Anexo I - Catálogo de faianças portuguesas do Paço Imperial

July 15, 2017 | Autor: Beatriz Bandeira | Categoria: Faiança Portuguesa, Arqueologia Histórica
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

BEATRIZ BRITO DE FERREIRA BANDEIRA

ESTUDO DAS FAIANÇAS PORTUGUESAS RECUPERADAS NAS ESCAVAÇÕES NO PAÇO IMPERIAL – PRAÇA XV DE NOVEMBRO, RIO DE JANEIRO

Volume II

RIO DE JANEIRO 2011

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Anexo I - Catálogo de faianças portuguesas do Paço Imperial

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Índice I. Inspiração Hispano Mourisca ........................................................................................... 165 1. Padrão Linear Azul – 1550-1850. ........................................................................... 165 1.1 Linear azul e vinoso. .......................................................................................... 165 1.2 Linhas duplas na borda e ao fundo, azul e vinoso 1600-1850. ............................. 170 1.3 Pinceladas curtas em diagonal sobre uma linha – 1600-1850. .............................. 178 1.4 Pinceladas Curtas em diagonal sobre duas linhas paralelas – 1600-1850. ............ 181 1.5 Padrão semicírculos imbricados – 1700-1800. .................................................... 182 1.6 Padrão Decorativo Motivos Geométrico Diversos – 1650-1850. ......................... 184 1.7 Padrão Círculos concêntricos ao fundo – 1650-1850. .......................................... 187 1.8 Padrão Semicírculos concêntricos na borda – 1650-1730 .................................... 190 2 Padrão Composição Vegetalista –1600-1650. ......................................................... 197 2.1 Motivos fitomorfos diversos ...................................................................................... 197 2.2 Composição floral na borda e/ou no fundo................................................................. 197 II. Inspiração Ming.............................................................................................................. 209 4. Padrão Inspiração Ming .......................................................................................... 209 4.1 Cópias de Porcelana Kraak (1600-1625) ............................................................. 209 4.2 Símbolos chineses associados a motivos portugueses (1625-1650) ...................... 214 4.2.1 Linhas geométricas concêntricas na borda e estilização vegetalista no fundo ....... 215 4.2.1.2 Linhas radiais na borda e estilização vegetalista no fundo (1625-1675) ........... 218 4.2.2 Temas chineses (1625-1650) .............................................................................. 221 4.3 Temas Chineses sem características orientais ...................................................... 225 4.3.1 Desenho Miúdo – 1650-1675.............................................................................. 227 4.3.2 Aranhões – 1650-1750 ....................................................................................... 228 III. Temas Nacionais ........................................................................................................... 235 5 Temas Nacionais .................................................................................................... 235 5.1. Rendas – 1650-1700. .......................................................................................... 236 5.2. Contas – grupos de 3/6 contas – 1650-1770. ....................................................... 246 5.3 Faixas barrocas (folhas de Acanto) – 1670-1775 ................................................. 251 5.4 Semicírculos concêntricos, imbricados e motivo simples em vinoso.................... 254 5.5 Heráldica e cartela com legenda 1630-1750 ........................................................ 258 5.5.1 Heráldica – 1630-1750. ...................................................................................... 259 5.5.2 Cartela com legenda 1650-1750.......................................................................... 261 5.6 Ramalhete florido e motivos florais diversos 1650-1800 ..................................... 262 5.6.1 Ramalhete florido (1650-1800) ........................................................................... 262 5.6.2 motivos florais diversos – 1675-1800 ................................................................. 264 6 Padrão motivos geométricos diversos azul e vinoso 1700-1800 ............................... 266 7 Padrão motivos geométricos diversos azul, vinoso e verde – 1750-1800.................. 271 8 Louça de Delft – 1630-1750. .................................................................................. 275 9 Louça de Fábrica 1770-1900................................................................................... 278 9.1 Composição linear polícroma ............................................................................. 279 9.2 Marcas ............................................................................................................... 282 9.3 Bandas de Rouen ................................................................................................ 283 9.4 Linha ondulada entre pontos ............................................................................... 284 9.5 Esponjado Azul .................................................................................................. 286 9.6 Imitação de faiança fina inglesa .......................................................................... 288 9.7 Elementos fitomorfos diversos a traço fino ......................................................... 289 10 Quadro cronológico dos padrões decorativos segundo a bibliografia estudada. ........ 291

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I. Inspiração Hispano Mourisca 1. Padrão Linear Azul – 1550-1850. 1.1

Linear azul e vinoso.

1 - Coleção Paço Imperial

É uma variante genérica que costuma aparecer como uma decoração única, ou acompanhar outros motivos decorativos também em azul, cuja produção se inicia durante o século XVII e desdobra até o século XIX, segundo a bibliografia estudada.

Referências Bibliográficas: a) SABROSA, 2008:113 – O autor propõe em seu artigo uma síntese de classificação tipológica para as cerâmicas esmaltadas recuperadas da intervenção arqueológica do Largo do Corpo Santo, Lisboa, em 1996. Nela são apresentadas as produções espanholas e italianas datáveis entre os séculos XV e XVI. No caso da peça ilustrada abaixo, trata-se de uma faiança decorada importada da Espanha durante os séculos XV e XVI. “Prato raso de paredes oblíquas, sub-horizontais, relativamente finas. Bases côncavas, marcadas no interior por um ônfalo bem saliente, rodeado por um filete relevado que delimita o fundo. Apresentam lábios de secção boleada. Quanto às dimensões desta forma: o diâmetro total oscila ente 194 e os 275 mm; a altura total oscila

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166 entre os 29 e 44 mm. Foram contabilizados, no momento da publicação, 126 peças desta forma” (SABROSA, 2008:119, figura20)

2 - Cerâmica espanhola recuperada na intervenção arqueológica do Largo do Corpo Santo, Lisboa.

b) Segundo consulta pessoal a Luís Sebástian, um dos autores do texto "As faianças portuguesas do Mosteiro de S. João de Tarouca (CASTRO; SEBASTIAN, 2009)", as que apresentam a decoração listada azul, podem ser de olarias de Lisboa. Esse padrão começa a ser produzido ainda na 2ª metade de séc.XVII, tornando-se cada vez mais frequente ao entrar no século XVIII, estendendo-se mesmo pelo séc. XIX.

3 - Coleção Paço Imperial

c) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - Ambas de origem portuguesa; a primeira datando do século XVI ao XVIII e a segunda do século XVIII.

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4 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

d) ALBUQUERQUE, 2001:92 fig.153 – “Uma única linha circundando toda a borda. Encontrado nas cores azul ou vinoso”. Grupo 1 – Faiança do tipo uso interno do 3º quartel do século XVI ao primeiro quartel do século XIX. Entre 1987 e 1991, foram realizadas escavações arqueológicas em Vila Flor, no estado do Rio Grande do Norte, cuja cidade se originou como a Missão Carmelita de Nossa Senhora do Desterro de Gramació construída no século XVII, para os trabalhos de catequese de uma população formada por cem casais indígenas. Do material recuperado das escavações realizadas, em sucessivas campanhas no sítio Vila Flor, fragmentos de faiança foram encontrados em abundância nos diversos substratos das áreas escavadas. Dentre aqueles de origem portuguesa, Paulo Tadeu de Souza Albuquerque contabilizou uma quantidade de 1.095 fragmentos, caracterizando 336 fragmentos pertencentes ao tipo exportação, e 759 ao grupo de faianças para uso interno em Portugal e Colônias. Conforme as pesquisas do autor, a decoração em questão é uma faiança portuguesa destinada ao uso interno. Os aspectos técnicos e decorativos desse tipo são “conservador e popular”, o que significa uma cerâmica para o uso diário e também, à venda no mercado interno das colônias portuguesas.

É de custo inferior, e seu

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168 acabamento muitas vezes se mostra em aspecto frágil e fácil deterioração. Suas formas costumam ser pratos e tigelas, não ultrapassando o tamanho de 20 cm de diâmetro. Os motivos que estampam as faianças de uso interno são definidos como “composições de linhas concêntricas” e “arabescos”; geralmente acompanhando as linhas que circundam as bordas, e sua cor é predominantemente o azul, mas que podem ser vistos também nas cores vinoso e verde. Costumam serem encontrados em substratos dos séculos XVII e XVIII e pelo conhecimento do autor, esses motivos foram produzidos desde o final do século XVI ao surgimento das fábricas de faiança, no final do século XVIII. Independente dos estratos arqueológicos de onde os fragmentos foram exumados, ALBUQUERQUE se propôs em reunir os fragmentos de uso interno em quatro grupos cronológicos; no caso do padrão decorativo em questão, esse faz parte do Grupo 1 por seus motivos apresentarem pinceladas estilizadas em conjunto ou sozinhos, podendo ser semicírculos concêntricos nas paredes internas, e motivos arabescos ao fundo, que são caracóis e círculos concêntricos. A cor dos motivos sobre o esmalte branco é predominantemente o azul escuro sem subtons e raramente na cor vinoso. As peças que apresentam tais características decorativas costumam ser datadas entre os séculos XVI e XVII e são chamados de faiança “Málega”.

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169 5 - Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor, no Rio Grande do Norte

e) No Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Yayal Blue on White. “Borda de malga decorada com faixa”, proveniente da coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES. O catálogo atribui os fragmentos que apresentaram os motivos decorativos em questão ao termo “Yayal Blue on White” (DEAGAN, 1987) cujo motivo seria de origem espanhola, produzido entre 1490 a 1625. A pesquisa de Kathleen Deagan (1987) será demonstrada no decorrer desse catálogo pois diversos motivos decorativos dos fragmentos da Coleção Paço Imperial são semelhantes aos que são citados pela autora. Essa variante pode ser também denominada como “faianças com decorações simples de filetes azuis”, quando encontrada em um depósito do século XVI na Casa do Infante (Porto) (BARREIRA; DÓRDIO e TEXEIRA, 1995, p.150-151 apud IPHAN, 2007); e, também denominada de “louça listada”, exumada de contextos de finais do século XVII e início do XVIII no Mosteiro de S.João de Tarouca (CASTRO; SEBASTIAN, 2002b apud IPHAN, 2007).

6 - Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

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1.2

Linhas duplas na borda e ao fundo, azul e vinoso 1600-1850.

7 - coleção Paço Imperial

É uma variante genérica que costuma aparecer como decoração única, ou acompanhar outros motivos decorativos também em azul, cuja produção se inicia durante o século XVII e se estende até o século XIX, segundo a bibliografia estudada. Durante o período inicial, a sua produção se assemelha bastante às espanholas, por isso a intenção de demonstrar aqui essas encontradas em sítios americanos e portugueses, cogitando na possibilidade de que o início da produção de faiança portuguesa foi não somente concorrer com as porcelanas chinesas, mas também com a espanhola (CALADO et al, 1998). No caso das linhas duplas na borda e ao fundo, em somente na cor vinoso, se tem o hábito de encontrá-la em estrados a partir da segunda metade do século XVIII.

Referências Bibliográficas: a) DEAGAN, 1987:58. Yayal Blue on White. Uma composição que se caracteriza por simples bandas concêntricas azuis circulando o interior do recipiente, contendo a pasta, esmalte, e o acabamento da superfície semelhantes ao do Columbia Plain, um tipo de pasta comumente produzido na Espanha no século XV. Sua pasta é creme claro ou amarelado de textura granular, com a inclusão de pequenos minerais, por vezes arenosos.

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171 A cor da tinta é o azul cobalto, geralmente de tom claro e a sua composição decorativa pode variar de recipiente a recipiente. A variante Yayal Blue on White é comumente encontrada nos sítios da Flórida e Caribe em contextos dos primeiros contatos com o Novo Mundo, século XVI, aparecendo em estratos entre pós 1565 e as primeiras décadas do século XVII; enquanto que na Espanha é conhecido desde o século XV.

8- Yayal Blue on White – Historical Archaeology at Florida Museum of Natural History

b) CASTRO, ANA SAMPAIO e. 2009: 248. Em sua dissertação Cerâmica Européia de Importação de S. João de Tarouca (séculos XV-XIX) (2009), a autora desenvolveu um amplo estudo sobre os hábitos de consumo e o abastecimento das cerâmicas européias importadas na região, recuperadas na intervenção arqueológica no mosteiro cisterciense masculino de São de Tarouca (Viseu, Tarouca, norte de Portugal). Por meio de uma análise macroscópica sobre as técnicas de produção, formas e funções das faianças, foram identificados seus principais centros produtores europeus; Espanha, Itália, Holanda e Inglaterra, num período que abarca desde o século XV ao século XX. A imagem abaixo ilustra um prato originário de um dos grupos de fabrico de Sevilha, tendo esse grupo abarcado a decoração em questão; como forma mais comum, a escudela e o prato com ônfalo interno, sob uma cronologia de todo o século XVI,

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172 recolhido num estrato relativo ao primeiro quartel setecentista. É uma “peça composta por 5 fragmentos, apresenta marcas de trempe no exterior, no pé anelar e no interior, no fundo. A linha de fundo e de bordo tem marcas de uso. Exibe algumas falhas no esmalte na superfície exterior” (CASTRO, 2009:248).

9 - Prato pertencente ao grupo de fabrico Sevilha - Coleção Mosteiro de S.João de Tarouca.

c) SANTOS, Maria J. (2007) – As escavações arqueológicas realizadas no largo de Jesus (Mercês, Lisboa), em 2005, permitiram identificar diferentes realidades históricas pelas diversas camadas de ocupacção local desde o século XVI ao século XIX. Os fragmentos abaixo fazem parte de um conjunto do século XVI, onde se insere o grupo de “decoração simples e de feição geométrica, a azul, geralmente duas bandas horizontais, imediatamente sob o bordo na superfície interna e na transição para o fundo, no qual é por vezes representada uma espiral ou um círculo concêntrico” (SANTOS, 2007:394). Respectivamente, a primeira imagem mostra um fragmento de malga em faiança do século XVI e a outra imagem, fragmentos de borda e fundo de malgas do século XVI.

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10- Conjunto exumado das escavações arqueológicas de salvaguarda do Largo de Jesus (Mercês, Lisboa)

c) CASTRO; SEBASTIAN, (2002:169 e 2009:134). Grupo de fabrico “louça listada” (2002); Grupo de fabrico “A2” (2009). O artigo publicado pelos autores em 2009, “A faiança portuguesa no Mosteiro de S. João de Tarouca – metodologia e resultados preliminares”, nos informa que a coleção de faiança portuguesa do Mosteiro de São João de Tarouca está terminando de ser investigada com um abragente método de classificação e tipificação de critérios tecnológicos, desde 1998, visando identificar as características materiais, formais, e funcionais das faianças, assim como o período histórico e o contexto geográfico em que elas desempenharam suas funções. Baseando-se numa metodologia adotada por Jorge Alarcão para estudar a cerâmica local e regional de Conímbriga (1974), um método que também foi utilizado para definir os diferentes fabricos de louças encontradas nas escavações da Casa do

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174 Infante, Porto (1995), o grupo de fabrico denomina-se como forma de caracterizar a origem e cronologia, bem como a corrente estilística de um determinado tipo de faiança. O motivo decorativo ilustrado pelas imagens abaixo é denominado de grupo de fabrico A2, uma subdivisão do grupo de fabrico A. Esse último trata-se de um grupo que abarca 17 grupos de fabrico específicos, enquadráveis entre 1650 e 1750, sendo a maioria deles, da segunda metade do século XVII, contendo um mesmo tipo de pasta, um mesmo tratamento final da superfície da pasta, a cor do esmalte e os mesmo tipos de tintas, utilizando uma mesma técnica de pintura. Fazendo acreditar os autores, que todos essas características básicas de fabrico semelhantes entre si apontem para uma provável origem comum, norte de Portugal, mas que ainda estar a comprovar através de análises químicas. O “Grupo de fabrico A2” de um modo geral se caracteriza pelos seus aspectos técnicos e decorativos aparentarem semelhanças à faiança sevilhana e seus fragmentos serem encontrados em estratos do século XVII, também em contextos mais tardios, compreendendo seu prolongamento na primeira metade do século XVIII, mas em quantidade menor. Entretanto, os achados desse tipo no Mosteiro de S. João de Tarouca, até o momento da pesquisa, se limitaram a uma escudela e a um prato covo de fundo externo em ônfalo, que sob a decoração em questão, fazem lembrar as faianças sevilhanas típicas da viragem do século XVI para o século XVII. O grupo sevilhano se distingue das portuguesas pela menor espessura das paredes, ausência de ônfalo interior saliente nos pratos e perfil mais esbelto nas escudelas, sendo perceptíveis também diferenças relacionadas à pasta e esmalte.

