Andragogia em Ação

Share Embed


Descrição do Produto







RESENHA


ANDRAGOGIA EM AÇÃO - Como ensinar sem se tornar maçante
Bellan, Zezina. Santa Bárbara D´Oeste: Z3 Editora e Livrarias. 2005



Bellan, Zezina. Andragogia em Ação: Como ensinar adultos sem se tornar maçante. Santa Barbara D´Oeste: Z3 Editora e Livrarias, 2005, São Paulo: Editora Aleph, 2009, 156 p.
Zezina Bellan é pedagoga com especialização em administração escolar. MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Escritora. Conferencista. Integrante da Comissão Pedagógica do Instituto Haggai do Brasil.
Além da obra em relevo, a autora publicou pela mesma editora Heutagogia: Aprenda a aprender mais e melhor, obra, também, voltada para a educação de adultos; História Fácil; além de significativa literatura voltada para a educação cristã de crianças.
Com diagramação atrativa Andragogia em Ação apresenta o desafio para que o leitor/professor continue a trilhar o caminho do processo ensino/aprendizagem como discípulo, mesmo sendo docente.
Tendo em vista a dificuldade da aprendizagem pelo grupo adulto de assuntos que não lhes interessam, haja vista, a sua capacidade seletiva, a tese defendida é que qualquer um que se aventure, como professor, a peregrinar por esta senda, para o seu melhor preparo, deve ter o conhecimento da andragogia como ferramenta essencial para o preparo do conteúdo e a forma de transmiti-lo de maneira a influenciar pessoas. Assim, a proposta da autora é fazer com que o leitor seja iniciado acerca da forma como adultos aprendem, desenvolva habilidades, em potencial, que facilitem a comunicação e transmissão da mensagem de forma significativamente compreensível e atrativa.
Para tanto, no primeiro capítulo definindo o significado do termo como sendo a ciência que estuda como os adultos aprendem e os primeiros teóricos a lidarem com o assunto propondo, assim, o modelo aplicado ao ensino de adultos até então utilizado, diferindo-o da pedagogia; já que diferentemente destes, os adultos têm formas distintas para se conectarem ao processo ensino/aprendizagem, fato que lhes propiciará maior aderência ao conteúdo.
Neste intuito, no segundo e terceiro capítulos, desperta-se ao conhecimento do aluno adulto e a maneira com ele aprende, isto, por meio de texto redigido de forma descontraída e atrativa. Ocasião em que leitor é desafiado, a conhecer quem é este aluno, definindo-o como "um indivíduo independente, autodirecionável, capaz de decidir sozinho a sua própria vida"; alguém que é atraído e busca pelo aprendizado que seja relevante, envolvente e lhe satisfaça os interesses, bem como suscetível de imediata aplicação e revestido com significado para o seu dia-a-dia.
Ao tratar do processo de retenção da aprendizagem a autora apresenta uma alarmante estatística, fruto da observação de Kelvin Miller que diz que "uma pessoa guarda: 10% do que lê; 20% do que ouve; 30% do que vê; 50% do que vê e ouve; 70% do que discute com os outros e 90% do que diz na medida em que faz".
Então, cita que para ser, o método de ensino, eficaz, a cada 7 minutos se altere a técnica, e assim, se mantenha a atenção dos alunos, pois tais atitudes podem quadruplicar o volume informativo assimilado, exemplificando isto de forma gráfica. Em seguida ao tratar dos objetivos educacionais da taxonomia de Benjamim Bloom, que devem ser planejados, assegura que eles envolvem três domínios: cognitivo, afetivo e psicomotor como conhecimentos e habilidades individuais; interesses, atitudes e valores e habilidades motoras ou manuais respectivamente, os quais se dividem em vários outros níveis voltados para o desenvolvimento integral do aluno envolvendo o pensar, sentir e agir, exemplificados por figuras diagramadas e exercício prático a ser desenvolvido.
