Análise do sistema de logística reversa de pneus na cidade de São Luís-MA

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ANÁLISE DO SISTEMA DE LOGÍSTICA REVERSA DE PNEUS NA CIDADE DE SÃO LUÍS-MA SAULO JOSÉ SALES DE ARAÚJO - [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO NATALIA DOS SANTOS SILVA - [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA JULIA PEREIRA DE MELO - [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA ELON VIEIRA LIMA - [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA Resumo:

A LITERATURA ATUAL DESTACA A LOGÍSTICA REVERSA COMO UMA INOVADORA E EFICAZ FERRAMENTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL QUE CADA VEZ MAIS TEM SIDO UTILIZADA POR EMPRESAS EM GRANDES CIDADES. SABENDO DISSO, ESTE TRABALHO BUSCA CONHECER E AVALIARR O FUNCIONAMENTO DE UM PROGRAMA DE LOGÍSTICA REVERSA DE PNEUS NA CIDADE DE SÃO LUÍS. O ESTUDO É CONSTITUÍDO POR UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E UM LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES NA SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS E SERVIÇOS PÚBLICOS DA CIDADE DE SÃO LUÍS. ALÉM DISSO, REALIZOU-SE APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS ESTRUTURADOS DE FORMA FECHADA COM BORRACHEIROS DE ALGUNS BAIRROS DA CIDADE PARA COLETA DE INFORMAÇÕES REFERENTES AO CONHECIMENTO DELES QUANTO A QUESTÕES COMO RECOLHIMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, RESPONSABILIDADE DOS FABRICANTES EM RELAÇÃO A PRODUÇÃO E DESCARTE DE PNEUS E DISPOSIÇÃO FINAL DESSE TIPO DE RESÍDUO. ATRAVÉS DAS ENTREVISTAS E APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS COM BORRACHEIROS, PÔDE-SE OBSERVAR QUE O SISTEMA DE REAPROVEITAMENTO DE PNEUS NA CIDADE REALMENTE EXISTE E ESTÁ OCORRENDO REGULARMENTE. OS PNEUS RECOLHIDOS SÃO ENVIADOS PARA EMPRESAS QUE REUTILIZAM ESSE RESÍDUO NA PRODUÇÃO DE CIMENTO. O TRABALHO PROCURA DESPERTAR DISCUSSÕES SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL DE TODOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE USO E DESCARTE DE PNEUS NA CIDADE DE SÃO LUÍS, E CONSCIENTIZAR AS PESSOAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA DESTINAÇÃO FINAL CORRETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS.

Palavras-chaves: PALAVRAS-CHAVES: LOGÍSTICA REVERSA; PNEUS; RESÍDUOS; BORRACHEIROS.

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Área: 9 - GESTÃO AMBIENTAL Sub-Área: 9.4 - GESTÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS E PREVENÇÃO DE POLUIÇÃO

