ANALISE DOS BENEFICIOS DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (ABP) NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS PRÁTICOS NO CURSO DE ENGENHARIA. ANALYSIS OF BENEFITS OF LEARNING BASED ON PROBLEMS (ABP) IN PRACTICAL PROJECT DEVELOPMENT AT ENGINEERING COURSE

May 27, 2017 | Autor: J. Ferreira dos P... | Categoria: Problem Based Learning, Design thinking, Engenering
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ANALISE DOS BENEFICIOS DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (ABP) NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS PRÁTICOS NO CURSO DE ENGENHARIA. ANALYSIS OF BENEFITS OF LEARNING BASED ON PROBLEMS (ABP) IN PRACTICAL PROJECT DEVELOPMENT AT ENGINEERING COURSE.

João Matias Santos, Especialista em Design Instrucional para Ead Virtual [email protected] (11) 99380-2063 Julio Cesar Ferreira dos Passos, Especialista em Educação a Distância UNIVESP, [email protected] (11) 99780-3756 Resumo Um dos problemas encontrados, que impacta negativamente a motivação dos alunos do curso de engenharia, é a falta de aplicação pratica dos conceitos teóricos apreendidos em sala de aula durante a sua formação. Somado a este fato, existe ainda a aprendizagem em que o aluno aprende de forma passiva com atuação pouco pratica durante a formação superior, não sendo coadjuvante na construção de seu conhecimento. A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), juntamente com a abordagem do Design Thinking (DT), aplicada nos cursos de engenharia, oferece a possibilidade de preencher a lacuna entre a teoria e a prática no processo de aprendizagem e formação dos futuros engenheiros. A metodologia favorece a construção do conhecimento através do desenvolvimento de projetos práticos onde o aluno é protagonista de sua aprendizagem atuando de forma ativa sua formação. O presente trabalho tem como objetivo analisar os benefícios obtidos na aplicação da metodologia ABP atrelada abordagem do DT, através de estudo de caso com ênfase na participação do professor mediador da disciplina e da experiência do aluno integrante de um grupo de trabalho, no qual ambos descrevem a experiência sobre a ABP, consoantes a seu potencial para melhorar a formação dos futuros engenheiros. Palavras-chave: Aprendizagem; Formação; Problemas; Engenharia; Design Thinking.

Abstract One of the problems encountered, which negatively impacts the motivation of engineering course students is the lack of practical application of theoretical concepts learned in class during their training. Added to this fact, there is still learning where the student learns passively with little practical performance during higher education, and is not supporting the construction of their knowledge. The Problem-Based Learning (PBL), together with the approach of Design Thinking (DT) applied in engineering courses, offers the possibility to bridge the gap between theory and practice in the learning process and training of future engineers. The methodology favors the construction of knowledge through the development of practical projects where the student is the protagonist of their learning actively taking their training. This study aims to analyze the benefits achieved in the implementation of the BPL linked methodology DT approach through case study with emphasis on the participation of the facilitator of discipline and experience of the student member of a working group, in which both describe the experience of the BPL, consonants to their potential to improve the training of future engineers. Keyword: Learning; Formation; Problems; Engineering; Design Thinking.

1. Introdução Prestar serviços na área de ensino para atender as demandas de desenvolvimento exigidas pelo mercado nacional e internacional tem sido tarefa complexa para as instituições de ensino superior, principalmente nas formações de engenharia. Desta forma é prudente que a formação dos engenheiros de hoje e do futuro seja submetida a uma reformulação, de modo que venha a atender a demanda de desenvolvimento e avanço das exigências do mercado. Essas novas demandas tem levado as instituições públicas de ensino bem como as particulares a reestruturarem seus planos de ensino, ementas e objetivos das disciplinas ministradas tornandose assim agentes de capacitação profissional para o mercado. Por muito tempo o processo de ensino esta passando por uma reformulação para que os alunos estejam não somente submetidos a um sistema de informação como adotado na grande maioria das instituições durante as aulas presenciais já conhecidas. Hoje, a grande demanda do mercado exige que os profissionais estejam aptos e motivados a utilizar a criatividade para a

