Análise - Máscara Africana (caconde)

July 22, 2017 | Autor: J. Cardoso Rodrigues | Categoria: Africa
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Descrição do Produto



Jordana Cardoso Rodrigues
Curso: História da África
Ra: 2p15006622


Análise de obra – CULTURA AFRICANA

Arte Maconde

Introdução

A arte africana apresenta uma enorme diversidade e complexidade. Em cada manifestação artística pode-se observar um determinado valor estético.
Através das produções obtemos uma manifestação específica: honrar a realeza, culto ao deuses, a fertilidade, proteger terras, comemorações, rituais diversos, danças e muitas outras manifestações.
Como estamos tratando de uma cultura tribal, a criação artística, muitas vezes, é representada na sua coletividade e não na individualidade do artista que a produz (como ocorre na cultura ocidental).
As civilizações africanas tem uma visão holística e simbólica da vida. Cada indivíduo é parte de um todo, ligados, todos em função do cosmos em uma eterna busca pela harmonia e de equilíbrio. Outro conceito fundamental na filosofia da existência africana é a importância do grupo, para que a comunidade consiga cumprir o seu papel espiritual e terreno.
Como já citado anteriormente a arte africana demonstra grande diversidade, assim conseguimos identificar as variadas formas de expressão da cultura africana sejam elementos esculpidos, trançados, tecidos ou objetos, cada qual com suas técnicas e estilos artísticos.
Tais estilos são a marca de origem de um objeto e de um grupo (sociedade / região/ aldeia). Isso não significa que os grupo sociais eram isolados, haviam relações de contato e aspectos culturais semelhantes entre algumas culturas.
O que podemos afirmar é que cada produção é resultado de uma manifestação estética constituída por um conjunto de atitudes (gestos e palavras), danças e músicas e isso pode "determinar" a diferença entre a arte de um grupo e de outro, sem contar o período, o local onde o objeto artístico foi elaborado (e a função também).
Um dos pontos que podemos destacar como traço semelhante entre todas as culturas africanas são os elementos utilizados para confecção das obras, sendo todos elementos da natureza. São esculturas de marfim, madeira, ferro, pedras e outros. Além disso, as cenas retratadas nas obras remetem ao cotidiano, a religião e aos aspectos naturais - geográficos do se meio.
Por esse motivo, esculpiam mitos, animais, cenas das tradições, personagens, rituais.


Escolha da Obra

A máscara destacada em questão é de produção da cultura Maconde,

Instituições:
Fundação Mário Soares
Malangatana Valente Ngwenya
Título: Máscara típica da arte maconde
Opaco/Transparente: OpacoNegativo/Positivo: PositivoPB/Cor: PB
Dimensões da Imagem: 10,5 x 16,5 cm
Fundo: DMT - Documentos MalangatanaTipo

Os macondes são um grupo étnico bantu que vive no sudeste da Tanzânia e no nordeste de Moçambique, principalmente no planalto de Mueda, tendo uma pequena presença no Quénia.
Os europeus, mais especificamente os portugueses, passaram a ter contato com esse povo no início do século XXI (por volta de 1917) onde depararam-se com uma unidade cultural bastante intensa. Os macondes eram organizados em diversas povoações, onde cada grupo mantinha sua autonomia política e organização social.

As máscaras Macondes são motivo de grande interesse por parte de colecionadores e estão expostas em vários museus da Europa e Moçambique. São consideradas a melhor representação da arte da escultura em madeira, nativa Moçambicana, feita pelos Macondes.

A máscara era esculpida para o ritual do Mapiko-dança. executada em madeira leve, pelos escultores ou homens velhos da aldeia, feitas em pequenas casas destinadas para a elaboração, longe de todos os olhares.

O objeto em questão demonstra a fabricação de múltiplas figuras que servem de atributo às divindades, alusivas, a acontecimentos, fatos circunstanciais pessoais que o homem coloca frente às forças.
A cabeça representada na obra em destaque tem uma ligação importante com a cultura maconde, pois considera-se a cabeça como o primeiro "ponto" onde encontra-se a energia espiritual.
As máscaras macondes são elaboradas para a dança, o Mapiko. Nesse ritual, o dançarino veste a máscara, ficando com a cabeça coberta e com o rasgo da boca à altura dos olhos. À volta do pescoço, um pano colorido de seda cobre a borda da máscara, conjugando uma indumentária complexa que procura esconder todo o corpo do dançarino, não permitindo revelar a sua identidade.
A dança presente durante o ritual é cheia de força, expressividade e misticismo, num ambiente de euforia ao som de cânticos estridentes e tambores, é executada nas principais festas e cerimónias da aldeia e, sobretudo, nos ritos de iniciação dos jovens e das mulheres, que têm por objetivo integrar o indivíduo no seu novo grupo social.
Entre os macondes, os ritos de passagem envolvem toda a população, e estão presentes desde o nascimento, puberdade, casamento e morte.
Ao observar-mos a máscara é possível notarmos um dos traços de tradição "dolorosa", a deformação habitual do lábio superior presente na escultura. Isso deve-se ao botoque de ébano ou pau-preto ndona. Por volta dos 6 anos de idade as meninas passam pelo ritual de passagem, onde sofrem a perfuração do lábio superior, que consiste em fazer um pequeno furo com uma agulha. Depois, é introduzido no orifício um capim fino que vão sendo substituidos por outros mais grossos. Quando a rapariga chega à fase casadoira, andona, é substituída por um cilindro de pau-preto, com um bico comprido na parte superior, que passa rente ao nariz. Este bico de madeira é revestido por uma folha de estanho, simulando um bico de metal a que dão o nome de Kalinga.
As máscaras dos macondes traduzem os antigos usos, costumes, tradições e superstições, ela protege, capta a força vital, se completa com a vestimenta, ainda que seja considerada em alguns casos, a cabeça, como lugar onde reside a força vital. Sua função é reafirmar em intervalos regulares a verdade e a presença dos mitos na vida cotidiana. Assegurar a vida coletiva em todas as suas atividades . Tenta tirar o homem de sua degradação no tempo histórico mediante representações. Que o homem adquira consciência de seu lugar no universo.

Conclusão

Enfim, podemos concluir que o artista africano cria os objetos como espelhos da natureza, sendo uma analogia de imagens naturais; onde a força vital da natureza se entrelaça com o mistério do universo como experiência do homem fora do contexto tribal. 
Portanto, a reter é que, na África, cada estátua, cada máscara, tinha uma função estabelecida, e não eram expostas em vitrines, nem em conjunto, nem separadamente, como se vê dos museus. Outra coisa deve ser destacada é que a arte africana é um termo criado por estrangeiros na interpretação da cultura material estética dos povos africanos tradicionais, diferente das artes plásticas da África contemporânea que se integram no circuito internacional das exposições.

FONTE:
A arte em Moçambique - Alberto F.M.Pereira - 1966
Os Macondes de Moçambique - Jorge Dias
In - "Moçambique Arquivo Vivo"http://groups.msn.com/mocambiquearquivovivo

Arte africana e autenticidade: um texto com uma sombra - Sidney Kasfir
http://www.artafrica.info/novos-pdfs/artigo_14-pt.pdf

Camponeses do Cinema: a Representação da Cultura Popular no Cinema Português entre 1960 e 1970.
Catarina Sousa Brandão Alves Costa
Tese de Doutorado – FFLECH / 2012



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