«António Aleixo: a Construção, a Maturidade e a Imortalidade do Poeta», in AA. VV., António Aleixo. Uma Homenagem, Loulé, Câmara Municipal de Loulé, 2013, pp. 23-37.

July 4, 2017 | Autor: J. Romero Chagas ... | Categoria: Cultural History, Biography, António Aleixo
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Agradecimentos A Bons Ofícios – Associação Cultural nascida no Algarve em 2008, editora do CD “Fado Aleixo” e produtora da presente obra agradece às seguintes pessoas a quem muito se deve a realização desta homenagem: Dália Paulo – Diretora Regional de Cultura pela disponibilidade, sensibilidade e competência; Vítor Aleixo – Presidente da Câmara Loulé, cidadão e homem de cultura; J. J. Dias Marques – Professor da Universidade do Algarve, pela dedicação e a sabedoria com que produziu, para esta ocasião, a conferência que aqui se publica; João Romero Chagas Aleixo – Aleixiano dedicado que aqui inscreve um contributo para um melhor conhecimento do poeta; Ás cantoras e músicos da “Sopa dos Pobres” - Marinela St. Aubyn, Tânia Silva, Teresa Viola, Adriano St. Aubyn e Ricardo Martins, pelo talento e a cumplicidade; Ao Luís Guerreiro, pelo empenho e a competência; Ao Zé Teiga, pelo estímulo e o apoio nunca regateados. A todos os citados – a que acrescentamos os involuntariamente esquecidos – aqui expressamos a nossa gratidão. Título: António Aleixo, uma homenagem Edição: Câmara Municipal de Loulé Produção: Bons Ofícios Capa: Caricatura de António Aleixo, por Tóssan Paginação: Susana Leal Tiragem: 1000 exemplares 4

E amizade.

Bons Ofícios- Associação Cultural 16 Novembro 2013 5

Índice

09 Mensagem do Presidente da Câmara Municipal de Loulé Vítor Aleixo 11 Quando o coração canta Dália Paulo 19 Aleixo - um dos nossos Afonso Dias 23 António Aleixo: a Construção, a Maturidade e a Imortalidade do Poeta João Romero Chagas Aleixo 39 Os manuscritos da poesia de António Aleixo: subsídios para a sua edição crítica José Joaquim Dias Marques

António Aleixo (fotografia de Guerreiro Padre - Loulé) 6

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António Aleixo: a Construção, a Maturidade e a Imortalidade do Poeta João Romero Chagas Aleixo I – O poeta em construção António Fernandes Aleixo nasceu no dia 18 de Fevereiro de 1899, em Vila Real de Santo António. Filho de José Fernandes Aleixo e de Isabel Maria Casimiro. Ele: um aprendiz de tecelão louletano. Ela: uma operária doméstica vila-realense. É baptizado na igreja paroquial de Nossa Senhora da Encarnação, na sua terra natal, em 24 de Junho de 1899. Porém, em 1906, seus pais mudam-se para Loulé. Por questões de emprego. O pequeno António vai com eles. Tinha, na altura, sete anos. Entre 1907 e 1909 aprende as primeiras letras numa Escola Primária, em Loulé. Conclui o segundo ano. Matricula-se no terceiro. Mas, logo, vê-se obrigado a abandonar os estudos. Porventura por questões financeiras. Não termina esse ano escolar. Fica com o terceiro ano incompleto. Começa a trabalhar com o Pai. Sempre eram mais dois braços, sinónimo de mais produção, de mais um salário arrecadado e, consequentemente, de mais dinheiro para casa trazido. Viviam-se tempos difíceis. Com apenas dez anos de idade, apresenta, pela primeira vez,

