ANÁLISE FACIOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA DE DEPÓSITOS CASCALHOSOS NA PORÇÃO NORDESTE DO MÉDIO CURSO DO RIO PARAOPEBA, QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG

May 23, 2017 | Autor: Fabrício Lopes | Categoria: Geomorfologia Fluvial
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05/03/2017 11º Sinageo ­ ANÁLISE FACIOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA DE DEPÓSITOS CASCALHOSOS NA PORÇÃO NORDESTE DO MÉDIO CU…

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ANÁLISE FACIOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA DE DEPÓSITOS CASCALHOSOS NA PORÇÃO NORDESTE DO MÉDIO CURSO DO RIO PARAOPEBA, QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG. Autores Lopes, F.A. (UFOP) ; Lana, C.E. (UFOP)

Resumo Este trabalho apresenta dados estratigrá�cos e topográ�cos de depósitos cascalhosos encontrados na porção NE do médio curso do rio Paraopeba. Tem-se por objetivo propor uma interpretação desses depósitos com base em características faciológicas, observadas a partir do levantamento estratigrá�co e topográ�cas, confrontando os quadros geomorfológicos atual e pretérito. Objetiva-se também apresentar métodos que possam corroborar as interpretações expeditas referentes à sua gênese. Com base nas características faciológicas e nos modelos de fácies apresentados por Miall (1978) e Walker (1984) os depósitos cascalhosos são interpretados como fragmentos distais e medianos de leques aluviais provenientes da serra da Moeda; entretanto, uma análise focada exclusivamente na topogra�a atual inviabilizaria essa interpretação, pois os depósitos encontram-se a jusante de inter�úvios, sugerindo, numa visão �xista, que os mesmos tenham sido gerados in-situ, a partir de acumulações residuais.

Palavras chaves Leque Aluvial; Per�l Estratigrá�co; Topogra�a

Introdução Este trabalho apresenta dados topográ�cos e faciológicos referentes a depósitos cascalhosos presentes na região nordeste do médio curso do rio Paraopeba. Tratam-se de depósitos sedimentares isolados, interpretados por Barros (2016) como pacotes de natureza coluvial portando, entretanto, clastos arredondados típicos de leito �uvial. Macroscopicamente, compõem-se de material cascalhoso, bem arredondado, por vezes subanguloso, encontrados em topos e meiasencostas de colinas do embasamento cristalino, em cotas sensivelmente superiores a das drenagens atuais. Tais depósitos se encontram entre as coordenadas UTM 582791 e 605674 E e 7780571 e 7763707 N, assentando-se na região oeste do Quadrilátero Ferrífero. As rochas da região foram agrupadas por Alkmim & Marshak (1998) em cinco conjuntos litológicos principais: rochas do embasamento cristalino e do Supergrupo Rio das Velhas, ambas de idade arqueana, rochas do Supergrupo Minas, rochas intrusivas pós-Minas e rochas do Grupo Itacolomi, todas paleoproterozoicas. Na área desta pesquisa, porção NE do médio rio Paraopeba, apenas não a�oram as rochas do Grupo Itacolomi. Em termos geomorfológicos, a área em estudo apresenta um relevo de cristas elevadas e escarpas íngremes nas áreas serranas da Moeda, Três Irmãos, Ouro Fino e Rola Moça onde a�oram as rochas supracrustais do Quadrilátero Ferrífero. Os Neossolos saprolíticos têm maior ocorrência nas áreas de alta vertente e os Cambissolos são predominantes na baixa vertente, recobertos por vegetação herbácea. Nas áreas topogra�camente mais baixas e suavizadas, domínio das rochas granito-gnáissicas do embasamento (Complexo Bon�m), encontram-se os Latossolos e Argissolos. O relevo mamelonar, com colinas de topos arredondados e vertentes convexas, também conhecido por “mares de morro”, abriga uma vegetação densa típica da Mata Atlântica e relativamente preservada, uma vez que parte da Unidade de Conservação do Parque Estadual do Rola Moça está inserida nesta área. De acordo com a classi�cação proposta por Christofoletti (1980), quanto ao padrão de drenagem, a rede hidrográ�ca apresenta-se como dendrítica, principalmente onde a�oram as rochas do Complexo Bon�m, e assume padrão retangular, onde os cursos d’água estão encaixados em estruturas geológicas. A principal atividade de uso e ocupação do terreno se dá através da explotação do minério de ferro. A presença de minas a céu aberto gera emprego e desenvolvimento regional. Na porção leste existem muitos condomínios horizontais onde vive uma população de classe média-alta atraída pela beleza natural da região. Busca-se, neste trabalho, caracterizar os depósitos sedimentares introduzidos acima com base nas informações levantadas a partir da análise estratigrá�ca apoiada em informações retiradas de per�s topográ�cos da área.

