ANÁLISE DAS TEORIAS DA DECISÃO DE VOTO E COMPORTAMENTO DO ELEITOR

May 29, 2017 | Autor: P. Giardini | Categoria: Eleições, Comportamento Eleitoral, Comportamento Político e eleitoral
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 Universidade Candido Mendes  Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro  Graduação em Relações Internacionais 

      PEDRO HENRIQUE GIARDINI 

                    

   ANÁLISE DAS TEORIAS DA DECISÃO DE VOTO E  COMPORTAMENTO DO ELEITOR                       1 

   Pedro Henrique Giardini 

                 

   ANÁLISE DAS TEORIAS DE DECISÃO DO VOTO E  COMPORTAMENTO DO ELEITOR                 Monografia  apresentada  ao  Instituto  Universitário  de  Pesquisas  do  Rio  de  Janeiro  da  Universidade  Candido Mendes  como  pré­requisito para  obtenção  do  título acadêmico de Bacharel em Relações Internacionais.        Orientador: Marcelo Simas     Pedro Henrique Giardini 

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   ANÁLISE DAS TEORIAS DE DECISÃO DO VOTO E  COMPORTAMENTO DO ELEITOR             Monografia  apresentada  ao  Instituto  Universitário  de  Pesquisas  do  Rio  de  Janeiro  da  Universidade  Candido Mendes  como  pré­requisito para  obtenção  do  título acadêmico de Bacharel em Relações Internacionais sob orientação do Prof.  Marcelo Simas.​.         

__________________________________________  Prof. Marcelo Simas. – IUPERJ    

 

__________________________________________  Prof. Antônio Botelho – IUPERJ  Leitor crítico 

  Rio de Janeiro             3 

                                       

Dedico  esse  trabalho  aos  amigos  que  ajudaram,  aos  professores  que  orientaram,  aos  familiares  que  aturaram  e  a  instituição  que permitiu.   

                 



       

               “​Raros são aqueles que decidem após madura reflexão; os outros andam ao sabor das  ondas e longe de se conduzirem deixam­se levar pelos primeiros.”  ­

Sêneca  

 

      

   

 



SUMÁRIO:   

INTRODUÇÃO……………………………………………………………..8   

TEORIA SOCIOLÓGICA………………………………………………....10   

MODELO MICHIGAN……………………………………………………..16   

TEORIA RACIONAL……………………………………………………....23   

TEORIA COGNITIVA……………………………………………………...29   

PSICOLOGIA E VOTO……………………………………………………34   

CONCLUSÃO………………………………………………………………41   

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO……………………………………....43       

   

 



RESUMO:  Essa pesquisa tem  como  objetivo analisar as  quatro principais  teorias de voto, a  teoria  sociológica  de  Lazarsfeld,  o  modelo  Michigan  de  Campbell,  a  teoria  racional  de  Downs e a teoria cognitiva de Heider e Festinger. O  trabalho  foi  feito  através da  leitura  de  artigos  e  teses  acerca  do  tema,  buscando  uma  abordagem  não  só  histórica,  mas  analítica,  através   de  autores  contemporâneos.  Em  conclusão, observa­se  uma  análise  do próprio trabalho, apontando as relações entre o ser humano, o poder e a política.       

ABSTRACT:  This  paper  has  a goal  to  analyze the four  main  voting theories.  The Lazarsfeld’s  sociological theory, the Campbell’s Michigan Model, Down’s rational theory and Heider’s  and  Festinger’s  cognitive  theory.  This  work  was  done  by  reading  of articles  and  thesis,  having  an  historical  and  analitical  approach  through  contemporary  authors.  In  conclusion,  an  analysis  of  the  paper  itself,   pointing  the  relations  between  the  human  being, power and politics.       

 



 

INTRODUÇÃO:  O  poder  sempre  foi  o   alvo  e  ambição  do  homem.  Os  meios  para  adquirir  esse  poder  variaram  com  o  tempo,  mas  desde  a  criação  da  república  grega,  que  o  mundo  começou  a  estudar  como  ser  o  representante  de  um  povo.  Cícero,  para  ser  eleito  Consul  de  Roma,  recebeu  uma  carta  de  seu  irmão  com  ensinamentos  de  como  conseguir  seus  votos.  A  busca  pela  eleição  é  tão  antiga  quanto  as  fundações  do  conhecimento ocidental.  Maquiavel,  filósofo e um dos pais da ciência política, tem como seu trabalho  mais  famoso  O  Príncipe.  Livro  com  ensinamentos  e  prescrições  sobre  como  ser  um  governante  mais  eficiente  e  de  como  se  manter  no  poder.  Destaco  um  trecho   demonstrativo, de como Maquiavel via a realidade.    Deve, pois,  um  príncipe não  ter  outro objetivo nem outro pensamento, nem tomar  qualquer   outra  coisa  por  fazer, senão  a  guerra  e  a  sua  organização  e  disciplina,  pois  que   é  essa  a  única   arte  que  compete  a  quem  comanda.  E  é  ela   de  tanta  virtude,  que  não  só  mantém  aqueles  que  nasceram  príncipes,  como  também  muitas  vezes  faz   os  homens   de  condição  privada  subirem  àquele  posto;  ao  contrário,  vê­se  que,  quando os  príncipes  pensam  mais nas delicadezas  do que   nas armas, perdem o seu Estado. A primeira causa que te faz perder o governo é  negligenciar  dessa arte, enquanto que a razão que te permite conquistá­lo é o ser  professo da mesma. (Maquiavel, pg. 86, 2010) 

   

Com  democracias  mais  estáveis  surgindo,  o  detentor  de  poder  passou  a  ser  o  que  era  mais  votado  pela  população  de um estado,  e  dessa forma,  o  estudo  de como  vencer guerras e batalhas deu espaço para o estudo de como vencer eleições.   Este  trabalho  começa  nesse  ponto,  analisando  as  principais  teorias  do  voto.  Começando  na  década  de  1940,  com  Paul  Lazarsfeld  e  sua  teoria  sociológica,  onde  cada  indivíduo  vota  de  acordo  com  seu  ambiente.  Após  essa  analise,  abordamos  o  modelo  Michigan  e  Angus Campbell, seu principal teórico. O modelo Michigan dizia  que  8 

sim,  os  eleitores  são   afetados  pelo  ambiente,  mas,  o  maior  impacto  decisório  provém  dos acontecimentos passados  e  presentes  na  vida do  indivíduo.  Em  terceiro momento,  olhamos sobre a teoria econômica do voto e seu principal autor Downs.   A teoria racional,  por  sua  vez,  aponta  que o indivíduo não decide através da sua classe  ou  dos  acontecimentos  da  sua  vida,  mas  sim,  de  quanto  vai  ganhar  ao  votar  em  candidato  A  ou  B.  Ele  faz  sua  escolha  de  forma  a  maximizar seu ganho  pessoal. Por  último,  observamos  a  teoria  cognitiva  do  voto,  e  sua  relação  de  consistência  e  dissonância.  Essa   teoria  afirma  que  os indivíduos buscam a consistência e  coesão  de  atitudes  e  pensamentos,  e  tendem  sempre  a  manifestar  seus  interesses  de  forma  a  fazer sentido com suas ações passadas.  O  estudo  dessas  4  principais  teorias  tenta  demonstrar  ao  eleitor  a  vastidão  de  conhecimento  na  área  e  também  pretende  explicar  de  forma  concisa  o  que  cada uma  defende.  Esse trabalho,  porém, está  longe  de  ser  completo  sobre  o  assunto, pois, não  aborda  ramificações  e  mutações  das  dadas  teorias.  Além  disso,  o  ramo  de  comportamento  do  eleitor  nos  dias  de  hoje  está  fortemente  baseado  na  teoria  econômica  do  voto  e, por isso, muitas ramificações desta aparecem.  Mas novas  ideias  e  teorias  surgem.  A  teoria  psicodinâmica  e  a  teoria  dos  jogos  evolutiva  são  só   dois  exemplos do grande leque de novos estudos.        

 



  1. TEORIA SOCIOLÓGICA:  A Teoria Sociológica, estabelecida na Universidade de Columbia nas  décadas de  1940  e  1950,  por  Paul  Lazarsfeld,  que  baseia  sua  teoria  na  Escola  de  Würzburg  da  psicologia,  afirma  que  eleitores  tomam  atitudes  políticas  já  de  acordo  com  suas  predisposições políticas, sociais, econômicas e religiosas.  Pela  primeira vez os questionários foram utilizados como  técnica de investigação  da  corrida  eleitoral  presidencial.  Essa  investigação  tinha  como  uma  das  metas  identificar  como  os   eleitores  chegam  ao  seu  voto  (Antunes,  2010).  Essa  investigação  usava  uma  série   de  questionários  durante  diversos  momentos.  Esse  “painel”  foi  desenvolvido  de  uma  forma  que  é  possível   medir   mudanças  de  opinião  conforme  o  tempo  (Bartels,  2008).  O  trabalho  de  Lazarsfeld,  “The  People’s  Choice”  pode  ser  resumido  em  duas  sentenças,  “as  pessoas  votam   em  grupos”  e,  “uma  pessoa  pensa  politicamente da forma como ela é socialmente”.  Com  o  intuito  de  demonstrar  como  a  mídia  pode  afetar  a  decisão  do  voto,  a  equipe  pesquisadora  surpreende  ao  demonstrar  no  estudo  “​The   People’s  Choice”,  de  1944,  que  uma  minoria,  9%  dos  eleitores  apenas,  muda  seu  voto  com  o  passar  do  tempo,  contradizendo  sua  hipótese  inicial.  Essa  observação  permitiu  isolar  melhor   as  variáveis,  surgindo  então  a  categorização   do  eleitor  em  três  dimensões,  Estado  Socio­Econômico, Religião e Área de Residência.   

