Andrea Palladio | História da Arquitectura

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História da Arquitectura Andrea Palladio

História da Arquitectura Andrea Palladio

UBI - 2011/2012 Arquitectura - Historia da Arquitectura II Trabalho de grupo: Leandro Pais 27437 Martim Guimarães da Costa 26902 Rafael Santos 27611

Índice

Introdução

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Biografia

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A Europa no Século XV

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Andrea Palladio

10

Do tratado ao Palladianismo

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- A Obra escrita

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- El Quattro Libri Dell’Architectura

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- Villa Pisani em Montagna

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- Palácio Valmara

16

- Palladianismo

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Análise Geometrica

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- Villa Capra

20

- Villa Barbaro

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- Villa Emo

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(in) Conclusão

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“Nenhum outro arquitecto do século XVI se rendeu tão fervorosamente ante a Antiguidade como este grande artista, e nenhum como ele logrou investigar tão profundamente os monumentos antigos, ainda que ninguem tenha criado com maior liverdade que ele. Foi o único a não deixar se arrastar para um efeito decorativo particular, ao contrário , sempre organizava suas construcções tão somente segundo a disposição e o sentido das proporções.” Jacob BurckHardt, 1888

Introdução

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O presente escrito tenta, embora que superficialmente, dar a conhecer e compreender a obra de Andreas Palladio enquanto reformulador do pensamento arquitectónico classicista. A necessidade da compreensão da obra supracitada advêm da corrente banalização do conhecimento difundido no ensino académico.

7

Biografia Andrea Palladio 30 de novembro de 1508 a 19 Agosto de 1580 Arquitecto influenciado pela arquitectura romana e grega, em particular por Vitruvio, é unamimenente considerado um dos arquitectos mais relevantes para historia e cultura Ocidental Biografia: Andrea di Pietro della Gondola nasce em 30 de novembro de 1508 em Pádua – Veneza, no seio de uma humilde família e lá, desde cedo tem as suas primeiras experiências no ramo da construcção. Aos 16 anos muda-se para Vicenza onde passará parte significativa da sua vida. É em Vicenza que conhece o poeta e erudito humanista Gian Giorgio Trissino, figura chave para a sua carreira futura. É Trissino que estimula Palladio à apreciação das artes, das ciências e da literatura clássica, concedendo-lhe tambem a possibilidade de estudar arquitectura antiga, em Roma. Foi tambem Trissino que o apelidou de Palladio, alusão à deusa grega da sabedoria Pallas Athene e a um personagem de uma peça escrita por si mesmo. Em 1554 e após a morte de Trissino, Palladio parte para Veneza onde consegue o título de Arquitecto-Chefe da Republica de Veneza e é là que atinge o auge da sua carreira. Em 1580 Palladio morre em circunstancias desconhecidas numa localidade perto de Treviso e é sepultado na Igreja de Santa Corona em Vicenza. 8

Apartir do século XIX o seu túmulo passa a localizar-se no Cimitero Maggiore de Vicenza. Tratados:. Ao longo da sua vida, Palladio publica cinco grandes textos, ainda que de diferentes proporções e importancias. Os primeiros dois textos surgem após a concretização de três viagens a Roma, a ultima em 1554. Os pequenos livros intitulados: Le Antichitá di Roma raccolta brevemente da gli autori antichi e moderni , e Descritione de le Chiese, Stationi, Lindulgenze & Reliquie de Corpi Sancti, che sono in la Cittá di Roma, são no fundo guias arqueológicos da cidade de Roma. Contêm algumas descriçoes e apreciações artísticas sobre as ruinas clássicas assim como um rigoroso estudo arquitectónico das mesmas. Ao invés de procurar exemplos, Palladio procura “interlocutores para o diálogo” entre a teoria e a prática. Em 1570 publica um pequeno parecer relativos a problemas constructivos do duomo de Milão, juntamente com os Quattro Libri dell´Architecttura. O tratado é organizado de forma bastante clara, onde cada livro aborda um determinado tema. No Livro I, Palladio relaciona e trata dos fundamentos da arquitecura. No Livro II, é abordada a casa privada , villa, onde propõe exemplos e comenta as antigas casas Romanas e Gregas. No Livro III aborda a arquitectura e engenharia pública e urbana. O Livro IV é referente à arquitectura dos templos antigos , não apenas Italianos, templos estes visitados e desenhados por Palladio nas suas muitas viagens.