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ANALYSIS SYSTEM OF REVERSE LOGISTICS OF TIRES AT SÃO LUÍS-MA Abstract: THE RESEARCHERS CURRENTLY CLAIM REVERSE LOGISTICS IS AN INNOVATIVE AND EFFECTIVE TOOL TOWARDS SUSTAINABLE DEVELOPMENT THAT HAS BEEN USED BY COMPANIES IN BIG CITIES. BECAUSE OF THAT, THIS ARTICLE SEEKS TO KNOW AND ASSESS THE DEVELOPMENT OF RREVERSE LOGISTICS IN TIRES AT SAO LUIS. THE RESEARCH PAPER WAS MADE BY A BIBLIOGRAPHIC REVIEW AND A DATA COLLECTION AT SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS E SERVIÇOS PÚBLICOS WAS PERFORMED AT SAO LUIS. MOREOVER, IT WAS MADE A SURVEY RESEARCH, USING QUESTIONNAIRES WITH TIRE REPAIRMEN TO COLLECT DATA ABOUT THEIR KNOWLEDGE ABOUT COLLECTION OF SOLID WASTE, RESPONSIBILITY OF MANUFACTURERS REGARDING THE PRODUCTION AND DISPOSAL OF TIRES AND FINAL DISPOSAL OF THIS TYPE OF WASTE. THROUGH THOSE INTERVIEWS AND QUESTIONNAIRES, IT WAS CONFIRMED THAT THE TIRE RECYCLING SYSTEM IN THE CITY REALLY EXISTS AND IT IS OCCURRING REGULARLY. THE COLLECTED TIRES ARE SENT TO COMPANIES THAT USE THIS WASTE IN CEMENT PRODUCTION. THE WORK SEEKS TO AWAKE DISCUSSIONS ABOUT SOCIAL AND ENVIRONMENTAL RESPONSIBILITY OF ALL THE INVOLVED IN THE USE OF PROCESS AND TIRE DISPOSAL IN THE CITY OF SAO LUIS, AND RAISING AWARENESS ABOUT THE IMPORTANCE OF PROPER DISPOSAL OF SOLID WASTE. Keyword: KEYWORDS: REVERSE LOGISTICS; TIRES; SOLID WASTE; TIRE REPAIRMEN.

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1. Introdução A invenção dos pneus na forma hoje conhecida, desencadeou uma grande problemática, que hoje, com a evolução do conceito de desenvolvimento sustentável e maior preocupação com o meio ambiente, requer muita atenção: como proceder com um descarte ambientalmente correto e sustentável desse material. Segundo relatório do Departamento Nacional de Trânsito (2015), no Brasil, até hoje, 88.405.610 automóveis já foram emplacados. No Maranhão apenas, estado onde se encontra o município abordado por esse estudo (São Luís), foram 1.395.405. O impacto do despejo incorreto desse material afeta não só o meio ambiente contaminando o ar, solo e lençóis freáticos, por exemplo, como também afeta a população através da proliferação de doenças. Embora boa parte da população local desconheça, em São Luis (MA) já existe um programa para a logística reversa de pneus. Segundo a Exame, revista da editora Abril, a prefeitura municipal promove o recolhimento de pneus em borracharias, e os envia para diferentes estados do Brasil onde terão uma destinação correta, evitando a poluição através de resíduos sólidos de pneus nas ruas da cidade. Considerando-se o grande desconhecimento deste projeto, questiona-se: este programa ainda está ativo e é eficiente na coleta e destinação adequada destes resíduos? Qual o grau de envolvimento dos borracheiros no programa? O perfeito funcionamento deste programa é fundamental pois a logística reversa (que procura encontrar um melhor destino final para os resíduos oriundos da utilização desse produto, retornando-os para o fabricante) é uma das estratégias apontadas na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Essa lei, de número 12.305/10, em poucas palavras, incentiva produção, consumo e tratamento de resíduos sólidos de maneira mais sustentável, e seu despejo de forma a atingir o meio ambiente sendo o mais ambientalmente adequado possível. Este trabalho teve por objetivos avaliar o funcionamento do programa de logística reversa de pneus no município de São Luís e analisar a participação dos borracheiros da cidade no programa.