Tendo feito a abordagem inicial no capítulo anterior, dedica-se o capítulo 4 ao professor através do convite para rever e transformar os seus paradigmas e conceitos, e torne-se um facilitador no processo de aprendizagem de adultos, prioritariamente, por meio da andragogia, apresentando-lhes quais são as suas atribuições por meio da compreensão de quais são as formas, técnicas e métodos para se incentivar o conhecimento por parte dos aprendizes. A tese aqui exposta para o desenvolvimento da argumentação é que "alunos adultos são conscientes de suas habilidades e experiências e exigem mais envolvimento no processo de aprendizagem", ao criar um ambiente próprio para tal. Para que haja um processo de ensino eficaz reafirma o uso de técnicas adequadas, bom planejamento, organização da atuação para que se obtenha sucesso.
Diferenças são fundamentais, afirma o 5º capítulo deste volume, para tratar das distinções entre conteúdo e objetivo. A tese aqui levantada é que quando esta diferença é ignorada o resultado do processo ensino/aprendizagem dificilmente é atingido. Destarte, define um e outro estabelecendo e norteando o porquê e o que ensinar, tendo por finalidade e foco o que é retido pelo aluno como objetivo da andragogia, fato distinto da pedagogia que se propõe a transmitir conteúdo. Por isto, os objetivos educacionais, propõe, sejam escritos para comunicar, envolver os alunos na aprendizagem bem como orientar o educador por meio de métodos melhores e mais eficazes. De posse deste objetivo definido, a autora orienta o leitor/professor à escolha das técnicas e estilos que estimularão os alunos a atingirem o conhecimento necessário, utilizando as habilidades a serem aplicadas a cada um dos níveis de conhecimento cognitivo dos aprendizes, por meio de verbos que auxiliarão ao professor conduzi-los aos níveis subsequentes.
Tendo distinguido no capítulo anterior conteúdo e objetivo, entende a autora que é o momento de fazer o mesmo com método técnica, o que ela faz neste oitavo capítulo definindo um e outro. Retomando a tese de que a atenção do adulto se dispersa a cada 7 minutos, afirma ser necessário mudar de técnica a cada um destes períodos para conseguir de volta a atenção dos alunos. Enfatizando a técnica, sugere que se utilize a mais adequada a cada nível do processo ou domínio cognitivo, sugerindo uma variedade delas para cada um destes níveis por meio de exemplos gráficos visuais, já colocando em prática o que vem sendo ensinado e novamente, para maior proveito, ensina como desenvolvê-las, seguidas de atividades avaliativas pelas quais se certificará se os alunos estão aptos a progredir para o próximo nível.
Conteúdo, objetivo, método e técnica foram apresentados nos capítulos anteriores como ferramentas facilitadores no processo de ensino/aprendizagem, mas, defende a escritora que será guardado melhor e com riquezas de detalhes aquilo que for vivenciado com emoção. Esta é a tese: a emoção é um poderoso recurso a ser utilizado no processo ensino/aprendizagem. Para assegurar-se de que o professor/facilitador pudesse, efetivamente, explorar o domínio afetivo da taxonomia de bloom para o desenvolvimento integral do aluno adulto, volta a utilizar as pirâmides que ilustraram anteriormente os níveis de conhecimento a serem percorridos. Neste sétimo capítulo reduzindo-os a 5 aspectos: recepção, resposta, avaliação, organização e internalização equiparando estes níveis aos do domínio cognitivo para em seguida apresentar de maneira prática, ao que em capítulos anteriores o fez apenas de forma teórica. Define os objetivos educacionais como norteadores do trabalho do educador por meio da elaboração destes objetivos, os quais são comparados tanto na área do domínio cognitivo, quanto afetivo para que o planejamento se efetive com eficácia, e assim, se tenha uma base segura para a avaliação depois de prover ao educador as melhores técnicas para que haja maior fixação e retenção do ensino.