1.1 Escola de Würzburg:  Na  virada  do século  20,  a psicologia experimental ainda estava na sua infância e  um  grupo  de  estudiosos  se  reuniram  na  universidade  de Würzburg. Pegando influência  das  primeiras  escolas  de  psicologia,  como  apontado  por  Visser  (1998),  os  pesquisadores  mantinham  3  princípios.  Sensacionismo,  que  é  o  entendimento  que  todos  os  elementos  da  consciência  são  afetados  por  acontecimentos,  experiências  e  sensações.  Associacionismo,  todos  os  pensamentos  complexos  são  fruto  de  combinações de elementos mais simples. Já no terceiro princípio, a escola de Würzburg 

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discorda  de  Wundt,  pioneiro da psicologia.  Wundt diz  que processos complexos, como  pensamento  e  vontade,  não  podem  ser  mensurados.  Já  os  estudiosos  de  Würzburg,  liderados por Külpe, acreditam que sim, é possivel mensurar processos complexos.  Bühler,  um  Würzburgueano,  argumenta  que  nenhuma  das  3  correntes   mais  famosas  de  análise  na  época,  a  Würzburgueana,  a  Behaviorista  e  a  `Geisteswissenschaftlich’,  seriam  sozinhas, capazes  de  compreender  o pensamento do  indivíduo.  Mas sim todas aplicadas de forma simultânea. O método de estudo  de Bühler  consistia  em  entrevistas  em  profundidade  ao  longo  de  um  grande  período  de  tempo.  Ele,  então,  se  muda  para  a  universidade  de  Vienna  e  trabalha  junto  a  um  de  seus  alunos, Lazarsfeld (Visser, 1998).   

1.2 Homogeinização do eleitorado:  Um  dos  maiores  achados  de  Lazarsfeld  (1944)  foi  de  que  poucos  eleitores  mudam  de  opinião  durante  a  campanha.  De  600  indivíduos,  apenas  54  mudaram  de  opinião. A associação do eleitor com o grupo social a qual pertencia era tão grande, que  a  divisão  do   mesmo  em  3  categorias  era  fácil.  Onde  ele  se  encontrava  socio­economicamente,  qual  era  a  sua  religião  e  onde  morava  prediz  como  irá  votar  com  grande  precisão (Antunes, 2010). “Características sociais determinam preferências  políticas”  (Lazarsfeld,  Berelson  e  Gaudet,  1968).  Com  essa  afirmação  podemos  observar  como  a  teoria  sociológica  do  voto,  como  é  chamada,  se  baseia  exclusivamente  no  conceito  de  eleitor  prisioneiro,  como  apontado  por  Figueiredo  em  1968.  No  qual  coloca  o  eleitor,  no  modelo  sociológico  de  voto, como  prisioneiro a sua  classe  social  e,  consequentemente,  as  escolhas  inerentes  a esse grupo.  Isso  significa  que,  de  acordo com  o modelo proposto por Lazarsfeld, o eleitor irá votar de acordo com  sua classe  social,  de  acordo  com  as  pessoas  que moram, que vivem ou que trabalham  com ele, como é possível notar nas figuras a seguir.       

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Figura 1 ​  ­ Estudo demográfico dos votos nos Estados Unidos 

  Homens, Mulheres, Brancos, Negros e Hispânicos tendem a votar da mesma maneira apesar do  passar do tempo. 

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Figura 2  ­ Estudo demográfico dos votos nos Estados Unidos 

  A escolaridade e religião também são fatores decisivos para a decisão do voto, e se mostram  regulares com o passar do tempo 

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 http://pt.slideshare.net/christopherrice/voting­and­elections­43202   ​http://pt.slideshare.net/christopherrice/voting­and­elections­43202 

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Com  a  maioria  dos  eleitores  tomando  sua  decisão  eleitoral  utilizando  sua  base  social  e  econômica,  temos  então  uma  possível  homogeneização  de  grupos  eleitorais,  podendo prever, até certo nível, em quem cada grupo eleitoral vai votar.   

1.3 Clivagem Política:

 

A separação  entre classes  é  chamada  de clivagem, conceito proposto por Lipset  e  Rokkan  (1967)  e  Rokkan  (1970).  Essa  separação  é  relevante,  pois,  como  aponta  Sarlamanov  e  Jovanoski  (2014),  toda  energia  política  da  sociedade  é  canalizada  através  dos  sujeitos   políticos,  sujeitos  esses que  são  os  defensores  dos  interesses  de  seus  grupos  sociais,  “Desta  forma,  política  é  um  assunto  sobre  interesses  de  grupos”  (SARLAMANOV  e  JOVANOSKI,  pg.  18,  2014).  Como  grupos  sociais  não  são  atores  políticos, eles são representados por partidos e indivíduos.  Lipset e Rokkan fazem  sua  abordagem  sobre  a  clivagem  baseados na  teoria  de  conflito.  Eles  identificam  três  formas.  Conflito  é  baseado  em  diferenças  socio­econômicas.   Conflitos  possuem  consequências  ideológicas.  Conflitos  não  são  previamente  institucionalizados.  Esses  critérios  ajudaram  os  pesquisadores  a  demonstrar  que,  conflitos  tem  base  social,  que  esses  conflitos  se  identificam  com  grupos  sociais,  partidos  políticos  e  sujeitos  políticos  e  identificar  quais  possíveis  instituições podem resolver tal conflito (Sarlamanov e Jovanoski, 2014).  As  clivagens  relevantes  são  aquelas  que  dividem  os  grupos  sobre  temas  políticos de relevância. Essas clivagens, porém, podem se modificar conforme a história  e  o  tempo  (Sarlamanov  e  Jovanoski,  2014).  Lipset  e  Rokkan  (1967),  porém,  definem  quatro  grandes  clivagens,  sendo  elas, a divisão entre periferia e centro,  igreja e estado,  urbano  e  rural,  e  capital  e  trabalho.  Essas  divisões  são  de  grande  importância,  principalmente,   depois  da  percepção  da  mesma  pelos  sujeitos  políticos  (Antunes,  2010).  Essas  clivagens  primárias  exercem  muita  força  política  para  mobilização,  pois,  todas  as  quatro  possuem  raízes  sociais  profundas,  e  podem  surgir  ao  ser  discutido  outros  temas de relevância pelos sujeitos políticos. O caso mais comum, como apontam 

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Sarlamanov  e  Jovanoski  (2014),  é  marcar  essas  clivagens  em  outras  já  existentes  no  cenário político de interesse do sujeito, para ganhar mais força e relevância.   

1.4 Interesse público, mídia e comunicação política:  O  trabalho  da  teoria  sociológica  do  voto  é  extremamente  baseada na aquisição  da  informação  como  vetor de  mudança. Informação essa que  vem  através  do convívio  com  o  seu  ambiente.  Esse  vetor  de  mudança  aparece  como  mecanismo  gerador  de  decisão.  O  estudo  de  Lazarsfeld  propõe  3  possíveis  efeitos: ativação  dos  indiferentes,  fortalecimento  dos  laços  com  seu  partido  e  conversão  dos  indecisos.  Foi  observado  grande  impacto  da  propaganda  em  eleitores  já  pré­dispostos  a  votar em  tal candidato  (Antunes,  2010).  “Isso  é  o  que  a  campanha  faz:  reforço  53%;  ativação  de  uma  predisposição  14%;  reconversão  3%; conversão parcial 6%;  conversão  8%; sem  efeito  16%”  (Lazarsfeld,  Berelson  e  Gaudet,  pg.  103,  1968).  Esses  dados  demonstram,  portanto,  uma  estabilidade  dos  eleitores,  com  poucas  mudanças  da  decisão  do  voto,  mas  isso,  no  entanto,  não  significa  que  a  comunicação  não  tem  propósito.  O  uso  da  comunicação  política  serve, nesse contexto, para ativação e reforço das predisposições  partidárias (Mundim, 2010).  Esse  resultado  é  atribuído  a  um  fenômeno  de  atenção  seletiva  por  parte  dos  eleitores, como  aponta  Antunes (2010),  em que  os  eleitores que mais prestam atenção  a  comunicação  política,  normalmente,  são  os  mesmos  que  já  tem  sua  opinião   político­partidária  formada.  “O  poder  de  influência  dos  apelos  momentâneos  de  campanha  eram  fortemente  inibidos  pelas  identidades  políticas e pelo ambiente social  dos  eleitores”  (Mundim,  2010).  Esses  dois  fatores  tornam  a  aquisição  de  informação  algo  muito  seletivo,  em  que  só  irá  chamar  a  atenção  do  eleitor,  só  chegará  a  ser  informado  a  ele,  coisas  que  se  alinham  com  o  pensamento  das  pessoas  a  sua  volta.  Seja  através  de  formadores  de  opinião  em  seus  grupos  sociais,  dos  jornais  lidos  por  seus iguais ou  da  rádio e televisão ligada nos bares e nos vizinhos. A teoria sociológica  mostra  que  a  decisão  do  voto  não  é  algo  individualizado,  mas  sim,  uma  construção 

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social,  que  influencia,  e  em  algum nível impõe, certo  tipo  de pensamento.  A  decisão  é  um elemento de coesão do grupo, e não uma decisão individualizada. (Antunes, 2010).  Em  1954  os  pesquisadores  da  teoria  sociológica  do  voto  identificaram  3  novas  dimensões  de  estudo.  A  primeira  é  a  diferenciação  social,  que  baseada  na  condição  socioeconômica,  religião,  cor  e  lugar  de  residência,  gera  discordância  e  afastamento  político.  A segunda dimensão é que existam condições para melhor transmissão dessas  pré­condições  de geração para geração. A terceira dimensão diz que existe muito maior  proximidade  entre  membros  do  mesmo  grupo  que  entre  membros  de  grupos  opostos.  Essas  três  dimensões,  diferenciação,  transmissão  e  proximidade  tornam  os  grupos  sociais vetores  cada  vez  mais fortes de influência  e  decisão  política (Antunes,  pg. 150,  2010).  O  estudo  de  1954 mostrou,  ainda, que  os principais temas de discordância eram  os econômicos, apresentando uma grande diferença  entre os grupos socioeconômicos,  afiliações  partidárias  e  nível  de  interesse  nas  eleições.  Os  eleitores  inconsistentes  preferem  ignorar  as  diferenças  do  que  mudar  de  candidato  ou  de  partido  (Antunes,  2010).       