2. Revisão Bibliográfica

2.1 Pneus como resíduos sólidos Segundo a (NBR 10.004/04) Resíduos sólidos são definidos como “resíduos nos

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estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. De acordo com InfoPneus (2015), “no Brasil, a maior parte da borracha produzida industrialmente é usada na fabricação de pneus, correspondendo a 70% da produção”. Além de se tratar de um material mais resistente e durável que a madeira, o ferro, ou materiais compostos antes utilizados, o impacto das rodas absorvido pela borracha é maior. Hoje, a borracha utilizada para a fabricação de pneumáticos, em sua maioria, é de origem natural. O seu polímero é confeccionado a partir da seiva da seringueira, de onde o látex é captado, e após passar por uma série de processos tem a borracha como produto final. O Relatório do IBAMA (2012) publicou que descartar pneus ao ar livre, mesmo em áreas desertas, matas ou ambientes aquáticos apresenta grande risco para o ambiente. Os motivos são muitos, sendo os principais a propensão de retenção de água e consequentemente proliferação de doenças, as substâncias tóxicas liberadas para o ar, solo e lençóis freáticos durante a (lenta, aproximadamente 600 anos) biodegradação do material e o risco iminente de combustão que um pneu comum carrega, que liberaria gases tóxicos e poluentes prejudiciais à saúde ambiental e humana. De acordo com (VILHENA, 2009 apud LAGARINHOS, 2011, p. 128), o Brasil gerou diariamente 182.728 toneladas de resíduos sólidos urbanos em 2009. A taxa de geração por habitante foi de 1,152kg/dia (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS, 2010), com aproximadamente 55% em peso de material orgânico. Através destes dados, percebe-se um número exorbitante de resíduos sólidos produzido pelos habitantes e falta de um controle na produção deste lixo. Além disso, esse cenário reforça a importância de haver campanhas de conscientização ambiental aliadas a políticas públicas para diminuição do lixo produzido. Em 30 de setembro de 2009, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), publicou a resolução de n. 416, onde mostrar os pneus inservíveis e seu destino ambientalmente correto. Nela ficou definido que os fabricantes e importadores de pneus eram responsáveis pela coleta e destinação correta deles. Entretanto, o que tem acontecido atualmente, difere da resolução estabelecida, pois nem todas as empresas tem tido preocupação ambiental de fazer o recolhimento destes resíduos. Em 2010 foi instituída a Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 Política Nacional de Resíduos Sólidos, que impulsionou um melhor manejo dos resíduos sólidos em todas as partes do seu processo. Ao não cumprirem a lei, as empresas são sancionadas por meio de multas. Esse prejuízo provoca o aumento do preço de pneus novos e dos impostos, uma vez que o

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governo precisa fazer mais investimento na coleta desses pneus sem destinação adequada. Além de que, quando acumulados em lixões e casas, o pneu está propenso a proliferar doenças, como a dengue. Enfatiza LAGARINHOS (2011) sobre o assunto, que o maior risco associado à disposição ilegal de pneus inservíveis é o acúmulo desses materiais em aterros; enchentes provocadas por pneus abandonados em rios e córregos; e o risco de incêndios, causando problemas às pessoas e ao meio ambiente.

2.2 Logística reversa de pneus Uma definição clara sobre Logistica Reversa é da Council of Logistics Management (2004) que a define como uma parte do gerenciamento da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla de forma eficiente, o fluxo direto e reverso e armazenagem de produtos, serviços e informações relacionadas entre o ponto de origem e o ponto de consumo para atender às necessidades dos clientes. De acordo Ramos Filho (2005), em geral a logística reversa envolve as atividades necessárias para a recuperação, transporte e disposição dos produtos que são movimentados a partir do consumidor, incluindo em todo processo as informações associadas. Essse novo tipo de logística visa retornar o produto antes utilizado pelo consumidor ao seu respectivo fabricante, requerendo deste a destinação correta do resíduo gerado. Essa nova prática tem ajudado a diminuir a produção e o acúmulo de resíduos sólidos em locais indevidos tais como: lixões, vias públicas e terrenos abadonados. Segundo

LAGARINHOS

(2011)

apud

EUROPEAN

TYRE

&

RUBBER

MANUFACTURES ASSOCIATION (2010), alguns países da União Europeia apresentam dados sobre a ultilização da logistica reversa em pneus. Esses dados são apresentados em um estudo que mostra as tendências de diferentes opções de reciclagem e utilização e como elas evoluíram significativamente. Abaixo podemos encontrar algumas delas: • Foi utilizada, em 2008, 1,24 milhões de toneladas de pneus inservíveis, sendo: 25% utilizados em obras de engenharia civil, tais como: fundação de rodovias, obras de drenagem e barreiras para a prevenção de erosões; 75% utilizados em pisos nos playgrounds, quadras, impermeabilizações dos telhados, entre outros; • A utilização dos pneus para valorização energética aumentou de 11% para 37% em 2008. Foram utilizados 1.209.000 toneladas de pneus inservíveis, 142 sendo 25% para a geração de energia e incineração com outros resíduos, e 75%, como combustível alternativo; • A disposição de pneus triturados em aterros sofreu uma redução de 62%, em 1992,

