Análise Semiótica: O uso das Inteligências Intelectual, Emocional e Espiritual como Instrumentos de Estudo.

May 22, 2017 | Autor: Josiane Busch | Categoria: Comunicação, Carl Jung, Análise Semiótica, Inteligências Múltiplas
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA – UNIARA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

JOSIANE BUSCH

ANÁLISE SEMIÓTICA: O USO DAS INTELIGÊNCIAS INTELECTUAL, EMOCIONAL E ESPIRITUAL COMO INSTRUMENTOS DE ESTUDO

ARARAQUARA – SP 2016

JOSIANE BUSCH

ANÁLISE SEMIÓTICA: O USO DAS INTELIGÊNCIAS INTELECTUAL, EMOCIONAL E ESPIRITUAL COMO INSTRUMENTOS DE ESTUDO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a finalização do Curso de Especialização em Comunicação e Semiótica pelo Centro Universitário de Araraquara – UNIARA.

Orientador: Me João de Assis Soares

ARARAQUARA – SP 2016

DECLARAÇÃO

Eu, Josiane Busch, declaro ser a autora do texto apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso, no programa de pós-graduação lato sensu em Comunicação e Semiótica com o título “Análise Semiótica: O uso das inteligências intelectual, emocional e espiritual como instrumentos de estudo”. Afirmo, também, ter seguido as normas do ABNT referentes às citações textuais que utilizei e das quais eu não sou a autora, dessa forma, creditando a autoria a seus verdadeiros autores. Através dessa declaração dou ciência de minha responsabilidade sobre o texto apresentado e assumo qualquer responsabilidade por eventuais problemas legais, no tocante aos direitos autorais e originalidade do texto.

Araraquara, ___ de _______ de ______.

____________________________________ JOSIANE BUSCH

JOSIANE BUSCH

ANÁLISE

SEMIÓTICA:

O

USO

DAS

INTELIGÊNCIAS

INTELECTUAL,

EMOCIONAL E ESPIRITUAL COMO INSTRUMENTOS DE ESTUDO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a finalização do Curso de Especialização em Comunicação e Semiótica pelo Centro Universitário de Araraquara – UNIARA.

Orientador: Me João de Assis Soares

Data da defesa/entrega: ___/___/____

MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________________________________

Presidente e Orientador: Nome e título ___________________________________________________________________

Membro Titular:

Nome e título

___________________________________________________________________

Membro Titular:

Nome e título Universidade.

Média______

Centro Universitário de Araraquara Araraquara- SP

Data: ___/___/____

Aos ancestrais. Ao tempo presente. Ao tempo que foi e o que virá. Aos referenciais teóricos.

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela vida – Ao realizar este trabalho, pude recordar de algumas arrebatadoras dúvidas de infância, como: Quem é Deus? Onde ele mora? Por que as coisas têm o nome que tem? Por que não chamam gato de cachorro e cachorro de casa? Hoje sei que as palavras, assim como as árvores, possuem raízes... Olhem só onde a vida me trouxe! À minha filha, pelo tempo que meus estudos lhe tomaram. Que um dia, estes, lhe sejam úteis. À Cristiane Braga Passos, que no final de minha graduação, me incentivou a seguir estudando: fiz valer o incentivo. Aos meus empregadores, por meu trabalho. Sem este, esta especialização não seria possível. À sincronicidade, pelo curso encontrado. Aos professores, à coordenação do curso e ao meu orientador, Me. João de Assis Soares.

“A água que tocas dos rios, é a última que foi e a primeira que vem, assim o tempo presente.” (Leonardo da Vinci)

RESUMO A Semiótica, enquanto estudo dos signos, leva a humanidade a uma constante busca por significações, seja do passado, do presente, ou mesmo do futuro que possa vivenciar. A busca por compreensão no espaço-tempo em que se está inserido, no tempo que já foi e no que virá. Os acontecimentos pessoais; os coletivos; da realidade material ou das abstratas como o emocional e o espiritual. A Semiótica pode ser disciplina recente, porém o uso dos signos na comunicação humana tem acompanhado a mesma desde os primórdios de sua existência. Seu uso na vida cotidiana e profissional evidencia o quão importante é estar aberto ao aprendizado; ainda que delimite disciplinas e profissões, seja por termos técnicos (restritos a seus usuários) ou pelo uso de imagens, ela transcende. Pode falar pelos símbolos ao coletivo ou por arquétipos inconscientes coletivos, de modo individual; tema este, de grande pesquisa da psicologia analítica de Jung. Os signos, recentes ou antigos, demonstram a necessidade da integralidade das inteligências do Homem, enquanto seu intérprete. Palavras Chave: Inteligências. Semiótica. Analítica.

RESUMEN La Semiótica, mientras estudio de los signos, lleva la humanidad a una búsqueda constante por significaciones, sea del pasado, del presente, o hasta mismo del futuro que pueda vivir. La búsqueda por comprensión en el espacio-tiempo en que se inserta, en el tiempo que fue y en el que vendrá. Los acontecimientos personales; los colectivos; de la realidad material o de las abstractas como el emocional y el espiritual. La Semiótica puede ser disciplina reciente, pero la utilización de los signos en la comunicación humana ha acompañado la misma desde el principio de su existencia. Su utilización en la vida cotidiana y en lo profesional evidencia cuán importante es estar abierto al aprendizaje; aún que delimite disciplinas y profesiones, sea por términos técnicos (restrictos a sus usuarios) o por el uso de imágenes, es transcendente. Puede hablar por símbolos al colectivo o por arquetipos inconscientes colectivos, de manera individual; tema este, de gran estudio por parte de la psicología analítica de Jung. Los signos, recientes o antiguos, demuestran la necesidad de la integralidad de las inteligencias del Hombre, mientras su intérprete. Palabras Clave: Inteligencias. Semiótica. Analítica.

LISTA DE IMAGENS

Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figuras Figura Figura Figura

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 e 13 14 15 16

Linguagens visuais: vestido Linguagens visuais: corte de cabelo Linguagens visuais: tatuagem Linguagens visuais: xicara Linguagens visuais: unhas Ruínas de Delfos do Templo de Apolo Gnõthi Seauton A “bússola” da psique Símbolo nazista Brasão de armas da Polônia Cartaz nazista Frequências musicais: frequências de solfeggio Psique comparada a uma esfera Simbolismo da transformação Betende Hände (1508) – Albrecht Dürer

19 19 19 19 19 22 22 37 48 48 48 49 51 55 56

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3

Diagrama de Peirce e as inteligências Modelos de Inteligência Emocional de Mayer e Salovery Anima e Animus

14 29 53

SUMÁRIO Introdução .......................................................................................................... 13 Inteligência Intelectual: a razão, como sentido da imanência .......................... 17 Inteligência Emocional: “É preciso saber viver!” ............................................... 29 Inteligência Espiritual: a semiótica através da Psicologia Analítica .................. 39 Considerações Finais ....................................................................................... 59 Referências Bibliográficas ............................................................................... 61 Outras Referências – Frases ............................................................................ 64 Referências em Vídeos ..................................................................................... 65 Créditos de Imagens ......................................................................................... 66

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INTRODUÇÃO A existência humana é amparada pela iniciativa de estabelecer contato. Ao olharmos para uma criança, a primeira tentativa de comunicação se dá com a mãe e está atrelada a necessidade de alimentação. Porém, o conceito de comunicação é a troca de mensagens, ideias e diálogos. Se pensarmos a Semiótica para além da comunicação audiovisual, perceberemos que ela está ligada também ao mundo das emoções; ainda no ventre da mãe, além do alimento físico através do cordão umbilical, a criança já experimenta uma comunicação emocional. O princípio de vida é a experimentação do calor humano, materno, amoroso, mas também a absorção dos sentimentos negativos que a mãe venha a sentir. A criança está ali para receber. Somente depois de alguns meses é que poderá, através de seus “chutes”, comunicar, ainda que de modo inconsciente, sua presença. As primeiras palavras de uma criança são signos que acarretam sentimentos de alegria e realização para os pais: mamãe/papai. É o princípio da comunicação falada, antes, sensorial, visual e auditiva. Passada essa fase de graça, chegará o momento em que na mente da criança, o significante “não” deverá encontrar seus mais variados atos significativos. É inconcebível a ideia de que alguma criança no mundo nunca tenha tido esta experiência. Se os pais falham em iniciar a criança neste signo, a vida certamente não falhará. O primeiro contato que a criança terá no processo de conhecimento do mundo e de si mesma se dá pelo signo linguístico “não”. Percebe-se aqui seu primeiro ato de confronto. Algumas em um reflexo emocional desiquilibrado tardam a compreender as implicações de seu significado, outras ainda, compreenderão, com seus voos transgressores, no decorrer da vida. As disciplinas, na fase escolar, começarão a despertar seus gostos através de suas linguagens próprias; a empatia se fará presente no desenvolvimento de uma vida de conhecimento que se manifestará no intelecto. A inteligência emocional (marca) será o elo entre pessoa/intelecto/espírito (interpretante) e o que lhe trará sua bagagem de conhecimento (objeto: as disciplinas num primeiro momento,

concomitante,

as

experiências

físico-materiais

e,

Exemplificando ao modo Peirceano, se produziria o seguinte diagrama:

espirituais).

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Interpretante (Pessoa: Intelecto [mente] / Espírito)

Marca

Objeto

(produzida através

(aprendizagens e experiências

da Inteligência Emocional)

físico-materiais e espirituais)

A comunicação, que começará a efetivar-se na infância acompanhará a pessoa em todos os momentos de sua vida, seja de modo falado/cantado, escrito/desenhado, visualizado/ouvido, provado (paladar), ou sonhado. A fome pelo saber guiará a pessoa na busca dessa relação; busca esta que poderá ser uma caminhada infinita. Eterna. Ao menos enquanto se vive em um corpo físico. A linguagem é tão variável em estilos e sentidos que, ao menos para os sujeitos sedentos por conhecimento e relação, ainda que ingênua, com um “todo” possível, é um vício do qual não se deseja a cura. É uma relação consciente, uma relação intuitiva, é um traspassar de luzes, de sombras, um estar sereno, um estar resistente, como “O cego” de Rilke: Ele caminha e interrompe a cidade, que não existe em sua cela escura, como uma escura rachadura numa taça atravessa a claridade.

Sombras das coisas, como numa folha, nele se riscam sem que ele as acolha: só sensações de tato, como sondas, captam o mundo em diminutas ondas: serenidade; resistência – como se a espera de escolher alguém, atento, ele soergue, quase em reverência, a mão, como num casamento.

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Este poema de Rilke, de certa forma assemelha-se a todo e qualquer sujeito em sua desconhecida relação com os signos. Segundo Ferreira, no mundo de Tolstoi, “as personagens, mesmo nos momentos cruéis, conservam uma liberdade de decisão que dá à vida essa incalculabilidade que é fonte de poesia.” (FERREIRA, 2002, p. 101). A linguagem, mesmo que ambígua e excludente por suas restrições e esferas próprias, auxilia, proporciona a liberdade ou a sensação deste estado de espírito, que ainda que o sujeito se sinta preso em um corpo ou situação, poderá encontrar o caminho deste objetivo, senão pelas ações, ao menos através do pensamento. Assim como de uma caneta (objeto) pode sair uma linda poesia (marca), pode-se também produzir um conto de horror, um recado equivocado, ou uma sentença judicial. Assim como o símbolo, a caneta é um instrumento para um fim determinado. A compreensão do que é determinado pelo símbolo, ou signos de modo geral, necessitará das inteligências do sujeito, da sua emoção, do seu intelecto/ pensamento mais ou menos profundo e do seu espírito, seu estado de espírito; e estar aberto a compreender sempre um algo a mais. É uma ilusão comum acreditarmos que o que sabemos hoje é tudo o que poderemos saber sempre. Nada é mais vulnerável que uma teoria científica – apenas uma tentativa efêmera para explicar fatos e nunca uma verdade eterna. (JUNG, 2008, p. 116).

Os signos, enquanto linguagens são indissociáveis da existência humana, e se manifestam de modo simples ou elaborado. O mesmo não parece ocorrer com a humanidade em relação a si mesma e ao mundo em que está inserida. Renato Russo bem cantou que “o mundo anda tão complicado”; tão sobrecarregado de um empirismo frenético e, vazio? Até que ponto podem as facilidades da modernidade colaborar para a integralidade de pessoas que correm para viver e vivem para correr, para escapar da rotina ou para suportá-la e tentar o premio de frações de tempo de sossego e paz? Se, por um instante, considerarmos a humanidade como um só indivíduo, verificaremos que a raça humana lembra uma pessoa arrebatada por forças inconscientes. Também ela gosta de colocar certos problemas em gavetas separadas. Exatamente por isso deveríamos examinar com mais atenção o que fazemos, pois a humanidade hoje em dia está ameaçada por perigos mortais criados por ela mesma e que já escapam ao seu controle. Nosso mundo encontra-se, pode-se dizer, dissociado como se fosse uma pessoa neurótica. (JUNG, 2008, p. 104).

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Jung disse tais palavras ao se referir à “‘cultura’ moderna”, sua confusão psicológica e o grau de dissociação em que se encontra, segundo sua visão. Esta citação é encontrada em “O homem e seus símbolos”, de 2008, que foi publicado primeiramente no ano em que Jung faleceu: 1961. Esta fala cinquentenária de Jung, continua dizendo. O pensamento crítico pode auxiliar o sujeito no desenvolvimento de suas inteligências? E suas inteligências, podem contribuir para os símbolos culturais?