 

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2. MODELO MICHIGAN:  O  trabalho  de  Lazarsfeld  na  universidade  de  Columbia  demonstrou  o  potencial  das  pesquisas  para  entendimento  dos  resultados  eleitorais.  O  modelo  Michigan,  cujo  principal  teórico  é   Angus  Campbell,  nasceu   em  uma  pesquisa  sobre  políticas  internacionais  realizada  em  outubro  de  1948,  com  resultados  publicados  em  1952  (Bartels, 2008). Sua base psicológica é a escola de Gestalt (Visser, 1998).  Os  trabalhos da escola de Michigan se diferem em dois pontos dos de Lazarsfeld  e  dos  pesquisadores  da  Columbia.  A  escola   de  Michigan  baseia  seus  dados  em  pesquisas  nacionais,  já  Columbia  em  painéis  em  determinadas  cidades.  Como   apontado por Mundim (2010), além disso, para os pesquisadores de Michigan o modelo  psicológico,  ou  seja,  as  motivações,  inclinações  e   predisposições  psicológicas,  são  fatos fundamentais de análise, diferentemente  do  estudo  de  Columbia,  que se foca em  classes, regiões, cor, religião e afins.  Depois da primeira  pesquisa  ter  sido  um sucesso, chamando atenção do público  e da mídia,  os pesquisadores de Michigan decidiram fazer nova pesquisa para “analisar  a influência  de  vários  fatores psicológicos,  sociológicos,  e  políticos na  decisão do voto”  (Campbell  e  Kahn,  1952).  Essa  pesquisa  iniciou  uma  série  de  replicações,  ano  após  ano,  utilizando  do  modelo  Michigan  para  identificar  e  entender  a   eleição  nos  Estados  Unidos.   

2.1 Escola de Gestalt:  A  escola  de  Gestalt  se  opunha  fortemente  a  Würzburguiana,  dizendo  que  o  processo de sensacionismo e  o  associacionismo não acontecem de forma isolada, mas  sim,  por  inteiros,  e  seus inteiros possuem suas próprias regras de impacto no indivíduo.  Pedaços de acontecimentos normalmente  são partes do todo. A teoria Gestalt, portanto,  como  aponta  Visser   (1998),  se  preocupa  na  estrutura  dos  “Todos”  e  a  sua  interação  com  seus  “Pedaços”.  Além  disso,  os  Todos  tendem  a  se  organizar  de  forma  “boa”,  sendo que “bom” pode significar simples, simetria, ou regularidade, por exemplo. 

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Lewin, um Gestaltiano que se mudou para os Estados Unidos, começou a moldar  e  se  distanciar  do  modelo  Gestalt  clássico. Ele propunha  outra análise  para identificar  as  ações  dos  indivíduos.  Enquanto  a  escola  de  Gestalt  separava  o  indivíduo  de  seu  ambiente,  ou  campo, Lewin propôs que tanto indivíduo quanto ambiente fazem parte de  uma  constelação  de  fatores interdependentes. Para a possibilidade de compreensão ou  previsão  é  necessário  aplicar  vetores  de  decisão  para  o  indivíduo  nessa  constelação.  Acontecimentos e necessidades no seu ambiente exercem forças positivas e negativas.  O indivíduo tenta, então, se mover na direção da soma dessas forças.  A  inclusão  do  indivíduo  na  constelação  de  fatores  decisórios  e  a  análise não  só  dos  acontecimentos,  mas  também,  de  vontades   e  desejos  como  vetores  de  ação,  se  distancia da visão Gestaltiana clássica.  Lewin foi um dos psicólogos europeus com maior influência fora da Europa. Seus  trabalhos  foram  a  base  da  criação  do  centro  de  pesquisa  de  dinâmicas  de  grupo,  na  universidade de Michigan (Visser, 1998).   

2.2 Afinidade Política:  O  conceito  base do modelo  Michigan  é  a afinidade política, que se  traduz  como  afinidade  psicológica,  relacionamento  estável e duradouro  com o partido ou  candidato,  que  não  necessariamente  se  traduz em tomada  de  ação por parte  dos  eleitores,  como  voto, afiliação ou até militância no partido (Antunes, 2010).  O  processo  de  afinidade  política  se  dá   com  o  tempo,  como  aponta  Green,   Palmquist  e  Schickler  (2002)  “cidadãos  tem  um  duradouro  senso  de  quais  tipos  de  pessoas  pertencem  a  quais  grupos  sociais,  e   com  qual  eles  mais  se  identificam”.  As  interações  sociais  moldam  os  grupos  e  a  identificação  com  eles  ou  não  fazem  as  pessoas  se  unirem.  Dessa  forma,  podemos  observar  que  o  indivíduo  não  necessariamente pensa como seu colega  de trabalho, como sua classe, como apontado  por  Lazarsfeld,  mas  sim,  com  suas  predisposições,  crenças  e  seu  ambiente,  juntando­se a quem pensa de forma similar. (Antunes, 2010)  Como Campbell  ​e  Kahn (1954) apontam,  a  identidade  política  molda  a interação  17 

dos eleitores  com  a  política e, portanto, tem grande impacto na recepção das diferentes  mensagens  eleitorais,  principalmente,  aquelas  contrárias  a  suas  predisposições  psicológicas, como,  por  exemplo,  um  eleitor que acredita que um feto possui  vida e tem  tanta  importância  quanto  a  vida  da  mãe,  não  vai  aceitar  facilmente  um  discurso  pró­escolha ou um candidato que apóie essa causa.    3

Figura 3 ​ ­ Identificação partidária e opinião política 

  Essa tabela demonstra claramente preferências políticas e seu relacionamento com os  partidos. 

  Bertels (2008)  aponta  que o termo  usado por Campbell “aderência persistente” é  fundamental  para  entendermos  a  formação  do voto, pois, descreve que o eleitor, que já  possui  afinidade  a  certos  preceitos,  dificilmente  irá  mudar  de  opinião.  Como o próprio  Campbell afirma  em  seu trabalho, as opiniões não são imutáveis, porém, tendem  a a se  modificar  muito  lentamente.  Essa  “aderência  persistente”  nos  permite  pensar  em  previsão  de  voto,  já  que  permite  limitar  dão  segmento  de  “mudança  de  opinião”  na 

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 http://slideplayer.com/slide/5121073/ 

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análise  eleitoral.  A  “aderência  persistente”,  portanto,  peça  fundamental  na  análise,  é  uma  das bases para o modelo explicativo do  funil de causalidade,  que tenta demonstrar  que todas as variáveis distais e proximais, conforme definido à seguir, se misturam com  a afinidade política. Delas surge o voto.   

2.3 Funil de causalidade:  O  modelo  explicatório do funil  de causalidade  utiliza­se  de  diversas ferramentas  de  análise,  entre  elas  a  afinidade  política  e  sua  previsibilidade  através do conceito  de  “aderência  persistente”,  fatores  distais,  como  fatores  socio­econômicos  e  históricos,  e  fatores  proximais,  como  problemas atuais, opinião  dos  representantes e influência  dos  pares  (Antunes,   2010).  O  funil  funciona  de  forma  metafórica,  onde  em  uma  ponta  colocamos  todos  os   fatores  distais  e  proximais,  depois  disso  aparece  a  afinidade  política, fruto desses dois fatores. Por fim, sai na outra ponta do funil, o voto.  4

Figura 4 ​ ­ Funil de Causalidade 

     

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 ​http://www.popularsocialscience.com/2013/01/07/research­on­electoral­behavior­a­history/ 

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O  funil  deixa  claro,  portanto,  que  para  uma  mudança  do voto  é  necessária  uma  mudança  à  longo  prazo,  que  pode  afetar  um  fator  distal,  ou  um  acontecimento  muito  impactante,  que  possa  alterar  algum  fator  proximal.  Estudos  apontados   por  Antunes  (2010)  mostram, ainda,  que  mudanças  políticas ocorrem  no indivíduo quando ele altera  seu  estado  social,  como  entrar  em  uma  universidade,  casamento,  morar  em  outra  cidade  ou  mudar  de  emprego,  por  exemplo.  Como  sabemos,  o  indivíduo com  alguma  raridade muda seu estado social. Green  e  Palmquist (1990) indicam que uma mudança  à  longo  prazo  pode  mudar  sim  a  afinidade  política,  porém,  mudanças   de  curto  prazo  afetam  apenas  o  voto  e  não  a  afinidade  do  individuo.  Essa  mudança  pode  ser  vista  através  do  voto   em  um  candidato  similar  ao  previamente  escolhido,  por  exemplo.   As  mudanças  de  curto  prazo  podem,  portanto,  impactar  substancialmente  uma  eleição.  Simultaneamente,  com  os  fatores  distais  e  proximais,  podemos  analisar  como  o  eleitor  se relaciona com  o  candidato. Um discurso  ou  um  candidato que  foge  as expectativas,  por  exemplo,  pode fazer  com  que  o  indivíduo  vote  em outro  candidato, até  mesmo em  outro  partido, sem  afetar sua lealdade aos seus ideais, sem afetar sua afinidade política  (Antunes, 2010).   