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175 Os autores acreditam que, apesar da maioria das recolhas feitas no Mosteiro de São João de Tarouca acontecerem em contextos da segunda metade do século XVII, as características formais que esses fragmentos em questão apresentaram, possa ser recuada à segunda metade do século XVI, correspondendo talvez a uma das primeiras produções de faiança portuguesa (CASTRO; SEBASTIAN, 2009:13). Assim sendo, observa-se as três imagens abaixo, um mesmo padrão decorativo executado três maneiras mais ou menos iguais, observando na sua composição decorativa e sua forma em locais de fabrico diferentes num periodo de 1550 a 1650.

11 - Peça exumada nas escavações do Mosteiro de S.João de Tarouca, numa camada datando segunda metade do século XVII

12- Entre meados e finais do século XVI, ao lado esquerdo uma escudela proveniente de Sevilha e lado direito, uma escudela produzida em Coimbra (CASTRO, Ana Sampaio e. 2009: 210, figura 134).

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176 e) GOMES; BOTELHO, 2003:149 – Um conjunto que se enquadra nos meados e 2ª metade do século XVII, recolhido na Arca de Água do Campo 24 de Agosto, na cidade do Porto. Trata-se de um conjunto de louça de uso doméstico que incluía louça comum sem vidrado, vidrados de chumbo e faianças; estas últimas com os padrões decorativos enquadrando-as entre meados e segunda metade do século XVII. O conjunto das faianças, “para além das típicas tigelas malegueiras decoradas no fundo e na orla com filetes concêntricos a azul”, (GOMES; BOTELHO, 2003:149), contou também com pratos e taças, algumas poliobadas, que apresentaram motivos decorativos típicos da segunda metade do século XVII, cujos temas serão descritos em linhas seguintes.

13 - Um conjunto da 2ª metade do século XVII, recolhido na Arca de Água do Campo 24 de Agosto, cidade do Porto.

e) DÓRDIO; TEIXEIRA; e, SÁ., 2003:155, fig.17. Peças do conjunto recolhido próximo ao antigo Convento do Carmo à Praça de Lisboa, em Porto. Nesse conjunto, em meio a padrões típicos do final do século XVIII, se pode notar faianças com o padrão linear somente na cor azul ou na cor vinoso.

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14- Final do século XVIII, conjunto recolhido próximo ao antigo Convento do Carmo à Praça de Lisboa, em Porto

f) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando do século XVI ao XVIII.

15 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

g) ALBUQUERQUE, 2001:95. Motivo caracterizado por duas linhas paralelas, que contornam toda a borda do fundo dos pratos e tigelas. Encontrado nas cores azul e vinoso e pretence ao Grupo 1.

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16- Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor

h) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Yayal Blue on White - “Borda de prato decorada com faixa dupla” proveniente da coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES.

17 - Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

1.3

Pinceladas curtas em diagonal sobre uma linha – 1600-1850.

18- Coleção Paço Imperial

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179 É uma variante genérica que costuma acompanhar outros motivos decorativos também em azul, cuja produção se inicia durante o século XVII e desdobra até o século XIX, segundo a bibliografia estudada..

Referências Bibliográficas: a) Segundo uma consulta pessoal a Luís Sebastian, um dos autores do texto "As faianças portuguesas do Mosteiro de S. João de Tarouca (2008)", as que apresentam a decoração de listada azul, podem ser de olarias de Lisboa. Esse padrão começa a ser produzido ainda na 2ª metade de séc. XVII, tornando-se cada vez mais frequente ao entrar no século XVIII, estendendo-se ao início do séc. XIX.

19 - Coleção Paço Imperial

b) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - Ambas de origem portuguesa datando do século XVI ao XVIII.

20 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

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180 c) ALBUQUERQUE, 2001: 95. Curtas pinceladas ocupando toda a borda de forma contínua, sobre um única linha. Faiança do tipo uso interno do 3º quartel do século XVI ao primeiro quartel do século XIX – Grupo 1.

21 - Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor

d) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Yayal Blue on White. “Fragmentos de bordas de pratos decorados com faixa e traços oblíquos” proveninentes da coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES.

22 - Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

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181

1.4

Pinceladas Curtas em diagonal sobre duas linhas paralelas – 1600-1850.

23 - Coleção Paço Imperial

É uma variante genérica que costuma acompanhar outros motivos decorativos também em azul, cuja produção se inicia durante o século XVII e desdobra até o século XIX, segundo a bibliografia estudada.

Referências Bibliográficas: a) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando do século XVI ao XVIII.

24 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

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182 b) ALBUQUERQUE, 2001: 95. Motivo que se apresenta como variante do anterior, caracterizado pelo aparecimento de uma segunda linha paralela. Encontrado nas cores azul e vinhoso. Grupo 1.

25- Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor

1.5 Padrão semicírculos imbricados – 1700-1800. Variantes:

26 - Coleção Paço Imperial

Semicírculos imbricados podem ser encontrados abaixo de uma/duas linha(s) na borda, e/ou acima de linhas concêntricas ao fundo. Podem aparecer associados com outros padrões, como o de semi-círculos concêntricos na borda. Segundo bibliografia consultada é decorrente do século XVIII.

Referências Bibliográficas: a) Consultando Luís Sebastian, um dos autores do texto "Faiança Portuguesa do Mosteiro de S. João de Tarouca - metodologia e resultados preliminares

182

183 (CASTRO; SEBASTIAN, 2009)", é uma variante posterior ao séc. XVII, podendo estender até final do século XVIII.

Ele teve dúvidas quanto à

procedência desses fragmentos, mas muito provavelmente fabricados em Lisboa

27 - Coleção Paço Imperial

b) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando do século XVI ao XVIII.

28 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

c) ALBUQUERQUE, 2001: 255. “Linha de semi-círculos embricados (sic) sobre uma linha”. Grupo 1.

29- Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor

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1.6 Padrão Decorativo Motivos Geométrico Diversos – 1650-1850. Variantes

30 - Coleção Paço Imperial

Referências bibliográficas: a) DEAGAN, 1987:58. Yayal Blue on White.

31 - Yayal Blue on White – Historical Archaeology at Florida Museum of Natural History

b) GALEÃO SACRAMENTO, 1668. As variantes mencionadas acima podem ser encontradas respectivamente na coleção estudada no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro e no Museu Náutico da Bahia – Arqueologia Subaquática do Galeão Santíssimo Sacramento (MUSEU NAUTICO DA BAHIA, 2006:26).

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32- Coleção Galeão Santíssimo Sacramento, à esquerda, parte da coleção que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro; e, à direita, parte da coleção que consta no Museu Náutico da Bahia

b) Segundo uma consulta pessoal a Luís Sebastian, um dos autores, "A Faiança Portuguesa no Mosteiro de S. João de Tarouca - metodologia e resultados preliminares", o motivo é de olarias de Lisboa; é um padrão que começa a ser produzido ainda na 2ª metade de séc. XVII, tornando-se cada vez mais freqüente ao entrar no século XVIII, estendendo-se pelo séc. XIX. A princípio pode-se associar no centro pequenos elementos decorativos vegetais, que vão desaparecendo, evoluindo esta decoração no sentido de uma maior simplicidade.

33 - Coleção Paço Imperial

d) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando do século XVI ao XVIII.

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1 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

e) ALBUQUERQUE, 2001:255. Segundo os estudos do autor, trata-se de um padrão caracterizado por inúmeras variantes normalmente acompanhados por duas linhas paralelas ou uma única; que os contornam ao fundo dos pratos e tigelas apresentando no centro motivos que se definem como “arabescos”, “círculos concêntricos” e “caracóis”. Essas variantes fazem parte do tipo uso interno do 3º quartel do século XVI ao primeiro quartel do século XIX – Grupo 1.

2 - Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor, Rio Grande do Norte

f) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Yayal Blue on White – “Base de prato decorado com medalhão central”, Coleção Venerável Ordem Terceira de S. Francisco da Penitência/ RJ; e, “Malga decorada com faixa e desenho estilizado na base” proveniente da coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES.

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36 - Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

1.7 Padrão Círculos concêntricos ao fundo – 1650-1850. Variantes

37 - Coleção Paço Imperial

Observando esse padrão associado com o padrão semicírculos concêntrico na borda e com o que aparece na bibliografia consultada é um padrão que costuma aparecer com outros padrões decorativos durante o século XVII e na virada do século XVIII.

Referências Bibliográficas: a) CASTRO; SEBASTIAN (2002b:169, 2008a:134 e 2009). A decoração em questão, os círculos concêntricos ao fundo, encontra-se na coleção do Mosteiro S João de Tarouca acompanhada com dois tipos decorativos; o primeiro, fazendo parte da louça “rendas” e o segundo, na louça “contas e arabescos”.

187

188 A louça de “rendas” (CASTRO; SEBASTIAN, 2002b:169) ou “Grupo A1”(CASTRO; SEBASTIAN, 2009) , um padrão decorativo que será tratado mais adiante no desenrolar desse catálogo, faz o padrão círculos concêntricos ser da segunda metade do século XVII, por se tratar de uma composição decorativa usualmente encontrada em estratos desse perído. No caso da coleção do Mosteiro, as formas sob esse tipo decorativo foram o prato de ônfalo, o prato de debrum e a tigela, quando a composição decorativa era somente decorada em azul. E quando aparecendo simultaneamente as cores azul e manganês, apresentou-se na forma de prato de ônfalo. Dando a entender desse modo, uma preferência da produção local sobre formas que eram comuns em período mais recuado, visto também em linhas acima a respeito de um prato e uma tigela imitando um padrão decorativo sevilhano – grupo de fabrico A2 – típicos de finais do século XVI e início do século XVII No segundo tipo decorativo, a louça sob o padrão decorativo “contas e arabescos” (CASTRO; SEBASTIAN, 2002b), a bibliografia costuma remetê-la a segunda metade do século XVII, mas seus exemplares no Mosteiro foram encontrados em contextos datáveis do início do século XVIII e suas formas cingiram-se a pratos e tigelas.

38 - Louça de “rendas” apresentando somente na cor azul e o prato de ônfalo, coleção Mosteiro de S.Joao de Tarouca. (2009:9, fig.5)

188

189

39- Louça de “rendas” apresentando na cor azul e manganês e o prato de ônfalo, coleção Mosteiro S. João de Tarouca (2009:11, fig.6)

40- Louça “contas e arabescos”, coleção Mosteiro S.Joao de Tarouca (2002b:169, fig.12)

b) DÓRDIO; TEIXEIRA; e, SÁ, 2001:163, figura 24. Meados do século XIX. Os autores do texto expõem um conjunto cerâmico que se formou na Cadeia de Relação, localizado na Praça da Relação, centro de Porto, cujas louças foram provenientes de estratos do século XIX, advindas de uma demolição de casas próximas ao edifício, resultante do saneamento urbanístico dessa área na década de 1870. A cronologia nos níveis desse entulho atribuiu ao momento final de deposição, uma data de meados/terceiro quartel do século (1850-1870), através de uma série de tipos de cerâmica e padrões decorativos relacionados à época. No caso das peças ilustradas na imagem abaixo, elas são de produção nacional, louças de fábrica, compondo motivos estampilhados ou simplesmente pintados numa monocromia azul e, mais raramente, na cor rosa. A intenção aqui é demonstrar que o

189

190 padrão decorativo círculos concêntricos perdurou desde meados do século XVII à finais do século XIX

41 - Louça nacional com decoração monocromática. Séc. XIX, meados. Cadeia da Relação, cidade de Porto.

c) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando do século XVI ao XVIII.

42 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

1.8 Padrão Semicírculos concêntricos na borda – 1650-1730 Os fragmentos em que aparecem semicírculos na borda, ao aparecerem juntos com o fundo da peça, os motivos que a principio podem sugerir um conjunto de rabiscos aleatórios, quando integrados à borda, fazem lembrar aqueles observados na coleção estudada por DEAGAN (1987) e na Coleção do Galeão Sacramento que estão sendo demonstrados ao longo desse catálogo. Em interpretação nossa, os entendemos como

190

191 uma composição floral. Os semicírculos na borda podem não vir acompanhados somente desses motivos, podendo também aparecer outros ao fundo, tais como motivos geométricos diversos e os círculos concêntricos mencionados anteriormente. Variantes

43- Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) DEAGAN, K. 1997:59 – Decoração em questão que se assemelha ao Sevilha Blue on White. Este padrão faz parte da categoria Sevilla-Ware Group, uma subcategoria da Italianate Spanish Majolica, faianças espanholas que tiveram influência da produção italiana. Sua pasta é distinta da anterior Columbia Plain Morisco, mencionada linhas acima no padrão linear azul, variante “linhas duplas na borda e ao fundo, na cor azul”, diferenciando também tanto a cor, quanto nas formas, sendo tais aspectos de melhor qualidade que as de outrora. As paredes se tornaram mais finas, suas bordas mais reforçadas, e os pés, anelares; características que perduraram durante os séculos XVII e XVIII (DEAGAN, 1997: fig.4.24, p.55). A cronologia do padrão decorativo abaixo teria sido produzida em torno de 1530 a 1650 e costuma aparecer em pouca quantidade nos

191

192 sítios do Novo Mundo (Florida-USA e Caribe), com relação aos fragmentos Yayal Blue on White.

44- Sevilha Blue on White – Historical Archaeology at Florida Museum of Natural History

a) Galeão Sacramento, 1668 (BANDEIRA, 2007 e MUSEU NÁUTICO, 2005).

45 - Coleção Galeão Santíssimo Sacramento, à esquerda, parte da coleção que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro; e, à direita, parte da coleção que consta no Museu Náutico da Bahia

b) SANTOS, M. João, 2007. Fragmentos de saladeira e malgas do século XVII encontrados nas escavações arqueológicas de salvaguarda do Largo de Jesus (Mercês, Lisboa) realizada em 20051. O padrão decorativo em questao é definido por SANTOS como “decoração geométrica linear com gramáticas vegetalistas”, “que normalmente preenchem toda a superfície interna – e por vezes, externa – do recipiente, a pinceladas grossas” (SANTOS, 2007, p.381-399)

1

pesquisa mencionada no padrão “Linhas duplas na borda e ao fundo, azul e vinoso”, p.237

192

193

46- Conjunto exumado das escavações arqueológicas de salvaguarda do Largo de Jesus (Mercês, Lisboa)

c) Segundo uma consulta pessoal a Luís Sebastian, um dos autores, "A Faiança Portuguesa no Mosteiro de S. João de Tarouca - metodologia e resultados preliminares (2008)", o motivo em questão é de olarias de Lisboa, teve o seu início de produção na segunda metade de séc. XVII, sendo comumente combinado com outros padrões decorativos desse período, podendo se estender até a transição para o século XVIII. Além disso, seu achado costuma aparecer em soçobros de embarcações naufragadas nesse período. Comparando um exemplar do Galeão Sacramento (1668) que consta no Espaço Cultural da Marinha (BANDEIRA, 2007) e um outro da coleção do Paço Imperial, percebe-se que o padrão semicírculos concêntricos na borda é igual nas bordas de prato de ambas coleções; sendo que o do Paço Imperial seria uma versão mais recente daquele que consta no Galeão Sacramento, provavelmente datando numa época de transição do século XVII para o XVIII. A decoração central teria evoluído em termos de simplificação, transformando-o em linhas concêntricas, um motivo decorativo posterior ao séc. XVII, e no caso desse fragmento de prato em questão podendo ser do século XVIII.

193

194

47 - Galeão Sacramento

48 - Coleção Paço Imperial

d) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando de 1551 a 1625.

49- Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

e) ALBUQUERQUE, 2001: 35. “Sequência de semicírculos concêntricos delimitados por linhas paralelas”. A decoração em questão faz parte das faianças especialmente produzidas para exportação, um tipo que visava ser comercializado para o mercado europeu e colônias, e também aqueles de um certo poder aquisitivo que faziam o uso destas como substitutas da porcelana Chinesa; sendo então denominada de Louça Contrafeita da China. Essas faianças de tipo exportação tiveram a qualidade técnica de produção melhor que aquelas destinadas a uso interno, suas formas ganharam uma maior variabilidade, e suas funções não ficaram restritas somente ao uso doméstico, mas também como adorno. 194

195 Sob uma ampla pesquisa bibliográfica e museológica, o autor esquematiza a cronologia de produção desta faiança sob a mesma classificação periódica de Reynaldo Santos, definida em quatro estilos mais ou menos derivados da gramática oriental chinesa. Mas, ALBUQUERQUE adapta esse esquema à realidade das faianças portuguesas encontradas nos sítios brasileiros; definindo desse modo, cinco limites cronológicos aproximados, sendo os quatro primeiros períodos os mesmos de Reynaldo Santos, e o quinto correspondente à produção da segunda metade do século XVIII ao início do século XX (ALBUQUERQUE, 2001:33). Na classificação do autor, o padrão semicírculos concêntricos na borda faria parte do 1º período, 1550-1625, que são faianças portuguesas decoradas de inspiração essencialmente regionais e chinesas simples, e se apresentam quase exclusivamente em azul escuro sobre branco.

50- Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor

f) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Semicírculos Concêntricos – Respectivamente: “Tigela com borda e base decorada com semicírculos concêntricos e motivos estilizados” e “Borda de prato com esquema decorativo a partir do motivo de semicírculos concêntricos”; ambos da Coleção Igreja N.S. da Assunção Anchieta/ES. Esse padrão teria suas origens na produção espanhola do século XVII, podendo ser de Maiórca (Castela) ou Valência (Aragão). Nesse caso, o motivo foi encontrado nas

195

196 cores verde e roxo manganês e também na cerâmica vidrada com lustre dourado. Na versão portuguesa, a semelhança desses desenhos espanhóis seria na verdade uma evolução do padrão rendas, de Talavera e Lisboa da segunda metade do século XVII e primeiro terço do século XVIII (CONESSA, 2003:136, apud IPHAN 2007)2. Segundo as pesquisas feitas para o catálogo do IPHAN, o padrão semicírculos concêntricos foi identificado em Tavira (Portugal), num complexo oleiro que teria sido abandonado na segunda metade do século XVI recuando, portanto, a cronologia do registro desse motivo. Além disso, em pesquisas subaquáticas, fragmentos desse padrão foram encontrados num local de abastecimento e descartes de naus num ancoradouro da Cidade Velha, ou Ribeira Grande, no arquipélago de Cabo Verde entre finais do século XVI e ao longo do XVII (GARCIA 2004:25, apud IPHAN 2007).

51 - Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

2

Sobre o padrão rendas, ver linhas adiante, página 218

196

197

2 Padrão Composição Vegetalista –1600-1650. 2.1 Motivos fitomorfos diversos

52- Coleção Paço Imperial

53- Coleção Paço Imperial

2.2 Composição floral na borda e/ou no fundo

54 - Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) motivos semelhantes ao que aparece nos motivos de composição vegetalista da coleção Galeão Sacramento, 1668.

197

198

55- Coleção Galeão Sacramento que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro

b) DEAGAN, K., 1987. Decorações semelhantes ao Ichtucknee Blue on White. Faianças espanholas denominadas de Ichtucknee Blue on White fazem parte do grupo de estilo Talaveriano (Talaveran-style group) (op. cit. John Goggin, 1968:148). Um grupo que apresentou intensidade na sua produção entre a segunda metade e o final do século XVI. Suas figuras são freqüentemente pintadas em mais de uma camada de azul cobalto, destacando o fundo central por linhas armadas, pássaros, animais e motivos florais, enquanto as laterais do recipiente são preenchidas por motivos florais e geométricos, muito freqüentemente intercalados com painéis preenchidos por bandas verticais ou linhas ondulantes. Linhas cruzadas são às vezes usadas para completar áreas vazias, e travessões em azul costumam aparecer no centro do recipiente. Na parte externa (verso) de alguns são circulados por arcos sobrepostos pintados em azul (DEAGAN, 1987:59). Para a autora, as composições desse padrão são claramente inspiradas nos desenhos da porcelana Ming (DEAGAN, 1987:65) e foram encontradas em sítios do Novo Mbundo com data 1600-1650. Suas formas incluem taças e tigelas de plano raso

198

199 com pés anelares em pequenas dimensões. No início do século XVII, a cerâmica talaveriana foi muito admirada, vendida e copiada por toda a Espanha. Entretanto, Ana Sampaio e Castro (CASTRO, 2009:143) nos diz que as imitações de porcelanas chinesas não tiveram um repertório tão diverso e exato como aquele observado nas produções lisboetas ou holandesas.

56 - Ichtucknee Blue on White – Historical Archaeology at Florida Museum of Natural History

199

200 c) CALADO, 2003: 34 e 82. Elementos de estilização vegetalista. 1º quartel do século XVII. Na imagem abaixo, seus elementos compõem uma paisagem naturalista de inspiração Ming (período Wanli) 3, e na borda, um friso de arcos ou painéis decorados alternadamente com elementos que compõem a estilização vegetalista. Estes últimos, ao se deparar com os motivos vegetalistas que aparecem no texto de DEAGAN e no site do Florida Museum Natural History, muito se assemelharam entre eles. Fazendo supor então, que os portugueses copiavam os motivos que estavam em destaque na Espanha, mas também para compor seus próprios padrões decorativos em decorrência da exportação e competição de mercado com outras companhias européias.

57 - Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

d) DÓRDIO; TEIXEIRA; e, SÁ., 2003:141 1ª quartel do século XVII. A imagem abaixo faz parte do conjunto proveniente de um dos dois depósitos recolhidos da Casa do Infante, onde escavações arqueológicas foram realizadas na década de 1990. Trata-se de um depósito que corresponde a entulhos utilizados para uma extensa reforma ocorrida no edifício, datando mais ou menos em 1628. Nesse entulho

3

Em linhas adiante, ver página 208

200

201 predominou a louça grossa esmaltada em branco, sem decoração e de formas consideradas como exclusivas do século XVI: escudela carenada e prato com ônfalo, nos quais suas paredes são grossas, o vidrado irregular e pouco espesso. Além dessa louça, é tido em pouquíssimas quantidades o grupo de decorações simples; os de filetes azuis aplicados na borda, que chamamos aqui de padrão linear azul. E por fim, também em menor quantidade e fazendo parte desse conjunto, os pratos sem ônfalo com o covo marcado e as tigelas hemisféricas de pequenas dimensões; todos apresentando paredes de menor espessura em pastas de melhor composição; e, o esmalte de revestimento se tornou mais denso e homogêneo. A partir delas, surgiu uma nova temática decorativa pintada a azul: suas superfícies eram quase todas preenchidas; as abas decoradas com frisos de organização triangular ou semicircular, sob inspiração vegetalista, e linhas ondulantes, horizontais e trançados formavam figuras geométricas irregulares e concêntricas. Os escassos fundos reconstituídos, que acompanhavam abas e paredes sob essa decoração, mostraram também composições vegetalistas e num dos casos, uma ave de bico comprido entre ramagens. Os motivos fitomorfos, que por ora apresentaram na composição decorativa em CALADO (2003) mostrado na imagem acima, aparecem interagindo com essa descrição. E as figuras que estão destacadas por uma linha amarela em volta, parecem lembrar também aos do texto de Deagan, denominados de Ichtucknee Blue on White (DEAGAN, 1987).

201

202

58 - 1ª quartel do século XVII, Casa do Infante, escavações arqueológicas realizadas na década de 1990, cidade do Porto.

e) GOMES; BOTELHO, 2003:148-9. Arca de Água do Campo 24 de Agosto, cidade do Porto, Norte de Portugal, 2ª metade do século XVII.

“Temas reticulados e

geometrizantes, tais como linhas radiais, serpentiformes e espiraladas, executados a traços grossos”. Os motivos fitomorfos que por ora apresentam na composição decorativa em Calado (2003), assim como os de DÓRDIO et al (2003), e os de DEAGAN (1987), citados linhas acima, aparecem interagindo com essa descrição.

59- Um conjunto da 2ª metade do século XVII, recolhido na Arca de Água do Campo 24 de Agosto, cidade do Porto.

f) Consultando Luís Sebastian, um dos autores do texto "Faiança Portuguesa do Mosteiro de S. João de Tarouca - metodologia e resultados preliminares (2009)", as imagens mostradas abaixo, seriam das Olarias de Nova Gaia na primeira metade do

202

203 século XVII. Segue um exemplo da Coleção do Mosteiro de S. João de Tarouca para comparar.

60- Coleção Paço Imperial

SJT 3787

61- Coleção Mosteiro de S.João de Tarouca

g) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando do século XVI ao XVIII.

62 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

203

204 h) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Ichtucknee blue on White - Respectivamente; “Prato com motivos fitomorfos” da coleção Igreja N.S. da Assunção Anchieta/ ES É um motivo decorativo que tem suas origens na Espanha entre 1600 e 1650. A descrição da pasta, formas e suas variantes decorativas é o mesmo que DEAGAN (1987) cita em seu texto sobre “Ichtucknee blue on white”, citado linhas acima. Quanto ao achado desse padrão em Portugal, com base em BARREIRA (1995) as faianças descritas por eese autor foram semelhantes às da Casa do Infante, investigadas por DÓRDIO e TEXEIRA (1995). A quantidade de fragmentos sob esse padrão, em estratos do seculo XVI foi pouca, e seu número começou a aumentar significativamente no primeiro quartel do século XVII (BARREIRA, 1995, p.152-154 apud IPHAN, 2007). O autor descreveu a decoração como “faianças com decoração figurada e geométrica em azul”, referindo-se a elementos vegetais e animais. E ainda traçou um paralelo com as peças exumadas em escavações realizadas por Jan Baart, no bairro dos judeus portugueses em Amsterdã (Holanda); datando, portanto, tais fragmentos entre 1600-1625. Diante da bibliografia estudada, conclui-se que existe um confronto dos dados disponibilizados. Pois são faianças que tanto foram encontrados na Espanha, quanto em Portugal, dentro de um período cronológico bem definido. Por haver muitas semelhanças entre eles, seria preciso uma revisão das nomenclaturas adotadas com o objetivo de estabelecer uma definição clara para esta faiança.

204

205

63 - Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

3. Padrão Azul sobre Azul 1550-1640

64 - coleção Paço Imperial

Referência Bibliográfica: a) DEAGAN, 1987:64 - Sevilha Blue on Blue. John Goggin primeiro nomeou essa majólica de “Ichtucknee Blue on Blue”, uma categoria ampla de majólica blue-on-blue que compartimentava dois tipos distintos; Sevilha Blue on Blue e Ligurian Blue on Blue. Sevilha Blue on Blue é o segundo das cerâmicas Guadalquivir que Lister e Lister descreveram e definiram na base de material da Cidade de México e Sevilha. O tipo é referenciado aqui como “Sevilha Blue on Blue”, inspirado por seus protótipos italianos, Ligurian Blue on Blue. Entretanto, recentes análises composicionais das majólicas Blue on Blue sugerem que ambas as variantes – Sevilha e Ligurian – podem ter sido produzidas ambas na Itália

205

206 e na Espanha. Distinções nos atributos visíveis entre as duas variáveis, contudo, têm tido consistência, sugerindo que as semelhanças ou diferenças no lugar de origem podem ser evidentes por meio de análise macroscópica. Sevilha Blue on Blue é distinguida pelo seu esmalte com fundo variando de um azul claro ao médio. Desenhos na Sevilha Blue on Blue incluem elementos estilizados e pesados sendo eles motivos florais e fitomorfos, pássaros, animais, padrões geométricos e cabeças humanas. As observações nas bordas do prato são freqüentemente circulados por um anel de arcos overlapping pintados em azul escuro. Suas formas também se conformam aqueles descritos de Sevilha White e Sevilha Blue on White (bordas de prato, pequenas taças, tigelas com fundo raso). As cerâmicas que aparecem nos sítios do Novo Mundo começam a aparecer a partir de 1550, ganhando a sua popularidade em torno de 1630-1640.

65- Ao lado esquerdo, Sevilla Blue on Blue com a origem de produção na Espanha, provavelmente de Sevilha, entre 1550 e 1630. Ao lado direito, Ligurian Blue on Blue, uma majolica produzida na Italia, entre 1550-1600 .

b) CASTRO, ANA SAMPAIO e., 2009: 269. Grupo de Fabrico: Ligúria. 2ª metade do século XVI. “Peça composta por um fragmento. Apresenta várias pintas azuis no exterior”. 66 - Fragmento pertencente ao grupo de fabrico Ligúria - Coleção Mosteiro S.João de Tarouca.

206

207 c) DóRDIO et al, 2003:134, fig.7 – Majólica Italiana, século XVI, Montelupo e Gênova. Comparando estes conjuntos arqueológicos datados do século XVI e recolhidos em diferentes locais do Porto com outros conjuntos recolhidos em níveis urbanos contemporâneos no Sul de Portugal, em Silves por exemplo, ou mesmo em estabelecimentos portugueses de raiz na costa africana como é o caso de Alcácer Ceguer na atual Mauritânia, observa-se um padrão semelhante. As mesmas percentagens da presença da faiança no total da cerâmica, os mesmos grupos e padrões deocrativos reenviando para idênticas origens, as mesmas formas predominantes. Denunciam-se assim circuitos de abastecimento e gostos comuns integradores num mesmo tecido de hábitos e de cultura, partilhando de Norte a Sul, que foi também transportado além-Mar. No caso destes da imagem abaixo, seria de produções de Montelupo, na Toscânia, pelas características das densas decorações policromas, e de fragmentos de peças com esmalte azulado, criando fundo sobre os qual surgem finos desenhos vegetalitas pintados em azul mais escuro, para as quais se aponta Gênova como a origem mais frequente.

67 - Majólica Italiana, século XVI, Montelupo e Gênova (fig.7).

207

208 d) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Sevilha Blue on Blue. Única imagem da coleção – “fragmento de malga decorado na face externa com arcos cruzados”. Coleção Igreja N.S. da Assunção/ ES. Com base das informações contidas no site do Florida Mueum of Natural History, sua cronologia de produção abarca o período compreendido entre 1550 e 1630, sendo o pico de popularidade em sítios coloniais espanhóis, em território norte-americano, em torno de 1600 e declinando entre 1630-1640. Um conteúdo bastante semelhante ao texto de Deagan mencionado linhas acima. Com base em MARKEEN (1994, p.218) os motivos decorativos apresentam traços pesados e estilizados de elementos vegetais (flores e folhas), pássaros, animais, padrões geométricos e cabeças humanas. A fase exterior das peças exibe uma série de arcos que se interceptam. As formas são pratos, pequenas malgas e tigelas rasas. A pasta tem uma coloração entre rosada e amarela, compacta e com tempero pouco visível, sendo o esmalte geralmente opaco ou com pouco brilho. Esta faiança representa uma imitação espanhola daquelas produzidas na Itália, precisamente na Ligúria. Ceramistas italianos estabeleceram-se em Sevilha junto com os mercadores conterrâneos, atraídos pela efervencia comercial de seu porto. Além de reproduzirem a sua faiança, introduziram também outro tipo de forno denominado “veneziano”. O acabamento diferenciava-se da produção mudéjar, por tornar pouco visível as marcas dos separadores (pequenos tripés em argila), usadas entre as peças durante a cocção do esmalte geralmente, este tipo de faiança apresenta as marcas, bem mais sutis, na aba da face externa dos pratos e tigelas.