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Inteligência Intelectual: a razão, como sentido da imanência. Assim como o amanhecer sacia-se com o sol do dia e o entardecer com o obscurecer de sua noite, assim o intelecto humano busca saciar a fome do conhecimento, do entendimento, de felicidade (pelas emoções e sentimentos), e inteireza, pela vivência diária. A fome humana é insaciável, se refaz na medida em que se sacia; o mundo também tem fome, fome de evolução, de regeneração, de equilíbrio. O intelecto coletivo disperso em graus desiguais: crianças, adultos, idosos; altos QIs, médios e baixos QIs; esperteza demais em uns, inocência acentuada em outros, tolice? A ignorância enquanto falta de conhecimento é uma sombra sempre presente da inteligência. Afinal, quem sabe tudo? Quem nunca ignora algo? A ignorância é também a sombra do sedento cansaço que morre na fome de um “Amanhã” de Guilherme Arantes; ou como cantou Legião Urbana, o sol vai voltar amanhã, “Mais uma vez”. São tantas as canções, em tantas línguas que auxiliam na expressão da fome humana que muitas vezes parece que “a inteligência ficou cega de tanta informação” – é o caos, “se não faz sentido, discorde comigo, não é nada demais...” canta Capital Inicial, “Não olhe pra trás”. Ou, olhe! Para, não apenas esperar por um “Dia especial” de Cidadão Quem, ou por “Dias melhores” de Jota Quest, ou lamentar o “Epitáfio”, afinal ninguém quer só comida, “a gente não quer só comida”, cantam os Titãs, grupo de nome mitológico, arquetípico, e porque não furiosos, quando cantam “Que país é esse?” A inteligência não envelhece, ela trilha o caminho da “Independência” e requer a “Paciência” de um Zeca e um Lenini; ela se expressa pelos signos, vastidão de “Palavras e silêncio” na emoção de Zeca Baleiro e Fagner. As muitas fomes dos sujeitos, todos nós, que queremos e necessitamos mais que comida, é a necessidade natural de pertencimento, aconchego, de saciar a curiosidade, de conhecer o novo, de ter, de deixar de ter, de sair da estagnação, ser único, ainda que incompleto, ou de pausar o próprio ritmo ainda que ele continue cronometrando os demais seres, marcando os tempos e os compassos da vida. “Essa incompletude essencial igualmente aparece, de acordo com Hegel, no mundo do pensamento e no mundo das coisas.” (RUSSELL, 2001, p. 211). Pela inteligência faz-se uso da linguagem escrita e de outros signos para expressar as emoções, as vivências, os descobrimentos, o senso crítico em seus

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variados textos, e beleza da poesia, e a própria música. Harmonia; palavras, ideias, teorias e a busca do equilíbrio de seus encaixes. Cordão de três dobras: por meio deste conceito busca-se compreender o uso das inteligências na relação com os signos. Carrillo (2007) esclarece os signos universais como naturais e que como Jung, descreve como sendo do inconsciente coletivo, e os particulares “que variam de acordo com as tradições”, e que Jung chamou de símbolos culturais; “[...] a linguagem é racional, o simbolismo é intelectual e sensitivo. Os símbolos não devem ser explicados, mas compreendidos. Deve-se meditar sobre eles para intuir espiritualmente a ordem da realidade à qual aludem indiretamente”. (CARRILLO, 2007, p. 127). Para este autor o importante é o efeito do signo sobre os intérpretes mais do que aquilo que os signos representam, ou em suas palavras, [...] nas representações simbólicas, o importante não é o representado como tal, mas o que isso desencadeará em nosso interior. Mas é necessário um estado interior especial para compreender o signo e o que ele desencadeará. (CARRILLO, 2007, p. 128).

Vários sentidos possui o verbo utilizado pelo autor. Desencadear, segundo o dicionário Aurélio, tanto pode significar “soltar”, “desatar” (por exemplo, um nó, uma trama como de tecido ou crochê, ou bordado) – e neste caso desfaz-se uma trama para reconfiguração, correção ou reaproveitamento de materiais. É possível visualizar o mito, o arquétipo de Ulisses e Penélope, que, prometera se casar somente quando terminasse de tecer um tapete, que não acabava nunca, pois mais desmanchava o trabalho do que o tecia, na esperança de que seu marido voltasse com vida de sua viagem, quando todos criam que ele estava morto; “desunir (coisas que tem conexão entre si)” – por pior que possa parecer o sentido de desunião, ela proporciona novos encontros, novos caminhos, o rompimento com o que não faz sentido, novas conexões e aprendizados; “provocar; romper; e, irromper”. É possível deduzir que se um signo “provoca”, num sentido de despertar interesse ou curiosidade, o sujeito já estará em “um estado interior especial” para ser seu interpretante.

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Imagem 1

Imagem 2 (acima)

Imagem 4 (acima)

Imagem 3 (abaixo)

Imagem 5 (abaixo)

Através das palavras de Carrillo (2007) percebe-se como simbolismo algo ligado ao natural, aos universais, pois ele distingue simbolismo de linguagem. Mas símbolo é também uma forma de linguagem, porém os ligados aos universais seriam associados ao princípio de transcendência. Encontramos a linguagem escrita, nos mais variados gêneros, os signos ícone e índice (além dos símbolos) enquanto linguagem visual, as obras de arte (quadros, esculturas) as linguagens das mídias (áudio e/ou audiovisual), as linguagens musicais – linguagens de escrita musical (seus sistemas de pautas, figuras e valores, além da cifragem da música popular). A linguagem, seja da forma que for, é imanente à vida, principalmente à vida humana que a desenvolveu em modos variados e distintos, a exemplo das imagens acima1 (os signos musicais têm sido muito empregados comercialmente; a música pode estar nos objetos, na cabeça e no coração de seus amantes; o corpo humano virou tela, onde os artistas – tatuadores – fazem as mais variadas obras de arte, não somente musicais; é o signo incorporado à pele). O objetivo da linguagem é a comunicação. Comunicar é em si um ato de semiose, um dar e compreender sentidos, significações. “Barthes define a semiologia como ciência da significação. [...]. Mas como essas significações são estudadas independentemente do seu conteúdo, a semiologia é definida como uma ciência das formas de significação.” (FIDALGO, 1998, p. 84); “a semiose é o processo em que alguém se dá conta [interpretante] de 1

Google Images (Palavras chaves: desenhos musicais; imagens musicais lindas) – Hiperlinks: vide Outras Referências.

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uma coisa mediante uma terceira.” (FIDALGO, 1998, p. 93). “A semiose é tridimensional; ela contempla sempre um veículo sígnico, um designatum e um intérprete [...].” (FIDALGO, 1998, p. 94). Este mesmo autor classifica os objetos de estudo da semiose como fatores relacionais em que os veículos sígnicos seriam os mediadores e os interpretantes e intérpretes seriam os agentes; ele apresenta as classificações da semiótica, criadas por Morris, em sintaxe, semântica e pragmática. Esta última foi a “corrente filosófica iniciada por Peirce que prestou especial atenção à relação entre os signos e os seus utilizadores”. (FIDALGO, 1998 p. 100). Ao analisar o processo de semiose o autor apresenta os quatro fatores abaixo: [...] o veículo sígnico – aquilo que actua como um signo, o designatum – aquilo a que o signo se refere, o interpretante – o efeito sobre alguém em virtude do qual a coisa em questão é um signo para esse alguém, o intérprete – o alguém. (FIDALGO, 1998, p. 93).

Toda essa relação comunicacional dos sujeitos entre si e com os objetos a sua volta, seu entorno, o meio ambiente, se tomará aqui como sentido de imanência, mas a relação dos sujeitos com o próprio inconsciente, experiência esta tida como transcendência, não deixa de se relacionar com o mundo da matéria, do sujeito e a vivência deste com o próprio entorno. Estes princípios, de imanência2 e transcendência, estão associados ao conceito de Deus; na filosofia este principio de imanência percebe Deus como parte deste mundo e de todas as coisas contidas nele enquanto que as religiões monoteístas (cristianismo, islamismo e judaísmo) percebem Deus, criador, como uma força fora deste mundo (princípio de transcendência). Não se pode dizer que o sujeito precise primeiramente experimentar a transcendência para depois viver o princípio de imanência, isto seria contraditório. O sujeito é objeto de ambos os princípios: imanência e transcendência, ou vice-versa, sendo influenciado por ambos de modo concomitante. Marques, parte da concepção filosófica de que a comunicação só será racional, se puder partir do princípio da imanência, ou seja, o sentido da comunicação é inseparável tanto do enunciador (sua essência) quanto de sua expressão, sua fala, ou aquilo que simboliza; do contrário, seria transcendente, não racional, algo exterior à essência do mesmo e de sua “expressão simbólica”; a comunicação racional possibilitaria aos interlocutores procurar “em si próprios e nos 2

Conceito de imanente. http://conceito.de/imanente Acesso em 08. Mar. 2016.

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outros a origem do sentido daquilo que é comunicado”. (MARQUES, 2002, p. 334). Esta busca de sentido estaria restrita aos limites dos interlocutores e não ao que lhes é exterior. Marques considera como locus, “origem do sentido”, do locutor, dentro do princípio de imanência, sua consciência e não, por exemplo, as falas que porventura possa pronunciar enquanto sonha. A “linguagem do inconsciente não obedece ao princípio da imanência e não preenche o requisito de comunicação racional, ainda que possa ser racionalmente interpretada.” (MARQUES, 2002, p. 335). Qual a razão da existência da consciência se não houvesse a possibilidade de uma interpretação racional de tudo que toca e interage com o sujeito? Qual a razão da existência dos arquétipos se estes não tocassem exatamente na essência dos sujeitos enquanto enunciadores de suas experiências? A racionalidade deste tipo de comunicação (transcendente) só será possível mediante o entendimento que advém de tempo (experiências de vida), meditação e estudo dos signos, dos mitos e arquétipos. Do mesmo modo, onde o consciente descartaria os pensamentos e vivências, das quais não aceita, assimila ou necessita? O que talvez muitos não aceitem é que o inconsciente pode enviar de volta aquilo que não tenha sido bem assimilado ou aceito, conscientemente, algo como um retorno dos mortos ou como o mar, que traz de volta seus entulhos, naufrágios ou oferendas os empurrando para a beira da praia. A Bíblia, em Miquéias capítulo 7, ao falar da corrupção moral e da decadência de Israel (povo tido como escolhido por Deus), traz no versículo 19 a esperança do autor, (que olha para Deus, para uma direção oposta à falta de moralidade do povo) de que Deus voltaria a ter misericórdia para com eles, lançando suas iniquidades e pecados “no mais profundo mar” 3. No mais profundo mar, as feras (tubarões) alimentam-se daquilo que as marés não devolvem, ou que habita nas profundezas. É um ciclo de limpeza. Sua inexistência (do inconsciente e suas manifestações) acarretaria a necessidade de um Hércules e sua sagaz limpeza aos estábulos, aos currais do rei Augias4. Os profissionais sérios, que trabalham com o humano, o inconsciente, o emocional, os valores, os dramas e conflitos (psicólogos, psiquiatras, pastores, astrólogos) não deixam de estar representando na realidade

3

“No mais profundo mar” – Expressão buscada em: BÍBLIA ON LINE. Miquéias 7 (principalmente versículo19). Disponível em< https://www.bibliaonline.com.br/acf/mq/7> Acesso em 08.Abr. 2016 4 5º trabalho de Hércules – Vide Referências: ANTROPOSOFY.

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profissional o mito de Hércules, de seu trabalho de limpeza dos estábulos que com seu odor tomavam uma cidade.

Imagem 6 (Ruínas de Delfos do Templo de Apolo)

Imagem 7 (Gnõthi Seauton)

Qualquer signo produzido e usado por um intérprete pode também servir para obter informações sobre esse intérprete. Tanto a psicanálise, como o pragamaticismo ou a sociologia do conhecimento interessam-se pelos signos devido ao valor de diagnose individual e social que a produção e a utilização dos signos permite. (FIDALGO, 1998, p. 102).

Para Hegel5, é mediante a interpretação das experiências, que o sujeito vivencia diariamente, que o mesmo adquire consciência (seu espírito, segundo o hegelianismo). É de Hegel a frase: “A filosofia é a ave de Minerva que alça seu voo logo ao cair da tarde”. É no cair da tarde, em geral, que os sujeitos podem se libertar momentaneamente dos labores diários para que seus pensamentos alcem voos em busca da verdade de suas próprias vivências. O pensamento não necessita do cair da tarde, mas, na verdade, da introspecção. É o momento do estar consigo, analisar a própria vida. Essa introspeção permite ao sujeito o conselho do oráculo de Delfos, adotado por Sócrates como sua filosofia: “Conhece-te a ti mesmo”, ou no original grego “Gnõthi Seauton” que também possui o sentido de “Lembra-te de quem você é;”

6

e “Reconheça o seu lugar no Cosmos,” Este conhecer-se é comunicar-se

consigo, com os próprios sentidos – ver, ouvir, falar, sentir, degustar e, sonhar (este último é o sentido da manifestação transcendente), os sonhos dos quais fala o poema de Mario Benedetti – “Dale vida a tus sueños”, para que se manifestem no imanente. É fazer do próprio coração um altar de busca, por uma vida melhor, por uma vida mais plena e realizada. 5

Conforme Referências em Vídeo – Filosofia – Aula 12 e 25. No Templo também havia a expressão “Mēdén Ágan” que quer dizer “Nada em excesso”, ou seja, nem tristeza demais, nem alegria demais. Vide expressão “Conhece-te a ti mesmo” em: Outras Referências. 6

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Não desprezar a transcendência é permitir-se uma imanência mais sadia não somente com o entorno, mas com a própria consciência, ainda que o princípio de imanência seja definido como a relação do sujeito com o outro e com as coisas do mundo, este sujeito estará numa constante relação consigo mesmo, com seus anseios, pensamentos e representações oníricas. “O homem primitivo precisa domar o animal que há dentro dele e torna-lo um companheiro útil; o homem civilizado precisa cuidar do seu eu para dele fazer um amigo.” (JAFFÉ, 2008, p. 322). A emoção, o intelecto e os sentimentos dos interlocutores estarão sempre presentes na

comunicação

racional,

na

comunicação

de

um

modo

geral.

A

reconciliação/interação dos opostos, consciente e inconsciente, é tarefa do consciente (é a ocasião em que o inconsciente pode “provar o seu valor”), pois só ele é: [...] competente o bastante para determinar o significado das imagens e reconhecer o seu sentido para o homem, aqui e agora, na realidade concreta do seu presente. [...] Se o inconsciente, uma vez ativado, for abandonado a si próprio, há o risco de os seus conteúdos se tornarem dominadores ou manifestarem o seu lado negativo e destruidor. (JAFFÉ, 2008, p. 347).