A Europa no Século XV Durante o século XV, Itália era diferente de qualquer outro lugar na Europa. Era dividida em cidades de estado independentes, cada uma com um respectivo governo independente. Florença, onde começou o renascimento italiano era uma grande capital bancária e comercial, e depois de Londres e Constantinopla, a terceira maior cidade europeia. O Florentinos ricos exibiam o seu dinheiro e poder, tornavam-se mecenas ou simpatizantes de artistas e intelectuais. Foi desta forma que a cidade se tornou o centro cultural da Europa Renascientista. Foi através do patrocinio destas elites ricas que os escritores e pensadores da época podiam-se dedicar somente à sua “arte”. Em vez de se preocuparem em trabalhar para viver, viajavam pela Itália ,estudando ruinas antigas e redescobrindo textos Gregos e Romanos. Estas fontes clássicas tinham especial ênfase nas realizações do proprio Homem e sua expressão, formando o princio intelectual que rege o Renascimento Italiano, o “humanismo”. O Humanismo encorajou as pessoas a serem curiosas e a questionarem-se, sobretudo em relação à Igreja Medieval. Tambem encorajou as pessoas a usarem ferramentas como a experimentação e a observação para resolverem os seus problemas terrenos. Como resultado, muitos intelectuais renascientistas concentraram-se em tentar definir e compreender as leis da natureza. Apesar de tudo, talvez o mais importante desenvolvimento tecnológico não aconteceu na Itália, mas na Alemanha, onde Gutenber inventou a primeira forma de imprensa mecânica móvel.

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Andrea Palladio

Do tratado ao Palladianismo

“Nenhum outro arquitecto do século XVI se rendeu tão fervorosamente a Antiguidade como este grande artista, e nenhum como ele logrou investigar tão profundamente os monumentos antigos, ainda que ninguém tenha criado com maior liberdade que ele. Foi o único a não deixar-se arrastar po um efeito decorativo particular, ao contrário, sempre organizava as susas construções tão somente segundo a disposição e o sentido das proporções” Jacob Burckhardt, 1888.

Quando no final de 1537 o humanista e tratadista Giangiorgio Trissino procedeu à reforma do castelo Badoer em Cricoli (Pozzo Rosso, Vicenza) para adaptar uma linguagem classicista, segundo os últimos modelos experimentados, recorreu à oficina de Pedemuro em Vicenza, sobre o alçado de Giovanni Porlezza, com o fim de requisitar os serviços de seus artesãos a realizarem a transformação material, sendo o canteiro Andrea Palladio responsável pela execução.

Andrea di Pietro della Gondola nasce em 30 de novembro de 1508 em Pádua – Veneza durante um dos maiores periodos criatívos da historia da Europa Ocidental, o Renascimento, no seio de uma humilde família, onde começou bastante cedo a trabalhar no ramo da construção. Em 1524, muda-se para Vicenza, cidade onde deixaria uma marca profunda, primeiro como pedreido e posteriormente através do seu legado arquitectónico. Com cerca de 30 anos torna-se protegido de Gian Giorgio Trissino,um estudioso influente e poeta que mudará significativamente o rumo da sua carreira. É Trissino que estimula Palladio à apreciação das artes, das ciências e da literatura clássica, concedendo-lhe tambem a possibilidade de estudar arquitectura antiga, em Roma. Foi tambem Trissino que o apelidou de Palladio, alusão à deusa grega da sabedoria Pallas Athene e a um personagem de uma das suas peças épicas. 10

Em 1554 e após a morte de Trissino, Palladio parte para Veneza onde consegue o título de Arquitecto-Chefe da Republica de Veneza e é là que atinge o auge da sua carreira. Em 1580 Palladio morre em circunstancias desconhecidas numa localidade perto de Treviso e é sepultado na Igreja de Santa Corona em Vicenza. Apartir do século XIX o seu túmulo passa a localizar-se no Cimitero Maggiore de Vicenza.

