ANIMAÇÃO CULTURAL NO CONTEXTO HOSPITALAR: RELATANDO AS VIVÊNCIAS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E TURISMO

July 6, 2017 | Autor: Helder Isayama | Categoria: Physics, Physics Education
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Animador Sociocultural: revista iberoamericana Animação no contexto escolar

vol.2, n.1, out.2007-abr.2008 Lima e colaboradores

ANIMAÇÃO CULTURAL NO CONTEXTO HOSPITALAR: RELATANDO AS VIVÊNCIAS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E TURISMO Inácio de Loyola Ruas Lima 1 , Letícia Morais de França Oliveira, Lívia Maria Guimarães Garcias, Túlio Campos 2 , Marina Araújo, Michelle Costa e Silva 3 , Fernanda Tatiana Ramos Siqueira, Laís Machado Nunes, Laura Baeta Pereira Barbosa, Mateus Carneiro Martins, Stella de Marco Amaral 4 , Tatiana Roberta de Souza 5 , Hélder Ferreira Isayama, Christianne Luce Gomes 6 CELAR/EEFFTO/UFMG

Recebido em 10 de setembro de 2007 Aprovado em 29 de setembro de 2007

Resumo Educação Física e Turismo podem ser grandes aliados para pensar diferente as possibilidades de apropriação do espaço no contexto hospitalar. Ainda que esse ambiente seja caracterizado como “frio e solitário” acreditamos que a vivência lúdica proporcionada por essas áreas, pode possibilitar novos olhares sobre esse e outros espaços, de forma a enriquecer o cotidiano das pessoas com ele envolvidas. Este artigo se propõe a relatar as experiências do Projeto de Extensão desenvolvido no ambulatório Borges da Costa do Hospital das Clínicas da UFMG, realizadas por estudantes de Educação Física e Turismo. Temos percebido algumas mudanças nos pacientes e familiares por meio de nossas intervenções: novos comportamentos e concepções acerca dos espaços e da hospitalização, do brincar, da infância, da animação cultural, da Educação Física e do Turismo. Palavras-chave: Animação Cultural, Criança, Hospital. CULTURAL ANIMATION IN THE HOSPITAL CONTEXT: EXPERIENCES OF THE PHYSICAL EDUCATION AND THE TOURISM WITH CHILDREN IN CLINIC OF HEMATOLOGY OF THE HOSPITAL OF THE CLINIC OF THE UFMG Abstract: Physical Education and Tourism can be highs allied to conceive different possibilities to adequate space in hospital context. Although many people recognize this place as insensible and solitary, we agree that the vivid experience offered by these disciplines can make new concepts about these and others spaces, improving the quality life of the people involved in it. The proposal of this article is to describe the

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experiences of the extension project developed at ambulatory “Borges da Costa”, in the Clinical Hospital from UFMG, promoted by students of both Physical Education and Tourism. It has been noticed changes in the patients and relatives through our intermediation: news behaviors and concepts regarding spaces and hospitalization, the entertainment, the childhood, the cultural animation, the Physical Education and the Tourism. Keywords: Cultural Animation, Child, Hospital Context Introdução Pensar o brincar, a brincadeira, o jogo, a diversão e os passeios dentro de um contexto hospitalar não é uma tarefa simples. Para muitas pessoas há uma incompatibilidade entre esses temas principalmente porque, em geral, esses ambientes são envolvidos por uma atmosfera rígida e formal, o que dificulta a implementação de projetos interdisciplinares que ampliem as possibilidades de vivências culturais nos hospitais. No entanto, nas últimas décadas, esta realidade vem sendo questionada, na tentativa de modificar a atmosfera pouco lúdica que vigora nesses espaços, como foi constatado nos trabalhos de Pimentel (1998), Wou (2000) e no trabalho realizado pelos Doutores da Alegria 7 , grupo que atua em alas infantis de hospitais. Apesar disso, principalmente nos campos da Educação Física, do Turismo e do Lazer, são poucos os trabalhos que têm se dedicado ao tema. Nossa proposta de intervenção pretende então, ampliar e diversificar as possibilidades de vivências culturais na perspectiva lúdica para as crianças que freqüentam o ambiente hospitalar, minimizar a distância entre os sujeitos e os espaços urbanos de interesse turístico, promover uma ressignificação do ambiente hospitalar e da hospitalização. Para isso, utilizamos como metodologia de intervenção a Animação Cultural, que se constitui enquanto possibilidade de atuação do profissional da Educação Física, do Turismo e do Lazer.

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Animação cultural no espaço hospitalar Quando pensamos no lúdico, é comum nos remetermos a uma fase do desenvolvimento humano – a infância – uma vez que nesta fase ele se manifesta com maior intensidade. Concordamos com Werneck (2003) quando afirma que o lúdico é uma das essências da vida humana que instaura e constitui novas formas de fruir a vida social, marcadas pela exaltação dos sentidos e das emoções, misturando alegria e angústia, relaxamento e tensão, prazer e conflito, liberdade e concessão etc. Cabe destacar ainda, que o lúdico não possui somente uma dimensão “subjetiva”, pois é construído culturalmente e cerceado por diferentes fatores. Por essa razão, ele varia conforme os valores e as referências que orientam um determinado grupo social em diferentes contextos e épocas. Nesta perspectiva, a vivência lúdica é fundamental para a criança, pois representa um espaço para o seu reconhecimento enquanto sujeito que decide, tem autonomia, repensa ações, aprende a respeitar as regras construídas coletivamente pelo grupo, avalia e busca alternativas críticas e criativas para os problemas que surgem no cotidiano. Acreditamos, assim, que a criança tem o direito de viver o presente relativo ao tempo da infância, experimentando o mundo, descobrindo-o e ressignificando-o. Partindo deste ponto inicial, reconhecer as pluralidades e as heterogeneidades das crianças é um ato indispensável. Além disso, dialoga com as especificidades das crianças com quem nos encontramos, buscando a interlocução e valorização de sua condição de sujeito. Portanto, para compreendermos as infâncias e o mundo que as cercam é importante considerar as crianças como sujeitos sociais participativos na construção e reconstrução, permanente, das culturas. Contudo, em nossa sociedade