É possível fazer uma ponte destas manifestações negativas e destruidoras do inconsciente a atos de vandalismo, ou atos inconsequentes, criminosos e todo tipo de vício ou ato individual ou até de grupos que afetem o princípio de imanência no que tange à ética, a moral e aos bons costumes; não se pode afirmar, por exemplo, que criminosos não planejem seus atos, inconsequentes para com a sociedade, de forma consciente e calculada. Esse lado negativo do inconsciente pode ser liberado nestes atos sociais ou mesmo no próprio indivíduo psicologicamente. As obras de arte também expressam muito deste estado de inconsciência de seu criador. Aniela Jaffé, que contribuiu com os escritos de “O homem e seus símbolos”, em 1961 já expôs algumas situações inquietantes; muitos artistas, conta ela, buscavam criar suas obras pela predominância do inconsciente, usando drogas capazes de intensificar o estado das cores e formas, trabalhando num verdadeiro transe, para expressar o inconformismo com o mundo moderno onde muitos creem, assim como disse Nitzsche, que “Deus está morto”. Muitos buscavam fugir da realidade. Por certo buscavam exorcizar as dores e traumas de um pós-guerra que só permitia a alguns pensar na morte de Deus, aconchegando-se na própria arte.

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Uma arte que fala mais ao próprio artista que ao público. Nesta arte abstrata a interpretação só será possível mediante as explicações do criador, mas para muitos a arte não é para ser explicada e sim sentida. A obra de arte moderna abandonou não só o domínio do mundo concreto, ‘natural’, e sensorial, mas também o universo individual. Tornou-se altamente coletiva e, portanto [...], deixou de tocar a poucos para atingir a muitos. O que resta de individual é a maneira de expressão, o estilo e a qualidade da moderna obra de arte. [...], para o psicólogo que está preocupado com o conteúdo simbólico da arte moderna, o estudo desses textos [os manifestos e explicações dos objetivos por parte dos artistas] é muito instrutivo. (JAFFÉ, 2008, p. 338).

Mesmo nas pinturas mais abstratas nos aponta que é possível encontrar formas e que Leonardo da Vinci já teria escrito um [...] ensaio sobre observações feitas por Botticelli de que, jogando uma esponja empapada de tinta numa parede, as manchas resultantes nos fazem ver cabeças, animais, paisagens e uma extensa gama de configurações. (JAFFÉ, 2008, p. 350).

A autora aponta para o lado positivo e negativo da arte moderna – a qual classifica como símbolo de uma época, e “símbolo do espírito terrestre” (JAFFÉ, 2008, p.361), comparando-a ao que os alquimistas chamavam de espírito de Mercúrio, ou que o cristianismo aponta como diabo e, que mesmo o diabo possui dualidade, onde Lúcifer seria o lado positivo enquanto portador de luz, e, o lado negativo é visto como “um espírito mau e destruidor” (JAFFÉ, 2008, p. 362). Já a arte da fotografia é uma forma de expressar não somente a paisagem retratada, mas também “a sua experiência (do fotógrafo) em relação ao assunto.” (JAFFÉ, 2008, p. 365). Cada artista expressará em sua criação uma experiência e certo grau de maturidade, de consciência ou inconsciência; de sua relação com a realidade. Jaffé cita-nos o pintor Russo Marc Chagall, que tinha raízes judaicas: Tudo pode mudar no nosso desmoralizado mundo, menos o coração, o amor do homem e sua luta para conhecer o divino. A pintura, como toda a poesia, participa do divino; e as pessoas sentem isso hoje em dia tanto 7 quanto antigamente .

Apesar de o pós-guerra estar mais distante de nossa era, de lá para cá, o frenesi só aumentou, assim como a população mundial e suas necessidades. A revolução industrial afetou o meio artístico e cultural atingindo as massas. A arte que

7

CHAGALL, s.d., apud JAFFÉ, 2008, p. 346.

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se valoriza é a arte imediata; a música deve ser comercial. Como há o antigo dilema de, quem imita quem, se a arte que imita a vida ou o contrário, é um tanto difícil dizer se a pobreza musical e cultural imita uma sociedade decadente ou se esta última intenciona torná-las decadentes. Para Ferreira, Adorno sustentaria na Teoria Crítica a: [...] suposta regressão da razão no plano cultural (a que as indústrias da cultura - itálico do autor - dariam forma), que conduziria à sistemática degradação e desvalorização da linguagem e do pensamento individual. (FERREIRA, 2002, p.110).

Ao referir-se à Celan e seu conceito de ofício, a exemplo da relação de cumplicidade do poeta com a palavra, expõe que para algumas tradições, “a linguagem se funda, antes de tudo, no confronto com a incontornável realidade.” (FERREIRA, 2002, p. 102). Ferreira, através das ideias de Adorno e Horkheimer, e Kafka, mostra-nos que os instrumentos, hoje industrializados não requerem das mãos, enquanto seus complementos, para sua produção como antes, e que a linguagem apenas comunicacional utiliza palavras que portam significados, mas que, enquanto signos, carecem de qualidade; que a produção cultural estaria domesticada, que as relações dos indivíduos se tornaram “mecânicas” e que conforme Riesman, o resultado disto seria uma “multidão solitária e alienada8.” [...] a massificação da arte (ou do pensamento individual ou da linguagem), como condição da sua produção, equivaleria à sua degeneração, tanto ao nível da concepção ou criação (esta orientada) como ao nível da recepção (passiva, conformada). (FERREIRA, 2002, p.111).

O papel da cultura, da arte, da música, deveria ser diferente do medíocre. O trabalho não adentrará no quesito política. Quem busca trabalhar de modo sério, deve muitas vezes opor-se ao imediatismo, sendo imediato na medida do possível, mas não se rendendo a fugacidade de muitos imediatismos que consomem e produzem lixo, entulhando o ambiente e afetando as vidas e os seres. Não há fôrmas ou fórmulas pré-concebidas para a criatividade; ela não se limita a credos, disciplinas, teorias, fronteiras, povos, ou classes sociais. Se os homens do passado pudessem viver um momento nesta era de comunicações variadas e dinâmicas sofreriam, muito provavelmente, um choque

8

CELAN, PAUL, Op. Cit. ., pgs, 66-67, apud, FERREIRA, 2002, p. 106.

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psicológico. Assim como qualquer indivíduo que se depara com o novo necessitariam de um tempo para assimilação deste novo, mas Jung expõe algo pertinente e o que tange à moral afeta todas as inteligências do Homem: Os antropólogos descreveram, muitas vezes, o que acontece a uma sociedade primitiva quando seus valores espirituais sofrem o impacto da civilização moderna. Sua gente perde o sentido da vida, sua organização social se desintegra e os próprios indivíduos entram em decadência moral. (JUNG, 2008, p. 119).

Os

símbolos

transcendentes,

quando

interpretados

adequada

e

conscientemente colaboram para a moralidade, a vida profissional das pessoas, e por que não para a ciência? Jung descreve a experiência de Kekulé que nos estudos sobre o benzeno tirou suas conclusões de que sua “estrutura seria um círculo fechado de carbono”, após um sonho com uma serpente que mordia o próprio rabo. Ele descreve a genialidade como a “capacidade de alcançar um veio particularmente rico desse material (do inconsciente) e transformá-lo de maneira eficaz [...]”. “Muitos artistas, filósofos e mesmo cientistas devem suas melhores ideias a inspirações nascidas de súbito do inconsciente.” (JUNG, 2008, p. 42). As ideias do dia a dia muitas vezes parecem surgir do nada. O “clic” da criatividade, o momento de inspiração do artista, a poesia que brota como que entre folhas secas, pode assemelhar-se a semente que cai em terra fértil (da parábola bíblica do semeador); a terra fértil abriga a semente, mas sua germinação também depende do sol, da chuva, do vento e da intensidade destes sobre a terra. Criatividade, um aparente caos, que de provocação em provocação, transforma-se de ideia em forma. Aqueles que não percebem o tom de sensibilidade especial do arquétipo vão deparar-se apenas com um amontoado de conceitos mitológicos que podem evidentemente ser juntados para provar que todas as coisas, afinal, têm alguma significação – ou nenhuma. Todos os cadáveres do mundo são quimicamente idênticos, mas o mesmo não acontece com o indivíduo vivo. Os arquétipos só adquirem expressão quando se tenta descobrir, pacientemente, porque e de que maneira eles têm significação para um determinado indivíduo vivo. (JUNG, 2008, p. 122).

Russell opunha-se ao conceito de Hegel de uma “Realidade Absoluta”, da manifestação do espírito enquanto consciência humana, que vê a harmonia do racional e do espiritual como Um, e que busca interpretar a realidade fragmentada por meio da metafísica. Para ele, alguns seguidores desta linha filosófica hegeliana creem que “[...] tudo que é menor do que o Todo é obviamente fragmentário e evidentemente incapaz de existir sem o complemento provido pelo resto do mundo.”

27

(RUSSELL, 2001, p. 211). Ele exemplifica o próprio homem como ser contraditório em si, devido à sua natureza fragmentada de sentimentos de amor e ódio e da necessidade de um objeto externo que seja alvo de seu sentimento. Busca racionalmente demonstrar que a familiaridade que se tem com algo, ou uma coisa, não significa o conhecimento da totalidade desta coisa; [...] familiaridade com uma coisa não envolve logicamente um conhecimento das suas relações, e o conhecimento de algumas de suas relações não implica o conhecimento de todas as suas relações nem o conhecimento de sua ‘natureza’. (RUSSELL, 2001, p. 213).

Ele usa o exemplo da dor de dente para afirmar que a familiaridade que se tem com a dor, não é o mesmo que o conhecimento das suas relações ou de sua natureza, algo que estaria ao alcance do dentista. E nesta racionalidade filosófica que faz lembrar um trava línguas, segue: [...] o fato de que uma coisa tem relações não prova que suas relações são logicamente necessárias. [...] o fato de uma coisa ser o que é, não se pode deduzir que ela tem as várias relações que de fato tem. (RUSSELL, 2001, p. 213).

Sua oposição está no fato de que, devido à fragmentação das coisas, não se possa demonstrar ou visualizar o todo como “um sistema harmonioso e único” e por isso também não é possível “demonstrar a irrealidade do espaço”. Somos, então, condenados à investigação parcial do mundo e somos, portanto, inaptos para conhecer os caracteres daquelas partes do universo que se encontram fora do escopo de nossa experiência. (RUSSELL, 2001, p. 214).

Inaptos. Ignorantes. Em maior ou menor grau. Nisto ou naquilo. “Só sei que nada sei” disse Sócrates. Um sistema harmonioso e único não é questão de pousar de Deus. Não seria possível, principalmente pelo fato de sermos indivíduos, fragmentos do todo. Se para músicos experientes, compreender a harmonia de uma composição pode ser complicado, que dirá para leigos ou alunos principiantes, ou pessoas com musicalidade menos desenvolvida. O mesmo se dá com outras áreas. O que o indivíduo pode é buscar desenvolver suas aptidões, reduzir suas ignorâncias, estar ciente das limitações, mas buscando sempre compreender mais. Os signos são como frutos disponíveis em variadas árvores de um vasto jardim, disponíveis para serem saboreados. Alguns podem até associar isto à serpente do Éden, mas, se somos uma humanidade fragmentada e caída, afastada da árvore da vida, condenados, todos, a um dia beijar a morte, teríamos que questionar: Adão era

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um ser total? Compreendia tudo? Tinha a visão de uma “realidade absoluta”? Se assim fosse não teria caído! Se “Adão tivesse um relatório de Inteligência sobre o que a serpente e Eva estavam tramando, nós não estaríamos na situação em que estamos hoje.” (HUGUES-WILSON, 2005, apud PAIVA NETO, 2006, p. 104). Deus ao passear pelo jardim viu que haviam descoberto a própria nudez, tendo desobedecido (teria ocorrido aqui o princípio da criação da consciência humana?). Se Deus passeava pelo jardim, não estava sempre presente, portanto, como dizer que Deus é a consciência humana? O homem poderia chegar a uma apoteose? Seria pretencioso. Poderíamos equiparar a realidade absoluta à apoteose? Por certo não, pois mesmo que o homem pudesse alcançar um nível elevado de consciência, esta não seria a consciência do todo. O homem pode chegar a um vasto conhecimento e a uma cultura elevada. Isto deveria ser suficiente para fazê-lo ser e sentir-se digno, íntegro (além de seu sustento financeiro). Teixeira ao interpretar Husserl expõe que podemos formar conceitos ou: [...] pensar conceitualmente, justamente por meio do manejo de simbolismos, isto é, em atos fundados sobre signos; em suma, formamos conceitos ao nos tornarmos aptos a efetuar atos signitivos enquanto modos determinados de fazer referência meramente simbólica a algo. (TEIXEIRA. 2010, p. 328).

Teixeira conclui que é por meio dos signos linguísticos (do pensamento discursivo) que se pode pensar e dominar conceitos de modo a realizar atos signitivos, isto é, “fazer referência simbólica a alguma objetalidade [...]; a linguagem é o meio próprio ou veículo intrínseco do pensamento discursivo.” É através do pensamento que se realizam as percepções, interpretações, significações; “cada ato de pensar consiste na efetuação de uma vivência signitiva [...]”. (TEIXEIRA, 2010, p.329). No pensamento barthiano “a ideologia é a forma dos significados de conotação.” (BARTHES, 1987, p. 77, apud FIDALGO, 1998, p. 89). Fidalgo, replica que como contrapartida “a retórica é a forma dos conotadores”. (FIDALGO, 1998, p. 89). Se a retórica é carregada de ideologias, de pensamentos discursivos, e se manifesta na arte através das imagens, na música, nas mídias, resta ao ouvinte enquanto receptor dos discursos externos desenvolver sua própria consciência, buscando analisar qual destes discursos, destes frutos sígnicos caem melhor ao seu gosto e crescimento individual, ao seu próprio pensamento discursivo.

