Análise tradutória do uso de palavrões no quadrinho Kick-Ass

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS CARLA EIKO YANAGIURA E TWYLLA PIMENTA DE OLIVEIRA SÁ

ANÁLISE TRADUTÓRIA DO USO DE PALAVRÕES NO QUADRINHO KICK-ASS

SANTOS – 2015

CARLA EIKO YANAGIURA E TWYLLA PIMENTA DE OLIVEIRA SÁ

ANÁLISE TRADUTÓRIA DO USO DE PALAVRÕES NO QUADRINHO KICK-ASS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Católica de Santos como exigência parcial para a obtenção de grau de Tradução e Interpretação. Orientador: Gomes

Prof.

Me.

José

Martinho

________________________________ Visto de autorização do professor orientador

SANTOS – 2015

CARLA EIKO YANAGIURA E TWYLLA PIMENTA DE OLIVEIRA SÁ

ANÁLISE TRADUTÓRIA DO USO DE PALAVRÕES NO QUADRINHO KICK-ASS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Católica de Santos como exigência parcial para a obtenção de grau de Tradução e Interpretação. Orientador: Gomes

Prof.

Me.

José

Martinho

Banca Examinadora

___________________________________________________________________ Prof. Me. José Martinho Gomes – Universidade Católica de Santos

___________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Graziela Pigatto Bohn Casagrande – Universidade Católica de Santos

___________________________________________________________________ Prof.ª Me. Valdilene Zanette – Universidade Católica de Santos

Data da aprovação _______________________

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradecemos a todos que estiveram ao nosso lado direta e indiretamente e que contribuíram para a realização desta monografia.

Agradecemos aos nossos professores José Martinho Gomes, Valdilene Zanette e Graziela Bohn por todo o apoio e auxílio no decorrer do trabalho.

Também agradecemos a Érico Assis por nos ajudar em nossa pesquisa, respondendo nossas perguntas e sendo sempre solícito.

Por último, mas não menos importante, agradecemos aos nossos pais por toda a paciência, carinho, dedicação, força, incentivo e amor durante todos esses anos. Além disso, agradecemos também a oportunidade que nos foi dada de terminarmos uma graduação.

PIMENTA, T; YANAGIURA, C. Análise tradutória do uso de palavrões no quadrinho Kick-Ass. Santos, 2015, 180f. (Trabalho de Conclusão de Curso) Universidade Católica de Santos

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo analisar a tradução de palavrões contidos no primeiro volume da série de quadrinhos Kick-Ass. Para tal, foi feita uma pesquisa acerca de histórias em quadrinhos e sobre tradução audiovisual, com enfoque nessa mídia. Tendo como aporte teórico Margit Midjord e Dino Preti, discorreu-se sobre a definição e o uso de palavrões, categorizando-os de acordo com sua função para complementação

das

modalidades

tradutórias

do

quadrinho.

Em

seguida,

classificaram-se os palavrões do corpus em relação às modalidades da tradução, utilizando como fonte Heloisa Barbosa, Eugene Nida e Mona Baker a fim de analisar a lógica do tradutor em relação a esse tipo de vocábulo. Ao final, foram realizadas pesquisas qualitativas e quantitativas das ocorrências do corpus para embasar a comprovação das hipóteses elencadas.

Palavras-chave: histórias em quadrinhos; tradução audiovisual; palavrões; Kick-Ass

PIMENTA, T; YANAGIURA, C. Análise tradutória do uso de palavrões no quadrinho Kick-Ass. Santos, 2015, 180f. (Trabalho de Conclusão de Curso) Universidade Católica de Santos

ABSTRACT

This paper aimed to analyze the translation of swear words contained in the first volume of the comic series Kick-Ass. For such, research on comics and audiovisual translation, with emphasis on that media, was conducted. The analysis about the definition and usage of swear words was supported on academics such as Margit Midjord and Dino Preti; and all swear words were categorized according to its function in order to complement the translation modalities found in the corpus. Afterwards, the swear words contained on Kick-Ass were classified according to the translation modalities presented by Heloisa Barbosa, Eugene Nida and Mona Baker to analyze the translator’s reasoning while dealing with this type of term. Then, qualitative and quantitative research about the corpus swear words was carried out in order to confirm the hypothesis formulated at the beginning of this essay.

Keywords: comics; audiovisual translation; swear words; Kick-Ass

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Procedimentos tradutórios de Barbosa em palavrão exclamativo.............72 Gráfico 2: Equivalências de Nida em palavrão exclamativo.......................................73 Gráfico 3: Universais de Baker em palavrão exclamativo..........................................73 Gráfico 4: Quantidade de palavrão exclamativo no corpus........................................74 Gráfico 5: Procedimentos tradutórios de Barbosa em palavrão-insulto.....................75 Gráfico 6: Equivalências de Nida em palavrão-insulto...............................................75 Gráfico 7: Universais de Baker em palavrão-insulto..................................................76 Gráfico 8: Quantidade de palavrão-insulto no corpus................................................76 Gráfico 9: Procedimentos tradutórios de Barbosa em palavrão-maldição.................77 Gráfico 10: Equivalências de Nida em palavrão-maldição.........................................78 Gráfico 11: Universais de Baker em palavrão-maldição............................................78 Gráfico 12: Quantidade de palavrão-maldição no corpus..........................................79 Gráfico 13: Procedimentos tradutórios de Barbosa em palavrão intensificador........80 Gráfico 14: Equivalências de Nida em palavrão intensificador..................................80 Gráfico 15: Universais de Baker em palavrão intensificador.....................................81 Gráfico 16: Quantidade de palavrão intensificador no corpus...................................81 Gráfico 17: Procedimentos tradutórios de Barbosa em eufemismo..........................82 Gráfico 18: Equivalências de Nida em eufemismo....................................................83 Gráfico 19: Universais de Baker em eufemismo.......................................................83 Gráfico 20: Quantidade de eufemismo no corpus.....................................................84 Gráfico 21: Procedimentos tradutórios de Barbosa em palavrão idiomático.............85 Gráfico 22: Equivalências de Nida em palavrão idiomático.......................................85 Gráfico 23: Universais de Baker em palavrão idiomático..........................................86 Gráfico 24: Quantidade de palavrão idiomático no corpus........................................86 Gráfico 25: Procedimentos tradutórios de Barbosa no corpus..................................89 Gráfico 26: Equivalências de Nida no corpus............................................................89 Gráfico 27: Universais de Baker no corpus...............................................................90 Gráfico 28: Quantidade de palavrão no corpus.........................................................91

SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................9 1 História em quadrinhos...........................................................................................12 1.1 História dos quadrinhos.....................................................................................15 2 Tradução audiovisual..............................................................................................20 2.1 Tradução das histórias em quadrinhos..............................................................23 3 Palavrões................................................................................................................26 3.1 Definição............................................................................................................26 3.1.1 Categorias....................................................................................................28 3.1.1.1 Palavrão exclamativo..............................................................................29 3.1.1.2 Palavrão-insulto......................................................................................29 3.1.1.3 Palavrão-maldição..................................................................................29 3.1.1.4 Palavrão intensificador...........................................................................30 3.1.1.5 Eufemismo.............................................................................................30 3.1.1.6 Palavrão idiomático................................................................................30 4 Modalidades tradutórias........................................................................................32 4.1 Os procedimentos técnicos da tradução por Heloisa Barbosa........................32 4.1.1 Tradução palavra-por-palavra.....................................................................33 4.1.2 Tradução literal............................................................................................33 4.1.3 Transposição...............................................................................................33 4.1.4 Modulação...................................................................................................34 4.1.5 Equivalência................................................................................................34 4.1.6 Omissão vs. explicitação.............................................................................34 4.1.7 Compensação.............................................................................................35 4.1.8 Reconstrução de períodos..........................................................................35 4.1.9 Melhorias.....................................................................................................36 4.1.10 Transferência............................................................................................36 4.1.10.1 Estrangeirismo.....................................................................................36 4.1.10.2 Transliteração......................................................................................36 4.1.10.3 Aclimatação.........................................................................................37 4.1.10.4 Transliteração com explicação............................................................37 4.1.11 Explicação................................................................................................37 4.1.12 Decalque..................................................................................................38 4.1.13 Adaptação................................................................................................38

4.2 As equivalências de Eugene Nida..................................................................38 4.2.1 Equivalência formal...................................................................................39 4.2.2 Equivalência dinâmica...............................................................................39 4.3 Os universais da tradução de Mona Baker....................................................40 4.3.1 Simplificação.............................................................................................40 4.3.2 Explicitação...............................................................................................40 4.3.3 Normalização............................................................................................41 4.3.4 Estabilização.............................................................................................41 5 Análise do corpus................................................................................................42 5.1 Sobre Kick-Ass...............................................................................................42 5.1.1 A história...................................................................................................43 5.1.2 Os personagens principais.......................................................................43 5.2 Motivação para o uso de palavrões em Kick-Ass..........................................44 5.3 Tradução das características visuais em Kick-Ass........................................45 5.4 Metodologia...................................................................................................46 5.5 Análise qualitativa da tradução de palavrões em Kick-Ass...........................48 5.5.1 Palavrão exclamativo...............................................................................48 5.5.2 Palavrão-insulto........................................................................................52 5.5.3 Palavrão-maldição....................................................................................56 5.5.4 Palavrão intensificador.............................................................................59 5.5.5 Eufemismo................................................................................................64 5.5.6 Palavrão idiomático..................................................................................66 5.6 Análise quantitativa da tradução de palavrões em Kick-Ass.........................71 5.6.1 Palavrão exclamativo...............................................................................72 5.6.2 Palavrão-insulto.......................................................................................74 5.6.3 Palavrão-maldição...................................................................................77 5.6.4 Palavrão intensificador............................................................................79 5.6.5 Eufemismo..............................................................................................82 5.6.6 Palavrão idiomático.................................................................................85 CONCLUSÃO.......................................................................................................88 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................94 APÊNDICE A – Entrevista com Érico Assis.........................................................96 

APÊNDICE B – Tabela de ocorrências com análise.................................100

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INTRODUÇÃO

A história em quadrinhos é uma arte que teve seu impulso como meio de comunicação nos últimos 100 anos. Com a globalização, esse tipo de material audiovisual passou a ser distribuído em outros países cujos idiomas diferiam da obra original. Assim, criou-se a necessidade de haver a tradução dessa mídia para que públicos estrangeiros pudessem desfrutar de uma maior diversidade de quadrinhos. Apesar de ter começado como um meio de comunicação cujo gênero era apenas comédia, com o tempo foram elaborados outros gêneros, com teor mais sério. Assim, o público-alvo, que era formado principalmente por crianças, acabou abarcando pessoas de todas as idades. Elementos considerados mais ‘adultos’, como a utilização de palavrões, passou a ter uma inserção maior no mundo dos quadrinhos. O palavrão é uma característica intrínseca à linguagem oral, sendo utilizado por pessoas de diferentes sexos, idades, classes sociais e nacionalidades. O quadrinho Kick-Ass, corpus que serve de objeto de estudo da presente monografia, busca trazer essa marca da realidade para deixar a obra mais verossímil, o que faz com que os palavrões sejam um de seus traços marcantes. Este trabalho tem como objetivo analisar a tradução dos palavrões contidos no quadrinho Kick-Ass, tendo como base as seguintes hipóteses:

a) O tradutor suavizou as expressões de baixo calão do original; b) O tradutor agravou as expressões de baixo calão; c) O tradutor manteve o nível das expressões de baixo calão; d) O tradutor evitou utilizar certas expressões que normalmente são evitadas nas traduções brasileiras; e) O tradutor voltou-se mais ao original; f) O tradutor voltou-se mais ao público alvo.

Antes de chegarmos à parte de tradução dos palavrões, explanaremos sobre as áreas concernentes ao nosso corpus, como o seu tipo de mídia e a sua vertente tradutória, a fim de dominar os conhecimentos necessários para analisá-lo de forma correta.

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No primeiro capítulo, discorreremos sobre as histórias em quadrinhos, um meio de comunicação e expressão híbrido que mescla figuras e prosa. Nele, mostraremos características intrínsecas a esse meio de comunicação, como é o caso da arte sequencial, tipo de narrativa empregado nos quadrinhos. Além disso, abordaremos sua história, desde as raízes aos dias atuais, e como ela é vista pela sociedade. No segundo capítulo, apresentaremos a tradução audiovisual, ilustrando algumas de suas vertentes mais populares, como legendagem, dublagem, e outras menos difundidas, como closed captions e audiodescrição. Ademais, explicaremos como as histórias em quadrinhos podem ser consideradas mídias audiovisuais, e algumas especificidades de sua tradução. No terceiro capítulo, discutiremos sobre o que vem a ser um palavrão e como ele é inserido na linguagem diária das pessoas. Para o embasamento teórico dessa discussão, beberemos da fonte de Margit Siri Midjord e Dino Preti. Em seguida, classificaremos os palavrões em seis categorias: palavrão exclamativo, palavrãoinsulto, palavrão-maldição, palavrão intensificador, eufemismo e palavrão idiomático. No quarto capítulo, discorreremos sobre as modalidades tradutórias que achamos mais pertinentes para a aplicação no corpus. A primeira são os procedimentos tradutórios de Heloisa Barbosa, que mostram técnicas utilizadas pelos tradutores em seu ofício; será seguida pelas equivalências de Eugene Nida, que apresentam a inclinação do tradutor em suas escolhas tradutórias de voltar-se à língua original ou ao público da tradução. Por último, estarão os universais de Mona Baker, que indicam as tendências inconscientes que o profissional pode ter ao traduzir. No quinto capítulo, apresentaremos o quadrinho Kick-Ass em relação à sua história e aos personagens principais. Em seguida, explicaremos o motivo pelo qual os palavrões são essenciais à obra e abordaremos como as características visuais de Kick-Ass foram traduzidas. Após, explicaremos na metodologia os procedimentos utilizados para obtenção de dados para analisarmos o corpus. Na sequência, haverá dois tipos de análise nesse mesmo capítulo: a qualitativa, em que dissertaremos sobre as modalidades tradutórias praticadas em alguns exemplos de cada categoria de palavrão; e a quantitativa, em que explanamos sobre as modalidades tradutórias e o número de palavrão existentes em cada categoria por meio de gráficos.

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Por último, apresentaremos uma análise final sobre as modalidades tradutórias e o número de palavrão de todo o corpus e teceremos uma conclusão sobre a pesquisa feita por nós.

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1 HISTÓRIA EM QUADRINHOS

Como observa Scott McCloud em seu livro Desvendando os quadrinhos, as pessoas têm a necessidade de comunicarem-se uns com os outros, formando ligações entre si. Para isso, utilizam formas de arte e expressão das mais variadas, que são um modo de suprir “nossa incapacidade de comunicação mente a mente” (2005, p. 194). Uma dessas formas de arte que servem como ponte entre as mentes humanas é a história em quadrinhos. Segundo o autor, essa mídia visual moderna chamada de história em quadrinhos é fruto da combinação de ícones pictóricos e não-pictóricos que, complementando-se, reproduzem uma narrativa (ibid., p. 28). Os ícones pictóricos são as imagens presentes no quadrinho. Eles possuem significado fluido e variável, mudando conforme sua aparência, pois têm como objetivo imitar a realidade de maneiras diferentes (ibidem). Isso pode ser comprovado quando, por exemplo, há dois homens desenhados da mesma maneira, porém um possui cabelo mal cuidado e barba longa e o outro, cabelo curto bem arrumado e barba feita. Por mais que ambos representem a mesma coisa – um humano do sexo masculino –, suas características trazem significados diferentes: o primeiro pode passar a ideia de alguém desleixado, enquanto o segundo, alguém asseado. Essa mutação de aparência pode ser feita através de técnicas como traços, cores, etc., o que resulta em desenhos mais realistas ou mais cartunescos (ibid., p. 28-29). Essa diferença de significados dos ícones pictóricos, que leva o leitor a inferir a personalidade dos personagens por meio de características desenhadas, ocorre graças a uma técnica aplicada com frequência nos quadrinhos: a experiência visual comum entre criador e público. As imagens presentes nas histórias em quadrinhos são normalmente imitações de elementos reconhecíveis ao leitor, fazendo com que ele, assim, tenha uma opinião divergente sobre os dois personagens citados no exemplo acima (EISNER, 1999, p. 7-8). Já os ícones não-pictóricos são o que chamamos de ‘palavras’. Ao contrário das imagens, possuem significado fixo e absoluto, que não muda conforme sua aparência, pois são representações gráficas de ideias invisíveis (MCCLOUD, 2005, p. 28). Isso pode ser visto com uma mudança de fonte nas letras. Por exemplo, a letra ‘H’ pode estar escrita em um balão com uma fonte quadrada e grossa e em outro com

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uma fonte fina e arredondada. Por mais que haja uma diferença visual, ambas continuam significando a mesma coisa – ‘H’. Além disso, as palavras não tentam imitar algo existente fisicamente, sendo então ícones totalmente abstratos, criados pelo ser humano (MCCLOUD, 2005, p. 28). Porém, algumas vezes, dependendo da combinação feita entre o estilo gráfico aplicado nas palavras – fonte, cores, texturas – e o contexto onde estão inseridas, elas podem passar mais do que o sentido linguístico que estão tentando expressar (ZANETTIN, 2008, p. 13). Desse modo, as palavras transformam-se em um tipo de ‘extensão’ dos desenhos (EISNER, 1985, p. 10 apud ibid). Sendo assim, como afirma Will Eisner, a história em quadrinhos é uma mídia híbrida feita de ilustração e prosa. Ela possui uma imposição mútua da linguagem da arte e da literatura, fazendo com que o leitor “exerça as suas habilidades interpretativas visuais e verbais” (1999, p. 8). Além dos elementos pelo qual são compostos, os quadrinhos são uma forma de arte única devido a sua narrativa. Eisner define o estilo de narrativa que se desenrola nessa arte, chamando-o de arte sequencial (MCCLOUD, 2005, p. 5). Mas o que é essa arte sequencial? E como ela se diferencia das variadas narrativas utilizadas em outras mídias, como o cinema? Como citado anteriormente, as imagens da história em quadrinhos são parte de seu ‘vocabulário’ (ibid., p. 47). Eisner afirma que, ao contrário de outras mídias como o cinema – na qual a emoção é fluida por estar em constante movimento –, os quadrinhos possuem uma desvantagem: seu espaço físico estático, limitado e justaposto, onde a fluidez não é tão aparente e o movimento, por exemplo, só pode ser simulado (1999, p. 24). Mas é exatamente por essa dificuldade que a arte sequencial é empregada. De acordo com seu criador, a arte sequencial é a técnica de selecionar momentos pontuais de uma história, desenhá-los individualmente em quadros, e então dispô-los em sequência de tal forma que o leitor consiga imaginar os eventos que não estão aparecendo visualmente, entendendo assim a narrativa. Podemos ter como exemplo uma cena de ação, em que uma garota é perseguida em um parque por um homem com uma faca. Em um quadro, a personagem é mostrada olhando para trás, vendo seu perseguidor seguindo-a com a arma branca. No próximo quadro, a ilustração mostra o pé da mesma batendo em uma raiz de árvore no chão. No quadro seguinte, vemos a garota deitada no chão. O

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leitor não viu a personagem cair de fato, porém, como conhece esse tipo de situação e as imagens desenhadas formam uma sequência lógica, o consumidor do quadrinho consegue preencher os acontecimentos entre os quadros, formando assim uma narrativa satisfatória (EISNER, 1999, pp. 13-39). Para que transmita a história com eficácia, Eisner diz que a arte sequencial “depende da facilidade com que o leitor reconhece o significado e o impacto emocional da imagem [...] portanto, a competência da representação e a universalidade da forma escolhida são cruciais” (ibid., p. 14). Logo, se as histórias em quadrinhos são feitas pela técnica da arte sequencial – que é fundamentada na continuidade que os quadros justapostos de desenhos manifestam para contar uma história –, infere-se que um desenho que conta um evento por meio de um único quadro não seja caracterizado como uma história em quadrinhos. McCloud discorre sobre o assunto, afirmando que esse tipo de desenho pode ser considerado uma ‘arte em quadrinhos’, pois seu vocabulário assemelha-se muito às sequências visuais presentes nos quadrinhos. Entretanto, por não apresentarem sequência alguma, eles estão para os quadrinhos como a fotografia está para um filme no cinema (2005, p. 20-21). Mesmo sendo uma mídia complexa, cheia de técnicas e elementos únicos, a história em quadrinhos vem sendo mal interpretada e julgada desde sua popularização. Segundo McCloud, para a maioria das pessoas, esse meio de comunicação constitui “material de consumo infantil, com desenhos ruins, barato e descartável” (ibid., p. 3, grifos do autor). Eisner complementa relatando que isso ocorre porque, como as histórias veiculadas nos quadrinhos são mais fáceis de serem assimiladas – devido às imagens que auxiliam na construção da narrativa –, essa arte sempre foi associada às crianças, pessoas de menor nível social e pessoas de capacidade intelectual restrita (2005, p. 7). O autor vai mais além, afirmando que é exatamente pela presença de desenhos nessa mídia que os quadrinhos não são considerados como algo maduro e ainda há relutância em sua aceitação entre outros meios de comunicação (ibid., p. 20). Ademais, durante décadas, boa parte dos quadrinhos populares foi concebida de forma muito cartunesca e com temas ‘rasos’ e ‘levianos’ – além de serem associados aos públicos citados acima. Vários criadores desse tipo de conteúdo ainda hoje seguem essa linha de pensamento, produzindo apenas “entretenimento descartável e violência gratuita” (ibid., p. 7). Eisner atesta que, à medida que o tempo

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passa e esse meio de comunicação amadurece, sua tendência é expandir e buscar recognição como uma mídia legítima (2005, p. 5-6). Uma das maneiras de as histórias em quadrinhos perderem todo seu estigma é abranger vários tipos de formatos e narrativas. Quanto maior for o significado de quadrinhos para as pessoas, melhor para essa arte. Para McCloud, a definição ideal de quadrinhos consiste em: Histórias em quadrinhos s. pl., usado com um verbo. 1. Imagens pictóricas e outras justapostas em seqüência deliberada destinadas a transmitir informações e/ou a produzir uma resposta no espectador” (2005, p. 9).

De acordo com o autor, esse conceito não diz nada sobre a idade do leitor ou seu intelecto; ela também não menciona gêneros, como comédia ou ação de superheróis. Além disso, não delimita o tipo de formato dessa mídia, nem a tinta e o papel usados para tal (ibid., p. 22). Por fim, o estudioso de histórias em quadrinhos conclui que essa mídia ainda tem muito futuro pela frente, e acrescenta que a “nossa tentativa de definir os quadrinhos é um processo contínuo que não terminará logo” (ibid., p. 23).

1.1 HISTÓRIA DOS QUADRINHOS

Assim como tudo que cerca as histórias em quadrinhos, suas origens não são muito precisas. Scott McCloud, cartunista e pesquisador sobre quadrinhos, admite que é muito complicado saber “onde ou quando as histórias em quadrinhos começaram” (2005, p. 15, grifos do autor). Porém, ele argumenta que é possível traçar os primórdios dessa arte, indo mais além do que a virada do século XX (ibid, p. 9). Na antiguidade, as civilizações gravavam desenhos e letras – como os hieróglifos – em superfícies variadas, como tapeçarias, paredes, jarros e pergaminhos. Esses elementos eram dispostos em sequência, formando uma narrativa com o propósito de registrar eventos, propagar conhecimentos e reforçar ideias (EISNER, 1999, p. 138). Como visto anteriormente, a arte sequencial – desenhos justapostos colocados em sequência que, juntos, formam uma narrativa – é o estilo de narrativa que

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caracteriza as histórias em quadrinhos. Levando em consideração essa definição, podemos afirmar que as artes sequenciais antigas são as primícias da história em quadrinhos, pois contam uma história por meio dos desenhos grafados em superfícies diversas (MCCLOUD, 2005, p. 20). Alguns exemplos são as cenas pintadas em paredes de tumbas egípcias e episódios tecidos em alguns tipos de tapeçarias de outrora (ibid., pp. 1-12). Mesmo não havendo uma conclusão certa sobre seu surgimento, as histórias em quadrinhos dividem um momento crucial em sua história com qualquer outra mídia escrita e desenhada: a invenção da imprensa. Com esse invento, grande parte das formas de arte que antes podia ser apreciada apenas pelos ricos e intelectuais passou a ser consumida por toda a população. E, com a imprensa, veio o tipo de quadrinhos que conhecemos hoje (ibid., pp. 15-16). A concepção das histórias em quadrinhos que conhecemos atualmente começou a se formar em 1833 com Rodolphe Töpffer, um artista gráfico suíço que pode ser considerado o ‘pai dos quadrinhos’ com sua utilização de imagens caricaturadas posicionadas em quadros para contar suas histórias satíricas. Ele foi o primeiro na Europa a combinar interdependentemente palavras e figuras em suas narrativas (ibid., p.17). Infelizmente, mesmo com sua contribuição significativa aos quadrinhos por meio de seus desenhos satíricos, Töpffer não enxergou todo o potencial dessa arte e acabou não se dedicando a ela. Porém, isso não muda o fato de que esse artista foi um dos primeiros a aplicar na prática a linguagem própria das histórias em quadrinhos (ibid., p. 17). O modelo mais recente das histórias em quadrinhos começou a moldar-se, porém não foi muito explorado. Apenas alguns anos antes da virada do século XX é que essa mídia realmente passou a tomar sua forma atual. No dia 5 de maio de 1895, o artista Richard Fenton Outcault publicou no jornal nova-iorquino World uma tirinha de comédia intitulada At the Circus in Hogan’s Alley. Nessa tirinha apareceu um menino que não tinha nome – por não ser o principal –, mas que iria alavancar as histórias em quadrinhos como meio de comunicação e entretenimento. Após essa aparição inicial, o garoto caiu no gosto das pessoas com seu jeito atrapalhado e passou a aparecer com mais frequência em outras tiras de Outcault. O personagem foi ganhando cada vez mais popularidade e passando por várias mudanças até que, em 5 de janeiro de 1896, chegou à sua forma mais icônica

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– um garoto cabeçudo, careca e com um camisolão amarelo, sendo assim apelidado pelo público de The Yellow Kid (MOYA, 1986, p. 23). Com a fama, esse menino tornou-se o primeiro personagem semanalmente fixo de quadrinhos para jornal (MOYA, 1986, p. 23). Seguindo sua popularização, todos os jornais da época começaram a publicar inicialmente quadrinhos dominicais coloridos em formato tabloide, passando posteriormente para as tirinhas diárias em preto e branco em 1907. Em 1933, os quadrinhos ganharam uma modernização com o surgimento dos comic books em tamanho meio-tabloide, agora com histórias inteiras (ibid., p. 152-153). Desde a primeira vez que as histórias em quadrinhos surgiram em forma de tirinhas em jornais diários na década de 30, essa arte ganhou um público relativamente amplo, desde pais de família que liam o jornal de manhã a, principalmente, os jovens da época (EISNER, 1999, p. 7). Naqueles anos também houve a primeira aparição de narrativas em quadrinhos contínuas. Isso foi possível porque nos anos 30 a imprensa diária predominava como leitura popular, e estava sempre presente nas casas de família. Como naquele tempo a competição entre os jornais era ávida, os quadrinhos serializados até mesmo ajudavam a fidelizar os leitores a certo tabloide diário (EISNER, 2005, p. 129). Junto das histórias em quadrinhos serializadas, também houve a ascensão do gênero de aventura. Todas essas mudanças nas histórias em quadrinhos deixaram a década de 30 conhecida como a ‘Era Dourada’ dessa mídia (MOYA, 1986, p. 76). Em 1934, começaram a ser publicadas as primeiras revistas em quadrinhos que, em seu período inicial, eram normalmente um compilado de várias histórias curtas (EISNER, 1999, p. 7). Mais à frente, em meados de 1946 – após a Segunda Guerra Mundial –, os quadrinhos foram diversificando-se, abrangendo mais tipos de publicações. Além disso, naquele tempo, cada país começou a desenvolver seu próprio estilo de revistas em quadrinhos e técnicas de narrativa. Os artistas da época focaram em histórias, ícones e estilos de quadrinhos que refletissem a cultura e o público de seus respectivos países. Assim, o mercado internacional de quadrinhos foi ampliando-se de diversas maneiras, principalmente em lugares como os Estados Unidos, a França, a Itália e o Japão, entre outros (EISNER, 2005, p. 78). Já na segunda metade do século XX, houve um crescimento no uso de figuras nos meios de comunicação e na literatura. Isso ocorreu porque se percebeu que a leitura visual auxiliava as pessoas a terem um entendimento melhor e mais rápido de

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textos corridos. Os efeitos desse crescimento manifestam-se até hoje, visto que a leitura de imagens é uma das habilidades obrigatórias da comunicação atual. Por ser uma mídia híbrida entre imagem e texto, os quadrinhos beneficiaram-se muito desse progresso, estando bem no centro desse fenômeno (EISNER, 2005, p. 7). Seguindo esse evento, entre 1965 e 1990 as histórias em quadrinhos passaram a empregar em suas narrativas um conteúdo considerado mais literário e trabalhado, abrangendo vários gêneros ainda não muito explorados na época. Isso começou graças à iniciativa de artistas underground de quadrinhos e escritores de livros que criaram um tipo de distribuição direta de seus produtos. Logo depois, devido a esse movimento feito pelos criadores de conteúdos narrativos, surgiram as lojas especializadas em quadrinhos, que facilitaram o acesso e deram destaque a essa mídia. De acordo com Eisner, isso foi “o começo do amadurecimento do meio” (ibid., p. 8). Ao longo de sua trajetória até os dias de hoje, a história em quadrinho cresceu como meio de comunicação e foi estabelecendo-se aos poucos. Começou nos jornais diários e semanais, até ganhar seu espaço próprio em revistas compiladas das tiras pré-publicadas nos jornais. Depois, surgiram revistas com histórias completas e originais publicadas para, então, chegar à sua fase mais moderna – a graphic novel. Esse novo modelo de revista em quadrinhos, criada nos últimos 20 anos, trouxe uma sofisticação literária maior para o ramo, apresentando temas considerados ‘dignos’ apenas para mídias mais ‘sérias’, como a literatura, o cinema e o teatro. Esses temas iam de autobiografias, aos dramas históricos e protestos sociais. Com essa inovação, novos escritores e desenhistas foram atraídos para a produção de conteúdo híbrido que os quadrinhos oferecem, elevando assim o padrão de qualidade dessa arte e expandindo seu mercado (ibid., p. 7-8). As graphic novels com seus ‘temas adultos’ conquistaram um público variado e a idade média dos leitores aumentou. Isso ocorreu porque, com a nova diversidade de gêneros, o mundo dos quadrinhos conseguiu quebrar um pouco a barreira do preconceito da sociedade e atrair pessoas que antes não consumiam esse tipo de conteúdo considerado, erroneamente, ‘coisa de criança’. Porém, por mais que a situação tenha melhorado para essa arte, os quadrinhos ainda lutam para serem aceitos como uma mídia produtora de conteúdo rico e abrangente, já que por muitos ainda são vistos como “um veículo literário problemático” (ibid., p. 7).