208

209

68- Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

II. Inspiração Ming 4. Padrão Inspiração Ming Foi a partir desse padrão decorativo que os autores de uma bibliografia mais tradicional, sob perspectivas artísticas e histórica artística, estabeleceram as primeiras interpretações cronológicas dos aspectos decorativos da faiança. Baseando-se no grau de assimilação de elementos derivados mais ou menos diretamente da gramática decorativa oriental, extraída da porcelana Wanli. 4 Seguindo as leituras de Reinaldo Santos (1967) e dos autores João Pedro Monteiro e Alexandre Nobre Pais (2003), as interpretações dividiram sua cronologia em quatro ciclos de mais ou menos um quarto de século, durante todo o século XVII, como se segue:

4.1

Cópias de Porcelana Kraak – 1º grupo (1600-1625):

Trata-se de um grupo cronológico que enquadra as faianças portuguesas decoradas sob temas chineses, como uma cópia fidedigna de modelos de porcelana Kraak. Durante o século XVII, em um período tardio da dinastia Ming, na época do reinado de Wanli (1573-1619), a produção da porcelana branca e azul, amplamente conhecida desde o século XIV, passou por diversas mudanças entre as quais a exportação dessa cerâmica 4

Santos, 1950, p.43.

209

210 numa escala sem precedentes. Um dos motivos que favoreceu tal acontecimento foi o atendimento à grande demanda de uma variedade de mercado consumidor, sobretudo o mercado europeu que via essa porcelana como um artigo apreciado devido à brancura da sua pasta e à delicadeza na decoração. É nesse período que surge pela Europa a conhecida kraakporcelain, a qual, segundo os especialistas no assunto, trata-se da porcelana azul e branca numa qualidade inferior à outrora produzida para atender ao grande número de encomendas (MATOS, 1992:110). As opiniões são diversas no que se refere à origem da palavra “kraakporcelain”, mas a mais aceita é que ela significa a porcelana de carraca (MATOS, 1994:110). Este termo se refere ao fato de que no inicio do século XVII, o artigo chinês vinha transportado da Ásia para a Europa por carracas portuguesas, mas frequentemente capturadas pelos holandeses. O nome carraca (de onde foram derivadas as designações “kraak” ou “kraquen” dadas pelos holandeses) é um termo português resultante da concentração das palavras árabes “harraqua” e “quraquir” que significam respectivamente, barco e mercador de louça.

Não se sabe quando iniciou e terminou o fabrico de peças

“kraakporselein”, mas é certo que sua produção seja durante o período do reinado Wanli, pois os elementos ornamentais extraídos da porcelana chinesa são referidos a esse período e tendo o fim da sua manufatura coincidida com o declínio da dinastia Ming (MATOS, 1992:110). Para melhor reforçar a noção do termo Kraakporcelain, observando o catálogo de louças que constam no site Historical Archaeology at the Florida Museum Natural History5, nele, existem fragmentos classificados como Porcelain Ming Blue on White (Branca e Azul) e Kraak Porcelain. Segundo a definição dos atributos dos dois tipos; o 5

http://www.flmnh.ufl.edu/histarch/gallery_types/type_list.asp

210

211 primeiro possui uma pasta altamente vidrada e branca que o torna um aspecto leve e translúcido. A cor do vidrado, por sua vez, tem um tom azulado ou cinza azulado e a superfície é bastante brilhosa sem nenhuma imperfeição visível. A decoração é na pintura azul aplicado sob a vidragem, comumente usado uma cor de azul cobalto, podendo ser em tom forte e suave para contornar e preencher os desenhos. E seus desenhos são frequentemente compostos de maneira despreocupada em torno do cavetto e da borda6.

69 - Porcelain Ming Blue on White - Historical Archaeology at Florida Museum of Natural History

O segundo tipo, sua definição de atributos seria a mesma da porcelana Ming, porém contendo imperfeições e marcas causadas pelas impurezas da argila. O vidrado é às vezes distribuído de maneira irregular e sujeito a pequenos furos, como pontos, e pequenos lascamentos na beira da borda7.

70 - Kraakporcelain - Historical Archaeology at Florida Museum of Natural History

6

Informações baseadas nos textos de AYERS 1988, CARSWELL 1985, DEAGAN 1987 e KUWAYAMA 1997. 7 com base em KUWAYAMA 1997, McELNEY 1979, PIT-KETEL 1982, e RINALDI 1989.

211

212 A decoração em geral, sendo Porcelain Ming Blue on White ou Kraak Porcelain, seus pratos comumente apresentam a aba dividida em seis reservas com símbolos típicos da decoração chinesa, bastante produzido durante a Dinastia Ming, no reinado de Wanli (1573-1619). São elas pedras sonoras, pérolas, folhas, livros, boninas, peônias, laçarias, nós sem fim que irradiam de temas diferentes e, ao fundo, uma paisagem naturalista centralizando nele animais ou pessoas (personagens chineses). E no reverso dos pratos freqüentemente possuem arcos de pequenos elementos florais em painéis. Na bibliografia tradicional também se enquadram nesse grupo cronológico os pratos que contêm nas suas abas, triângulos curvilíneos preenchidos por pequeninas espirais, cujos motivos podem ser chamados de composição geométrica (SANTOS, 1967:18), entretanto pesquisas mais recentes demonstram que essas características fazem parte do segundo quartel do século XVII (CALADO, 2003).

Referências Bibliográficas: a) SANTOS, R. 1970:21, figura15. 1º grupo: 1600-1625. “Prato com o decorado a azul sobre esmalte branco com símbolos chineses”. Museu de Arte Antiga Lisboa.g

71 - Reinaldo Santos, 1º grupo (1600-1625) – Museu de Arte Antiga Lisboa

212

213 p.22, fig.16. “Triângulos curvilíneos preenchidos por pequeninas espirais, inspiradas em temas orientais; ao centro uma paisagem com uma corsa deitada”.

72 - Reinaldo Santos, 1º grupo (1600-1625) – Museu de Arte Antiga Lisboa

b) CALADO, 2003:36. 1º quartel do século XVII. “Vasilha de forma tubular cintada, com gargalo curto e rebordo da boca saliente”. Motivos decorativos pintados em diversos tons de azul cobalto sobre o esmalte plumbífero, baseados na porcelana chinesa do período Ming; como plantas, flores e rochedos ente filetes de remate.

73- Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

3 - Coleção Paço Imperial

213

214 c) MONTEIRO; PAIS, 2003:42, figura 1. 1º quartel do século XVII. “Peça rodada. Forma bulbosa com remate cônico baixo assinalado por anel junto ao bocal. Acentuação no frete”. A decoração em si representa uma caçada que deturpa a cena original em que cegonhas e flores de lótus compunham uma idéia de alegoria idílica, significando para o dono da peça “o seu caminho sempre ascendente”. Ao observar a composição decorativa da cena abaixo, verifica-se que a paisagem com os rochedos, a vegetação floral e os traços que compõem a ave, sobre uma maneira delicada, são típicos dos padrões decorativos da porcelana Ming. Além disso, o traje da figura masculina reforça a informação da peça ser desse período seiscentista.

4 - Coleção Fundação Carmona e Costa

4.2

76 - Coleção Paço Imperial

Símbolos chineses associados a motivos portugueses (16251650) - 2º grupo (1625-1650).

Trata-se de um período em que se produz uma decoração mista; onde símbolos e temas chineses costumam decorar abas de pratos e paredes externas de tigelas, e o fundo dos pratos ser estampado por motivos europeus sob uma paisagem naturalista. As

214

215 composições orientais não têm mais a finura das reproduções iniciais, levando a uma evolução degenerativa de um período mais tardio. Também é comum nos centros do prato a heráldica da nobreza portuguesa e européia, assim como emblemas de companhias (SANTOS, 1967:35). Calado (2003) enquadra aqueles que têm as suas abas preenchidas por composições geométricas nessa cronologia, como comentado anteriormente e tais motivos na realidade não seriam orientais, mas nitidamente inspiradas em decorações islâmicas de Manises, na Espanha, cuja imagem deste padrão está ilustrada abaixo (CALADO, 2003:5). A partir do final desse quartel, o azul deixa de ser exclusivo na pintura das peças e passa a ser produzidos exemplares policromos, com o amarelo (mas não de modo frequente) e o roxo manganês, o vinoso, contornando os desenhos em azul (MONTEIRO; PAIS, 2003:7).

4.2.1 Linhas geométricas concêntricas na borda e estilização vegetalista no fundo

77 - Coleção Paço Imperial

215

216

5 - Coleção Paço Imperial

As linhas geométricas concêntricas são formadas por triângulos com a ponta para baixo, ou círculos, tendo seu interior preenchido por linhas cruzadas ou pequenos espirais.

Referências Bibliográficas: a) CALADO, 2003:44. Segundo quartel do século XVII. Observar as abas dos pratos onde linhas paralelas em diferentes espessuras formam figuras geométricas, que por sua vez são preenchidas por espirais e “zigue-zagues”. No fundo do prato, uma paisagem de inspiração Ming delimitado em forma de um dodecágono irregular, retratado por traços menos delicados como as paisagens naturalistas do período anterior.

79 - Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

216

217 b) DÓRDIO; TEIXEIRA; e, SÁ., 2003:141. As faianças da imagem abaixo são provenientes de um depósito encontrado na Casa do Infante, vindas de um entulho formado em 1628, como mencionado no padrão “composição vegetalista”. Assim, essas faianças teriam sido produzidas durante o 1º quartel do século XVII; e os motivos decorativos por sua vez são inspirados nas tradições da faiança italiana e espanhola com menor influência chinesa.

80 - 1ª quartel do século XVII, Casa do Infante, escavações arqueológicas realizadas na década de 1990, cidade do Porto.

d) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul – De origem portuguesa, com data entre 1625 e 1675.

81 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

217

218 e) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Motivos decorativos denominados pelo catálogo de Ichtucknee Blue on White - “Prato com motivos de curvas paralelas e linhas. Coleção Igreja N.S. da Assunção Anchieta/ES”.

82 - Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

4.2.1.2

Linhas radiais na borda e estilização vegetalista no fundo (1625-1675)

83 - Coleção Paço Imperial

84 - Coleção Paço Imperial

218

219

85 - Coleção Paço Imperial

Essa variante é encontrada na coleção do Galeão Sacramento, o que o insere produzido em 1668; data da ocorrência do naufrágio. Assim poderia se pensar que, mesmo passando para o quartel seguinte (1650-1675), quando os temas de inspiração Ming foram freqüentemente contornados com o roxo manganês (SANTOS, 1970; ALBUQUERQUE, 2001; CALADO, 2003 e MONTEIRO; PAIS, 2003), ainda por algum tempo continuou-se a produzir as variantes do quartel anterior. As imagens abaixo são da pesquisa de Maria João Santos, (2007:397)8; que correspondem às produções de Lisboa situáveis entre o século XVII e a 1ª metade do século XVIII. A segunda imagem, (figuras 89 e 90) faz parte do que grupo que se destaca pela sua gramática decorativa naturalista, de inspiração oriental e formado por diversos motivos florais e zoomórficos.

86 - Fragmentos de saladeira e malgas do século XVII - Largo de Jesus (Mercês, Lisboa)

8

A coleção e a imagem já foram comentadas no no padrão “semicírculos concêntricos na borda”, p. 192

219

220

87 - Fragmentos de pratos em faiança do século XVII - Largo de Jesus (Mercês, Lisboa)

b) GALEÃO SACRAMENTO, 1668.

88 - Coleção Galeão Santíssimo Sacramento, à esquerda, parte da coleção que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro e à direita, parte da coleção que consta no Museu Náutico da Bahia

c) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul – De origem portuguesa, com data entre 1676 e 1725.

89 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

220

221

4.2.2 Temas chineses (1625-1650)

90 - Coleção Paço Imperial

Referências bibliográficas: a) CALADO, 2003:66 – 2º quartel do século XVII.

91 - Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

b) DÓRDIO et al., 2003:142, figura 9. Faz parte de um segundo depósito da Casa do Infante, sendo esse referente a uma obra de construção da nova alfândega entre 1656 e 1677. Trata-se de um material que foi utilizado em meados do século XVII com algum provável prolongamento para o terceiro quartel. As pastas dos recipientes aparentam uma melhor qualidade, no sentido de serem refinadas; suas paredes se tornam mais finas com vidrados espessos e homogêneos.

As formas se destacam em pratos com o covo

221

222 marcado; tigelas hemisféricas; e, em tamanho maior, apresentando seus fundos como plano raso, denominados de alguidares. As abas nos pratos são comumente decoradas por “flores de bonina” alternando com “folhas de palmeira de Buqui” sobre “cordões enrolados terminados em borlas” e, entre eles, bandas são estampadas sob a representação cordões presos por um selo. Trata-se de um depósito que engloba as conhecidas produções entre 1625-1650, destacando as de imitação da porcelana chinesa Ming do período Wan-Li (1573-1622) na aba dos pratos e no fundo destes, figurações e temas europeus, como mencionado linhas acima. Entretanto, os temas que predominaram nesse conjunto foram os motivos de inspiração geométrica e vegetalista; e rendas, esse último geralmente visto pelos especialistas como a partir da segunda metade do século XVII (DÓRDIO et al., 2003:142).

92 - Faiança Portuguesa de meados do século XVII. Casa do Infante. (2001: fig.9, p.142)

93- Tigela e prato de "rendas". Casa do Infante, meados do século XVII (idem, figs. 10 e 11, p.143)

222

223

c) GOMES; BOTELHO, 2003:148-9. Arca de Água do Campo 24 de Agosto, cidade do Porto, 2ª metade do século XVII. “Temas vegetalistas” e imagens inspiradas nas porcelanas orientais, pintadas em tons de azul cobalto aplicados sobre branco. As abas figuram cartelas separadas por selos e cordões, preenchidas numa sequencia alternada entre “flores de bonina” ou, grandes “corolas de crisântemos”, e “leques de palmeira” com enrolamentos de cordões, denominando a série de “aranhões”; todos esses elementos de inspiração Ming. Ao fundo desses pratos, paisagens compostas num sentido rotativo.

94 - Um conjunto da 2ª metade do século XVII, recolhido na Arca de Água do Campo 24 de Agosto, cidade do Porto.

d) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul – De origem portuguesa, com data entre 1676 e 1725.

223

224

95- Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

f) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Aranhão – “Prato com motivo aranhão na borda e medalhão com símbolo IHS na base”. Coleção Igreja Nossa Senhora da Assunção Anchieta/ES. Merece destaque na pesquisa realizada para o catálogo do Iphan a respeito da evolução do padrão decorativo “Aranhões”, que para nós, esse padrão faz parte do “tema chinês sem características orientais”, que será mostrado linhas adiante. Foi uma decoração comumente empregada desde o início de produção de faianças em Portugal, em meados do século XVI, imitando os elementos decorativos da porcelana chinesa (CALADO, 1992, p.11; PLEGUEZUELO, 2003, p.136, apud IPHAN 2007). Os elementos “folha de Artemísia, peônias, romãs, laços, nós, faixas e linhas onduladas”, foram decorrentes durante todo o século XVII, e acabaram por se transformar em padrão decorativo. Um resultado de um processo de estilização em que o traçado dos motivos adquiriu um aspecto mais grosseiro (CALADO, 1992:37-43, apud IPHAN 2007), e sua produção seria oriunda de Coimbra em Portugal (STODDART, 2001, p.3 apud IPHAN 2007).