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atual, ainda sobressai o entendimento de que às crianças devem ser preparadas para um futuro idealizado pelo adulto, tendo como conseqüência problemas que podem reduzir a vivência do lúdico na infância, a saber: a restrição dos espaços disponíveis para o brincar; a industrialização dos brinquedos; o trabalho dos pais, as obrigações que interferem no brincar das crianças. Esta é uma situação problemática encontrada em qualquer camada da população e, até mesmo, com crianças que passam os seus dias no hospital lutando contra diferentes enfermidades. A doença, a própria intervenção terapêutica e, em alguns casos, a perspectiva de morte ocasionam grande impacto na vida da criança e de seus familiares. Ambos vivenciam uma nova e difícil situação que lhes traz medo e significativas perdas relacionadas à sua condição. Em virtude do tratamento, ocorre uma interrupção do cotidiano dessas crianças, o que geralmente provoca modificações não apenas no seu desenvolvimento, mas também na vivência da ludicidade. Afastada de seu lar, escola, amigos e demais espaços sociais ela se depara com uma realidade desconhecida e mesmo hostil, quando o ambiente hospitalar em nada atende sua condição de criança no que diz respeito as suas necessidades sociais, culturais, afetivas, educacionais e recreativas (COSTA et al., 1997). No entanto, ainda que a criança tenha sido diagnosticada com uma doença grave, ela não perde a sua condição de criança, tendo igual necessidade de brincar e se divertir. Apesar de acometida pelo mal estar e outras limitações, o interesse por atividades lúdicas é mantido e torna-se, muitas vezes, motivo de superação de dificuldades. Neste sentido, a promoção de atividades lúdicas, tendo como princípio de atuação à animação cultural, no contexto hospitalar apresenta-se como uma possibilidade de atenção à criança e seus anseios, possibilitando a ela se apropriar de elementos próprios da cultura

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lúdica e ter atendido seu direito e necessidade de brincar e de se divertir, já reconhecidos por lei (BRASIL, 1995). Não raro, os hospitais são espaços vistos como um ambiente frio e impessoal. Local este, onde são vivenciadas situações delicadas à medida que os profissionais lidam com o sofrimento de pessoas que enfrentam diferentes tipos de enfermidade. Além disso, tendo em vista o aprimoramento técnico e científico no contexto da saúde, Lunardi; Filho (2006) apontam que a dignidade do sujeito, frequentemente, é deixada em segundo plano e dessa maneira a doença, muitas vezes, passa a ser objeto do saber científico, desarticulada do ser que a abriga e no qual ela se desenvolve. Refletindo sobre tais questões, é essencial problematizarmos o espaço hospitalar para além da sua compreensão de lugar para a cura, mas, também, um local multiplicador de relações afetivas, sociais e culturais. Neste sentido, temos percebido que as formas de atendimento em unidades hospitalares e de promoção à saúde têm passado por significativas transformações na tentativa de atender melhor diferentes públicos. Desde a homologação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, os hospitais são obrigados a proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsáveis nos casos de hospitalização infantil e especificamente sobre brinquedotecas, a Lei nº 11.104 (BRASIL, 2005) tornou obrigatória a sua instalação nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. Outra proposta pode ser observada, com a regulamentação, feita em maio de 2000 pelo Ministério da Saúde (MS), do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) o qual, “propõe um conjunto de ações integradas que

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visam mudar substancialmente o padrão de assistência ao usuário dos hospitais públicos do Brasil, melhorando a qualidade e eficácia de serviços hoje prestados por essas instituições” (PNHAH, 2000) 8 . Dessa forma, o programa visa principalmente promover mudanças em relação ao atendimento nos hospitais do país por meio da busca de estratégias que podem proporcionar melhorias do contato humano entre os profissionais de saúde e os pacientes, entre os profissionais em si e entre os hospitais e as comunidades para um eficaz funcionamento do Sistema de Saúde Brasileiro. Um projeto de humanização pode ser aplicado em diferentes âmbitos profissionais, pois o que deve se ressaltar é a importância da dimensão humana nas relações diversas. O conceito de humanização hospitalar não possui uma forma clara ainda, mas, como afirma Deslandes (2004), “é a forma de assistência que valoriza a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associada ao reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e cultura, além do reconhecimento do profissional”. A humanização nos hospitais é uma proposta tendo em vista a necessidade de se reestruturar, redimensionar a forma como as instituições públicas de saúde trabalham em relação à vida, ao sofrimento e à dor de um indivíduo que se encontra fragilizado por uma enfermidade (CEMBRANELLI, 2007). Atualmente, alguns oferecem serviços como assistência social e psicológica, estimulando os pais a participarem, de maneira integral, na internação de seus filhos. Há, também, o desenvolvimento de esportes, atividades físicas ou reabilitação, de atividades de leitura, trabalhos manuais, jogos lúdicos, construção de brinquedotecas e palestras, envolvendo diversos profissionais, como: professores de educação física,

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terapeutas ocupacionais, atores, músicos, palhaços, entre outros, junto aos pacientes, principalmente crianças e pais acompanhantes. Diante deste contexto, mesmo considerando as emergências e ampliações de políticas voltadas para o bem estar dos pacientes, ainda persiste uma visão restrita sobre as possibilidades de desenvolvimento de trabalhos que busquem ressignificar o espaço hospitalar. Tal postura, ocasionada por diversos fatores de ordem política, econômica e social vigentes no nosso país, inviabiliza a implementação de ações mais consistentes e pertinentes, desvalorizando, assim, os sujeitos presentes neste contexto. Todo esse contexto nos impulsiona a pensar sobre intervenções lúdicas a serem desenvolvidas no hospital e em outros espaços da cidade, de forma a enriquecer o cotidiano das crianças em fase de tratamento. Neste sentido, destacamos que a Educação Física e o Turismo, com possibilidades de ações pautadas nos conhecimentos sobre a animação cultural, podem propiciar momentos de experiências e conhecimentos, nos quais os sujeitos históricos podem buscar compreender o significado de seus gestos de forma consciente, crítica e criativa. Entendemos que essa intervenção educativa lúdica pode ser concretizada na perspectiva da animação cultural, definida por Melo (2004) como sendo uma possibilidade de intervenção pedagógica nos momentos de lazer. Para isso, o animador cultural trata da cultura como essência e inspiração em seu trabalho. Para o autor, esse tratamento deve se dar de maneira que o animador possa pretender construir uma democracia cultural, sendo essa, uma perspectiva de atuação dialética, que crê em estratégias de mediação para ampliar o grau de vivências culturais de um grupo.

