ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO APLICADA A PROJETO DE MODIFICAÇÃO DO MOBILIÁRIO EM UMA SUBSECRETARIA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO

July 8, 2017 | Autor: Flavio Roitman | Categoria: Ergonomia
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ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO APLICADA A PROJETO DE MODIFICAÇÃO DO MOBILIÁRIO EM UMA SUBSECRETARIA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO Flavio Roitman, arquiteto Comitê de Ergonomia / Seção de Obras Tribunal Regional Federal da 2ª Região Rua do Acre, 80 – Centro. Rio de Janeiro / RJ CEP: 20081-000 - Fone: (21) 22768222 Email: [email protected] Palavras chave: Análise Ergonômica do Trabalho - AET, Comitê de Ergonomia, mobiliário, conforto. O artigo apresenta parte da Análise Ergonômica do Trabalho realizada na Subsecretaria da 4a Turma do TRF 2ª Região, a partir do levantamento de queixas de saúde pelo Serviço Social. A criação do Comitê Permanente de Ergonomia foi efetuada visando a elevação dos índices de conforto dos servidores. Três elementos do mobiliário, objetos de transformação, são analisados antes e após sua modificação. Keywords: Ergonomic Analysis of Work, Ergonomics Commitee, furniture, confort. The paper presents part of the Ergonomic Analysis of Work made in the subsecretary of 4th Class of the Federal Justice Tribunal of the 2nd Region, based on data of health complaints by the Social Service. The creation of the Ergonomics Commitee was effectuated to bring the elevation of confort for the workers. Three elements of the furniture, objects of transformation, are analysed before and after their modification.

1. INTRODUÇÃO O atividade-fim do Tribunal Regional Federal da 2a Região compreende o julgamento dos recursos de decisões de primeira instância da Justiça Federal dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Os processos são julgados nas Sessões Especializadas, compostas por vários desembargadores, que formam uma Turma Especializada. Estes processos, antes das Sessões, são preparados para o julgamento nas Secretarias de Turma. O levantamento, pelo Serviço Social, de queixas de saúde que pudessem ter relação com o trabalho resultou na implantação do programa de Análise Ergonômica do Trabalho (AET) no TRF. A iniciativa ocorreu como uma dentre várias ações solicitadas pelo então Presidente do Tribunal, preocupado com o crescente nível de estresse de magistrados e servidores. Os resultados obtidos revelaram a existência de situações inadequadas relacionadas às condições físicas e organizacionais de trabalho de servidores lotados em alguns setores das áreas fim (jurídicas) e meio (administrativas) do Tribunal. Este trabalho apresenta parte da Análise Ergonômica do Trabalho realizada na Subsecretaria da 4a Turma do TRF, no período de maio a setembro de 2004. Análise esta, desenvolvida através da contratação do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ, em conjunto com o Comitê Permanente de Ergonomia do TRF. Procurou-se compreender o trabalho dos servidores, identificando os aspectos críticos para as condições de trabalho e o seu desempenho. Foram realizadas observações e registros globais das atividades dos servidores, que aliadas à descrição dos processos funcionais e aos dados técnicos do funcionamento geral dos setores analisados constituíram a base para as recomendações de transformação. A análise realizada teve como objetivo um diagnóstico geral, englobando diversas características das condições de trabalho – desde condições físicas e materiais a aspectos organizacionais. Este diagnóstico geral tornou-se necessário, pois o trabalho dos servidores públicos é pouco estudado e não existem muitos dados sobre como o desempenho das funções rotineiras por servidores do Poder Judiciário afeta a sua saúde.