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Material e métodos A metodologia para este trabalho consistiu basicamente: • Trabalho de campo para reconhecimento e georreferenciamento dos depósitos presentes na área; • Após a etapa anterior, foram realizados levantamentos estratigrá�cos e reconhecimento de fácies, utilizando lupa de aumento 20x e cartela granulométrica, para determinar a sucessão dos estilos deposicionais em consonância com os modelos de fácies apresentados por Miall (1978) e Walker (1984); • Os per�s levantados em campo foram representados gra�camente no software CorelDraw x7; • Foram feitos per�s topográ�cos E-W no software global Mapper 15 e editados no software CorelDraw x7, utilizando imagens de SRTM na resolução espacial de trinta metros, para posteriores interpretações topográ�cas da área e sua relação com os depósitos aluviais estudados.

Resultado e discussão Durante os trabalhos de campo, foram identi�cados, fotografados e georreferenciados três depósitos cascalhosos. Conforme a �gura 1, tais depósitos estão inseridos às margens de importantes cursos de drenagem da área; o depósito 1 no ribeirão Casa Branca, o depósito 2 à margem do ribeirão Piedade e o depósito 3 no córrego Fundo, em todos foram realizadas análises estratigrá�cas. Na confecção dos per�s topográ�cos, foram de�nidos três cortes longitudinais no intuito de representar as feições de relevo desde a serra da Moeda até o nível de base local, o rio Paraopeba (Figura 1). No levantamento estratigrá�co, foram identi�cados os padrões de estruturas sedimentares, a composição granulométrica, textural e mineralógica (ou petrográ�ca) das fácies presentes. A seguir serão apresentadas a descrição e interpretação dos três depósitos identi�cados na área; os códigos das fácies adotados são os mesmos propostos por Miall em 1978 e apresentados na tabela 1. A sucessão faciológica descrita no per�l estratigrá�co 1 é constituída pelas fácies Gh e B. A fácies Gh, sobreposta ao saprolito do embasamento, é composta principalmente por fragmentos de quartzito, contendo granitóides e minerais ferrosos subordinados. Tratam-se de sedimentos na fração cascalho, pouco selecionados e com presença de estrati�cação plana; seus clastos estão imbricados de forma incipiente para SW, sugerindo paleocorrente neste sentido (FIGURA 2). A sucessão faciológica apresentada no per�l estratigrá�co 2 é, também, constituída pelas fácies Gh e B. Os clastos da fácies Gh apresentam-se, de forma incipiente, imbricados com orientação SE-NW, evidenciando paleocorrente no sentido NW. Na porção sul do per�l, a fácies Gh está sobreposta ao saprolito do embasamento e a norte, a mesma está sobreposta e sotoposta pela fácies B, descrita posteriormente (Figura 2). A sucessão faciológica do per�l estratigrá�co 3, da base para o topo, é constituída pelas fácies Gt e B. A fácies Gt, com fragmentos de quartzito em sua maior parte, está sobreposta ao saprolito do embasamento com presença de estrati�cação cruzada acanalada. De granulometria na fração cascalho, o material é subanguloso, mal selecionado e com intercalação de níveis �nos e exclusivamente hematíticos (Figura 2). Em todos per�s estratigrá�cos analisados, a fácies B é composta por material de granulometria �na. Nesse material encontram-se grãos maiores, dispersos e subangulosos do arcabouço, com eixos maiores subverticalizados (Figura 2). Com base nas descrições acima e nos modelos de fácies apresentados por Miall (1978) e Walker (1984), as fácies Gh e Gt são interpretadas, respectivamente, como depósitos residuais distais (lags) e preenchimento de pequenos canais de um sistema de leque aluvial (Tabela 1) cuja paleocorrente de direção SW aponta a Serra da Moeda como área fonte. Os leques aluvias con�guram um depósito de material detrítico, mal selecionado e com baixo grau de arredondamento provindo de canais �uviais tributários, provenientes das áreas altas adjacentes, que adquirem grande mobilidade lateral em função do descon�namento do �uxo. Constituem três faixas ou zonas; a zona proximal referente ao ponto de irradiação do depósito, a zona mediana e a zona distal (Silva et al. 2008). A ausência de angulosidade dos sedimentos das fácies Gh deve-se ao retrabalhamento dos sedimentos da superfície do leque por parte de um canal entrelaçado principal ou distributário. Dentre os dois modelos básicos de sistemas deposicionais e correspondentes a associação de fácies para leques aluviais, propostos por Miall (1978), as fácies Gp e Gh ajustam-se ao per�l verticalizado do modelo scott. Esse modelo compreende os depósitos desenvolvidos além do alcance dos �uxos de detritos de leques, com ausência destes, associados a um canal �uvial e em área distal ou mediana da região fonte. Assim, esta porção do depósito é associada a litofácies Gm formando depósitos sobrepostos de barras longitudinais remanescentes das enchentes. Em segundo plano, pode-se incluir as litofácies Gp, Gh, Gt, Sp, St e Sr, depositadas durante períodos mais secos (Riccomini & Coimbra, 1993). O material encontrado nas fácies B é típico de origem coluvionar; matriz de grãos �nos suportando grãos maiores e subangulosos do arcabouço, com eixo maior subverticalizado são os principais indícios para tal interpretação. Topogra�camente, a declividade de um leque aluvial decresce da cabeceira até a base, formando per�l longitudinal côncavo e transversal convexo (Silva et al. 2008). Com base nas características topográ�cas da área, em primeiro momento, é incorreto fazer menção aos depósitos existentes como de leques aluviais já que, todos os depósitos identi�cados estão a jusante de inter�úvios, o que inviabiliza a possibilidade de depósito de leque aluvial (FIGURA 3). Portanto, é possível elencar duas intepretações para tais depósitos. A primeira, com base nas características faciológicas, pode-se con�rmar que os depósitos são de leque aluvial cujo �uxo se deu em uma paleo-superfície atualmente bastante entalhada pela rede de drenagem. Com base nas características topográ�cas, a segunda interpretação baseia-se na ideia de que os depósitos são recentes, oriundos dos atuais topos de morro, principalmente daqueles pertencentes ao domínio das rochas granito- gnáissicas do complexo Bon�m. Consenso é de que características como presença de clastos de quartzito, evidências de paleocorrente e congruência entre as fácies encontradas e os modelos propostos por Miall (1978) indicam a proveniência, do material estudado, a partir das rochas supracrustais da Serra da Moeda. Porém, tal a�rmação só será con�rmada a partir de análises mais aprofundadas devido a existência dos quartzitos arqueanos do Grupo Maquiné justapostos ao Complexo Bon�m, do Supergrupo Rio das Velhas.