29

Inteligência Emocional: “É preciso saber viver!” O conceito inicial de Inteligência Emocional, surgido em 1990, é de que é “a habilidade para controlar os sentimentos e emoções em si mesmo e nos demais, discriminar entre elas e usar essa informação para guiar as ações e os pensamentos” (MAYER, DiPAOLO, & SALOVERY, 1990, p.189 apud ANDRADE NETA, GARCIA, GARGALLO, 2008, p. 11). Os estudos empíricos dos autores em um segundo artigo demonstram que “a inteligência emocional poderia ser considerada como uma habilidade mental”. Em 1995 o psicólogo Goleman lançaria o livro Inteligência Emocional, do qual os pioneiros não veriam real “contribuição ou formulação teórica própria” (MAYER, SALOVERY & CARUSO, 2002, apud, ANDRADE NETA, GARCIA, GARGALLO, 2008, p. 13). Goleman estaria segundo “Navas e Berrocal (2007) [...] desviando o conceito para o campo dos traços da personalidade.” (ANDRADE NETA, GARCIA, GARGALLO, 2008, p. 13). Após divergências teóricas quanto ao conceito, entre autores, em 2007 Meyer e Salovery redefiniriam a IE em 4 habilidades centrando as mesmas como habilidades cognitivas e não como traços de personalidade. “No ámbito acadêmico o Modelo de Aptidões tem sido considerado como autêntico modelo explicativo da IE.” (MESTRE, 2003, apud ANDRADE NETA, GARCIA, GARGALLO, 2008, p.13). Abaixo, organizado através de tabela, um modelo de aptidões dos autores pioneiros, segundo tema exposto por ANDRADE NETA, GARCIA, GARGALLO, 2008, p.13.

Modelos de Inteligência Emocional de Mayer e Salovery (2007) centrados nas habilidades cognitivas (modelos de aptidões).

Perceber e

Acessar e ou

Compreender a

Regular as emoções

valorar com

gerar

emoção e o

que promovem o

exatidão a

sentimentos

conhecimento

crescimento

emoção – de

quando esses

emocional

emocional e

si e dos

facilitam o

outros

pensamento

intelectual

(a forma como as (vozes, música,

(tomada de

emoções se

(alterar as emoções

30

obras de arte,

decisões,

relacionam/mudanças

por meio de

histórias).

resolução de

de estados,

estratégias e analisar

problemas,

evoluções -

se as mesmas são ou

relações

diferenciar seus

não eficazes -

interpessoais).

estados como por ex:

caberiam aqui suas

tristeza X alegria).

primeiras definições que proporcionariam: guiar os pensamentos e as ações).

Outra referência pertinente em relação à inteligência emocional é que ela “faz com que o indivíduo seja socialmente mais eficaz em certos aspectos da vida do que outros indivíduos.” (BECHARA et al. 2002, p. 162 apud ANDRADE NETA, GARCIA, GARGALLO, 2008, p. 14); as emoções e os sentimentos, “ao contrário da opinião científica tradicional, são tão cognitivos como qualquer outra percepção” (DAMASIO, 1996, p. 15 apud, ANDRADE NETA, GARCIA, GARGALLO, 2008, p. 14); “a consciência permite que os sentimentos sejam conhecidos e, assim, promove internamente o impacto da emoção, permite que ela, por intermédio do sentimento, permeie o processo do pensamento” (DAMÁSIO, 2000, p. 80, apud ANDRADE NETA, GARCIA, GARGALLO, 2008, p. 14); e, “a cognição não é tão lógica como se pensava outrora, e nem sempre as emoções são tão irracionais” (LeDOUX, 2001, p. 33, apud ANDRADE NETA, GARCIA, GARGALLO, 2008, p. 14). Somente o ato de pensar não seria necessário para que o sujeito tenha uma vida mais plena. [...] as propostas alternativas de inteligência demonstram que o Q.I. pode ser muito eficaz para predizer o sucesso acadêmico (mede a inteligência acadêmica), mas não garante o êxito na vida real. (ANDRADE NETA, GARCIA, GARGALLO, 2008, p. 14p. 16).

Não só a razão possibilita ao ser humano a obtenção de conhecimento, mas suas demais inteligências por meio de seus sentidos e suas relações com as linguagens. [...] o que diferencia o cérebro humano de outros cérebros é a sua capacidade de usar símbolos para se referir a índices de palavras e usar sintaxe para estabelecer as relações entre umas palavras e outras. Além do mais, através da linguagem simbólica é possível misturar conceitos, estabelecer novas relações entre eles e, como a cultura exige cada vez mais a transmissão de conceitos cada vez mais sofisticados e novos, ela

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permite também a imaginação (GOODENOUGH & DEACON, 2003, apud JORGE, 2012, p. 27).

O emocional humano é de tal importância na relação com a semiótica que a própria expressão humana é vista como signo – índice. Os primeiros estudos sobre as emoções e suas manifestações foram realizados pelo evolucionista Darwin que teria buscado em grupos de tribos isoladas uma relação das expressões como tentativa de provar que há relação nestas manifestações e que estas provêm de uma origem comum; elas são desencadeadas pelo sistema nervoso9. As seis expressões básicas, com manifestação facial, comuns a todas as pessoas, “teriam surgido através da evolução e da herança genética”. “São elas: desgosto ou desdém, felicidade, medo, raiva, surpresa e tristeza.” (GOMES; JOHN, 2015, p. 83). O assunto das emoções despertou interesse de muitos estudiosos, de muitas áreas, como a psicologia. Um dos nomes mais conhecidos atualmente é Paul Ekman, que, mantido pela ARPA (Advanced Research Projects Agency – hoje DARPA, com o D indicando Defense), realizou estudos em vários países, inclusive no Brasil, com o propósito inicial de estudar o comportamento não verbal. Inicialmente o interesse de Ekman era estudar as expressões corporais, voltando-se posteriormente para as expressões faciais. “Assim surgiu o interesse nas expressões e, posteriormente, nos estudos sobre emoção”. (GOMES; JOHN, 2015, p. 84). Os

estudos

científicos

de

Ekman

serviram

de

base

e,

foram

transformados no seriado americano “Lie To Me", que mostra a valia destes conhecimentos nas mais diversas áreas do conhecimento, principalmente no auxílio da resolução de ações criminosas, onde o suspeito não consegue fingir ou disfarçar suas emoções o tempo todo, pois os sentimentos em relação aos atos se manifestam nas micro expressões faciais. Nitzsche teria dito: “É verdade que se mente com a boca; mas a careta que se faz ao mesmo tempo diz, apesar de tudo, a verdade”. É cabível afirmar, que o que a língua conota, as micro expressões denotam, pois, apesar de serem movimentos dos músculos da face, são reflexos dos sentimentos que provém do coração. Salomão, o sábio, bem disse: “O coração

9

Se as micro expressões ocorrem por movimentos dos músculos do rosto, por ação do sistema nervoso (sendo inatas a todos os povos), e se surgiram de evolução e herança genética, teríamos que supor que os músculos da face e o sistema nervoso também sofreram evolução, do contrário perderíamos a teoria da origem das micro expressões, sem contudo perder o resultado das pesquisas de Darwin e Ekman.

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alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate”

10

. (BÍBLIA

ON LINE, Provérbios 15: 13). Essa energia [emocional], quando descarregada, culmina na expressão de sinais que denotam o estado de espírito no qual um indivíduo se encontra. Se há alguma tentativa de controle destes sinais, a artificialidade da expressão se torna evidente. Esses sinais atuam como indicadores de que o corpo contradiz as palavras. (GOMES; JOHN, 2015, p. 81).

O que Ekman acabou por investigar foi a universalidade das expressões, ou seja, ele queria descobrir: “as expressões são universais ou são como a linguagem, que são específicas para cada cultura?” (EKMAN, 2007, p.3, apud , GOMES; JOHN. 2015, p. 85). Constatou, mediante análise, que os povos mais isolados possuem as mesmas expressões faciais em relação às emoções que as culturas modernas que já havia investigado, e que o mesmo se dá também com os deficientes visuais de nascença; as expressões são manifestações inatas, universais. Aos movimentos muito rápidos ele chamou de micro expressões. ‘Para Ekman (2007, p.15), a falsidade das expressões pode ser identificada facilmente, pois “[...] são ligeiramente assimétricas e não possuem suavidade na maneira que fluem no rosto”’. (GOMES; JOHN, 2015, p. 86). A vida seria monótona, menos substancial, menos interessante e provavelmente menos segura se tivéssemos o poder de fazer isso (EKMAN, 2007, p.42, apud GOMES; JOHN, 2015, p. 103).

As emoções: [...] funcionam como uma espécie de alicerce para a nossa vida. A maneira como interagimos com a sociedade, em relações pessoais ou profissionais, é comandada pelas reações que demonstramos em determinadas situações. Emoções não podem ser desligadas e felizmente ou não, é impossível viver sem elas. (GOMES; JOHN, 2015, p. 103).

Os artistas (atores) já desde a antiguidade representavam as emoções e atitudes humanas e devem bem fazê-lo para cativar a plateia. E cativam. Teatro, televisão, cinema... Quanta identidade! Imitam a vida. Produzem imitações. Além da indústria da cultura faturar milhões ou mais, funciona como veículo de propagação de ideias e conhecimento. Não se pode ver tudo, mas é possível escolher o que se verá na tela de casa. Muitos desenhos animados e filmes tratam de motivar as 10

“Aformoseia o rosto” – Expressão buscada em: BÍBLIA ON LINE. Provérbios 15: 13. Disponível em< https://www.bibliaonline.com.br/acf/pv/15> Acesso em 19.Abr. 2016

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pessoas ou de certa forma colaborar para o equilíbrio desta e das outras inteligências. Isso pode ser percebido, por exemplo, em desenhos como Toy Story onde o cowboy e o astronauta aprendem a se respeitar e viram amigos; em Monstros S.A, onde os monstros, ao final da trama descobrem que se fizerem as crianças rir obterão mais energia das mesmas para sua cidade, do que as fazendo chorar; Monstros X Alienígenas onde o governo acaba soltando os monstros, presos, pois já não sabiam como enfrentar o inimigo externo (inconscientemente mostra-se aqui, às crianças – e por que não aos adultos? – que para manter-se protegido muitas vezes é necessário soltar a fera interior). O cinema tem esse poder de trabalhar os arquétipos diretamente no emocional das pessoas e de mudar a numinosidade – energia psíquica, segundo Jung (2008, p. 122) – dos símbolos de negativos para positivos, e vice versa. “Os três mosqueteiros”, “Hércules”, “Pompéia”, “Sob o sol de Toscana”, “Esquecidos”, “No limite do amanhã”, “O ilusionista”, “Os mercenários”, “John Wick”, e a lista é infindável. Apesar de nem tudo que é mostrado na tela seja para de fato ser imitado, muitos imitam. O cinema é um sonho de longa metragem. Vivemos num mundo tão contido emocionalmente, ou não, que soltar uma fera pode ser como um pecado abominável ou tornar-se um ato abominável, como nos casos extremos de bullying onde o agredido emocionalmente soltará sua fera da pior forma possível. Isto se dá pela falta do desenvolvimento da resiliência, pois as adversidades vividas por estes indivíduos são de um grau difícil de recuperar-se, e em geral ocorrem quando os mesmos não conseguem externar suas ocorrências. Se amassem a criminalidade, se matariam no final? Neste caso a imatura inteligência mostra a oscilação das emoções, a conversão no monstro que persegue seus perseguidores, segundo o que nos mostra muitas vezes a TV, levando juntamente inocentes à morte (é a baixa frequência emocional, o ódio, levado a cabo na sociedade. O desequilíbrio de um pode afetar a muitos. Hitler é um terrível exemplo disto). O neurologista Oliver Sacks, ao se referir às memórias dolorosas de uma paciente expõe que: [...] profundas memórias ou associações emocionais são produzidas no sistema límbico e em outras regiões do cérebro onde as emoções são representadas – e essas memórias emocionais podem determinar o comportamento da pessoa por toda a vida. (SACKS, 2011, p.214).

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Fidalgo, ao tratar do pragmatismo (corrente filosófica peirceana), explica esta como regras que “estabelecem as condições nos intérpretes em que algo se torna um signo.” (1998, p. 102). A inteligência emocional é carregada de experiências e memórias e está sempre, ainda que imperceptível, calibrando os pensamentos, as ações; medindo possibilidades e experiências da vivência diária. É por meio das emoções que se costumam criar os estereótipos. As atitudes de um podem virar na mente do interprete, signo de muitos. Nisto reside também o perigo dos desequilíbrios emocionais. Eles afetam toda a sociedade. Diz o dito: “Cão mordido por cobra, tem medo até de um pedaço de pau”. Uma pessoa mordida por um cão nem sempre conseguirá superar a experiência. Muitos têm medo sem necessitarem de mordidas. O contato com o signo se dá por experiências individuais ou alheias. O alimento que causa alergia em um, podendo sufocar, em nada pode afetar seu semelhante. As pessoas se relacionam com os objetos pelo uso ou pela observação de terceiros na utilização destes objetos. Barthes classificou os objetos como “funções-signos”. A função-signo estaria ligada à denotação de seu uso; já as variadas experiências em relação ao objeto-signo produziriam as conotações em relação ao mesmo. Por exemplo: “O cão guarda a casa”, “o cão é feroz”, “o cão é o melhor amigo do homem” (denotação) – “Aquele homem é um cachorro” (conotação). Esta relação se dá também com as marcas, no âmbito comercial: “Música faz bem ao coração” (denotação) – “Aquela música é um lixo” (conotação); “Aquela marca custa pouco.” (denotação) – “O barato sai caro” (conotação). Para Fidalgo, Barthes ao alargar a semiologia por meio das funçõessignos, “semiotiza toda a cultura e vida humanas”. (FIDALGO, 1998, p. 86). Os ditos populares e as conotações são manifestações do empirismo e da inteligência emocional, expressas pelo senso comum. A função-signo serve: [...] para desenvolver uma semântica do obcjeto. – Todo objecto enquanto objecto significa; não há objectos insignificantes. A significação do objecto começa no exacto momento em que é produzido e consumido pela sociedade. (BARTHES, 1987, pp. 171-180, apud FIDALGO, 1998, p. 86).

