Análise do papel dos deuses na ilíada

Curso: História
Cadeira: História das Culturas da Antiguidade Clássica
Docente: Prof. Doutor Nuno Simões Rodrigues
Aluno/realizador: Mário Oliveira N.º 50366
Data: 29 de Abril de 2014

Análise do papel dos deuses na ilíada
Os deuses na obra de Homero apresentam inúmeras características humanas, especialmente a nível emotivo, defeitos que normalmente atribuímos ao ser humano. Estes deuses adotam atitudes humanas interagindo e intervindo no quotidiano dos participantes da famosa guerra de Troia. Estas divindades além de participar perto nas ações humanas mudam a ação conforme os seus interesses, estes têm uma enorme participação em todo o desenrolar da obra chegando mesmo alguns a participar pessoalmente em diversas batalhas juntamente com os próprios humanos.
Os desuses tomavam partidos e protegiam quem os mais agradava como é o caso do julgamento de Páris que justifica a proteção dos troianos por Afrodite e o ódio que Hera lhes tinha (canto XXIV). Do lado dos gregos estavam Atenas, Hefesto, Hera e Posídon; do lado dos troianos estavam Afrodite, Apolo, Ártemis e Ares. Zeus era o deus mais imparcial, tanto apoiou os gregos como os troianos.
Hera, Afrodite, Atenas e Apolo são dos deuses mais presentes, que mais controlam a ação. Há depois deuses com uma presença passageira, pouco presente como Dionísio (canto VI).
A obra mostra bem a dimensão da grandeza de Zeus, controla tudo e todos, o deus mais poderoso de todo o Olimpo, pai dos deuses que faz sempre a sua vontade mesmo que esta seja contrária a de outros deuses como de sua mulher, Hera. Esta revela ser medrosa, fazendo as suas vontades pelas costas de Zeus como se vê no capítulo XIV quando Hera para proteger os seus queridos gregos monta um plano para o enganar juntamente com Posídon. Com tal ação podemos ver Zeus encolerizado, sendo a cólera outro sentimento mais característico dos humanos que não devia ser dos deuses. No canto VIII Zeus domina a vontade de todos os deuses ordenando que todos se conservem ausentes dos combates humanos sem dar qualquer género de proteção tanto aos troianos como aos aqueus, sob pena de severos castigos.
No canto XXIV possivelmente encontramos a explicação de determinado rancor de Apolo pelos aqueus como Aquiles por este ser o causador da morte de Heitor. É Hera quem defende Aquiles argumentando que Aquiles é filho de uma deusa e como tal merece mais atenção que Heitor que é filho de uma simples mulher. O resgate do herói troiano só acontece devido à piedade de Zeus.
Existe uma enorme rivalidade, animosidade, uma má vontade de Hera e Atenas para com Afrodite e também de certo modo para com Ares sendo estes dois últimos feridos por Diomedes a mando de Atenas (canto V).
No canto XXI temos o combate dos deuses, lutas entre Ares e Atenas, Hera e Ártemis, Apolo e Posidon, etc. revelando conflitos insignificantes e não mostrando a grandeza que tais acontecimentos deviam ter, esperar-se-ia algo mais grandioso vindo de tão grandes divindades.
Além dos grandes deuses do olimpo temos divindades com menor destaque e que embora não seja pertinente invoca-los pois não vai ao encontro do objetivo do trabalho é interessante referir pois ainda possuem um papel relevante na obra como é o caso de Tétis, Xanto, Efaistos (combate entre estes dois, canto XII) entre outros.
Quando os deuses não estão em disputas entre si, não estão em conflitos é lógico deduzir que há um clima de paz ou pelo menos mais pacífico. Zeus por exemplo, demonstrar cuidados paternais e preocupação, como demonstra com Ares no canto V. Como alianças, como revelação de cumplicidade e de apoio mútuo temos Hera e Atenas. No caso de Efaistos por exemplo, uma divindade não tão deslumbrante, está sempre bem com todos, alegra os deuses perturbados (canto I) saindo do seu papel específico só quando enfrenta Xanto a mando de Hera, sua mãe.
É nos banquetes que todos os deuses, quaisquer que sejam os seus partidos se encontram numa convivência amistosa, familiar, mas por vezes mesmo estes banquetes são alvos de acolhimentos de algumas discussões.
Os deuses demonstram no seu todo a imagem de poder e de majestosidade auxiliando os heróis emprestando parte da própria grandeza deles.
Zeus é o único deus que não comunica diretamente com os homens, fá-lo normalmente através de outas divindades ou por inspiração. No canto XI inspira Ajax, no canto XXIV dá esperanças a Priamo através de uma águia, no canto XV ao ouvir as preces de Nestor manifesta-se através de um trovão.
Hera apesar de ser mulher de Zeus e por isso ser a "mãe" dos deuses não é uma divindade tão poderosa como o grande deus, não por ter uma presença curta, pelo contrário; não se pode é atribuir um destaque tão grande e um papel de tão grande destaque como se atribui a Atenas e Apolo. Atenas é muito superior, deusa guerreira e prudente, é uma defensora incansável dos gregos que intervém quase sempre para encorajar ou aconselhar ao combate. O seu rival é Ares por defender os troianos mas este é muito menos importante que Apolo, o defensor incansável de Heitor.
Por importância pode-se formar uma tríade, Zeus pelo seu natural destaque e seguindo-se de Atenas e Apolo.
Apolo chega a participar pessoalmente na guerra de Troia confundido Aquiles (canto XXII).
Posídon chega a dirigir a ação a seu proveito como acontece nos cantos XIII e XIV aproveitando a "distração" de Zeus. Hermes só se relaciona com os mortais no canto XXIV, conduzindo Priamo junto de Aquiles para tratar do resgate de Heitor.
Podemos concluir que todos os deuses nesta obra são iguais aos humanos, muito emotivos, estes só se diferenciam dos mortais por possuírem poder divino, capaz de moldar o destino dos humanos.








Bibliografia:

Bibliografia Geral:

Obra de referência:
Homero, Ilíada, Tradução LOURENÇO, Frederico, 5ª edição, Lisboa, Cotovia, 2012.
Sitiografia:
greciantiga.org/arquivo.asp?num=0731 [consultado: 24-04-2014];
arnobiorocha.com.br/2013/05/10/analise-de-iliadaodisseia-visao-psicologica-nova versao/ [consultado: 24-04-2014];
department.monm.edu/classics/courses/clas210/coursedocuments/epic/gods_in_the_iliad.html [consultado: 24-04-2014];
www.shmoop.com/iliad/the-gods.html [consultado: 24-04-2014];
www.infoescola.com/mitologia/mitologia-grega/ [consultado: 24-04-2014].



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