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Assim, temos o desafio de ressaltar e considerar o duplo aspecto educativo que deve estar presente nessa intervenção pedagógica, sendo: a educação pelo lazer e a educação para o lazer (MELO; ALVES JUNIOR, 2003). A educação pelo lazer considera as atividades como veículo de educação no qual, o profissional, deve aproveitar o potencial das atividades para trabalhar valores, condutas e comportamentos. Precisa construir um espaço em que, a partir da problematização, seja permitida aos indivíduos a reelaboração e construção de novos olhares acerca da realidade. Contudo, os profissionais devem ser cuidadosos para não serem moralistas, pregadores de posturas e verdades absolutas. A educação para o lazer é a outra dimensão do processo de intervenção pedagógica no âmbito do lazer e se dá articulada com processos de mediação cultural. Estar atento as diferentes formas de manifestação das culturas é prioridade do profissional de lazer que, por meio de sua ação pedagógica, contribua para tornar os indivíduos mais críticos perante o poder dos meios de comunicação e, também, ampliar os conhecimentos acerca das diversas linguagens e novas formas de prazer presentes nesses contextos. É interessante perceber que ambas as dimensões educativas não estão livres de risco nem definem, a priori, uma atuação cujo compromisso seja o de superação do status quo. (...). Devemos tomar cuidado para que educar não seja sinônimo de adaptar os indivíduos à sociedade em vigor, mas sim do processo contrário, de questionamento dessa ordem (MELO; ALVES JUNIOR, 2003, p. 60).

Melo; Alves (2003) esclarecem que o animador não impõe um programa de intervenção de forma hierárquica, tendo, portanto, uma postura, na qual se tenta gerar, nos sujeitos, reflexões construídas e problematizadas. Tal profissional deve se preocupar em não agredir frontalmente as individualidades dos sujeitos, e educá-los para construção de atitudes participativas. Crê-se em mediações, por parte do profissional, para tentar criar e recriar diferentes realidades, gerando em conjunto com os sujeitos, 8

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alternativas de libertação. Alternativas essas, entendidas em Melo (2002) como estimulação de novas experiências estéticas, já que no processo de educação das sensibilidades é possibilitado aos sujeitos desenvolver diferentes percepções da realidade, visto que lhe foi permitido o ato de julgar e criticar. É importante ressaltar que a educação estética oferece novas formas de sentir e potencializar os prazeres de cada indivíduo. O animador deve - ser alguém que em um processo de mediação e diálogo pretende apresentar e discutir novas linguagens, um profissional que educa ao incomodar e informar sobre possibilidades de melhor sorver, acessar e produzir diferentes olhares (MELO, 2002, p. 106).

Acreditamos que o trabalho com a animação cultural dentro de um contexto hospitalar mais amplo pode e deve auxiliar no resgate da infância das crianças com ele envolvidas (que são, em diversos aspectos, prejudicadas pela doença, seja pela perda do brincar e se divertir, ou pelo comprometimento de parte de seu tempo durante a espera pelas consultas) utilizando-se de brincadeiras, jogos e passeios e, assim, despertar novas possibilidades para a vivência da infância e para o desenvolvimento pessoal e social desse grupo, por meio de diversas intervenções, uma vez que este tem como público alvo a criança e não o enfermo. Não podemos negar que a dimensão ocupação do tempo das crianças que freqüentam esse ambiente se faz presente em nossas intervenções. Entretanto, pretendemos tratar a animação cultural desenvolvida dentro ou fora do espaço hospitalar como uma ação crítica e contextualizada. Acreditamos, assim, que essa vivência proporcionada é também um ato político na qual estabelecemos uma relação dialética com o contexto social mais amplo. Destacamos que na animação cultural a possibilidade de que o ambiente hospitalar se apresente como um espaço onde as pessoas possam se relacionar umas

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com as outras, onde elas possam transcender os valores estabelecidos ao longo do tempo, onde seja permitido vivenciar a alegria, o prazer e o lúdico que tradicionalmente não são próprios desse local. Assim, acreditamos ser possível desconstruir o caráter “frio e solitário” desse espaço, uma vez que nele as crianças são estimuladas a reproduzirem seu próprio mundo e, dessa forma, contribuir para que se torne também um local de encontro sociocultural com o outro e de construção de novas vivências e olhares acerca da realidade vivida pelos sujeitos de nossas intervenções.

O projeto Em Belo Horizonte, observamos a concretização de algumas propostas no âmbito da Educação Física e do Lazer, dentre as quais podemos citar o Projeto Brincar, que era realizado no Ambulatório Bias Fortes - Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Tivemos a oportunidade de participar desse projeto juntamente com profissionais de diversas áreas durante o primeiro semestre de 2000. A nossa participação no Projeto Brincar gerou a constituição de um grupo de estudos e a criação de um novo projeto, buscando ampliar e difundir esse tipo de proposta. O Projeto – Compromisso Social da Educação Física com crianças que passam por tratamentos hospitalares: intervenções lúdicas – foi implementado no ambulatório São Vicente do Hospital das Clínicas da UFMG. É importante pontuar que essas crianças apresentavam diferentes patologias e, em sua maioria, não freqüentavam regularmente o ambulatório, dificultando o acompanhamento por parte dos estagiários do Projeto. Esse projeto teve duração de um ano e foi interrompido por uma demanda do próprio grupo de estagiários que julgava interessante buscar um espaço de intervenção

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no qual fosse possível o acompanhamento das crianças atendidas. Para tanto, no ano de 2003 nos esforçamos para elaborar um projeto que pudesse atender a um grupo específico e, no início de 2004, fomos convidados a retornar ao Ambulatório Bias Fortes do Hospital das Clínicas da UFMG para atuar especificamente com as crianças atendidas pela clínica de Hematologia. Em 2005, com a mudança da Hematologia Pediátrica para o ambulatório Borges da Costa, foi cedido ao projeto, uma sala maior com área externa, onde atualmente ocorrem nossas intervenções. Além desse espaço, periodicamente, o ambiente hospitalar, enquanto local de atuação, é substituído por áreas públicas e de interesse turístico da cidade de Belo Horizonte. Nesse período o projeto ampliou sua discussão sobre e animação cultural e passou a ser denominado Animação Cultural em Hospitais: intervenção da Educação Física e do Turismo com crianças em Clínica de Hematologia do Hospital das Clínicas da UFMG. Nesta perspectiva, os objetivos desse projeto de extensão são: ampliar e diversificar as possibilidades de vivências lúdicas para as crianças que freqüentam o ambiente hospitalar seja através da apropriação do próprio espaço do hospital, seja pela (re) apropriação dos espaços urbanos de lazer; auxiliar no tratamento das crianças, entendendo que o lúdico é um componente essencial para o desenvolvimento humano, que pode possibilitar o bem-estar social, a saúde das pessoas e a qualidade de vida; reduzir a distância entre os sujeitos e os espaços urbanos de interesse turístico, promovendo uma maior identificação e apropriação desses lugares como parte do universo cotidiano de cada um; promover uma ressignificação do ambiente hospitalar e da hospitalização em si, contribuindo para uma melhoria das relações humanas e para a quebra de paradigmas geralmente presentes nas ações de atendimento hospitalar como dualidade mente-corpo e o conceito de saúde restrito ao aspecto biológico; enriquecer a

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formação dos acadêmicos do curso de graduação em Turismo e Educação Física, tendo em vista a importante contribuição desses na área da saúde e daqueles, no contexto sociocultural local, com o intuito de oportunizar a sua inserção em projetos interdisciplinares, integrando universidade e comunidade. Assim, nossa intervenção, construída a partir de tais objetivos, tem o desafio de não

demonstrar

características

assistencialistas.