resolução de problemas implementando projetos práticos, viáveis e desejáveis pelos clientes finais. Muitas empresas e instituições de ensino já tem conhecimento destas necessidades e têm ciência das restrições praticadas no modelo antigo de ensino e hoje buscam inovar o através de novas metodologias ativas de aprendizagem. De acordo com Wals (2014), consoante a essa necessidade novas maneiras de aprendizagem estão sendo desenvolvidas com o uso das conhecidas metodologias ativas em aprendizagem, que podem ser citadas os exemplos: trans e interdisciplinar; social; baseada em projetos; jogos de simulação; simulações de computador; ensino à distância; desenvolvimento de cenários; baseada em problemas; aplicação de ideias sem investimentos; educação de valor; abordagens experimentais; diário reflexivo escrito, e muitas outras. Essa necessidade pode ser aplicada, principalmente, para estudantes de engenharia, pois um dos maiores desafios desta formação é atrelar os conceitos aprendidos nas disciplinas à aplicação em situações cotidianas de uma empresa e\ou operações de processos. Consoante a este cenário, os estudantes precisam de uma compreensão intuitiva da complexidade da realidade de uma organização, os seus desafios e os problemas específicos, além de compreender que os conceitos das disciplinas podem fazer pelas organizações. Nos dias de hoje, constata-se que a maioria das ferramentas e materiais didáticos existentes estão voltados para uma visão teórica do ambiente empresarial. Assim, o principal objetivo desse trabalho se concentrou em analisar os benefícios da aplicação da metodologia ativa de aprendizagem baseada em problemas e por projetos (ABP) que pode propiciar aos alunos de engenharia uma maior compreensão e correlação das disciplinas da grade curricular para uso pratico no desenvolvimento de projetos que solucionem ou amenizem problemas da sociedade onde estão inseridos. Para tanto, foi conduzida uma pesquisa através de estudo de caso em um grupo de trabalho para desenvolvimento do que denominamos de Projeto Integrador, sendo realizadas observações “in loco”, analise e coleta de informações com o uso de entrevistas não estruturadas. Adicionado a este processo, são discutidos neste trabalho os conceitos da interdisciplinaridade e seus pontos positivos no ensino possibilitando uma melhor motivação, compreensão, concepção, implementação e operacionalização dos conceitos das disciplinas em

projetos práticos. 2. Referencial teórico A mudança social marcante para o novo paradigma de ensino aprendizagem é o advento da utilização massiva das tecnologias da informação e comunicação, em especial a internet marca uma ruptura com o modelo de educação tradicional bancária e enciclopédica, pois, o acesso a informação ganhou agilidade, o conhecimento adquiriu uma nova dimensão e junto a isto a necessidade do desenvolvimento de novas habilidades para uma sociedade em rede e conectada. Segundo McGrath (2002) apud Fuertes (2006), podemos definir a ABP como o método de aprendizagem em grupo que se utiliza de problemas reais como estímulo para desenvolver habilidades de resolução de problemas e propiciar a aquisição de conhecimentos específicos. Desde o inicio da década de 80 do século XX, diante dos problemas diagnosticados nas metodologias tradicionais de ensino, evidencia se a necessidade de uma alternativa. A metodologia da ABP, inicialmente observada em cursos da área médica Dolmans (2005), recentemente vem sendo incorporada na formação de engenheiros, o emprego da APB é motivado pelas demandas advindas das novas características de mercado, relações produtivas e sociais modificadas pelo emprego de tecnologias de comunicação e interconexão, a partir disto diversos cursos de formação técnica superior foram incorporando as características da metodologia ABP que em grande medida se adapta as caracterizações na sociedade da informação e da comunicação. A implantação da ABP, ou outra metodologia caracterizada por modelos ativos como abordagem de ensino-aprendizagem passa por resistências institucionais e pessoais, pois os estudantes precisam também entender se como ativos no processo, e o professor passa de um papel central e transmissor na conformação tradicional,

