qualitativa, com delineamento bibliográfico. Para compreender como as mídias eletrônicas e sociais contemplam o conceito de interatividade, foram definidos critérios de análise baseados na definição de Galindo (2002) tomado como referência nessa pesquisa, a saber: - contato direto entre emissor e receptor - temporalidade do processo comunicativo - capacidade de resposta (feedback) - possibilidade de interferência no conteúdo da mensagem - construção coletiva da mensagem Resultados e discussão O Quadro 1 apresenta a análise das mídias eletrônicas e/ou digitais quanto aos critérios estabelecidos para avaliar o potencial interativo de cada meio. Quadro 1 - Análise dos aspectos interativos das mídias eletrônicas e digitais Contato direto Temporalida Capacidade entre emissor e de do resposta receptor processo (feedback) comunicativ o Televisã o

Não há esse contato. Além disso, o emissor é institucional.

Permite a transmissão de mensagens gravadas e ao vivo.

de Possibilidade Construção de coletiva da interferência mensagem no conteúdo da mensagem

Mínimo. As poucas Não há essa Não há essa possibilidades de possibilidade. possibilidade. interação são de correntes de participações previamente autorizadas por 629

2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais meio de outras mídias, tais quais telefone ou Internet (mensagens/ tweets). Rádio

Não há esse contato. Além disso, o emissor é institucional.

Permite a transmissão de mensagens gravadas e ao vivo.

Mínimo. As poucas possibilidades de interação são de correntes de participações previamente autorizadas por meio de outras mídias, tais quais telefone ou Internet (mensagens/ tweets) e que dependem da escolha do editor ou locutor para serem lidos no ar.

Possibilidade que depende do formato de participação, conduzida pelo diretor e/ou locutor do programa. A interação se dá por meio de diálogo viabilizado por outra mídia (telefone).

Para que isso ocorra, o receptor teria que ser convidado a participar de um programa ao vivo, portanto a participação é, portanto, muito restrita.

Cinema

Não há contato.

Celular/ smart phones

Há contato Permite a Permite a resposta A mensagem direto entre reprodução imediata. é construída emissor e do diálogo simultaneame receptor. instantanema nte pelo nte. emissor e receptor, reproduzindo o diálogo mediado pelo aparato.

A mensagem é construída simultaneamen te pelo emissor e receptor, reproduzindo o diálogo mediado pelo aparato.

Computa dor

Pode haver contato direto entre emissor e receptor caso o computador esteja conectado

Permite a construção coletiva da mensagem, dependendo da ferramenta

esse Permite a Não há Não há essa Não há essa transmissão possibilidade de possibilidade. possibilidade de mensagens resposta direta. em tempo real. gravadas.

Permite a reprodução do diálogo instantanema nte, com uso de

Permite a resposta imediata, com uso de ferramentas como chats.

Todo o conteúdo pode ser manipulado, visto que se constitui

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2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais à Internet e ferramentas dependendo das como chats. ferramentas utilizadas. Tablet

Pode haver contato direto entre emissor e receptor caso o computador esteja conectado à Internet e dependendo das ferramentas utilizadas.

Permite a reprodução do diálogo instantanema nte, com uso de ferramentas como chats.

como arquivo utilizada, tal pautado na qual a Wiki. linguagem binária. Permite a resposta imediata, com uso de ferramentas como chats.

Todo o conteúdo pode ser manipulado, visto que se constitui como arquivo pautado na linguagem binária.

Permite a construção coletiva da mensagem, dependendo da ferramenta utilizada, tal qual a Wiki.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2012. Faz-se necessário destacar alguns aspectos referentes à análise proposta. O primeiro refere-se que a análise isolada do potencial interativo dos meios é necessária, no entanto é fato que as mídias operam na contemporaneidade de maneira interligada. Portanto, uma mensagem que é produzida inicialmente para ser veiculada na televisão, que tem menor potencial interativo, muito provavelmente se estenderá para a Internet, que possui maior potencial interativo. A existência de uma plataforma tecnológica única, a digital, permite a transposição, e consequente transformação, de uma mídia para outra.

―Essential to the

concept of cross-media is that there are more than one media/distribution devices involved, which support the central theme of the project from their own strengths.‖ (BOUMANS, 2004, p.4). Portanto, para a análise de um caso específico, torna-se necessário considerar o conjunto de mídias nas quais a mensagem foi veiculada, de maneira a compreender a totalidade do processo comunicativo. Outro ponto relevante é que o fato de uma mídia ter maior potencial interativo não significa que esse potencial seja sempre utilizado em sua totalidade. O grau de uso de recursos interativos dependerá do objetivo e do posicionamento ideológico do emissor, da habilidade na composição das mensagens e da capacidade de interação do receptor. Para as mensagens de conteúdo publicitário, por exemplo, conceitualmente faz mais sentido explorar a reatividade (apresentada ao consumidor sob o rótulo de interatividade), conforme aponta Galindo (2002), uma vez que exercer a interatividade de fato implica na perda do controle do conteúdo da mensagem, o que é um risco para a o anunciante, pois pode resultar em 631

2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais conteúdos desfavoráveis à imagem da empresa. Foram apontadas, portanto, as potencialidades de interação decorrentes das características tecnológicas de cada meio. Para avaliar o uso de tais potencialidades, sugere-se o estudo de casos de processos comunicativos nas distintas mídias. Também é importante ressaltar que a distinção entre mídias digitais e eletrônicas é fluída. Um processo comunicativo na mídia televisiva pode fazer uso de recursos digitais no processo de captação e edição de imagens, mas ainda fazer a transmissão analógica para um aparelho de televisão também analógico. Considerações finais O objetivo desse artigo foi verificar os potenciais de interação das mídias eletrônicas e digitais que se consolidaram nos processos de comunicação das sociedades ocidentalizadas nos séculos XX e XXI. Verificou-se que a potencialidade de interação tem relação direta com o desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação, que se intensifica com o processo de digitalização das mídias e sua estruturação em rede, o que reconfigura os fluxos de comunicação e estabelece uma sincronia entre os papeis de emissor e receptor, que se tornam indissociáveis. O próprio conceito de interação se delineia em paralelo ao aprimoramento tecnológico dos meios, rompendo com a premissa da comunicação de massa. É no âmbito da mídia terciária, conforme conceito de Pross (1971) que se observam os maiores potenciais interativos de processos de comunicação mediados por aparatos técnicos, o que imprime uma complexidade dos fluxos de comunicação, um aumento de signos e formas de representação, que se apresentam como características do contexto comunicativo contemporâneo. Referências bibliográficas ARAÚJO, C. A. A pesquisa norte-americana. In: HOHLFELDT. A.; MARTINO, L. C.; FRANÇA, V.V. (orgs.) Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 2007. BOUMANS, Jak. 2004. Cross-media: E-Content Report 8. E-Content Reports by ACTeN. Anticipating Content Technology Needs, August. http://talkingobjects.files.wordpress.com/2011/08/jak-boumans-report.pdf mar. 2012.

Acesso em: 29

CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: UNESP, 1997. 632

2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia Mídia: Memória e Esquecimento – Anais DIZARD Jr., Wilson. A nova mídia: a comunicação de massa na era da informação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. 4º ed. São Paulo: Cultrix, 1974. NEGROPONTE, N. Ser Digital. 2 ed. Lisboa: Caminho da Ciência, 1997. PROSS, H. Medienforschung. Darmstat: Carl Habel, 1971. SANTAELLA, L. Comunicação e pesquisa. São Paulo: Hacker, 2001.

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