224

225

96- Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

4.3

Temas Chineses sem características orientais –

3º grupo (1650-1675): temas chineses sob uma interpretação mais popular e anedótica, que não apresentam mais o espírito oriental. A hibridez decorativa sino-portuguesa continuou de modo que os símbolos chineses se diferenciaram, simplificaram e vulgarizaram o aspecto requintado do início da produção da faiança contrafeita da China (SANTOS, 1970:49). Trata-se de um período em que surgem peças com motivos orientais distintos, podendo ser de diferentes referentes chineses, mas também muito provavelmente proveniente de olarias distintas (MONTEIRO; PAIS, 2003). Esses motivos díspares acabam por se distinguir em dois padrões: O “desenho miúdo” e os “aranhões”. As do desenho miúdo são as peças de decoração mais elaborada e minuciosa da faiança portuguesa do século XVII. O seu referente chinês é o chamado “período de transição”, entre as dinastias Ming e Qing, e são relativamente pouco abundantes. As figuras orientais são recorrentes em peças de desenho miúdo, sobretudo em pratos em geral. Os elementos secundários que compõem a pasiagem naturalista fazem lembrar pequenos arcos em forma de sombrinhas viradas para baixo. O catálogo da fundação Carmona e Costa (2003) contém peças com desenho miúdo ao fundo, mas retratando

225

226 temas ocidentais como figuras masculinas/femininas trajando roupas recorrentes à moda da época e cenas de caça (CALADO, 2003:72). Os “aranhões” costumam se apresentar em maior quantidade. Trata-se de uma versão estilizada do motivo chinês da folha de artemísia, fazendo lembrar grandes aranhas, e costuma fazer alternância com o motivo de pêssegos. Esses dois motivos alternados surgem já em faianças do 2º ciclo, vulgarmente designados como “préaranhões”, que ainda pôde ser encontrado em exemplares com cronologia de 1648 e 1649, como os últimos dessa produção. A grande maioria das representações no fundo dos pratos são animais como aves, lebres, veados e gansos, procurando se filiar aos originais chineses; enquanto que, cães, leões e elefantes, e animais de caça, como o coelho, lebre, veados e gamos, remetem à gramática ocidental. Embora seja reconhecido que os aranhões foram produzidos no 3º quartel do século, quando eles deixaram de ser fabricados é incerto. Existe uma data registrada num exemplar de 1692, e há que o diga da possibilidade de ter sido produzido até meados do século XVIII (CALADO, 2003).

226

227

4.3.1 Desenho Miúdo – 1650-1675.

97- Coleções Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) MONTEIRO; PAIS, 2003:67, figura 10. Jarro – Faiança bicroma (azul, contorno a manganês), 3º quartel do século XVII, tendo 33,8 centírmetros de altura, a boca com o diâmetro de 10,7centimetros e a base de 10,3 centímetros.

98 - Coleção Fundação Carmona e Costa

227

228 b) CALADO, 2003:72, figura 23 – prato – meados do século XVII, sua altura é de 50 milimetros, o seu diâmetro é de 380 milímetros.

99- Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

4.3.2 Aranhões – 1650-1750

100- Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) Galeão SACRAMENTO, 1668.

101– Parte da coleção Galeao Sacramento (1668) que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro

228

229

b) SASSOON, H (1981:97) Fragata Santo Antonio de Tanná, 1697. Seus soçoboros foram localizados em Mombasa Old Harbour, a 18m de profundidade, em frente ao Forte Jesus, Mombaça, Quênia, norte da África na costa do Oceano Pacífico. Sua data post quem é muito provavel ser dentro do período 1680-1697, porém deve-se levar em conta a possibilidade de que a fragata pudesse estar carregando objetos que não fossem contemporâneos ao ocorrido do naufrágio. O conjunto de faianças exumado dos soçobros se mostra em quatro padrões decorativos; “contas”, “aranhão”, “listas” (scrolls), flores e pássaros. Seguindo a descrição e o desenho desse último padrão é tentador dizer que são semelhantes aos elementos que costumam compor uma paisagem naturalista de inspiração Ming, mas segundo o autor, o pássaro e a flor seriam derivados de motivos persas, (POPE, 1938, vol. V, p. 793-798, apud SASSOON, 1981:97). Ao que se sabe, a fragata teria sido construída em Bassain, próximo a Bombai, em 1680-81, e teria estado uma única vez em Lisboa no final de 1694, ficado por lá até abril de 1696. As faianças podem ter sido feitas em Lisboa, Coimbra ou até mesmo Porto, mas SASSOON supõe que a origem do conjunto teria sido das olarias lisboetas. A imagem abaixo é de um prato raso apresentando 21 centímetros de diâmetro; 12 centímetros de base; 2.7cm de altura e 4 centímetros de borda. Sua pasta é de textura friável, com inclusões pretas e cor amarelada com manchas cinzas. O revestimento é feito por um vidrado na cor cinza pálido opaco, e no reverso da peça é distribuído de maneira irregular, apresentando pequenos furos. Pintado nas cores azul e roxo manganês, o centro do prato é ocupado por uma coroa rodeada por linhas serpentiformes. A aba é ocupada por uma série de símbolos

229

230 alternados, três pares de ameixas com folhas e três folhas acompanhadas de oito linhas curvilíneas, terminadas em borlas. Por causa desse símbolo, é conhecido em Portugal como aranhões. No reverso do prato três linhas azuis moldadas em “S” de maneira despreocupada que podem ser uma simplificação grosseira de pontas “ju-i” com bandas ligadas. Existem arranhões dentro da peça o que sugere ter sido usada. O desenho da cruz faz ser destinado a oficiais de alto escalão; talvez usada pelo oficial em comando da pequena frota de guerra, a qual a fragata fazia parte, do General Melo de Sampaio.

102 - Fragata Santo Antonio de Tanná (1697). Prato de faiança, apresentando escala 1/2 (1981:116, fig.14)

c) CALADO, 2003, 78. figura 26 – prato – 2ª metade do século XVII, altura de 65 milímetros e diâmetro de 380 milimetros.

103 - Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

230

231

d) MONTEIRO E PAIS, 2003: 81-92. figura 18 – prato. Faiança bicroma (azul, contornos a manganês), 3º quartel do século XVII, altura de 5,5 centímetros e diâmetro de 33 centímetros

104- Coleção Fundação Carmona e Costa

e) CASTRO; SEBASTIAN, 2008:14 Grupo de fabrico “Aranhões” (2002b, 2008a); grupo de fabrico “A3.1”(2009); 2ª metade do século XVII. Antes de ser publicado os resultados preliminares da análise macroscópica feita sobre a coleção de faianças do Mosteiro de São João de Tarouca (2009)9, o grupo de fabrico aranhões denominava-se os fragmentos contendo tal motivo feito em azul e manganês, como uma produção típica de Coimbra, no terceiro quartel do século XVII (Baart, 1987; Calado 1992 apud CASTRO, SEBASTIAN, 2002b, 2008a). E sob essa decoração, apresentaram-se duas formas diferentes; as tigelas de pequena dimensão, e os pratos de pé anelar. Na versão dos resultados finais da análise macroscópica feita sobre a coleção (2009), esse grupo de fabrico passou a ser chamado como “A3.1”; uma subdivisão do

9

Assunto já mencionado no padrão linear azul e vinoso, p. 150

231

232 grupo de fabrico A3, que por sua vez se insere na designação geral A, também comentado no padrão “linear azul e vinoso” (ver p.150). O grupo de fabrico A3, é considerado o mais abrangente do grupo de fabrico A, devido a uma variabilidade nas formas da tigela num determinado período cronológico, segunda metade do século XVII10, que também podem ser enquadráveis na primeira metade do século XVIII. Além dos "aranhões”, faz parte do A3 outros três grupos de fabrico; um padrão “rendas” tardio do século XVII (A3.2), o padrão “contas” (A3.3) e, a “louça conventual”, um tipo destinado aquele consumo monástico. Os autores acreditam que possam ter ocorrido uma evolução direta do perfil da tigela dos grupos de fabrico A3.1 (aranhões) e A3.2 (rendas) para a tigela dos grupos de fabrico A3.4 (“louça conventual”) O A3.1, por sua vez, divide-se em A3.1.1 e A3.1.2; pelo primeiro apresentar uma cor azul, e, o segundo; duas cores, azul e manganês. Ambos foram inspirados nos elementos orientais da porcelana Ming na primeira metade do século XVII, mas produzidos tipicamente como os da segunda metade do século XVII (CALADO, 1992:37-43 apud CASTRO; SEBASTIAN, 2009:12).

10

E por isso, o mais propenso a potenciais futuras subdivisões impostas pelo desenvolvimento dos trabalhos de recolha e análise de novos elementos cerâmicos.

232

233

105 - Um prato pertencente ao Grupo de fabrico A3.1.1, coleção Mosteiro S. João de Tarouca(2009:15, fig.12)

106 - Um prato pertencente ao Grupo de fabrico A3.1.1, coleção Mosteiro S. João de Tarouca (2009:16, fig.13)

233

234

107- Nesse diagrama estão os perfis das formas dos grupos de fabrico A1 (“rendas”), A2 (“listada”) e A3 (“aranhões”, um padrão tardio de “rendas” e “contas”). Está destacado por linhas amarelas a evolução do perfil da tigela dos grupos de fabrico A3.1 (“aranhões”) e A3.2 (um padrão tardio de “rendas”) para a tigela dos grupos de fabrico A3.4 (“louça conventual”)11.

f) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando do século XVI ao XVIII.

108 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

11

CASTRO E SEBASTIAN, 2009: 8, fig. 4.

234

235

III. Temas Nacionais 5 Temas Nacionais - 4º grupo (1675-1700). Onde desaparece a influência chinesa e permanecem os temas exclusivamente nacionais. Os padrões “rendas”, “contas” e “faixas barrocas”, são essencialmente portugueses, mas que num período recuado, “contas” e “faixas barrocas” seriam de influência oriental; enquanto que “rendas”, de um gosto europeu à moda da época. Este último mencionado, os especialistas costumam enquadrar diversos traçados decorativos ao padrão, podendo eles ser conferidos sob uma variabilidade de motivos rendas produzidos num mesmo período. É o que podemos ver nas imagens abaixo da Coleção do Galeão Sacramento, vários “tipos” de rendas encontrados nos soçobros da nau, naufragada em 1668. Trata-se de um padrão comumente produzido em azulejos na primeira metade do século XVII, que com o tempo, tal motivo sofreu grandes trasnformções no seu traçado (CALADO, 2003, e, MONTEIRO; PAIS, 2003); e, também, bastante produzido na Espanha durante a segunda metade e último quartel do século XVII (CALADO, 2003). Um dos motivos rendas, que podemos ver na coleção Sacramento, teve a sua origem a partir de composições decorativas de recipientes de farmácia, feitos em faiança, nos século XIV e XV, produzidos na Toscana, na Umbria e na Emília Romana. Tais composições teriam uma alusão a significados alquímicos, e dentre eles, a conhecida “pena de pavão” (CALADO, 2003:17), que com o tempo, seu traçado acaba se simplificando e, para os especialistas, se transformando num tipo de renda.

235

236 Em seguida, o padrão “contas” seria uma relembrança do motivo “cabeças de Ruyi”, correspondente à forma de um cogumelo sagrado da imortalidade, “lingzhi”, materializado no culto budista. Nas porcelanas chinesas elas eram aplicadas, indicando longevidade (MONTEIRO; PAIS, 2003:29). Por ultimo, as faixas barrocas presentes na aba dos pratos, também são de origem chinesa. Ela se assemelha às volutas da gramática decorativa ocidental, tendo o seu apogeu no período barroco, e surgido na faiança portuguesa seiscentista, como cópia dos ornatos de folhagem presentes na porcelana chinesa, desde meados do século XIV (CALADO, 2003, e, MONTEIRO; PAIS, 2003).

5.1.

Rendas – 1650-1700.

109 - Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) GAELÃO SACRAMENTO, 1668.

236

237

110 - Coleção Galeão Santíssimo Sacramento que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro

b) MONTEIRO; PAIS, 2003: 98. figura 21. Prato da 2ª metade do século XVII, com 6,5cm de altura e 36,8 de diâmetro.

111 - Coleção Fundação Carmona e Costa

c) CALADO, 2003: 82. figura 28 – prato da segunda metade do Século XVII, com altura de 45 milímetros e 390 milímetros de diâmetro.

237

238 112 - Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

d) GOMES; BOTELHO, 2003:149 - Um conjunto que se enquadra nos meados e 2ª metade do século XVII, recolhido na Arca de Água do Campo 24 de Agosto, na cidade do Porto12.

6 - Um conjunto da 2ª metade do século XVII, recolhido na Arca de Água do Campo 24 de Agosto, cidade do Porto.

e) CASTRO; SEBASTIAN, 2002b, 2008a e 2009. Grupo de fabrico “rendas” (2002b, 2008a) e Grupos de fabrico “A1” (A1.1.1 e A1.1.2); e, “A3.2” (A3.2.1 e A3.2.2), (2009). Século XVII. A princípio, nas publicações de 2002b e 2008a, os autores denominaram o padrão decorativo em questão, como um motivo amplamente utilizado na faiança portuguesa da segunda metade do século XVII (CALADO, 1992:33-37 apud CASTRO; SEBASTIAN: 2002b e 2008a); sendo na coleção do Mosteiro de S.Joao de Tarouca definida em dois

12

Sobre a escavação, ver p.153

238

239 tipos de rendas; rendas 1 e rendas 2, de acordo com a variedade de cores e formas identificadas numa mesma estratigrafia de meados do século XVII Desse modo, o grupo de rendas 1 definiu as peças com aparente formas de datas recuadas à meados do século XVI, passando a ser A1; que subdividiu-se em A1.1 e A1.2, devido às cores de tinta mono (azul cobalto) ou bicromático (azul e vinoso). E o grupo de rendas 2, passou a ser A3.2, subdividindo-se à A3.2.1 e A3.2.2 devido às suas formas de pratos e tigelas contemporâneos às formas comuns de meados do século XVII, e, também, pela opção de cores mono (azul) ou bicromática (azul e vinoso), respectivamente. O grupo de fabrico A1 se caracterizou por ser o tipo mais representativo em estratos da segunda metade do século XVII, tratando-se, portanto de uma produção de grande gosto popular a nível local.

114 - Grupo de fabrico A1.1.1, coleção Mosteiro S. João de Tarouca (2009:10, fig.5).

239

240

115 - Grupo de fabrico A1.1.2, coleção Mosteiro S. João de Tarouca (2009:11,fig.6).

116 - Grupo de fabrico A1.2, coleção Mosteiro S. João de Tarouca (2009:12, fig.7)

117 - Grupo de fabrico A1.3 (2009:13, fig.8).

240

241

118 - Grupo de fabrico A3.2.1 (2009:19, fig.15).

119- Grupo de fabrico A3.2.1 (2009:19, fig.15).

120 - Peça no. 1059. Tigela pertencente ao grupo de fabrico A1.2 (2009:12, fig.7).

241

242

121 - Taça pertencente ao grupo de fabrico A1.1.1 (2009:11, fig.5).

122- Matriz decorativa dos grupos de fabrico A1; em verde se destaca a tigela de forma diferente do restante do grupo A1.1 ; e, em vermelho, se destaca a taça com grandes medidas de diâmetro (2009: 8, fig.4).

242

243

123- Matriz do Grupo de fabrico A, em destaque o grupo A1, "rendas" (2009:8, fig.3)

243

244

124 - Matriz decorativa do grupo de fabrico A3.2 (2009:19, fig.14)

g) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando do século XVI ao XVIII.

244

245

125 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

i) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007 – Rendas. “Forma não identificada com decoração na face externa associando motivos fitomorfos e rendas”. Coleção Igreja N.S. da Assunção Anchieta/ES. O motivo em questão foi originado a partir das rendas portuguesas e bastante produzido nas últimas décadas do século XVII. Trata-se de um gosto bastante popular e não somente Portugal a produzia; em Talavera de la Reina (Espanha) também (PLEGUEZUELO, 2003, p.137-138 apud IPHAN 2007). Os motivos costumam estampar as bordas de pratos fundos e rasos e paredes externas de tigelas, acompanhando outros motivos no fundo, como folhagens, estrias ou espirais. Suas cores podem tanto ser utilizadas somente o azul cobalto como a combinação do azul cobalto/vinoso manganês, e seu traçado, do mais delicado, ao grosseiro (BARREIRA et alii, 1995, p.154 apud IPHAN 2007).

245

246

126 - Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

5.2.

Contas – grupos de 3/6 contas – 1650-1770.

127 - Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas a) GAELÃO SACRAMENTO, 1668.