2.4 Percepção e mídia:  Com  a  possibilidade  de  mudar  o  voto  mesmo  sem  alterar   sua  fidelidade  partidária  ou   sua  afinidade  política,  o  estudo  da  percepção  do  eleitor  e  como  o  candidato  se  comunica  se  mostra  importante,  pois,  é  o  principal  fator  de mudança  de  voto de acordo com o modelo Michigan (Bertels, 2006).  A  pesquisa  de   Michigan  mostra  que  “muitas pessoas  sabem  muito  pouco  sobre  importantes  questões  políticas”  (Mundim,  pg.  351, 2010).  Converse  (1962) mostra que  apenas  uma  pequena parte  dos  eleitores se interessa  por política  e  tem discernimento  entre  ações  políticas.  E  justamente  essa  minoria   que  se  interessa  em  comunicação   política,  em  conhecer  mais  sobre  o sistema  político,  que vive  a  política.  Devido  a  essa  maior  interação,  normalmente,  são indivíduos  com  afinidades  políticas já bem definidas  e  pouco  dispostos  a  mudar  de  opinião.  Por  sua  vez,  como  aponta  Mundim  (2010), os 

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indivíduos  mais  abertos  a  influência  da  comunicação  política  são  os  que  não buscam  esse tipo de informação.   Esse  cenário  exemplifica  o  modelo  de  Michigan.  Uma   análise  psicológica  do  indivíduo,  levando  em  conta  de  onde  veio  (fatores  distais)  e  como  interage  (fatores  proximais) consegue identificar a afinidade  política. Esses fatores já conseguem te dizer  qual  o  provável voto desse indivíduo.  O  fator  de curto prazo, que realmente pode afetar  seu  voto,  é  a  percepção  que  ele  tem  do   seu  candidato.  Se  o  eleitor  não  acreditar  no  discurso do  candidato com qual mais tem afinidade, ele pode mudar o voto. Por isso, os  proponentes  do modelo  Michigan  estudaram a comunicação  política e constataram um  cenário  curioso.   Os  mais  interessados  já  tem  muita  afinidade  política,  portanto,  são  difíceis  de  mudar  de  opinião.  Em  contra  partida,  os  mais  suscetíveis  as  informações  políticas,  com  baixa  afinidade,  são  os  que  menos  se  interessam  em  obter  tais  informações.  Isso  forma  um  cenário  de  previsibilidade,  onde os votos só mudam  caso  algo extraordinário, de alto impacto, aconteça.   

2.5 Modelo Michigan e expansão do campo:  Dois anos após a publicação das ideias do modelo Michigan, como aponta Visser  (1998),  houve  um   grande  crescimento  da  influência  desses  estudos  nas   áreas  de  pesquisas  sobre  a  decisão  do  voto  nos  Estados  Unidos  e  na  Europa.  Tanto  que  se  tornou a teoria mais bem aceita pela maioria.  Nas  primeiras  etapas, as pesquisas replicaram  o  funil de  causalidade em  outras   democracias.  “Foi  logo  descoberto  que  uma  variável  centrar  no  funil,  a  identificação  partidária,  não  tinha  o  mesmo  peso  e  efeito  nos  países  europeus  como  tinham  nos  Estados  Unidos”  (Visser,  1998).  Quando  testado  fora  das  normas  em  que  fora  concebido,  se  mostrava  com  muitas  falhas,  provenientes  das  diferenças nos sistemas  de partidários e eleitorais. (Visser, 1998)  As  consequências  desses  achados  não  afetaram  o  desenvolvimento  e  o  crescimento  do  modelo Michigan,  como  aponta  Visser  (1998).  Os estudos de  Michigan  produziram  a  junção  entre  fatores  sociais  e  atitudinais  na  decisão  do  voto  em futuras 

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pesquisas.  A  identificação  partidária,  uma  das  bases  do  modelo,  não  era  mais  uma  informação  de  tanta  relevância.  O  que  fez  os  estudiosos  buscarem  novas  formas  de  perceber  essas  preferências,  novos  meios de basear o modelo. A principal mudança foi  o entendimento de que as preferências partidárias podem sim sofrer mudanças de curto  prazo (Visser, 1998).   “Outro  assunto  de  pesquisa  que  chamou  a  atenção  de  forma  crescente  foi  a  necessidade  de  entender  as  estruturas  cognitivas  do  campo  socio­político,  especialmente  o  papel  das  crenças  e  ideologias”  (Visser, 1998). Essas  diferenças  nas  pesquisas  começaram  a  trazer  questionamentos,  como  apontado  por  Antunes  (2010),  em  que os estudiosos  da  época se perguntaram  se  essa  afinidade  política poderia ser,  por  exemplo,  um  atalho cognitivo,  e  não  uma  identidade. Atalho esse que pode permitir  o  eleitor  se  munir  de  mais  informação  na  hora  da  decisão,  mas  ainda  assim,  uma  ferramenta cognitiva, e não uma identidade.       

 

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3. TEORIA RACIONAL DO VOTO:  O  principal  trabalho da teoria econômica  do voto  surge  com Downs em 1957,  no  trabalho  “An  Economic  Theory  of  Democracy”.  A  teoria  econômica  do  voto,  também  conhecida  como  a  teoria  da  escolha  racional,aparece  como  tentativa  de  explicar  o  comportamento  eleitoral,  da  mesma  forma  que  é  explicado  o  comportamento  econômico  dos  indivíduos. O  princípio é  simples,  se  a  escolha  racional  pode explicar o  comportamento  do mercado, a escolha racional pode explicar o comportamento político.  “Estabelece  uma  analogia  direta  entre  consumidores  e  eleitores  e  entre  empresas  e  partidos políticos” (Antunes, 2010).  Através  dessa  analogia,  podemos  supor  que,  se  as empresas visam maximizar  lucros  e  os  compradores visam maximizar utilidade, podemos  teorizar que  os  eleitores  visam maximizar a utilidade  de  seu voto e os partidos visam  maximizar o ganho político  (Antunes, 2010) (Bertels, 2006).  A  teoria  racional  se  baseia  em  3 premissas,  como  aponta  Antunes  (2010): toda  decisão  é  racional, guiada pelo próprio interesse e  reforçada de acordo com o princípio  de maximização da utilidade. O sistema político democrático é confiável, sendo  possível  identificar  possíveis  decisões  que  todos  os  atores  tomarão  e,  portanto,  permite  certo  nível  de  previsibilidade.  O  sistema  político,  apesar  da  previsibilidade,  possui  alguns  fatores  de  imprevisibilidade,  situações  em  que  ocorrem  mudanças  de  opinião,  por  exemplo.  Comparativamente, a  teoria racional propõe um modelo mais formal, matemático,  que  os  outros  modelos  e  tenta  apontar  com   precisão  os  resultados  dos   pleitos  e  o  comportamento dos eleitores (Mundim, 2010).   

3.1 Voto estratégico:  Para  Downs  (1957),  o  termo  racionalidade  equipara­se com  eficácia. Sua  teoria  econômica,  ao  tratar  de  “decisão  racional”,  trata  de  “decisão  com  maior  eficácia”.  Portanto, eleitores e partidos racionais agem de acordo seus próprios interesses. 

