Análise do perfil epidemiológico dos pacientes oncológicos pediátricos atendidos na Santa Casa de Belo Horizonte e cadastrados no Registro Hospitalar de Câncer entre 2000 e 2009. Joaquim Caetano Aguirre Neto1, Amanda Damasceno de Souza 2, Márcia Borges Miranda 3, Helenir Cione F. Silva 4, Aleida Nazareth Soares 5, Álvaro Pimenta Dutra 6. 3Coordenadora
1,6 Médicos Oncologista Pediátrico – 2 Bibliotecária do Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imunoterapia. e 4Registradora do Registro Hospitalar de Câncer do Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imunoterapia. Unidade Santa Casa. 5Bioestatística do Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imunoterapia. Belo Horizonte – MG/ contato:
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INTRODUÇÃO No Brasil os tumores pediátricos representam 3% de todas as neoplasias. Para 2012, estimam-se cerca de 11.530 casos novos de câncer nas crianças e adolescentes até os 19 anos. Para Minas Gerais e Belo Horizonte são esperados cerca de 1186 e 195 novos casos, respectivamente. O câncer já representa a segunda causa de mortalidade proporcional entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, para todas as regiões, e é responsável pela maior perda de potenciais anos de vida.(1-5) O serviço de Oncologia da Santa Casa de Belo Horizonte implantou o Registro Hospitalar de Câncer (RHC) em 1999 e iniciou a coleta de dados no ano de 2000. O RHC coleta, armazena e analisa dados dos prontuários de todos os pacientes atendidos no hospital, com diagnóstico confirmado de câncer. A coleta de dados restringe-se as clínicas de Quimioterapia e Radioterapia do Hospital.
Gráfico 3 – Distribuição do das neoplasias segundo a prevalência
OBJETIVO Descrever o perfil epidemiológico e analisar a sobrevida global das crianças e adolescentes cadastrados no Registro Hospitalar de Câncer (RHC) do serviço de oncologia da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte.
MATERIAL E MÉTODOS Foi analisado o banco de dados do RHC da Santa Casa no período de 2000 a 2009, dos pacientes com idade entre 0 e 18 anos. O sistema de informação utilizado foi o SisRHC versão 3.1. As variáveis epidemiológicas analisadas foram: sexo, idade, procedência, histórico familiar câncer e tipos de neoplasias. A curva de sobrevida global foi calculada pelo método Kaplan-Meier para os pacientes analíticos (n=517) considerando a data da primeira consulta no serviço e a data de do último seguimento ou do óbito. O software usado para armazenamento e análise dos dados foi o SPSS versão 18.0. Para a classificação dos tumores foi utilizada a Classificação Internacional do Câncer na Infância (CICI) 2ª edição.
Gráfico 4 – Distribuição do nº de casos novos por ano
RESULTADOS Foram registrados no período de 2000 a 2009 um total de 9746 pacientes sendo 600 (6,15%) crianças e adolescentes. A idade média foi de 7,2 anos para ambos os sexos (Tabela 1) com leve predomínio do sexo masculino (Gráfico 1). A maioria dos pacientes é proveniente da região metropolitana de Belo Horizonte (25,3%) (Gráfico 2) , sendo 324 (54,0%) não brancos. A história de câncer na família foi positiva em 35% dos casos que informaram este dado (n=348). Os tipos de câncer mais comuns foram as Leucemias e Linfomas representando 51,5% dos casos (Gráfico 3) . Houve aumento progressivo do número de casos novos admitidos no serviço como observado no Gráfico 4. Análise de sobrevida global: SG mediana = 95,40 meses; SG em 5 anos = 52%. (Tabela 2 e Gráfico 5)
Tabela 2 –Sobrevida Global por neoplasias Sobrevida Global 5 anos
Gráfico 5 – Sobrevida Global em 5 anos
Tabela 1 - Faixa etária Idade
Neoplasias
n
Lactante (0 a 2 anos) Pré-escolar (3 a 5 anos)
Masculino n % 83 25,2 78 23,6
n 69 67
Feminino % 25,6 24,8
Escolar (6 a 9 anos) Pré-adolescente (10-15)
61 67
18,5 20,3
43 61
15,9 22,6
LH
47
LNH
23
60
Adolescente (16 a 18 anos)
41
12,4
30
11,1
LB
24
66,7
SNC
46
42,3
Neuroblastoma
46
56,8
Retinoblastoma
46
72,7
Tumores Renais
34
60,7
9
37,5
Tumores ósseos
24
21,2
Sarcomas
40
29,1
TCG
19
72,2
Carcinomas
17
25
Outros
10
66,7
Média de Idade Mediana
7,22 6,00
Total
330
7,22 6,00 100,0
270
Gráfico 1 – Distribuição por Gênero
100,0
Leucemias
45,1
159 50
Linfomas
94
Tumores hepáticos
Total
215
LLA LMA
54 22,3 75,5
600
93,1
-
CONCLUSÃO O Serviço de Oncologia da Santa Casa é uma das referências no tratamento do Câncer infantojuvenil no Estado de Minas Gerais. Conhecer o perfil epidemiológico e de sobrevida dos seus pacientes é importante para planejar mudanças na assistência da criança e adolescente com câncer e contribuir com dados para estatísticas epidemiológicas do Estado. Esses dados fornecem informações aos gestores de saúde para tomada de decisão no enfrentamento deste problema por exemplo, uma vez que a sobrevida global (52%) está aquém daquelas estimadas nos centros excelência.
Gráfico 2 – Cidade de Procedência Procedência 35,0
REFERÊNCIAS
30,0 25,3 25,0 20,0 15,0 10,0
6,2 3,5
5,0
3,3
3,0
2,0
2,0
,0 Belo Horizonte
Contagem
Betim
Governador Ribeirão das Santa Luzia Valadares Neves
Ibirité
1.Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Câncer da criança e adolescente no Brasil: dados dos registros de base populacional e de mortalidade. Instituto Nacional de Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2008. 2.Araujo OL. et al. Análise de sobrevida e fatores prognósticos de pacientes pediátricos com tumores cerebrais. J. Pediatr. (Rio J.) 2011, 87(5):425-32. 3.Chatenoud L, et al. Childhood cancer mortality in America, Asia, and Oceania, 1970 through 2007.Cancer. 2010 Nov 1;116(21):5063-74. 4.Camargo B, et al. Cancer incidence among children and adolescents in Brazil: first report of 14 population-based cancer registries. Int J Cancer. 2010 Feb 1;126(3):715-20. 5.Silva DB, et al. Câncer pediátrico: análise de um registro hospitalar J. pediatr. (Rio J.);78(5):409-14, set.-out. 2000.