Isso,

porque

entendemos

o

assistencialismo como uma política que provoca a estagnação e o cultivo do problema social, causando a dependência do receptor ao doador, que atua somente numa perspectiva

passiva

diante

da

realidade.

A

política

assistencial

enquanto

assistencialismo, sob a aparência de ajuda (esmola), mantém as desigualdades sociais (DEMO, 1996). Dizemos política assistencial na forma de assistencialismo, porque concordamos com o autor citado anteriormente, quando o mesmo ressalta que a política assistencial é necessária e tem significado diferente do assistencialismo. A política assistencial, de caráter emergencial em situações de luta por sobrevivência, corresponde a um direito, cabendo ao Estado a garantia desse direito e cumprimento desse dever. Dessa forma, apesar de vermos a necessidade do nosso país de lidar estrategicamente com políticas desse caráter, esse não é o foco de nossa atuação. No entanto, não podemos desconsiderar as possibilidades de existência de atitudes com características assistencialistas nas nossas intervenções. A atuação baseada na animação cultural propõe o avesso a essa lógica de intervenção assistencialista, tendo em vista que possui como intencionalidade a atitude de participação ativa do sujeito no processo de construção, que pode gerar condições de emancipação dos mesmos.

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Assim, compreendemos que nosso trabalho possui características que vão ao encontro do que Demo (1996) chama de Política Social: Política Social não é ajuda, piedade ou voluntariado. Mas o processo social, por meio do qual o necessitado gesta consciência política de sua necessidade, e, em conseqüência emerge enquanto sujeito de seu próprio destino (p. 25).

Metodologia de Trabalho O projeto é desenvolvido no Hospital das Clínicas - Ambulatório Borges da Costa, em parceria com o Centro de Estudos de Lazer e Recreação da Universidade Federal de Minas Gerais (CELAR/UFMG) e o Programa de Educação Tutorial (PET – Educação Física e Lazer) do Colegiado de Graduação em Educação Física da UFMG, ambos pertencentes à Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG. O projeto conta com a participação dos acadêmicos do curso de Educação Física e Turismo (bolsistas e voluntários) e de quatro coordenadores do projeto - sendo duas assistentes sociais e um professor orientador pertencentes ao Ambulatório Borges da Costa do Hospital das Clínicas da UFMG e a EEFFTO, respectivamente. O público alvo são crianças atendidas pela clínica de Hematologia no Ambulatório Borges da Costa do Hospital das Clínicas da UFMG e aquelas que acompanham seus irmãos nas consultas e que, portanto, têm uma parte do seu tempo comprometido, de forma direta ou indireta, em decorrência da doença dos irmãos. Buscamos, também, alcançar pais e profissionais do hospital a fim de contribuir para uma melhoria das relações pessoais neste espaço e uma troca de experiências que possam conduzir a um entendimento mais crítico acerca da infância, do ambiente hospitalar e do lazer.

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É importante ressaltar que a Educação Física é entendida a partir de uma concepção abrangente, comprometida com vivências lúdicas diversificadas e construídas coletivamente que podem ser desenvolvidas enquanto meio e fim educacionais. Nesse sentido, é apresentado uma gama de possíveis atividades (jogos e brincadeiras, bricolagem, danças, esportes, capoeira e etc) a serem realizadas que são complementadas por outras brincadeiras sugeridas pelas crianças, que definem, juntamente com os estagiários, aquelas que desejam realizar. Entendendo o Turismo como um fenômeno social e espacial cujo elemento mais importante é o sujeito, sua interação com o lugar visitado e cultura local, o trabalho desenvolvido fora do hospital é constituído por passeios a lugares turísticos da cidade. Participam dessa atividade os pacientes da Clínica de Hematologia Pediátrica e seus acompanhantes (pais ou responsáveis e irmãos). São planejadas pelos acadêmicos atividades diversas que objetivam, sobretudo, a ampliação das vivências desses sujeitos nos diferentes lugares, de forma a promover uma apropriação mais efetiva e crítica desses espaços. As intervenções no hospital são realizadas durante as terças, quartas e quintas no período da tarde e os passeios, duas vezes por semestre. Os espaços utilizados são a Brinquedoteca, os corredores do Ambulatório e locais de interesse turístico da cidade de Belo Horizonte.

Avaliação das ações no contexto hospitalar Com objetivo de aprimorarmos nossas ações dentro do hospital, buscamos constantemente um diálogo amplo sobre a maneira de avaliarmos nosso projeto. Sendo assim, torna-se relevante colocarmos em pauta discussões sobre a avaliação.

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Pensar a avaliação no contexto da intervenção hospitalar, tendo como princípio a animação cultural, é uma tarefa complexa. Busca, a priori, romper com a concepção que ainda guardamos sobre a avaliação que, na maioria das vezes, faz dela um procedimento aprisionado pela busca da objetividade, constantemente, traduzida em dados quantitativos e, também, pela demasiada busca de um exame linear do programa correlacionado às metas iniciais. Em diversos âmbitos de atuação/intervenção é observado que a avaliação tradicional tem sofrido fortes críticas. Sustentadas por diferentes paradigmas, como: seu caráter externo, suas debilidades metodológicas, sua constante preocupação com a eficiência e, contudo, pela sua incapacidade de apropriar-se do conjunto de fatores e variáveis contextuais e processuais, que limitam e potencializam resultados e impactos (CARVALHO, 1998). Avaliar é apontar para o valor. E só se fala em valor no “departamento do humano”, que é o campo do simbólico, da atribuição de significado, de sentido. Falar em avaliar implica reportar-se a um olhar que distingue, que rompe com a indiferença, que estabelece pontos de referência para apreciação da realidade (RIOS, 1998, p. 113).