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Com  a  racionalidade  da  política  temos  portanto,  uma  Interpretação  cínica  das  eleições.Os  partidos   buscam  ganhar  eleições,   não  necessariamente  para  implementar  políticas,  mas, para ganhos  próprios  e  para  aquisição de poder. Como  a vitória eleitoral  é  a  forma  de  atingir  o  poder,  os  partidos,  portanto,  buscam  ganhar  eleições.  Temos,  então,  que  a  decisão  racional  dos  partidos  é  ganhar  mais  votos  que  o  concorrente.  Nessa  análise,   é  mais  eficaz  formular  políticas  para  ganhar  eleições,  que  ganhar  eleições para formar políticas (Antunes, 2010).  A  racionalidade  do  sistema  político  provém  do  fato  de  que  eleitores  e  partidos  possuem  múltiplas  escolhas,  da  menos  a  mais  preferível.  Nesse  cenário  temos  duas  possibilidades.  O  eleitor  calcula  o  benefício  para  a  vitória  de  cada  candidato  e  assim  decide  seu  voto.  Se  ele  observa  uma  diferença  perto  da  nula,  ele  se  abstêm  do  voto  (Antunes, pg 162, 2010).  “A  teoria  racional  pressupõe  não  só  a  possibilidade  de  previsão  do  cenário  político,  mas  também  a  possível  comparação  entre  candidatos.”  (Antunes,  2010).  A  questão  que surge,  portanto,  é  como  o  indivíduo  faz o calculo do valor que ele irá obter  em  cada  opção.  A  forma  mais  utilizada  para  identificar   como  os  indivíduos  estão  se  relacionando  com  as  decisões  dos  partidos,  como  estão  reagindo  as   informações  políticas  e  a  mídia,  é  a  pesquisa  eleitoral,  que  tenta  quantificar  índices  de  aprovação,  desaprovação  e  opinião  da população em geral. Questionários, entrevistas e grupos de  foco  são  ferramentas  largamente  utilizadas  para  servir  como  termômetro  de aprovação  ou  não  de  candidatos,  políticas  ou  partidos,  e  assim,  quem  os  eleitores   estão  escolhendo como melhor opção.  Os  partidos, de uma forma simplista, tomariam as políticas que mais agradassem  a  maioria.  Mas  fazendo  uma  análise de “mercado”,  podemos observar  porque existem  tantas políticas diferentes. Imaginemos que o mercado esteja dominado por uma marca,  as  concorrentes  não  vão conseguir  crescer fazendo exatamente  a  mesma coisa  que o  dominante,  então,  apostam  em  mercados  de  nicho,  que  possam  não  estar  satisfeitos  com  a marca dominante. Esse dinamismo social faz com que os eleitores não se sintam 

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sempre  representados  pelo  governo  no   poder  e  busquem  alternativas.  E  é  nesse  momento que os partidos diferentes se mostram como opções viáveis (Bertels, 2006).   

3.2 Modelo espacial:  Para demonstrar como os partidos e candidatos se posicionam ideologicamente,  o  modelo  espacial  foi  usado por Downs.  Uma linha unidimensional, onde  de  cada lado  estaria  uma  política,  preferência  ou  ideologia. Os  partidos  seriam  postos em valores de  0 a 100,  de acordo com a proximidade  a cada uma das extremidades. Desse modo, os  eleitores  racionais   escolheriam  sempre  o  candidato  ou  partido  que  mais  próximo   estivesse  dos  seus  ideais  e  ideologias.  O  modelo  espacial  que  Downs  trouxe  à  tona,  apesar de não ser inovador, gerou inúmeros estudos sobre (Antunes, 2010).  5

Figura 5 ​ ­ Modelo espacial 

  Modelo espacial. A posição afeta a área de influência no espectro, por exemplo, político. Quanto  mais próximo ao centro, mais influência. 

De  acordo  com o  modelo,  a  decisão do voto  é apoiada por uma crença irracional  sobre  o  impacto  dessa  ação.  Como  a  eleição  é  focada  em  indicar  governantes  e  não  manifestar preferências,  o  eleitor avalia, portanto, as chances do partido e candidato de  ganharem  a  eleição  de  fato.  (Antunes,  2010).  Outro  fator  de  relevância  na  hora  da  decisão  do  voto,  é  a  possibilidade  de  vitória  de  um  partido  não  desejável.  O  eleitor,  portanto, vota no candidato que tem mais chances de eliminar o partido não desejável. 

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 Figura do autor 

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Antunes  (2010)  ainda  aponta  que,  o  modelo de  escolha  racional também  prevê  quanto  mais  o  eleitor  percebe  que  seu   voto  é crítico  para  a  decisão, maior chance  de  adesão,  de  participação  do  pleito  e,  consequentemente,  os  possíveis  benefícios  das  suas opções.  6

Figura 6 ​ ­ Presença do eleitor e importância da eleição 

 

3.3 Voto útil e presença:  Como aponta Antunes  (2008),  o eleitor  decide se vai  votar ou  não em um  pleito,  baseado  na  crença  irracional  da  eficácia  desse  ato.  Como,  por  natureza,   as  eleições  não 

são  o  palco  da  escolha  das  preferências,  mas  sim  a  escolha  do  governante,  o 

eleitor também avalia se seu voto pode trazer a vitória para tal partido.     Esta  decisão  pelo  voto  útil   depende,  não   apenas  da  avaliação   sobre  as  possibilidades  de  vitória do  partido  preferido, mas  também  da avaliação do  risco  de  as  eleições  serem  vencidas  por  um  partido  político  tido  como indesejável.  A  decisão  pelo  voto  útil   dependerá  em  larga  medida  da  importância  que o sujeito   der  à  necessidade  de  manter  determinado  partido  fora  do  governo  (Antunes,  2008). 

 

Conforme  a  teoria  econômica do  voto,  mais indivíduos tendem  a  votar se a  percepção  de importância  para o  pleito for grande e os benefícios esperados do ato forem maiores  que  o  custo  de  ir   votar.  Conforme  Antunes  (2008),  quando  o  eleitor  for posto perante 

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 EDLIN, Aaron; GELMAN, Andrew; KAPLAN, Noah. Voting as a rational choice: the effect of preferences  regarding the well­being of others. ​Unpublished manuscript, University of California, Berkeley​, 2005. 

 

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várias  candidaturas,  deverá  determinar  qual  a  diferença  entre  elas,  para  os  seus  interesses,  e  a  possibilidade  de  vitória  ou  derrota  dos  diversos  candidatos.  Se  o  indivíduo  não  identificar  possibilidade  de  mudança  através  do  seu  voto,  a  chance  do  mesmo não votar aumenta.   Blais  (2000)  descobre,  porém,  que  a  maioria  dos  eleitores  vota,  e  não  necessariamente pensando  em  custo­benefício,  mas,  por  sentido de  dever com o país.  O  modelo  racional,  portanto,  na  visão  de   Blais, não  explica  bem  porque  e  em  quem  o  eleitor  vota.  Também  observa  que  os  eleitores  aderem  mais  ao  sentir  que  seu  voto  importa, mas, o modelo racional superestima a importância do custo­beneficio.   

3.4 Modelo de crescimento de renda  Uma análise,  baseada  na  teoria  econômica  do  voto e  em Downs, é o modelo de  crescimento  de  renda,  exposto  aqui através  do  trabalho de De  Neve  (2013).  O modelo  relaciona crescimento ou estagnação/redução de renda com a decisão eleitoral.   O  argumento  de  De  Neve  é  que  cada  partido  ou  candidato  defende  mais  ou  menos  gastos públicos, maior abertura econômica ou mais protecionismo e ações afins.  Além  disso,  ele  afirma  que,  o  eleitor,  ao  ter  um  aumento  de renda em  uma  economia  própera, votará  em  candidatos da esquerda (esquerda americana, estudo de análise de  De  Neve,  2013),  enquanto  em  uma  economia  estagnada,  a  tendência  seria  no  voto  conservador,  buscando  uma  possível  preservação  de  bens.  Em  essência,  aponta  De  Neve  (2013),  o  modelo  de  crescimento  de  renda  é  a  comparação  entre   taxação  e  gastos  públicos,  com  aumento ou estagnação  de  renda.  Se a renda aumentar, o eleitor  não  teria  problemas  em  votar  pelo  aumento  de  taxas  e  gastos  públicos.  O   contrário  também  é  válido,  com  uma  renda  estagnada  ou reduzida, o  eleitor  vai  votar  em  quem  vai  cortar  gastos  públicos  e  reduzir  impostos.  “O  eleitor  médio  americano  tende  a  aprovar  mais  políticas liberais  quando a economia vai bem e se torna mais conservador  quando a situação deteriora” (De Neve, 2013).        27 

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Figura 7 ​ ­ Renda e escolha do voto 

  O gráfico mostra que, quanto maior a renda, maior porcentagem de voto na direita americana. 

 

 

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  http://www.newgeography.com/files/imagecache/Chart_fullnodeview/chartimages/2004presbyHincome1.png 

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4. TEORIA COGNITIVA DO VOTO:  Modelos  de  escolha  de  voto  variam  bastante e o conceito sempre é que o eleitor  decide  com  base  nas  suas  preferências ou  crenças.  Seja  o desejo  do eleitor  moldar  o  resultado  das  eleições  para  algo  mais  próximo  da  sua vontade ou tenham  vontade de  expressar  suas  crenças  e  convicções.  Psicólogos,  diferenciando  os  modelos  de  preferências  ou crenças,  assumem que  ações  passadas influenciam as atitudes futuras  (Mullainathan e Washington, 2009).    Economistas  tendem  a  pensar  que  preferências  são  estáveis  e  determinam   o  comportamento  dos  indivíduos.  Em  contraste,  psicólogos  sociais  sugerem  que  comportamentos  influenciam   preferências  e  atitudes.  A  teoria  cognitiva  surge   como  um  desenvolvimento  mais  proeminente  entre  esses  pensamentos.  (ELINDER, M, 2012) 

 

Um dos exemplos  em  que  se  baseia  a teoria cognitiva é a dissonância cognitiva,  que  é  o  desejo  interno  do  indivíduo  pela  consistência.  Como  aponta  Mullainathan  e  Washington  (2009),  esse  desejo  é  tão  grande  que,  se  o  indivíduo  toma alguma  atitude  que contraria  sua consistência,  ele normalmente muda suas crenças para se adequar a  nova  atitude.  A  partir  disso,  a  teoria  cognitiva  mostra  que,  o  ato  de  votar  torna  as  pessoas  mais  propensas  a  confirmar  suas  crenças  e  votar  novamente  no  mesmo  partido ou candidato, o que traz alguma previsibilidade para as eleições futuras (Elinder,  2012).   

