Ano quase novo

Ano quase novo
Paulo De Luccia
Depois de um período de crise, sempre temos esperança de dias melhores, o pior já passou. Com a invenção do fatiamento do tempo em anos, quando mudamos de período, as expectativas são renovadas.
A palavra grega krísis era usada pelos médicos antigos com um sentido particular. Quando o doente, depois de medicado, entrava em crise, era sinal de que haveria um desfecho: a cura ou a morte. Crise significa separação, decisão, definição.
Mas é nestes períodos de turbulência que a humanidade avança. Marx não teria desenvolvido sua tese materialista histórica em períodos de inércia social. Marx ensinava: [...] a luta de classes era a força propulsora da história. Ele escreveu que todo progresso histórico importante nasce do conflito, da luta e da revolução violenta. A ideia da vida como uma luta constante pela existência também era defendida por Darwin.
No pensamento chinês os conceitos são alterados, baseado nos arquétipos yin e yang, que sustentam o ritmo fundamental do universo, a mudança está no equilíbrio das forças. Não existe um lado bom ou ruim, um lado forte ou fraco, mas o equilíbrio de forças. Todos os fenômenos naturais são manifestações de uma continua oscilação entre os dois polos. A ordem natural é do equilíbrio dinâmico entre yin e yang.
Apesar dos estereótipos ocidentais, esse equilíbrio deve estar em harmonia com a natureza. Poderíamos descrever que a ação yin tem consciência do meio ambiente a ação yang está consciente do eu. Podemos creditar aos arquétipos yin e yang o pensamento racional e o intuitivo. O racional e o intuitivo são modos complementares de funcionamento da mente humana. O racional é linear, concentrado, analítico. Sua função é discriminar, medir e classificar. O pensamento racional tende a ser fragmentado. O conhecimento intuitivo, por sua vez, baseia-se numa experiência direta, não intelectual, da realidade. Tende a ser sintetizador, holístico e não linear.
A cultura ocidental tente a dar prevalência a um dos polos, a ciência sobre a religião, a competição sobre a cooperação, a exploração dos recursos naturais sobre a conservação e assim caminhamos para o caos.
Tudo isso, consequência da Era Científica, elevada ao Olimpo por: Descartes, Newton, Bacon e outros. Precisamos de um salto quântico e repensarmos a importância do ser humano nessa composição.