O trabalho classico-erudito revelou uma libertação formal do estilo gótico que Trissino soube reconhecer artisticamente o que levou ao sobrenome de Palladio relacionando-se semanticamente: -no sentido etimológico, com o representante da cidadeestado grega Atenas, e protectora das ciências e artes; -no sentido histórico, com Palladius clássico autor da De Re Rustica (escritor romano conhecido pelo livro sobre agricultura – Opus Agriculturae, ou, também assim conhecido, De Re Rustica); -no sentido simbólico, com a introdução salvadora do classicismo. Esta tripla interpretação, antecipada, foi enquadrada na classificação estética que ao longo da história se foi tendo de Palladio: por um lado, Palladio autor dos Quattro Libr dell’architettura, cujos textos codificavam as técnicas e incidiam na construção e nas regras que se haviam de seguir na arquitectura enquanto arte; por outro lado, o próprio Palladio, que tinha surgido na oficina de Pedemuro, examinado através das suas obras; e finalmente o ideal de Palladio, que haveria a induzir o palladianismo. Dentro do palladianismo são detectáveis vertentes paralelas que têm tendência a confluir: a primeira deriva de uma interpretação eclética no âmbito do reportório conhecido do mundo da arquitectura; a segunda, obtida através da reactivação aplicada sobre os mesmos modelos palladianos, utilizandos como ferramenta em teoria de arquitectura.

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A Obra Escrita El Quattro Libri Dell'Architectura Sem dúvida o tratado mais significativo da carreira de Palladio. Nele, Palladio foi capaz de minimizar longas descrições de texto acompanhando cada passagem com uma ilustração. Cada desenho foi também apresentado de uma forma uniforme com todos os planos e elevações anotados com dimensões padrão, neste caso o “Pé Vicentino” (Vicentine foot). Esse mesmo tratado está subdividido em quatro Livros, o I Livro dedica-se aos materiais e regras, o II Livro à habitação, o III Livro aos edifícios e lugares públicos e finalmente o IV Livro que trata dos monumentos. Exemplo: Canaletto quando reconhece os projectos de Andrea para compor a visão ideal da sua Fantasia Palladiana (pintura acima) Galeria de Parma.

Ao longo da sua vida, Palladio publica cinco grandes textos, ainda que de diferentes proporções e importancias.

de procurar exemplos, Palladio procura “interlocutores para o diálogo” entre a teoria e a prática.

Os primeiros dois textos surgem após a concretização de três viagens a Roma, a ultima em 1554.

Em 1570 publica um pequeno parecer relativos a problemas constructivos do duomo de Milão, juntamente com os Quattro Libri dell´Architecttura. A influencia de Palladio no ocidente e mais tarde nos Estados Unidos devese sobretudo à incrivel capacidade comunicativa dos seus tratados e não propriamente à sua obra edificada. Estes apresentam-se objectivos, uniformes e até “economicos”, onde os desenhos e o texto são de enorme rigor. Destaca-se também a opção por apresentar nestes tratados projectos de sua propria autoria , como exemplos de arquitectura.

Os pequenos livros intitulados: Le Antichitá di Roma raccolta brevemente da gli autori antichi e moderni , e Descritione de le Chiese, Stationi, Lindulgenze & Reliquie de Corpi Sancti, che sono in la Cittá di Roma, são no fundo guias arqueológicos da cidade de Roma. Contêm algumas descriçoes e apreciações artísticas sobre as ruinas clássicas assim como um rigoroso estudo arquitectónico das mesmas. Ao invés 12

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Com isto indicia-se um percurso contendo a singularidade do destaque dado à habitação, no que estaria em consonância com os contemporâneos e conterrâneos Giangiorgio Trissino, e Alvise Cornaro, que à habitação, às casas, concediam a primazia na conformação e embelezamento da cidade, além de ser o que mais contribuia para uma vida sobria. As teorias que tese na sua tratadistica são, portanto de inspiração vitruviana, nomeando-as utilitas, firmitas e venustas. Na beleza parece reflectir-se na normatividade de Alberti, a concinnitas, a par da comensuração ou symmetria de Vitrúvio: “correspondência de todo com as partes , das partes entre si, e destas com o todo, de maneira que os edifícios pareçam um corpo inteiro e bem acabado, no qual um membro convenha ao outro, e todos eles sejam necessários para o que se queira realizar”1 Palladio define como cinco as ordens, nomeando-as de toscana, dórica, jónica, coríntia e compósita, e a sua ordem, quando sobrepostas: “a dórica se colocará sob a jónica, a jónica sob a coríntia, e a conríntia sob a compósita. A toscana, como é a mais tosca, usa-se raras vezes sobre terra, excepto naquelas construções de um só piso, como nas construções rurais, ou em obras muito grandes como anfiteatros ou similares”1 No Livro II, sobre as casas privadas, afirma que o decoro é definido como conveniência em adequar arquitectura das casas ao estatuto social dos proprietários. É de urgência também realçar a noção expressa na necessidade de adequar-se segundo a circunstância e a situação dos sítios, ou que é necessário acomodar-se aos sítios, porque “nem sempre se constrói em lugares abertos”2. 14