Este mesmo autor expõe que Peirce, através do pragmatismo buscava entender o contexto dos signos e seus utilizadores por meio da análise lógica, para além do sócio psicológico e empírico. Os signos podem ser usados para condicionar comportamentos e ações tanto próprios como alheios. Ordens, petições, etc, constituem casos em

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que os signos são usados sobretudo numa função pragmática. (FIDALGO, 1998, p. 103).

O meio, ou o ambiente em que o sujeito se insere tanto pode lhe parecer prisional em muitos sentidos como pode ser como uma oficina de criação, de libertação, como canta a banda Cidade Negra: “e o pensamento é o fundamento, eu ganho o mundo sem sair do lugar.” E os pensamentos podem ser positivos ou negativos. É na prática do dia a dia que ideias se transformam em ação. No pensar, no sentir e interagir com o meio, o entorno, é possível ao sujeito experimentar uma “silenciosa libertação de uma outra realidade anónima”, segundo Ferreira; o autor se refere a isto ao tratar do que chama crise da linguagem e o rigor científico que se tem com a mesma. Para ele há uma “estreita relação” entre a linguagem, as experiências e o espírito. Cita Fernando Pessoa: [...] terei falado em absoluto, fotograficamente, fora da chateza, da norma, e da quotidianidade. Não terei falado: terei dito. [...] Quem nunca alcançou, como num sonho, esta substância lenhosa da língua, a que os antigos chamavam silva (floresta), ainda que se cale, está prisioneiro das 11 representações .

E nos versos de Giorgio Agamben (numa beleza que contradiz Ekman), que fascinado pelo poder da linguagem, se recusa à “tagarelice, da mera conversação de que falava Celan; no silêncio ouvir-se-á ainda a linguagem da beleza essencial das coisas”. (FERREIRA, 2002, p. 113). Um belo rosto é talvez o único lugar onde há verdadeiramente silêncio. Enquanto que o caráter deixa no rosto as marcas de palavras não ditas, de impressões não realizadas, enquanto que a face do animal parece estar a ponto de proferir palavras, a beleza humana abre o rosto ao silêncio. [...] 12 Assim o silêncio do rosto é a verdadeira morada do homem .

Ferreira ainda expõe a tese de Max Horkheimer de que a transcendência do indivíduo de sua realidade se daria pelo exercício de suas capacidades intelectuais, mas que na essência “o sujeito individual da razão tenderia a torna-se um ego ratificado, cativo de um presente evanescente e esquecido [...]”. (2002, p. 107, 108). Como saída a esta prisão das representações o autor fala do poder intrínseco do sujeito, seus pensamentos e relações: 11

PESSOA, s.d., p. 23 apud FERREIRA, 2002, p. 99, 100. AGAMBEN, Op. cit.., p.112 apud FERREIRA, 2002, p.113. Na série Lie To Me, há a ocorrência de uso de medicamentos que relaxam os músculos da face, numa tentativa de burlar a leitura das micro expressões e o sujeito poder ser, ainda que momentaneamente, a morada de si mesmo. 12

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[...] quanto mais a linguagem se torna vivida, pessoal, singular e única, obedecendo às suas leis essenciais (materialidades, afectos, tensões, ritmos), tanto mais começa ela verdadeiramente a existir. Algo que tem a ver com o poder do sujeito enquanto tal e com a sua própria comunicabilidade: uma lógica entregue apenas ao próprio pensamento, e que resulta grandemente do modo como cada ser humano vive em comum o que tem em comum com os outros, enquanto exercício repetido e inacabado. (FERREIRA, 2002, p. 100).

Sob esta ótica é possível dizer que os signos, linguísticos ou não (imagens, mímica, expressões corporais e faciais) são também um veículo educacional, não apenas de Escolas e Instituições de Ensino, mas também nos mais diversos setores profissionais. Como diz a canção bem menos furiosa, interpretada pelos Titãs, “é preciso saber viver”. Viver é deparar-se constantemente com os signos e emocionar-se com eles e através deles; na utilização ou na observação; é interagir com o ambiente, por meio deles. A música, como o cinema e as demais artes, são hábeis no que tange a tocar as inteligências dos indivíduos, servem tanto para contar histórias, emocionar, como para ensinar uma língua ou signos linguísticos da própria língua ou das mais variadas linguagens conotativas. “A música é o barulho que pensa” (Victor Hugo). Arthur Schopenhauer diria: “A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende”. Em relação à arte: “A arte é uma flor nascida no caminho da nossa vida, e que se desenvolve para suavizá-la”. Elas se encontram com a identidade das pessoas que, além de serem formadas no contexto onde vivem e pelas experiências que possuem, são também influenciadas pelos mais variados anseios dos sujeitos e suas buscas, que podem ir além do local físico onde vivem (algo totalmente possível pelo uso da internet), seu contato com o mundo e as variadas disciplinas. Uma educação séria e comprometida em formar cidadãos integrais, completos, inteiros em termos de inteligência, não somente intelectual, mas emocional e espiritual, há de encontrar guarida na música e no conhecimento transdisciplinar. (BUSCH, 2014, p.12).

Trata-se de um processo árduo, trata-se de vida. Educar-se nos signos é também educar-se na vida. Este educar-se está além de memorizar conteúdos, aprender disciplinas ou frequentar escolas, pois a vida trata de ensinar sabedoria, trata de moldar um ser íntegro. Como o vaso criado por seu oleiro, recebe deste o

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“O homem e seus símbolos” (Jung et al.).

toque de suas mãos, os indivíduos recebem o toque da vida. A sabedoria não se enamora do imediatismo. Pressa, pressa... O mundo tem pressa!... Mas, diz o ditado que “a pressa é inimiga da perfeição” ou como diz o personagem do louva-deus no desenho animado Vida de inseto – “não se apressa a arte!” Nas palavras do poeta alemão, Rilke, conhecido por quem vos fala, pelos escritos de Ferreira – “Tudo quanto é velocidade não será mais do que passado, porque só aquilo que demora nos inicia.” Muitas vezes, olhamos sem de fato ver, escutamos sem ouvir, engolimos sem saborear, aceitamos sem contestar, ou nos acomodamos na massa do fazer por fazer, do viver sem ousar, do fazer sem querer. Gerações do corre-corre, que andam, como na canção de Lulu Santos, “com passos de formiga e sem vontade”. Na nossa vida consciente estamos expostos a todos os tipos de influência. As pessoas nos estimulam ou nos deprimem, ocorrências na vida profissional ou social desviam a nossa atenção. Todas essas influências podem levar-nos a caminhos opostos a nossa individualidade. (JUNG et al, 2008, p. 56).

Segundo Jung, pessoas mais extrovertidas, com sentimento de inferioridade ou dúvidas interiores estariam mais suscetíveis a estas influências externas. As pessoas interagem com o meio de acordo com a própria personalidade. Jung criou a “bússola da psique” (imagem acima), onde ele demonstra que nossa consciência, através das experiências, se orientaria em quatro funções: sensação;

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pensamento; sentimento e intuição. “A sensação (isto é, a percepção sensorial) nos diz que alguma coisa existe; o pensamento mostra-nos o que é esta coisa; o sentimento revela se ela é agradável ou não; e a intuição nos dirá de onde vem e para onde vai.” (JUNG et al, 2008, p. 74). Essas funções: [...] preparam o homem para lidar com as impressões que recebe do exterior e do interior. É por meio dessas funções que ele compreende e assimila a sua experiência. É ainda por meio delas que pode reagir. (JAFFÉ, 2008, p. 323).

Compreender que cada sujeito é único, e que no todo, deve encontrar a si mesmo, sua evolução, sua trilha, seu eu, a sublimação de sua consciência e atos, para contribuir significativamente neste mesmo todo, é amadurecer para o equilíbrio e a equidade. A psique, porém, nos diz Jung, está além de nossos conteúdos conscientes. Esta evolução [da psique] está longe da conclusão, pois grandes áreas da mente humana ainda estão mergulhadas em trevas. O que chamamos psique não pode, de modo algum, ser identificado com a nossa consciência e o seu conteúdo. (JUNG, 2008, p. 22).

Resta ao homem levar luz pelo conhecimento e atenção conscientes à própria psique; procurando ser morada de si mesmo, mesmo de modo incompleto, inacabado, sem temer as falas faciais. Não diz o ditado “quem não deve, não teme”?

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Inteligência Espiritual: a semiótica através da Psicologia Analítica

É chamado de espírito livre aquele que pensa de modo diverso do que se esperaria com base em sua procedência, seu meio, sua posição e função, ou com base nas opiniões que predominam em seu tempo. Ele é exceção, os espíritos cativos, a regra; [...] De resto, não é próprio da essência do espírito livre ter opiniões mais corretas, mas sim ter se libertado da tradição, com felicidade ou com um fracasso. Normalmente, porém, ele terá ao seu lado a verdade, ou pelo menos o espírito da busca da verdade: ele exige razões; os outros, fé. - Friedrich Nietzsche (Outras Referências – Frases).

Ao utilizar a frase acima, não se intenciona combater a fé, ou aboli-la. Seria ridículo. É necessário ponderar que a fé é um vasto campo de experimentações. Empirismo. Não é a fé em si, que torna uma sociedade alienada e decadente, mas sim a não sublimação dos sujeitos. Nietzsche tinha suas frustrações religiosas, mas era dono de seus pensamentos. Senhor de sua razão. Ele inclusive autoproclamou-se, dinamite. Ele também diria que: “[...] Uma cultura elevada, portanto, deve dar ao homem um cérebro duplo, duas câmaras cerebrais por assim dizer, uma para experimentar a ciência e outra para experimentar a não ciência” 13. O que é Deus, em si? Alguém já o viu ou sentou-se com Ele para tomar um chá, um café ou um chimarrão? Deus, enquanto signo só pode ser percebido (referido – referente) por seus intérpretes (os Homens), através de seus atributos (veículos sígnicos). Do mesmo modo, os cientistas têm de admitir que não sabem exatamente o que é luz. Podem dizer apenas que em certas condições experimentais parece consistir de partículas, enquanto em outras parece consistir de ondas. Mas ignora-se o que é a luz “em si”. (FRANZ, 2008, p. 216).

Da luz absorve-se o efeito de poder ver. Através disto é possível realizar os mais variados afazeres, tanto pela luz do sol, quanto pela luz artificial que permite ao homem estender e extrapolar as horas de trabalho ou outras atividades. A inteligência espiritual é a possibilidade humana de compreender as mais variadas manifestações daquilo que lhe fala ao coração enquanto órgão do corpo físico, por meio de atuações que não são físicas, como o pensamento, as emoções, a fé, os sonhos. A linguagem e a fé fundamentam o que não se vê com a diferença que a linguagem passou a ser concreta para fundamentar o abstrato;

13

Nietzsche. Café Filosófico (Referências em vídeos).

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passou a ser concreta por meio da escrita 14, das gravuras, pinturas, gravações audiovisuais, dos objetos. Assim, as ideias e as falas passaram a ser, além de ouvidas, vistas, por meio da representação escrita. A fé é tão abstrata e impalpável quanto aquilo que não se vê. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova (leia-se aqui: provação) das coisas que se não vêem”.15 (sic). (BÍBLIA ON LINE, Hebreus 11:1). Todo ser humano vivencia uma realidade consciente e outra inconsciente. A realidade inconsciente se tomará aqui como princípio de transcendência; princípio este que possibilita o crescimento, amadurecimento dos sujeitos, através de suas experiências do decorrer da vida. Este amadurecimento, que se dá no âmbito do psicológico, Jung denomina de individuação. Para o autor, os sonhos e toda a manifestação simbólica dos mesmos é, mediante uma análise consciente, o que possibilita aos sujeitos esse amadurecimento e requerem também segundo ele, inteligência, imaginação e não podem ocorrer de modo mecânico. “[...] mesmo um homem altamente intelectualizado pode cometer grandes enganos por falta de intuição ou de sensibilidade”. (JUNG, 2008, p. 115). E ele também alerta em relação à interpretação dos sonhos, que “[...] é impossível dar a qualquer arquétipo uma interpretação arbitrária (universal).” (p. 122). Não podemos nos permitir nenhuma ingenuidade no estudo dos sonhos. Eles têm sua origem em um espírito que não é bem humano, e sim um sopro da natureza – o espírito de uma deusa bela e generosa, mas também cruel. Se quisermos caracterizar esse espírito, vamos nos aproximar bem melhor dele na esfera das mitologias antigas e nas fábulas primitivas das florestas do que na consciência do homem moderno. (JUNG, 2008, p. 58).