7 - Parte da coleção Galeão Santíssimo Sacramento que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro

b) MANGUCCI, 2007:4 – meados do século XVIII, coleções do Museu de Évora. 246

247 As duas peças ilustradas abaixo foram encontradas em escavações arqueológicas realizadas em 1990, numa área ocupada por um antigo convento dominicano de Santa Catarina de Sena, em Évora, na região Alentejo, sul de Portugal. A imagem do lado esquerdo se trata de um pequeno prato, com 18 centímetros de diâmetro, apresentando o cronograma 1767 – provavelmente relacionado com o término das obras de reparação no convento, dos danos causados pelo terremoto de 1755. A peça apresenta sua borda decorada pelo motivo contas em azul cobalto, e roxo de manganês(vinoso). Já a imagem do lado direito mede 36,5 centímetros de diâmetro, com o mesmo motivo contas, mas com o fundo delimitado por uma segunda faixa, idêntica a primeira, no qual aparece um ramo de flores. Ambas as peças são de olarias de Lisboa e nos leva a acreditar que houvesse uma constante produção estimulada pela urgência das encomendas que se seguiram ao grande sismo, e, também uma alusão ao período áureo das faianças seiscentistas. (MANGUCCI, 2007:1-2).

129- Coleções do Museu de Évora, meados do século XVIII (MANGUCCI, 2007:4).

c) CASTRO; SEBASTIAN, 2009: 22.

Um grupo de fabrico que só aparece na

publicação de 2009. Comumente designado por “contas” (BAART e CALADO 1987: 33;

247

248 CALADO 1992: 37-42; BARREIRA, DORDIO e TEIXEIRA 1998: 159 apud CASTRO; SEBASTIAN, 2009), trata-se de um padrão tradicionalmente composto por três contas, formando uma “pirâmide”, e geralmente enquadrado na segunda metade do século XVII. Esse é denominado pelos autores como grupo de fabrico A3.3, cujo grupo apresentou as mesmas variabilidades de formas de pratos e tigelas, produzidos num mesmo período, que o A3.1 (“aranhões”), A3.2 (padrão de “rendas” tardio); e por esse aspecto, todos reunem o grupo de fabrico A3 – assunto já referenciado nesses padrões decorativos13. O padrão contas identificado na coleção, ao invés de aparecer na quantidade de três, apareceu em seis. E foram constatados como elemento decorativo principal em áreas secundárias, na borda, ou associado a outros elementos decorativos dominantes.

130- Grupo de fabrico de A3.3, coleção Mosteiro S. João de Tarouca (2009: 22, fig.18).

131- Grupo de fabrico de A3.3, 2009: 22, fig.18.

13

Sobre o grupo A3, ver pág. 231.

248

249

132 - Grupo de fabrico de A3.3 (2009:22, fig.17)

d) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando do século XVI ao XVIII.

133 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

e) ALBUQUERQUE, 2001: 44. Pode ser apresentado nas cores azul e vinhoso ou totalmente azul. Faiança do tipo exportação do “2º período”, entre 1625 e 1675. Imagem do fragmento encontrado em sítio Vila Flor.

249

250

134 - Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor, Rio Grande do Norte.

f) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Contas – Respectivamente: “Borda com motivo contas em azul e vinhoso (manganês)” – Coleção Igreja do Reis Magos/ES; e, “fragmentos de forma não identificada com motivo de contas na face externa”. Coleção Venerável Ordem Terceira de S. Francisco da Penitência.

135- Respectivamente: Coleção Igreja do Reis Magos/ES e Coleção Venerável Ordem Terceira de S. Francisco da Penitência (IPHAN – 6ª Superintendência Regional).

250

251

5.3

Faixas barrocas (folhas de Acanto) – 1670-1775

136- Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) CALADO, 2003: pp.88-93. Figura 31 – Prato da segunda metade do século XVII, com uma altura 50 milímetros e um diâmetro de base por 395milímetros.

8 - Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

b) MONTEIRO E PAIS, 2003:103. figura 23 – prato do século XVII com uma altura de 7 centímetros e o diâmetro 37,5 centímetros.

138- Coleção Fundação Carmona e Costa

251

252 c) MANGUCCI, 2007:2 – 3º quartel do século XVIII, coleções do Museu de Évora. Uma peça contemporânea e recolhida no mesmo local de escavação dos exemplares mostrados no padrão contas; oriunda do antigo convento dominicano de Santa Catarina de Sena e produzida nas olarias de Lisboa no terceiro quartel do século XVIII. Trata-se de um prato intensamente decorado e em tamanho grande, com 36,5centímetros de diâmetro, mas dessa vez substituindo o motivo contas por duas barras concêntricas de caracóis de folhas de acanto, recortadas sobre o fundo azul, para delimitar uma pequena reserva circular onde se inscreve uma flor.

139- Coleções do Museu de Évora, 3º quartel do século XVIII ( MANGUCCI, 2007:2).

d) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - ambas de origem portuguesa, mas a do lado esquerdo data entre 1626 e 1675; e a do lado direito, entre 1726 e 1775.

140 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

252

253 e) ALBUQUERQUE, 2001: 52. Motivo chamado de “Faixas Barrocas” ou “Folhagem trançada” – 4º Período (1725-1775). Imagem abaixo de um fragmento encontrado no sítio de Vila Flor.

141 - Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor, Rio Grande do Norte.

f) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Faixas Barrocas. “Prato com decoração em azul e vinhoso (manganês)”. Coleção Venerável Ordem Terceira de S. Francisco da Penitência/RJ. Tal composição costuma preencher toda a borda interna do prato e combinar com um desenho central sobre o fundo, como um monograma, motivo heráldico ou nome. As faixas barrocas, ou volutas, representaram um acompanhamento das mudanças estilísticas em curso nos últimos quartéis do século XVII, onde se buscava seguir o gosto europeu da época. A produção desse padrão em Portugal perdurou até segunda metade do século XVIII, quando surgiram as primeiras fábricas de cerâmicas.

9 - Coleção Venerável Ordem Terceira de S. Francisco da Penitência/RJ

253

254 5.4 Semicírculos concêntricos, imbricados e motivo simples em Vinoso – 1650-1750. Motivos secundários que costumam aparecer acompanhados dos padrões aranhões e os padrões nacionais (contas, faixas barrocas e rendas). Meados do século XVII a meados do século XVIII.

143 - Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) SASSOON, H.1981:104. Fragata Santo Antonio de Tanná, 1697.

Nessa coleção

mereceu destaque sobre duas peças que contém o elemento decorativo em vinoso no interior do fundo delas. Uma de kraak porcelain e a outra, de faiança portuguesa. A primeira é uma pequena tigela em azul e branco, apresentando as dimensões variando entre 14 e 14.5 centimetros e uma altura variando entre 6,5 e 7 centimetros. Na sua borda, os lábios são levemente invertidos. Apresenta a base fina, engrossando em direção ao centro. Possui com uma pasta cinza pálida, áspero para porcelana, com pequenas cavidades. No lado interno, no centro do fundo, duas linhas azuis circulando uma marca, possivelmente uma pérola brilhante. E no lado externo, flores, ramos e folhas preenchendo o corpo, sobre um padrão listado indeterminado em torno da base e nela,

254

255 uma marca quadrada incompleta, por a peça estar fragmentada. O esmalte é fino e transparente. Segundo SASSOON, essa peça seria apropriada para refeições individuais. Uma tigela, sob mesma composição decorativa, é exibida no Fort Jesus Museum, em Mombaça; tendo sua referência de escavações realizadas no local, dentre estratos do século XVIII.

144 - Tigela de porcelana azul e branca apresentando escala 1/3 (1981:104, fig.5)

A segunda imagem da coleção é uma pequena tigela rasa com fundo raso e laterais retas e curtas. Os lados são levemente arredondados em direção a base anelar que pojeta com certa suavidade a base plana. Apresenta uma pasta na cor amarelo-claro, com textura friável, fácil de quebrar, e os motivos decorativos são compostos nas cores azul e roxo manganês. No lado interno, o desenho na decoração central consta um elemento que pode ser derivado da pérola brilhante chinesa. Do lado de fora, os desenhos se assemelham aos padrões lineares chineses delimitando o desenho de três/ seis contas. Seu esmalte é fino, opaco e é suscetível a lascamentos. Trata-se de um recipiente apropriado para alimentos líquidos como mingaus e sopas e esse mesmo tipo também foi encontrado nas escavações do Fort Jesus.

255

256

145 - Tigela de faiança apresentando escala ½ (1981:118, fig.15).

b) GAELÃO SACRAMENTO, 1668.

10 - Coleção Galeão Santíssimo Sacramento que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro

c) CASTRO; SEBASTIAN, 2008:16 2ª metade do século XVII. Segundo Luís Sebastian, um dos autores de "A Faiança Portuguesa no Mosteiro de S. João de Tarouca metodologia e resultados preliminares", este elemento decorativo foi muito comum, especialmente em Coimbra, como elemento decorativo central para tigelas. Aparece muito associado aos aranhões da 2ª metade de séc. XVII.

256

257

147- Respectivamente tigelas das tipologias dos grupos de fabrico A3.1.1 e A3.2.2 (2009: 15 e18, figs. 12 e13)

148 - Tigela da tipologia do grupo de fabrico A3.2.2 (2009: 21, fig.16)

d) MANGUCCI, 2007:4 Olarias de Lisboa, meados do século XVIII. Um covilhete pertencente a uma das coleções do Museu de Évora cuja decoração foi muito utilizada durante toda a centúria de seiscentos e setecentos.

11 - Um covilhete. Olarias de Lisboa, meados do séc. XVIII. coleções Museu de Évora (Mangucci, 2007:4).

257

258

e) ALBUQUERQUE, 2001. Ambos são padrões de faiança de uso interno, pertencentes ao grupo 4 – um grupo em que a faiança tem características “mudéjar”, nas cores azul escuro e vinhoso ou castanho, sobre uma faiança de tonalidade bege, com vitrificação imperfeita, com grande número de variantes. Foi considerada nesta análise também a posição em que se encontrava o motivo, podendo ser nas bordas, abas e fundos. No caso das duas imagens abaixo são comumente encontrados no fundo e ambos são fragmentos encontrados no sítio Vila Flor. Respectivamente; a primeira é caracterizado por dois círculos concêntricos, na cor azul escuro, no interior de uma circunferência formada por semicírculos imbricados, na cor castanho (ALBUQUERQUE, 2001:105, fig. Pág.152). E a segunda, faz parte de uma decoração que apresenta duas linhas paralelas de uma mesma espessura delimitando motivos arabescos ou caracteres, na cor castanho, uma caracteristica de influência oriental (moura), que apresenta um grande número de variedades (ALBUQUERQUE, 2001:103, fig.32)

150- Faiança portuguesa grupo 4. Coleção exumada das escavações do sítio de Vila Flor, Rio Grande do Norte.

5.4

Heráldica e cartela com legenda 1630-1750 Ambos podem aparecer sozinhos, somente no

fundo, como também

acompanhados com os padrões aranhão e nacional (contas, faixas barrocas e rendas).

258

259

151 - Coleção Paço Imperial

152 - Coleção Paço Imperial

5.4.1 Heráldica – 1630-1750.

153 - Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas a) GALEÃO SACRAMENTO, 1668.

259

260

154 - Coleção Galeão Santíssimo Sacramento, que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro

b) CALADO, 2003: 56, figura 14 – Prato da segunda metade do século XVII com 56 milímetros de altura e 390 milímetros de diâmetro.

12 - Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

e) GOMES; BOTELHO, 2003:148-9. Arca de Água do Campo 24 de Agosto, cidade do Porto, 2ª metade do século XVII.

156- Um conjunto da 2ª metade do século XVII, recolhido na Arca de Água do Campo 24 de Agosto, cidade do Porto.

260

261 f) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Aranhão – “Prato com motivo aranhão na borda e medalhão com símbolo IHS na base”. Coleção Igreja Nossa Senhora da Assunção Anchieta/ES.

157- Coleção Igreja N.S. da Assunção, Anchieta/ES (IPHAN – 6ª Superintendência Regional)

5.4.2 Cartela com legenda 1650-1750

158 - Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas a) GALEÃO SACRAMENTO, 1668.

159 - Coleção Galeão Santíssimo Sacraento, à esquerda, parte da coleção que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro

261

262

b) MONTEIRO; PAIS, 2003:74. figura 12. prato do terceiro quartel do século XVII com 5 centimetros de altura e 32,5 centimetros de diâmetro, sendo uma faiança bicroma (azul, contornos a manganês).

160 - Coleção Fundação Carmona e Costa

c) MANGUCCI, 2007:4– Olarias de Lisboa, início do século XVIII. Um prato pertencente à coleção do Museu de Évora.

161- Prato. Olarias de Lisboa, meados do século XVIII. Coleções do Museu de Évora (MANGUCCI, 2007:4).

5.5

Ramalhete florido e motivos florais diversos 1650-1800 5.5.1

Ramalhete florido (1650-1800)

Pode aparecer sozinho, ao fundo como pode

aparecer acompanhado aos padrões nacionais (3 contas, faixas barrocas e rendas).

262

263

13 - Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) SACRAMENTO, 1668.

14 – Parte da coleção Galeão Santíssimo Sacramento que consta no Acervo do Espaço Cultural da Marinha do Rio de Janeiro

b) CALADO, 2003:58, figura 15. Prato do final do século XVII/início do século XVIII, possuindo 350 milímetros de diâmetro. Forma circular rodada e vidrada com esmalte branco plumbo-estanhífero rústico, de tipo malegueiro, que cozeu invertida.

15 - Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

263

264

c) MANGUCCI, 2007:1e2. Ambas as peças já foram mostradas anteriormente; são de olarias de Lisboa; a primeira, do terceiro quartel do século XVIII; e, a segunda, de meados do século XVIII.

165 - Olarias de Lisboa, respectivamente meados e terceiro quartel do século XVIII. Coleções Museu de Évora (MANGUCCI, 2007, 4).

5.5.2 motivos florais diversos – 1675-1800 Costuma aparecer como elementos secundários, no fundo do prato, ou em como fazendo parte de uma composição maior em outras partes da peça (borda, corpo,...).

16 - Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas a) CALADO, 2003: 82 – segunda metade do século XVII.

264

265

167- Coleção Casa-Museu Guerra Junqueiro

b) CASTRO; SEBASTIAN, 2009:16 Segunda metade do século XVII. Um elemento que aparece no fundo do prato em volta do grupo de fabrico aranhões (2002b, 2008a), depois denominado do grupo de fabrico A3.1.2 (2009)14.

168- Coleção Mosteiro de S. João de Tarouca

c) DóRDIO et Al., 2001:154.

169 - Faiança Portuguesa, meados do século XVIII. Louça pintada em azul e verde. Casa do Infante (2001: 154, fig.16) 14

Descrição já comentada no padrão “aranhões”, ver pág. 230

265

266

170 - Faiança Portuguesa, finais do século XVIII. Peças do conjunto recolhido do antigo Convento do Carmo à Praça Lisboa (2001:155, fig.17)

5 Padrão motivos geométricos diversos azul e vinoso 1700-1800 Segundo o que foi encontrado na coleção em estudo, esse padrão pode ser manifestado de diversas formas como: uma linha ondulante entre duas linhas azuis paralelas sobre outra linha azul; uma banda em vinoso delimitado por linhas azuis; e, duas linhas entrelaçadas em vinoso, delimitadas por bandas azuis 1650-1750.

171- Coleção Paço Imperial

266

267

172- Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) DÓRDIO; TEIXEIRA; e SÁ., 2001:153, fig. 15. A imagem abaixo trata-se de um conjunto cerâmico recolhido pela escavação arqueológica da Casa do Infante em depósitos relacionados à ampliação setecentista do edifício da Alfândega, mostrando faianças com padrões típicos de meados do século XVIII. Trata-se de elementos decorativos comumente designado como “louça de brioso”, produzidos originalmente em Coimbra pelo ceramista Manuel da Costa Brioso, na primeira metade do século XVIII, que em seguida passou a ser imitado por outros ceramistas. Com o tempo, esses elementos decorativos individualizaram-se em duas séries de padrões decorativos: os pratos e tigelas de pequena dimensão com uma decoração de linhas concêntricas em azul, tendo um ou dois espaços entre linhas, completamente preenchidos por rabiscos alongados ou espiraliformes, em vinoso. E a outra série, exibindo motivos geométricos e figurativos feitos em traços grosseiros e manchas a azul, sob diferentes tonalidades, acompanhando linhas finas a vinoso. Fazem ainda um grande uso de esponjados, em azul ou vinoso.