Neste sentido, buscamos compreender a avaliação como processo que busque apreender a ação desde a sua formulação, implementação, execução, resultados e impactos. Avaliar guarda, no seu sentido mais amplo, complexidades e especificidades próprias, pois os resultados de uma dada ação social podem ser múltiplos e derivados de diversificadas causas ou fatores. Portanto, não é uma avaliação que apenas mensura quantitativamente os benefícios ou malefícios de um projeto/intervenção, mas que qualifica decisões, processos, resultados e impactos. Ventosa (2002) aponta três objetivos básicos que sustentam a utilização da avaliação no âmbito da animação cultural, que é usada: como guia para tomar decisões, para solucionar problemas e para promover a compreensão dos fenômenos implicados.

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Segundo o autor, na prática estes três parâmetros não só se expressam de maneira gradual, mas, também, combinam entre si, dando lugar a valores de caráter mais global. Pela pluralidade e complexidade de sujeitos presentes no cotidiano das intervenções, nossas avaliações exigem cuidados. Utilizar certo procedimento de avaliação pode oferecer subsídios para uma intervenção mais cuidadosa, que esteja atenta ao contexto. Dessa forma, utilizar uma estratégia de avaliação atenta à diversidade pretende desenvolver ações capazes de acolher e atender educativamente os sujeitos diversos em relação à sua bagagem histórica, social e cultural, às capacidades, aos

interesses

e

às

motivações.

Portanto,

a

avaliação

precisa

captar

a

multidimensionalidade sinalizada pelas especificidades do contexto. Nesta

direção,

a

avaliação

participativa

aproxima

muito

de

nossa

intencionalidade de ação no contexto hospitalar. De acordo com Carvalho (1998), a avaliação participativa torna-se um procedimento rico dado que sua realização é partilhada com os sujeitos envolvidos, permitindo para além da avaliação uma apropriação reflexiva e socializada. Para realização de uma avaliação participativa é preciso levar em consideração as redes de interlocuções presentes no programa (projeto), abrangendo todos os envolvidos. Conseqüentemente, garante à avaliação maior densidade e limita seu risco de permanecer periférica. Alem disso, permite detectar falhas ou estratégias inadequadas e alterá-las objetivando melhorar sua eficácia. Compreender a avaliação no contexto hospitalar (animação cultural em hospitais) se expressa como uma prática educativa social que influência e é influenciada pelos contornos que a cercam. A participação das crianças, dos pais, familiares, assistentes sociais, médicos, enfermeiras e animadores possibilitam uma maior

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valorização e reconhecimento das ações, sinalizando novas possibilidades de intervenção. Nessa perspectiva, o desenvolvimento deste projeto é consolidado por meio da realização de reuniões semanais destinadas ao planejamento, organização e avaliação do trabalho e a discussões de assuntos envolvendo o lúdico, a criança, lazer, animação cultural e o ambiente hospitalar. Além disso, são promovidos encontros com profissionais de diversas áreas do conhecimento com o objetivo de aprofundar os conhecimentos necessários à realização deste projeto. Nossas ações são avaliadas por meio de diálogo com as crianças e com os pais e por nós, através do registro de impressões e observações no decorrer das atividades propostas. Também são realizadas reuniões semanais entre supervisores e estagiários envolvidos no projeto e, periodicamente, entre supervisores, estagiários e coordenação do projeto no hospital, com o objetivo de discutir metodologias, conteúdos, avaliações, conhecimentos sobre a realidade das crianças etc.

As intervenções, impressões e desafios de nossa atuação no hospital As intervenções no hospital são realizadas durante as terças, quartas e quintas no período da tarde e às sextas-feiras de manhã, com duração de aproximadamente 2 horas, e os passeios, uma vez por semestre. Os espaços utilizados são a Brinquedoteca e os corredores do Ambulatório Borges da Costa e locais de interesse turístico da cidade de Belo Horizonte. No projeto, as crianças de 4 a 15 anos podem se envolver com a construção de diferentes brinquedos, brincadeiras e jogos, dentre as várias possibilidades de atividades que são realizadas dentro da própria Brinquedoteca, na sua área externa ou nos

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corredores do hospital e da eventual utilização de brinquedos industrializados durante as intervenções. Nelas, temos trabalhado com uma média de 9 crianças por dia, exceto às sextas-feiras, em que há uma média de 3 a 4 crianças. Com o objetivo de produzir uma reflexão mais aprofundada através da vivência das atividades propostas durante o ano, foram definidos temas que seriam trabalhados ao longo dos dois semestres. No primeiro, optamos por trabalhar as temáticas meio ambiente e corpo, temas definidos em razão da escolha do Parque das Mangabeiras e da Escola de Circo de Belo Horizonte como destinos dos passeios em 2007. A proposta de fazer um passeio ecológico no Parque das Mangabeiras levou-nos a trabalhar nas intervenções, na brinquedoteca, a percepção das crianças em relação ao espaço que seria visitado (um local de preservação ambiental, com animais, árvores e plantas diversas), além da forma com que elas poderiam usufruir, se apropriar e interagir melhor com estes espaços. Durante o planejamento das intervenções, esse tema acabou sendo dividido em subtemas, com o objetivo de diversificar nossas ações durante as semanas, além de contemplar as diversas esferas que compõem essa ampla temática. Através de brincadeiras, construção de maquetes e brinquedos, teatros e contação de histórias, foram concebidas diferentes formas de se preservar a natureza, problematizando os acontecimentos ambientais atuais e, assim, pensando o nosso papel diante da degradação e da preservação do ambiente: o consumo exacerbado, a grande produção de lixo, a poluição dos rios, o tráfego de animais silvestres e o crescimento desordenado das cidades, por exemplo. Diversas brincadeiras foram adaptadas ao tema, outras foram criadas: durante o bimestre foram feitas brincadeiras de colagens utilizando folhas e flores, de pegador