A situação verificada durante a realização do diagnóstico foi uma elevada carga de trabalho tanto dos desembargadores federais como dos servidores. Foram constantes as menções à quantidade insuficiente de servidores face ao elevado número de processos julgados e em tramitação. 2. O COMITÊ DE ERGONOMIA O Comitê Permanente de Ergonomia do TRF foi criado com o intuito de acompanhar os trabalhos da equipe contratada - COPPE/UFRJ - e receber desta uma formação básica em ergonomia que permitisse, após o término do contrato, continuar desenvolvendo trabalho semelhante em outros setores do órgão. O Comitê é formado por uma equipe multidisciplinar de servidores com formação ou especialização em diferentes áreas, tais como direito, assistência social, medicina do trabalho, odontologia, arquitetura, informática, infra-estrutura e outras. As atribuições do Comitê Permanente de Ergonomia são: desenvolver um Programa de Ergonomia no Tribunal, visando a elevação dos índices de conforto, qualidade de vida e produtividade; contribuir para a criação de uma cultura ergonômica na instituição e formar multiplicadores para desenvolver a implantação e seguimento do Programa. 3. MOBILIÁRIO E CONDIÇÕES DE TRABALHO ANTIGAS O levantamento das condições de trabalho, das condições físicas do local e do mobiliário da Subsecretaria da 4a Turma foi realizado através de entrevistas com os servidores, observações locais e acompanhamento das atividades dos servidores no setor. As principais observações e comentários relativos a mobiliário inadequado para o trabalho exercido foram resumidos em três itens – carrinho para transporte interno de processos; mesas nos postos de trabalho e escaninhos para armazenamento de processos. 3.1 Carrinho O único modelo de carrinho existente para transporte de processos era muito grande para movimentação interna dentro da subsecretaria. Quando utilizado, esbarrava comumente em mesas de trabalho e cadeiras de servidores sentados. Por este motivo, cadeiras com rodízios eram freqüentemente utilizadas para esse transporte, substituindo os pesados carrinhos. 3.2 Postos de trabalho As mesas utilizadas eram de bom padrão de qualidade, medindo 1,20 x 0,60 m ou 1,40 x 0,70 m, com pés de aço pintado e superfícies em laminado texturizado padrão madeira marfim. Tinham três gavetas em um dos cantos presas ao tampo. Para uso de computador, utilizava-se uma outra mesa de 0,80 x 1,00 m em ângulo de 90 graus, adjacente a um dos cantos. As superfícies de trabalho foram consideradas pequenas para manuseio dos processos e uso do computador. Os gaveteiros atrapalhavam a movimentação dos membros inferiores. Os servidores muitas vezes manipulavam os processos no colo e utilizavam o computador com o tronco rotacionado, o que foi considerado um dos fatores causadores de queixas de saúde. 3.3 Prateleiras/ Escaninhos Faltava espaço para armazenamento de processos e as prateleiras existentes não possuíam divisões internas, permitindo que as pilhas de processos escorregassem e se misturassem, gerando retrabalho. 4. MOBILIÁRIO NOVO IMPLEMENTADO A partir da análise efetuada foi possível desenvolver soluções para os problemas identificados e iniciar um processo para desenvolvimento de um carrinho adequado, transformação dos postos de trabalho e especificação detalhada dos escaninhos a serem adquiridos a partir daquele momento. Os princípios gerais que nortearam estas propostas de transformação e as novas especificações para aquisição de mobiliário foram: integração da ergonomia na prática da

engenharia; análise da situação existente; participação dos usuários; abordagem de projeto centrada no usuário e mobiliário em função da utilização. 4.1 Carrinho Foi implementado na Turma analisada um carrinho médio (tipo “biblioteca”), para transporte de processos dentro do próprio setor. Este modelo foi desenvolvido na SEOBRA (Seção de Administração de Obras) com a colaboração de alguns servidores.

Figura 1 - Carrinho 4.2 Postos de trabalho Os postos de trabalho passaram a ser compostos por estações em forma de “L”, medindo 1,40 x 1,40 x 0,60 m, com módulo gaveteiro em anexo, com tampo nivelado à estação, medindo 040 x 0,60 m, ocupando o posto de trabalho uma área total de 1.40 x 1.80m, com espaço para computador no canto, o que garantiu posicionamento de documentos dentro da área de alcance considerada confortável para o servidor, permitindo postura adequada na utilização do micro.