Já no Livro III, sobre os edifícios públicos, afirma: “os quais se fazem de maior grandeza e com ornamentos mais raros que os privados, e servem para o uso e a comodidade de todos, os príncipes têm largo campo para fazer conhecer ao mundo a grandeza da sua vontade, e os arquitectos bela ocasião para demonstrar quanto valem nas belas e maravilhosas invenções”. Finalmente, no Livro IV, onde fala concretamente sobre os templos, realça “Se em alguma construção se deve pôr esforço e indústria para que seja distribuída com bela medida e proporção esta é, sem dúvida alguma, a dos templos... porque, se os homens ao construir as suas casas põem grandíssimo cuidado em encontrar excelentes e espertos arquitectos e artificies, com maior razão estão obrigados a dar maior atenção ao edificar igrejas. E se naquelas principalmente à comodidade, nestas devem considerar a dignidade e grandeza de quem há de ser invocado e adorado” 2 1 Palladio, ob, cit, I (1570) 1 Palladio, ob, cit, II (1570)

Villa Pisani em Montagna

Os desenhos dos projectos de Palladio que estão presentes no tratado, são desenhos que nem sempre correspondem à realidade construída (quem sabe pela sua redacção precipitada), outras vezes aparecem projectos bem detalhados. Um dos projectos, como exemplo, é a villa Pisani em Montagna, que se apresenta como uma reelaboração sobre o executado, tem uma cornija que rodeia a média altura o edifício, acentuando a unidade do desenho entre as fachadas, que o caracteriza pela existência de uma intenção inicial de justaposição dos arcos que flanqueiam o núcleo principal.

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Palácio Valmara

Outras vezes os desenhos apresentam-se como desenhos assépticos, recusando as influências do ocidente positivo, como no desenho do palácio Valmarana. Como é facilmente constatável é a obra de Palladio a razão de ser mais profunda do palladianismo, derivada do uso que faz da sintaxe dos elementos arquitectónicos e da procedência heterogénea do seu reportório, e que a assimilação efectuada pelo arquitecto se dirige mais à aceitação dos seus elementos que a recepção geral das arquitecturas do que lhe rodeia, de modo ou forma de projectar. Desta contradição, desta antinomia, entre o classicismo narcisista da sua obra, codificada em tratado, e da heterodoxia da suas obras construídas, é de onde surge a grande paródia do seu maneirismo, pois a causa da autonomia das partes alcança uma facilidade de leitura da sua arquitectura que a faz didáctica, e por consequência, academizável. No palladianismo chegou-se mesmo afirmar que Palladio é “um puro realizador do efeito decorativo e cromático”, ou, pelo contrário, que “Palladio é um arquitecto, e apenas um arquitecto”., e que utiliza as formulas tradicionais sem falsifica-las e sem ocultar as suas contradições. Ambas as posições têm em comum a aceitação da arquitectura de Palladio como um conjunto de partes com possibilidades de integração sucessiva nas continuas buscas de novos tipos. O frontão, a ordem, a sala e as quatro colunas, são elementos que, descontextualizados e suprimidos em qualquer significado iconológico, podem ser utilizados indistintamente nos edifícios que se deseja. 16

O frontão passado do templo para a villa e quando é utilizado na sua função primitiva como elemento na fachada das igrejas é preciso reduplica-lo para reforçar a ênfase de uma iconografia que para ele estava perdida ou pelo menos muito deficiente. O átrio de quatro colunas das antigas villas, descrito por Vitrúvio, transforma-se num recurso construtivo para cobrir o salão das vilas ou dos palácios, e o que é mais significativo, para organizar o átrio residencial. O mesmo acontece nas ordens, por exemplo a ordem jónica, que é associada pelo Palladio às villas,. Segundo esta visão de fragmentação e de composição, o problema desta acção podia enquadrar-se dentro do planeamento mais erudito e didáctico: cada elemento assumia uma determinada autonomia definida que favorecia a sua interpretação no abstracto.