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com o tema sapo, da dança da cadeira com a música do sapo (o sapo não lava o pé...), de histórias coreografadas (nas quais as crianças constroem tanto a história quanto os gestos a serem feitos durante a brincadeira), de construção de animais de massinha de farinha de trigo, de construção de brinquedos com materiais reciclados (bonecas de garrafa plástica, bichinhos com potes de iogurte e suporte de ovos, óculos, dentre outros). Além dessas, foram feitas outras brincadeiras sugeridas pelas crianças: brincar de casinha, de carrinho, de quebra-cabeça, de elástico, jogo do mico, damas e de varetas. Assim, a definição de temas e subtemas não impediu que outras brincadeiras e brinquedos fossem utilizados nas intervenções: uma delas iniciou-se com a brincadeira do ciclo da água, onde as crianças “se transformaram” em água e, contando-se uma história por meio de movimentos coreografados, elas percorrem toda a trajetória de uma gota d’água, em seu ciclo. Esta brincadeira promoveu uma interação tão grande entre as crianças que, logo após terminá-la, elas se organizaram e iniciaram outra brincadeira: as crianças colocaram uma cadeira atrás da outra e começaram a brincar de ônibus, que possuía motorista, trocador, passageiro e até uma roleta. Depois, brincaram de gato e rato, carrinho, ping-pong, elástico, peteca, vareta, balão, desenho, pintura e massa de modelar (com a massa, as crianças fizeram uma fábrica de pirulitos). Neste dia, houve também a participação de algumas mães nas brincadeiras: uma delas quis pintar e uma outra ficou ajudando o filho de dois anos a pintar. Este dia foi interessante, pois a interação propiciada pela primeira brincadeira foi à precursora do envolvimento das crianças que, então, propuseram quase todas as atividades posteriores. Como destacado anteriormente, para o primeiro semestre de 2007, o destino escolhido pelos membros do projeto foi o Parque das Mangabeiras, onde seriam

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discutidas questões sobre o meio ambiente por meio da interpretação ambiental. Essa proposta sugere que sejam feitas reflexões sobre temas ambientais de forma lúdica e participativa, através de brincadeiras e da interpretação da paisagem. Para o passeio foram organizados, entre os animadores, grupos responsáveis pelo guiamento das crianças e pais pelo parque, pelas brincadeiras que seriam realizadas no ônibus e durante a visitação e pelo lanche no final da intervenção. Durante o passeio, tentou-se resgatar subtemas e discussões levantadas nas atividades na brinquedoteca do hospital. Na temática corpo, também pensada a partir da possibilidade de realização de um passeio à Escola de Circo, buscamos manter as dinâmicas dos subtemas, como feito com a temática anterior. Com objetivo de ampliar o nosso olhar e, principalmente, o das crianças, elegemos atividades que abordassem questões cotidianas sobre o tema, abrindo possibilidades de lidar, de forma crítica e criativa, com o próprio corpo, com o corpo do outro e suas interlocuções e as diversidades corporais no mundo. Para tanto, fizemos brincadeiras, danças, jogos, desenhos, bonecos de massa de modelar e papelão, teatros, brincadeiras cantadas que possuíam ligação com a temática do corpo (música da formiguinha – que vai ao mercado – em forma de pegador; música “todo movimento baila baila baila” um dedo, o braço...; música “Rock Pop” eu ponho a mão direita dentro...) dentre outras, que pudessem explorar os limites e as possibilidades de ação tanto físicos quanto culturais das crianças com seus corpos. Um exemplo de como pensar esses limites é a brincadeira “ombro com ombro”, atividade que teve um importante papel para suscitar um debate sobre os “contatos corporais”, abrindo possibilidades de discussão de questões referentes à sexualidade.

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Outro momento das intervenções ilustra bem como trabalhamos as temáticas dentro das possibilidades de cada grupo: a animadora cultural iniciou uma conversa sobre o corpo: o que é o corpo? o que faz parte dele? quais as diferenças? as suas marcas e as histórias destas marcas, dentre outras. Quase todas as crianças contaram histórias de cicatrizes que tinham e algumas delas ficaram escutando o que as outras relatavam. Em seguida, fizeram uma brincadeira em que todos deviam fazer um desenho ou escrever uma palavra em um papel e colocá-lo no meio da roda. Cada participante deveria, então, retirar um papel do meio da roda e contar uma história a partir do que tinha desenhado e a história deveria ser continuada pelo próximo da roda que também deveria pegar um papel. Para o desenvolvimento de ambas as temáticas foi necessário que pesquisássemos sobre os temas, a fim de diversificarmos nossas ações. As reuniões semanais e a partilha de vivências entre os membros do projeto, também foram essenciais para o planejamento e a organização de nossas intervenções. Contudo, ressaltamos que a realização das intervenções com temáticas definidas constituiu-se em um grande desafio, pois foi necessário conceber novas possibilidades de realização das atividades, ressignificando diversas brincadeiras, com o objetivo de que nossas intervenções estivessem ligadas a um tema central e que pudessem, de fato, contribuir para a construção de olhares mais críticos sobre as temáticas propostas. Paralelamente, esse trabalho exigiu do grupo um planejamento mais sistemático das atividades e das brincadeiras que seriam realizadas nas intervenções e, também, uma flexibilidade frente ao que foi planejado prévio. Por exemplo, nem todas as brincadeiras sugeridas pelos animadores foram bem aceitas e, por vezes, devido ao número reduzido ou a não regularidade das crianças que frequentam à brinquedoteca, foi necessário mudar as

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atividades e, até mesmo, “deixar de lado” o tema proposto. Em um dos dias da semana, por exemplo, em que não havia um grupo regular a cada dia de intervenção, por várias vezes foi necessário fazer outras atividades que promovessem a integração do grupo para que houvesse neles uma apropriação mais afetiva com o espaço da brinquedoteca. Acreditamos que a participação das crianças na construção, desenvolvimento e avaliação de nossas intervenções é uma das bases para a concretização desse projeto. A participação é um direito, um exercício pleno da liberdade e da cidadania, sem a qual é impossível construir e consolidar a democracia. Através do estímulo à participação pode-se modificar o status quo vigente, criar e recriar diferentes realidades, gerando em conjunto com os sujeitos, vivências mais consistentes e transformadoras. Dessa forma, nossas intervenções são construídas e desenvolvidas com o auxílio das crianças: da mesma forma que apresentamos a elas propostas de atividades e brincadeiras, incentivamo-nas a proporem novas brincadeiras, a pensarem o significado de seus gestos nelas, a ensinarem as suas diferentes formas de brincar e a criarem novas vivências, pautadas em sua imaginação e criatividade. Trata-se, portanto, de momentos de construções coletivas, ativas e contextualizadas nos quais, como ressaltam Melo; Alves Júnior (2003), entendemos a animação cultural por meio do “paradigma dialético”, ou seja, como construção de uma democracia cultural. Dessa forma, “o animador considera a realidade com base no contexto em que ele se apresenta, tentando interpretá-la de forma global, complexa, dialética e diacrônica” (p.63). Outro ponto a destacar é que na sala da brinquedoteca, encontram-se alguns armários onde ficam guardados diferentes brinquedos, especialmente carrinhos e bonecas, que foram doados para as crianças utilizarem durante a espera pelo atendimento. Esses constituíam para os animadores um constante desafio: conquistar a