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McCloud discorre sobre o preconceito que certas mídias enfrentam e afirma que é algo natural, visto que “desde a invenção da palavra escrita, as novas mídias são mal compreendidas” (2005, p. 151, grifos do autor). O autor diz ainda que é apenas uma questão de tempo para que as histórias em quadrinhos consigam ficar lado a lado com o cinema e o teatro, pois a combinação de palavras e figuras possui um enorme potencial como narrativa se explorada completamente (MCCLOUD, 2005, p. 152). Além disso, atualmente, o mercado está propício para essa arte, uma vez que, com a globalização e a distribuição internacional de conteúdo, o trabalho em quadrinhos pode ser lido e apreciado por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo (EISNER, 2005, p. 23). Não é possível dizer exatamente até onde as histórias em quadrinhos podem ir. Porém, as inovações e mudanças que essa mídia obteve nos últimos anos – maior abrangência de temas e gêneros, melhor qualidade de artistas e escritores, distribuição internacional facilitada – são prova de seu potencial (ibid., p. 8).

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2 TRADUÇÃO AUDIOVISUAL

O principal objetivo da tradução audiovisual é fazer com que pessoas fluentes em certo idioma possam ter acesso a materiais audiovisuais de outros idiomas desconhecidos a elas (MIDJORD, 2013, p. 8). Assim, esse tipo de tradução passou a ter um papel importante na vida das pessoas, visto que o consumo de material audiovisual estrangeiro aumentou muito com a globalização. É possível observar esse fato no Brasil, em que a maior parte dos filmes e séries assistida pela população é norte-americana. Para ter acesso a esse material, o brasileiro comum – que não é fluente em inglês – precisa de uma ponte linguística para compreender a obra; no caso, essa ponte é a tradução audiovisual. Vários trabalhos acadêmicos contemplam-na apenas como legendagem e dublagem – e, ocasionalmente, abarcam outros métodos, muitas vezes de forma difusa em relação à definição e nomenclatura dos mesmos. Logo, neste trabalho abordaremos apenas as traduções audiovisuais mais conhecidas 1. As duas vertentes mais populares desse tipo de tradução são, de fato, a legendagem e a dublagem, duas técnicas muito aplicadas a filmes, séries, documentários, programas de televisão e outros tipos de mídia envolvendo sons e imagens. A primeira consiste em manter os sons da obra original e passar a tradução por meio de textos escritos na tela, conhecidos como subtítulos (CITAS, ANDERMAN, 2009, p. 4-5). Uma característica importante da legendagem é o fato de que o texto muitas vezes tem de ser condensado para passar a ideia do original por conta do tempo e do limite de espaço. De modo simplista, pode-se dizer que o subtítulo precisa estar na tela durante a fala do personagem – nem antes nem depois – sem prolongarse por mais de 6 segundos, e não pode ocupar em duas linhas um espaço maior do que 70 caracteres, aproximadamente (GOTTLIEB, 2008, p. 208-210 apud MIDJORD, 2013, p. 11-12). Isso faz com que o espectador possa aproveitar a mídia sem grandes poluições visuais e sem confusões por causa de legendas adiantadas ou atrasadas. A segunda consiste em substituir as vozes da obra original por outras do idioma do país que consumirá a mídia. Levando em consideração que a dublagem tem como 1

Para maiores informações acerca dos diferentes tipos de tradução audiovisual, cf. Bartolomé e Cabrera, 2005.

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propósito fazer o espectador ter a mesma sensação de assistir à obra original, como se os atores falassem a língua daquele país, a sincronização da fala sobreposta com os movimentos labiais dos personagens precisa ser a maior possível. O lip-sync e o tempo das falas influenciam diretamente na tradução do conteúdo. Outro detalhe importante é que as vozes precisam combinar com o personagem (GOTTLIEB, 2008, p. 216-217 apud MIDJORD, 2013, p. 13) – então, se é uma garota delicada, o dublador precisa ser uma garota ou mulher que module a voz para passar ideia de delicadeza. A dublagem está dentro de uma categoria da tradução audiovisual chamada revoicing, em que a tradução é feita por meio de sons – tanto vozes sobrepostas quanto intercaladas aos sons originais. A categoria revoicing abrange métodos vários, dentre eles voice-over, surtitling e interpretação. O voice-over mantém as vozes do original, porém em um volume baixo, e sobrepõe a elas as vozes do outro idioma. A tradução começa a ser enunciada dois segundos depois do original, e normalmente as duas vozes – a do idioma original e a do traduzido – terminam a fala ao mesmo tempo. Esse método é muito empregado em mídias como documentários e entrevistas (BARTOLOMÉ; CABRERA, 2005, p. 95). O surtitling assemelha-se à legendagem, entretanto, é passado de forma ininterrupta em uma só linha, sem precisar adequar-se ao tempo da fala dos personagens. Esse método é muito usado em óperas e peças de teatro. Os surtitlings podem ser disponibilizados abaixo do palco ou na parte de trás dos assentos, para que os espectadores possam ler o conteúdo com maior facilidade (ibidem). A interpretação, quando empregada em mídias audiovisuais, é realizada ao mesmo tempo em que as falas originais são pronunciadas. Como a mídia é transmitida ao vivo, o tradutor não consegue basear-se em roteiros pré-estabelecidos. Assim como no voice-over, os sons originais são mantidos em um volume baixo, enquanto a tradução é sobreposta a eles – e não há a necessidade de lip-sync. Esse método geralmente é usado em entrevistas e notícias de televisão (ibidem). Duas vertentes da tradução audiovisual sobre a qual poucos comentam e pesquisam são as direcionadas aos deficientes sensoriais, cujo acesso a obras audiovisuais é limitado. Essas vertentes não necessariamente traduzem conteúdo de um idioma para outro, mas principalmente de uma linguagem para outra – a título de exemplo, uma fala sendo transcrita. A primeira é a legendagem voltada aos deficientes auditivos, mais conhecida como closed captioning. Nela, a fala dos personagens é transcrita e apresentada na

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tela em até três ou quatro linhas (CINTAS; ANDERMAN, 2009, p. 5). Pelo menos nos casos das novelas brasileiras, os closed captions de canais televisivos como a rede Globo apresentam o nome dos personagens antes das falas. Outros aspectos inseridos para melhor contextualização do espectador são barulhos externos, como risadas, aplausos, batidas na porta (ibidem). A segunda é a audiodescrição, voltada aos deficientes visuais. Ela é uma narrativa encaixada entre as falas dos personagens e descreve ações, linguagem corporal, expressões faciais e outras características visuais que aparecem na tela ou nos palcos e ajudam o espectador a entender melhor o contexto da obra (ibid., p. 6). De acordo com Cintas e Anderman (ibid., p.4-5), a escolha do método tradutório usado nos materiais audiovisuais depende de alguns fatores, como hábito, gênero, formato de distribuição e perfil do público-alvo. Ainda assim, há certos materiais que aceitam vários métodos – por exemplo, um filme que é lançado em outro país tanto dublado quanto legendado ou um programa que tem closed captions e audiodescrição. Uma vertente que diverge das outras mencionadas acima é a tradução de histórias em quadrinhos. De acordo com o dicionário online Aulete (2015), uma das acepções da palavra ‘audiovisual’ refere-se a um meio de comunicação constituído por som e imagem. Assim, há teóricos que não consideram a tradução de quadrinhos como parte da tradução audiovisual. Eisner (1999, p. 122) afirma que, em uma obra escrita, o leitor precisa imaginar a cena. Já em uma imagem, ele não precisa usar a imaginação para criar tal cena, visto que o desenho não permite interpretações muito distantes do que os traços mostram. Quando há a junção de imagem e texto, como nas histórias em quadrinho, o elemento escrito deixa de ser puramente descritivo para tornar-se som representado – seja um ruído, como o tiquetaquear de um relógio ou o barulho de batida entre dois carros, ou vozes de personagens em um diálogo, pensamento ou balão de narrador. Isso seria possível graças ao ‘ouvido interno’ do leitor, que interpreta o texto aliado à imagem como som. Por esse motivo, em algumas obras, há palavras destacadas – por uso de negrito, letras maiúsculas etc. – para mostrar ao leitor qual entonação dar ao ‘som’ produzido em sua cabeça. Sem essa habilidade de interpretar corretamente o som pretendido pelo texto, as intenções originais do autor do quadrinho perdem-se (ibid., p. 124-125).

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Um detalhe interessante é a semelhança entre as histórias em quadrinhos e os storyboards. Segundo Eisner (1999, p. 143), estes são “cenas ‘imóveis’ para filmes, pré-planejadas e dispostas em quadros pintados ou desenhados”. Diferente dos quadrinhos, eles não têm balões indicando fala, mas apresentam a fala em uma parte abaixo do quadro para rápida visualização. Os storyboards não têm como objetivo serem lidos por um público externo, apenas pelos envolvidos na produção de um filme. Ainda assim, contam através de imagens sequenciadas a história da obra, de modo que o telespectador possa entender o que está acontecendo naquela cena somente com o auxílio de imagens e sons representados – no caso dos quadrinhos, imagens estáticas transmitindo a ideia de movimento e sons que são passados de forma escrita. Desse modo, admitiremos nesta monografia a tradução de histórias em quadrinho como uma vertente da tradução audiovisual.

2.1 TRADUÇÃO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Como visto no capítulo anterior, as histórias em quadrinho diferenciam-se de outras mídias por conta de sua interconectividade entre imagens e textos. Por conta disso, ainda que a tradução de quadrinhos altere “apenas o signo linguístico, influi diretamente sobre a composição da página e, por conseguinte, altera as relações de articulação que constituem palavras e sentido da HQ” (ASSIS, 2015, p. 7). Assim como as outras vertentes da tradução audiovisual, a tradução de quadrinhos tem restrições. Apesar de não ter a limitação de tempo, que fica a cargo do leitor, e de sincronia labial, que é inexistente por tratar-se de imagens estáticas, esse tipo de tradução ainda é limitado pelo espaçamento, seja de balões ou de inscrições do cenário (ZANETTIN, 2008, p. 21). Segundo Zanettin (ibid., p. 8), a forma como o quadrinho será traduzido depende de fatores como mudança de público-alvo, gênero e/ou formato de publicação. O autor também diz que a editora pode alterar sua estratégia tradutória caso haja mudança no modo de distribuição; por exemplo, se o original foi publicado em uma revista e a tradução será publicada em um jornal, há alteração no tamanho

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da folha, no tipo de papel, na veiculação da mídia etc. Esses fatores fazem com que a tradução da obra seja executada de forma a pensar em um melhor resultado final. De acordo com Zanettin (2008, p. 12 apud ASSIS, 2015, p. 7), a tradução de quadrinhos não é feita somente visando à troca de um idioma por outro – por exemplo, inglês para português –, mas principalmente à troca de elementos relacionados a outra cultura. Isso ocorre porque o idioma é apenas uma de várias linguagens presentes nessa mídia, e, dependendo da cultura na qual a tradução é publicada, outras linguagens precisam ser traduzidas além do idioma para melhor entendimento do leitor (ZANETTIN, 2008, p. 12). Segundo Assis (2015, p. 6-7), existe uma tendência na tradução de quadrinhos em traduzir apenas elementos verbais – tais como onomatopeias e textos dentro de balões e elementos do cenário –, mantendo os elementos visuais inalterados. Essa inalterabilidade das imagens dá-se por conta de motivos culturais, artísticos e econômicos. Os leitores têm a percepção de que as imagens nos quadrinhos seriam um “contato direto com as intenções do autor original” (ROTA, 2008 apud ibid., p. 8-9). Assim, alterar os elementos visuais seria um ato de desrespeito em relação ao leitor, pois seria uma ‘interferência’ entre o autor e o público. Segundo Rota (2008, p. 84 apud ibid., p. 8-9), um exemplo seriam os mangás, que, ao serem publicados no ocidente, mantêm a ordem de leitura oriental – da direita para a esquerda – para não ferir o original e muito menos o leitor da tradução. Além disso, alterar os elementos visuais dos quadrinhos acarreta em mais tempo trabalhando no projeto, e muitas vezes na contratação de outro profissional para realizar tais mudanças, fazendo com que o custo de produção aumente. Entretanto, há momentos em que a alteração de elementos visuais é vista como necessária pela editora. Yuste Frías (2011, p. 263-269 apud ibid., p. 11) cita o caso de uma cena do quadrinho Astérix em Hispanie em que um dos personagens, com o punho fechado, levanta o polegar direito. Geralmente, esse gesto está associado a algo positivo, como aprovação ou êxito. Contudo, há países na África, no Oriente Médio e na América do Sul que consideram esse gesto como sendo equivalente ao ‘dedo do meio’ erguido. Assim, seria melhor haver alteração da imagem para que os leitores não interpretassem aquele elemento visual de maneira errônea. Antigamente, o processo de preenchimento de balões em relação à parte escrita era feito à mão – o letrista do país da tradução tinha que raspar os elementos textuais e escrever manualmente a tradução antes que a obra fosse impressa para

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venda (ZANETTIN, 2008, p. 21). Hoje em dia, a maior parte das editoras aplica digitalmente os elementos linguísticos, o que faz com que eles possam ser alterados, apagados ou transferidos sem dano aos elementos visuais (ASSIS, 2015, p. 9). Conforme Assis, em entrevista2, é um costume a tradução de quadrinhos ser realizada tanto por um tradutor quanto por um letrista, também conhecido como letreirista. Enquanto o primeiro traduz as partes verbais, o segundo aplica essa tradução ao original. No caso da editora brasileira Panini, que publica grande volume de quadrinhos traduzidos, a tradução é dividida entre as etapas do tradutor propriamente dito e do letreirista (além de revisor e editor). A editora estabelece um padrão de entrega da tradução que consiste em numerar as ocorrências de material linguístico de uma página segundo sua ordem de leitura.

Dado que as etapas seguintes à tradução ficam a cargo do editor e do letrista, é muito provável que a tradução não fique ‘intacta’, mas sofra alterações – como o uso de sinônimos para aumentar ou diminuir o número de caracteres. Isso ocorre a fim de adequar os elementos verbais traduzidos aos elementos visuais. Assim, muitas vezes o tradutor não consegue visualizar o resultado final da obra traduzida (ibidem), a exemplo do que ocorre em dublagem em virtude da interferência final dos atores dubladores e do próprio diretor de dublagem. Como já exposto, os elementos verbais dos quadrinhos muitas vezes são a ‘extensão’ dos elementos visuais, por conta da cor, textura ou tipografia aplicadas a eles. O profissional responsável por manter essa expressividade visual das palavras é o letrista. Enquanto o tradutor lida com a primeira parte da tradução, o letrista adéqua esse material traduzido à página do quadrinho, considerando aspectos como tipografia e mancha gráfica para que a obra traduzida passe a mesma sensação do original. Desse modo, é possível considerar o letrista como sendo um cotradutor de quadrinhos.

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Entendemos e concordamos com a necessidade de se submeter a entrevista ao Comitê de Ética da UniSantos; entretanto, não houve tempo hábil para cumprir a referida exigência, posto que a oportunidade de pesquisa de campo apresentou-se durante o processo de pesquisa. Decidimos mantêla devido ao seu papel central na construção do presente trabalho.

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3 PALAVRÕES

Neste capítulo, abordaremos a definição de palavrões, suas categorias e o motivo pelo qual eles foram inseridos no quadrinho Kick-Ass. Para a parte teórica, apoiamo-nos nos trabalhos de Margit Siri Midjord, estudiosa da área de tradução e interpretação e mestra em Comunicação Empresarial Internacional com ênfase em tradução e interpretação pela Aarhus University, e Dino Preti, doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela USP e pioneiro dos estudos sobre Oralidade e Análise da Conversação. É preciso levar em conta que o estudo de palavrões é delicado e complexo, até mesmo para os especialistas da área – que afirmam ser muito difícil definir um palavrão, e apenas alguns tentam apresentar uma definição coerente a respeito. Desse modo, o número de estudos sobre o tema é deveras limitado (RATHJE, 2010, p. 133 apud MIDJORD, 2013, p. 20-21). Para este trabalho, usaremos as expressões vocabulário chulo e vocabulário vulgar para referirmo-nos a palavrão.

3.1 DEFINIÇÃO

Existem palavras que possuem uma característica marcadamente vulgar ou chula, que muitas vezes são vistas como palavrões. Todavia, seria realmente certo chamá-las de palavrões? Na realidade, esse tipo de palavra sozinha seria considerado uma palavra tabu. Ela é associada a certos temas do dia a dia, como ir ao banheiro ou ter relações sexuais. Por serem encarados de forma sensível pela sociedade, esses temas normalmente deveriam ser abordados em momentos apropriados e utilizando-se palavras adequadas. Levando em consideração que cada cultura possui tabus diferentes uns dos outros, o que pode ser considerado ofensivo em um lugar talvez não o seja em outro. Assim, as palavras tabu variam dependendo do lugar (ANDERSSON; TRUDGILL, 1990, p. 56-57 apud ibid., p. 22).

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Rathje (2010, p. 133 apud ibidem, tradução nossa) apresenta seis temas que são encarados como tabu no Ocidente:

1. partes do corpo humano e suas secreções 2. órgãos e atos sexuais 3. doenças, morte e deficiências mentais e físicas 4. religião e nomes de pessoas, objetos e lugares sagrados 5. preparação e consumo de comida 6. prostituição, drogas e atividades criminosas 3

Conforme Midjord (2013, p. 33), as palavras tabu em si não são ofensivas – porém, são consideradas como tal por serem ligadas aos temas acima. Se elas têm o conceito que normalmente atribuímos a palavrões, então, qual seria a definição de palavrão? Palavrões são palavras tabu usadas com um objetivo específico, que pode ser: externar um sentimento, insultar algo ou alguém, amaldiçoar algo ou alguém, intensificar uma palavra ou frase, entre outros. Discorreremos melhor sobre o assunto na seção 3.1.1. De acordo com Ashley Montagu, antropólogo e estudioso da área de palavrões, “usar palavrões [...] restaura o equilíbrio psicofísico normal de um indivíduo”4, visto que ele é uma forma de aliviar sensações ruins (1967, p. 72 apud ibid., p. 32, tradução nossa). Uma das características que diferem uma palavra tabu de um palavrão é que nem toda palavra tabu é um palavrão, enquanto que o inverso é verdadeiro. Isso ocorre, pois, quando usada em sentido literal, a primeira não pertence à mesma categoria da segunda, de acordo com Midjord (ibid., p. 21-22). O melhor critério de origem e uso do vocabulário chulo para Preti (1983, pp. 6266) é a situação em que ele é empregado. Um quesito importante a ser levado em consideração é a cultura e a época em que ele está inserido. Dependendo desses dois fatores, um palavrão corrente pode cair em desuso com o passar dos anos e das gerações. “Bodies and their effluvia The organs and acts of sex Diseases, death and killing, physical and mental handicap Religion and church, naming and addressing sacred persons, beings, objects and places Food gathering, preparation and consumption Prostitution, narcotics and criminal activity” 3

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“[...] swearing [...] restores the normal psychophysical equilibrium of the individual”

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O autor diz ainda que o vocabulário vulgar, com o tempo, passou por vários processos ‘modificadores’: não só passou a servir como índice de coloquialismo, como também, em alguns casos, teve seu sentido original dissipado, obtendo outro significado, ainda injurioso, ou adquirindo teor afetivo. Além disso, o vocabulário chulo apresenta graus de maior ou menor ‘força’. Pode-se observar tal fenômeno com a expressão ‘seu idiota’ que, usada como xingamento, é considerada menos ofensiva do que ‘seu merda’, por exemplo. O palavrão está cada vez mais presente no contexto urbano do Brasil. Isso “estaria possivelmente ligado a duas causas: primeiro, os conflitos sociais, a violência, a insatisfação crescente, motivada pela crise econômica; segundo, a revolução sexual [...]” (PRETI, 1984, p. 29). Ele também cita o enfraquecimento dos tabus como parte da revolução sexual e a diminuição da importância do ensino religioso como algumas das causas. Há muitos preconceitos referentes ao vocabulário vulgar. Um dos mais comuns é que apenas as classes mais ‘baixas’ da sociedade utilizam-no. Entretanto, segundo Preti (1983, pp. 62-66), não é mais possível associar a criação e utilização do palavrão apenas às classes sociais mais ‘baixas’, visto que esse vocabulário já se expandiu para a sociedade como um todo.

3.1.1 Categorias

Midjord se inspirou nas teorias de Ljung e de Andersson e Trudgill para criar a categorização de palavrões presente em sua tese de mestrado Swearing in subtitles – A study of the use and translation of swear words in English and Danish based on the criticism of the English subtitles in the Danish crime series The Killing (Forbrydelsen), e, para outras partes teóricas, bebeu da fonte de Montagu, Hughes, Jay, Rathje, e Allan e Burridge. Desse modo, baseamo-nos em sua classificação para produzir a nossa própria, com pequenas alterações para que se adequasse ao corpus desta monografia. Como afirma Midjord (2013, pp. 27-28), os teóricos da área ainda não conseguiram entrar em um consenso sobre uma padronização das categorias de

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palavrões. Desse modo, existem várias classificações a respeito, visto que esse é um assunto muito complexo.

3.1.1.1 Palavrão exclamativo

Também nomeado em inglês swear word, o palavrão exclamativo é utilizado normalmente sem a intenção de insultar algo ou alguém. Por não ter um direcionamento, seu objetivo é apenas externar emoções fortes, tais como raiva, frustração, agressividade (RATHJE, 2010, p. 137, apud MIDJORD, 2013, p. 28). Essa categoria é associada a interjeições, como fuck, God, porra, caralho etc. Shit! I can’t believe this is happening! Merda! Não acredito que isso está acontecendo!

3.1.1.2 Palavrão-insulto

Também nomeado em inglês insult ou term of abuse, esse tipo de palavrão tem objetivo contrário ao anterior – ele pretende ofender algo ou alguém com palavras depreciativas. Segundo Allan e Burridge (2006, p. 79-83 apud ibid., p. 22-23), há várias categorizações de insulto, como os que comparam pessoas a animais (bitch, vaca) e os que são derivados de partes do corpo humano (dick, cuzão), entre outras. Nenhuma dessas divisões será abordada neste trabalho.

You are such an asshole! Você é tão babaca!

3.1.1.3 Palavrão-maldição

Também nomeada em inglês curse, essa categoria de palavrão é parecida com a anterior. Entretanto, em vez de ofender, quem usa um palavrão-maldição deseja mal a algo ou alguém, querendo que o outro fique machucado ou pior.

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Go to hell! Vá para o inferno!

3.1.1.4 Palavrão intensificador

Também nomeado em inglês emphasiser, o palavrão intensificador tem como objetivo intensificar ou enfatizar tanto elementos pequenos, como adjetivos, advérbios, substantivos, quanto elementos maiores, como expressões ou frases inteiras (LJUNG, 2011, p. 22-34 apud MIDJORD, 2013, p. 30). Em geral, ao utilizá-lo, a pessoa está manifestando seus sentimentos negativos. It’s been two goddamn months since he last called me. Já faz dois malditos meses desde a última vez que ele me ligou.

3.1.1.5 Eufemismo

Também nomeado em inglês euphemism, esse tipo de palavrão serve para amenizar palavrões mais fortes, porém tentando manter a mesma forma e o mesmo sentido do original. Conforme Ljung (2011, p. 11 apud ibid., p. 27), o eufemismo pode ser inventado – como Gee (Jesus) e Gosh (God) – ou reaproveitado de palavras já existentes, como darn (damn).

Darn it, dude. (Damn it, dude) Putz, meu. (Puta, meu)

3.1.1.6 Palavrão idiomático

Também nomeada em inglês idiomatic swearing, essa categoria tem palavrões nas mais variadas classes gramaticais, como adjetivos, verbos, substantivos. Outros tipos de palavrões poderiam entrar nesta categoria, porém, eles possuem um objetivo

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específico, diferente dos palavrões idiomáticos. Estes são outro modo de dizer certa expressão sem o intuito de ofender ou externar um sentimento negativo – o palavrão idiomático to fuck up, por exemplo, poderia ser substituído por to mess up sem grande perda de sentido, de acordo com Ljung (2011, p. 26-27 apud MIDJORD, 2013, p. 31).