Palladianismo A aceitação mais profunda do classicismo, presente nos seus desejos de recuperar o teatro clássico ou a villa suburbana como forma utiliza uma nova cultura, não foi um episódio isolado em Palladio. Em toda a sua obra descobre-se a intenção continua de experimentar com a teoria mais complexa do código vitruviano-renascentista. É lógico que quando no Neoclassicismo os tratados Palladio foram analisados surja como o arquitecto que mais facilmente aparece em ressonância porque oferece simultaneamente um código de fácil identificação justificável através da erudição historicista. O palladianismo tem como a sua principal fonte a de referência os quattro libri dell’architettura., publicados por Palladio catorze anos depois da

aparição da tradução de D. Barbaro, precisamente quando já havia experimentado com todos aqueles temas do classicismo. O sistema de compor a arquitectura realizada por Palladio abriu um caminho metodológico e operativo com o que era possível de resolver complexas tipologias arquitectónicas. Procedendo a uma continuidade evolutiva lógica, os primeiros ensaios em grande escala necessariamente tiveram de nascer em Vicenza e Veneza porque era nestas regiões que estavam as obras do arquitecto: assim surgem projectos como o de V. Scamozzi para a fachada de S. Niccolo Tolentino ou o de Francesco Comino para San Pantaleone, e isto precisamente quando o Barroco desenvolvia os seus melhores exemplos. Esta situação que coloca Palladio como gerador de arquetipos é evidente sobretudo quando Ottavio Bertotti analisa a basílica vicentina: é refeita planimetricamente como um edifício abstracto que responde à rigorosa simetria referida nos Quattro Libri e não a realidade das irregularidades da planta sobre a que actua o arquitecto a partir de 1546. Paralelamente a esta influência directa sobre arquitectos vicentinos, fora da península italiana também começaram a surgir vários exemplos de arquitectura palladiana, especialmente em Holanda, com obras com as de Pieter Post, Jocob van Campen w Arent van’s Gravesande. Onde o palladianismo fora de Itália teve mais êxito foi na Inglaterra, quem sabe devido à sua tendência saxónica que procura experimentar os actos antes de criar o aparato especulativo. Tendo viajado pela Itália em 1601 e 1613-14, visto as obras de Palladio e contactado com Scamozzi, Inigo Jones projectou um tratado, 17

juntamente com o seu discípulo John Webb, à maneira do de Palladio, mas não passaram dos esboços preliminares; na nota de um esboço lê-se:” em arquitectura, os ornamentos devem ser sólidos, de proporções em acordo com regras, masculinas e não afectados”3, esta atitude reflecte-se em toda a obra de Jones, inclusivé nos seus estudos sobre Stonehenge publicados por John Webb, nessas ruínas, a que atribui origem romana, vê a harmoniosa proporção e sobreposição de quatro triângulos equiláteros correspondendo à forma de um teatro antigo, como o que desenhara Palladio para a edição do Vitrúvio de Barbaro. Sir Henry Wotton posiciona-se entre o relativismo pragmático e utilitário de Bacon e o esteticismo normativo de Jones, nos seus The Elements of Architecture, a arquitectura é imitação da natureza, destacando a necessidade de atender aos condicionamentos climáticos, regionais e nacionais; nisto, como na afirmação de que “o lugar de cada parte deve ser determinada em função do uso”, aproxima-se de Bacon; acerca-se a Alberti, ao secundarizar o ornamento e ao atribuir grande importância na arquitectura à “secreta harmonia nas proporções”; aceita o círculo como forma universal, mas reconhecendo a sua pouca utilidade nas obras privadas; organicamente, compara o edifício com as funções do corpo humano; rechaça o arco gótico por sua “naturall imbecility”, desejando eliminar o gótico da arquitectura. A especifidade da habitação inglesa é o tema da segunda parte da sua obra: a casa é o “teatro da hospitalidade e espécie de principado privado” o melhor ornamento de uma casa é a pintura e a escultura; fala da irregularidade das casas a que se devia opor a irregularidade dos jardins; questiona as definições ou 18