para um papel mediador,

institucionalmente para implantação e funcionamento da metodologia, é preciso a formação de pessoal docente com a visão e conformidade dos novos papéis exigidos. 2.1 Metodologias ativas de aprendizagem De acordo com Bonwell (1991) “a Metodologia Ativa de Aprendizagem” refere-se a

estratégias de ensino onde os alunos são envolvidos no processo de aprendizagem, ao invés de permanecerem passivos assistindo uma aula em forma de palestra. As metodologias ativas de aprendizagem tem por objetivo inverter a sala de aula fazendo com que o aluno assuma o papel ativo na busca de seu conhecimento retirando assim o protagonismo do professor que até então era o principal responsável por transmitir o conhecimento. Assim o aluno é colocado de maneira que se depara com mais autonomia no seu processo de aprendizado e com constantes desafios a serem elaborados, pensados e resolvidos com projetos que podem ser aplicados na resolução de problemas presente na sociedade. Convém ressaltar também que utilizando a metodologia ativa de aprendizagem o aluno tem a possibilidade de construir o conhecimento através da assimilação de conteúdos já aprendidos no passado (teorias antigas) construindo assim um raciocínio inteligente e fortemente sedimentado na solução de problemas. Para Bruner (1961), os alunos que estão ativamente envolvidos com o tema são mais propensos a lembrar da informação por mais tempo e são mais capazes de utilizar ou aplicar as informações de novas maneiras. Incentivar os alunos a trabalhar de forma colaborativa irá ajudálos a descobrir o significado pessoal dos conceitos, ao contrário da metodologia convencional, que tem como foco o ensinar, nas metodologias ativas o foco central é a preocupação com a aprendizagem do aluno, no qual a importância do aprender predominou sobre o ensinar. As abordagens de prós e contras listam uma série de dificuldade a respeito à aplicação das metodologias ativas, enquanto outros esboçam um olhar completamente diferente. 2.2 Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). A Aprendizagem Baseada em Problemas e por Projetos vem ganhando espaço atualmente, com a introdução e chegada de novas tecnologias no mercado de trabalho e no mundo acadêmico a rotina e as metodologias adotadas no ensino sofreram profundas alterações. Estes novos cenários exigem indivíduos com atitude e postura critica aplicando conhecimento e soluções frente aos novos desafios e problemas propostos. Tendo este novo cenário em vista, a educação moderna centraliza o aprendizado no desenvolvimento de competências e habilidades dos alunos que são estruturados em quatro pilares básicos de acordo com Delors (1999), são eles: Aprender a aprender, Aprender a Fazer,

Aprender a Conviver e Aprender a Ser. Realizando o ensino e treinamento baseado nestes quatro pilares a necessidade de ensino atual da sociedade é atendida. Para Araújo (2009), diferentemente do antigo método que era focado na aquisição de informação pelo aluno de maneira passiva, este novo método se orienta ao desenvolvimento de competências e habilidades que serão utilizados pelos indivíduos em seu ramo de atuação profissional. Por isso, hoje não basta somente ter o conhecimento teórico da área em que atua, mas também saber aprender, saber fazer, saber conviver e aprender a ser tudo o que se aprende na teoria para aplica-lo no dia a dia. O principal fator motivacional desta metodologia é o desafio de encontrar juntamente com os seus colegas de grupo a solução criativa e efetiva para o problema proposto e com isso compartilhar e adquirir o conhecimento durante todo o processo de aprendizagem na resolução do problema. Sendo assim, a metodologia Aprendizagem Baseada em Problemas ou Projetos (ABP) preocupa-se em ajudar o estudante a adquirir o conhecimento necessário para desenvolver as habilidades que deverão ser utilizadas e articuladas na resolução de problemas propostos ao individuo não somente em sala de aula, mas também em sua rotina no mercado de trabalho. É importante ressaltar também a importância do docente neste processo de aprendizagem que passa a ser ainda mais desafiador tendo como foco de atuação a tutoria e orientação dos alunos no processo de articulação das habilidades, mediando o problema a ser solucionado e as ideias para que os mesmos cheguem à solução de uma maneira criativa e ousada. Com esta nova atuação do professor, cenários de atividades desafiadores são criados capazes de desenvolver as inúmeras habilidades dos alunos e o resultado deste processo é a aquisição da competência. 2.3 Design Thinking (DT). O Design Thinking (sigla DT) trata-se de uma metodologia desenvolvida por uma empresa americana de design e inovação, a IDEO, de Palo Alto, na Califórnia, região hoje denominada Vale do Silício por abrigar boa parte das empresas de tecnologia mais inovadoras do mundo. Dentro do Design Thinking é utilizado o processo de Human Centered Design – sigla HCD (que em português significa design centrado no ser humano). O processo HCD é utilizado