Figura 3 - Postos de Trabalho

4.3 Prateleiras/ Escaninhos Foram desenvolvidos, também pela SEOBRA, novos escaninhos para armazenamento dos processos judiciais, com divisões verticais, que garantem melhor aproveitamento e organização dos processos, além de evitar que os processos sejam misturados.

Figura 2 - Escaninho 5. PRIMEIRAS OBSERVAÇÕES APÓS A TRANSFORMAÇÃO O carrinho tipo biblioteca facilitou bastante o transporte interno de processos na subsecretaria. A substituição dos rodízios dos carrinhos médios por modelo mais resistente e de menor ruído poderia melhorar ainda mais sua performance. Relatos sugerem o aumento da altura útil da segunda prateleira do carrinho: passariam a ser apenas duas prateleiras, ao invés das três existentes, com altura semelhante à altura dos novos escaninhos, para comportar pilhas inteiras de processos. Com as divisões do carrinho semelhantes às divisões da nova estante, ficaria facilitada a transferência de processos de uma estante para outra. Um aumento do comprimento do carrinho para a mesma largura da estante não seria, no entanto interessante, pois comprometeria a circulação dentro dos setores com espaço mais reduzido. Outra possibilidade de melhoria seria a introdução de elemento vazado para fechamento das laterais do carrinho, como nos carrinhos de abastecimento de supermercado, para torna-lo um pouco mais leve. As estações de trabalho em “L” permitiram melhor postura do servidor em relação ao micro, não havendo mais a necessidade de torções do tronco. Uma questão pendente é a falta de mobilidade do monitor. Mesmo quando se trata de monitor de cristal líquido, menor e mais leve, é necessário garantir ao servidor a liberdade de afastá-lo, aproximá-lo, mudar sua angulação e/ou sua altura. Alguns servidores ainda utilizam catálogos telefônicos para elevar o monitor. Seria importante adotar algum tipo de suporte para monitor que garantisse esta flexibilidade.

Seria possível ainda aumentar o espaço para processos utilizando-se largura de 0,70 m ao invés de 0,60 m, para que coubessem dois processos alinhados na posição normal de leitura – vertical. A introdução dos escaninhos com divisões verticais melhorou sensivelmente a organização do armazenamento dos processos, garantindo melhor aproveitamento do espaço. Alguns relatos indicaram dificuldade na retirada dos processos da estante, que deixaram pouco espaço para os dedos, decorrente da redução na largura dos nichos quando da sua execução. Nas compras futuras isso poderá ser resolvido aumentando-se em 2 cm a largura dos nichos, perfazendo largura total de 30cm, conforme previsto no projeto original. O processo tem 25 cm de largura o que deixaria 2.5cm de folga de cada lado para as mãos. 6. CONCLUSÕES A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) no TRF 2a Região foi apenas iniciada e, portanto, o Comitê Permanente de Ergonomia ainda tem um bom caminho pela frente para analisar e propor soluções individualizadas e humanizadas para os diferentes setores deste órgão. As transformações devem ser estudadas com rigor e cada transformação precisa de uma avaliação pós-implantação para verificar se a intenção proposta foi realizada com sucesso na etapa de implantação. Se necessário, novas alterações devem ser feitas para que o resultado seja o mais próximo possível da condição ideal para o usuário – o servidor. 7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA FUNDAÇÃO COPPETEC. Análise Ergonômica do trabalho. Tribunal Regional Federal 2ª Região, Rio de Janeiro, novembro/2004. FUNDAÇÃO COPPETEC. Capacitação na análise ergonômica do trabalho aplicada a projetos de transformação das condições de trabalho. Tribunal Regional Federal 2ª Região, Rio de Janeiro, janeiro/2006. RIGAMONTE, R. C., REZENDE, M. C. V., PEREIRA, P. V. A., A atuação do Comitê de Ergonomia na definição de um mobiliário padrão para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Abergo/2002.

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