consistências de Vitrúvio, pois o “ordinatio” e a disposito não eram definições mas procedimentos de projecto, o que prefigura o entendimento moderno dessas definições. Define as restantes consistências com fórmulas breves e práticas: assim, “o decoro é a atenção da devida relação entre habitante e a habitação”; no final, e a propósito da decoração, fala de “uma espécie de arquitectura moral”, apontando para um conceito ético da arquitectura que teria futuro em Inglaterra. Jones, I, Nota de 20 de janeiro 1615, cit. P/ Sumerson, J., Architecture in Britain 15301830, Harmondseorth, 1953, 5ª ed. 1970, 118 Com muito atraso, na Inglaterra Imperialista começaram surgir algumas traduções dos grandes tratados italianos, como por exemplo a do Paralléle de Fréart de Chambray, realizado por John Evelyn, anexando-lhe Account of Architects and Archittecture, onde é perceptível várias definições conceptuais tomadas por Vitrúvio e outros autores, e também posições próprias; embora partidário da redução das consistências vitruvianas, tal como Wotton, define o decoro à maneira vitruviana: “Decoro não só é a adequação da habitação ao habitante... mas também que o edifício, e particularmente os seus ornamentos, se devem conformar conveniente e oportunamente, tal como Vitrúvio o demonstra expressamente ao adequar as diversas ordens ao seu carácter natural” é dos primeiros a imputar aos mouros e árabes a origem do gótico, que abomina, falando das nossas “frivolidades góticas na composição das cinco ordens”, que explicariam os “absurdos nas nossas estruturas modernas”.

Foi a partir do trabalho de um homem – Colen Campbell – e o seu Vitruvius Britannicus” que o palladianismo em Inglaterra ganha força e dinâmica por quase todo o séc. XVIII. A obra é constituída somente por pequenas gravuras e tem como intenção provar que a arquitectura inglesa do tempo em questão deriva da antiga e renascentista. Para ele os antigos estavam “out of Question”, e os renascentistas italianos eram o “Nec plus ultra” da arquitectura, embora o séc XVII tivessem perdido o seu “exquisite Taste of Buildins” e a “Antique Simplicity”, isto é uma clara demarcação do barroco, cujos representantes mais notórios classifica de góticos, dados à “Capricious Ornaments”. Acompanhado pelas gravuras, refere-se ainda a Inigo Jones numa pequena nota como o Palladio inglês, considerando insuperável o projecto para o palácio de Whiteball. O culto de do paladianismo estendeuse a manuais para uso de artesãos, como Pallladio Londinensis, de Wiliiam Salomon, o ilustra, tendo contribuído para a normalização de portas, janelas, etc, na construção de habitações. O auge do palladianismo inglês chega por meio de Isaac Ware que escreve e pública em 1756 “The complete Body of Architecture”. É uma obra que teve bastante recepção, com sucessivas edições, e constitui a mais completa e influente formulação do paladianismo em Inglaterra, pretendendo desenvolver “toda a ciência da arquitectura, desde os seus primeiros rudimentos até à sua última perfeição”, tornando assim desnecessária a literatura anterior, uma vez que aí estaria integrado tudo o que é preciso saber. É uma obra obra comitente ao mestre de obras e ao “pratical builder”

No resto da Europa o paladianismo, normalmente, vai actuando debaixo das influências reguladoras das Academias, mas não porque faltam arquitectos como Marie Joseph Peyre, em França, que demonstra umas evidentes influências palladianas sobre o rígido fenómeno racionalista francês; como a alemã F. Schinkel em obras do tipo da Schauspielhaus de Berlim, como os polacos P. Aigner, J. Kubicki e A. Corozzi; os representantes do palladianismo russo, introduzido pelo fecundista G. Quarenghi . Em todos eles pode-se descobrir uma constante comum: a tentativa generalizada de encontrar um código que funda em si a expressão arquitectónica extraída do passado com a analise racional da obra, onde Palladio só é imitado desde a vertente da hipótese coerente do seu tratado.

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Analise Geométrica Villa Capra

7 8/7 3/2

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Villa Barbaro

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2/1

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Villa Emo

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(in)Conclusão

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Pode-se dizer, que a sua arquitectura é a arte de compromisso com o meio, que da resposta, como bem profissional, às exigências de uma nova implantação da burguesia que queria representar o que nem sempre podia ser, e ainda importante de referir-mos que a sua obra codificou um tipo de arquitectura suburbana (a villa) em que as possibilidades de manipular eram, sobre um ponto de vista de projecto, muito favoráveis: o edifício como objecto isolado, seu significado iconológico associado a situações de colonização agrícola, e a sua possibilidade de definição total que permitia utilizar a arquitectura como processo completo e complexo, deixando assim portos em aberto para o Neoclássico e a arquitectura norte-americana (a partir de 1776, data da sua independência).

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