4.1 Balanço e dissonância:  Ao  lado  de  Lewin,  Heider,  como  aponta   Visser  (1998),  foi  um  dos  mais  importantes  psicólogos  imigrantes  que  moldaram  o  campo  da  psicologia  social,  derivando  da  escola  de  Gestalt.  A  teoria  do  balanço  de  Heider  assume  que,  uma  pessoa (P) pode  ter  uma  relação com  outra  pessoa (O) e outra entidade não­pessoal X  (uma  ideia,  um  objeto,  por  exemplo).  Quando  todas  as  relações tiverem  vetor positivo,  

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forem  de  acordo  com  as  preferências  e  crenças  do   indivíduo,  ou dois  negativos e um  positivo,  a  relação  tende  ao  equilíbrio.  Quando  a  relação  P­O­X  não  possuir  esses  vetores,  as  ações   dos  indivíduos  irão  se  moldar,  tendendo  ao  equilíbrio,  ou  seja,  tentando  modificar  os  membros  (O  ou  X),  ou  a  relação  para  eles.  Se  através  de  mudanças de relacionamento ou de posicionamento para alguma das partes o equilíbrio  não for atingido, a relação gera tensão.    8

Figura 8 ​ ­ Vetores de equilibrio e desequilibrio 

 

Festinger,  aluno  de  Lewin,  formula  uma  teoria  de  dissonância,  que,  após  uma  tentativa de solução de alguma tensão gerada por P­O­X, a pessoa (P) tende a valorizar  essa  decisão  e  reafirmá­la.  Basicamente,  a  teoria  de  Festinger  diz  que  o  organismo  humano busca  a  harmonia, consistência ou, ao menos,  congruência  com  suas crenças  e  atitudes.  O  surgimento  de  dissonância  é  combatida  com  pressões  para  serem  solucionadas,  esclarecidas.  Quanto  mais  forte   a  dissonância,  mais  forte  a  pressão.  As  tentativas  de  solucionar  essas  dissonâncias   incluem  uma  mudança  nos  elementos  cognitivos, adição de novos elementos ou uma queda na importância desses elementos  (Visser, 1998)  Existe  então,  uma  diferença  clara  entre  balanço  e  dissonância.  Heider  leva em  consideração  não  só  os  elementos  cognitivos,  como  Festinger  faz,  mas  também  as  intenções  do  indivíduo. Já Festinger coloca o papel da cognição  como principal e quase  único motivador de ação (Visser, 1998). 

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4.2 Crescimento da teoria cognitiva:  Após  a  segunda  guerra  mundial,  o  mundo  começou  a  dar  mais  atenção  aos  computadores,  e  com  a  vinda  deles,  à  inteligência  artificial.  Em  pouco  tempo,  os  estudos  de inteligência artificial  estavam tentando descobrir a forma como um indivíduo  toma  uma  decisão.  Essa  pesquisa,  como  aponta  Visser  (1998),  foi  benéfica  para  os  psicólogos  sociais   e  cognitivos,  e  esses  profissionais foram úteis  para  os  engenheiros  criarem  a  inteligência artificial. Enquanto a eficácia da inteligência artificial é duvidosa, a  forma  de  pensar  o   indivíduo  como  uma  máquina  ajudou,  e  muito,  a  pesquisa  da  psicologia  cognitiva.  Ver  a  pessoa  como  uma  receptora  de  dados,  percepção,  processando esses dados, pensamento, e convertendo em ação, decisão.  Em  pouco tempo,  a  teoria  cognitiva passou  a  ser  compreendida como “o estudo  do  conhecimento  e  como  as  pessoas  o  usam”  (Glass;  Holyoke,  1986). Sua  aplicação,  comumente,  é  em  como  o  indivíduo percebe outras pessoas e a si mesmos. Hastie, em  1986,  tenta  expor  7  características  do  processamento  de  informação.  A  primeira  característica  é  a  informação.  Através  dela  que  se inicia  todo  o  processo  de análise e  decisão.  A  segunda  característica  é  que  toda  informação é armazenada em memória.  Terceira,  é  que  informação  armazenada  se  torna  disponível,  através  de  ações  ou  estímulos  do  indivíduo.  Já  a  quarta  característica  é  que  o  pensamento  sofre  mutação  simbólica,  se  confundindo  e  se  misturando com outros símbolos. A quinta característica  é  que  o  processo  do  pensamento  é  controlado  e  enviesado  para  atingir  metas  e  desejos.  Sexta,  é  que  o  processo  do  pensar  é  uma  mistura  de  memórias  de  longo  prazo,  de  curto  prazo,  sensações  e  memórias  singulares.  A  sétimas  e  ultima  característica  é  que o processo de  pensamento  atua com economia de energia (Visser,  1998).        31 

4.3 Voto e cognição:  A teoria cognitiva do voto possui  um  alto  grau  de relevância, visto que consegue  ser  flexível,  analisando  poucos  ou  muitos  dados,  onde  o  indivíduo  pode  ter  muitas  interações  (memórias  curtas,  longas,  sensações  e  memórias  singulares)  diferentes,  e  escolher  qual  desses  esquemas  de  interações  deve  ser  utilizado  para   determinado  momento,  como  para  escolher seu voto,  por  exemplo.  Um  dos fatores para análise das  decisões  é  o  uso  dos  esquemas  e  a  vinda  de  novas  informações.  Quando  certo  indivíduo  recebe  uma  informação,  o  esquema  que  está  ativado  processa e define  sua  reação.  Uma  das  definições  de  esquema,  objeto  central  da  teoria  cognitiva,  é  uma  estrutura  de  conhecimentos  variados  acerca  de  um  tema  específico.  Conhecimentos  esses  que  podem  ser  memórias  de  curto  ou  longo  prazo,  afetando  de  forma positiva,  negativa ou nula (Hammil, Lodge e Blake, 1985).   

Como aponta Visser (1998), cada esquema pode ser ativado dependendo do que 

o  indivíduo  vê  como  necessário.  E,  além  de  ser  flexível,  consegue  ser  aplicável  e  reduzida  a  um   só  indivíduo.  Através  da  teoria  cognitiva,  consegue­se  analisar  porque  dois  indivíduos  aparentemente  iguais  tomam  atitudes  diferentes.  Com  pequenas  diferenças  em  estímulos,  dois  indivíduos  podem  ativar  esquemas  de  interações  diferentes.  Como observamos,  os esquemas influenciam muito a decisão do indivíduo, e por  esse  motivo  os  estudos  cognitivos  se  focaram em  identificar  esquemas  específicos. O  primeiro foi o esquema  partidário, onde  o  indivíduo  se  utiliza de memórias e sensações  acerca  de  um  partido  ou  candidato  para,  então,  absorver  novas  informações.  Esse  esquema foi e ainda é muito poderoso,  principalmente  em  países  onde os partidos são  polarizados, diferentes entre si (Visser, 1998).  Outro  esquema de alta  relevância, estudado também por Visser, foi o ideológico.  Nesse  caso,  o  esquema  simplifica  e  afunila  decisões,  orienta  seus  pensamentos.  O  processamento de informação nesse esquema funciona de forma binária,  ou o indivíduo  acredita  que  a   nova  informação  é  benéfica  ou  não.  Outro  acontecimento  é  o  valor  simbólico de cada nova informação processada por esse esquema.  32 

Além  do  estudo  dos  esquemas,  os  psicólogos  cognitivos,  como  aponta   Visser  (1998),  estudam  também  como  os  esquemas são  trazidos à  tona.  Em  várias análises,  duas alternativas  aparecem,  a  primeira,  baseada em memória. Eleitores tendem a usar  a  memória  para  tomar  sua  decisão.  Evidências  e  memórias  são  vistas  como fonte  de  realidade,  e  por  isso  são  comumente  usadas  para  processar  informação.  A  segunda  alternativa é através  da  impressão causada pelo outro indivíduo. Essas impressões são  armazenadas  e  misturadas  nas  memórias  de  curto  prazo   e  ajudam  a  processar  rapidamente  novas  informações.  Normalmente,  são   informações  distorcidas,  pois,  a  impressão  de  alguém  pode  ser  afetada  por  preconceitos  ou  atitudes  raras  do  outro  (Visser, 1998).       

 

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5 PSICOLOGIA E VOTO:  No  capítulo  cinco  mudo  a  dinâmica  de  apresentação  das  teorias.  Ao  invés  de  tratá­las de forma  separada, uni  a teoria  psicodinâmica  e  a humanística em um mesmo  capítulo,  pois  as  duas  foram  poucas  estudadas  na  história,  e  se  baseiam  exclusivamente  em   conceitos  vindos  da  psicologia,  diferentes  das  teorias  já  demonstradas previamente neste trabalho.   

5.1 Teoria psicodinâmica do voto:  Visser  (1998)  faz  um  estudo  profundo  sobre   as  escolas  da  psicologia  e   sua  aplicação  na  escolha do  voto.  A teoria psicodinâmica  é  abordada por ele  fazendo  uma  análise  da   teoria  de  Freud  de  motivação  inconsciente  com  um  estudo  das  forças  sociais, econômicas e políticas.   Como  o  próprio  autor  aponta,  os  principais  estudiosos  dessa  área  estavam  preocupados   com  a  ascensão  do  fascismo  e  do  nazismo,  portanto,  focaram  seus  estudos  nas  relações  de  autoridade.  Os  dados  empíricos  foram  construídos  depois,  através de uma junção entre Alemanha e Estados Unidos. Antes, portanto, de analisar a  visão  de  Visser  sobre  a  aplicação  da  teoria  psicodinâmica  no  voto,  iremos  estudar  a  teoria freudiana de motivação inconsciente.   