Figura 1 -

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Mapa de localização da área em estudo, espacialização dos depósitos encontrados e cortes longitudinais dos perfis topográficos, presentes na figura 3.

Tabela 1 -

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Classificação das litofácies fluviais para depósitos cascalhosos (Miall, 1978).

Figura 2 -

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Perfis estratigráficos dos depósitos encontrados ao longo da área em estudo. Os perfis 1, 2 3 correspondem, respectivamente, aos depósitos 1, 2 e 3.

Figura 3 Perfis topográficos E‐W da área em estudo com a localização dos principais cursos fluviais e os depósitos encontrados na área.

Considerações Finais A análise faciológica cotejada à análise geomorfológica trata-se de uma ferramenta relevante para interpretação dos depósitos e consequentemente, do processo evolutivo da paisagem regional. Porém, as discordâncias nas interpretações deixam clara a necessidade de estudos mais aprofundados para uma coesa interpretação/con�rmação da gênese de tais depósitos. As próximas fases deste trabalho envolvem a de�nição da idade dos depósitos por LOE (Luminescência Opticamente Estimulada), bem como a análise da proveniência sedimentar a partir de zircão detrítico. Com essas técnicas será possível atestar de�nitivamente a proveniência dos sedimentos, bem como a idade mínima de entalhamento da paisagem a partir das supostas rampas topográ�cas que �zeram a ligação entre a serra da Moeda e cada um dos depósitos aqui estudados.

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Agradecimentos Referências Alkmim F. F. & MARSHAK S. 1998. Transamazonian Orogeny in the Southern São Francisco Craton, Minas Gerais, Brazil: Evidence for Paleoproterozoic Collision and Collapse in the Quadrilátero Ferrífero. Precambrian Research, 90:29-58. Barros, L. F. P. Implicações Geomorfológicas e Paleoambientais de Registros Sedimentares Fluviais do Quadrilátero Ferrífero – Minas Gerais. Tese de doutorado em Geogra�a, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, 127 p. Christofoletti, A. 1980. Geomorfologia. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 188p. CPRM. 2005. Projeto APA Sul RMBH: Geologia. Sérgio L.da Silva (Org.), Eduardo A. Monteiro, Orivaldo F. Baltazar, Márcia Zucchetti - Belo Horizonte. Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística. 2010. Carta Topográ�ca Brumadinho. IBGE: Belo Horizonte. Escala 1:50.000. Miall A. D. 1978. Facies types and vertical pro�les models in braided river deposits: a summary. In: A.D. Miall (ed.) Fluvial sedimentology. Canadian Society of Petroleum Geologists, Memoir 5 597-604p. Riccomini, C. Coimbra, A. M. 1993. Sedimentação em rios entrelaçados e anastomosados. Bol. IG-USP, Sér. didát. n.6, pp. 01-37. Silva, A. J. C. L. P. Aragão, M. A. N F. Magalhães, A. J. C (org.). 2008. Ambientes de Sedimentação Siliciclástica do Brasil. São Paulo: BECA BALL Edições, 343p. Walker, R. G. 1984. Facies Models. 2² ed. Geoscience Canada, reprint series, 376p.

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