Análise Espectrográfica de Frase de Fernando Pessoa - Contribuição de Leonardo Fuks ao livro Cem bilhoes de neuronios Roberto Lent

May 25, 2017 | Autor: Leonardo Fuks | Categoria: Neurociencias, Fonética, ACUSTICA, Fonetica Acustica
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n e u r o c iê n c ia

das

Funções

M

entais

uma evidência dos universais linguísticos - neste caso, universais fonêmicos - propostos por Chomsky. Apenas uma parte dos fonemas de cada língua é universal. Outra parte é específica de grupos de idiomas, ou mesmo de um único idioma. Considera-se que os universais fonêmicos constituem o acervo inato de movimentos do aparelho fonador, comandados e compreendidos de modo único na natureza pelo sistema nervoso humano.

trou lateralizado à esquerda em homens, mas bilateral nas mulheres. Ao que parece, a diferença não se deve a causas genéticas, mas a diferentes estratégias de busca do léxicon fonológico empregadas pelas mulheres, em comparação com os homens.

A localização do léxicon fonológico tem sido tentada usando métodos de imagem funcional. Um experimento simples para isso consiste em pedir a um voluntário cujo cérebro esteja sendo “fotografado” por um aparelho de ressonância magnética funcional (RMf) ou por um tomógrafo emissor de positrons (PETG) para ouvir e compreen­ der palavras com e sem sentido, emitidas por um fone de ouvido. A partir da imagem resultante (Figura 19.6A), o computador pode subtrair a imagem que resulta das pala­ vras sem sentido, o que nos deixa com a imagem da região ativada apenas pela compreensão do sentido (Figura 19.6B), Experimentos desse tipo revelaram várias áreas ativas em tomo do sulco lateralAde Sylvius (regiões perissilvianas) do hemisfério esquerdo, envolvendo o córtex parietal inferior, os giros angular e supramarginalA da região que fica entre o lobo parietalA e o lobo occipitalA, o córtex frontal lateral inferior, o córtex temporal superiorA, e também a região de representação da face em M l (veja também a Figura 19.1). O interessante é que o processamento fonológico se mos­

Construímos frases porque conhecemos as regras de nosso idioma, ainda que de modo intuitivo, quer dizer, sem a formalização que a escola nos deu (e que geralmente esquecemos...). Imperceptivelmente, no entanto, as regras ficam armazenadas em nossa memória de procedimentos (veja o Capítulo 18), e não precisamos pensar para que as frases sejam emitidas corretamente (ou pelo menos inteli­ givelmente). As regras sintáticas reunidas na memória de procedimentos confundem-se com o léxicon sintático, cuja existência é suposta, mas ainda não demonstrada.

I A Co n s t r u ç ã o

das

F r a ses

Os psicolmguistas consideram que a construção das frases começa com a fase de conceitualização (Figura 19.7), que ocorre quando planejamos o conteúdo da mensagem, uma ação mental conhecida como macroplanejamento da fala. As regiões cerebrais envolvidas com o macroplane­ jamento - ainda desconhecidas - são chamadas conceitualizadoras, porque realizam a busca ao léxicon semântico para encontrar os conceitos apropriados que desejamos veicular. Segue-se uma segunda etapa, de busca da forma

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F ig u r a 1 9 .5 . Espectrograma da voz de um homem adulto durante a emissão da famosa frase do poeta português

Fernando Pessoa. 0 gráfico é tridim ensional: além da abscissa (representando o tempo) e da ordenada (representando a frequência), a intensidade de cinza representa a intensidade da voz. Observar que o fonema m ais forte é "pá", e que a separação dos fonemas não acompanha necessariamente a separação das palavras. Registro de Leonardo Fuks, da Fscola de Música, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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