A Psicologia Analítica de Jung fundamenta-se em muitos conceitos cunhados pelo autor, como os arquétipos, o inconsciente coletivo, sincronicidade, personalidades extrovertida e introvertida, todos com o intuito de auxiliarem no processo de individuação, que é a união da mente consciente com a inconsciente, dos opostos, de modo que o indivíduo venha a tornar-se íntegro em si, polido, como pedra lapidada. Jung é um referencial de interdisciplinaridade, pois para 14

Os primeiros registros de sinais para expressar conceitos e significados se deram entre os Sumérios, através do uso de tábuas de argila, com a escrita cuneiforme. Era a forma que tinham de registrar a comunicação, os acordos, os seus objetivos, utilizando inicialmente pictografias, ou seja, desenhos que exprimiam suas ideias, conforme referência em vídeo: A História da Palavra – O Nascimento da Escrita. 15 “A fé é o firme fundamento” – Expressão buscada em: BÍBLIA ON LINE. Hebreus 11: 1. Disponível em: Acesso em 19.Abr. 2016

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compreender a psique, que considerava de natureza simbólica, e encontrar respostas, às inquietações de seus pacientes psiquiátricos e à suas próprias, mostrou-se aberto e empenhado na busca por respostas em várias áreas do conhecimento humano, sem menosprezar, por exemplo, as religiões e suas filosofias, por falta de respaldo científico. Considerava os símbolos como naturais e culturais. Os signos utilizados comercialmente são por ele classificados como sinais e não como símbolos. “É a consciência de que a vida tem uma significação mais ampla que eleva os homens além do simples mecanismo de ganhar e gastar” (JUNG, 2008, p. 111). Analisando as ideias de Benjamin expostas por Ferreira, é possível aproximar tais teóricos, pois para Benjamin, há uma aura envolvendo as linguagens (representações sensíveis, gestos, ideias, palavras, etc.) e as experiências, as percepções através dos sentidos e o sujeito, a relação e comunicabilidade de suas essências existiriam através das representações “numa gradação que termina em Deus, e nela o homem reconhece o incompreensível” (FERREIRA, 2008, p. 114); já em relação a construção humana da linguagem, Benjamin chamou de “concepção burguesa de linguagem, que entendia como pura construção humana, uma forma vazia e insustentável.” (FERREIRA, 2008, p.114, 115). Esse objeto (experiências e percepções por parte do sujeito em relação a um símbolo ou representação) a que Benjamin se refere como aura, é denominado por Jung de “numinoso”, um símbolo que seria carregado de energia psíquica. Para Walter Benjamin a essência humana é espiritual e na medida em que denomina as coisas através do uso da linguagem, estaria comunicando Deus. A linguagem é tão sagrada quanto é a essência humana; “o homem comunica, pois, a sua própria essência espiritual (na medida em que é comunicável) denominando todas as coisas.” (BENJAMIN, s.d., p. 181, apud FERREIRA, 2008, p.112). Analisar a linguagem e a semiótica enquanto estudo dos signos, apresentando-se como for, é pensar a comunicação. Linguagem é comunicação, e esta, é um fenômeno que ultrapassa os limites humanos; está presente também entre os animais pelos tipos de sons, ruídos e sinais que exprimem uns aos outros, não por imagens em papéis ou telas, mas através das imagens de si mesmos. O foco do trabalho, porém, não é estudar, analisar a comunicação do reino animal, mas, as inteligências humanas como instrumentos empregados na linguagem. A

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comunicação, racional ou transcendente pode ser vista de modo associado às inteligências intelectual, emocional e espiritual. Após a verificação conceitual de vários autores, Jorge (2012) define a Inteligência Espiritual como: [...] a capacidade que o ser humano possui de recorrer ao domínio do seu espiritual, de se ligar ou intensificar a ligação à sua consciência espiritual para produzir respostas mais funcionais, adaptativas e criativas face ao ambiente, às circunstâncias da vida e aos problemas externos ou intrínsecos de índole física, psíquica e emocional. (JORGE, 2012, p. 9).

A autora apresenta diferenças entre inteligência espiritual, espiritualidade e religiosidade, assim como diferenças entre emocionalidade e inteligência emocional, mas há divergências de opinião tanto em relação a denotação como à conotação de inteligência. Para “Mayer (2000), [...] a IEs não é mais do que a renomeação do conceito de espiritualidade, [...] (ele defende) antes a tese de uma consciência espiritual em vez de uma inteligência.” (JORGE, 2012, p. 11). De acordo com os conceitos apresentados pelos diversos autores consultados pela mesma, a espiritualidade seria uma busca individual, livre de dogmas, instituições e rituais religiosos aos quais as religiões estariam submetidas. Ainda que as religiões ensinem em suas práticas o sagrado e os dogmas de uma vida religiosa, não significa que seus adeptos sejam espirituais, “[...] uma pessoa pode ser espiritual sem ser religiosa ou vice-versa.” (HUIT & ROBBINS, 2003, apud JORGE, 2012, p. 11); “[...] a religião pode ser um dos domínios nos quais esse tipo de inteligência pode ser usada e não uma característica definitiva desse tipo de inteligência.” (GRADNER (sic), 2000, apud, JORGE, 2012, p. 12); “a inteligência espiritual consistiria num conjunto de habilidades e competências que fazem parte do conhecimento adaptativo que o ser humano tem da realidade que o cerca.” (SILVA, 2001, apud JORGE, 2012, p. 11). A religião, [...], está relacionada com um conjunto de dogmas, princípios e doutrinas pré-estabelecidas por uma instituição ou organização, quase podendo ser descrita como um aspecto cultural e perpetuada pela tradição. (JORGE, 2012, p. 11).

Muitas religiões e crenças ao longo dos tempos têm preservado seus ensinamentos espiritualistas, a exemplo do cristianismo, judaísmo, islamismo, paganismo e outros. Funcionam como escolas para as almas. Como em toda e qualquer escola, uns alunos aprendem mais, outros menos. Quantas pessoas

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frequentam suas igrejas aos domingos e mantém suas práticas errôneas semanais? Talvez se as pessoas pudessem policiar suas vidas (almas), muitas profissões seriam menos ou totalmente desnecessárias. Poucos são os mestres, muitos os alunos. Poucos os que olham para si mesmos e seus próprios atos, muitos os que agem, como descrito em Mateus 7: 3: “[...] por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?16”. (BÍBLIA ON LINE, MATEUS 7: 3). Espiritualidade e inteligência espiritual não são sinônimas de perfeição e endeusamento, mas sim de amadurecimento espiritual; vivência consciente das práticas que elevam a alma. É pela manutenção histórica das religiões que se perpetuam suas tradições. Por que não se extinguem? Porque a alma humana é imatura e carente de conhecimentos, mas, mais que conhecer é necessário aplicar. No mundo empresarial, profissional, há muitas instituições que possuem tradição e vivenciam seus bons valores no cotidiano. Ética: 1. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. 2. Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano. (FERREIRA, 2008, p. 383).

Pela ética de seus colaboradores perpetuam a própria tradição, do contrário os mesmos são excluídos. Pela falta de ética e seriedade os clientes declinam. Neste caso não se pode dizer que possuem inteligência espiritual; não poderíamos igualá-la à ética; um sujeito pode agir eticamente por medo de represálias. Outro cidadão pode ser ético por ser consciente de que contribuirá com suas práticas ao meio ambiente. E muitos não são, nem sequer, éticos. “A Inteligência Espiritual, por sua vez, argumentam Zohar e Marshall (2004) não depende da cultura nem dos valores, mas é antes uma capacidade inata com a qual descobrimos criativamente os nossos valores.” (JORGE, 2012, p. 11). Para contribuir com o termo “valor”, se utilizará aqui o significado de: “2. Qualidade que faz estimável alguém ou algo; valia.” (FERREIRA, 2008, p. 806). Jorge aponta em seus estudos, resultados de pesquisas relacionadas aos bons efeitos da espiritualidade e da religiosidade na saúde mental, psíquica e física das pessoas, bem como nas atitudes (que podem sim melhorar por meio da religiosidade, ainda que muitas pessoas apenas se valham deste meio pelo convívio 16

“Trave no olho do irmão” – Expressão buscada em: BÍBLIA ON LINE. Mateus 7: 3. Disponível em Acesso em 16. Abr. 2016

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social). A autora aponta as doenças de sentido que teriam relação ao estilo de vida e as atitudes das pessoas como “uma chamada de atenção para algo nas nossas vidas que necessita de ser mudado, ou caso contrário, dará lugar a perturbações físicas, emocionais ou espirituais e até mesmo à morte.” (ZOHAR & MARSHALL, 2004, apud JORGE, 2012, p. 14). A depressão seria umas delas. Estas doenças de sentido estariam relacionadas ao condicionamento das pessoas. Mas o condicionamento não é a única condição que nos faz ficar doentes «de sentido». As pressões políticas, económicas e as políticas sociais; o acelerado desenvolvimento tecnológico da sociedade; a manipulação intencional de sistemas científicos, sociais, económicos e políticos, sustentando a ignorância do significado em sistemas de saúde por motivos financeiros e políticos; o foco no individual e a negligência da contribuição do ambiente para a saúde e para as relações dos seres humanos com outras formas de vida na biosfera são também possíveis causadores/contribuidores para a criação de «doenças de sentido» (JOBST et al, 1999, apud JORGE, 2012, p. 15).

Tomar-se-á aqui egocentrismo/egoísmo como sinônimo de “o foco no individual” e não o “conhece-te a ti mesmo”. Jorge exemplifica, por exemplo, pela compulsão de comer, a necessidade de preenchimento de um vazio, uma tentativa de preencher a falta de sentido da vida diária, de suportar os condicionamentos em que se está inserido. Quando se segue padrões programados promovidos pela cultura ou pelos hábitos desadequados, pouca coisa nos detém ou faz refletir sobre essa necessidade, mas se formos espiritualmente inteligentes, certamente nos questionaremos acerca desses padrões, certamente não teremos receio de ser diferentes ou pouco convencionais/consensuais com as maiorias. (ZOHAR & MARSHALL, 2004, apud JORGE, 2012, p. 15).

Jorge trás o “pensamento unificador” de (ZOHAR e MARSHALL, 2004) – do qual não difere da psicologia analítica de Jung – como meio de organização e reorganização neural do cérebro ao longo da vida do indivíduo. De acordo com estes autores, as inteligências intelectual, emocional e espiritual estariam relacionadas cada qual a algum tipo de organização neural. “As conexões neurais estão em constante mudança ao longo da vida.” (JORGE, 2012, p, 17). [...] os cientistas descobriram que quando um objeto é percebido, os neurónios em todas as partes do cérebro oscilam numa frequência entre 35 e 45 Hz. Supõe-se que essas oscilações sincronizadas liguem as várias respostas percetivas localizadas e ofereçam a experiência de um único objeto. [...]. Estas oscilações sincronizadas de 40Hz parecem ser responsáveis pelo processamento consciente da informação entre o processamento em série e em paralelo; parecem justificar a base neural mais adequada para a consciência e toda a perceção (sic) unificada, incluindo a perceção (sic) dos objetos, do sentido e a capacidade de

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reenquadrar a nossa experiência e parece evidenciar a base neural para a inteligência espiritual (ZOHAR & MARSHALL, 2004, apud JORGE, 2012, 19).

Ela apresenta a tabela exposta pelos autores com as oscilações e frequências cerebrais, que mostra quando e onde se observam e o que significam. Dentre as várias frequências apresentadas, a de 40 Hz (oscilação Gama), sendo observada na mente “consciente desperta ou durante o sono” e que seria responsável, segundo Singer e Gray, “pela ligação das características percebidas – unificação percetual (sic)”. Estes referenciais, Zohar e Marshall, em 2004 com a obra “Inteligência Espiritual”, teriam apontado também na oscilação Gama a frequência de 200Hz que teria sido “recém descoberto no hipocampo” e sua função seria “ainda desconhecida”. Investigação mais recente de Llinás mostrou que as oscilações neurais de 40 Hz estão presentes no cérebro tanto em estado de alerta como na fase de sono REM. O seu trabalho mostrou que a presença da consciência está associada à atividade oscilatória de 40 Hz, pois esta atividade desaparece quando o cérebro está em coma ou anestesiado [...]. (ZOHAR & MARSHALL, 2004, apud JORGE, 2012, p. 21).

De acordo com o Instituto do Sono, este se divide em não REM e REM “(do inglês, movimentos rápidos dos olhos)”. O sono não REM ocorreria na segunda parte da noite e algumas de suas funções seriam: a “manutenção do equilíbrio geral do organismo, das substâncias químicas no cérebro que regulam o ciclo vigília-sono, consolidação da memória, regulação da temperatura corporal, entre outras”. (INSTITUTO DO SONO). O sono não REM é dividido em três fases ou estágios, segundo a progressão da sua profundidade. Já o sono REM caracteriza-se pela atividade cerebral de baixa amplitude e mais rápida, por episódios de movimentos oculares rápidos e de relaxamento muscular máximo. Além disso, este estágio também se caracteriza por ser a fase onde ocorrem os sonhos. (INSTITUTO DO SONO).

É nessa fase do sono, portanto, que ocorrem as manifestações oníricas, dos arquétipos e representações simbólicas de que fala Jung. 40Hz de estado Gama em sono REM e 40Hz em estado desperto, alerta, onde ocorre a análise consciente. É a vida do sujeito manifesta, como um mesmo som, em oitavas diferentes. Talvez devido a isso seja possível recordar dos sonhos; estas ondas “fluem por todo o cérebro e parecem estar associadas à possibilidade de consciência, pois aglutinam os acontecimentos percetivos (sic) e cognitivos individuais a um todo maior”. (ZOHAR & MARSHALL, 2004, apud JORGE, 2012, p. 21).

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Zohar e Marshall (2004) acreditam portanto que o cérebro foi criado para ser consciente e ter uma dimensão transcendente. Creem também que as oscilações neurais de 40 Hz são o substrato neural que torna possível a IEs, concordando com a visão de Jung (1954) de que partilhamos a nossa vida mental com outros seres pois, defendem igualmente que a IEs tem inerente esta propriedade transcendental conferida pelas oscilações neurais de 40 Hz, enraizando-nos fora de nós na corrente mais ampla da vida. (JORGE, 2012, p. 21).

É curioso este estado Gama, de consciência desperta, em 40 Hz. Isso faz lembrar música e a afinação dos instrumentos em 440 Hz, o A4 do teclado (lá, quatro oitavas acima do lá mais grave), ou a quinta corda dos violões e guitarras, da qual se utiliza para a afinação das demais cordas. Haveria algum tipo de relação? 11 X Gama? Há outros tipos de afinação, em outras frequências e parece haver certa divergência desta afinação tida como padrão. Chris Hampton em seu artigo “432Hz, A Nota de Deus: Os Audiófilos que Querem Derrubar o Padrão de Afinação,” aponta uma possível Teoria da Conspiração de que o padrão de 440Hz teria sido “instituído pelos nazistas” como “um exercício de controle de humor”. Ele faz a indicação do livro de Laurent Rosenfeld “´How the Nazis Ruined Musical Tuning´ (´Como os Nazistas Arruinaram a Afinação Musical´)” onde é exposto que essa frequência teria sido internacionalizada em 1933, com a explicação de que a alteração se daria pelo “contingente americano” e “conjuntos alemães” que eram devotos do Jazz “e, portanto, a afinações mais altas.” Se 440Hz era uma afinação utilizada para o Jazz, o nazismo mais uma vez se valeu indevidamente, dos signos, neste caso numéricos, de uma alta vibração. Pelo estudo dos signos é possível encontrar sentido onde, aparentemente não há sentido algum. Isto não significa que a interpretação/ hipótese seja um veredito. Como disse Friedrich Nitzsche: “Eu jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. Porém, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes eu quisesse.” Na numerologia, 11, é tido como um número mestre, ou seja, quando na soma dos números se adquire tal resultado (11; 22; 33), este não é somado. No lado negativo, algumas características: “falsa superioridade”; “desonestidade”; “fanatismo”; “mesquinhez”; “pragmatismo”, etc.; características percebidas no nazismo e que, não refletiram no mundo (ou teriam refletido?) o lado positivo do número: É um número espiritual e de intuição. O 11 é o idealismo, o perfeccionismo, a clarividência e a colaboração. É um número de forte magnetismo e caracteriza as pessoas idealistas, inspiradoras, inventivas, capazes de iluminar o mundo através de idéias (sic) elevadas. O 11 também caracteriza

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uma pessoa com dons de mediunidade ou voltadas ao ocultismo. É o número da espiritualidade. São pessoas que trazem alegria para as pessoas e inspiração. Geralmente são pessoas que tem os pés no chão e 17 algumas vezes podem ser inconvenientes .