I caught him jerking off yesterday. Eu o flagrei batendo uma ontem.

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4 MODALIDADES TRADUTÓRIAS

Para fazermos a análise do corpus estudado neste trabalho, selecionamos algumas modalidades tradutórias que pensamos ser as mais adequadas, levando-se em conta a tradução dos palavrões contidos no quadrinho Kick-Ass. Aplicaremos as modalidades tradutórias de Heloisa Barbosa, Eugene Nida e Mona Baker a fim de verificar se os palavrões foram trazidos para nossa cultura de forma satisfatória, visto que o intento da tradução é realizar um processo comunicativo entre o autor do texto e o leitor-alvo, por intermédio do tradutor (NIDA, 1964, p. 120144 apud BARBOSA, 2004, p. 33). Nesta monografia, utilizaremos a expressão segmento textual com o mesmo sentido de unidade de sentido, que abarca palavras, frases, orações etc. Além disso, todos os exemplos apresentados neste capítulo são de nossa autoria.

4.1 OS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DA TRADUÇÃO POR HELOISA BARBOSA

Heloisa Gonçalves Barbosa, professora na UFRJ e doutora na área dos estudos da tradução, escreveu o livro Procedimentos técnicos da tradução – Uma nova proposta para responder à pergunta-chave: ‘como traduzir?’ (BARBOSA, 2004, p. 63). Nele, a autora recategoriza procedimentos da tradução, baseando-se principalmente em Vinay e Darbelnet, cujo trabalho foi o precursor de modelos tradutórios. Além disso, inspirou-se em trabalhos de teóricos como Nida, Catford, Vázquez-Ayora e Newmark, os quais também utilizaram os estudos de Vinay e Darbelnet, porém abrangendo outros aspectos. Escolhemos aplicar os procedimentos segundo Barbosa em nossa análise, visto que seu trabalho é uma fusão das teorias dos estudiosos citados anteriormente, sendo assim o mais completo dos que pudemos encontrar, considerando-se a vertente desta monografia.

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4.1.1 Tradução palavra-por-palavra

A tradução palavra-por-palavra é o procedimento no qual certa unidade de sentido, seja ela uma palavra, frase ou oração, é traduzida literalmente ‘palavra por palavra’, mantendo a mesma categoria e ordem sintática do texto original.

Minha casa é azul. My house is blue.

4.1.2 Tradução literal

A tradução literal é um dos procedimentos mais disseminados da tradução. Ele é muito parecido com a tradução palavra-por-palavra, porém, a unidade de sentido traduzida é adequada às regras gramaticais da língua da tradução. Portanto, a ideia mantém-se a mesma, contudo, há perda ou acréscimo de palavras.

Não acho que eu deveria lhe contar isso. I do not think I should tell you this.

4.1.3 Transposição

A transposição segue a mesma linha dos anteriores, com a exceção de que há uma mudança de categoria gramatical em uma ou mais palavras do segmento original para o traduzido.

He looked apologetically at her. (advérbio) Ele fitou-a desculpando-se. (verbo reflexivo)

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4.1.4 Modulação

Na modulação, o segmento traduzido passa a mesma ideia do original, porém sob outra perspectiva. Muitas vezes, é necessário usar esse procedimento, já que existem expressões idiomáticas, fixas, que são consagradas pelo uso e, portanto, é aconselhável que não sejam alteradas.

It is easy to say that. Não é difícil falar aquilo.

4.1.5 Equivalência

A equivalência é normalmente escolhida quando não há uma forma literal de traduzir certa unidade de sentido; assim, o tradutor precisa encontrar um termo ou uma expressão que tenha sentido ‘equivalente’ na língua e/ou cultura para a qual o texto foi traduzido. Em geral, aplica-se a equivalência em expressões idiomáticas, ditos populares, expressões consagradas pelo uso etc.

To kill two birds with one stone. Matar dois coelhos com uma só cajadada.

4.1.6 Omissão vs. explicitação

A omissão é usada quando há segmentos de texto no original que são desnecessários ou repetitivos na tradução. Em português, é comum observar esse procedimento sendo empregado na questão dos pronomes pessoais, que podem estar implícitos no verbo. Já em inglês, a gramática exige tais pronomes, visto que os verbos não podem ser flexionados como na língua portuguesa. Levando isso em consideração, muitas vezes o tradutor brasileiro opta por retirar o pronome pessoal na hora de traduzir uma obra do inglês para o português, visando um texto menos maçante.

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Inversamente, temos o procedimento de explicitação, que evidencia um segmento não existente no original e que é necessário na tradução. Podemos citar aqui o caminho inverso da omissão, em que um pronome pessoal teria de ser explicitado caso um texto em português fosse passado para o inglês.

I like to play volleyball. Gosto de jogar vôlei.

4.1.7 Compensação

Na compensação, um recurso estilístico é deslocado no texto; ou seja, em vez de aparecer no mesmo trecho do texto original, o recurso aparece em outro trecho da tradução. Isso ocorre por conta da diferença cultural e linguística entre dois pares de língua. É possível que, no texto original em inglês, haja um trocadilho de palavras que não exista em português. Desse modo, o tradutor opta por ‘compensar’ a utilização do trocadilho no original em outro ponto do texto traduzido, para tentar manter essa característica da obra.

Who the hell are you talking to? Com quem que você ta falando, cacete?

4.1.8 Reconstrução de períodos

A reconstrução de períodos tem como objetivo redividir ou reorganizar na tradução períodos e orações do original. Quando um tradutor lida com dois pares de línguas, há momentos em que uma tem mais orações complexas do que a outra. Assim, ele precisa rearranjar os períodos e as orações para que o texto final tenha fluidez.

I went to the movies yesterday to see a drama. It was very inspirational. Ontem, fui ao cinema. Assisti a um filme de drama que foi muito inspirador.

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4.1.9 Melhorias

A melhoria é o procedimento no qual o tradutor corrige erros, sejam eles gramaticais, ortográficos, históricos, geográficos etc., que ocorreram no original. É imprescindível observar o contexto no qual o erro está inserido, pois ele pode ser proposital e, portanto, aconselha-se mantê-lo para resguardar o caráter da obra. It’s much hard to give an example. I don’t know what to right. [‘very’ em vez de ‘much’ – ‘write’ em vez de ‘right’]

É muito difícil dar um exemplo. Não sei o que escrever.

4.1.10 Transferência

A transferência insere uma expressão linguística do texto de origem para o traduzido. Podemos encontrar essa manifestação de várias formas, como veremos a seguir.

4.1.10.1 Estrangeirismo

O estrangeirismo, ou empréstimo, transfere para a tradução um vocábulo ou uma expressão linguística da língua original não existente na língua traduzida. Em geral, tais vocábulos ou expressões devem aparecer diferenciados por uma marcação gráfica, como aspas, itálico, negrito.

brownie

cupcake

4.1.10.2 Transliteração

A transliteração substitui uma convenção gráfica da língua original por outra existente na língua traduzida. Isso ocorre quando o par de línguas tem um alfabeto divergente, como no caso do cirílico e do romano.

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Açaí (original do Brasil) Acai (transliterado nos Estados Unidos)

4.1.10.3 Aclimatação

A aclimatação consiste em um empréstimo que é adaptado na língua traduzida, moldando-se à morfologia e à fonologia desta.

For all

Folklore

Forró

Folclore

4.1.10.4 Transliteração com explicação

A transliteração com explicação é usada quando o tradutor empresta um vocábulo ou expressão da língua original para a tradução e tem receio de que o leitor não entenderá perfeitamente seu significado. Assim, o profissional acresce uma explicação diluída no texto ou dentro de uma nota ou glossário.

The new ferryboat terminal will be ready next year. O novo terminal do Ferry Boat, tipo de embarcação usada em canais marítimos, ficará pronto ano que vem.

4.1.11 Explicação

A explicação retira os estrangeirismos e substitui os mesmos por suas respectivas explicações. Esse processo pode ocorrer na dublagem de filmes, cujo objetivo é deixar as informações as mais diretas possíveis, para que o espectador tenha uma compreensão instantânea do contexto.

The new ferryboat terminal will be ready next year. O novo terminal de embarcações marítimas ficará pronto ano que vem.

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4.1.12 Decalque

No decalque, verifica-se uma tradução literal de segmentos de texto do original, tão literais que seguem a mesma estrutura da língua original, sem ser adaptada às normas gramaticais da língua da tradução. Há dois tipos de decalque: o de tipos frasais (‘dispatch’, que virou ‘despachar’ em português) e o de tipos frasais ligados a nomes de instituições (normalmente seria ‘Clube de futebol Santos’, porém, seguindo o termo em inglês ‘football club’, ficou como ‘Santos Futebol Clube’).

4.1.13 Adaptação

A adaptação é o procedimento mais drástico da tradução. O tradutor adapta uma unidade de sentido do original quando não encontra outra unidade com significado igual ou similar na língua da tradução. Por vezes, isso ocorre porque dito vocábulo ou expressão não existe na realidade dos leitores da tradução. I would really like to go to some big event, like Macy’s Thanksgiving parade. Eu gostaria muito de ir a um evento grande, tipo o carnaval do Rio.

4.2 AS EQUIVALÊNCIAS DE EUGENE NIDA

Eugene Nida foi um linguista e teórico dos estudos da tradução, muito conhecido pelos seus trabalhos que revolucionaram a tradução da Bíblia pelo mundo. Considerando que a língua é um mecanismo dinâmico, Nida acreditava que a tradução é mais do que apenas uma comparação de estrutura dos pares de línguas. Assim, ele considerava as funções da linguagem de extrema importância para o ato tradutório, visto que cada função tem um objetivo diferente – e, assim, cada uma tem características próprias, o que define o modo pelo qual cada unidade de sentido deverá ser traduzida.

39

Para Nida (1964 apud BARBOSA, 2004), há três elementos principais a serem ponderados em uma tradução: a natureza do texto, os objetivos do autor e do tradutor e os públicos-alvo tanto do texto original quanto da tradução. Resolvemos utilizar a teoria tradutória de Nida por conta do corpus analisado neste trabalho, cuja história tem como meta passar uma ideia de verossimilhança – assim, a tradução da mesma possui muitas equivalências, objeto da teoria do referido autor, que as divide em dois tipos: equivalência formal e equivalência dinâmica.

4.2.1 Equivalência formal

A equivalência formal é voltada para o texto original, fazendo com que a tradução mantenha o máximo possível o conteúdo e a estilística do mesmo, sem alterações drásticas. Um ponto interessante é que algumas pessoas preferem a equivalência formal, mesmo que ela não soe natural na tradução, pois prezam pela língua e pela cultura estrangeira. Portanto, favorecem uma tradução mais fiel ao original.

This is my friend Hannah. Esta é minha amiga Hannah.

4.2.2 Equivalência dinâmica

A equivalência dinâmica é voltada para o público e cultura da tradução, tendo como objetivo um texto o mais natural possível. Às vezes, para o tradutor conseguir o efeito desejado, ele precisa alterar ou adaptar muitos segmentos textuais do original. Deve-se ter cuidado ao usar esse tipo de equivalência, visto que há a possibilidade de o tradutor não passar certas características intrínsecas à obra.

This is my friend Hannah. Esta é Ana, minha amiga.

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4.3 OS UNIVERSAIS DA TRADUÇÃO DE MONA BAKER

Mona Baker é diretora do Centre for Translation and Intercultural Studies da Universidade de Manchester, na Inglaterra, e acadêmica dos estudos tradutórios. Foi ela quem alavancou a pesquisa de estudos com corpora voltados à tradução (SARDINHA, 2002, p. 26). Baker verificou que os tradutores possuem certos padrões, tendências inconscientes, que denominou universais da tradução. Segundo Marques Santos (2013), foi possível realizar essa comprovação a partir da linguística de corpus, que consiste em analisar textos variados de um mesmo gênero para obter-se um resultado. Esses universais da tradução são “características que ocorrem marcadamente em textos traduzidos e que não são resultado da interferência de sistemas linguísticos específicos” (BAKER, 1993 apud MARQUES SANTOS, 2013, p. 48). Optamos por adotar os universais de Baker por conta de sua importância na hora de analisarmos as tendências do tradutor da série Kick-Ass em relação aos palavrões.

4.3.1 Simplificação

A simplificação é usada pelo tradutor de modo a facilitar a compreensão do leitor em certo trecho, em geral quando o texto original é muito complexo ou redundante e pode ser simplificado na tradução.

I went out to grab some lunch and ended up eating spaghetti, meatballs, lasagna, salad and a chocolate mousse. Now I’m stuffed! Saí para comer alguma coisa e acabei comendo demais. Agora estou cheio!

4.3.2 Explicitação

A explicitação aparece quando há a possibilidade de esclarecer na tradução uma informação, geralmente implícita, que aparece no texto original. De acordo com

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Marques Santos (2013, p. 49), pode-se observar essa tendência no uso de apostos, na solução de ambiguidades, dentre outros procedimentos possíveis.

I finally got my permit! Finalmente consegui tirar minha carteira de motorista!

4.3.3 Normalização Na normalização, o tradutor tende a ‘amenizar’ algumas características idiossincráticas do original e a estilística do autor. Segundo Marques Santos (2013), ele ‘apaga’ certas particularidades do texto, como expressões idiomáticas, pontuação específica da língua original ou referências da cultura de origem do texto. Como consequência, o tradutor acaba adequando-se aos padrões linguísticos e culturais da língua da tradução. Neste trabalho, a normalização é empregada quando o palavrão do original não é mantido na tradução. Boy, I’d really dig some ice cream right now. Queria comer sorvete agora.

4.3.4 Estabilização

A estabilização é resultado de uma observação referente aos aspectos linguísticos dos textos originais e dos traduzidos. Os textos traduzidos costumam ser mais semelhantes entre si do que suas contrapartes originais. Conforme Baker (1996, p. 184 apud Marques Santos, 2013, p. 53-54), as características que evidenciam tal observação podem ser o modo como as palavras e as frases são escolhidas e estruturadas, a média do tamanho das orações, entre outros. Tendo em vista que a estabilização não será utilizada no trabalho em questão, não é necessário darmos um exemplo desse universal.

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5 ANÁLISE DO CORPUS

Abaixo, discorreremos sobre o corpus e apresentaremos as análises elencadas a partir de nossa pesquisa.

5.1 SOBRE KICK-ASS

A série de quadrinhos Kick-Ass, escrita por Mark Millar e desenhada por John Romita Jr., é publicada nos Estados Unidos desde 2008 pelo Icon Comics, selo de quadrinhos alternativos da Marvel. Lá, os capítulos novos da história são publicados separadamente, para depois serem compilados em volumes maiores com edição mais caprichada. Até o momento, foram lançadas quatro compilações da série. Já no Brasil, apenas as compilações são publicadas desde 2010 pelo selo Panini Books, da Panini Brasil, totalizando três edições até agora. A obra obteve grande sucesso graças a sua premissa inovadora, que tinha como objetivo quebrar os paradigmas do mundo dos quadrinhos de herói ao mostrar como os clichês de tais histórias seriam aplicados ao mundo real. Como explica Rob Liefeld5 (MILLAR; ROMITA JR, 20116), em Kick-Ass, Mark Millar inventou um mundo em que a violência é hiper-realista. Esse tipo de profundidade em quadrinhos de super-heróis é um traço característico de Millar, anteriormente visto em trabalhos como o famoso Guerra Civil. A repercussão em torno do quadrinho foi tamanha que, em 2010, foi produzido um filme baseado em Kick-Ass, de nome homônimo, que contou a história do primeiro volume compilado da série. Essa produção britânico-americana foi co-produzida por Brad Pitt e dirigida por Matthew Vaughn. Houve também uma continuação, conhecida como Kick-Ass 2, que se baseou no segundo compilado da série, dessa vez dirigida por Jeff Wadlow.

5

Um dos pioneiros da revolução de quadrinhos de 1990, cofundador da Image Comics e famoso roteirista e quadrinista de ambas Marvel e DC Comics. 6 A citação consta nas páginas não numeradas do início do quadrinho.

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5.1.1 A história

A história conta sobre a vida de Dave Lizewski, um adolescente comum que é aficionado em histórias em quadrinho de super-heróis e, inspirado pelos personagens sobre os quais lê, resolve tornar-se um super-herói. Mesmo sem poderes, ele decide combater o crime com as próprias mãos e ajudar aos outros. Neste trabalho, analisaremos apenas o primeiro volume da série, em que Dave, no início de sua ‘carreira’, começa a patrulhar Nova Iorque em busca de crimes para combater. Em uma de suas patrulhas, ele tenta lidar com um grupo de pichadores e acaba no hospital, gravemente ferido. Apesar disso, volta à vida de super-herói. Em sua jornada, Dave conhece outras pessoas que também protegem a cidade como nos quadrinhos e, assim, vê-se jogado em uma complicada trama contra a máfia italiana nova-iorquina.

5.1.2 Os personagens principais

Dave Lizewski (Kick-Ass) é o personagem principal da história. Ele é um adolescente que mora apenas com o pai em um apartamento em Nova Iorque, visto que sua mãe morreu quando era pequeno. Dave resolve tornar-se um super-herói não por causa de um passado sombrio, mas por gostar de quadrinhos de super-herói; assim, ele compra sua fantasia pela Internet e começa a patrulhar a cidade para combater o crime e ajudar as pessoas. Por causa disso, acaba envolvido em uma trama maior do que ele jamais poderia imaginar.

Mindy McCready (Hit-Girl) é uma garota de onze anos que foi criada desde pequena para ser uma super-heroína. Seu pai, Damon McCready, era um contador infeliz com a própria vida. Inspirado pelos quadrinhos de super-heróis, ele decidiu fugir de casa com a filha ainda pequena e ensiná-la a ser uma máquina mortífera digna de suas histórias favoritas. Assim, a garota aprendeu a lutar artes marciais, a manusear diferentes tipos de armas, e a utilizar técnicas e bordões clássicos de super-heróis. Junto com seu pai, que assumiu o codinome Big Daddy, Mindy resolve criar um super grupo com Kick-Ass e Red Mist para derrotarem a máfia italiana de Nova Iorque.

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Christopher Genovese (Red Mist) é o arqui-inimigo de Kick-Ass. É filho de John Genovese, o chefe da máfia italiana nova-iorquina. Como seu pai é rico e influente, comandando a cidade, Christopher é um adolescente mimado, que gasta o dinheiro do seu pai em quadrinhos de super-herói, bonecos de colecionador e outros objetos nerd. Como Hit-Girl e Big Daddy começaram a combater os subordinados de John Genovese, Chris toma a frente e põe um plano em prática: ele se disfarça de super-herói, faz amizade com Kick-Ass e descobre a identidade secreta de todos os três heróis.

5.2 MOTIVAÇÃO PARA O USO DE PALAVRÕES EM KICK-ASS

Na série de quadrinhos Kick-Ass, é possível observar que os personagens usam palavrões com frequência. Por serem tão utilizados, acabam sendo uma característica marcante da obra. Tais elementos não foram inseridos pelo autor de forma leviana, visto que ele teve a intenção de criar um quadrinho o mais próximo possível da realidade. Para isso, o autor de Kick-Ass, Mark Millar, implantou o conceito de verossimilhança, que, de acordo com Aristóteles (1984, p. 13 apud DUTRA, 2009, p. 20), consiste na representação do que poderia ter acontecido e não o que, de fato, aconteceu. Assim, imagina-se que, caso tentasse ser um super-herói igual aos quadrinhos de heróis, um adolescente americano passaria por várias situações ‘da vida real’, como comprar sua vestimenta de herói pela Internet, apanhar de uma gangue de pichadores ou precisar de um tempo recuperando-se após apanhar dos mesmos. Outro ponto que o autor usa para deixar a obra verossímil é a linguagem informal, recheada de palavrões, empregada pelos personagens para se comunicarem entre si. Eles simulam a linguagem informal e corrente da sociedade ocidental. Apesar de ser uma simulação, a linguagem informal segue os padrões gramaticais como ortografia e pontuação corretas, mesmo nos vocabulários vulgares. Além disso, ela ainda mantém uma estrutura de texto escrito, em que tudo é linear e não é possível uma sobreposição de falas por parte dos personagens (PRETI, 1999,

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p. 223). Isso comprova que a linguagem do quadrinho não é orgânica, mas elaborada pelo autor da obra para criar uma ilusão de que tal narrativa é natural e proveniente da linguagem oral (ibid., p. 227). Segundo Preti (1999, p. 228), foi possível a inserção desse vocabulário graças ao grau de aceitabilidade do público-leitor de quadrinhos, que está mais aberto a uma linguagem menos formal; coisa que não seria possível em outros gêneros textuais, como jornais, revistas científicas ou livros de não-ficção.

5.3 TRADUÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS VISUAIS EM KICK-ASS

No primeiro volume da série Kick-Ass, não notamos grandes mudanças em relação aos elementos visuais. Entretanto, percebemos que um balão na página 62 da tradução foi diminuído. Por conta da questão da verossimilhança, não há onomatopeias no quadrinho, apenas exclamações de dor por parte dos personagens. Algumas delas foram mantidas – como agh, gagh, ungh, hunnt, gah, aargh – e outras foram ‘adequadas’ à língua portuguesa – como unnt que virou unngh, oomf que virou uumf, ooff que virou uuff. Observamos que, na maioria dos casos, exclamações com a letra ‘o’ no original foram modificadas para ‘u’ na tradução. Os nomes dos personagens foram mantidos – apenas Bobby Ball-Buster não, que virou Bobby Escroto. Em relação aos nomes e às palavras encontradas no cenário, percebemos que não houve um padrão. Houve momentos em que certos elementos verbais foram inalterados, como warehouse, grand tavern, NYPD e o nome das revistas em quadrinho mostradas ao decorrer da história, enquanto outros foram traduzidos, como hair salon que virou cabelereiros, no parking que virou proibido estacionar e ambulance que virou ambulância. Reparamos que, em uma das imagens que retratava um site de visualização de vídeos, houve dualidade nas escolhas do tradutor. Ele optou por manter a parte de cima da imagem – que continha palavras como home, channels, community, search, help – e traduzir a de baixo – watch this video in higher quality que virou assista a esse vídeo em alta resolução, rate que virou avaliação e views que virou exibições.

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Como o foco deste trabalho é a tradução dos palavrões contidos no corpus, não fizemos uma análise profunda acerca da tradução dos elementos visuais da obra.

5.4 METODOLOGIA

A fim de elencarmos todas as ocorrências de palavrão presentes no primeiro volume da série Kick-Ass, lemos o quadrinho original e sua respectiva tradução brasileira. Após essa etapa, transcrevemos em um arquivo de Word todas as falas – tanto dos personagens quanto do narrador – levando em conta se o original ou a tradução continham vocábulos chulos. No arquivo, montamos uma tabela com as seguintes partes: a localização do palavrão contendo o número da página e o volume da série, o tipo de balão e a identificação do personagem que proferiu o vocábulo vulgar em questão, a versão original da fala, a versão traduzida da fala e, por último, as modalidades tradutórias encontradas naquele caso. Escolhemos analisar os vocábulos chulos isoladamente – incluindo os intensificadores, que precisam estar acompanhados de outra palavra para terem sentido. Porém, nos casos em que o palavrão estava inserido em uma expressão consagrada pelo uso, optamos por analisar a expressão como um todo, em vez de levarmos em consideração somente o vocábulo vulgar. As palavras formatadas em negrito e itálico são marcações do próprio quadrinho, enquanto os sublinhados foram feitos por nós para apontar os palavrões. Nos casos em que houve mais de um palavrão por fala, enumeramos as ocorrências para um melhor entendimento do leitor. Na análise, mantivemos os sublinhados apenas dos palavrões que se relacionem à sua categoria. Além disso, acima das modalidades tradutórias, encontra-se a classificação de palavrões da seguinte forma: 

(2x): quando há palavrão tanto no original quanto na tradução



(orig): quando há palavrão apenas no original



(trad): quando há palavrão apenas na tradução



Orig/Trad: quando o tipo de palavrão do original difere do tipo de

palavrão da tradução

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Como aplicamos as modalidades de Barbosa, Nida e Baker ao nosso corpus, explicitamos qual modalidade foi usada na fala após o nome de cada teórico. Nos casos em que não encontramos uma modalidade que tivesse sido aplicada ao trecho, usamos dois hifens em sequência para mostrar a ausência de modalidade. O arquivo de Word contendo o corpus totalizou 79 páginas. Por conta de sua extensão, realizamos uma pesquisa qualitativa, em que escolhemos apenas alguns exemplos por categoria para ilustrar a análise. Essa escolha foi feita baseando-se em alguns quesitos, como ausência de palavrão na tradução, acréscimo de palavrão na tradução, diferentes modalidades tradutórias e mudança no tipo de palavrão do original para a tradução. Para melhor organização e uma obtenção mais efetiva de resultados, separamos a análise em: palavrão exclamativo, palavrão-insulto, palavrão-maldição, palavrão intensificador, eufemismo e palavrão idiomático. Para chegarmos à contagem final das ocorrências em cada categoria, dobramos os números que constam tanto no original quanto na tradução (2x) e somamos o resultado com o número de palavrões apenas do original (orig) e os palavrões apenas da tradução (trad). Multiplicamos todas as ocorrências com 2x porque a cada ocorrência desse tipo há dois palavrões – um no original e outro na tradução. Para fazermos a contagem total do número de palavrões no corpus, independentemente do idioma, tivemos que contar os dois palavrões contidos dentro de uma rotulação 2x. Para coletarmos os dados necessários para nossa análise, fizemos a contagem manual de três itens: (1) o número de ocorrências por categoria de palavrão; (2) o número de palavrões contidos apenas no original, apenas na tradução ou nos dois; e (3) o número de modalidades tradutórias encontradas por categoria. A partir de tais dados, realizamos uma pesquisa quantitativa e, para ilustrá-la, montamos gráficos no Excel para melhor compreensão no decorrer do estágio final da análise. Nos gráficos, somente mostraremos a contagem das modalidades tradutórias. Entretanto, o último gráfico de cada categoria abrange o número de palavrões no original. Nos gráficos de ocorrências de palavrão, utilizaremos as denominações ‘original e tradução’ para nos referirmos à rotulação 2x no gráfico; ‘original’ para ‘orig’; e ‘tradução’ para ‘trad’. Já nos gráficos referentes aos universais de Baker,

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chamaremos os casos em que não houve universal – as marcações de dois hifens em sequência – de ‘ausência de universal’. Para todas as outras denominações nos gráficos, usaremos os nomes das modalidades tradutórias sem alterações. O número total de palavrões de cada categoria é baseado tanto nas ocorrências do original quanto nas da tradução. Os números nos gráficos referentes às modalidades tradutórias são baseados nas ocorrências da tradução, visto que as modalidades não se aplicam ao original. Além disso, há casos em que uma ocorrência de palavrão possui mais de uma modalidade de Barbosa e Baker aplicadas a ela. Portanto, o número total de modalidades e o número total de ocorrências de palavrões podem diferir entre si. Para chegarmos às conclusões sobre a pesquisa realizada durante o trabalho, utilizamos quatro gráficos – (1) procedimentos de Barbosa, (2) equivalências de Nida, (3) universais de Baker e (4) quantidade de palavrões no original e na tradução – seguindo a mesma linha de raciocínio anterior. Porém, em vez de contabilizarmos esses números por categoria de palavrão, consideramos os números encontrados no corpus como um todo.