267

268

17 - Meados do século XVIII, "Louça Brioso". Casa do Infante (2001:153, fig.15)

d) CASTRO; SEBASTIAN, 2002b:169, fig. 12. Louça de “contas e arabescos”. Uma família ornamental da segunda metade do século XVII. “As suas formas cingem-se a pratos e tigelas. Os exemplares recolhidos foram encontrados em contextos datáveis do início do século XVIII”.

174 - Coleção Mosterio de S. João de Tarouca, início do século XVIII (CASTRO E SEBASTIAN, 2002b:169, fig. 12)

Consultando pessoalmente Luís Sebastian, um dos autores desse texto, pelas características que o fragmento aparentemente apresenta, ele pode ser da primeira metade do século XVIII.

268

269

175- Coleção Paço Imperial

e) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul e Vinhoso – Todos de origem portuguesa; o primeiro, do lado esquerdo, data do século XVI ao XVIII; e, as outras duas peças têm data do século XVIII.

176- Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

f) ALBUQUERQUE, 2001:142. Segundo as pesquisas do autor, ambos são fragmentos de faianças encontrados no sítio Vila Flor, de uso interno; que podem ser datadas desde o

269

270 final do século XVI ao final do século XVIII. Na primeira imagem, são faianças que pertencem ao Grupo 3 (ver página) – motivo por duas linhas paralelas intercaladas por linha ondulada, apresentando-se nas cores azul escuro, claro e vinoso, e possui uma vitrificação branca. E a segunda, pertence ao grupo 415.

18 - Respectivamente Faianças Grupo 3 e grupo 4, coleção Sítio Vila Flor, RN.

g) Catálogo das coleções de cerâmicas arqueológicas da 6ª Superintendência regional/IPHAN, 2007. Mourisco/Arabesco/Louça do Brioso. Primeira imagem abaixo; “prato com decoração de faixas. Linhas ondulada e arabesco. Coleção Venerável Ordem terceira de S. Francisco da Penitência/ RJ. A segunda imagem; “base de prato decorado com faixas, linha ondulada e espiral ao centro”. Coleção Venerável Ordem terceira de S. Francisco da Penitência/ RJ .

15

Sobre o grupo 4, ver no padrão “semicírculos concêntricos, imbricados e motivo simples”, p.257

270

271

19 - ambos da coleção Venerável Ordem terceira de S. Francisco da Penitência/ RJ (IPHAN – 6ª Superintendência Regional).

6 Padrão motivos geométricos diversos azul, vinoso e verde – 17501800.

179 - Coleção Paço Imperial

Segundo DÓRDIO et al (DÓRDIO et al, 2003:153, figs.16 e 17), trata-se de um grupo de faianças decoradas com pintura a azul e verde sobre o esmalte branco, cuja origem é ainda desconhecida. A imagem abaixo faz parte do conjunto proveninente da escavação arqueológica da Casa do Infante em depósitos relacionados com a expansão setecentista do edifício da Alfândega, em meados do século XVIII. A modelação é 271

272 imperfeita, o esmalte irregular e com freqüentes defeitos. Identificam-se pratos e tigelas de diferentes tipos. Os pratos têm o fundo delimitado por uma banda verde entre filetes azuis enquadrando um pássaro de asas abertas ou um tema geométrico. E as tigelas mostram dois tipos, sendo o de maior dimensão decorado com pinturas de flores e folhagens apenas no interior.

180 - Meados do século XVIII. Louça pintada em azul e verde. Casa do Infante (2001: 154, fig.16)

Já a imagem ilustrada abaixo, é um conjunto oriundo de uma intervenção de emergência do edifício do antigo Convento do Carmo na Praça de Lisboa e suas faianças datam dos finais do século XVIII. Comparando o conjunto do edifício da Alfândega (figura 179) com o conjunto do antigo Convento do Carmo (figura 180), embora o primeiro apresente uma cronologia tardia dentro do século XVIII, os autores percebem que profundas mudanças ocorreram ao longo da primeira metade da centúria. Linhas de continuidade, bem como transformações ocorridas na passagem para o século XIX, são referenciadas no confronto com o conjunto das faianças vindas do edifício Convento do Carmo (figura 180). No conjunto de meados do século XVIII, a proporção com que a faiança surge entre o restante cerâmico, não se afasta muito da proporção atingida cerca de cem anos 272

273 antes, mas seus tipos e as produções agora são muito diferentes. Há uma quebra na qualidade técnica da modelação, das pastas e dos vidrados, ao mesmo tempo em que se multiplicam os tipos de pratos, travessas, tigelas e bacias em perfis e tamanhos variados. Registra-se também uma menor variedade decorativa, predominando as peças não decoradas, apenas com o esmalte em branco, ou então, com decorações muito simples.

181 - Finais do século XVIII. Peças do conjunto recolhido do antigo Convento do Carmo à Praça Lisboa (2001:155, fig.17)

E para finalizar esses últimos grupos mencionados, abarcando ainda um tipo de qualidade inferior produzido durante o século XVIII, estas peças ilustradas acima, segundo os autores, vão dar lugar a “louça ratinha” de Coimbra que se desenvolverá ao longo de todo o século XIX e mesmo na 1ª metade do XX. Com idêntica preferência pela decoração em verde surgem peças que se diferenciam pela pasta de argila vermelha revestida com esmalte verde ou com esmalte branco muito sobriamente decorado com filetes e bandas em verde e vinoso, um tipo de produção que se costuma atribuir a Aveiro (2001:155).

273

274 O padrão decorativo que se observa na peça abaixo, da coleção do Paço Imperial, faz pensar ser uma descontinuidade do padrão motivos geométricos diversos em azul e vinoso, sendo dessa vez somente em vinoso

182 - Coleção Paço Imperial

b) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul, Verde e Vinhoso – Ambos de origem portuguesa e com data do século XVI ao XVIII.

20 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

c) ALBUQUERQUE, 2001:143. Fragmentos de faianças encontrados no sítio Vila Flor, de uso interno16, que podem ser datadas desde o final do século XVI ao final do século XVIII. Essas pertencem ao Grupo 2, que são faianças caracterizadas por um vitrificado

16

Ver a definição desse tipo de faiança pelo autor no padrão linear azul, p.166.

274

275 incolor, em pasta de cor bege, decoração simples na cor castanho, e algumas vezes aparecem intercaladas por uma linha ondulada.

184 - Faianças Portuguesas Grupo 2, Coleção exumada do sítio Vila Flor, RN

7 Louça de Delft – 1630-1750.

185- Coleção Paço Imperial

186- Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) Mostrando a imagem abaixo a Luís Sebastian, um dos autores do texto "Faiança Portuguesa do Mosteiro de S. João de Tarouca - metodologia e resultados preliminares (2009)", os framgentos são de origem holandesa, segunda metade do século XVII.

275

276

187- Coleção Paço Imperial

b) Historical Archaeology of Natural History Florida Museum17. Delftware, Blue on White , categoria delftware – 1630-1790. A cor da sua pasta varia do creme ao amarelo claro e frequentemente de textura friável; o esmalte de revestimento apresenta pouca quantidade de estanífero, por isso um acabamento fosco ou de pouco brilho; sua cor varia de branco a branco azulado. Sua superfície é lisa e tende a ser mais resistente a lascamento do que a majÓlica ou faiança (Noel Hume 1970; 1977; 2001; Shlasko 1989; Black 2001; Miller 2002 apud site Historical Archaeology of Natural History Florida Museum ). Sua origem de produção pode ser da Inglaterra ou Holanda; que segundo Ana Castro e Sampaio (2009) ambos produziram o mesmo tipo de faiança num mesmo período, na segunda metade do século XVII (CASTRO, 2009). Os desenhos são geralmente pintados em azul ou azul cobalto com uma grande vairedade de estilos e motivos como: desenhos geométricos, florais, paisagísticos, figurativas, animais e motivos chineses, geralmente inspirados nas técnicas de pintura da 17

http://www.flmnh.ufl.edu/histarch/gallery_types/type_index_display.asp?type_name=DELFTWARE,%20 BLUE%20ON%20WHITE

276

277 faiança francesa ou majólica espanhola (SHLASKO, 1988; e MILLER, 2002 apud site Historical Archaeology of Natural History Florida Museum). Suas formas podem variar em tigelas, prato, canecas, vasos e “plattier”.

188 - Historical Archaeology at Florida Museum of Natural History

. Delftware, polychrome, categoria delftware – 1571-179018. Sua origem de produção, suas definições dos atributos; cor de pasta, tipo de esmalte e desenhos, assim como as formas, são as mesmas que a descrição da imagem acima. A composição decorativa na borda preenchida por linhas e pontos cruzados e salpicados é comum no século XVIII (SHLASKO, 1988; e MILLER, 2002 apud site Historical Archaeology of Natural History Florida Museum).

189 - Historical Archaeology at Florida Museum of Natural History

18

http://www.flmnh.ufl.edu/histarch/gallery_types/type_index_display.asp?type_name=DELFTWARE,%20P OLYCHROME

277

278 c) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, datando do século XVI ao XVIII.

190 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

8 Louça de Fábrica 1770-1900. Com as reformas pombalinas, é um momento da história da faiança portuguesa, elas melhoram de qualidade e passa-se a fazer cópias das louças européias. Segue-se uma eclosão de fábricas em Lisboa, cuja louça é difícil de identificar por falta de marcação, as pinturas em azul, com ou sem vinoso, se torna mais delicada, inspiradas nas bandas de Rouen; uma típica decoração barroca das obras de prata e remates de peças construídas por faixa de reservas, geralmente em azul. E junto delas, uma imaginativa decoração policroma de grande feitio. Os fragmentos da coleção do Paço Imperial, quando comparados aos da bibliografia estudada, três suas cores e formas muito semelhantes às da literatura, mas não contem marcas de registro, com exceção de alguns fragmentos. Vejamos a seguir as semelhanças decorativas entre as duas fontes.

278

279

9.1

Composição linear polícroma

191- Coleção Paço Imperial

Uma banda amarela sobre uma linha ondulante em roxo na borda e uma fina linha concêntrica ao fundo. Meados do século XIX.

Referências Bibliográficas: a) CALADO, 1992:67 e 72. As imagens abaixo são respectivamente uma garrafa de fabrico de Coimbra “tipo Vandel”, século XVIII (final); e, um prato de Estremoz com decoração organizada em grinaldas, que recordam um bordado no estilo D. Maria

192 – Garrafa tipo Vandel, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

193 – Prato ao estilo D. Maria, de Estremoz

279

280 b) DÓRDIO, et al. 2001, 162, fig. 23. Louça Nacional com decoração polícroma, meados do século XIX. O padrão decorativo em questão foi encontrado numa das séries recolhida num local de despejo de entulhos, que se formou na Cadeia de Relação, localizado na Praça da Relação, centro de Porto19. Encontrados no meio da louça inglesa, os fragmentos decorados de cor policroma, apresentavam decalcados nas cores azul, verde, púrpura e rosa, sobre pratos rasos e fundos. As técnicas decorativas se caracterizaram diversas, como o uso de estampilhas completadas com pintura a pincel, e por vezes, combinados com manchas de esponjado. Os motivos coloridos eram diversos: bandas de flores estampilhadas, sobre as abas dos pratos, ou folhas pintadas a pincel, limitadas por filetes e bandas coloridas. E os fundos, encontraram-se decorados com espirais, exibindo uma composição de maior ou menor desenvolvimento. Tal como as faianças do Paço Imperial, os autores desse texto não conseguiram definir com exatidão a que fabrica específica essas produções policromas teriam sido produzidas. Mas ao que tudo indica, as características apontam para as fábricas da Bandeira e da Fervença, ambas localizadas em Vila Nova de Gaia.

194- Louça nacional com decoração polícroma. Meados do século XIX. Cadeia da Relação. 19

Sobre a escavação, ver “círculos concêntricos”, p. 188

280

281 b) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - Origem não conhecida, 1751-1825.

195- Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

b) ALBUQUERQUE, 2001. “5º período”: faiança tipo exportação do 3o quartel do século XVIII ao 1o quartel do século XIX (1775-1825)20. São motivos essencialmente portugueses e europeus, fazendo largo uso da policromia. Segundo o conhecimento do autor, seria uma gradual transição dos motivos assumindo gradativamente as características européias e portugueses, absorvendo as influências locais e do barroco como um todo.

196- Faiança portuguesa exumada das escavações do sítio de Vila Flor, Rio Grande do Norte.

20

Ver a definição dos períodos de produção das faianças tipo exportação, no padrão “semicírculos concênticos na borda”, página193.

281

282

9.2

Marcas

197 - Coleção Paço Imperial Bibliografia:

QUEIRÓS, 1958: 110. Último quartel do século XVIII. Fabrico Viana do

Castelo.

198- Coleção Paço Imperial

Bibliografia: Segundo Queirós, 1958:94, pode ser Miragaia (Porto). Fabrico do último terço do séc. XVIII. - Fábrica fundada em 1775 por João da Rocha, Antonio Godinho Neves e José Bento Rocha.

282

283

9.3

Bandas de Rouen

199 - Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - Ambos de origem não conhecida, 1751-1825.

200 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

b) ALBUQUERQUE, 2001:53, fig.p.125. Segundo o conhecimento do autor, o motivo denominado “Faixa de Rouen”, originou-se na referência da da faiança produzida na cidade francesa sob o mesmo nome. Este motivo costuma aparecer nas bordas das peças. “4º Período” (1725-1775).

283

284

201 - Faiança portuguesa exumada das escavações do sítio de Vila Flor, Rio Grande do Norte.

9.4

Linha ondulada entre pontos

202- Coleção Paço Imperial

203 - Coleção Paço Imperial

Referencias Bibliográficas: a) CASTRO; SEBASTIAN, 2002b:170. Dentre as faianças encontradas no Mosteiro de S. João de Tarouca, as que apresentaram uma boa qualidade de esmalte (mais esanífero), decoração e modelação, foram consideradas como faiança de fábrica.

284

285 Mas por apresentarem características técnicas semelhantes entre si, foi difícil definir a origem, com exceção àquelas que continham marcas, e elas seriam provenientes da Fábrica do Rato, Rocha Soares e de Viana do Catelo. No caso da imagem abaixo, pela existência da marca V no tardoz da peça, ela indicou ser da fábrica Rocha Soares.

204- Coleção Mosteiro S. João de Tarouca

b) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem desconhecida, 1751-1825.

205- Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

285

286 c) ALBUQUERQUE, 2001: 161, fig.p.133. “Duas linhas paralelas delimitando linha ondulada entre pontos” – 5º “período” (1775-1825). Fragmentos encontrados em sítio Vila Flor

206 - Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor, RN.

9.5

Esponjado Azul

207 - Coleção Paço Imperial

Referências Bibliográficas: a) CALADO, 2005:148. Manga de Botica, possuindo a altura de 28,8 centímetros e 13,3 centímetros de diâmetro. Século XVIII, Real Fábrica (Rato). Foi doada pela Igreja Nossa Senhora da Encarnação da Apelação, Loures, 1916. Inv. 21Cer. Museu Nacional de Arte Antiga, vitrine 10 sala 25.

286

287

208- Museu Nacional de Arte Antiga

b) Equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco http://www.magmarqueologia.pro.br/material_arqueologico/matarq_hist_faianca.asp Faiança Azul - De origem portuguesa, 1726-1775.

209 - Coleção Laboratório de Arqueologia da UFPE

c) ALBUQUERQUE: 55, fig.pág.127. “Esponjado marmóreo”, que recobre toda a superfície da peça, lhe conferindo um caráter homogêno”. “4º período” (1725-1775).