5.1.2 Freud e motivação inconsciente:  “Para  Freud,  todo   comportamento  humano  e  atividade  mental  era motivado  por  impulsos  básicos”  (Visser,  1998).  Esses  impulsos  são  o  sexual  e  o  agressivo.  Esses  instintos  portam  poder  mental,  que  podem   excitar  ou  causar  tensão,  coisas  que  compelem o indivíduo a agir. Objetos alvos dessa ação são estimulados e quanto maior  o estímulo, mais psicologicamente importante o objeto é (Visser, 1998).  Freud,  porém,  como  aponta  Visser (1998), contrasta proibições e inibições que a  sociedade  impõe,  com  as  necessidades  de excitação  e  agressividade. Por conta dessa  opressão,  as  necessidades  do  indivíduo  ficam  reprimidas,  longe  da  consciência.  “É  o 

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desenvolvimento  dos impulsos  básicos  e  suas  adaptações para as demandas externas  que  é  o  centro  de  estudo  da  psicanálise”  (Visser,  1998).  O  conflito  entre  impulsos  básicos  e  proibições  e  inibições externas que causa o pensamento e a ação humana. É  através  dessa  análise que Freud  propõe  os  conceitos de  Id,  Ego e Superego. Id sendo  os  impulsos  básicos  do  ser  humano,  Ego  sendo  o  presente,  o  equilibrio  entre  ID  e  Superego. Superego  sendo os conceitos  morais  e  éticos,  ou a pressão externa sobre o  indivíduo.  Fromm,  Reich  e  Maslow  foram  os  maiores  contribuintes  da  aplicação  dos  conceitos  freudianos  ao  estudo  sociológico,  com  a  tese  desenvolvendo­se  sobre  os  impulsos  e  suas  adaptações  socio­econômicas.  Essa  vertente  se  modificou,  não  presumindo  um  impulso  agressivo,  mas  sim,  os  impulsos  de  auto­preservação  e,  novamente,  o   sexual  (Visser,  1998).  O  impulso  de auto­preservação, que  pode  vir em  forma de fome, sede ou fadiga, requer sempre uma resposta imediata (Visser, 1998).  Esses autores  também analisam as possibilidades  de  realização dos impulsos e  as  possibilidades  de  cada  classe  socioeconômica  de  se  satisfazer.  A  diferença  mais  clara,  como  aponta  Visser  (1998) é a possibilidade  da  classe  mais  rica realizar  mais  e  melhor seus impulsos sexuais e as mais pobres serem mais inibidas e reprimidas.   

5.1.3 Autoritarismo e voto:  O  autoritarismo  foi  amplamente  estudado  pelos  freudianos,  suas  abordagens  também  variaram  com  o  tempo,  porém,  o  mais  relevante  ao  estudo  do  voto  é  o  autoritarismo  como  variável  isolada,  podendo  prever  votos  e  ações  de  indivíduos  e  candidatos de extrema direita (Visser, 1998).  O  autoritarismo  e  seu  impacto  na  tomada  de  decisão  dos  indivíduos se  deve  a  dez  características  que  o  sujeito  autoritário  possui,  influencia  e  impõe.  Convencionalismo,  ato  de  aparente  pertencimento  do  mesmo  grupo.  Submissão  autoritária,  vontade  do  indivíduo  de  ser  submisso,  Agressão  autoritária,  onde  os  que 

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não  pertencem  ao  seu  grupo  são  hostilizados.  Rejeição  a  vida  emocional  livre.  Superstição,  onde  sua  vida  esta  a  cargo  de  outrem  (sobrenatural  ou   não).  Esteriotipação,  onde  só  existem  certos  e  errados.  Contradição  ao  poder,  o  sujeito  ao  mesmo  tempo  teme  e  almeja.  Cinismo,  o  indivíduo  direciona  sua agressão aos  outros  indivíduos.  Projeção,  ato  de  espelhar   seus  impulsos  reprimidos  em  indivíduos  fora  do  seu grupo como forma de separação e rejeição. Inibição sexual, onde o sujeito se sente  extremamente  indignado  com  atos  sexuais  alheios  (Visser,  1998,  citando  Adorno et al  1950 e Sanford 1973).  Lipset (1981)  se utiliza dessa  categorização  para  analisar  as  tendências  de voto  das  diferentes  classes  sociais  e  descobre  que as classes  mais pobres são  muito mais  conservadores  no  espectro  social,  e  tendem  a  serem  mais  submissas  aos  sujeitos  autoritários.  Alguns   motivos  para  isso  surgiram  nos  estudos  de  Lipset,  como  aponta  Visser  (1998).  As  famílias  das  classes  mais pobres tendem  a  ser  menos  estruturadas,  dificultando  a  formação  de  estruturas  distais  e  proximais  na  psique  da  criança,  tornando­a  menos  sensível  a  observação  do  passado  e  menos  empática  aos  acontecimentos  do  presente.  Outra  observação  de  Lipset  foi  que  em  famílias  menos  estruturadas  a  educação  é  feita  através  de  punição  e  recompensas  arbitrárias,  a  violência é encontrada de forma natural (Visser, 1998).  Essa  predisposição  a  autoridade  encontrada  pelos  psicanalistas  mostra  que,  quanto  maior  for  a   classe  pobre,  maior  a  chance  de  se  eleger  uma  figura  autoritária,  enquanto o contrário também é verdadeiro, quanto menor a classe pobre for, menor as  chances de surgir um regime autoritário.     

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5.2 Teoria humanística do voto:  Da  mesma  forma  que   analisamos  teorias  proveniente  de  outros  campos  de  pesquisa,  como  a   teoria  cognitiva  e  a  teoria   racional,  a  teoria  humanística  também  provém  de  outro  campo  de  conhecimento.   Como  aponta  Visser  (1998),  as  bases  da  teoria  humanística  do  voto  vem  do  trabalho  de  Ronald  Inglehart,  a  teoria  do  valor  materialista  e pós­materialista.  Esse estudo parte  de  trabalhos importantes, como  o de  Bühler  da  escola  de  Vienna  e  de  Goldstein,  da  Gestalt  (Visser,  1998).  Portanto,  irei  analisar  as  raízes   da  teoria  humanística  para  depois  explanar  sua  interação  com  a  decisão do voto.    5.2.1 Escola de Viena e psicologia:  A escola de Viena foi importante  raíz que  fez surgir inúmeras pesquisas na  área  de  bem­estar  humano,  e  é  dessa  forma  que  ele  contribui  para  essa  teoria  do  voto.  A  escola  de  Viena,  já  abordada  nesse  trabalho,  tem  como  base  Bühler,  grande  influenciador  na  formação  da  teoria  sociológica  do  voto.  Bühler  concentrou  seus  estudos,  como  aponta  Visser  (1998),  no  campo   da  psicologia  desenvolvimentista,  tentando  um   esquema  unitário  de  pensamento.  Bühler  cria  três  categorias  de  desenvolvimento  mental, saciação,  jogo  e  realização. E as corresponde com três níveis  de atividade,  reflexo, aprender por  tentativa  e  erro e inteligência criativa (Visser, 1998).  Por  fim,  Bühler  elabora  quatro  necessidades   básicas do ser humano.  Necessidade de  prazer,  necessidade  de  pertencer,  necessidade  de  criar  e  necessidade  de integridade  interna.  Essas  necessidades  estão  presentes  desde  o  início  da  vida,  mas,  cada  uma  tem uma função ao correr da vida (Visser, 1998).   

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  5.2.2 Escola Gestalt e análise de Goldstein:  A  escola  de  Gestalt  foi  outra  importante  influência  na  teoria  humanística,   especialmente  os  trabalhos executados por Goldstein. Já ao fim de carreira, ele funda a  Associação  de  psicologia  humanística,  junto  de  Bühler  e  outros  teóricos  importantes  (Visser, 1998).  De  acordo  com Goldstein, o corpo produz  reações  neurológicas  essencialmente  iguais a estímulos  iguais,  e  sempre tende a constância  e coesão de reações. Para isso  acontecer,  no   entanto,  o  organismo  precisa  estar  saudável. Esse  fator  de  consistência  acontece, principalmente, porque o corpo saudável não reage a estímulos inadequados,  a  não  ser  os  que  são  extremamente  fortes  e  daí  vem  a  consistência  de  resultados  (Visser, 1998).  Além  disso,  Goldstein  analisou  que  o  ser  humano  tende  a  se  atualizar  se  for  exposto  a  estímulos  de  forma  repetida,  sejam  estímulos   bons,  que  se  alinham  com  o  sujeito,  ou  estímulos  ruins,  que  causam  desconforto.  Essa  atualização  de  estímulos é  uma  das  principais   teses  da  a  teoria  Michigan   e  também  é  fundamental  para  a  compreensão da teoria humanística (Visser, 1998).    5.2.3 Hierarquia das necessidades:  Maslow,  como  apontado  por  Visser  (1998),  foi  um  pesquisador  relevante  na  análise  do   “persona”  autoritária, apontada  nos  tópicos anteriores.  Ele,  porém, ao invés  de  seguir  mais  pesquisas  na  área,  buscou  o  estudo  da  persona  democrática  e  esse  estudo foi influenciado por todas as grandes linhas de pesquisa da psicologia. 