5.5 ANÁLISE QUALITATIVA DA TRADUÇÃO DE PALAVRÕES EM KICK-ASS

A seguir, mostraremos a análise quantitativa da tradução de palavrões no primeiro volume da série de quadrinhos Kick-Ass.

5.5.1 Palavrão exclamativo

Palavrões exclamativos, como anteriormente citados, são utilizados para externar sentimentos fortes, sem direcioná-los a algo ou alguém em específico. No quadrinho Kick-Ass, essa categoria tem 160 ocorrências (cf apêndice B), das quais ilustraremos 8, que são os casos que chamaram mais nossa atenção.

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p. 142, v. 1

Fala: Dave Lizewski

FUCK!

CARALHO!

Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nessa passagem, Dave vai até o jardim da casa da menina de quem gosta e grita confessando a ela que, na verdade, ele não é gay. A garota vai até a janela e, acovardado, o protagonista solta um palavrão exclamativo e sai correndo. Fuck e caralho são palavrões exclamativos que externam raiva e frustração. Por significarem a mesma coisa, porém não literalmente, consideramos ser uma equivalência segundo Barbosa, e uma equivalência dinâmica no âmbito da proposta de Nida, visto que há uma mudança em prol do leitor da tradução.

p. 154, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 2

WHAT’S THE FUCKING COMBINATION?

QUAL É A SENHA, PORRA?

Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse exemplo, os heróis da história estão sob a custódia da máfia italiana nova-iorquina. Um dos capangas de John Genovese pergunta a Mindy e seu pai a senha de uma das maletas dos dois. No original, fucking é um palavrão intensificador que foi omitido na tradução. Contudo, seu teor vulgar manteve-se em porra, que foi acrescido ao final da frase e separado por vírgula. Desse modo, percebemos uma compensação e uma reconstrução de períodos (Barbosa). Por ocorrer essa grande mudança, a tradução é considerada uma equivalência dinâmica (Nida).

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p. 156, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Holy shit! That was awesome!

Minha nossa! Que foda!

Palavrão exclamativo (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização

Nesse trecho, o pai de Christopher, John Genovese, acaba de atirar em Mindy, fazendo com que a jovem caísse pela janela do prédio. Em inglês, a expressão holy shit é um palavrão exclamativo que expressa surpresa. No caso, Christopher usou tal expressão junto de awesome para externar tanto sua surpresa quanto sua felicidade. Em português, ocorreu um dos universais de Baker – a normalização – em minha nossa, que não possui o teor vulgar do original. Essa alteração caracteriza uma adaptação (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 159, v. 1

Fala: Dave Lizewski

J-JESUS!

J-JESUS!

Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: --

Nessa passagem, Dave está sendo torturado por John Genovese. Ao levar choques, o personagem externa sua dor usando um palavrão exclamativo. Não houve mudança entre o original e a tradução, visto que a primeira parte do nome Jesus Cristo é escrita de forma igual em ambas as línguas. Em português, não é muito comum as pessoas usarem a palavra Jesus como palavrão exclamativo – nesse caso, usar meu deus ficaria mais natural para o público brasileiro.

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Portanto, foi feita uma tradução literal (Barbosa) e uma equivalência formal (Nida).

p. 172, v. 1

Fala: Dave Lizewski

But your dad. He said he made the whole thing up. Oh God! Haven’t you seen what they did to him?

Mas e o teu pai? Ele disse que inventou tudo. Meu Deus! Não viu o que fizeram com ele?

Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse exemplo, Dave e Mindy planejam sua vingança contra John Genovese, após o líder da máfia ter torturado o personagem principal e matado o pai da garota. Aqui, a expressão oh god exprime o medo de Dave em relação à máfia italiana. Em português, a expressão meu deus é quase idêntica ao original e pode ser usada com o mesmo objetivo, além de referir-se à mesma entidade religiosa. A tradução seria literal caso estivesse escrito oh deus, em vez de meu deus. Entretanto, usar oh deus não seria natural para o público brasileiro. Desse modo, concebemos que a tradução é uma equivalência (Barbosa). Entretanto, seria ‘aproximada’, visto que possui um teor de similaridade muito alto em relação a oh god, mas não é exatamente igual ao original. Por conta disso, caracterizase uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 179, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 7

Holy shit!

Eita porra!

Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse trecho, Dave e Mindy invadem o covil de John Genovese com um lançachamas. Ao perceberem o fogo, os capangas da máfia externam medo e surpresa.

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Para passar a mesma ideia do original, o tradutor usou eita porra em vez de outra expressão que pudesse ser mais parecida, como puta merda – que compartilha a presença do palavrão merda (shit). Ainda assim, acreditamos ter sido uma boa escolha, pois eita porra mantém o mesmo conceito do original e deixa a tradução fluida. Logo, percebemos que a expressão em português é uma adaptação (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 186, v. 1

Fala: Murray (capanga do John Genovese )

Did you hear somethin’? I heard somethin’. Swear to God, I heard somethin’ coming.

Ouviram alguma coisa? Eu ouvi. Juro por Deus, tem alguma coisa chegando.

Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Palavra-por-palavra Nida: Equivalência formal Baker: --

Essa passagem é uma continuação do exemplo anterior. Um dos capangas de John Genovese pensa ter ouvido um barulho estranho, e suspeita que a máfia está sob ataque. Como pode-se notar, as expressões swear to god e juro por deus passam a mesma ideia. Além disso, têm o mesmo número de palavras, cada qual com sua respectiva tradução literal. Por consequência, nota-se que é uma tradução palavrapor-palavra (Barbosa); e, por seguir o original, é uma equivalência formal (Nida).

5.5.2 Palavrão-insulto

Insultos, como vistos anteriormente, têm como objetivo ofender algo ou alguém usando palavras depreciativas. Na obra Kick-Ass, há 286 ocorrências de insulto (cf apêndice B). Ilustraremos 6 casos, que são os mais intrigantes.

p. 14, v. 1

Fala: Todd Haynes

What the fuck is this clown on, Dave? The webshooters would

Que porra que você bebeu, Dave? Os lança-teias funcionariam no filme, sim.

Palavrão-insulto (orig) Barbosa: Equivalência e melhoria

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Nida: Equivalência dinâmica

have worked in the movie.

Baker: Explicitação

Nesse

trecho,

Dave

e Todd

estão

discutindo

sobre

a

adaptação

cinematográfica de certos quadrinhos. Todd opina que os filmes em questão deveriam ser mais fiéis às obras originais. Dave tem uma opinião contrária, explicando que alguns elementos dos quadrinhos não dariam certo no cinema. Todd, então, replica ao amigo a frase citada. No quadro anterior a esse, o grupo de quatro amigos está saindo da escola, com Dave e Todd na frente dos outros. Os balões, que estão diante de Dave e Todd, apontam para os dois, indicando que as falas são ditas por tais personagens. No quadro em questão, Todd diz what the fuck is this clown on, Dave? como se estivesse referindo-se a uma terceira pessoa para Dave – porém, seguindo o direcionamento dos balões, apenas Dave e Todd formaram o diálogo anterior. Seguindo essa linha de raciocínio, seria lógico inferir que Todd estaria caçoando de Dave, e não de outra pessoa. Imaginamos que o tradutor tenha observado essa ‘falha’ no roteiro e usado uma melhoria (Barbosa). Assim, o insulto this clown, que estaria direcionado a outra pessoa, passou para você, direcionado a Dave – configurando uma explicitação (Baker). Acreditamos que também tenha ocorrido uma equivalência (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 14, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Man, I still can’t believe how good Whedon’s X-men is. This stuff makes Buffy look like shit…

Cara, não dá para acreditar em como é bom esse X-men do Whedon. Buffy é uma bosta perto disso aqui...

Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: --

Nesse exemplo, Dave elogia uma versão dos quadrinhos X-men ao comparálos com Buffy. Apesar de ser um grande fã da série, ele diz que Buffy parece ruim perto do quadrinho feito por Whedon.

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Aqui, bosta tem o mesmo significado de shit, e é a tradução literal (Barbosa) do termo em inglês. Por conservar o original, considera-se uma equivalência formal (Nida). p. 15, v. 1

Fala: Todd Haynes

Rock stars make millions of dollars. Superheroes get nothing, jizz-forbrains.

Astros de rock ganham milhões de dólares. Superheróis não ganham porra nenhuma, cabeça de pica.

Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nessa passagem, Dave e seus amigos estão conversando sobre o motivo pelo qual as pessoas não seguem a vida dos super-heróis. Todd replica dizendo que superheróis não ganham dinheiro, então não seria algo atrativo. Em inglês, jizz-for-brains passa a ideia de que, em vez de ter massa cefálica, a pessoa tem esperma na cabeça – assim, seria alguém idiota. Em português, cabeça de pica tem uma alusão similar, em que a pessoa teria um órgão sexual masculino no lugar da cabeça. Desse modo, como os dois termos fazem referência à mesma coisa – o órgão sexual masculino e sua secreção –, porém de ângulos diferentes, observamos uma modulação (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 102, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Remember those assholes I told you I’d inspired? The ones who dressed up on MySpace and formed their imaginary super teams?

Se lembra daqueles imbecis que eu disse que tinha inspirado? Os que se fantasiavam no MySpace e montavam suas super-equipes imaginárias?

Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse trecho, Dave narra como sua aparição de super-herói nas ruas afetou outras pessoas, que se inspiraram nele. Considerando a segunda acepção apresentada pelo dicionário online The Free Dictionary (2015), o verbete asshole é um insulto que se refere a alguém desprezível ou detestável. Já imbecil tem o objetivo de chamar alguém de idiota, desprovido de

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inteligência. Por passar um sentido divergente do original, concebemos que o termo em português é uma adaptação (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 165, v. 1

Fala: Dave Lizewski

YOU FUCKING PUSSY2! YOU FUCKING GIRLY PIECE OF SHIT4!

SEU VEADINHO2! MENININHA DO CARALHO!

2) Palavrão-insulto (2x)7 4) Palavrão-insulto (orig) Barbosa: 2: Equivalência 4: Omissão Nida: 2: Equivalência dinâmica 4: Equivalência dinâmica Baker: 2: -4: Normalização

Nesse exemplo, Dave está preso a uma cadeira e elabora um plano para escapar da tortura à qual está sendo submetido pelos capangas de John Genovese. A estratégia consiste em chamar a atenção dos comparsas do mafioso e deixá-los irritados, batendo no protagonista a ponto de quebrar a cadeira e libertá-lo. Na primeira ocorrência, veadinho tem o mesmo significado de pussy, que seria algo relacionado a ser fraco, afeminado. Portanto, consideramos ser uma equivalência (Barbosa). Na segunda, a expressão piece of shit sofreu uma omissão (Barbosa), pois não há um termo homólogo a ele na tradução. Isso acarretou em uma normalização (Baker). Imaginamos que isso tenha ocorrido pela quantidade de informações presente na fala original – há quatro tipos de palavrões, e talvez passar todos para o português deixaria a fala muito carregada e artificial. Acreditamos que a escolha de palavrões na tradução tenha seguido a ‘temática’ de insultos que ofendem a sexualidade e a personalidade de certo indivíduo.

7

A fala original contém 4 ocorrências de palavrão. Como nesta categoria analisamos apenas os palavrões-insulto, retiramos a marcação das ocorrências 1 e 3 (‘fucking’ nos dois casos), que voltam a aparecer no apêndice B.

56

As duas ocorrências constituem uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 185, v. 1

Fala: Dave Lizewski

…you are a fucking pussy!

…você é um paspalho!

Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nessa passagem, Dave e Christopher estão lutando um contra o outro. Ao nocautear Chris, o protagonista insulta seu oponente. Em inglês, quando se utiliza pussy como insulto, há a intenção de ofender alguém ao chamá-lo de fraco, fresco ou covarde. Já em português, paspalho passa a ideia de que a pessoa é tola, mas não necessariamente fraca ou covarde. Além disso, o original tem um teor vulgar muito mais forte do que a tradução. Por conseguinte, cremos que paspalho é uma adaptação (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

5.5.3 Palavrão-maldição

Palavrões-maldição, como citado anteriormente, têm o propósito de desejar mal a algo ou alguém. É a segunda menor categoria de palavrões em Kick-Ass, contando com 21 ocorrências (cf apêndice B). Nesta seção, ilustraremos 5 exemplos, que achamos ser os mais representativos desta categoria.

p. 14, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Oh, yeah. High school nerd develops miracle webs even scientists in real life can’t create. Go fuck yourself, Toddie. People would have walked out of the theater.

Ah, claro. Nerd do ensino médio desenvolve teia milagrosa que nem cientistas da vida real conseguem. Vai se foder, Toddie. As pessoas iam sair do cinema.

Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: --

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Nessa passagem, Dave e seu amigo Todd estão discutindo sobre as diferenças entre certas histórias de super-herói nos quadrinhos e suas respectivas adaptações para o cinema. Como não concordam um com o outro, Dave usa um palavrãomaldição direcionado a seu amigo. Vai se foder é uma tradução literal (Barbosa), pois tem o mesmo sentido e quase a mesma estrutura do original, mas adequando-se à língua da tradução. Portanto, é uma equivalência formal (Nida), dado que a tradução mantém o conteúdo do original, sem grandes alterações.

p. 40, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Fuck these guys! Fuck these comics! Fuck these stupid characters…

Fodam-se, esses caras. Fodam-se, gibis! Fodam-se, personagens imbecis...

Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Equivalência e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse exemplo, Dave encontra-se revoltado por ser influenciado pelos quadrinhos de super-herói, que o levaram a brigar com uma gangue de pichadores e ser gravemente ferido. Desse modo, o adolescente queima sua coleção de quadrinhos e resolve abandonar esse vício. Essa fala é interessante por mostrar as diferenças linguísticas do inglês para o português em primeira mão. Para adequá-la ao público da tradução, acreditamos que uma equivalência com reconstrução de períodos (Barbosa) foi feita. Observa-se também uma equivalência dinâmica (Nida), pois houve essa adequação das frases. Em português, o tradutor escolheu separar o sujeito do predicado nas três orações. É possível que ele tenha usado vírgulas e deixado o termo esses apenas na primeira frase para utilizá-lo nas outras duas frases seguintes sem precisar repeti-lo – assim constituindo um zeugma.

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p. 92, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Fuck you, Marty. All good couples have a funny story about how they got together. This is something we can tell our grandchildren about.

Vai se foder, Marty. Todo casal de verdade tem uma história boba sobre como ficaram juntos. A gente pode contar isso pros nossos netos.

Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse trecho, Marty brinca com o fato de que Dave está fingindo ser gay para aproximar-se de uma menina. Então, na fala acima, Dave usa um palavrão-maldição direcionado ao Marty. Aqui, concluímos que vai se foder é uma equivalência (Barbosa) de fuck you. Ainda que seja muito próxima ao original, a expressão em português não é igual semanticamente à em inglês. Essa tradução é considerada uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 99, v. 1

Fala: Cheadle

Aw, fuck! Fuck! You an’ your little-

Ah, vai se foder! E tu também, sua--

Orig: Palavrão exclamativo Trad: Palavrãomaldição Barbosa: Adaptação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nessa cena, Mindy e seu pai estão torturando um dos comparsas de John Genovese. Ao perceber que os dois vão matá-lo, o capanga profere um palavrão. No original, há um palavrão exclamativo, que tem como objetivo externar um sentimento sem direcioná-lo a alguém. Já na tradução, ele foi substituído por um palavrão-maldição que, ao contrário do anterior, foi direcionado ao pai de Mindy. Desse modo, percebemos uma adaptação com reconstrução de períodos (Barbosa), dado que os dois palavrões originais tornaram-se um só. Com essas

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mudanças visando ao público brasileiro, pode-se dizer que houve uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 139, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Damn right it’s blackmail. Tell him to go fuck himself. We’re old school, dude. Human life is precious.

Pode crer que é chantagem. Manda ele tomar no cu. A gente é velha guarda, mano. A vida humana é preciosa.

Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse exemplo, Christopher está aconselhando Dave a não se juntar a Mindy e o pai dela para formar uma equipe de heróis. No original, go fuck himself tem um sentido mais ativo, em que a própria pessoa busca algo ‘ruim’. Em contrapartida, na tradução, tomar no cu tem um sentido passivo, de que a pessoa recebe algo ‘ruim’ sem procurar por isso. Pensando assim, acreditamos que a tradução é uma modulação (Barbosa), pois há uma mudança no ponto de vista dos palavrões. Por conta disso, ocorreu uma equivalência dinâmica (Nida).

5.5.4 Palavrão intensificador

Palavrões intensificadores, como mencionado antes, têm como objetivo intensificar ou enfatizar certos elementos, seja um adjetivo ou uma frase. No quadrinho Kick-Ass, essa categoria tem 135 ocorrências (cf apêndice B), das quais ilustraremos 7, que são os casos mais interessantes.

p. 12, v. 1

Fala: Katie Deauxma

Yes you did, you fucking stalker.

Sabia, sim, seu puto depravado.

Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão-insulto Barbosa: Adaptação

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Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nessa passagem, Dave fica horas esperando a menina que gosta sair de um clube de tênis. Irritada com o gesto, ela discute com o protagonista. No original, existia o palavrão intensificador fucking aliado ao palavrão-insulto stalker, que é uma pessoa que assedia outra por meio da perseguição. Na tradução, stalker continuou sendo um palavrão-insulto, porém, foi modificado para depravado, que seria considerado apenas uma das características de um stalker. Já fucking transformou-se no palavrão-insulto puto – é possível que o tradutor tenha tentado reforçar a ideia de depravado, mas sem utilizar um intensificador de fato. Devido a essa mudança drástica na tradução, constatamos uma adaptação (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 12, v. 1

Fala: Katie Deauxma

You watched my dad drop us off. The guy on the door said you’ve been hanging around for three goddamn hours.

Você viu meu pai deixar a gente aqui. O porteiro disse que você tá parado aí faz três horas.

Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Esse trecho é a continuação do diálogo travado acima. Goddamn, o palavrão-intensificador do original, não foi incluído na tradução possivelmente para adequar-se ao português brasileiro e não causar estranhamento ao leitor. Assim, percebe-se uma omissão (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 19, v. 1

Fala: Dave Lizewski

You are fucking awesome.

Você tá foda pra caralho.

Palavrão intensificador (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

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Baker: --

Nesse exemplo, Dave veste sua roupa de super-herói pela primeira vez. Ao ver seu reflexo no espelho, ele elogia a si mesmo, utilizando um palavrão para tal. O palavrão intensificador fucking, dessa vez, manteve-se na tradução como pra caralho. Ambos contêm a mesma ideia de acentuar o substantivo anexo a eles, sem perder o teor vulgar. Portanto, a tradução constitui uma equivalência (Barbosa). Apesar de ter o mesmo sentido de fucking, pra caralho não é um equivalente exato do mesmo termo, assim compondo uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 21, v. 1

Fala: Dave Lizewski

What the hell is my opening line?

Qual é a minha frase de apresentação?

Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização

Nessa passagem, Dave faz sua primeira patrulha pela cidade e avista uma gangue pichando uma parede. Antes de confrontá-los, pergunta a si mesmo qual seria seu bordão de super-herói. What the hell é uma expressão consagrada pelo uso, cuja tradução foi qual é. O palavrão intensificador nesse caso é hell, que foi omitido em português. Porém, como what the hell é uma unidade só, consideramos qual é como uma equivalência (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida). Por conta de o palavrão ter sido excluído, pode-se notar uma normalização (Baker), pois a expressão qual é não costuma ter um palavrão inserido nela.

p. 22, v. 1

Fala: pichador 1

Get the fuck outta my face, man.

Some da minha frente, mano.

Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Modulação

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Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização

Esse trecho é uma continuação do anterior. Dave confronta os pichadores, e um deles fala para o principal uma expressão consagrada pelo uso que contém um palavrão intensificador. Get the fuck outta my face passa a ideia de que duas pessoas estão cara a cara e uma delas quer que a outra saia de seu campo de visão imediato, dando a impressão de que elas estão muito próximas uma da outra. Some da minha frente tem o mesmo sentido, porém tem a impressão de que o indivíduo indesejado está mais longe, e a pessoa gostaria que ele saísse dali. Essa mudança de ponto de vista na tradução é uma modulação (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida). Houve também uma normalização (Baker), uma vez que a expressão traduzida não possui um palavrão, diferente do original, que tem the fuck.

p. 24, v. 1

Fala: pichador 3

You little fucking faggot!

Veado pau no cu!

Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão-insulto Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

A narrativa dos exemplos anteriores continua aqui. Outro pichador, irritado com o confronto, desfere palavrões contra o protagonista. O palavrão intensificador fucking do original foi transformado em um palavrãoinsulto na tradução, dado que pau no cu não reforça a ideia de veado, mas concede outro insulto à pessoa. Por causa dessa alteração tendo em vista a naturalidade da tradução, acreditamos ser uma adaptação (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

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p. 24, v. 1

Fala: pichador 3

Who the hell1 are you, huh? What the fuck2 is your name?

De onde1 tu saiu, hein? Qualé o teu nome, caralho2?

1) Palavrão intensificador (orig) 2) Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: 1: Adaptação 2: Compensação e reconstrução de períodos Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica Baker: 1: Normalização 2: --

Essa é uma sequência das passagens anteriores. Um dos pichadores questiona Dave sobre quem ele acha que é para abordar a gangue. A primeira ocorrência de palavrão intensificador é who the hell, que é uma expressão consagrada. Ela tem sentido original de quem é você, porém na tradução, ficou como de onde tu saiu, assim formando uma adaptação (Barbosa). Ademais, como o palavrão hell contido na expressão original não foi transmitido na tradução, houve uma normalização (Baker). A segunda ocorrência do trecho é formada por what the fuck, que contém o palavrão intensificador fuck, e caralho, que é um palavrão exclamativo. Além de ter alteração no tipo de palavrão, o posicionamento dele também mudou – do começo da frase, ele passou para o final, sendo separado por uma vírgula. Portanto, percebemos uma reconstrução de períodos (Barbosa). As duas ocorrências são equivalências dinâmicas (Nida), pois adequam-se à língua portuguesa.

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5.5.5 Eufemismo

Eufemismos, como dito anteriormente, têm o propósito de amenizar palavrões mais fortes, contudo, mantendo a mesma forma e o mesmo sentido do original. Eles têm pouca aparição em Kick-Ass, contando com apenas 4 ocorrências (cf apêndice B). Dessas 4, ilustraremos apenas 3, visto que 2 delas possuem modalidades tradutórias iguais – assim, evitamos repetições desnecessárias.

p. 41, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

...but who was I kidding? The beast was friggin’ in me, man.

…mas a quem eu queria enganar? A fera tava dentro de mim, cara.

Eufemismo (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização

Nessa cena, Dave, após um grave acidente, está em uma batalha interna sobre voltar a ser super-herói ou continuar a ser um garoto normal. Ele chega à conclusão de que não deixaria de ser um super-herói tão facilmente, visto que tinha um desejo muito forte de viver a vida dos quadrinhos. O eufemismo friggin’ – que deriva de freaking, ou um termo mais forte, fucking – tem sentido de enfatizar a fala de Dave. Na tradução, percebemos que foi feita uma omissão (Barbosa) de tal intensificador. Devido a isso, chegamos à conclusão de que houve uma normalização (Baker), pois a característica marcante de palavrão não se apresenta na tradução. Acreditamos que essa exclusão de friggin’ foi feita pensando em um melhor entendimento para o leitor da língua da tradução, por isso houve uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 52, v. 1

Fala: outro espectad or da luta 4

Dude, that was friggin’ amazing!

Meu, foi muito do caralho!

Eufemismo (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

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Baker: Normalização

Nesse caso, Dave entra em uma luta contra membros de uma gangue para poder ajudar um homem indefeso. Ao presenciar o combate, um espectador na rua exclama a fala referida. Dessa vez, o mesmo termo friggin’ não foi excluído. Em nossa opinião, o tradutor realizou uma equivalência (Barbosa) com o termo muito, que possui o mesmo sentido intensificador, porém sem o teor vulgar do original. Como a característica de palavrão foi perdida, houve uma normalização (Baker) no trecho traduzido. Concebemos que essa adequação foi feita visando à naturalidade para o público da língua traduzida, assim, foi feita uma equivalência dinâmica (Nida). Levando em consideração que friggin’ foi amenizado para muito, amazing, cuja tradução literal pode ser legal e não caracteriza um palavrão, foi traduzido como do caralho. Dessa maneira, equilibrou-se a falta de teor vulgar na primeira incidência com a segunda.

p. 188, v. 1

Fala: John Genovese

What the hell’s wrong with you people? She’s a ten-year-old kid, for Chrissakes!

Orig: Eufemismo

Qual é o problema com vocês, hein? É uma menina de dez anos, porra!

Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse exemplo, Mindy e Dave estão atacando os capangas de John Genovese. Na fala em questão, John encontra-se perplexo por conta da pouca idade de Mindy e a incapacidade de seus comparsas de lidarem com a menina. Observamos que houve uma adaptação (Barbosa) do termo for Chrissakes – eufemismo de for Christ’s sake, em português, pelo amor de Deus – para porra. Assim, categorizou-se uma equivalência dinâmica (Nida). É visível que o termo porra ficou mais pesado que sua contraparte original, possivelmente para contrabalançar a falta de palavrão do primeiro par de termos

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desse trecho (what the hell e qual é). Por ocorrer tantas mudanças, o tipo de palavrão também foi alterado, passando de um eufemismo para um palavrão exclamativo.

5.5.6 Palavrão idiomático

Palavrões idiomáticos, como vistos anteriormente, são expressões idiomáticas que têm como núcleo um palavrão – e não têm o intuito de ofender ou externar um sentimento negativo. No quadrinho Kick-Ass, há 142 ocorrências desta categoria (cf apêndice B), dentre as quais ilustraremos 8 exemplos.

p. 14, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Yeah, pissed themselves laughing. What works on the page doesn’t always work on the screen, asshole. Case in point: Peter Parker’s webshooters.

É, iam se cagar de rir. O que funciona numa página nem sempre dá certo na tela, imbecil. Por exemplo: os lançateias do Peter Parker.

Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse trecho, Dave está discutindo com seu amigo Todd sobre as mudanças entre a versão cinematográfica e a dos quadrinhos de super-herói. Todd explica seu ponto de vista dizendo que as pessoas iam se cagar de medo (would have pissed themselves) se certa situação saísse dos quadrinhos e fosse para os filmes. Dave defende seu ponto de vista contrário aproveitando a fala do amigo: É, iam se cagar de rir (Yeah, pissed themselves laughing). Em inglês, a expressão to piss oneself serve tanto para situações de medo quanto para situações engraçadas. Isso dificulta o trabalho do tradutor, visto que em português o mesmo não ocorre – para circunstâncias de pavor, a expressão cagar de medo é usada, e, para circunstâncias de humor, usa-se mijar de rir. Acreditamos que a tradução tentou manter a ideia do original, em que Dave usou a mesma frase que seu amigo (pissed themselves) e acrescentou sua opinião contrária (pissed themselves laughing). Para conservar o tom de deboche do original, o tradutor manteve a mesma expressão usada por Todd (se cagar), o que causa um

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pouco de estranhamento ao leitor brasileiro, dado que cagar de rir não é uma expressão consagrada pelo uso. Assim, como a tradução tentou passar o mesmo conceito do original, só que de outro ponto de vista – em inglês, o ato de urinar passou em português para o ato de defecar –, houve uma modulação (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 110, v. 1

Fala: Dave Lizewski

So you didn’t kick their asses like it said on TV?

Então você não deu um cacete neles como disseram na tevê?

Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse exemplo, Dave pergunta como Christopher conseguiu prender várias pessoas da máfia russa atuante em Nova Iorque. O protagonista descobre que o outro não lidou com o assunto com as próprias mãos, como dito na televisão. Christopher apenas tinha os contatos certos e dedurou os capangas da máfia para a polícia. A expressão kick one’s ass passa a ideia de bater em alguém, literalmente dando um chute nas nádegas de outra pessoa. Dar um cacete também passa a mesma ideia, porém, de maneira diferente: a imagem visual da expressão é de uma pessoa que bate na outra não apenas dando chutes, mas desferindo vários tipos de golpe. Uma vez que original e tradução expressam a mesma intenção, mas de modos diferentes, percebemos uma modulação (Barbosa). Essa modificação no português é considerada uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 158, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Now I know you don’t know shit, but Dad likes being sure…

Eu sei que você não sabe porra nenhuma, mas o papai gosta de garantir...

Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker:

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Explicitação

Nesse trecho, Dave foi traído por Christopher e está sob a custódia da máfia italiana nova-iorquina. Ao torturar o personagem principal, Chris afirma que Dave não possui certas informações essenciais, mas continuará a torturá-lo mesmo assim. No original, em vez de falar que o protagonista não sabe nada, Christopher acentua sua fala ao substituir nada por shit, que literalmente seria merda. A tradução manteve o palavrão idiomático ao usar porra nenhuma, que passa o mesmo sentido do original. O termo traduzido denota uma equivalência (Barbosa). Além disso, por conservar o teor vulgar e o significado com naturalidade em português, constitui-se uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 132, v. 1

Fala: Mindy McCready

A fucked-up prick who will march for the right to murder babies…

Um cuzão imbecil que faz marchas pelo direito de assassinar bebês...

Orig: Palavrão idiomático Trad: Palavrão-insulto Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nessa passagem, Mindy está treinando para ser uma super-heroína da vida real. Enquanto está em uma missão, ela faz uma ‘prova oral’ por meio de radiotransmissor com seu pai, que lhe pergunta o que é um ‘democrata’. O palavrão idiomático fucked-up, no caso acima, significa tanto ser uma pessoa desprezível quanto ser hipócrita. Na tradução, para manter o desprezo do original, foise utilizado o palavrão-insulto cuzão. Devido a essa alteração, foi feita uma adaptação (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida) para deixar a fala mais fluida na tradução.

p. 135, v. 1

Fala: Damon McCready

You done screaming, motherfucker? ‘Cause nobody’s

Quer parar de gritar, seu porra? Porque ninguém vai te ouvir. A

Palavrão idiomático (orig) Barbosa:

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going to hear you. That lady next door is deaf as shit and dear old Dad is out on a date.

vizinha é surda como uma porta e seu pai saiu prum encontro.

Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização

Nesse exemplo, Mindy e seu pai invadem a casa de Dave para discutir sobre a formação de um grupo de super-heróis. O pai de Mindy, Damon, explica que por mais que o personagem principal gritasse por ajuda, ninguém iria ouvi-lo. Deaf as shit significa que a pessoa – a quem se refere essa expressão – não escuta muito bem. Nela, há a utilização do palavrão shit para intensificar o quão ‘surda’ a pessoa é. Para a fala em português, o tradutor escolheu a expressão consagrada pelo uso surda como uma porta para passar o mesmo sentido do original. Apesar de não possuir o mesmo teor vulgar do inglês, o que caracteriza uma normalização (Baker), a expressão é considerada uma equivalência (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida).

p. 138, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

My life had literally turned into a comic book since Red Mist and I teamed up. School just seemed boring as shit. Even with Mrs. Zane’s new low-cut top.

Minha vida tinha literalmente se transformado num gibi desde que me juntei ao Red Mist. A escola parecia cada vez mais chata. Mesmo com o decote novo da dona Zane.

Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização

Nesse trecho, Dave conta sobre como sua vida mudou desde que conheceu Christopher. Ele diz que, desde que começou a patrulhar a cidade com o amigo, tudo que não fosse relacionado a super-heróis passou a ser chato. Aqui, foi utilizada a expressão boring as shit, que significa algo muito chato. Na tradução, o termo cada vez mais chata tem o mesmo sentido, porém sem o teor vulgar que shit expressa no original, evidenciando assim uma normalização (Baker). Por conta dessa mudança de expressões, contemplamos uma adaptação (Barbosa). Seguindo essa mesma linha de pensamento, houve uma equivalência dinâmica (Nida).

70

p. 138, v. 1

Fala: Todd Haynes

As in your cock1 and your balls2. Toddie said all the best ones have a “U” and a “K” and we thought this could be the guy equivalent of “cunt3.”

Teu pau1 e tuas bolas2. Todd disse que os melhores sempre têm um “O” e um “T” e achamos que esse pode ser o equivalente de “boceta3” pros homens.

1) Palavrão idiomático (2x) 2) Palavrão idiomático (2x) 3) Orig: Palavrão-insulto e palavrão idiomático Trad: Palavrão idiomático Barbosa: 1: Equivalência 2: Literal 3: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência formal 3: Equivalência dinâmica Baker: 1: -2: -3: --

Nessa passagem, os amigos de Dave inventaram um palavrão e estão explicando-o ao protagonista. O primeiro par de termos é cock e pau. Ambos são termos coloquiais para o órgão sexual masculino, contudo, pau não é a tradução literal de cock. Portanto, a tradução é uma equivalência (Barbosa) e uma equivalência dinâmica (Nida). Já o segundo par de termos é balls e bolas, que são termos coloquiais para testículos. A tradução aqui foi literal (Barbosa), sendo assim uma equivalência formal (Nida). O último par de termos é cunt e boceta. No original, cunt pode ser considerado tanto um palavrão-insulto quanto um palavrão idiomático. Isso ocorre pois essa palavra é um termo coloquial para o órgão sexual feminino, mas também é um xingamento que não tem conteúdo específico, apenas ofensivo. Em português, boceta é apenas um palavrão idiomático que remete à mesma parte do corpo feminino, sem carga de xingamento. Logo, boceta é uma equivalência (Barbosa) de cunt e constitui uma equivalência dinâmica, visto que significam a mesma coisa, porém não literalmente.

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p. 145, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

She is so fucking nasty...

Ela é foda…

Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão idiomático Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

Nesse exemplo, Christopher está conversando com Dave sobre uma superheroína que publicou fotos reveladoras de si mesma na internet. Os dois concordam que a menina é atraente. O palavrão intensificador fucking foi transformado no palavrão idiomático foda. Em inglês, fucking nasty quer dizer que a garota é ‘safada’ por postar fotos reveladoras em suas redes sociais. Porém, em português, foda não transmite a mesma ideia do original, pois é um termo ambíguo, e pode ser entendido de duas maneiras diferentes. A primeira seria que a garota é muito atraente – não necessariamente ‘safada’ –, enquanto que a segunda teria uma carga negativa, como se os dois garotos estivessem julgando-a por seus atos. Desse modo, ocorreu uma adaptação (Barbosa). Por consequência, é uma equivalência dinâmica (Nida).

5.6 ANÁLISE QUANTITATIVA DA TRADUÇÃO DE PALAVRÕES EM KICK-ASS

A seguir, mostraremos a análise qualitativa da tradução de palavrões no primeiro volume da série de quadrinhos Kick-Ass.

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5.6.1 Palavrão exclamativo

A seguir, analisaremos as modalidades tradutórias aplicadas à tradução de palavrões do tipo exclamativo, que conta com 160 ocorrências ao decorrer do corpus.

Gráfico 1: Procedimentos tradutórios de Barbosa em palavrão exclamativo

Observamos que os procedimentos de Barbosa mais utilizados foram equivalência, com 43 ocorrências; literal, com 19; e adaptação, com 17. Os menos usados foram omissão, palavra-por-palavra e transposição, os três contendo 1 ocorrência cada.

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Gráfico 2: Equivalências de Nida em palavrão exclamativo

Notamos que a equivalência de Nida mais usada foi a dinâmica, com 72 ocorrências. Já a formal contou com 20 – mesmo sendo a menor das equivalências, ainda teve um número considerável de ocorrências em relação às outras categorias.

Gráfico 3: Universais de Baker em palavrão exclamativo

Reparamos que houve uma grande predominância de ausência de universal de Baker, contendo 82 ocorrências. Enquanto isso, a normalização e a simplificação contaram com 9 e 1 ocorrências respectivamente.

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Gráfico 4: Quantidade de palavrão exclamativo no corpus

Chegamos à conclusão de que esta é a terceira categoria mais balanceada em relação a palavrões tanto no original quanto na tradução, vindo logo após de palavrãomaldição e palavrão-insulto. Os dois procedimentos de Barbosa mais usados foram equivalência e literal. Imaginamos que isso comprova o fato de esta categoria de palavrões ser utilizada de forma muito parecida tanto em inglês quanto em português. Logo, percebemos uma relação entre esse fato e uma maior incidência de equivalência formal se comparada às outras categorias. Além de ter o mesmo objetivo, os dois idiomas compartilham construções frasais muito semelhantes ao referir-se aos palavrões exclamativos – o que acarretou em uma tradução bastante livre de universais de Baker e sem grandes perdas de teor vulgar.

5.6.2 Palavrão-insulto

A seguir, analisaremos as modalidades tradutórias aplicadas à tradução de palavrões do tipo insulto, que conta com 286 ocorrências ao decorrer do corpus.

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Gráfico 5: Procedimentos tradutórios de Barbosa em palavrão-insulto

Observamos que os procedimentos de Barbosa mais usados foram equivalência, com 75 ocorrências, e adaptação, com 45. Já as menos utilizadas foram explicitação, com 2 ocorrências, melhoria e transposição, ambas com 1.

Gráfico 6: Equivalências de Nida em palavrão-insulto

A equivalência de Nida mais aplicada foi a dinâmica, com 138 ocorrências. Já a formal ocorre em 18.

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Gráfico 7: Universais de Baker em palavrão-insulto

Percebemos que a ausência de universais prevaleceu, com 143 ocorrências. A normalização é aplicada em 10 ocorrências, e a explicitação, em 3.

Gráfico 8: Quantidade de palavrão-insulto no corpus

Concluímos que esta é a segunda categoria em que houve predominância de palavrão tanto no original quanto na tradução, após palavrão-maldição. Porém, é mais significativa do que os palavrões-maldição por conta de sua extensão – contando com 286 ocorrências, enquanto que maldição possui apenas 21.

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Quase metade dos procedimentos de Barbosa foram equivalências, o que mostra que foi possível manter em português uma palavra com o mesmo sentido do original, sem grandes mudanças. Podemos observar que o tradutor também conseguiu manter o teor vulgar e o tipo de palavrão, visto que só houve 10 casos de normalização (Baker). Dentre todas as categorias de palavrão analisadas neste trabalho, esta é a mais diversificada em relação aos procedimentos tradutórios de Barbosa, contanto com 10 procedimentos diferentes. Imaginamos que a quantidade de equivalências e a diversificação dos procedimentos de Barbosa mostram que os palavrões-insulto são empregados com demasiada frequência e têm muita variedade lexical tanto em inglês quanto em português.

5.6.3 Palavrão-maldição

A seguir, analisaremos as modalidades tradutórias aplicadas à tradução de palavrões do tipo maldição, que conta com 21 ocorrências ao decorrer do corpus.

Gráfico 9: Procedimentos tradutórios de Barbosa em palavrão-maldição

Constatamos que o procedimento de Barbosa mais usado nesta categoria foi a equivalência, com 7 ocorrências. Os segundos mais usados foram literal e

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reconstrução de períodos, ambos com 2 ocorrências. Por fim, modulação e adaptação contaram com 1 ocorrência cada, sendo assim os menos aplicados.

Gráfico 10: Equivalências de Nida em palavrão-maldição

A equivalência de Nida predominante foi a dinâmica, com 9 ocorrências, enquanto que a formal contou com 2 Logo, inferimos que houve uma tendência a adequar a tradução ao público brasileiro.

Gráfico 11: Universais de Baker em palavrão-maldição

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Não percebemos ocorrências dos universais de Baker. Imaginamos que isso mostre que o tradutor não operou de maneira inconsciente, mas pensou a respeito de suas escolhas.

Gráfico 12: Quantidade de palavrão-maldição no corpus

Observamos que o palavrão-maldição manteve-se constante tanto no original quanto na tradução. Houve apenas um caso em que isso não ocorreu, quando um palavrão exclamativo no original transformou-se em um palavrão-maldição na tradução. Assim, percebemos que houve mais casos de palavrão-maldição em português do que em inglês. Acreditamos que não houve ‘perda’ desse tipo de palavrão na versão brasileira, pois as maldições utilizadas são expressões consagradas pelo uso tanto em português quanto em inglês – portanto, imaginamos que o tradutor teve opções de equivalência, sem precisar recorrer muito a atitudes alternativas, como adaptação ou mudança do tipo de palavrão.

5.6.4 Palavrão intensificador

A seguir, analisaremos as modalidades tradutórias aplicadas à tradução de palavrões do tipo intensificador, que conta com 135 ocorrências ao decorrer do corpus.

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Gráfico 13: Procedimentos tradutórios de Barbosa em palavrão intensificador

Verificamos que o procedimento de Barbosa mais utilizado foi a equivalência, com 44 ocorrências, seguida por omissão, com 43. Os três procedimentos menos aplicados foram modulação e transposição, ambos com 4 ocorrências, e explicitação, com 1.

Gráfico 14: Equivalências de Nida em palavrão intensificador

Notamos que, das equivalências de Nida, a única utilizada foi a dinâmica, com 124 ocorrências. Assim, notamos que a tradução não se ateve à forma e à estilística do original, focando-se no público brasileiro.

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Gráfico 15: Universais de Baker em palavrão intensificador

O universal mais usado de Baker foi a normalização, com 82 ocorrências, seguido por ausência de universal, com 40. O menos usado foi a explicitação, com apenas 2 ocorrências.

Gráfico 16: Quantidade de palavrão intensificador no corpus

Os gráficos acima apontam que houve uma grande exclusão de palavrões na tradução. Enquanto no original houve 119 ocorrências de palavrão intensificador, na tradução constataram-se 16 casos.

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Ainda que a equivalência (Barbosa) tenha sido o procedimento mais aplicado na tradução, não significa que os termos em português sejam palavrões do mesmo tipo – ou até mesmo palavrões, como indicam os 82 casos de normalização (Baker). Como isso ocorreu na maioria dos casos, acreditamos que o tradutor tenha escolhido esse caminho para evitar um possível estranhamento do público brasileiro, que está acostumado a outras escolhas envolvendo palavrões intensificadores. Desse modo, inferimos que a língua inglesa e a portuguesa têm modos diferentes de utilizar palavrões intensificadores; e, portanto, uma tradução desse tipo de palavrão com equivalências formais, seguindo a mesma forma e estilística do inglês, poderia ser considerada artificial por muitos.

5.6.5 Eufemismo

A seguir, analisaremos os procedimentos aplicados à tradução de palavrões do tipo eufemismo, que conta com 4 ocorrências ao decorrer do corpus.

Gráfico 17: Procedimentos tradutórios de Barbosa em eufemismo

Observamos que há apenas 3 tipos de procedimentos tradutórios de Barbosa. O mais utilizado foi a omissão, com 2 ocorrências. Em seguida, há um empate entre adaptação e equivalência, cada qual com 1 ocorrência.

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Notamos que em nenhum dos casos o eufemismo apareceu na tradução. De 4 casos, 3 foram omitidos ou viraram uma palavra comum e 1 continuou sendo um palavrão em português, porém de outro tipo que não eufemismo.

Gráfico 18: Equivalências de Nida em eufemismo

Considerando as equivalências de Nida, comprovamos que todas as modalidades tradutórias aplicadas em eufemismo foram feitas pensando no públicoalvo brasileiro, caracterizando assim uma totalidade de equivalências dinâmicas para esta categoria.

Gráfico 19: Universais de Baker em eufemismo

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Ao analisarmos os universais de Baker contidos em eufemismo, percebemos que, como 3 de 4 casos não passaram o teor vulgar do original, o universal com mais ocorrências foi a normalização. Na ocorrência restante, não notamos tendências inconscientes do tradutor.

Gráfico 20: Quantidade de eufemismo no corpus

Chegamos à conclusão de que houve uma grande perda do caráter vulgar do original nesta categoria, sendo que apenas 1 ocorrência de 4 manteve um tipo de palavrão na tradução que não um eufemismo. Desse modo, somente houve casos de eufemismo no original. Imaginamos que isso tenha ocorrido, pois, na língua portuguesa, palavrões com eufemismo passam uma ideia muito infantil, o que poderia acarretar em um estranhamento por parte do leitor – além de não combinar com o tom da obra. Ainda assim, acreditamos que o tradutor optou por não usar palavrões nos outros 3 casos em busca de uma maior naturalidade para o público brasileiro. É possível que, se ele tivesse substituído o eufemismo do original por outros tipos de palavrão, a fala original poderia ser modificada além do ideal.

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5.6.6 Palavrão idiomático

A seguir, analisaremos as modalidades tradutórias aplicadas à tradução de palavrões do tipo idiomático, que conta com 142 ocorrências ao decorrer do corpus.

Gráfico 21: Procedimentos tradutórios de Barbosa em palavrão idiomático

Constatamos que os procedimentos de Barbosa mais usados na tradução foram adaptação, com 39 ocorrências, e equivalência, com 38. Os menos usados foram omissão e transposição, ambas com 2 ocorrências, e reconstrução de períodos, com 1.

Gráfico 22: Equivalências de Nida em palavrão idiomático

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Das equivalências de Nida, a mais utilizada foi a dinâmica, com 95 ocorrências, seguida pela formal, com 4.

Gráfico 23: Universais de Baker em palavrão idiomático

Como podemos observar, houve a predominância de ausência de universal de Baker, com 70 ocorrências, seguido de normalização, com 25. Por último, os menos utilizados foram explicitação e simplificação, com 4 e 2 ocorrências respectivamente.

Gráfico 24: Quantidade de palavrão idiomático no corpus

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Concluímos que, nesta categoria, a tradução manteve uma boa quantidade de palavrões em relação ao original, dado que o número de palavrões no original é 77, e na tradução é 65. Cremos que isso tenha ocorrido por conta da natureza dos palavrões idiomáticos, que são muito ocorrentes tanto em português quanto em inglês. Contudo, mesmo que a quantidade de palavrões entre as línguas tenha sido próxima, percebemos que dois dos três procedimentos de Barbosa mais usados foram adaptação e modulação – o que mostra que houve uma ‘divergência’ entre original e tradução, por mais que o teor vulgar tenha sido mantido. Acreditamos que isso tenha acontecido por conta da diversidade dos palavrões idiomáticos, que são usados tanto em inglês quanto em português, mas, em alguns casos, com léxicos diferentes por conta das peculiaridades das duas culturas.

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CONCLUSÃO

Esta monografia teve como intuito analisar as tendências e as escolhas do tradutor ao lidar com palavrões dentro de uma história em quadrinhos. Para isso, pesquisamos esse meio de comunicação, além de averiguarmos os princípios da tradução audiovisual, que abarca esse tipo de arte. Ademais, exploramos a definição de palavrão e categorizamos os mesmos de acordo com seu uso. Em seguida, bebemos da fonte de Midjord para a classificação de vocábulos vulgares e de Barbosa, Nida e Baker para a classificação de modalidades tradutórias a fim de analisarmos as 486 ocorrências que compõem o corpus desta pesquisa. Referente à tradução de características visuais, observamos que as imagens não sofreram alterações, como ocorre em alguns casos na tradução de mídias audiovisuais. Levando em consideração que o foco deste trabalho é a tradução de palavrões – ou seja, apenas um elemento da parte linguística –, não realizamos uma análise profunda sobre o tema. No último capítulo, elaboramos uma análise qualitativa, para mostrar mais detalhadamente certos aspectos da tradução, e uma quantitativa, para endossar a primeira mostrando um âmbito geral das categorias de palavrões. Mostraremos, a seguir, nossas conclusões alcançadas a partir de uma análise referente aos dados totais de modalidades tradutórias de Barbosa, Nida e Baker respectivamente, e o número de vocábulos vulgares existentes no original, na tradução e em ambos. Nosso objetivo é comprovar as hipóteses elencadas no início deste trabalho.

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Gráfico 25: Procedimentos tradutórios de Barbosa no corpus

Dos procedimentos de Barbosa, os dois mais usados pelo tradutor foram equivalência, com 208 de 486 ocorrências de palavrão; e adaptação, com 120. Os menos usados foram melhoria e palavra-por-palavra, com 1 ocorrência cada. A categoria com os procedimentos mais diversificados foi palavrão-insulto, com 10 tipos, seguida por palavrão-exclamativo e palavrão idiomático, ambas com 8 tipos.

Gráfico 26: Equivalências de Nida no corpus

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Das equivalências de Nida, percebemos uma predominância de dinâmica, com 442 de 486 ocorrências. Já a formal teve apenas 44. O palavrão-exclamativo foi a categoria com a maior incidência de equivalência formal, contando com 20 de 92 ocorrências.

Gráfico 27: Universais de Baker no corpus

Dos universais de Baker, a ausência de universal foi o preponderante, com 347 de 486 ocorrências. O segundo maior foi a normalização, com 129 casos; enquanto que explicitação e simplificação tiveram apenas 9 e 3 casos respectivamente. A única categoria em que a ausência de universal foi hegemônica foi palavrão-maldição.

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Gráfico 28: Quantidade de palavrão no corpus

Em 262 ocorrências, o palavrão do original foi mantido na tradução – formando mais da metade do corpus. Os casos em que houve palavrão apenas no original e apenas na tradução consiste em 174 e 50 ocorrências, respectivamente. Ao todo, percebemos a existência de 748 palavrões, levando em conta tanto o material original quanto o traduzido.

Com as informações coletadas ao decorrer do trabalho, observamos que o tradutor pôde manter mais da metade (54%) do teor vulgar da obra original na tradução. Apesar de ter uma perda de palavrões (com 36% apenas em inglês), ele ainda conseguiu inserir vocabulário vulgar em casos em que o original não apresentava tais vocabulários (10%). Acreditamos que isso tenha ocorrido por conta da diferença linguística entre o inglês e o português, que em muitos momentos têm construções frasais divergentes, assim acarretando em usos de palavrão díspares. Como o procedimento mais usado de Barbosa foi a equivalência (40%), percebemos que o tradutor conseguiu transmitir a mesma ideia do original com um termo parecido – mesmo que tenha perdido o teor vulgar em certos momentos –, sem optar para a tradução literal. Contudo, os segundos maiores procedimentos foram adaptação (23%) e omissão (10%). Isso mostra que, em 33%, não foi possível manter um termo similar ao original, por conta da diferença entre as duas línguas. Assim, o tradutor optou por mudar o termo original de forma considerável ou simplesmente excluí-lo para maior naturalidade para o público brasileiro.

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Essa naturalidade pode ser comprovada pela predominância de equivalência dinâmica de Nida (91%). Como os palavrões têm suas peculiaridades em cada idioma, o tradutor optou por não seguir a forma e a estilística do original – o que tornaria a tradução artificial. Em poucos casos, foi possível manter essas características do original, o que fica claro com a porcentagem de equivalência formal (9%). A grande ausência de universais de Baker (71%) constata que o tradutor não agiu de forma inconsciente, mas pensou a respeito antes de fazer sua escolha terminológica de palavrões para uma melhor qualidade na tradução. O universal mais utilizado foi normalização (26%), o que reafirma que em alguns pontos não foi possível manter o teor vulgar do original. A partir desses dados, consideramos que a tradução do quadrinho Kick-Ass foi realizada com cuidado, pensando principalmente no público brasileiro. Em alguns casos, a opção de termos do tradutor poderia ter sido melhor – como em “puto depravado” que divergiu muito do original (“fucking stalker”) e causa estranhamento ao leitor brasileiro. Ainda assim, acreditamos ter sido uma tradução de qualidade. Em entrevista com o tradutor da obra (cf. apêncide A), Érico Assis explicou que seu maior desafio durante a tradução da obra foram justamente os palavrões. Ademais, descreveu alguns detalhes de como realizou o projeto, entre eles uma lista de opções tradutórias de palavrões em inglês, a fim de evitar repetições exageradas – apesar disso, ele afirma ter repetido certos vocabulários chulos seguindo a repetição do próprio original. Outro aspecto interessante é não houve restrição de palavras por parte do editor, portanto, Assis pôde usar uma variedade maior de termos – espelhando-se na diversidade mostrada na obra em inglês – sem amenizar termos por conta de algum tipo de censura. Afinal, pudemos observar que o tradutor oscilou entre manter, amenizar e agravar o teor vulgar do original de modo consciente, visando uma melhor tradução. Além disso, por mais que o tradutor não possuísse conhecimento a respeito da categorização de Midjord (2013), ele ainda levou em consideração o intento do vocabulário vulgar de acordo com o contexto. Por ser um trabalho de conclusão de curso e por conta do limite de tempo, não pudemos abranger outras áreas da oralidade presentes em Kick-Ass, como gírias, linguagem figurada e marcadores de discurso. Outro empecilho que tivemos foi a carência de material a respeito de tradução audiovisual – englobando mais do que

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legendagem e dublagem – e tradução de quadrinhos. Além disso, a área de palavrões é muito ampla e difusa, não possuindo uma vasta gama de estudos a respeito. Esperamos que este trabalho seja um incentivo para que outros pesquisadores aprofundem-se na área de tradução da linguagem oral nas histórias em quadrinhos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, É. A noção de fidelidade na tradução de histórias em quadrinhos. In: Anais das 3as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, 2015. No prelo. AULETE. Dicionário Online. Disponível em: . Acesso em: 15 de out. de 2015. BARBOSA, H. G. Procedimentos técnicos da tradução: uma nova proposta. 2ª ed. Campinas: Pontes, 2004. BARTOLOMÉ, A.; CABRERA, G. New trends in audiovisual translation: the latest challenging modes. Miscelánea, 2005, v. 31. CINTAS, J. D; ANDERMAN, G. Audiovisual translation: language transfer on screen. London: Palgrave Macmillan, 2009. DUTRA, D. I. Literatura de ficção-científica no cinema: a transposição para a mídia fílmica de A Máquina do Tempo de H. G. Wells. Dissertação (Mestrado em Letras) - Instituto de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2009. EISNER, W. Quadrinhos e arte seqüencial. São Paulo: Martins Fontes, 1999. ____. Narrativas gráficas. São Paulo: Devir, 2005. MARQUES SANTOS, M. T. Textos de divulgação científica e similaridades em suas traduções: existe essa relação? Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) – Instituto de Letras, Universidade de Brasília, Brasília, 2013. McCLOUD, S. Desvendando os quadrinhos. São Paulo: M. Books, 2005. MIDJORD, M. S. A study of the use and translation of swear words in English and Danish based on the criticism of the English subtitles in the Danish crime series The Killing (Forbrydelsen). Dissertação (Mestrado em Comunicação Empresarial Internacional com ênfase em tradução e interpretação). Institut for Erhvervskommunikation, Aarhus University, Aarhus, 2013. MILLAR, M; ROMITA JR, J. Kick-Ass. Salem: Icon, 2011. (História em quadrinho) MOYA, A. de. História da história em quadrinhos. São Paulo: L&PM, 1986. PRETI, D. A linguagem proibida: um estudo sobre a linguagem erótica. São Paulo: T. A. Queiroz, 1983. ____. A gíria e outros temas. São Paulo: T. A. Queiroz, 1984. ____. A língua falada e o diálogo literário. In: PRETI, D. Análise de textos orais. Humanitas Publicações FFLCH/USP: São Paulo, 1999. 4ª ed.