210- Faianças portuguesas exumadas das escavações do sítio de Vila Flor, RN

287

288

9.6

Imitação de faiança fina inglesa

211 - Coleção Paço Imperial

Forma inspirada na faiança fina inglesa creamware do padrão Royal Pattern Rim.

Referências Bibliográficas: a) CASTRO, Ana Sampaio e. 2009:285. Grupo de fabrico creamware 2.221, finais do século XVIII, inícios do século XIX (HUME, 1969, REILLY, 1995 apud CASTRO, 2009). Apresenta 21,5cm de borda e 2,7cm de altura e pesa 200g. Composta por 29 fragmentos contendo 68% da peça, sendo o peso da peça completa de 400g. Possui marcas de uso na linha da borda, fundo e inflexão interior, e, no verso da borda, é exibido duas marcas de cravilho.

212 - Grupo de fabrico creamware 2.2, finais do século XVIII, inícios do século XIX, coleção Mosteiro de S. João de Tarouca (CASTRO, Ana Sampaio e. 2009:285).

21

Verificar sua metodologia de análise, descrita no padrão linear azul e vinoso, página 170

288

289 b) DÓRDIO, et al. 2001, 161-2, figuras 20 e 21.Um conjunto que também faz parte das séries recolhidas do depósito de entulhos, que se formou na Cadeia de Relação22. As imagens abaixo, embora não sejam semelhantes a forma da borda de prato encontrada no Paço Imperial, ilustrada acima, merece ser mostrado outras imitações de louça inglesa. As de baixo, foram confeccionadas sob a técnica de estampilha acabada a pinel, que faz com que exiba um aspecto mais rude no seu resultado final, em comparação aos modelos importados. As imitações seriam dos padrões Willow Pattern e Shell Edged Pearl Ware.

213 - Série Willow Pattern. Louça Inglesa e Imitaceos Nacionais. Meados do século XIX, Cadeia da Relação (2001:161, Firuga 20).

214 - Shell Edged Pearl ware. Louça Inglesa e Imitações Nacionais. Meados do século XIX. Cadeia da Relação (p.162, Figura 21).

9.7

Elementos fitomorfos diversos a traço fino

Motivos feitos a traço fino e que não constam na bibliografia e por essa característica, parecem ser louças de fábrica.

22

Ver em círculos concêntricos, p. 188, e composição linear polícroma, p279.

289

290

215- Coleção Paço Imperial

290

Século XIX

Século XVIII

Século XVII

Século XVI

291

Louça Inglesa

Louça de Fábrica

Azul, Vinoso e Verde

Ramalhete Florido

Inspiração Ming

Heráldica

Rendas , Contas e Faixas Barrocas

Louça de Delft

Temas Chineses sem caráter oriental

Temas Mistos

Inspiração Hispano Mourisca

Cópia fidedign de Kraak

Padrão Azul sobre Azul

Composição Vegetalista

Linear Azul

291

10 Quadro cronológico dos padrões decorativos segundo a bibliografia estudada.

Nacional

292

ANEXO 2 - Desenho das formas de pratos e tigelas da coleção do Paço Imperial.

292

293 Estilo: Hispano-Mourisca Variante estilística: composição vegetalista Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Prato

Borda de prato

Fundo

Tigela de plano raso

Borda de tigela de plano raso

293

294 Variante estilística: composição vegetalista Linhas serpentiformes sobre linhas horizontais paralelas intercalando com elemento fitomorfo preenchendo a borda, caldeira e o fundo do prato. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas: Diâmetro: 10cm de base e 20cm de borda Espessura: entre 0,3 e 0,5cm Altura: 2cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área: Quadra: Nível:

Variante estilística: composição vegetalista Linhas ondulantes sobre linhas horizontais paralelas intercalando com elemento fitomorfo preenchendo a borda, caldeira e o fundo do prato. No fundo, além dessa variante, uma composição decorativa indefinida. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas: Diâmetro: 20cm de borda Espessura: 0,4cm Desenho:fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área:1C Quadra: A6 Nível: 0

294

295 Variante estilística: composição vegetalista Linhas grossas sobre linhas horizontais paralelas intercalando com elemento fitomorfo preenchendo a borda de um prato. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas: Diâmetro:20cm de borda Espessura: entre 0,5 e 0,6cm Desenho: borda de prato Localização: Área: 1F Quadra: A/B/C14-16 Nível: 160

Variante estilística: composição vegetalista Linhas grossas verticais paralelas sobre linhas ondulantes intercalando com elemento fitomorfo, preenchendo a face interna do corpo. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 0cm Espessura: entre 0,5 e 0,8cm Desenho: corpo Localização: Área:1C Quadra:C/D Nível: 80

295

296 Variante estilística: composição vegetalista Variantes: linhas grossas verticais paralelas sobre linhas ondulantes intercalando com elemento fitomorfo, preenchendo a face interna de uma borda de tigela de plano raso Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas: Diâmetro: 20cm de borda Espessura: 0,4cm Desenho: borda de tigela de plano raso Localização: Área:1A Quadra: A1-2 Nível: 0

Variante estilística: composição vegetalista Linhas grossas verticais paralelas sobre linhas ondulantes intercalando com elementos fitomorfos (palmeiras e folhas), preenchendo a face interna do corpo de uma provável tigela de plano raso. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas: Diâmetro: 14cm de base Espessura: entre 0,6 e 0,8cm Desenho: corpo de uma provável tigela de plano raso Localização: Área: 1C Quadra: C/D6 Nível: 80

296

297 Variante estilística: composição vegetalista Elemento fitomorfo intercalando com elemento decorativo indefinido, preenchendo a face interna do fundo, caldeira e borda de um prato. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro:10cm de base Espessura: entre 0,4 e 0,5cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área: 1C Quadra: C6 Nível: 94

Variante estilística: composição vegetalista Provável elemento floral preenchendo a face interna de uma borda de tigela de plano raso. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII. Medidas: Diâmetro: 20cm de borda Espessura: entre 0,3 e 0,4cm Desenho: borda de tigela de plano raso Localização: Área: 2A Quadra: PT2 Nível: 125-140

297

298 Variante estilística: Imitação de Porcelana Chinesa Um triângulo com a ponta virada para baixo e no interior dele um elemento floral, preenchendo a borda de uma tigela de plano raso. Na face externa da borda, uma linha serpentiforme. Cronologia: 1a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 0cm Espessura: entre 0,3 e 0,4cm Desenho: borda de tigela de plano raso Localização: Área: 1C Quadra: G7 Nível: 81

Variante estilística: composição vegetalista Dois coqueiros preenchendo a face interna do corpo de uma tigela de plano raso e na face externa, a ponta de uma linha radial. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas: Diâmetro:12cm de base e 20cm de borda Espessura: entre 0,5 e 0,6cm Desenho: fundo, corpo e borda de tigela de plano raso Localização: Área: 1A Quadra: A1 Nível: 0

298

299 Variante estilística: composição vegetalista? Provavelmente dois elementos fitomorfos; ponta de um coqueiro e ponta de uma folha, preenchendo a face interna do corpo Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 10cm Espessura: entre 0,2 e 0,5cm Desenho: fundo e corpo Localização: Área:1C/PI Quadra: A/B/C8-9 Nível: 0

Variante estilística: composição vegetalista Dois elementos fitomorfos; uma folha e ponta de um coqueiro preenchendo a face interna da borda e corpo de uma tigela de plano raso. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII. Medidas Diâmetro: 20cm de base Espessura: 0,5cm Desenho: borda e corpo de uma tigela de plano raso. Localização: Área: 1C Quadra: A/B/C6 Nível: 94

299

300 Variante estilística: composição vegetalista Dois elementos fitomorfos; uma palmeira e a ponta uma folha preenchendo a face interna da borda e do corpo de uma tigela de plano raso. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 18cm de borda Espessura: 0,5cm Desenho: borda e corpo de tigela de plano raso Localização: Área: 1C Quadra: C6 Nível:70

Variante estilística: imitação de porcelana chinesa Ponta de um triangulo virada para baixo e o interior dele preenchido por linhas radiais paralelas, preenchendo a borda de uma tigela de plano raso. Cronologia: 1a metade do século XVII Diâmetro: 18cm de borda Espessura: 0,4cm Desenho: borda de tigela de plano raso Localização: Área:1F Quadra: A/B/C9 Nível: 0

300

301 Variante estilística: composição vegetalista Dois elementos fitomorfos; dois coqueiros e a ponta de uma folha preenchendo a face interna da borda e da caldeira de um prato. Na face externa a ponta de uma linha radial. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 20cm de base Espessura: entre 0,4 e 0,5cm Desenho: borda e caldeira de prato Localização: Área: 1C Quadra: N7 Nível: 50-70

Variante estilística: composição vegetalista Três elementos fitomorfos; uma palmeira entre duas folhas preenchendo a face interna da caldeira e da borda de um prato. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 18cm de borda Espessura: entre 0,4 e 0,5cm Desenho: caldeira e borda de prato Localização: Área: 1C Quadra: A/B/C6 Nível: 0

301

302 Variante estilística: composição vegetalista Dois elementos fitomorfos; dois coqueiros e uma folha preenchendo a face interna da borda, caldeira e do fundo de um prato. Na face externa uma linha radial preenchendo o fundo, a caldeira e a borda. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas: Diâmetro: 11cm de base e 18cm de borda Espessura: entre 0,3 e 0,8cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área: 2C Quadra: H/I21 Nível: 143-150

Variante estilística: composição vegetalista Variantes: dois elementos fitomorfos; uma folha e uma palmeira preenchendo a face interna da borda, a caldeira e um pouco do fundo de um prato. Na face externa, a ponta de uma linha radial no pé anelar. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 12cm de base Espessura: 0,5cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área: 1F Quadra:A/B/C14-16 Nível: 160

302

303 Variante estilística: indefinido Um elemento fitomorfo (a ponta de uma folha) fazendo par com uma provável ponta de semicírculos concêntricos na face interna da borda e caldeira de um prato. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 0 cm Espessura: 0,6cm Desenho: borda e caldeira de prato Localização: Área: 1C Quadra: H6-8 Nível: VII

Variante estilística: composição vegetalista Um elemento fitomorfo semelhante ao que aparece numa peça da coleção galeão sacramento (1668), na face interna do fundo de um prato. Na face externa, a ponta de uma linha radial. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 0cm Espessura: 0,5cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área:1A Quadra: I2 Nível: 0

303

304 Variante estilística: composição vegetalista Variantes: dois elementos fitomorfos; uma ponta de folha e uma ponta de palmeira preenchendo a face interna do corpo da tigela de plano raso. Na face externa uma linha grossa sentido vertical por todo o corpo até a ponta do pé anelar. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro:10cm de base Espessura: entre 0,4 e 0,6cm Desenho:fundo e corpo de tigela de plano raso. Localização: Área: 1C Quadra: D6 Nível: 0

Variante estilística: composição vegetalista Um elemento fitomorfo (uma folha) preenchendo a face interna da borda e caldeira de um prato. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 10cm de base Espessura: entre 0,4 e 0,5cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área: 1C Quadra: A/B/C6 Nível: 0

304

305 Variante estilística: composição vegetalista Ftomorfos (folhas) intercalando com cinco linhas verticais paralelas na caldeira, e ao fundo, uma composição vegetalista. Ambos na face interna de um prato. Na face externa, a ponta de uma linha radial que termina no pé anelar. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medidas Diâmetro: 12cm de base Espessura: entre 0,4 e 0,6cm Desenho: fundo e caldeira de prato Localização: Área: 1A Quadra: L5 Nível: 20-30

Variante estilística: composição vegetalista Um elemento fitomorfo fazendo par com elemento decorativo indefinido, preechendo a face interna do corpo. Cronologia: indefinido Medidas Diâmetro: 0cm Espessura: 0,7cm Desenho: fundo e corpo Localização: Área: 1F Quadra: A/B/C14-16 Nível: 160

L139, sx_cx19c

305

306 Variante estilística: composição vegetalista Um elemento fitomorfo (folha) característico da composição vegetalista, preechendo a face interna do fundo, da caldeira e da borda de um prato. Na face externa, a ponta de uma linha radial na caldeira do prato. Cronologia: 1a e 2a metade do século XVII Medida Diâmetro: 12cm de base Espessura: entre 0,4 e 0,6cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato. Localização: Área:1C Quadra: B/C7 Nível: 100

306

307 Estilo: Hispano-Mourisca Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Prato

Fundo e Corpo

Fundo

307

308 Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro de base: 10cm Espessura: entre 0,4 e 0,5 cm Desenho: prato Localização: Área:1F Quadra: A/B/C14-16 Nível: 0

Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e motivo indefinido ao fundo. Medidas: Diâmetro: 12 Espessura:entre 0,6 e 0,8cm Desenho: fundo e caldeira de prato Localização: Área: 1C Quadra: M8 Nível: 35-50 sxII_cx19c

308

309 Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro: 06cm Espessura: entre 0,4 e 0,5cm Desenho: fundo Localização: Área: 1C Quadra: H8 Nível: 0 sxII_cx19c

Padrão decorativo: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro: 0 Espessura: 0,5cm Desenho: fundo e caldeira de prato Localização: s/registro sxII_cx19c

309

310

Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro: 12 Espessura: entre 0,4 e 0,6cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área: 1A Quadra: B5 Nível: 0 sxII_cx19c

Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro: 10cm Espessura: 0,5cm Desenho: fundo e caldeira Localização: Área: PI Quadra: P2 Nível: 0 sxII_cx19c

310

311

Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro: 12cm Espessura: entre 0,4 e 0,5cm Desenho: fundo e caldeira Localização: Área: 1C/PC Quadra: A/B/C8-9 Nível:0 sxII_cx19c

Padrão decorativo: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro:12cm Espessura:0,5cm Desenho:fundo e caldeira Localização: Área:1C Quadra:C6 Nível: 25-50 sxII_cx19c

311

312

Padrão decorativo: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro:12cm Espessura:entre 0,3 e 0,6cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área:1C Quadra:F6/F6 Nível: 53 sxII_cx19c

Padrão decorativo: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro:10cm Espessura:0,5cm Desenho:fundo e caldeira Localização: Área:1C Quadra:G/H7? Nível: IV-V sxII_cx19c

312

313 Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda. Medidas: Diâmetro: 12 Espessura:ente 0,5 e 0,7cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área:2C Quadra:H21 Nível: 40-85 sxII_cx19c

Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro:14cm Espessura:entre 0,5 e 0,7cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área:1A Quadra: I2 Nível: 20-50 sxII_cx19c

313

314 Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda Medidas: Diâmetro:12cm Espessura:entre 0,4 e 0,5cm Desenho:fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área:1C Quadra:M8? Nível: 98-170 sxII_cx19c

Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro: 10cm Espessura:entre 0,4 e 0,5cm Desenho: fundo e caldeira Localização: Área:2C Quadra:H21 Nível: 50-70 sxII_cx19c

314

315 Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro: 12cm Espessura:entre 0,5 e 0,6cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área:1C Quadra:E7 Nível: 81 sxII_cx19c

Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro:12cm Espessura:0,8cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área:1C Quadra: L8 Nível: 35 sxII_cx19c

315

316 Variante estilística: semicírculos na borda. Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIII Medidas: Diâmetro:14cm Espessura:0,8cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área1C: Quadra B/C7: Nível: 100 sxII_cx19c

Padrão decorativo: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro:10cm Espessura:entre 0,4 e 0,5cm Desenho:fundo e caldeira de prato Localização: Área:1C Quadra:N8 Nível: 48-70 sxII_cx19c

316

317 Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro: 12cm Espessura: 0,6cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área: 2C Quadra: H21 Nível: 40-80 sxII_cx19c

Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro:9cm Espessura:entre 0,4 e 0,5cm Desenho: fundo, caldeira e borda de prato Localização: Área:Pátio Interno sxII_cx19c

317

318 Variante estilística: semicírculos na borda. Cronologia: meados do século XVII a virada do século XVIIII Variantes: semicírculos na borda e composição floral ao fundo Medidas: Diâmetro: 10cm Espessura:0,5cm Desenho: fundo e caldeira Localização: Área:1C Quadra:B/C7 Nível: 100 sxII_cx19c

318

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