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Na  sua  teoria,  Maslow  distingue  cinco  necessidades  básicas.  As  necessidades  fisiológicas,  que  é  a  necessidade  mais  forte  e  rege  o  corpo  e  a  mente.  Com  elas  satisfeitas,  outras  necessidades  aparecem  e  com  essas  outras  necessidades  satisfeitas, mais necessidades aparecem e assim por diante (Visser, 1998).  Após  as  necessidades  fisiológicas  estarem  satisfeitas,  surge  então  a  necessidade  de  segurança.  Caso  ela   seja  satisfeita,  surge  então   a  necessidade  de  pertencer  e  de  amor.  Como  aponta  Visser  (1998),  a  má  satisfação  ou  não  satisfação  dessa  necessidade  é  a  causa  mais  comum  de  patologias  mentais.  A  quarta   necessidade é a de  apreço. Ela  surge  como  auto­estima e apreço pelas realizações do  próximo.  Por  fim,  é a necessidade de  completude, em que o  sujeito se sente realizado  por  ser  uma  pessoa  completa.  Maslow varia  essa  definição  durante  sua  carreira,  entre  ser  feliz momentaneamente por tudo que  se fez e atualizar as futuras necessidades, ou  ser  feliz em um estágio da vida final, se sentindo completo por tudo que foi feito (Visser,  1998, citando Maslow, 1954).  Apesar  de  ser  baseado  em  testes  clínicos,  Maslow  foi  bem  sucedido  em  testes  empíricos,  em  que  foi  possível  demonstrar  que  pessoas  com  melhor  saúde  mental,  como  consequência  das  necessidades   saciadas,  tendiam  mais  a  liberdade  e  a  democracia.  A  não   saciedade  da  necessidade  de  segurança,  por  exemplo,  leva  as  pessoas a  serem  subservientes,  a  não saciedade das necessidades afetivas e de amor  leva ao preconceito e hostilidade, por exemplo (Visser, 1998).    5.2.4 Necessidades e voto:  Inglehart,  no   fim  da  década  de  1960,  percebe  processos  de   mudança  na  sociedade  e decide  avaliá­los empiricamente.  Para isso desenvolveu duas hipóteses. A 

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primeira  é  que  indivíduos  vão  atrás  das  suas  necessidades  em  ordem  hierárquica,  como  proposto  por   Maslow.  Com  o  passar  dos  anos,  Inglehart  propôs  uma  alteração.  Os  indivíduos  não  buscariam  satisfazer  as  necessidades  hierarquicamente e introduziu  o  conceito  de  escassez.  O  sujeito  dá  mais  valor  às  necessidades  que  ele  considera  mais escassas, de maior dificuldade de obtenção (Visser, 1998 citando Inglehart, 1977).  A  segunda  hipótese,  de  acordo  com  Visser  (1998),  é  que  os  principais  valores  do  indivíduo  vêm  dos  valores  com  maior  escassez  durante  sua  formação.  Essa  hipótese  traz  a  análise  de  Inglehart  para  a  população  que  cresceu  antes  da  segunda  guerra  mundial  e  a  compara  com  a  que  nasceu  depois.  Ele  percebe  que,  devido  às  dificuldades  financeiras e de segurança  que  os nascidos  na década  de  1930 sofrerem,  eles  tendem a agir e votar de forma a maximizar a segurança financeira e material. Já a  população  pós­guerra,  em  que  não  existia  tamanha  escassez  financeira  ou  de  segurança,  se  importava  menos  com  esses  valores  (Visser,  1998,  citando  Inglehart  1971).  Essa  tendência  a  valorizar  a  escassez  e  diminuir  a importância  do  que tem em  excesso,  gera  movimento  na  hora  do  voto. Uma  população  com alta renda, não vai dar  importância para o candidato que quer proteger esse fator, por exemplo.       

 

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CONCLUSÃO:  Este  trabalho estudou a forma contemporânea de obtenção de poder, a eleição e  o  voto.  Quatro   formas  de  tentar  descobrir  como  um  indivíduo  toma  sua  decisão  de  votar, e assim, dá poder a uma elite.  Na  primeira  etapa,  vimos   como  o  modelo  sociológico  categoriza  o  eleitor  em  3  dimensões, a socio­econômica,  a  religiosa e onde  mora.  Essa categorização  auxilia no  processo de identificação dos  grupos  a  qual esses  indivíduos pertencem. Observamos,  também,  que  Lazarsfeld  fui  um  aluno  da  escola  de  Wurzburg,  e  empregava  os   questionários  em  profundidade,  de  longa  duração,  para  tentar  descobrir  como  esses  grupos  tomam  decisão.  Esse  fator  do  indivíduo  pertencer  a  um  grupo  determinado  é  denominado  “eleitor  prisioneiro”.  Por  fim,  a  teoria  sociológica  de  Lazarsfeld  aborda  a  relação  da  mídia  e  o  eleitor  e  demonstra  que  o  indivíduo  só  se  interessa por notícias  que lhe convém e, portanto, a mídia pouco afeta a decisão do voto.  A abordagem contemporâneo mais vista como sucessora a Lazarsfeld, o modelo  Michigan,  também  trabalha  com  o  conceito  de  ambiente  afetando  a  decisão  do  indivíduo,  mas,  acredita  que  as  motivações  e   predisposições  falam  mais  alto  do  que  quanto  o sujeito  ganha por mês ou onde ele mora. Essa ideia de motivações e passado  afetarem  as  decisões  surgiu  na  escola  de  Gestalt,  em  que  o  indivíduo  era  o  ator  principal  na  tomada  de  decisão  e,  portanto,  foco  de  estudo.  E,  foi  através  desse foco  que pode­se  observar as motivações, em conjunto com o passado, formando afinidades  políticas.  Essas  afinidades,  geradas  com  o  tempo,  causam  outro  efeito,  chamado  de  “aderência  persistente”.  Que  é  a  atitude  do   indivíduo  sempre  tentar  tomar  ações  de  acordo  com  sua  afinidade  política.  Todo   esse  estudo  do  modelo  Michigan  fez  surgir  uma  ferramenta  de  análise  chamada  “funil  de  causalidade”,  onde  o  ambiente e toda a 

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vivência  e  preferências  do indivíduo entram  de  um  lado e do  outro surge a decisão do  voto.  Um  pouco  mais  avançada,  cronologicamente,  a  teoria  econômica  do  voto,  ou  teoria  racional  do voto, surge através  de teorias sobre comércio e administração. Onde  o  eleitor  é  visto  como  consumidor  e  o  candidato  visto  como  empresa.  Nessa  teoria, o  eleitor é  completamente racional, e faz suas escolhas tentando maximizar os benefícios  e  a  eficácia  da  sua  ação.  Essa  atitude  gera  efeitos  como  o “voto  estratégico”,  onde o  indivíduo  pensa em qual  candidato  vai  votar e  não só relaciona quem ele quer que seja  eleito,  mas  também,  leva   em  conta  em  a  probabilidade  de  seu  candidato  vencer.  A  teoria  racional  nos  traz  mais  um  modelo  de  análise,  chamado  “modelo  espacial”,  que  demonstra  o  posicionamento  dos  candidatos  em  relação  aos  eleitores  e  como  eles  podem  se  posicionar  ideologicamente  para  abranger  a  maior  quantidade  de  votantes.  Essa tentativa gera o efeito de centralismo em disputas com dois candidatos, onde cada  um busca o centro para poder abraçar os dois lados do espectro.  A teoria cognitiva do indivíduo afirman  que ações  passadas influenciam atitudes  futuras,  pois,  os  indivíduos  sempre  buscam  fazer  sentido  em  suas  atitudes.  Por  isso   Heider  demonstra que  a  busca  por  ser  coerente com suas atitudes prévias, molda suas  ações futuras.  Além  disso,  a  teoria  cognitiva  demonstra  a “dissonância”,  em que ações  não  fazem  sentido  e  como  o  indivíduo,  ao  se  deparar  com  essa  situação,  vai  lentamente,  se   direcionando  a  coesão  entre  suas  atitudes  e  percepções.  Por  fim,  a  teoria  cognitiva  versa  sobre  como  o  ser  humano  gera  esquemas  de  raciocínio   e  que  cada  esquema   se  aplica  a  diferentes  situações.  Quando,  por  exemplo,  o  indivíduo  pensar em eleições, ele vai trazer a tona certas memórias e pensamentos que  vão guiar  suas ações e decisões sobre esse tema. 

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Por  ultimo,  observamos  algumas  teorias  psicológicas  aplicadas  ao  voto.  Em  primeiro  lugar  temos  a  psicodinâmica  e  Freud,  com  a  análise  da  autoridade,  e  da  tendência  dos  grupos  menos  favorecidos  serem  mais  sujeitos  a  essa influência e como  funcionam  os  métodos  autoritários.  Depois,  analisamos  a  teoria  humanística  do  voto,  onde ao  contrário da  psicodinâmica,  é o estudo dos sujeitos democráticos, e como uma  pessoa saudável tende a escolher liberdade e democracia.  Essas  teorias  tentam   desmistificar,  em  última  análise,  o  pensamento  humano.  Tarefa  essa  abordada através  da história,  por  inúmeros pensadores. E por esse motivo  o fascínio  tão  grande  pelo  tema.  Aliar  esse estudo, de como o indivíduo toma decisões,  com  o  ato  de  eleger  um  representante,  em  corroborar  um  poder,  mostra  o  quão  fascinante e imprevisível é a política, o ser humano, e o poder.   

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