O oitavo capítulo é dedicado aos recursos audiovisuais. Inicialmente o leitor/educador é desafiado a inovar no processo de ensino. Para conduzi-lo por este desafio afirma que o aprendizado é um processo associativo para a geração da aprendizagem. Para provar o seu ponto de vista, mais estatísticas são demonstradas por meio das quais afirma o percentual devido a cada um dos sentidos humanos e em decorrência da variação destes percentuais próprios de cada um dos sentidos propõe uma simultaneidade de metodologias que ativem todos eles, para aumentar a retenção do que deve ser aprendido.
Com o intuito de substanciar o uso destes recursos são enumerados vários deles e como utiliza-los, embora com moderação e jamais como um fim em si mesmo; alerta.
No antepenúltimo capítulo volta-se a questão do planejamento acerca do qual afirma que é tudo. Pois, o que é planejado, se realiza melhor - é a tese em defesa nesta parte do livro.
A argumentação é construída por meio de afirmações de que é via planejamento que se estabelece objetivos, constrói o roteiro a ser seguido, clareia a visão do que se pretende e pode fazer, além de capacitar a mensurar e avaliar o que se pretende fazer e como fazer e como avaliar se atingiu-se a proposta prevista, tendo em vista um projeto melhor detalhado que proverá melhor qualidade do ensino. Para que seu objetivo exposto no capítulo seja alcançado, é proposto a realização da construção de um plano de aula, já diagramado no livro, usado como recurso didático e já treinando o educador para assimilar tal método de planejamento.
Já na décima parte do livro o educador é conduzido à uma série de exercícios para o antes, durante e depois que lhe proporcionarão maior desenvoltura na apresentação do conteúdo a ser feita, tendo se certificado de que cada um dos passos está em perfeita ordem, de maneira a prover-lhe segurança.
E por fim o livro termina com o incentivo para que o educador seja criativo e tenha coragem para sempre se reinventar persistente e autoconfiadamente de maneira engajada. Nota-se a paixão da autora por ensinar, pelo fato de que mesmo na conclusão ela estabelece e define os cinco passos para o desenvolvimento das habilidades criativas. Para que estes dons sejam burilados faz-se uma série de sugestões às quais sempre se deve estar atento.
Avaliação pessoal.
Entende-se que a obra é altamente pertinente aos dias em que o processo ensino/aprendizagem que vive dentro de um contexto de pós-modernidade onde cada aspecto da realidade objetiva atrair a atenção das pessoas, deve concorrer de maneira eficiente, para que se torne eficaz na sua proposta de não apenas transferir informações. Conhecer acerca da andragogia, ou seja, como o adulto aprende e o manejo do processo taxonômico fará com que não mais se tenha aulas maçantes, ausentes de significado e que não despertam interesses, mas, que por meio de um processo intencional, construído a partir dos interesses e conhecimento dos próprios alunos, se efetive de forma transformadora a realidade do aprendiz.
A forma de tratar conteúdo, objetivo, método e técnica a serem utilizados neste processo são altamente significativas e norteadores no ministério daquele que se propôs a ser não apenas mero professor, porém, um motivador e facilitador para que os seus alunos tenham efetiva e afetivamente acesso ao conhecimento enquanto o próprio educador se permite continuar a trilhar a sendo do discipulado como aprendiz que inova e se reinventa diante de cada necessidade ou oportunidade.
A obra, enfim, é de facílima compreensão e apreensão do conteúdo. Altamente recomendada para educadores das mais variadas áreas do saber destinadas aqueles que já definiram o que querem e porque querem aprender.
Evidentemente a literatura em análise não é uma formula mágica que após ser lida fará deste educador um expert na ministração de aulas, mas um caminho traçado para que por meio dele e de contínuo exercício, possa crescer e cercar-se a cada dia de melhor aperfeiçoamento na gratificante tarefa de aprender enquanto se ensina.





Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.