para direcionar seu principal foco, que é desenvolver produtos ou processos com foco no ser humano e suas necessidades. Para Meinel & Leifer (2011): o Design Thinking é uma metodologia centrada no ser humano que integra colaboração multidisciplinar e interativa à criação de produtos, sistemas e serviços inovadores, com foco no usuário final. É centrado no ser humano porque o processo de concepção de serviços inovadores, por exemplo, começa por examinar as necessidades, sonhos e comportamentos das pessoas a serem afetadas pelas soluções projetadas, ouvindo e compreendendo-as (BROWN, 2010). O DT adota como modelo o processo de prototipação para a solução dos problemas encontrados junto ao publico alvo, que exigem testes contínuos durante o desenvolvimento exigindo a participação ativa do cliente em todas as fases do processo, e o objetivo final é a implementação da solução ideal na operação. É valido ressaltar que para que este processo seja factível de solução real e viável a metodologia apoia-se em três fases para o desenvolvimento da solução: Ouvir, Criar e Implementar (figura 1).

FIGURA 1 – Fases de abordagem Design Thinking (DT). Fonte: elaborado pelos autores baseado em Brown.

Na fase do Ouvir, a equipe de projetos procura visitar a operação ou cenário com o objetivo de observar e ouvir os clientes e usuários finais dos processos com o tendo o foco de observar possíveis problemas ou necessidades. Nesta fase, um bate papo informal ou mesmo uma entrevista com o pessoal de campo ou usuários é muito valida, pois deles serão ouvidos

problemas, reclamações e necessidades mais latentes. Após o processo do Ouvir, a equipe de projetos se reúne em sala para analise dos dados e as informações coletadas na tentativa de encontrar o problema ou necessidade central do cliente ou usuário final. Encontrando o problema focal a equipe realiza um brainstorming de possíveis soluções para implementação junto ao cliente. É interessante que neste processo, tudo seja anotado em post its ou mesmo mapas conceituais com o objetivo de que as informações não se percam durante a discussão. A figura 2 ilustra anotações realizadas em ferramenta de mapas conceituais de um brainstorming.

Figura 2: Anotações Brainstorming durante segunda fase do Design Thinking. Fonte os autores.

Após discussões e com o veredicto sobre qual solução implementar a equipe desenvolve o protótipo, que pode ser um produto físico para uso do cliente ou mesmo um processo para a solução do problema levantado na fase do ouvir. Finalmente, a equipe de projetos retorna a operação para realizar a implementação da solução junto ao cliente. Este processo não é finalizado nesta fase, como é mostrado na figura 1, a equipe deve realizar o processo de ouvir novamente junto ao cliente para verificar se de fato o

problema foi resolvido. Nota-se, então, que o DT é um processo continuo de melhorias e solução de problemas. Como tudo no mundo dos negócios e sociedade, os clientes têm necessidades que são renovadas a cada dia e o DT prevê o atendimento destas novas demandas continuamente. Tendo em vista que os processos e operações das empresas exigem esforços e investimentos estruturais cada vez mais enxutos (o fazer mais, com menos), três pilares de apoio concedem sustentação as inovações do DT. Um destes pilares é o Desejo (a solução deve estar no desejo do cliente ou usuário final), a Viabilidade (a solução deve ser viável financeiramente) e a Praticidade (a solução deverá ser operacionalmente prática para a solução e uso do cliente) com a solução estando centrada entre os três pilares (figura 3).