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atenção das crianças frente ao fascínio causado pelos brinquedos industrializados. Como alternativa, após várias ponderações entre os membros do projeto, decidimos, por meio de diálogos com as crianças, alternar os dias que tais armários seriam abertos. Posteriormente, fomos conquistando a atenção das crianças a ponto de esquecerem a existência dos armários, exceto algumas que não estavam, constantemente, presentes nas intervenções. Outro desafio, provocado por estes brinquedos industrializados, é o fato de, na maioria das vezes, sugerirem sua utilização de forma individual, pouco contribuindo para a integração das crianças e ocasionando a separação entre meninos e meninas. Foi necessário pensar, dessa forma, estratégias para que os mesmos pudessem contribuir para a integração das crianças em uma só brincadeira. Ao mesmo tempo, foi preciso construir juntamente com as crianças outras atividades que também fossem divertidas e que exigissem a participação de todos, substituindo, gradativamente, as brincadeiras individuais pelas coletivas. No último semestre de trabalho, notamos que a maioria das crianças deixou de pedir para brincar com brinquedos industrializados e, quando o faziam, procuravam os que pudessem ser utilizados por um número maior de pessoas, como o quebra cabeça, bola, peteca, dama, elástico, entre outros. Em uma de nossas intervenções, como havia muitas semanas que os animadores não abriam o armário (e as crianças também não haviam pedido), decidiram abrí-lo e deixar as crianças à vontade para utilizar quais objetos quisessem. Ao contrário do esperado, as crianças escolheram apenas um brinquedo – uma peteca – e brincaram todas juntas. Em seguida, elas brincaram de pega-varetas e outros jogos que necessitavam a participação de todos. O envolvimento com os pais e familiares das crianças, de forma a integrá-los nas nossas ações, sempre foi um ponto discutido e uma importante condição para uma boa

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atuação do grupo e para a participação das crianças nas atividades. Observamos que, com o incentivo dos pais, as crianças se sentem mais seguras e à vontade para se apropriarem do momento e do espaço das intervenções o que, por conseqüência, contribui para um maior envolvimento e uma maior integração com as outras crianças e conosco. Buscamos uma maior participação de todos nas intervenções através do incentivo às crianças a freqüentarem a brinquedoteca, a brincarem conosco, construírem brinquedos, a inventarem brincadeiras novas e a participarem dos passeios. Muitas crianças, assim que chegamos ao hospital, dirigem-se à brinquedoteca. Outras, por limitações que a doença, timidez ou por não reconhecerem aquele espaço como lugar de diversão, permanecem no corredor do ambulatório, onde aguardam com os pais o atendimento médico. Saímos, então, da brinquedoteca e vamos até o corredor convidálas para participar das brincadeiras com as demais crianças. Algumas ficam tímidas e recusam-se a brincar conosco, e é nesse nosso primeiro contato com as crianças que os pais contribuem de forma significativa: muitos incentivam os filhos a participarem das atividades, acompanham-nos até a brinquedoteca e as observam durante toda a brincadeira e outros, ainda, após nossos convites, participam de algumas atividades com os filhos. Conquistar a confiança dos pais e das crianças atendidas no Ambulatório Borges da Costa é uma constante em nosso trabalho. A cada semestre, uma nova dupla de animadores fica responsável pela intervenção em um dia da semana 9 , que nem sempre corresponde ao mesmo dia em que atuava no semestre anterior. Encontra, portanto, um número maior ou menor de crianças, que gostam mais de brincadeiras ou de brinquedos. Ao mesmo tempo, as crianças se deparam com animadores com

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diferentes características, enfim, são situações muito diversas que exigem, tanto dos estagiários quanto das crianças um exercício de conhecimento e de aproximação que demanda certo tempo e uma grande flexibilidade de ambas as partes. Neste ano, fomos desafiados a nos aproximarmos e conquistarmos a confiança das crianças para participarem das intervenções as sextas-feiras pela manhã. Até o início do ano, tínhamos intervenções somente nas terças, quartas e quintas-feiras pela tarde e, nesses períodos, era possível o acompanhamento das crianças ao longo de todo o semestre, uma vez que a cada dia de intervenção havia um grupo, praticamente, constante de crianças sendo atendidas no ambulatório. A cada sexta-feira um novo grupo de crianças era atendido no ambulatório para fazer triagem (diagnóstico de patologias) e, portanto, as crianças com as quais brincávamos em uma semana dificilmente eram as mesmas na outra semana de intervenção. Dessa forma, esse trabalho exigiu flexibilidade dos animadores, deparandose, a cada semana, com um grupo ainda mais diversificado que, na maioria das vezes, não conhecia a brinquedoteca, reconhecendo aquele espaço somente como um lugar para tratamento de enfermidades. Como estratégia, por diversas vezes, tivemos que tirar brinquedos e materiais da brinquedoteca e levá-los para o corredor do ambulatório indo ao encontro com as crianças, que ficavam muito tímidas e desconfiadas e se recusavam a entrar na brinquedoteca. Observamos que, devido à gravidade da doença dos filhos, há uma tendência a superproteção por parte dos pais e familiares. Muitas crianças são proibidas de correr, de sentar no chão e até mesmo de brincarem na brinquedoteca, tamanha a preocupação com a saúde dos filhos. Certa vez, uma das mães se irritou com a permanência de seu filho na brinquedoteca, pois o queria sempre a seu lado na fila, no corredor do

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ambulatório. Essa preocupação exagerada com os filhos também se constitui como uma questão importante a ser discutida em nossa atuação no hospital, já vez que exige cuidados tanto para a aproximação das crianças como dos pais. Apesar dessa superproteção, temos observado que ao longo do tempo, com o trabalho desenvolvido no ambulatório e após alguns passeios realizados, que a distância existente entre nós e os pais das crianças vem se estreitando gradativamente. Os passeios, em especial, contribuem de forma significativa para nossa aproximação com os pais uma vez que uma das condições para que a criança participe dos passeios é estar acompanhada dos pais ou dos seus responsáveis, que acabam participando de toda a atividade proposta e, portanto, ficam mais próximos do grupo de animadores e podem compreender melhor o trabalho desenvolvido. Assim, temos notado uma crescente participação dos pais, ainda que de forma indireta, nas nossas intervenções. Em relação ao brincar e, mais amplamente, à infância, notamos que alguns pais, apesar da atitude predominante em nossa sociedade de subjugar tais elementos a posições de menor importância frente às diversas “obrigações” e “compromissos” cotidianos, passaram a dedicar um maior apoio e valorização aos mesmos. Isso pôde ser evidenciado, por exemplo, no envolvimento com as brincadeiras, no respeito às mesmas, no cuidado para não interromper as atividades, na permissão dada aos filhos para brincarem um pouco mais após as consultas e na disponibilidade em acompanhar as crianças nos passeios e participar das atividades propostas nas visitas. No entanto, observa-se, ainda, que alguns pais agem de forma contrária, dedicando menor atenção a esses aspectos e reservando à vivência cultural lúdica a função única de ocupação do tempo das crianças enquanto aguardam pelo atendimento médico.