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para 6%, em 2008. Para a pontos de coletas destinados a logística reversa de pneus enfatiza PRADO FILHO (2002) que em alguns países como Portugal que existem várias alternativas como a criação de “pontos verdes” para coletar os pneus usados contando com a participação de empresas municipais ou estaduais. A maneira selecionada dependerá da localização da unidade e da proximidade com os centros urbanos e depósitos de pneus usados.

2. Metodologia O presente projeto se trata de uma pesquisa exploratória e aplicada composta de dois momentos distintos: pesquisa bibliográfica e levantamento de informações através de um survey. A primeira etapa, a pesquisa bibliográfica, constituiu a parte do projeto de abordagem qualitativa. Nesta etapa foi pesquisado e analisado conceitos e definições sobre conceitos ligados a questões ambientais e sua importância para o estudo de logística reversa em pneus. Além disso, caracterizou-se o programa de logística reversa de pneus em São Luís através de informações recolhidas a partir de artigos, teses e sites, que na segunda etapa da pesquisa foram confrontadas com o survey na área estudada. A junção das informações obtidas permitiu a compreensão de ambos fluxograma e divisão de responsabilidades na atual logística reversa de pneus em São Luís. Na segunda etapa, o levantamento foi composto ainda parte por abordagem qualitativa e parte quantitativa. A parte qualitativa se tratou de uma visita à Semosp e Ecoponto. Lá, foi discorrida uma entrevista semiestruturada com um dos encarregados pelo departamento responsável pela logística reversa de pneus na cidade. Ainda durante essa parte, foi feito o registro fotográfico do Ecoponto, onde os pneus ficam depositados até que a Reciclanip os recolham. O intuito desses procedimentos foi coletar informações sobre os reais funcionamento e resultados do programa de Logística Reversa na cidade. Para isso, foram utilizados gravador e um questionário previamente desenvolvido pelo autor Cristian Correna Carlo, 2014, (do seu artigo Logística reversa de pneus inservíveis, um olhar exploratório no município Belo Horizonte) e máquina fotográfica. As fotos e os dados coletados serviram para ajudar no entendimento de como funciona o Ecoponto e suas atividades rotineiras. A parte quantitativa do projeto tratou-se de visitas às borracharias escolhidas de forma randômica em pelo menos 7 bairros diferentes do município de São Luís. Vinte e uma borracharias foram abordadas durante a pesquisa, mas uma não aceitou participar. Esse

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número de borracharias foi a quantidade máxima encontrada no período de um dia que foi reservado para essas visitas. Os 20 questionários estruturados usados foram compostos de 7 perguntas de múltipla escolha cada. Além da anotação das respostas obtidas, também ocorreu uma observação direta intensiva, para um entendimento mais sensitivo do problema. A ferramenta Microsoft Excel foi utilizada na tabulação dos dados para a plotagem de gráficos de pizza, que ilustraram os resultados obtidos e as respectivas porcentagens de cada resposta.

3. Resultados Foi realizado no dia vinte e sete de janeiro do corrente ano um levantamento de informações acerca do programa de Logística Reversa de pneus na cidade de São Luís - MA na Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos através de entrevistas e registro fotográfico. O responsável pela coordenação do programa respondeu os questionamentos sobre o programa e seu funcionamento. Foi constatado que o programa de recolhimento de pneus existe desde 2005, entretanto a partir da Resolução CONAMA 416, o programa foi realmente colocado em prática e passou não só a recolher, como a dar uma destinação apropriada para os resíduos sólidos do tipo pneus. Segundo informações da própria SEMOSP (Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos), são coletados em média 300 pneus por dia. Essa coleta acontece da seguinte forma, a cidade de São Luís foi dividida em 4 grandes áreas chamadas de área A, área B, área C e área D conforme a figura 1:

Figura 1- Mapa de Áreas de Coleta.