FIGURA3 – Característica dos projetos. Fonte: elaborado pelos autores baseado em Brown.

Sendo assim, uma solução precisa ser desejável aos olhos do cliente e não da equipe de projetos. No que tange ao pratico, deve-se levar em consideração que o produto ou processo deve ser operacionalmente fácil ao cliente ou publico alvo (de nada adianta desenvolver um software que o usuário final não tenha condições de utilizar na operação). Finalmente, quanto à característica de Viabilidade o produto final deverá ser dotado de custo factível de ser operacionalizado. Esta ultima característica tem sido incansavelmente focado pelas empresas uma vez que a busca por processos mais enxutos estão cada vez mais em pauta nas operações de muitas companhias.

3. Metodologia aplicada na pesquisa A metodologia utilizada neste projeto é o estudo de caso, um método de pesquisa que utiliza, geralmente, dados qualitativos, coletados a partir de eventos reais, com o objetivo de explicar, explorar ou descrever fenômenos atuais inseridos em seu próprio contexto. Caracterizase por ser um estudo detalhado e exaustivo de poucos, ou mesmo de um único objeto, fornecendo conhecimentos profundos (YIN, 2001). Somado ao descrito acima, segundo Yin (2001), o estudo de caso é uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, sendo que os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definido. As evidências podem advir de distintas fontes como documentos, observações diretas, observações indiretas, registros em arquivos, entrevistas e artefatos físicos. Assim, para esse artigo, a obtenção de dados foi realizada inicialmente através da pesquisa bibliográfica, buscando-se materiais e documentos que abordaram os conceitos relacionados com as metodologias ativas de aprendizagem. Em um segundo momento, o estudo de caso foi aplicado em um polo de educação a distância localizada na região metropolitana de São Paulo-SP, sendo uma das instituições que fazem parte da estrutura de ensino a distancia da universidade. Nessa organização foram realizadas observações “in locuo”, analise dos métodos e coleta de informações por meio de entrevistas não estruturadas, ou seja, sem um roteiro previamente estabelecido. O encontro, denominado encontro presencial de grupos de alunos e mediação, foi aplicado em um total de 54 alunos do curso de engenharia, divididos em 3 turmas por período. Em cada período existem 3 grupos contendo 6 alunos cada onde são discutidos soluções para problemas reais existentes. O principal objetivo dos grupos é o de discutir de que maneira é possível conceber uma solução viável, praticável e desejável para a sociedade praticando a escuta ativa (empatia), criação e implementação do projeto. O período analisado foi o de junho 2014 até junho de 2016. A avaliação de eficácia do curso se deu no início com uma pesquisa do grau de conhecimento sobre a metodologia aplicada, e no final deste período, com uma avaliação do curso com comentários gerais e críticas.

4. Estudo de caso na aplicação da Metodologia Ativa através de Projetos Integradores. 4.1 - Orientações iniciais para desenvolvimento dos projetos integradores. Conforme brevemente citado no capítulo anterior, os encontros da mediação são organizados quinzenalmente na modalidade presencial e virtual, alternando sua modalidade conforme o calendário acadêmico. Durante os encontros, mediador pedagógico realiza a divisão das turmas de 18 alunos em 3 grupos de 6 alunos e recebem uma temática ampla como direcionamento para o diagnóstico de problemas (Figura 3).

FIGURA 3 – mediador pedagógico realizando orientações para o projeto integrador. Fonte: elaborado pelos autores.

De posse destas informações e orientação do mediador pedagógico, os grupos são orientados a visitar um local fisicamente para que analisem os problemas presentes no ambiente através da observação e escuta ativa (empatia) com os usuários (figura 4).

Figura 4: Alunos realizando o processo de observação e escuta ativa em visita. Fonte: elaborado pelos autores.

De posse das informações coletadas retornam para a sala de aula e as socializam com os demais membros dos grupos no papel. Num segundo momento realizam Brainstorming com possíveis soluções do que pode ser uma solução do problema encontrado junto aos usuários (figura 5).