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Com a utilização do espaço hospitalar para atividades geradoras de diversão, agitação e barulho, notou-se novos comportamentos e olhares dos profissionais do ambulatório sobre a brinquedoteca e sobre o nosso trabalho: alguns enfermeiros que, a princípio, acompanhavam, distantes, as intervenções, passaram a interagir mais com as crianças dentro da brinquedoteca, momentos antes das consultas em vez de simplesmente aguardarem-nas na porta da sala para o atendimento. E foi a partir dessa interação que uma maior troca de saberes entre a equipe e os animadores passou a ocorrer, o que contribui para nosso conhecimento sobre a doença, as limitações e possibilidades de ação com as crianças atendidas pelo ambulatório. Outro ponto a ser destacado, refere-se à percepção das áreas da Educação Física e do Turismo neste ambiente e, ainda, na existência de projetos como o que desenvolvemos. Questionamentos e comentários envoltos de estranhamento como: “Vocês são da Educação Física e do Turismo dando recreação dentro do hospital?” nos fizeram perceber o quanto essas duas áreas estão relacionadas e como a elas, freqüentemente, são atribuídas intervenções e formas de trabalhar muito específicas e tradicionais. O trabalho no hospital é, portanto, uma forma de afirmar, tanto para os acadêmicos como para a sociedade, a multiplicidade de formas e possibilidades de atuação desses profissionais. Acreditamos que o conhecimento e a prática da interdisciplinaridade qualificam os profissionais para uma atuação mais crítica e nos faz compreender melhor nosso papel social enquanto animadores culturais na educação para e pelo lazer. Através do Lazer – aqui entendido como um amplo e interdisciplinar campo de estudos, pesquisas e atuação – Educação Física e Turismo têm se aproximado à medida que o trabalho em conjunto neste projeto tem possibilitado a ambos conhecer as

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especificidades de cada área e compartilhar percepções em relação ao tema Lazer decorrente de cada perspectiva de formação profissional e contribuído para novas concepções e visões acerca da multidisciplinaridade do lazer e, assim, revelado diversas possibilidades de intervenção interdisciplinares em relação ao mercado de trabalho atual.

Considerações Finais Em nossa atuação, buscamos a construção coletiva de intervenções lúdicas, dentro e fora do hospital, que possam enriquecer o cotidiano das crianças em fase de tratamento. Para tanto, vimos que é necessário reconhecer o espaço hospitalar como um local multiplicador de relações, representando, assim, momentos de experiências e conhecimentos, nos quais os sujeitos históricos possam buscar compreender o significado de seus gestos de forma consciente, contextualizada, crítica e criativa. A

respeito

do

espaço

hospitalar

e

da

hospitalização

percebemos,

principalmente em relação às crianças e aos pais, uma mudança na maneira de se apropriar e conceber tal ambiente. Este passou a representar para muitas, um lugar com o qual se identificam, interagem com outras crianças e onde é lícita e possível a vivência da ludicidade. Essa mudança em relação aos lugares, em geral, também pôde ser verificada a partir dos passeios que, por se tratarem de visitas a espaços públicos, contribuíram para uma maior identificação das crianças com os lugares visitados, despertando nelas um sentimento de propriedade e de pertencimento em relação aos mesmos e que, portanto, poderiam utilizar e se apropriar quando e como quisessem.

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De qualquer forma, acreditamos que tais vivências têm suscitado nas pessoas envolvidas uma visão mais integral sobre a criança que passa por tratamento médico, sobretudo no que se refere à percepção de seu lado saudável, desfocado da doença. Nesse sentido, nossa atuação no hospital tem sido pautada em estratégias de mediação cultural que possam gerar reflexões construídas e problematizadas e que, dessa forma, amplie o grau de vivências culturais desse grupo. E, assim, uma de nossas constantes preocupações, enquanto animadores culturais, é de respeitar as individualidades dos sujeitos e educá-los para uma postura de participação e construção de novas vivências. Ao que foi exposto acrescentamos, ainda, que a efetivação deste Projeto tem se apresentado como um importante aprendizado sobre a animação cultural, ludicidade, infância, educação, hospitalização, Educação Física, Turismo, Lazer que ultrapassa nosso saber acadêmico. De fato, temos lidado com muitos desafios e ricas possibilidades como: ter disponível um espaço com várias limitações que ultrapassam o aspecto físico; trabalhar com um público de crianças de quantidade, faixa etária, classe social, condições físicas e mentais diversas; perceber a necessidade de promover uma maior inclusão das crianças portadoras de necessidades especiais; perceber a necessidade de discutirmos aspectos ligados a infância e à importância do brincar e aprendermos mais sobre suas dificuldades e interesses; termos que lidar em alguns momentos com sentimentos de dor e tristeza nossos, dos pais e das próprias crianças. Tais desafios apresentam-se como estímulos à aquisição de maior experiência e ao alcance de soluções criativas que nos capacitem a melhorar nosso trabalho, tornando-o mais abrangente no que se refere a sua proposta e ao público atingido.

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Notas 1

Acadêmico do Curso de Educação Física da UFMG. Bolsista da Pró-Reitoria de Extensão da UFMG. Acadêmicos do Curso de Educação Física da UFMG. Bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET) – Educação Física e Lazer da UFMG. 3 Acadêmicas do Curso de Turismo da UFMG. 4 Acadêmicos do Curso de Educação Física da UFMG. 5 Acadêmica do Curso de Turismo da UFMG. Bolsista da Rede Cedes/Ministério do Esporte - Núcleo UFMG. 6 Professores da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG. Coordenadores do Projeto. 7 Maiores informações no site: www.doutoresdaalegria.org.br 8 Maiores informações.: http://www.portalhumaniza.org.br 9 Os dias de intervenção são organizados de acordo com a disponibilidade de cada animador, definindo seu horário e dia de atuação após reuniões entre os membros do projeto. 2

Informação sobre os autores: Prof. Dr. Hélder Ferreira Isayama Professor Adjunto da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG Endereço do grupo: CELAR/EEFFTO/UFMG Av. Pres. Carlos Luz 4664 – Pampulha Belo Horizonte – MG – 31310-250 Endereço Eletrônico: [email protected]

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