Os pneus são estocados em um galpão na própria secretaria chamado de Ecoponto. Esses resíduos são organizados em pequeno, médio e grande porte e são recolhidos por uma

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empresa privada chamada Reciclanip que os distribui entre empresas produtoras de cimento. Além disso os pneus são incinerados em locais apropriados para esta prática, sendo estes levados até o local através da empresa Reciclanip.

Figura 2 - Galpão de armazenagem de pneus

Além do recolhimento de pneus promovido pela prefeitura de São Luís através da empresa SLEA, algumas empresas locais fazem entregas de pneus no Ecoponto, localizado na Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos da cidade. Através do gráfico 1, pode-se comparar a quantidade de pneus recolhidos pela SLEA com os pneus recebidos pelas empresas.

Gráfico 1 - Quantidade de pneus recolhidos pela SLEA e Empresas

Em São Luís, encontram-se 326 pontos estratégicos (PE’s) de recolhimento de pneumáticos inservíveis localizados em oficinas mecânicas e borracharias onde, de acordo com uma pesquisa feita pela Secretaria de Saúde (Semus), são frequentes os casos de dengue. Hoje, a média de pneus coletados por dia é de 300 unidades, e por mês varia entre 5 mil e 10

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mil unidades. Essa política, em apenas 2 anos, foi responsável pela coleta de 115 toneladas de pneus na capital maranhense e transporte para o ecoponto da Semosp, localizado no São Cristóvão. As informações a seguir foram coletadas durante a aplicação dos questionários com borracheiros em São Luís e ilustradas em forma de gráfico.

Gráfico 2 - Como você descarta seus pneus usados?

A partir desse gráfico, observa-se que a prefeitura é responsável pelo descarte de 85% dos pneus dos entrevistados. Apenas três borracharias não foram contempladas pelo programa de coleta para o desenvolvimento da logística reversa dos pneus, e utiliza recursos próprios ou de terceiros para o seu descarte.

Gráfico 3 - Você tem um serviço de recolhimento regular das carcaças?

Aqui 90% dos entrevistados recebem visitas regularmente para o recolhimento dos pneus. Os 10% que não possuem, se tratam de uma das borracharias que não recebem a visita da prefeitura para o recolhimento dos pneus.

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Gráfico 4 - Quantas vezes por mês são recolhidos os pneus?

Nota-se no gráfico que a grande maioria dos entrevistados alegam receber visitas para coleta dos pneus pelo menos uma vez na semana (53%). As borracharias que entregam pneus menos frequentemente correspondem a oficinas em lugares mais afastados da cidade (Araçagy, Estrada de Ribamar etc), com menor tráfego de carros.

Gráfico 5 - Você conhece alguma lei para o descarte?

Nota-se que a maioria dos entrevistados desconhecem qualquer lei, projeto ou programa sobre o correto descarte de resíduos, mesmo sendo contemplados pelo programa de logística reversa da prefeitura. Dos demais que possuem alguma informação, foram citados “programa de coleta seletiva”, “reciclagem e reaproveitamento de pneus” e até mesmo “lei que entrou em vigor em agosto do ano passado”.

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Gráfico 6 - Na sua opinião, quem deveria ser o responsável por reciclar os pneus velhos?

A diferença entre as respostas para essa pergunta não foi significativa, sendo que 40% sabem que a responsabilidade é dos fabricantes (ou pelo menos acham que deveria ser). A porcentagem de 60% acredita que a prefeitura é a responsável por essa reciclagem.

Gráfico 7 - Quem na sua opinião é o responsável por recolher os pneus e levá-los para o ponto de descarte?