Figura 5: Alunos realizando o processo criação e brainstorming. Fonte: elaborado pelos autores.

Finalmente, os grupos vão ao local novamente e apresentam a solução criada e implementam a mesma no local. A partir disso é realizado o processo de escuta ativa novamente com o objetivo de verificar se a solução criada pelo grupo realmente resolve o problema apresentado no inicio. Este processo cíclico de aprimoramento das soluções nunca termina e passa por vários aprimoramentos de maneira que o problema seja realmente resolvido. 4.2 - Etapa teórica e de inter relacionamento das disciplinas É importante ressaltar também, que as disciplinas da grade curricular da engenharia, caminham em paralelo com a necessidade dos projetos integradores oferecendo assim ferramentas teóricas que podem direcionar e aprimorar os protótipos desenvolvidos pelos grupos durante o bimestre de estudo. Assim, é possível que os alunos possam utilizar, de acordo com a necessidade do protótipo desenvolvido ferramentas das disciplinas em curso no bimestre ou já cursadas. Como, por exemplo, utilizando dos conteúdos e conceitos da disciplina Estatística, aplicar nos projetos tabelas e gráficos com o objetivo de demonstrar como determinado publico aceita ou não o projeto desenvolvido (figura 6).

Figura 5: Alunos realizando o processo criação e brainstorming. Fonte: elaborado pelo autor.

De outras disciplinas é possível também relacionar Metodologia Científica, Matemática, Leitura e Interpretação de Textos, Sociedade e Cultura, Física I, II e III somente para citar alguns exemplos onde todas elas colaboram para que o projeto tenha forte embasamento teórico e consistência de aplicação.

4.3 - Elaboração do relatório escrito e socialização dos projetos desenvolvidos Ao final dos projetos integradores desenvolvidos pelos grupos é elaborado um relatório científico contemplando as normas presentes na ABNT que pode chegar até 50 paginas. Neste documento, além de todo o embasamento teórico adquirido das disciplinas direcionadoras é colocado todo o processo de pesquisa aplicado junto ao publico alvo para a solução do problema. Ao final de cada semestre é realizada uma apresentação oral de cada grupos com aproximadamente 20 minutos de maneira que se possam discutir os resultados obtidos com a implantação dos protótipos bem como as maiores dificuldades encontradas para que se possa melhorar nos próximos projetos. 4.4 - Avaliação dos encontros da mediação: aspectos favoráveis e limitações verificadas Percebe-se que com a metodologia ativa ABP os grupos se mostram mais motivados a buscar soluções para os problemas apresentados da realidade. Muitos dos alunos acabam verificando através da escuta ativa um modo de ser mais específico para a resolução dos problemas. A entrevista realizada em ambientes reais da sociedade são complexas envolvendo diversos atores o que torna a implementação de soluções mais desafiadoras para os alunos. Todos os alunos dos grupos foram questionados em relação à eficácia da metodologia ABP e o DT através da utilização de questionário de avaliação da universidade, abordando aspectos relacionados a orientação, conhecimento e habilidade do mediador pedagógico. O questionário citado estava estrutura com questões fechadas ponderadas quantitativamente entre “ruim” e “excelente” (escala de 0 a 5) e por questões abertas de característica qualitativa (comentários gerais). Na grande maioria dos encontros realizados no polo e nos ambientes virtuais a pontuação na escala 5 foi de 95% a 100%, demonstrando alto grau de satisfação dos alunos em relação a metodologia aplicada, destacando-se como principais aspectos positivos: abordagem em problemas reais o que auxilia no esclarecimento de conceitos teóricos das disciplinas; alinhamento de expectativas dos usuários com as soluções criadas; vivência prática da criação de soluções para as necessidades; aprendizagem baseada em problemas o que torna o grupo mais motivado.