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SARDINHA, Tony Berber. Corpora eletrônicos na pesquisa em tradução. Cadernos de Tradução: tradução e corpora. Organização: Stella Ortweiler Tagnin. Santa Catarina: Núcleo de Tradução/NUT, 2002. ZANETTIN, F. Comics in translation: an overview. In: Comics in translation. Manchester: St. Jerome Publishing, 2008.

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APÊNDICE A – Entrevista com Érico Assis

Neste apêndice, há perguntas referentes à tradução de quadrinhos feitas a Érico Assis, tradutor de Kick-Ass, realizadas entre maio e outubro de 2015. Elas serviram como base para a análise do corpus. Nossas perguntas foram destacas em negrito, sendo seguidas por suas respectivas respostas.

Qual a sua formação? E sua carreira? Sou graduado em Jornalismo e em Publicidade e Propaganda. Trabalhei nas duas áreas como redator e também como professor universitário, depois de fazer Mestrado em Comunicação. Comecei a fazer traduções inglês-português para o mercado editorial em 2008 e não parei mais.

Sua principal profissão é ser tradutor? Se não, qual sua profissão? Atualmente, sim. Entre 2006 e 2013, minha profissão principal era professor universitário. Agora, sou tradutor e estudante (doutorando).

Você é contratado da Panini ou é freelancer? Free-lancer. Também colaboro com outas editoras, como Companhia das Letras, Marsupial, LeYa, Cosac & Naify... Tenho um portfólio das minhas traduções (desatualizado) aqui: http://ericoassis.com.br/tradutor

Quais foram os maiores desafios ao fazer a tradução de cada volume? Os palavrões, como parece que vocês identificaram. O primeiro volume eu traduzi ainda em início de carreira de tradutor. Já conhecia a obra em inglês e sabia da concentração de impropérios. Uma das primeiras coisas que eu fiz foi uma lista de palavrões em português, para não ficar me repetindo - literalmente para não traduzir "fuck" sempre do mesmo jeito. Recorri bastante a essa lista.

Como a tradução foi dividida entre você e o outro tradutor? Quais foram as vantagens e as desvantagens? E por qual motivo a divisão foi feita? É um padrão da Panini: o primeiro nome na tradução é o de quem é efetivamnte contratado como tradutor daquele projeto. O segundo nome é o do copidesque, que

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dá mais uma trabalhada no texto, segue o guia de estilo da editora, confirma se os personagens estão conforme seus nomes e linguajar em outras publicações da editora. (Obs.: eles não são revisores; também há revisores para cada projeto). Geralmente este copidesque também é o editor da publicação. Como o copidesque costuma influenciar bastante no texto, entendo que é praxe da Panini creditar ambos.

Você teve algum problema em relação ao limite de espaço (seja dos balões ou fora deles)? A atenção para que o texto não seja maior do que o balão é elementar na tradução de HQ. Mas não sou eu que efetivamente coloco os textos nos balões, isso fica a cargo do letreirista (ou letrista). Se o letrista tiver algum problema nesse sentido (inclusive do inverso: balões pouco preenchidos), ele conversa com o editor e eles mexem no texto. Mas nunca recebi solicitação de nenhum editor ou letreirista para aumentar ou diminuir texto por conta do tamanho do balão.

Qual o critério para a selecionar as gírias usadas na tradução? Houve preocupação com sua regionalização? Meus critérios são o leitor imaginado da obra - como vão entender - e a caracterização dos personagens - como eles vão soar em português. O primeiro critério é o mais importante, pois afeta o segundo. Os quadrinhos no Brasil tendem a adotar gírias paulistas, pois são produzidos por lá. Como eu sou um gaúcho que mora em Santa Catarina, tenho uma preocupação em não colocar gírias típicas do sul, que fazem parte do meu cotidiano. Às vezes fica difícil distinguir o que é próprio do sul e o que é próprio do sudeste, mas como leio e toda vida li bastante HQ em português, tenho alguma noção dos padrões que os paulistas seguem.

Houve algum guia a ser seguido de palavras que não podiam ser utilizadas? Não.

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Você percebe a diferença entre a tradução de quadrinhos e os outros tipos de traduções? Ô. Minha tese de doutorado é quase toda sobre isso. Vou publicar um artigo exatamente sobre especificidades da tradução de HQ em breve, e aí passo o link pra vocês. Como você fez para escolher palavrões “diferentes”, e.g. cabeça de pica/piça (cujo original é jizz-for-brains) e lambe-cu (cujo original é ass-wipe)? Hahaha. Bom, primeiro tenho que dizer que "diferente" não é invenção minha. Embora palavrões variem muito no português brasileiro de região para região, "cabeça de piça" e "lambe-cu" são impropérios que já ouvi. Da mesma forma, "jizz-for-brains" e "ass-wipe" são xingamentos não tão incomuns no inglês. Assim como na HQ original, basicamente só sou repetitivo nos xingamentos quando ela também é e não sou repetitivo quando ela não é. Acho que é o único "como" que eu teria como responder.

No nosso trabalho, usamos a teoria de uma estudiosa chamada Midjord, que classifica os palavrões de acordo com seu uso (palavrões que insultam alguém, palavrões que externam sentimentos e não são direcionados a alguém, entre outros). Você se ateve a essas particularidades dos palavrões ao traduzir ou foi uma tradução mais instintiva em relação a essas nuances? Não conheço a autora (gostaria de conhecer, aliás), mas entendi que a classificação começa por "fuck!" = externar um sentimento e "fuck you!" = insultar alguém. Seria isso? Nesse acaso, sim, estas particularidades são ditadas pelo contexto e importam na hora da tradução. Não diria que é instinto.

Qual é o papel do letrista na tradução de quadrinhos? Ele tem algum papel importante? Por conta de exigir habilidades distintas e também devido ao ritmo de produção editorial, o processo de tradução de histórias em quadrinhos costuma ser dividido entre um profissional tradutor e um profissional letreirista. O primeiro faz a adaptação do material linguístico do texto – exercício interpretativo e redacional similar à tradução de prosa e outras variantes de escrita. Já o letreirista é o responsável por aplicar as ocorrências verbais traduzidas à página – exercício interpretativo e técnico que, no contexto de mercado atual, exige domínio de softwares de edição de imagens.

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O letreirista (também creditado como “letrista”, “letras” ou “composição”) tem parcela de importância elevada no processo de tradução de histórias em quadrinhos. É este profissional que preserva a mancha gráfica, que atenta a questões tipográficas expressivas e como reproduzí-las na tradução, e que efetivamente aplica o material linguístico traduzido à página de HQ, tendo a partir daí condições de comparar/interpretar o processo completo de tradução.

Quais são as diferenças entre o papel do letrista e do tradutor? Esta divisão de trabalho implica em que o tradutor não tem visualização final ou aproximada do texto quadrinístico traduzido da forma como chegará ao leitor final – como teria, pelo menos de forma aproximada, na prosa. A adequação da quantidade de caracteres ao balão (especificidade 2) é aproximada, e é possível que editor ou letreirista façam adequações nas suas respectivas etapas de produção, diminuindo ou aumentando o número de palavras (ou optando por sinônimos de menos ou mais caracteres) de forma que se preserve a mancha gráfica interna a um balão ou recordatório.

Onde se encaixa o papel do letrista no processo de tradução dos quadrinhos da editora Panini? No caso da editora brasileira Panini, que publica grande volume de quadrinhos traduzidos, a tradução é dividida entre as etapas do tradutor propriamente dito e do letreirista (além de revisor e editor). A editora estabelece um padrão de entrega da tradução que consiste em numerar as ocorrências de material linguístico de uma página segundo sua ordem de leitura.

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APÊNDICE B – Tabela de ocorrências com análise

Para melhor compreensão dos palavrões de Kick-Ass, mostraremos todas as ocorrências desse tipo de vocábulo presentes no corpus em forma de tabela.

Página p. 8, v. 1

Tipo de balão Fala: herói armeno

Original

Tradução

Modalidades tradutórias

FUCK!!

MERDA!!

Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 10, v. 1

p. 11, v. 1

p. 12, v. 1

Fala: Bobby Escroto (capanga de John Genovese )

Narrador: Dave Lizewski

Fala: Katie Deauxma

YOU COST US MONEY, YOU LITTLE FUCK!

VOCÊ NOS SAIU CARO, SEU MERDINHA!

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

Kick in my bedroom door and you would probably have found me downloading my favorite television show or jerking off to my biology teacher.

Chute a porta do meu quarto e você vai me ver ou baixando um seriado de TV ou batendo uma pela minha professora de biologia.

Yes you did, you fucking1 stalker2.

Sabia, sim, seu puto1 depravado2.

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -1) Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão-insulto 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Adaptação 2: Modulação Nida: 1: Equivalência dinâmica

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2: Equivalência dinâmica

p. 12, v. 1

p. 12, v. 1

Fala: Katie Deauxma

Fala: Katie Deauxma

You watched my dad drop us off. The guy on the door said you’ve been hanging around for three goddamn hours.

Get the fuck away from me1, you loser2. And quit staring at me in class. You’re giving me the creeps.

Você viu meu pai deixar a gente aqui. O porteiro disse que você tá parado aí faz três horas.

Baker: 1: -2: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

Desgruda de mim1, mané2. E para de ficar me olhando na aula. Tô ficando com medo.

Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Modulação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 14, v. 1

p. 14, v. 1

Fala: Todd Haynes

Fala: Dave Lizewski

Galactus as a dust-cloud? C’mon, man. That costume’s a classic. People would have pissed themselves if they’d seen him on the Baxter Building in that big purple helmet. Yeah, pissed themselves laughing1. What works on the page doesn’t always work on the screen, asshole2. Case in point: Peter Parker’s webshooters.

Galactus é uma nuvem? Ah, para, meu. Aquela roupa é clássica. As pessoas iam se cagar de medo se vissem ele no Edifício Baxter de capacete roxo.

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica Baker: Explicitação

É, iam se cagar de rir1. O que funciona numa página nem sempre dá certo na tela, imbecil2. Por exemplo: os lançateias do Peter Parker.

1) Palavrão idiomático (2x) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Modulação 2: Adaptação Nida:

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1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 14, v. 1

Fala: Todd Haynes

What the fuck1 is this clown2 on, Dave? The webshooters would have worked in the movie.

Que porra1 que você2 bebeu, Dave? Os lançateias funcionariam no filme, sim.

Baker: 1: -2: -1) Palavrão exclamativo (2x) 2) Palavrão-insulto (orig) Barbosa: 1: Equivalência 2: Equivalência e melhoria Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 14, v. 1

p. 14, v. 1

p. 15, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Fala: Dave Lizewski

Fala: amigo de Dave

Oh, yeah. High school nerd develops miracle webs even scientists in real life can’t create. Go fuck yourself, Toddie. People would have walked out of the theater. Man, I still can’t believe how good Whedon’s X-men is. This stuff makes Buffy look like shit…

No, but it’s crazy. Some guys would just fuck you up. You can’t do stuff like that in real life.

Ah, claro. Nerd do ensino médio desenvolve teia milagrosa que nem cientistas da vida real conseguem. Vai se foder, Toddie. As pessoas iam sair do cinema.

Cara, não dá para acreditar em como é bom esse X-men do Whedon. Buffy é uma bosta perto disso aqui...

Não, mas é maluquice. Tem gente que ia te foder bonito. Não dá para fazer essas coisas no mundo real.

Baker: 1: -2: Explicitação Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

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p. 15, v. 1

Fala: Todd Haynes

Rock stars make millions of dollars. Superheroes get nothing1, jizz-forbrains2.

Astros de rock ganham milhões de dólares. Superheróis não ganham porra nenhuma1, cabeça de pica2.

1) Palavrão idiomático (trad) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Modulação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 15, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Jesus, man. Why do people want to be Paris Hilton and nobody wants to be SpiderMan?

Porra, cara. Por que todo mundo quer ser a Paris Hilton e ninguém quer ser o HomemAranha?

Baker: 1: -2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 16, v. 1

Fala: Todd Haynes

Man, I bet those girls just wanna fuck the shit out of us now.

Mano, aposto que aquelas ali agora tão morrendo de vontade de dar pra gente.

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica

p. 16, v. 1

p. 16, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

Why train for years to do a job you bitched about all day? Didn’t it make more sense to follow your dreams and maybe do a little good at the same time?

Pra que estudar anos por um emprego do qual você reclama o dia inteiro? Não faz mais sentido seguir seus sonhos e fazer algo de bom ao mesmo tempo?

I didn’t want to be a lawyer or a bank manager or a goddamn burger-flipper.

Eu não queria ser advogado, nem gerente de banco, nem chapeiro de lanchonete.

Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida:

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Equivalência dinâmica

p. 19, v. 1

Fala: Dave Lizewski

You are fucking1 awesome2.

Você tá foda2 pra caralho1.

Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (2x) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 21, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Fuck.

Caralho.

Baker: 1: -2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 21, v. 1

Fala: Dave Lizewski

What the hell is my opening line?

Qual é a minha frase de apresentação?

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 21, v. 1

Fala: pichador 1

What the fuck are you looking at?

Que é que cê tá olhando, porra?

Baker: Normalização Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica Baker:

105

p. 21, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Oh shit.

Merda.

-Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica

p. 21, v. 1

Fala: pichador 1

I said what the fuck are you lookin’ at1, asshole2?

Eu perguntei que é que cê tá olhando1, otário2!

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 21, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

I don’t know if it was the mask that gave me my balls, but the words just came tumbling out…

Não sei se foi a máscara que me deu colhões, mas as palavras acabaram saindo sozinhas...

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 22, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Three homos making a mess!

Três veadinhos se encrencando.

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 22, v. 1

Fala: pichador 1

What the fuck did he say?

Que foi que ele falou?

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida:

106

Equivalência dinâmica

p. 22, v. 1

Fala: pichador 2

Leave it, man. Motherfucker’s just high.

Desencana, cara. Esse filho da puta tá chapado.

Baker: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 22, v. 1

Fala: Dave Lizewski

I’m not high. Just pissed off1 with guys like you making this place even more of a shit-hole2.

Não tô, não. Só fico puto1 com caras como vocês, que deixam esse lugar ainda mais fodido2.

Baker: -1) Palavrão idiomático (2x) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 22, v. 1

Fala: pichador 1

Get the fuck outta my face, man.

Some da minha frente, mano.

Baker: 1: -2: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica

p. 22, v. 1

Fala: pichador 2

What the fuck?

Que porra é essa?

Baker: Normalização Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 23, v. 1

Fala: pichador 2

Get the fuck down!

Pro chão, seu puto!

Baker: -Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão-insulto

107

Barbosa: Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 24, v. 1

Fala: pichador 3

You fucking1 prick2!

Cuzão2 do caralho1!

Baker: -1) Palavrão intensificador (2x) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 24, v. 1

Fala: pichador 3

You little fucking1 faggot2!

Veado2 pau no cu1!

Baker: 1: -2: -1) Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão-insulto 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Adaptação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 24, v. 1

Fala: pichador 2

Get that goddamn mask off!

Tira essa porra dessa máscara!

Baker: 1: -2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

108

p. 24, v. 1

Fala: pichador 3

Who the hell1 are you, huh? What the fuck2 is your name?

De onde1 tu saiu, hein? Qualé o teu nome, caralho2?

1) Palavrão intensificador (orig) 2) Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: 1: Adaptação 2: Compensação e reconstrução de períodos Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 25, v. 1

Fala: pichador 1

Well, fucko1. You just got your ass kicked2…

Aí, veado1, a casa caiu2 pra ti...

Baker: 1: Normalização 2: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão idiomático (orig) Barbosa: 1: Adaptação 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 26, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Shit!

Merda!

Baker: 1: -2: Normalização Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 26, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Fuck!

Caralho!

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência

109

Nida: Equivalência dinâmica

p. 28, v. 1

Fala: mulher no volante

OH MY GOD!

AH, MEU DEUS!

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 29, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Two broken legs, my spine crushed, and dressed like a fucking1 pervert2.

Duas pernas quebradas, a espinha esmagada e vestido igual a um tarado2.

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Omissão 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 33, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

“Oh shit”, I thought to myself.

“Que merda”, pensei comigo mesmo.

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica

p. 33, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

“How the hell did I end up here?”

“Como é que eu vim parar aqui?”

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização

110

p. 32, v. 1

p. 33, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

And then I remembered getting the crap kicked out of me when I tried to stop those vandals.

And that big bastard of a car.

E aí me lembrei de ter tomado uma baita surra quando tentei deter aqueles vândalos.

Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

E daquele carro filho da puta.

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 34, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

I couldn’t move my toes. Christ1, I couldn’t even feel my legs. That fucking2 Mercedes had crippled me and…

Eu não conseguia mexer os dedos do pé. Cristo1, eu nem sentia minhas pernas. Aquela porra2 de Mercedes tinha me aleijado e-

Baker: -1) Palavrão exclamativo (2x) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Literal 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência formal 2: Equivalência dinâmica

p. 34, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Oh, God. Dad being there was the worst thing of all.

Ah, meu Deus. Meu pai estar lá era o pior.

Baker: 1: -2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica

p. 34, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

How the hell1 could I get out of this? How the fuck2 could I explain what I was doing in a superhero costume?

Como é que1 eu ia sair dessa? Como é que2 eu ia explicar o que eu tava fazendo numa roupa de superherói?

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão intensificador (orig) Barbosa: 1: Equivalência 2: Equivalência

111

Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 36, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

…I would never pull this shit again.

…nunca mais faria uma presepada dessas.

Baker: 1: Normalização 2: Normalização Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 37, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Fuck! What if I get reincarnated as something else?

Caralho! E se eu reencarnar de outro jeito?

Baker: Normalização Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 38, v. 1

p. 38, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

My biggest fear was coming back as something non-human. What if I became a spider? What if I was going to be eating flies and fucking other spiders in the next life? Oh, God! Please keep me human, and I will burn those stupid comics!

Meu maior medo era voltar como alguma coisa não humana. E se eu virasse uma aranha? E se ficasse comendo moscas e outras aranhas pelo resto da próxima vida? Oh, Deus! Por favor, me faça humano de novo e eu queimo todos aqueles gibis idiotas!

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 40, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Yeah, I’m still in a lot1 of pain, but a wise man counts his blessings. I take fourteen different pills a

É, eu ainda sinto dor pra cacete1, mas tenho que dar graças a Deus. Tomo catorze pílulas por dia,

Baker: -1) Palavrão intensificador (trad) 2) Palavrão exclamativo (2x)

112

day, but – fuck2 -I wasn’t letting those muggers put me in the ground.

p. 40, v. 1

Fala: Marty Eisenberg

Fuckin’ A1, John McClane. You are awesome2.

mas... porra2... eu não ia deixar os ladrões saírem na boa.

Barbosa: 1: Modulação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

Do caralho1, John McClane. Você é foda2.

Baker: 1: -2: -1) Palavrão idiomático (2x) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa: 1: Adaptação 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 40, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

That superhero shit1 just made me angry2 now...

Aquelas merdas1 de super-heróis agora só me deixavam puto2...

Baker: 1: -2: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa: 1: Literal 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência formal 2: Equivalência dinâmica

p. 40, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

…stupid1, adolescent crap2 that had snatched six months of my stupid3 fucking4 life.

…besteirada2 imbecil1 de adolescente, que tinha roubado seis meses da minha vidinha de bosta3.

Baker: 1: -2: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão idiomático (2x) 3) Palavrão-insulto (2x)

113

4) Palavrão intensificador (orig) Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação 3: Adaptação 4: Omissão Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica 4: Equivalência dinâmica

p. 40, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

One night I got so angry I had a bonfire in the garden, burning all my old comic books with my idiotic1 plans and secret2 costume designs.

Uma noite fiquei tão irritado, que fiz uma fogueira no jardim e queimei todos os meus gibis velhos, planos idiotas1 e desenhos de uniformes imbecis2.

Baker: 1: -2: -3: -4: Normalização 1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão-insulto (trad) Barbosa: 1: Literal 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência formal 2: Equivalência dinâmica

p. 40, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Fuck these guys! Fuck these comics! Fuck these stupid characters…

Fodam-se, esses caras. Fodam-se, gibis! Fodam-se, personagens imbecis...

Baker: 1: -2: -Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Equivalência e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 41, v. 1

Fala: Dave Lizewski

I will never do that shit again!

Nunca mais vou fazer essas merdas!

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal

114

Nida: Equivalência formal

p. 41, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

...but who was I kidding? The beast was friggin’ in me, man.

…mas a quem eu queria enganar? A fera tava dentro de mim, cara.

Baker: -Eufemismo (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 42, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

God1, why was I such a retard2?

Meu Deus1, por que eu sou tão retardado2?

Baker: Normalização 1) Palavrão exclamativo (2x) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência (aproximada) 2: Literal Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 42, v. 1

Fala: moça negra 1

Man, you oughta be fuckin’ ashamed of yo’self!

Cê devia ter vergonha, seu puto!

Baker: 1: -2: -Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão-insulto Barbosa: Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 43, v. 1

Fala: moça negra 1

Hangin’ ‘round here, flashin’ your dick to teenagers. That how you get off? Flashin’ your dick to passers-by?

Andando por aqui mostrando o pau pras adolescentes… É disso que tu gosta? De mostrar o pau pra quem tá passando?

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker:

115

p. 43, v. 1

Fala: moça negra 1

So what you doin’ wearin’ a skimask, you motherfuckin’1 lowlife2?

Então pra que essa máscara de esqui, seu vagabundo2 do cacete1?

-1) Palavrão intensificador (2x) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Adaptação 2: Modulação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 43, v. 1

Fala: moça negra 2

Man, we should cut this rapist’s balls off!

Cara, a gente devia cortar as bola desse estuprador!

Baker: 1: -2: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 43, v. 1

Fala: moça negra 3

Yeah! Let’s cut his balls off!

É isso aí! Vamo cortar as bola dele!

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 44, v. 1

Fala: moça negra 1

Oh, I bet you don’t, asshole!

Sei, sei… Aposto que não, safado!

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 44, v. 1

Fala: homem que apanha na rua

Shit!

Merda!

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

116

p. 45, v. 1

Fala: portoriquenho 1

Get the fuck outta here1, dude! This is none a’ your goddamn2 business!

Rapa fora daqui1, mermão! Isso não é da tua conta!

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão intensificador (orig) Barbosa: 1: Adaptação 2: Omissão Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 45, v. 1

Fala: portoriquenho 1

I said run, asshole.

Eu mandei sair fora, cuzão!

Baker: 1: Normalização 2: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 45, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Oh my god.

Ah, meu Deus.

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 46, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Was I brave or just stupid? I still can’t make up my mind.

Foi coragem ou só burrice? Ainda não me decidi.

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 46, v. 1

Fala: portoriquenho 2

What the fuck?

Que porra é essa?

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida:

117

Equivalência dinâmica

p. 46, v. 1

Fala: Dave Lizewski

GET THE HELL AWAY FROM HIM!

SAI DE CIMA DELE!

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica

p. 48, v. 1

Fala: espectad or da luta 1

There’s a guy dressed like a superhero fighting Puerto Ricans outside! It’s fucking1 awesome2!

Tem um cara vestido de superherói brigando com os porto-riquenhos lá do outro lado! Tá muito1 do caralho2!

Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 51, v. 1

Fala: espectad or da luta 2

Jesus Christ.

Jesus Cristo.

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 51, v. 1

Fala: portoriquenho 2

Motherfucker1! I’m gonna kick your ass2...

Filho da puta1! Eu vou te detonar2…

Baker: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão idiomático (orig) Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

118

p. 51, v. 1

Fala: portoriquenho 3

Hey! Where the hell are you goin’?

Ô! Pra onde cê tá indo, porra?

Baker: 1: -2: Normalização Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 51, v. 1

Fala: portoriquenho 1

You kiddin’ me? This guy’s fuckin’1 nuts2!

Tá me zoando? Esse cara é doido2!

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Omissão 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 51, v. 1

Fala: portoriquenho 2

ASSHOLE!!

CUZÃO!!

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 52, v. 1

Fala: outro espectad or da luta 4

Dude, that was friggin’1 amazing2!

Meu, foi muito1 do caralho2!

Baker: -1) Eufemismo (orig) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação Nida:

119

1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 56, v. 1

Fala: homem no escritório

This is fucking1 great2. Is he really wearing a superhero costume?

Que ducaralho2. Ele tá mesmo usando roupa de super-herói?

Baker: 1: Normalização 2: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa: 1: Omissão 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 58, v. 1

Fala: John Genovese

Oh, Jesus.

Ah, meu Deus.

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 59, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Sure, I’d been beaten to shit again, but as far as people knew, it was just another mugging.

Claro, eu tinha levado uma puta surra outra vez, mas, pro resto do mundo, tinha sido outro assalto.

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 59, v. 1

Fala: Dave Lizewski

You see that site where Bin Laden said he wouldn’t touch us, now that we’ve got this bad-ass?

Viu aquele site que diz que o Bin Laden ia se esconder agora que a gente tem um cara fodão assim?

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

120

p. 60, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

What the fuck? Mrs. Zane had called me Katie’s boyfriend, and she didn’t even argue.

Como é que é? A dona Zane me chama de namorado da Katie e ela nem reclama?

Palavrão exclamativo (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 60, v. 1

Fala: Marty Eisenberg

Oh, hell1, no. Why would the hottest girl in class have a thing for a dork2 like you? No offense, Dave, but you are not a good-looking man.

Ah, que nada1. Por que a menina mais gostosa da classe iria querer um babaca2 que nem você? Sem querer ofender, Dave, mas você não é bonito.

Baker: Normalização 1) Palavrão exclamativo (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Adaptação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 60, v. 1

p. 61, v. 1

p. 61, v. 1

Fala: Marty Eisenberg

Fala: Marty Eisenberg

Fala: Dave Lizewski

Well, I didn’t want to bring this up. It’s really kind of awkward…but rumor is you got mugged twice ‘coz you been pimping your ass in The Village, dude.

Bom, eu não queria falar. É, tipo assim, o maior mico... mas o que dizem é que você foi assaltado duas vezes porque tem rodado bolsinha no Village, cara.

Fuck, no. It’s all over the school. But the girls are being really cool about it. Especially Katie. You know how her mom runs that shelter for women who’ve been abused? Oh God1. Oh Jesus2. So the only reason she’s even talking to me is...

Nem a pau. A escola inteira sabe. Mas as meninas levam na boa. Principalmente a Katie. Cê tá ligado que a mãe dela tem aquele abrigo pra mulheres violentadas, né? Ah, meu Deus1. Então, o único motivo pelo qual ela fala comigo é--

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão exclamativo (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: -1) Palavrão exclamativo (2x) 2) Palavrão exclamativo (orig) Barbosa:

121

1: Equivalência (aproximada) 2: Omissão Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 61, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Fuck you! Don’t even go there!

Vai se foder! Cala a boca!

Baker: 1: -2: Simplificação Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica

p. 61, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Suddenly, it all made sense. Why would the hottest girl in school be interested in a goofy2 clown1 like me?

De repente, tudo fez sentido. Por que a menina mais gostosa da escola se interessaria por um palhaço1 babaca2 que nem eu?

Baker: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão-insulto (trad) Barbosa: 1: Literal 2: Modulação Nida: 1: Equivalência formal 2: Equivalência dinâmica

p. 62, v. 1

p. 62, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

I was her sexually non-threatening male companion. The guy she could talk to about clothes, boys and all those boringass reality shows.

Isn’t that pathetic?

Eu era o amigo sexualmente inofensivo. O cara com quem ela podia conversar sobre roupas, garotos e reality shows chatos pra caralho.

Patético, né?