Quanto à pergunta do gráfico acima, foi feita com a intenção de saber se os borracheiros possuíam informação sobre o responsável pelo recolhimento e transporte até o ponto de descarte. A maioria (90%) dos entrevistados sabem que a prefeitura é a responsável por essa etapa do processo. Dos 10% (2 borracharias) que divergem do restante quanto a sua opinião, um borracheiro sabe que a prefeitura faz esse trabalho, porém acredita que os verdadeiros responsáveis deveriam ser os fabricantes dos pneus. O outro se trata de uma das borracharias que não é atingida pelo programa.

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5. Considerações finais O pneu, por natureza, é um elemento de difícil descarte quando considerado o desenvolvimento sustentável. Seu material demorar em média 600 anos para se auto degradar, ser morada de organismos proliferadores de doenças, entupir vias aquáticas, poluição visual são apenas alguns motivos pelos quais soluções mais sustentáveis foram procuradas. O fato é que o simples despejo como um lixo doméstico qualquer tem consequências não só para o ambiente, mas também ao cidadão. Nessa busca, a logística reversa mostrou-se eficaz e ainda com potencial para lucros. Impulsionadas por leis, a empresa Reciclanip e a prefeitura de São Luís formaram a parceria. Através dela, se deu início à coleta de pneumáticos inservíveis em pontos específicos e sua reciclagem nas últimas etapas do processo de logística reversa. Através do programa de logística reversa em São Luís, a prefeitura é responsável pela coleta diária em diversos pontos em São Luís, e pelo armazenamento desses elementos no seu principal Ecoponto, de onde são retirados pela Reciclanip e levados para seus destinos finais: fábricas de transformação de borracha em cimento. Uma visita à Semosp apenas confirmou o real funcionamento desse sistema. Através de dados oficiais, foi retificado a dinâmica e funcionamento da coleta pela cidade e repasse dos pneus. Cumprida essa etapa do entendimento do processo de logística reversa, questionários foram aplicados em borracharias de forma randômica em diversos bairros da capital. Usando ferramentas estatísticas, algumas inferências puderam ser tomadas quanto ao real funcionamento do programa. Dentre as 20 borracharias abordadas, 18 foram contempladas pelo programa de logística reversa, e recebiam visitas para coleta de seus pneus insersíveis. Prova da eficiência do programa, que tem menos de 3 anos de existência. Também, pelo resultado obtido com a resposta unanime sobre o não conhecimento, por parte dos borracheiros, sobre algum ponto de descarte adequado para os pneus, vê-se a importância de uma continuação e maior abrangência de programas de coleta, reaproveitamento e reciclagem de pneus. Essa é uma solução imediatista para o problema, uma vez que se não houver uma interferência de tal tipo na logística do pneu, ele será simplesmente descartado de maneira inapropriada. Uma solução ao longo prazo para o problema, é uma maior educação ambiental e divulgação de programas já existentes que envolva borracheiros e população, para que juntos à iniciativa do programa de logística

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reversa de pneus em São Luís, todos os pneus possam ser reutilizados de alguma maneira beneficiando ambiente, sociedade e economia.

Referências ALDEIA GLOBAL Disponível em: Acesso em: 18 janeiro 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004 - Resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. BRAGA, B.; HESPANHOL, I.; CONEJO, L.G.J.; MIERZAWA, C.J.; BARROS, M.T.L.; SPENCER,M.; PORTO,M.; NUCCI, N.; JULIANO,N.; EIGER, S. Introdução à Engenharia Ambiental. 2ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005 BRASIL, Lei 12.305, de 2 de Agosto de 2010. Instituto Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e dá outras providências. Lex: coletânea de legislação e jurisprudência: legislação federal e marginalia, São Paulo, v. 74, p. 950-971, ago. 2010. DENATRAN. Frota Nacional. Brasília: 2015 EDINGTON, Isaac. São Luís do Maranhão dá primeiro passo para logística reversa de pneus. Exame, 14 fevereiro 2013. Disponível em: . Acesso em: 18 janeiro 2015. G1, Maranhão, Frota de veículos em São Luís ultrapassa 300 mil, 03 outubro 2012. Disponível em: . Acesso em: 16 janeiro 2015. INFO PNEUS. Disponivel :História do Pneu
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