Os aspectos de melhoria conforme citado acima, pode-se elencar: envolvidomento com cenários complexos; as orientações iniciais estavam muito bem estruturadas nos materiais de orientação do projeto integrador; a participação dos alunos esta fortemente ligada a motivação do mediador pedagógico principalmente durante a visita ao ambiente e estruturação das ideias colocadas pelos alunos no processo de criação de soluções. Levando em consideração o ponto de vista da universidade na aplicação desta metodologia, pode-se citar como fatores críticos para que a formação tenha sucesso: elevado nível de conhecimento de desenvolvimento de projetos do mediador pedagógico; exige experiência prática na condução da metodologia ABP; investimento de tempo na preparação e estruturação das temáticas a serem abordadas; estruturação de formas de avaliação e auto avaliação dos alunos dos grupos no intuito de realizar avaliações justas do empenho de cada um deles. Uma das limitações verificadas esta relacionada ao tempo de desenvolvimento dos projetos integradores que antigamente eram realizadas em 2 meses e agora são realizados em 4. No entanto, este tempo se torna escasso devido a muito dos integrantes não terem o tempo adequado de visitas e experimentações dos projetos criados, pois muitos trabalham no mercado e tem família que ocupam um bom tempo de sua rotina. Outro ponto desfavorável com as dinâmicas dos projetos integradores esta ligado a algumas disciplinas da grade curricular que por algumas vezes não conseguem aderir a determinado projeto desenvolvido por alguns dos grupos. 5. Conclusões Finais A utilização de técnicas de metodologias ativas nos cursos de engenharia, como foi apresentado no estudo de caso em questão, onde se aplicou a ABP e abordagem junto ao publico com o Desing Thinking, gerou motivação e envolvimento dos alunos na atividade de aprendizagem, gerando maior sinergia e interação nos grupos dos projetos. A experiencia durante os anos de aplicação da metodologia ABP nos grupos indica que é possível obter aprendizado construído em conjunto com os alunos de uma maneira muito eficaz. Muitos dos alunos após o término e entrega dos projetos apresentaram feedback positivo com relação ao aprendizado

construído com a metodologia ABP e a abordagem DT. Outro ponto que convém destacar foi a maior facilidade em perceber a dificuldade de se construir soluções para problemas reais utilizando a empatia na etapa do Ouvir, pois para que o processo tenha sucesso é necessário compreender na raiz a necessidade ou problema do usuario se colocando no lugar do mesmo. Na etapa do Criar, notou-se o desenvolvimento dos alunos com relação ao trabalho em grupo e mutildisciplinar onde nota-se que a maioria destes integrantes devem ser adaptar as novas ideias dos colegas e criar flexibilidade e senso de negociação com todos. No entanto, pode-se verificar que a metodologia ABP não está isenta de desafios que necessitam ser superados , tais como paradgimas tanto por parte do corpo docente mais conservador quanto pelos alunos que ainda estão adaptados a aprendizagem passiva ja bastante conhecida. Dessa maneira, em face dos resultados obtidos nestas mediações e projetos integradores desenvolvidos, pode-se concluir que ainda existe um longo caminho para o desenvolvimento e disseminaçao da ABP nos mais diversos cursos superiores de engenharia do pais, no entanto um estudo mais amplo deve ser conduzido objetivando comparar as vantagens e limitações destas metodologias ativas em relação as metodologias tradicionais, quando aplicadas nos cursos de engenharia das universidades. Por ultimo e não menos importante, é válido ressaltar que o Design Thinking é também parte da gestão de muitas empresas na criação de produtos e serviços. Cursos de engenharia devem fazer uso dos processos acima citados neste artigo com o intuito de colocar os alunos em confronto com problemas reais da sociedade balanceando o atendimento do desejo, praticidade e viabilidade na solução de problemas. Assim, recomenda-se que desde o primeiro ano de graduação, o aluno seja colocado frente ao publico alvo que necessita de soluções para seus problemas cotidianos de forma que pratique a interdisciplinaridade e trabalho coletivo para nortear a construção de protótipos que serão aplicados e testados com os usuários finais. Referências ARAÚJO, Ulisses Ferreira de; SASTRE, Genoveva. Aprendizagem baseada em problemas no ensino superior. São Paulo: Summus Editorial, 2009. BERGERMAN, Marcel. Inovação como instrumento de geração de riqueza no Brasil: o exemplo dos institutos

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