Westcott (1987) aponta que os cabalistas o veem como um número “pecaminoso, prejudicial e imperfeito”; e que seria o: [...] Número dos Pecados e o Penitente, porque excede o número dos mandamentos e é menor do que doze, que é o número da Graça e Proteção. Às vezes, porém, até o onze recebe um favor de Deus, como no caso do homem que foi chamado à undécima hora para trabalhar no vinhedo e recebeu a mesma paga que os outros. (WESTCOTT, 1987, p.119).

O objetivo deste trabalho não é falar do nazismo, porém, diante da associação entre os estados de frequências e das simbologias encontradas buscarse-á associar os próximos parágrafos ao presente capítulo. O nazismo, com seu alto ideal de estabelecer uma raça superior, “pura”, em seus usos sombrios dos signos, deixou uma mancha negra na história da humanidade. O nazismo não estava conquistando pessoas para um ideal de elevação

humanista;

estava

conquistando

adeptos

na

matança

de

seus

semelhantes, e possivelmente, pelo uso de uma frequência musical mais elevada, controlando seus humores (nem a frequência, nem o Jazz devem ser confundidos com estes ideias). Hitler teria dito em relação aos poloneses: “Matem, sem piedade ou misericórdia, todos os homens, mulheres e crianças de origem polonesa”

18

. O

que há por trás de uma mente destas? (Deixemos a mente de Hitler para os estudos da Psiquiatria e Psicologia). Ironicamente, apesar de sua ideologia haver exterminado quase metade da população polonesa, esta, depois do holocausto (assim como o resto do mundo), se reergueu das cinzas como uma fênix, o símbolo do seu brasão de armas. A águia branca (bem) que o negro (mau) Hitler tentou destruir. De 1945 a 1989, a República Popular da Polônia (atualmente República da Polônia) usou seu brasão19 de armas sem coroa na cabeça da águia. Não se pode, porém generalizar que tudo que seja associado à cor preta seja mau, ou luto. Os poloneses resistiram à não educação imposta pelo nazismo, que era proibida, sob pena de morte. Os

17

Planeta Esotérico – Referências. Referências: CÂMARA. R. S. As vítimas esquecidas do nazismo. 19 Brasão de Armas da Polônia. (ver: Créditos de Imagens). 18

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Símbolo nazista

Brasão de armas/Polônia

Cartaz nazista

(ver nota 21)

(ver nota 19, página anterior)

(ver nota 24)

professores arriscaram suas vidas e organizaram-se para manter o ensino clandestinamente, inclusive a nível universitário20. Isso seria desacato à autoridade e à ordem, à ética nazista, mas, se os poloneses não tivessem se valido de suas inteligências, talvez sua fênix, seria um brasão esquecido. A águia e a suástica nazistas21 foram usadas como demonstração de poder, ou pior, como abuso de poder. No símbolo nazista não se pode deixar de reparar também que a águia repousa sobre um círculo, símbolo da totalidade. A águia é também uma figura simbólica associada ao evangelista São João22, e à Ascenção de Cristo, tendo também grande significado no Xamanismo; nesta crença, segundo Rosane Volpato, o lado negativo feminino do símbolo representaria o obscuro e o masculino “a astúcia e a tradição a serviço da tirania, o poder da força bruta, os valores masculinos destruidores”23. No cartaz das cores24, percebe-se o grau de organização do regime; alguns triângulos continham as iniciais dos grupos étnicos25. Através do uso das cores identificava seus perseguidos. Mediante tal uso, as cores que não são boas ou más, podem ser associadas a uma aura negativa. Não só de 20

Veja: Educação da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. WIKIPEDIA. Disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_da_Pol%C3%B4nia_durante_a_Segunda_Gu erra_Mundial > Acesso em 22. Abr. 2016 21

Símbolos nazistas - Dicionário de símbolos (ver: Créditos de Imagens). GIBSON. C. Como compreender símbolos. Os quatro evangelistas do Cristianismo. São João, p. 187. 23 VOLPATO. R. (Referências). 24 Triângulos do Holocausto. (ver: Créditos de Imagens). 25 Pole (Polônia, polaco); Tscheche (Checoslováquia) – Referências: BEAU. A. E., Langenscheidts Taschenwörterbuch, estas iniciais aparecem na parte inferior do cartaz. 22

49

(Frequências musicais: Ver Créditos de Imagens).

judeus se alimentou a matança dos nazistas, mas também de poloneses, tchecos, eslavos, ucranianos, bielorussos, ciganos, negros; homossexuais, deficientes físicos e mentais (não importando se eram de origem alemã); maçons (estes podiam até participar de seu partido se quisessem, mas eram opositores políticos); testemunhas de Jeová (podiam ser libertos dos campos se negassem a própria fé e fizessem continência à Hitler – chamados de objetores de consciência: grupos que por fé, ética ou moral recusavam-se a prestar serviço militar). A consciência nazista, ainda que tenha matado, não pôde dominar a consciência e a fé de seus massacrados. [...] a repressão da massa leva ao mesmo resultado da repressão individual, isto é, à dissociação neurótica e à enfermidade mental: todas as tentativas de reprimir as reações do inconsciente a longo prazo acabam por falhar, já que estão em oposição fundamental aos nossos instintos. (FRANZ, 2008 p. 297).

É natural que as pessoas tenham instinto de sobrevivência, tanto físico como psíquico, justamente pelas manifestações do inconsciente, como nos evidencia a citação acima. Outra ligação simbólica, que não se relaciona ao nazismo, mas à São João está nas seis primeiras notas musicais. Trata-se de um hino criado, em latim, em homenagem a ele, por Paulo Diácono – “Ut quéant laxis/ Resonare fibris/ Mira gestorum/ Famuli tuorum/ Solve polluti/ Labii reatum/ Sancte Iohannes” – No Wikipedia encontra-se a seguinte tradução: “Para que os servos possam, com suas vozes soltas, ressoar as maravilhas de vossos atos, limpa a

50

culpa do lábio manchado, ó São João”

26

. As notas musicais, organizadas por Guido

d´ Arezzo, no século: XI, tomam as iniciais das palavras do hino, com exceção de “Ut” que foi substituído por “Dó”; o SI, das iniciais de Sancte Iohannes teria sido incluído posteriormente. Há estudos de que as frequências destas notas (chamadas de Frequências de Solfeggio) teriam propriedades curativas (frequências de cura); e que nos cantos gregorianos seriam estas as notas usadas na entoação dos mesmos. Segundo encontrado em mais de um site27, o Dr Horowitz denominou esta escala antiga de “Círculo perfeito do Som”, “devido à sua simetria impecável de matemática e geometria sagrada (três triângulos perfeitos) de frequências de som, que provêm diretamente do Divino Criador.” Ele teria deduzido a existência de três notas perfeitas com as frequências 174 Hz, 285 Hz e 963 Hz – ambas visíveis no lado esquerdo inferior de cada pirâmide das imagens acima, em sentido horário. Estas três frequências não aparecem na classificação das associações de cura, do Dr. Joseph Puelo. UT - 396 Hz Libertadora da Culpa e do Medo RE - 417 Hz Facilitador de Mudança MI - 528 Hz Transformação e Milagres (reparo do DNA) FA - 639 Hz Conexão - Relacionamentos SOL - 741 Hz Despertador da Intuição LA - 852 Hz Voltando à Ordem Espiritual

Muito há em nosso mundo imanente que transcende o entendimento humano, que precisa ser descoberto ou redescoberto, e que se relaciona com a mente humana. A música vem de fora para atuar com seus efeitos dentro, assim como as mais variadas experiências. Os sonhos dos quais se valem os estudos da psicologia analítica de Jung, vem de dentro (de imagens arquetípicas ou de situações vivenciadas pelo sujeito) pra fora e falam individualmente. Ainda que existam

26

“Ut queant laxis” – Expressão buscada em: WIKIPEDIA. Acesso em 17. Abr. 2016 27

Disponível

em

Frequências musicais: Veja links abaixo/ (Referências). Três sites que fazem referência ao assunto. No primeiro há vídeos nas tonalidades com as frequências de solfeggio. Também há no Youtube vasto material relacionado. Este trabalho não se ateve ao experimento destes áudios.

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“O homem e seus símbolos” (Jung et al.).

significações mais abrangentes para os sonhos ou algum objeto destes, ou que um arquétipo se manifeste de modo semelhante para indivíduos distintos, Jung buscava considerar o sujeito, seu entorno, situação de vida, faixa etária, e suas próprias contribuições nas interpretações. Seu propósito era curar a dissociação em que se encontravam (na busca da individuação dos mesmos) e que algumas tribos antigas chamavam de “perda da alma”, a perda da identidade, do seu eu, “perda de contato com o centro regulador de sua alma”. (FRANZ, 2008, p. 283). “’Dissociação’ é um fracionamento da psique que provoca uma neurose.” (JUNG, 2008, p. 23). “Também nós podemos sofrer uma dissociação e perder a nossa identidade”. (JUNG, 2008, p. 24). As perturbações de humor são usadas por Jung como exemplo.

Essa dissociação pode provir de devaneios excessivos, imagens

emocionais dolorosas, complexos, falta de atenção às mensagens do inconsciente. “É, na verdade, muito difícil unir em nosso íntimo esses dois extremos e permanecer em equilíbrio entre eles”. (FRANZ, 2008, p. 290). No processo de individuação, ao ouvir o inconsciente, Franz nos aponta que a pessoa muitas vezes fica “impossibilitada de fazer o que quer”, e que às vezes é necessário afastar-se das demais pessoas, no intuito de se encontrar, podendo ser tachada de antissocial ou egocêntrica, mas segue dizendo que isso não é verdade absoluta, pois o self possui um aspecto social e coletivo. Afastar-se não significa que a pessoa deva excluir-se. Não é preciso viver como alienado ou como monge nas

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montanhas. “Nos mitos ou nos sonhos, uma jornada solitária simboliza, muitas vezes, a liberação da transcendência”. (HENDERSON, 2008, p. 197). Muitas pessoas desafiam a si mesmas em algum evento como, por exemplo, o caminho de Santiago de Compostela. É diferente de uma viagem turística, que “não substitui a verdadeira liberação interior” (HENDERSON, 2008, p. 197), ou mesmo daqueles que realizam algo como forma de penitência (sem que haja real efeito interior). Tais situações e experiências provocam no indivíduo uma mudança no olhar. Conectarse ao inconsciente, na busca desta relação com o self (totalidade), pode ocorrer para a maioria das pessoas no viver diário (visto que a grande maioria das pessoas não consegue realizar estas peregrinações transcendentais), quando estão “alertas às insinuações e sinais, tanto dos sonhos quanto dos acontecimentos exteriores que o self utiliza para simbolizar suas intenções – a direção para onde se move o fluxo da vida”. (FRANZ, 2008, p. 282). Essas

insinuações,

internas

e

externas,

Jung

conceituou

como

sincronicidade, sem saber se matéria, e psique inconsciente, possuem ou façam parte de um mesmo fenômeno. “É um termo que significa uma ‘coincidência significativa’ entre acontecimentos exteriores e interiores que não têm, entre si, relação causal imediata”. (FRANZ, 2008, p. 280). Porém, “diferente da mera relação de causa e efeito”. (FRANZ, 2008, p. 281). Todas as vezes que o Dr. Jung observou tais coincidências significativas na vida de um indivíduo, parece (segundo revelações dos sonhos dessas pessoas) que havia um arquétipo ativado em seu inconsciente. [...]. É como se o arquétipo oculto se manifestasse, simultaneamente, em acontecimentos interiores e exteriores. (FRANZ, 2008, p. 281).

Poderíamos pensar na apresentação de um músico, de artistas, de bailarinos ou do nado sincronizado, mas, todos eles, para produzirem seus espetáculos (efeito), têm como causa da beleza produzida muito estudo, treino e dedicação. Um exemplo de um evento sincronizado pode ser o sonho com determinado arquétipo e o encontro com o mesmo, em forma de objeto, no dia seguinte ao sonho. Acontecimentos ‘sincronizados’ além de tudo, quase sempre acompanham as fases cruciais do processo de individuação. No entanto, muitas vezes passam despercebidos quando o indivíduo não aprendeu a observar tais coincidências nem a lhes dar um sentido em relação ao simbolismo de seus sonhos. (FRANZ, 2008, p. 281).

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Esse processo de individuação se daria de modo gradual, não forçado, e que necessita, sobretudo, da atenta observação do indivíduo às mensagens de seu inconsciente. Franz explica que os conteúdos dos sonhos podem se repetir com os anos e que a mudança no conteúdo se daria pela interpretação consciente do sonhador, colocando os conteúdos como guia para o crescimento psíquico do sujeito, seu amadurecimento. Alcançar a totalidade da psique é, segundo ela, dar ouvidos ao “Grande Homem” (alma), companheiro e amigo interior; é estar consciente do processo, cooperando “ativamente com ele, tomando livremente várias decisões. E essa cooperação pertence ao processo de individuação, no seu sentido mais preciso”. (FRANZ, 2008, p. 213, 214). Nesse processo, é tarefa do ego “ouvir ou não as suas mensagens”, e perceber os talentos inatos. Em relação à psique, é “o ego que ilumina o sistema inteiro, permitindo que ganhe consciência e, portanto, se torne realizado”. (FRANZ, 2008, p. 213). Com o processo de individuação “cada pessoa tem de realizar algo de diferente, exclusivamente seu.” (FRANZ, 2008, p. 216). [...] a estrutura simbólica que parece representar o processo de individuação tende a basear-se no motivo do algarismo quatro – como as quatro funções da consciência e os quatro estágios da anima ou do animus. [...] Só em circunstâncias específicas é que se apresentam, no material psíquico, outras combinações numéricas. (FRANZ, 2008, p. 268).