Baker: 1: -2: -Orig: Palavrão-insulto Trad: Palavrão intensificador Barbosa: Explicitação Nida: Equivalência dinâmica Baker: Explicitação Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal

122

Nida: Equivalência formal

p. 62, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Had I no fucking dignity?

Minha dignidade foi pras picas.

Baker: -Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão idiomático Barbosa: Adaptação e transposição Nida: Equivalência dinâmica

p. 63, v. 1

p. 65, v. 1

Fala: James Lizewski

Fala: Dave Lizewski

Damn right I’m serious. We already had one big scare and we are not going through that again.

Shit.

Pode crer que é sério. Já tivemos um susto grande e não vamos passar por isso de novo.

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

Merda.

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 64, v. 1

Fala: Dave Lizewski

These things are really far apart.

O bagulho é longe pra caralho.

Baker: -Palavrão intensificador (trad) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 65, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Fuck this. I’m walking.

Foda-se. Vou andando.

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência

123

Nida: Equivalência dinâmica

p. 66, v. 1

Fala: menina no carro

WE LOVE YOU, YOU CRAZY MOTHERFUCKER!

A GENTE TE AMA, MALUCO!

Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 67, v. 1

Fala: seguranç a do Eddie Lomas

What the fuck are you supposed to be?

Daonde foi que cê saiu?

Baker: Normalização e simplificação Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 67, v. 1

Fala: seguranç a do Eddie Lomas

No, bitch1. I’m his cousin Marv. Eddie’s inside playing Spyro right now. C’mon in so he can see the scuba-suit. Motherfucker’s2 gonna laugh his ass off3.

Não, viadinho1. Sou Marv, o primo dele. O Eddie tá lá dentro, jogando Spyro. Entra pra ele ver essa roupa de mergulho. O puto2 vai se cagar de tanto rir3.

Baker: Normalização 1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão-insulto (2x) 3) Palavrão idiomático (2x) Barbosa: 1: Adaptação 2: Adaptação 3: Modulação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica

p. 68, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

This wasn’t going good. Why the hell didn’t I stop to think he might not be alone in there?

A coisa não tava indo bem. Porque eu não parei pra pensar que ele não estaria sozinho lá dentro?

Baker: 1: -2: -3: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência

124

Nida: Equivalência dinâmica

p. 68, v. 1

Fala: capangad o Eddie Lomas 1

Hell, dude. Trick or treat’s still six months away.

Pô, mano. Ainda falta seis mês pro gostosura ou travessura.

Baker: Normalização Palavrão exclamativo (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 68, v. 1

Fala: namorada do Eddie Lomas

I’m Eddie. Can’t you see from my nice big tits?

Eu. Não viu pelas minhas tetonas?

Baker: Normalização Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 68, v. 1

Fala: Eddie Lomas

Shut the fuck up, Maya.

Cala a boca, Maya.

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 69, v. 1

Fala: Eddie Lomas

You threatening me, dick?

Tá me ameaçando, palito?

Baker: Normalização Palavrão-insulto (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 69, v. 1

Fala: Eddie Lomas

The fuck you gonna do about it?

Que é que tu vai fazer?

Baker: Normalização Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização e simplificação

125

p. 69, v. 1

Fala: capanga do Eddie Lomas 2

Man, you shittin’ yourself now, huh?

Tá se borrando agora, hein, mano?

Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica

p. 70, v. 1

Fala: Eddie Lomas

You walk in here like you’re John fuckin’1 Wayne tellin’ me what to do? Well, fuck you2, prick3! I can call, talk to or fuck4 that bitch5 anytime I like!

Tu entra aqui se achando o John Wayne pra me dizer o que fazer? Bom, vai te foder2, cuzão3! Eu vou ligar, falar ou comer4 aquela vaca5 quando eu quiser!

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-maldição (2x) 3) Palavrão-insulto (2x) 4) Palavrão idiomático (2x) 5) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Omissão 2: Equivalência (aproximada) 3: Equivalência 4: Equivalência 5: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica 4: Equivalência dinâmica 5: Equivalência dinâmica

p. 70, v. 1

Fala: Dave Lizewski

...or I break your fuckin’ legs.

…ou eu quebro as tuas pernas.

Baker: 1: Normalização 2: -3: -4: -5: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

126

p. 71, v. 1

Fala: capanga do Eddie Lomas 1

What the fuck?

Que porra é essa?

Baker: Normalização Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 71, v. 1

Fala: Eddie Lomas

Son of a bitch just peppered me!

O filho da puta me jogou pimenta!

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 71, v. 1

Fala: seguranç a do Eddie Lomas

Kick his ass!

Detona ele!

Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 72, v. 1

Fala: Eddie Lomas

You are so fucking1 dead for this, faggot2…

Tu tá muito fudido1, boiola2…

Baker: Normalização 1) Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão idiomático 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Adaptação e transposição 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica Baker: 1: -2: --

127

p. 74, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Oh my God.

Meu Deus.

Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica

p. 76, v. 1

Fala: Mindy McCready

Okay, you cunts. Let’s see what you can do.

Tá legal, cuzões. Vamos ver qual é a de vocês.

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 78, v. 1

Fala: seguranç a do Eddie Lomas

JESUS H. CHRIST!

PUTA QUE PARIU!

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 79, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

She handled those knives like a fucking surgeon.

Manuseava aquelas facas que nem um cirurgião.

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 81, v. 1

Fala: Mindy McCready

Where the hell1 are you going, asshole2? Off to phone your lawyer? Hoping someone cares about your underprivileged childhood?

Aonde1 você tá indo, medíocre2? Ligar pro seu advogado? Acha que alguém tá ligando pra sua infância pobre?

Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

128

p. 81, v. 1

Fala: Mindy McCready

Well, bad news, you sorry sack of shit…

Más notícias, ô monte de bosta…

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica

p. 82, v. 1

Fala: Dave Lizewski

What the fuck?

Que porra é essa?

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 82, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Get back! Get the hell away from me!

Sai pra lá! Sai de perto de mim!

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 83, v. 1

Fala: Mindy McCready

Are you insane? Get the fuck outta here before the cops show up!

Tá maluco? Cai fora daqui antes que a polícia apareça!

Baker: Normalização Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 85, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Who the hell are you people?

Quem são vocês, pô?

Baker: Normalização Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 86, v. 1

Fala: Damon McCready

Fuck off.

Some daqui.

Baker: Normalização Palavrão idiomático (orig)

129

Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 87, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

...and I was just a prick in a Halloween costume.

…e eu era só um babaca numa fantasia de Halloween.

Baker: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 87, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

A prick with a problem.

Um babaca com problemas.

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 87, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

What if she thought this was how I solved people’s problems? Fuck!

E se ela achasse que era assim que eu resolvia os problemas dos outros? Porra!

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 88, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

I’d be one of those skinny bitches1 Mafia guys trade for cigarettes. Little, pretty blondie with the sweet, sweet mouth… Oh, Christ2…

Eu ia ser um daqueles magrelos1 que os mafiosos trocam por cigarros. Loirinho bonitinho da boca docinha. Ai, Jesus2...

Baker: -1) Palavrão-insulto (orig) 2) Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica Baker: 1: Normalização 2: --

130

p. 88, v. 1

Fala: Dave Lizewski

DON’T SEND ME TO JAIL, GOD!

NÃO ME MANDA PRA CADEIA, DEUS!

Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 88, v. 1

Fala: Dave Lizewski

I PROMISE YOU I’LL STOP THIS SHIT FOR GOOD!!

PROMETO QUE PARO COM ESSA MERDA PRA SEMPRE!

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 88, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Oh fuck, oh fuck, oh fuck...

Merda, merda, merda…

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 89, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

It was twenty-four hours before the killings went public. Twentyfour very long fucking hours...

Faltavam 24 horas pra matança virar notícia. Vinte e quatro horas longas pra caralho...

Baker: -Palavrão intensificador (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 89, v. 1

Fala: exnamorada do Eddie Lomas

Hell1, no need to lie to me, Kickass. World’s a better place without that asshole2.

Porra1, não precisa mentir pra mim, Kick-Ass. O mundo tá melhor sem aquele canalha2.

Baker: -1) Palavrão exclamativo (2x) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Adaptação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica Baker:

131

p. 90, v. 1

p. 90, v. 1

p. 90, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

“Our little secret”? Oh man. That was the last straw. This Kickass shit was ending there and then.

I couldn’t get the corpses out of my mind. All those gouged eyes and broken teeth and twisted fucking limbs.

It was completely fucking insane and there seemed to be dozens of them…

“Nosso segredinho”? Ah, cara. Essa foi a gota d’água. Essa merda de Kick-Ass tinha que acabar agora.

Eu não conseguia tirar os cadáveres da cabeça. Os olhos arrancados e os dentes e os membros todos contorcidos.

Era absurdamente insano e parecia haver dezenas deles…

1: -2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 91, v. 1

Fala: Katie Deauxma

By looking in the mirror, I mean? Is that enough to give a gay man an erection?

Tipo, se olhando no espelho? Isso já deixa um gay de pau duro?

Baker: Normalização Palavrão idiomático (trad) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 92, v. 1

Fala: Marty Eisenberg

Still pretending you’re a fag1 to nail2 Katie Deauxma?

Ainda se fingindo de bicha1 pra pegar2 a Katie Deauxma?

Baker: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão idiomático (orig) Barbosa: 1: Equivalência 2: Modulação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

132

p. 92, v. 1

Fala: Dave Lizewski

I’m not being a fag. I’m being metrosexual.

Eu não me faço de bicha, e sim de metrossexual.

Baker: 1: -2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 92, v. 1

Fala: Todd Haynes

Metrosexual? Only a fag would know what that means.

Metrossexual? Só bicha pra saber o que isso quer dizer.

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 92, v. 1

p. 92, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

Fuck you, Marty. All good couples have a funny story about how they got together. This is something we can tell our grandchildren about.

That costume was going in the closet, man. This was “Kick-Ass no fucking more.”

Vai se foder, Marty. Todo casal de verdade tem uma história boba sobre como ficaram juntos. A gente pode contar isso pros nossos netos.

Aquele uniforme ia pro armário, cara. “Kick-Ass nunca mais”.

Baker: -Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 94, v. 1

Fala: John Genovese

Shit.

Merda.

Baker: Normalização Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: --

133

p. 94, v. 1

Fala: John Genovese

So how many do these pricks take us up to?

E com esses aí, agora são quantos?

Palavrão-insulto (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 95, v. 1

p. 95, v. 1

Fala: John Genovese

Fala: John Genovese

Nobody sees that. You understand? We’ll be a fucking laughingstock if people find out we’re being picked apart by a couple of clowns in superhero costumes. Who are these people? Why the fuck are they targeting me like this?

Não mostra isso pra ninguém. Tá entendido? Vamos ser a piada do ano se alguém descobrir que estamos sendo detonados por dois palhaços com roupa de superherói. Quem é essa gente? Por que me escolheram pra Cristo, porra?

Baker: Normalização Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 95, v. 1

p. 96, v. 1

Fala: Vic Gigante

Fala: John Genovese

Nah, he’s just some asshole. Said on his website he’s hanging up his mask and going back to school, anyway.

Fuck.

Não, é só outro babaca. Ainda disse no website que vai pendurar a máscara e voltar pro colégio.

Caralho.

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

134

p. 96, v. 1

Fala: John Genovese

I am done fucking around1 with these pricks2. I want two bullets in their skulls and those skulls delivered to my office. You hear me?

Cansei de brincar1 com esses putos2. Quero uma bala em cada crânio e os crânios na minha mesa. Ouviu?

1) Palavrão idiomático (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Modulação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 96, v. 1

Fala: John Genovese

I want a fucking plan put together!

Quero uma porra de um plano bem amarrado!

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 96, v. 1

Fala: John Genovese

Where the hell is Cheadle, anyway?

Aliás, cadê o Cheadle?

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 97, v. 1

Fala: Cheadle

...you ain’t gonna fuck me over here, are ya?

…vocês não vão me foder, né?

Baker: Normalização Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 98, v. 1

Fala: Cheadle

Aw, man, no way-come on! I got you what you wanted, don’t fuck around, man!

Ah, meu, não… Qualé? Eu entreguei o que vocês queriam, não me fode!

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

135

p. 98, v. 1

Fala: Cheadle

I got--I got shit on everybody, man!

Eu sei... eu sei de tudo, cara!

Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 99, v. 1

Fala: Cheadle

Aw, fuck! Fuck! You an’ your little-

Ah, vai se foder! E tu também, sua--

Baker: Normalização Orig: Palavrão exclamativo Trad: Palavrãomaldição Barbosa: Adaptação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 100, v. 1

Fala: Mindy McCready

Wotta fuckin’1 douche2.

Mas que otário2.

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Omissão 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 102, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Remember those assholes I told you I’d inspired? The ones who dressed up on MySpace and formed their imaginary super teams?

Se lembra daqueles imbecis que eu disse que tinha inspirado? Os que se fantasiavam no MySpace e montavam suas super-equipes imaginárias?

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

136

p. 102, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Well, one of them went public and was really fucking me off.

Bom, um deles veio a público e tava acabando comigo.

Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 103, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

The cops loved him, the media loved him and even the bloggers were kissing his ass.

A polícia o adorava, a mídia o adorava e até os blogueiros pagavam pau pra ele.

Baker: Normalização Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica

p. 103, v. 1

p. 104, v. 1

p. 104, v. 1

p. 104, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Fala: Dave Lizewski

Fala: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

Six weeks ago I was Heroes Season One. Now, as far as the ‘net was concerned, I was Season fucking Two.

Actually, it’s the most stupid thing I ever saw. Red Mist is greater than Kick-Ass? What age are you, man? Ten?

Look, I don’t have time for this bullshit. Just give me my She-Hulk and Nova, please. I gotta get back to class.

The obvious answer was yes, but why was he such an attention-whore when they worked undercover?

Seis semanas atrás eu era a primeira temporada de Heroes. Agora, segundo a internet, eu era a maldita segunda temporada.

É a coisa mais imbecil que eu já vi. Red Mist melhor que o Kick-Ass? Quantos anos você tem, cara? Dez?

Olha, eu não tenho tempo pra essa merda. Me dá minha Mulher-Hulk e meu Nova, por favor. Tenho que voltar pra aula.

A resposta óbvia era sim, mas por que ele era tão maníaco por atenção se os outros dois ficavam na moita?

Baker: -Palavrão intensificador (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Equivalência Nida:

137

Equivalência dinâmica

p. 104, v. 1

p. 105, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Fala: mulher no beco com namorado

But New York had been so safe since Giuliani. Why couldn’t I have been around in the shit-heap era?

Get the fuck outta here!

Mas Nova York estava tão segura desde o Giuliani... Por que eu não peguei aquela época fodida?

Cai fora daqui!

Baker: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 106, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

But I was such an ugly fucking mess. How else was I going to get close to a girl like this?

Mas eu era uma coisa tão feia... De que outro jeito eu ia chegar perto de uma mina como essa?

Baker: Normalização Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 106, v. 1

p. 107, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

But honesty is rarely the best policy, believe me. Honesty would mean telling her right there and then I had a seven-inch boner pressed against her shoulder. My private life was turning to shit again and Red Mist had totally replaced my alter ego.

Mas sinceridade raramente é a melhor saída, vai por mim. Sinceridade seria dizer que, naquele momento, o ombro dela tava apertando dezoito centímetros de pau duro. Minha vida particular tava indo pro ralo de novo e o Red Mist tinha tomado o lugar do meu alter ego.

Baker: Normalização Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização

138

p. 107, v. 1

Fala: Dave Lizewski

You crazy1 bitch2! I did that months ago!

Vaca2 imbecil1! Eu fiz isso meses atrás!

1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Adaptação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 107, v. 1

Fala: Dave Lizewski

E-mail Red Mist if you’ve got a problem, huh? Well, I’ve got a fucking problem…

Mande um e-mail pro Red Mist se tiver problemas, né? Bom, eu tenho um problemão...

Baker: 1: -2: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 108, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Where the hell1 do you get off saying you made up that web-page shit2?

Que papo é1 esse de dizer que inventou o lance2 da página na internet?

Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (orig) Barbosa: 1: Adaptação 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 108, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Oh, Jesus1. Listen, you would not believe how much they misquoted me, man. I actually name-checked the hell out of you2 to those reporters.

Ai, Jesus1. Olha, cê não ia acreditar no quanto distorcem minhas declarações, cara. Falei de você até não poder mais2 pra tudo que é repórter.

Baker: 1: Normalização 2: Normalização 1) Palavrão exclamativo (2x) 2) Palavrão idiomático (orig) Barbosa: 1: Literal 2: Adaptação Nida:

139

1: Equivalência formal 2: Equivalência dinâmica

p. 108, v. 1

p. 109, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Fala: Dave Lizewski

Seriously. This whole superhero thing’s been bubbling away for years, but you were the first to get out there and have the balls to do it, man.

Holy shit! Is this for real?

Baker: 1: -2: Normalização Palavrão idiomático (2x)

É sério. Essa coisa de super-herói tá borbulhando faz anos, mas você foi o primeiro a ter colhões pra ir lá e fazer alguma coisa, meu.

Nida: Equivalência dinâmica

Caralho! É de verdade?

Baker: -Palavrão exclamativo (2x)

Barbosa: Equivalência

Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 110, v. 1

Fala: Dave Lizewski

It’s fucking1 awesome2.

Muito1 foda2.

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 110, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Sorry about all the comics and stuff. I really need to clean this shit out one of these days. You smoke?

Desculpa pelos gibis e pela bagunça. Preciso limpar esta merda um dia desses. Fuma?

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: --

140

p. 110, v. 1

Fala: Dave Lizewski

I gotta say...you’re not what I expected. How the hell1 did you bust that big2 mob operation?

Vou te falar… você não é o que eu esperava. Como1 deu conta daquela puta2 transação da máfia?

1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão intensificador (trad) Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 110, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

The Russian guys? Oh, my cousin was dating one of their captains and he used to get high and tell me shit.

Os russos? Ah, minha prima tava namorando um dos capitães e ele me dava a ficha quando ficava chapado.

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Modulação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 110, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

After a few busts he shut the fuck up, but that was all I needed to make a name for myself.

Depois de umas prisões, ele calou a boca, mas bastou pra eu fazer meu nome.

Baker: Normalização Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 110, v. 1

Fala: Dave Lizewski

So you didn’t kick their asses like it said on TV?

Então você não deu um cacete neles como disseram na tevê?

Baker: Normalização Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica

p. 110, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Hell1, no. You seen the size of those motherfuckers2?

Putz1, não! Já viu o tamanho daqueles filhos da puta2?

Baker: -1) Palavrão exclamativo (orig) 2) Palavrão-insulto (2x)

141

Barbosa: 1: Adaptação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 111, v. 1

p. 111, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

That’s when I realized. That’s when I knew this guy had nothing to do with Big Daddy and HitGirl and all that crazy shit that went down.

Foi aí que eu percebi. Foi quando eu soube que esse cara não tinha nada a ver com Big Daddy, Hit-Girl e toda aquela merda que aconteceu.

He was an asshole. Just like me...

Ele era outro babaca. Igualzinho a mim...

Baker: 1: -2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 111, v. 1

p. 112, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Fala: Christoph er Genovese

It wasn’t because they felt a little less stupid hanging out with other people in masks and capes.

Skanky babes at three o’clock, dude…

Não era porque eles se sentiam menos idiotas andando com outras pessoas de máscara e capa.

Vagabas às três horas, cara…

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 112, v. 1

Fala: Dave Lizewski

This is fucking1 great2.

Isso é muito1 do caralho2!

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa:

142

1: Equivalência 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 112, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

What the fuck--?

Que porra é essa?

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 114, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Shit. What are we gonna do? We don’t have training for this kinda stuff!

Merda. O que é que a gente faz? A gente não treinou pra esse tipo de coisa.

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 115, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Shit1. I must be out of my fucking2 mind.

Merda1. Eu devo ter perdido o juízo.

Baker: -1) Palavrão exclamativo (2x) 2) Palavrão intensificador (orig) Barbosa: 1: Literal 2: Omissão Nida: 1: Equivalência formal 2: Equivalência dinâmica

p. 116, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Fuck!

Caralho!

Baker: 1: -2: Normalização Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

143

p. 117, v. 1

Fala: Dave Lizewski

I don’t friggin’ believe this.

Eu não acredito nisso.

Baker: -Eufemismo (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 118, v. 1

Fala: Dave Lizewski

It’s a kitten, dude. Look! Charlie’s a fucking1 kitten! That lady must be retarded2 or something!

É um gato, cara. Olha! O Charlie é um gatinho! A mulher deve ser retardada2 ou coisa assim!

Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Omissão 2: Literal Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência formal

p. 118, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Shit! What do we do now?

Merda! E agora?

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 118, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

OH FUCK!

CARALHO!

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 119, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Oh God. My back.

Ai, Deus. Minhas costas.

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada)

144

Nida: Equivalência dinâmica

p. 119, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

We’re going to fucking die here, man…

A gente vai morrer aqui, cara…

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 119, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

The door’s blocked...the window’s boarded shut...we’re gonna fucking1 die and all for a stupid2 cat.

A porta tá bloqueada, a janela não abre... A gente vai morrer por causa dum puto2 dum gato.

Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Omissão 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 120, v. 1

Fala: bombeiro

Get these idiots outta here!

Tira esses babacas daqui!

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 121, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Everyone had goosebumps and people were in fucking tears.

Todo mundo ficou arrepiado e tinha gente chorando.

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 121, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Of course, we promised the cops we’d quit this shit, but it

Claro que a gente prometeu pra polícia que ia desistir de tudo,

Baker: Normalização Palavrão-insulto (orig) Barbosa: Adaptação

145

was way too late to get sensible now.

p. 121, v. 1

p. 122, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Fala: John Genovese

How the hell could I have even considered throwing away the best thing that ever happened to me?

I know. I’m fucking watching it…

mas era tarde demais pra ser sensato.

Como é que eu ia pensar em jogar fora a melhor coisa que já aconteceu comigo?

Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

Eu sei. Tô vendo, cacete…

Baker: Normalização Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 122, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

I still can’t believe how much we screwed it all up.

Ainda não acredito que a gente conseguiu foder tudo.

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 122, v. 1

Fala: Mindy McCready

So you saved a fucking cat? Big deal!

Então você salvou um gatinho? Bela merda!

Baker: -Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão-insulto Barbosa: Compensação Nida: Equivalência dinâmica

p. 122, v. 1

Fala: Dave Lizewski

What the hell?

Que porra é essa?

Baker: -Palavrão exclamativo (2x)

146

Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 127, v. 1

p. 127, v. 1

Fala: Damon McCready

Fala: Mindy McCready

Aw, the kevlar’s crying more than you are, baby. Besides, now you know what it feels like, you won’t be scared when some scrawny junkie asshole pulls a forty-five.

Knife in the nuts?

Ah, o kevlar tá chorando mais do que você, querida. Além do mais, agora você sabe como é e não vai ficar com medo quando um chapado de merda te puxar uma .45.

Faca nas bolas?

Baker: -Orig: Palavrão-insulto Trad: Palavrão intensificador Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 128, v. 1

Fala: Damon McCready

HIT IT, BABY! HIT THIS BAG OF SHIT1 LIKE IT’S MICHAEL FUCKING2 MOORE!

ISSO, MENINA! CHUTA COMO SE FOSSE O PUTO2 DO MICHAEL MOORE!

Baker: -1) Palavrão-insulto (orig) 2) Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão-insulto Barbosa: 1: Omissão 2: Compensação e transposição Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 132, v. 1

Fala: Mindy McCready

A fucked-up1 prick2 who will march for the right to murder babies…

Um cuzão1 imbecil2 que faz marchas pelo direito de

Baker: 1: Normalização 2: -1) Orig: Palavrão idiomático Trad: Palavrão-insulto

147

assassinar bebês...

2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Adaptação 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 135, v. 1

Fala: Damon McCready

You done screaming, motherfucker1? ‘Cause nobody’s going to hear you. That lady next door is deaf as shit2 and dear old Dad is out on a date.

Quer parar de gritar, seu porra1? Porque ninguém vai te ouvir. A vizinha é surda como uma porta2 e seu pai saiu prum encontro.

Baker: 1: -2: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão idiomático (orig) Barbosa: 1: Adaptação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 135, v. 1

p. 135, v. 1

p. 136, v. 1

Fala: Mindy McCready

Fala: Dave Lizewski

Fala: Damon McCready

Well, I guess he was lying, KickAsshole. Because he’s out on a date with some woman he met online.

Look, why the fuck are we even talking about this? Who are you people? How do you know where I live?

Tell him who we are, Hit-Girl. Give

Bom, acho que ele mentiu, Kick-Asno. Porque ele saiu pra encontrar uma mulher que conheceu na internet.

Olha, por que a gente tá falando disso? Quem são vocês? Como sabem onde eu moro?

Baker: 1: -2: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

Diga a ele quem somos, Hit-Girl. Conte nossa

Baker: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa:

148

this clown our secret origin.

origem secreta pro palhaço.

Literal Nida: Equivalência formal

p. 136, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Ex-cop? I knew he would be something cool. This guy was Frank fucking Castle.

Ex-policial? Eu sabia que era algo maneiro. Era o Frank Castle, porra.

Baker: -Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 136, v. 1

Fala: Dave Lizewski

No way1. I’m not going to kill anybody. I’m supposed to be a fucking2 superhero.

Nem a pau1. Eu não vou matar ninguém. Sou um super-herói, porra2!

Baker: -1) Palavrão idiomático (orig) 2) Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: 1: Equivalência 2: Compensação e reconstrução de períodos Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 136, v. 1

Fala: Mindy McCready

Oh, kiss my ass. What is this? The Silver Age?

Ah, vai se foder. Qualé? Tá na Era de Prata?

Baker: 1: -2: -Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

149

p. 137, v. 1

p. 137, v. 1

p. 137, v. 1

Fala: Mindy McCready

Fala: Damon McCready

Fala: Dave Lizewski

I’m afraid we forgot our magic fucking hypnoring that turns bad guys into good guys.

Besides, you ain’t exactly in a position to negotiate here, kid. You either join our team and cover our asses or that secret identity of yours goes all over the internet. Oh fuck.

Desculpe se esquecemos seu anel hipnótico do caralho mágico que transforma os bandidos em mocinhos.

Além disso, você não está em posição de negociar, garoto. Ou se junta à nossa equipe e nos dá cobertura, ou essa sua identidade secreta vai parar na internet. Fodeu.

Palavrão intensificador (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Transposição Nida: Equivalência dinâmica

p. 137, v. 1

p. 138, v. 1

p. 138, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

Fala: Todd Haynes

One side of my brain just wanted to cry, but the other was having a multiple nerdgasm. This was the shit I’d been dreaming about…

Um lado do meu cérebro queria chorar, mas o outro estava tendo orgasmos nerds múltiplos. Essa merda toda era meu sonho.

My life had literally turned into a comic book since Red Mist and I teamed up. School just seemed boring as shit. Even with Mrs. Zane’s new low-cut top.

Minha vida tinha literalmente se transformado num gibi desde que me juntei ao Red Mist. A escola parecia cada vez mais chata. Mesmo com o decote novo da dona Zane.

As in your cock1 and your balls2. Toddie said all the best ones have a “U” and a “K” and we thought this

Teu pau1 e tuas bolas2. Todd disse que os melhores sempre têm um “O” e um “T” e achamos que esse

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização 1) Palavrão idiomático (2x) 2) Palavrão idiomático (2x)

150

could be the guy equivalent of “cunt3.”

pode ser o equivalente de “boceta3” pros homens.

3) Orig: Palavrão-insulto e palavrão idiomático Trad: Palavrão idiomático Barbosa: 1: Equivalência 2: Literal 3: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência formal 3: Equivalência dinâmica

p. 139, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Damn right1 it’s blackmail. Tell him to go fuck himself2. We’re old school, dude. Human life is precious.