Anima e animus seriam elementos opostos que se apresentam no interior da psique do indivíduo. Anima para os homens, animus para as mulheres. Podem se manifestar tanto positiva quanto negativamente. Abaixo, de acordo com Franz, os quatro estágios de anima e animus, em forma de tabela.

ANIMA

ANIMUS

(elemento feminino na psique masculina) (elemento masculino na psique feminina) Conforme. p. 244, 245

Conforme. p. 258

1º - imagem da mulher primitiva;

1º - personificação da força física;

(beleza romântica)

(imagem de um homem musculoso).

2º - materialização clássica;

2º - iniciativa e capacidade de

(ex. Helena de Tróia com Páris)

planejamento;

3º - imagem da virgem Maria de

3º - torna-se o verbo;

vermelho

(imagem de um professor ou clérigo).

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(amor – Eros – espiritualizado) 4º - imagem de Atena e da Monalisa

4º - encarnação do pensamento

(representação da sabedoria).

“a vida adquire novo sentido”. (firmeza espiritual; invisível amparo

“[...] que transcende até mesmo a

interior; iniciativa, coragem, honestidade

pureza e a santidade, como a Sulamita

- p.260).

dos Cânticos de Salomão”. (p. 247). “[...] quando o espírito lógico do homem se mostra incapaz de discernir os fatos ocultos em seu inconsciente, a anima ajuda-o a identifica-lo.” (p. 241).

ASPECTOS NEGATIVOS -

Importância

excessiva

ASPECTOS NEGATIVOS ao

intelectualismo.

- Manifestação de voz firme, forte,

- Fantasias eróticas, “forma grosseira e insistente; obstinação, frieza. (p. 251). infantil” - pornografia. (p. 240) - Imagens de sacerdotisas ou feiticeiras, - Sonhos com o “barba azul”, demônios, “ligadas às forças das trevas e ao bandidos, ladrões, assassinos. mundo dos espíritos (o inconsciente)” (p. 235).

Nos rituais antigos de iniciação os símbolos de transcendência teriam a finalidade de “contenção” (submissão) e “libertação”. “A iniciação tem, portanto, um propósito civilizador ou espiritual, a despeito da violência dos ritos usados para desencadear esse processo”. (HENDERSON, 2008, p. 195). Isso ocorreria para que o indivíduo pudesse aprender a ser dono de si, numa união equilibrada das duas forças de oposição. Segundo o autor, porém, há símbolos que estão exclusivamente relacionados com a transcendência humana, não estando associados às religiões, nem à consciência coletiva temporal; “são aqueles que representam a luta do homem para alcançar o seu objetivo”. (HENDERSON, 2008, p. 197). Eles auxiliam na entrada dos conteúdos inconscientes ao consciente. A este processo, de união, de sentido de integralidade, consciente/ inconsciente, Jung chamou de “‘função

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Imagens de arquivo pessoal.

transcendente da psique’, pela qual o homem pode alcançar sua finalidade mais elevada: a plena realização das potencialidades do seu self (ou ser)”. (HENDERSON, 2008, p. 197). São necessários para que o homem se liberte de seus estágios/ estados de imaturidade, e “de qualquer forma de vida restritiva, no curso de sua progressão para um estágio superior ou mais amadurecido de sua evolução”. (HENDERSON, 2008, p. 195). O autor aponta alguns símbolos como: cobra/serpente (considerada como “‘mediador’ entre os dois modos de vida” – inconsciente/trevas; consciente/luz). (HENDERSON, 2008, p. 199); pássaro/aves selvagens (associado aos xamãs e que representam independência ou libertação), animais das profundezas, lagartos, intermediários como peixes, patos selvagens, ou cisne, alguma viagem ou situação onde a pessoa se depare com a natureza da morte, ou “qualquer movimento poderoso que signifique libertação”. (HENDERSON, 2008, p. 198). O self teria uma função distinta. “O self aparece nos sonhos usualmente em momentos críticos da vida do sonhador – instantes decisivos em que suas atitudes básicas e todo o seu modo de vida estão em processo de mutação”. (FRANZ, 2008, p. 264). As imagens oníricas se manifestam através de figuras superiores do mesmo sexo, mas também podem ser de figuras mais jovens. As imagens das quais fala a autora, que podem aparecer para os homens, são de um guru, um velho sábio, um guardião, um espírito da natureza, figura de um velho com asas, ou de Merlin, etc; para as mulheres, imagens de deusas, sábias poderosas, fada madrinha, uma criança ou jovem com dons sobrenaturais. “Toda realidade

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Betende Hände (1508) – Albrecht Dürer

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psíquica interior de cada indivíduo é orientada, em última instância em direção a este símbolo arquetípico do self”. (FRANZ, 2008, p. 270). Muitas vezes o inconsciente utiliza a imagem do “Homem Cósmico” ao qual estaria associada às figuras de Adão, Cristo, Krishna, Buda, cada qual ligado a sua cultura. Também estariam associadas às pedras (pedra filosofal) – que para os aborígenes são sagradas, pois creem que nelas estão contidos os espíritos dos mortos; figuras históricas importantes; esferas, mandalas; o urso (que no mito celta representa a deusa Artio) – (FRANZ, 2008, p. 271), ou um casal real que também pode ser representado por leões. Segundo Franz, o self também possui um lado sombrio capaz de paralisar o ego do indivíduo provocando a “perda do senso de humor e dos contatos humanos”. (FRANZ, 2008, p. 287). Já o lado positivo pode transformar “as relações humanas do indivíduo. Laços de parentesco ou de interesses comuns são substituídos por um tipo de união diferente, vinda do self”. (FRANZ, 2008, p. 295). Seria uma espécie de identificação grupal, onde o self cria “ao mesmo tempo, laços afetivos bem definidos entre certos indivíduos e um sentimento de solidariedade geral”. (FRANZ, 2008, p. 298). Para entendermos as indicações simbólicas do inconsciente devemos cuidar para não sairmos de nós mesmos (o “ficar fora de si”), mas sim de permanecermos emocionalmente dentro de nós mesmos. Na verdade, é de

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Betende Hände (ver: Créditos de Imagem) – Conhecida como Mãos em Oração, ou “Mãos”, é possível encontrar na internet relatos sobre este título. Esta imagem está disponível no Museu Albertina Sammlungen Online.

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importância vital que o ego continue a funcionar de maneira normal. (FRANZ, 2008, p. 289, 290)

A busca da integralidade de si mesmo, da totalidade da psique, do sentimento de um espírito livre do qual falou Nitzsche, requer que estejamos em nós, abertos, atentos ao inconsciente, onde “encontramos todos os aspectos da natureza humana – a luz e a sombra, o belo e o feio, o bom e o mau, a profundidade e a tolice.” (JUNG, 2008, p. 130, 131); requer que estejamos atentos a todas as manifestações e relações imanentes, não atribuindo todas as manifestações ao inconsciente, mas permitindo-nos interpretações simbólicas da vida e do entorno como muitos povos primitivos que “[...] ainda conservam essas propriedades psíquicas, atribuindo a animais, plantas e pedras, poderes que julgamos estranhos e inaceitáveis”. (JUNG, 2008, p. 49). Aprender com a vida e com a beleza que ela traz. É de manifestações assim que surgiram as imagens anteriores, das borboletas. A totalidade em cada asa, com um arremate que parece feito por uma rendeira; da mesma forma o símbolo do infinito; asas que carregam mensagens de transformação. O eterno registrado na brevidade de um momento. Beleza oculta. Beleza infinita, inconsciente, um presente à consciência humana, um presente à moderna escassez de tempo. Tatuagem inata. Que vantagem sobre a pele humana! Apenas frágeis asas, fragmentos, que como o homem e os demais seres encontramse na composição do todo. Criação ou evolução? Que tipo de inteligência elas têm para formarem-se tão perfeitamente belas? Há inteligências que se omitem à nossa inteligência. Pela vida e pelas dádivas, pelo empirismo imanente e pelo transcendente, pelo evoluir da consciência, pelo aprendizado, pela perpetuação da vida, o ser humano tem razões para ser grato, e esta gratidão já foi expressa em arte, conforme imagem das “Mãos em oração”, por um grande e sensível artista: Albrecht Dürer.

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Considerações Finais O que seria dos signos, da ciência, das disciplinas e uns dos outros se não fossem as pessoas, o mundo, a vida? O que seria das pessoas se não houvesse as mais diversas interações, a fé, os sonhos, e a possibilidade de libertação? Uma sociedade culta, evoluída, não é apenas intelectualizada, mas é íntegra na medida em que seus cidadãos também o são, na medida em que podem desenvolver suas consciências, suas inteligências. A psicologia analítica de Jung, pelo estudo dos signos e das manifestações oníricas, valoriza o empirismo de cada indivíduo, pois cada um é único e necessita descobrir-se em si mesmo, no seu caminho, no seu lugar na sociedade, na sua forma de expressão e no agir diário para uma vida bem vivida. O pensamento crítico dos indivíduos se dá na medida em que ocorre o desenvolvimento da consciência. Para isso, é possível perceber pelos referenciais teóricos que mesmo que haja uma repressão das massas, o inconsciente dos sujeitos atuará em resposta. A atitude dos sujeitos, na sociedade, dependerá do entendimento destes em relação a estas mensagens. Se não compreenderem, viverão de modo dissociado e neurótico, acarretando danos a si mesmos e a sociedade. A fé não tem preço, as manifestações espirituais independem de vontades, não possuem valor de compra e venda. Manifestam-se na escola da vida aos que tem olhos para ver. A fé é o sentimento de amparo do que a razão não explica ou do que desconhece. Talvez possa se equiparar ao que alguns denominam de “pensamento positivo”. É um auxílio contra as doenças da alma, atuando como luz na escuridão. Tanto o consciente quanto o inconsciente, a luz quanto a escuridão tem o poder de paralisar; a luz excessiva pode machucar, agredir e cegar ao passo que a escuridão, o breu, não permite ver qualquer direção. Como cego, o indivíduo deve se valer das funções da psique, da razão, das suas emoções, de seu espírito, da fé, para compreender e viver neste mundo carregado de simbolismos, semiotizado, nas ideias de Barthes. Não são os símbolos em si que acarretam alvoroço, são as divergências de ideias; é o uso dos mesmos de acordo com as ideologias que se intenciona transmitir que gerarão as “energias psíquicas” boas ou baixas (e/ou ruins) que

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afetarão indivíduos ou grupos (a exemplo dos símbolos nazistas). Os simbolismos que tanto podem servir para dissociação e desorientação podem também integralizar indivíduos e sociedades (a exemplo do discurso e outros), servindo não apenas como instrumentos religiosos, não por meio de uma fé cega, mas pelo conhecimento, pelo estudo e pela ampliação da consciência. “Dê asas à sua imaginação”, mas não se perca nas sombras. Sendo, espírito livre, mesmo mergulhado nas representações de que fala Fernando Pessoa. Fazendo uso das inteligências, sendo racional e ao mesmo tempo emocional e espiritual, interagindo com as representações de modo imanente, de modo transcendente, por símbolos culturais,

por

símbolos

naturais.

Conhecendo

a

si

mesmo,

para

viver

conscientemente no meio, e na medida de sua própria evolução beneficiar o meio, o meio ambiente, a terra, nossa casa; não desprezando os benefícios da modernidade, nem se esquecendo das origens primitivas que segundo exposto em “O homem e seus símbolos” estão repletas de ensinamentos. Buscar o todo e fazer uso das inteligências é não negar-se enquanto fragmento. Não se pode abraçar o mundo inteiro, mas é possível abraçar o outro, ou uma árvore e percebê-la como fragmento deste mesmo todo. É um abraçar a si mesmo e o entorno da própria identidade que não necessariamente situa-se no mesmo espaço-tempo. É saber e não saber, viver; errar e acertar. É fazer do inconformismo o degrau da própria mudança. É perceber um verbo, um poema, uma narrativa, um universal, uma familiaridade; pensar, repensar, sentir, refazer, reorganizar, é um morrer e renascer de ideias, num soltar e tomar os veios da criatividade; identificar-se, desunir-se, encontrar-se. É trabalhar duro, é descansar. “Conhece-te a ti mesmo”.

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Créditos de imagens

Betende Hände

Brasão de armas da Polônia

Frequências Musicais Imagem 1.

BETENDE HÄNDE. (Praying Hands – Mãos em Oração) – 1508 – Museu Albertina Sammlungen Online. Disponível em: Acesso em 05.Mar.2016 BRASÃO DE ARMAS DA POLÔNIA. Wikipedia. Disponível em. Acesso em 22. Abr. 2016

DESPERTAR DE GAIA. Frequências musicais: Disponíveis em: Acessos em 16. Abr. 2016 FISH STALKER - Flickr. Disponível em Acesso em 09. Abr. 2016

Imagem 2.

Disponível em < http://creativefan.com/pictures-of-music-notes/> Acesso em 09. Abr. 2016

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Imagens musicais/ Imagens musicais lindas – Google Images.

Imagem 6

(Ruínas de Delfos do Templo de Apolo). Disponível em < http://setepecadosimortais.blogspot.com.br/2015/12/o-umbigo-domundo-ruinas-de-delfos.html> Acesso em 10. Abr. 2016

Imagem 7

(Gnõthi Seauton) e demais conceitos. Disponível em: < http://www.culturabrasil.org/gnothi_seauton.htm> Acesso em 10. Abr. 2016

Símbolos nazistas

DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS. Símbolos nazistas. Disponível em Acesso em 20. Abr. 2016

Triângulos do Holocausto

TRIÂNGULOS DO HOLOCAUSTO. WIKIPEDIA. Disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Tri%C3%A2ngulos_do_Holocausto> Acesso em 20. Abr. 2016

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