Pode crer1 que é chantagem. Manda ele tomar no cu2. A gente é velha guarda, mano. A vida humana é preciosa.

Baker: 1: -2: -3: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-maldição (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Modulação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 139, v. 1

p. 139, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Fala: Christoph er Genovese

Exactly. Spidey wouldn’t mind teaming up with the Punisher, but there’s no way he’s gonna employ his fucking Vietnamhoned methods. Who the hell1 does he think he is, asking us to join his team, anyway? He should be joining our damn2 team.

Exatamente. O Aranha não se importava em trabalhar com o Justiceiro, mas desde ele que não usasse suas técnicas do Vietnã.

E quem1 ele pensa que é pra pedir pra gente se juntar à equipe dele? Ele que tinha de vir pra nossa equipe.

Baker: 1: -2: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão intensificador (orig) Barbosa:

151

1: Equivalência 2: Omissão Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 139, v. 1

p. 140, v. 1

p. 140, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Narrador: Dave Lizewski

Fala: cara na rua 1

Nah. They might be insane, but they’re still superheroes. Why would he compromise another pro?

Nah, just because they were hardcore didn’t mean they were Doctor Doom. Even the biggest badasses follow some kind of superhero code.

Hey, shithead!

Nem. Eles podem ser malucos, mas ainda são superheróis. Por que iam prejudicar um colega?

Nem… Só porque eles eram brutais, não quer dizer que fossem o Dr. Destino. Mesmo os mais fodões seguem algum código de superherói.

Aí, boqueteiro!

Baker: 1: Normalização 2: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 141, v. 1

Fala: cara na rua 1

Suck my dick1, you fucking2 ‘tard3!

Chupa meu pau1 aqui, débil mental3!

Baker: -1) Palavrão-maldição (2x) 2) Palavrão intensificador (orig) 3) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Literal 2: Omissão 3: Equivalência e explicitação Nida: 1: Equivalência formal

152

2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica

p. 141, v. 1

p. 141, v. 1

Fala: cara na rua 2

Fala: cara na rua 3

Look at that faggoty outfit! Man, he looks even more gay than he looks on T.V.!

Asshole!

Que roupinha de boiola! Cara, é ainda mais gay ao vivo do que na tevê!

Baker: 1: -2: Normalização 3: Explicitação Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

Otário!

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 142, v. 1

Fala: Dave Lizewski

FUCK!

CARALHO!

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 143, v. 1

Fala: Damon McCready

Two clowns1 off the Internet to help us take down the Mafia. Why the Hell2 am I doing this, Mindy?

Dois palhaços1 da internet pra nos ajudar a derrubar a Máfia. Por que2 eu aceitei isso, Mindy?

Baker: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão intensificador (orig) Barbosa: 1: Literal 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência formal 2: Equivalência dinâmica Baker: 1: -2: Normalização

153

p. 143, v. 1

Fala: Mindy McCready

‘Coz you’re the funnest dad in the world.

Porque você é o pai mais foda do mundo.

Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 144, v. 1

p. 144, v. 1

p. 144, v. 1

p. 145, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Fala: Christoph er Genovese

Fala: Christoph er Genovese

Fala: Christoph er Genovese

I still can’t believe how awesome these guys are. They even have cool origins. The Mob kills his wife so they take down the mob? That’s just fucking classic.

Nem dá pra acreditar, de tão irados que eles são. Os caras têm até origens legais. A Máfia mata a mulher do sujeito e ele vai atrás dos caras? Clássico pra caralho.

Maybe. But I bet they get excited once we show them our plans. You remember that folder with all the team logos and shit?

Talvez. Mas aposto que eles vão gostar de ver nossos planos. Lembra daquela pasta com os logos de equipes e aquelas coisas?

Good. Because if we’re going to pull this off we’re going to need way bigger bad-asses than those guys from outta MySpace pages.

Nah, you’re the earnest one. I’m the jokey one. They’re the guys who scare the shit outta people.

Boa. Porque, se a gente quer que isso dê certo, vamos precisar de gente mais fodona que o pessoal do MySpace.

Nem, você é o cara sério. Eu sou o engraçadinho. Eles são os que metem medo.

Baker: -Palavrão intensificador (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 145, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

She is so fucking nasty...

Ela é foda…

Baker: Normalização Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão idiomático

154

Barbosa: Transposição e adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 146, v. 1

Fala: Dave Lizewski

What the fuck?

Que porra é essa?

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 147, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Are you shitting me?

Tá me zoando?

Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 148, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

This prick can’t even help himself.

Esse cuzão não consegue nem se ajudar.

Baker: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 151, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Red Mist was a cocksucker.

Red Mist era um sacana.

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 151, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

GET THE FUCK DOWN!

DE JOELHOS, PORRA!

Baker: -Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa:

155

Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 152, v. 1

Fala: Dave Lizewski

What the hell did you do that for?

Por que você fez isso?

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 152, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Are you really this stupid1? Are you really this fucking2 dense3?

Você é mesmo tão burro1? Tão anta3?

Baker: Normalização 1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão intensificador (orig) 3) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Omissão 3: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica

p. 153, v. 1

Fala: John Genovese

You did good, Chris. I gotta admit, I thought you were nuts1, but you really fucking2 delivered.

Mandou bem, Chris. Eu admito que achava uma idiotice1, mas você mandou bem pra caralho2.

Baker: 1: -2: Normalização 3: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão intensificador (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica

156

2: Equivalência dinâmica

p. 154, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 2

WHAT’S THE FUCKING COMBINATION?

QUAL É A SENHA, PORRA?

Baker: 1: -2: -Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica

p. 154, v. 1

Fala: Mindy McCready

1-2-3-FUCK YOU!

1-2-3 VAI SE FODER!

Baker: -Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica

p. 155, v. 1

Fala: Mindy McCready

That actually hurt, you prick!

Isso doeu, seu cuzão!

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 156, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Oh my god!

Ah, meu Deus!

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 156, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

That was hardcore1, Dad. She is totally fucking2 dead!

Ducacete1, pai. Ela tá fudidaça2!

Baker: -1) Palavrão idiomático (2x) 2)

157

Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão idiomático Barbosa: 1: Adaptação 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 156, v. 1

Fala: Damon McCready

You motherfucker1! You fucking2 piece of shit3!

Seu filho da puta1! Seu canalha3 de merda2!

Baker: 1: -2: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão intensificador (2x) 3) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Equivalência 3: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica

p. 156, v. 1

p. 156, v. 1

Fala: John Genovese

Fala: Christoph er Genovese

You got no one to blame but yourself, asshole. You might have trained her how to shoot a gun, but she was still just a kid in a Halloween costume. Holy shit1! That was awesome2!

Não pode culpar ninguém além de si mesmo, imbecil. Você pode ter ensinado ela a atirar, mas ainda não passava de uma criança numa fantasia de Halloween. Minha nossa1! Que foda2!

Baker: 1: -2: -3: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: -1) Palavrão exclamativo (orig) 2) Palavrão idiomático (trad)

158

Barbosa: 1: Adaptação 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 156, v. 1

Fala: John Genovese

Now get these fucks1 to the basement. Bobby Ball-Buster2’s going to be there in twenty minutes and he charges by the hour.

Agora leva esses trouxas1 pro porão. O Bobby Escroto2 chega daqui vinte minutos e cobra por hora.

Baker: 1: Normalização 2: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão idiomático (2x) Barbosa: 1: Adaptação 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 157, v. 1

p. 157, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Fala: Christoph er Genovese

My dad was really impressed how many hits it took to knock you out, Kick-Ass. How the hell did you do that anyway? You a boxer or something?

Turns out he was pretty impressed with me tonight, too. He always thought I was this fucking1 pussy2, you know?

Meu pai ficou impressionado com o quanto precisaram socar pra te derrubar, Kick-Ass. Como é que você consegue? Você era boxeador ou algo assim? Parece que ele ficou impressionado comigo também hoje. O velho sempre achou que eu fosse um paspalho2, sabe?

Baker: 1: -2: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Omissão 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

159

p. 157, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

This spoiled bitch1 who just spent all his money on comics and figures and shit2 like that.

A putinha1 mimada que gastava tudo em gibis, bonequinhos e essas merdas2.

Baker: 1: Normalização 2: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Literal Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência formal

p. 157, v. 1

p. 158, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Fala: Christoph er Genovese

He’d been after those guys for months so he’s really in a good mood right now. I’m pretty good at this shit. I told ‘im I’d be able to trap you guys.

Ele tava atrás desses caras faz meses e agora tá de muito bom humor. Eu sou bom nisso. Falei que ia conseguir pegar vocês.

Now I know you don’t know shit, but Dad likes being sure…

Eu sei que você não sabe porra nenhuma, mas o papai gosta de garantir...

Baker: 1: -2: -Palavrão-insulto (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 158, v. 1

p. 159, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Fala: Dave Lizewski

...and if I’m absolutely honest, I’ve wanted to see you in pain since the first night we met. I’ve even jerked off about it. Does that sound weird?

J-JESUS!

…e, pra ser sincero, eu quero te ver sofrer desde a primeira noite que a gente se viu. Até bati uma pensando nisso. Bizarro, né?

J-JESUS!

Baker: Explicitação Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida:

160

Equivalência formal

p. 159, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Hell, this is just the warm-up, pal. We don’t start questions for another ten minutes.

Velho, isso é só pra aquecer. A gente só começa a perguntar daqui a uns dez minutos.

Baker: -Palavrão exclamativo (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 160, v. 1

Fala: John Genovese

Well, I hope you guys had more luck than we did ‘coz this piece of shit1 didn’t give us squat2.

Bom, espero que vocês tenham tido mais sorte, porque esse bosta1 não rendeu porra nenhuma2.

Baker: Normalização 1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa: 1: Modulação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 160, v. 1

p. 161, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 3

Fala: John Genovese

Bitch was too busy crying about his little girl. Couldn’t even string two words together.

Who the fuck1 are you working for, prick2?

O vadio tava ocupado demais chorando pela filhinha. Não conseguia juntar duas palavras.

Pra quem1 você trabalha, cuzão2?

Baker: 1: -2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

161

p. 161, v. 1

Fala: Damon McCready

Jesus. This is insane.

Jesus. Isso é loucura.

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 161, v. 1

p. 161, v. 1

p. 162, v. 1

Fala: Damon McCready

Fala: Damon McCready

Fala: John Genovese

I wasn’t a cop. I was a numbercruncher for a credit company and married to a wife who fucking hated him. Are you satisfied?

I’m a fanboy, Dave. Just like you. Mindy died having no idea, but I’m just another asshole.

Bullshit!

Eu não era policial. Era o cara dos números numa financeira, casado com uma mulher que me odiava. Satisfeitos?

Sou só um fã, Dave. Que nem você. Mindy morreu sem saber, mas eu sou não passo de outro babaca.

Mentira!

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão exclamativo (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 162, v. 1

Fala: John Genovese

But why the fuck1 would some comic nerd come after me? It doesn’t make sense. Why would you pick off my boys, asshole2?

Mas por que1 um nerd viciado em gibi viria atrás de mim? Não faz sentido. Por que abater os meus caras, babaca2?

Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica

162

2: Equivalência dinâmica

p. 163, v. 1

Fala: John Genovese

Kill the fucking pair of them.

Podem acabar com os dois.

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 165, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 4

Well, you’re sure as shit in trouble now, kiddo.

Bom, agora você tá bem encrencado, garotão.

Baker: Normalização Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 165, v. 1

p. 165, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Fala: Dave Lizewski

It wasn’t genius, but it was all I had. Stupid, I know, but my last resort.

YOU FUCKING1 PUSSY2! YOU FUCKING3 GIRLY PIECE OF SHIT4!

Não era coisa de gênio, mas era tudo que eu tinha. Burrice, eu sei, mas minha última chance.

SEU VEADINHO2! MENININHA DO CARALHO3!

Baker: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) 3) Palavrão intensificador (2x) 4) Palavrão-insulto (orig) Barbosa: 1: Omissão 2: Equivalência 3: Equivalência 4: Omissão Nida: 1: Equivalência dinâmica

163

2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica 4: Equivalência dinâmica

p. 165, v. 1

Fala: Dave Lizewski

KILL ME LIKE A MAN, YOU FUCKING1 LOSER2! USE YOUR FUCKING3 HANDS!

ME MATA QUE NEM HOMEM, CUZÃO2! VEM E USA AS MÃOS!

Baker: 1: Normalização 2: -3: -4: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) 3) Palavrão intensificador (orig) Barbosa: 1: Omissão 2: Adaptação 3: Omissão Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica

p. 165, v. 1

Fala: Dave Lizewski

YOU BET I’M FOR REAL, YOU FAT FUCK1! WHAT’S THE MATTER WITH YOU? FUCKING2 HIT ME!

PODE APOSTAR, SUA BOLA DE MERDA1! QUALÉ A TUA? ME ACERTA, VEM!

Baker: 1: Normalização 2: -3: Normalização 1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão intensificador (orig) Barbosa: 1: Adaptação 2: Omissão Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 166, v. 1

Fala: Dave Lizewski

YOU CALL THAT A PUNCH, YOU

CÊ CHAMA ISSO DE SOCO, PAU NO CU2?

Baker: 1: -2: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig)

164

FUCKING1 PUSSY2?

2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Omissão 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 166, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 5

Stupid kid...

Moleque idiota...

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 167, v. 1

Fala: Dave Lizewski

THAT THE FIST THAT KEEPS HIS BALD ASS HAPPY?

É ASSIM QUE VOCÊ ENFIA NO TEU AMIGUINHO CARECA?

Baker: -Palavrão idiomático (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 167, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 6

Fucking1 kill this little prick2!

Mata logo esse filho da puta2!

Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Omissão 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 169, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Let’s see what you got now, motherfuckers!

Agora vamos ver, filhos da puta!

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa:

165

Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 169, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 6

What the fuck? That was a plan?

Que porra é essa? Era um plano?

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 169, v. 1

p. 169, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 5

Fala: capanga de John Genovese 6

Those comic books messed with your mind, kid. You can’t do this Batman shit in real life.

Nobody got that drive. Nobody got those bad-ass1 moves. Nobody did all those mother-fuckin’2 pushups...

Esses gibis foderam tuas ideias, guri. Essas coisas de Batman não existem no mundo real.

Ninguém tem tanta determinação. Ninguém é tão fodão1. Ninguém faz tantas abdominais...

Baker: -Palavrão-insulto (orig) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: Normalização 1) Palavrão idiomático (2x) 2) Palavrão intensificador (orig) Barbosa: 1: Equivalência 2: Omissão Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 170, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 5

What the fuck?

Que porra é essa?

Baker: 1: -2: Normalização Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

166

p. 171, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Holy shit!

Puta merda!

Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 171, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Oh my god.

Ah, meu Deus.

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 171, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Where’s the switch? Where’s the goddamn light switch?

Cadê o interruptor? Cadê a porra do interruptor?

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 171, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Fuck!

Caralho!

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 172, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 6

I saw you die, you little bitch! I saw you take a hundred bullets.

Eu te vi morrer, sua putinha! Te vi levar umas cem balas!

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 172, v. 1

Fala: Mindy McCready

I got Kevlar down to my Underoos, dickhead.

Eu tenho kevlar até na calcinha, cabeça de piça.

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

167

p. 172, v. 1

Fala: Dave Lizewski

But your dad. He said he made the whole thing up. Oh God! Haven’t you seen what they did to him?

Mas e o teu pai? Ele disse que inventou tudo. Meu Deus! Não viu o que fizeram com ele?

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica

p. 173, v. 1

Fala: Mindy McCready

John Genovese? I hope you’ve made your peace with God. Because none of you cocks are leaving here alive.

John Genovese? Espero que tenha feito as pazes com Deus. Porque nem uma bola de vocês vai sair viva daqui.

Baker: -Orig: Palavrão-insulto Trad: Palavrão idiomático Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 174, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Now let’s get up there and kick1 some fucking2 ass1.

Agora vamos subir lá e botar pra foder1.

Baker: -1) Palavrão idiomático (2x) 2) Palavrão intensificador (orig) Barbosa: 1: Adaptação 2: Omissão Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 177, v. 1

Fala: Mindy McCready

Don’t be a lamebrain, KickAss. It’s a supersecret chemical compound…

Não seja bocó, Kick-Ass. É um composto químico supersecreto...

Baker: 1: -2: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 178, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Hell, yeah.

Pode crer.

Baker: -Palavrão exclamativo (orig)

168

Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 178, v. 1

Fala: Dave Lizewski

They fried my fucking1 testicles2, HitGirl.

Eles fritaram minhas bolas2, HitGirl.

Baker: Normalização 1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa: 1: Omissão 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 179, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 7

Holy shit!

Eita porra!

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 180, v. 1

Fala: Mindy McCready

For my dad and your balls...

Pelo meu pai e pelas suas bolas…

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 182, v. 1

Fala: Mindy McCready

Run, you guinea fucks!

Corram, seus putos!

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

169

p. 182, v. 1

Fala: Mindy McCready

It’s fucking1 CLOBBERING TIME2!

Tá na HORA DO PAU2, CARALHO1!

1) Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão exclamativo 2) Palavrão idiomático (orig) Barbosa: 1: Compensação e reconstrução de períodos 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 183, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Oh my God. Oh my God. Please let me live through this…

Ah, meu Deus. Ah, meu Deus. Por favor, me deixa sair vivo dessa...

Baker: 1: -2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal

p. 183, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Get your ass out here1, you cowardly2 little shit3!

Mostra a fuça1, maricão3 de merda2!

Baker: -1) Palavrão idiomático (orig) 2) Palavrão intensificador (2x) 3) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Modulação 2: Adaptação 3: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica Baker: 1: --

170

p. 183, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

What the fuck?

Que porra é essa?

2: -3: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 183, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

What the hell1 am I doing hiding from you? You’re a fucking2 asshole3 with a stick, for Christ’s sake4!

Por que1 é que eu tô me escondendo de você? Cê é só um babaca3 com um pedaço de pau na mão, porra4!

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão intensificador (orig) 3) Palavrão-insulto (2x) 4) Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: 1: Equivalência 2: Omissão 3: Equivalência 4: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica 4: Equivalência dinâmica

p. 183, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Yeah, and I’m gonna smash your goddamn brains in!

Isso aí, e vou enfiar ele nos teus miolos, seu puto!

Baker: 1: Normalização 2: Normalização 3: -4: -Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão-insulto Barbosa: Compensação e reconstrução de períodos Nida: Equivalência dinâmica Baker:

171

p. 185, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Your old man was right about you, ass-wipe...

Teu velho tava certo, lambe-cu…

-Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Modulação Nida: Equivalência dinâmica

p. 185, v. 1

Fala: Dave Lizewski

…you are a fucking1 pussy2!

…você é um paspalho2!

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Omissão 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 186, v. 1

Fala: Murray (capanga do John Genovese )

Did you hear somethin’? I heard somethin’. Swear to God, I heard somethin’ coming.

Ouviram alguma coisa? Eu ouvi. Juro por Deus, tem alguma coisa chegando.

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Palavra-por-palavra Nida: Equivalência formal

p. 186, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 8

Holy shit1, Murray--if you don’t shut the fuck up2…

Puta que pariu1, Murray… Se tu não calar a boca2--

Baker: -1) Palavrão exclamativo (2x) 2) Palavrão intensificador (orig) Barbosa: 1: Adaptação 2: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica Baker: 1: -2: Normalização

172

p. 187, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 9

FUCK!

CARALHO!

Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 188, v. 1

Fala: John Genovese

What the hell1’s wrong with you people? She’s a ten-year-old kid, for Chrissakes2!

Qual é1 o problema com vocês, hein? É uma menina de dez anos, porra2!

Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Orig: Eufemismo Trad: Palavrão exclamativo Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 189, v. 1

Fala: John Genovese

You stupid--

Sua...

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão-insulto (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 189, v. 1

Fala: John Genovese

--SKANK!

...VADIA!

Baker: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 190, v. 1

Fala: John Genovese

I dunno what the hell your old man put in your head, but little kids just can’t fight grownups!

Sei lá que porra teu velho te botou na cabeça, mas criancinhas não podem lutar com adultos.

Baker: -Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão idiomático Barbosa:

173

Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 190, v. 1

Fala: capanga de John Genovese 10

What the fuck?

Que porra é essa?

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 190, v. 1

Fala: John Genovese

He doesn’t have the balls.

Ele não tem mais colhões.

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 191, v. 1

Fala: John Genovese

HE SHOT ME IN THE FUCKING TUNK!

ELE ATIROU NO MEU FUNTO!

Baker: -Palavrão intensificador (orig) Barbosa: Omissão Nida: Equivalência dinâmica

p. 192, v. 1

Fala: Mindy McCready

TUNK YOU, ASSHOLE!

VAI SE FUNTAR, BABACA!

Baker: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 193, v. 1

Fala: Dave Lizewski

I can’t believe how fast that shit caught on.

Não acredito que essa merda pegou tão rápido.

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Literal Nida: Equivalência formal Baker: --

174

p. 193, v. 1

Fala: Mindy McCready

Thanks for the guns, bitches.

Valeu pelas armas, putinhas.

Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 194, v. 1

Fala: Dave Lizewski

What the hell?

Que porra…

Baker: -Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 195, v. 1

p. 196, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

We were Batman and Robin. Green Arrow and Speedy. Wonder Woman and that dykey-looking chick she used to hang out with in the forties.

Éramos Batman e Robin. Arqueiro Verde e Ricardito. A Mulher-Maravilha e aquela mina sapata com quem ela andava na década de 1940.

Well, except for that one time at her new school when those idiots1 tried to start some shit2…

Bom, tirando aquela vez no colégio novo, quando uns imbecis1 tentaram provocar2...

Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -1) Palavrão-insulto (2x) 2) Palavrão idiomático (orig) Barbosa: 1: Equivalência 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 196, v. 1

Fala: valentão 1

Lunch money, bitch!

Pedágio, vaca!

Baker: 1: -2: Normalização Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

175

p. 196, v. 1

Fala: valentão 2

Are you deaf, you little freak1? He said give us your fucking2 money!

Cê é surda, merdinha1? Ele mandou cê passar a porra2 da grana!

1) Palavrão-insulto (2x) 2) Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão-insulto Barbosa: 1: Adaptação 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 197, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

All in all, things worked out pretty damn1 well. Even me, the biggest asshole2 in the world, ended up getting laid3…

No fim das contas, tudo deu muito1 certo. Até eu, o maior babaca2 do mundo, acabei perdendo a virgindade3...

Baker: 1: -2: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) 3) Palavrão idiomático (orig) Barbosa: 1: Equivalência 2: Equivalência 3: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica

p. 197, v. 1

Fala: Katie Deauxma

That wasn’t you, was it? I feel like an idiot even asking, but…

Não era você, era? Eu me sinto uma imbecil de perguntar, mas...

Baker: 1: Normalização 2: -3: Explicitação Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: --

176

p. 197, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Seriously, I can’t believe I’m even saying this out loud, but what the hell? Maybe it’s time you heard the truth.

É sério, eu nem acredito que estou te contando, mas dane-se. Talvez seja hora de te dizer a verdade.

Orig: Palavrão intensificador Trad: Palavrão idiomático Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica

p. 198, v. 1

Fala: Katie Deauxma

FUCK YOU!

VAI SE FODER!

Baker: Explicitação Palavrão-maldição (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica

p. 198, v. 1

Fala: Dave Lizewski

Oh God1. This was a mistake2, wasn’t it?

Ah, não1. Fiz cagada2, né?

Baker: -1) Palavrão exclamativo (orig) 2) Palavrão idiomático (trad) Barbosa: 1: Adaptação 2: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica

p. 198, v. 1

Fala: Katie Deauxma

You manipulative little prick! How dare you make a fool of me like this!

Seu canalha manipulador! Como se atreve a me fazer de boba desse jeito?

Baker: 1: Normalização 2: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 198, v. 1

Fala: Katie Deauxma

No, Carl! Everything is not okay! I want you to kick the shit out1 of this

Não, Carl! Não tá tudo bem! Eu quero que você dê um pau1 nesse vadio2 babaca3!

Baker: -1) Palavrão idiomático (2x) 2) Palavrão-insulto (2x)

177

sleaze-bag2 asshole3!

3) Palavrão-insulto (2x) Barbosa: 1: Modulação 2: Adaptação 3: Equivalência Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica

p. 199, v. 1

Fala: exnamorada do Eddie Lomas

What the hell?

Que é isso?

Baker: 1: -2: -3: -Palavrão exclamativo (orig) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica

p. 199, v. 1

Fala: James Lizewski

Oh God! It’s my son!

Ah, meu Deus! É o meu filho!

Baker: Normalização Palavrão exclamativo (2x) Barbosa: Equivalência (aproximada) Nida: Equivalência dinâmica

p. 199, v. 1

p. 199, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Narrador: Dave Lizewski

By the time I got home, I had fifteen abusive texts from Katie’s friends and a photo on my phone of her sucking Carl’s dick. I’d never felt so low in my life and I’m ashamed to admit I whacked off at that picture

Quando cheguei em casa, tinha quinze insultos das amigas de Katie no meu celular e uma foto dela chupando o pau do Carl.

Nunca me senti tão pequeno na vida e tenho vergonha de admitir que bati uma com aquela

Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência

178

while crying, some nights.

p. 200, v. 1

p. 201, v. 1

Narrador: Dave Lizewski

Fala: Christoph er Genovese

But don’t feel too sorry for me. I’d gone from loser to cultural phenomenon in the space of six months.

Dear Kick-Ass: You think you’re something SPECIAL, don’t you? You and those fucking1 faggots2 you hang out with now really think you’re THE SHIT3. But you are nothing except SAD and ALONE.

foto, chorando, algumas vezes.

Mas não sinta pena de mim. Eu passei de medíocre a fenômeno cultural em questão de seis meses.

Caro Kick-Ass: Você se acha muito ESPECIAL, não? Você e essas bichas2 com quem tem andado se acham mesmo OS TAIS3. Mas você não é nada além de TRISTE e SOZINHO.

Nida: Equivalência dinâmica Baker: -Palavrão-insulto (2x) Barbosa: Adaptação Nida: Equivalência dinâmica Baker: -1) Palavrão intensificador (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) 3) Palavrão idiomático (orig) Barbosa: 1: Omissão 2: Equivalência 3: Adaptação Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência dinâmica 3: Equivalência dinâmica

p. 201, v. 1

p. 201, v. 1

Fala: Christoph er Genovese

Fala: Christoph er Genovese

My friends and I are going to find out who you are and fuck you up BAD. We’re also going to find out the names of the people you LOVE and make them rue the day you ever were BORN. You should have ANTICIPATED this when you started this SUPER-CUNT1 CRAP2. It’s not just HEROES

Eu e meus amigos vamos descobrir quem você e te FODER LEGAL. Também vamos descobrir os nomes das pessoas que você AMA e fazer elas amaldiçoarem o dia em que você NASCEU. Você devia ter PREVISTO isso quando começou essa MERDA2 TODA1. Os gibis não têm só HERÓIS e todo

Baker: 1: Normalização 2: -3: Normalização Palavrão idiomático (2x) Barbosa: Equivalência Nida: Equivalência dinâmica Baker: -1) Palavrão idiomático (orig) 2) Palavrão-insulto (2x) Barbosa:

179

who appear in these books and everybody loves a BAD GUY.

mundo adora um VILÃO.

1: Adaptação 2: Literal Nida: 1: Equivalência dinâmica 2: Equivalência formal Baker: 1: Normalização 2: --

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