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os seus dotes de poeta repentista nos tradicionais cantares das janeiras. O seu Pai, José Fernandes Aleixo, era um operário tecelão. Natural de Loulé. De espírito alegre e boémio. Fazedor de quadras de improviso. Sempre que preciso, guitarrista em convívios. Animador de patuscadas. Amigo da bebida; amizade, essa, agravada com o falecimento de sua mulher. Por outro lado, mostrava grande simpatia com os ideais do sindicalismo operário que se começavam a difundir naquela época. Principalmente no meio proletário. Depois, possuía algumas características que lhe conferiam algum capital de confiança entre os seus colegas da tecelagem. Sabia ler e escrever, situação pouco comum, no meio operário, para a época; era respeitado pelos seus colegas; e tinha reconhecidos dotes de orador, ou não alinha-se ele, também, versos em quadras à sua medida. Assim, é sem surpresa que ascende à categoria de «propagandista social», uma espécie de sindicalista dos nossos dias. Era um activista social. Comprometido com os seus semelhantes. E desse facto nos deixou provas. Em 1902, esteve na criação da Associação de Classe dos Operários Tecelões de Faro. Em 1913, foi o primeiro subscritor da Comissão Organizadora da Associação de Classe dos Operários Tecelões de Loulé; associações de classe, essas, que tinham por base ideológica, quase sempre, o anarco-sindicalismo. Lutou e propagandeou. Por melhores condições de trabalho. Por melhores salários. Por mais justiça social. Por menos exploração dos operários por parte dos proprietários. Características, essas, praticamente comuns a todo o operariado nacional. Aleixo

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também as viveu. E por elas terá sido, decerto, influenciado. Estas situações terão tido um peso fundamental na formação do espírito e da consciência individual do jovem António. Tornou-se, dessa maneira, um inconformado com as injustiças sociais. Aleixo trabalharia com o seu Pai, na fábrica de tecelagem do Sr. Manuel de Sousa Ignez, localizada em Loulé, entre 1912 e 1919. Ou seja: entre os seus treze e vinte anos. Durante esse período foi aprendiz de tecelão, tal como o seu Pai era. A sua origem proletária, terá, assim, uma influência determinante no poeta que viria a ser. Não tenhamos disso quaisquer dúvidas. Com a subida dos republicanos ao poder, na sequência da revolução de 5 de Outubro de 1910, alguns valores defendidos pela cartilha republicana recebem forte acolhimento na maneira de ser e de pensar do jovem Aleixo. Que por alturas da revolução tinha onze anos. Valores e princípios como a igualdade, a fraternidade e a liberdade, foram, desde cedo, por ele assimilados. Parafraseando o título de um conhecido poema de Vinícius de Moraes, Aleixo era, por essa altura, um «poeta em construção». Por outro lado, nesse período, vivia-se a fase de maior conflitualidade dos republicanos face à Igreja Católica. Estes reivindicavam a laicização do Estado, da sociedade, da cultura e das consciências individuais. Essa ofensiva anticlerical – um dos pilares em que assentava a doutrina republicana – atingiu o seu auge com a entrada em vigor da Lei de Separação do Estado das Igrejas, de 20 de Abril de 1911, promulgada pelo ministro da Justiça e dos Cultos, Dr. Afonso Costa. Viveram-se anos de grande animosidade

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político-religiosa. Aleixo também terá sido contagiado por este forte anticlericalismo levado à prática pelos republicanos. Característica, essa, bem presente ao longo de toda a sua obra.

II – A maturidade do poeta Em 1919, António Aleixo é apurado para cumprir o serviço militar, em Faro. Passado um ano, em 18 de Janeiro de 1920, entra para soldado no Regimento de Infantaria n.º 4. Decorridos três meses é dado como pronto na instrução de recruta. Passa, então, a soldado aprendiz de corneteiro. Aprende a marchar e como corneteiro terá adquirido e/ou desenvolvido o sentido de ritmo que lhe será tão útil no futuro. Para compor quadras de improviso, glosar motes ou cantar ao desafio. Sabe-se que Aleixo era dotado de um instantâneo, mecânico e total domínio da métrica – a arte de medir versos, muito raro de se encontrar. Constituía uma das suas mais-valias. Terá o facto de ter sido corneteiro na recruta tido um papel essencial para aprofundar o seu domínio da métrica? Fica a hipótese. Entre o dia 7 de Julho de 1922 e o dia 8 de Janeiro de 1924, desempenha as funções de polícia, na Polícia de Segurança Pública, em Faro. Foram dezoito meses passados nessa corporação. Sem grande protagonismo. Não consegue prender ninguém, nem, tampouco, multar. Pelo contrário: o único serviço de relevo que realiza, enquanto polícia, foi, imagine-se, soltar um prisioneiro! As funções inerentes a

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um polícia não se coadunavam com o seu espírito livre. A função não fora feita para ele. Mais tarde, terá mesmo confessado: «Não me ajeitava a prender ou a multar ninguém, e, antes que me mandassem embora por em tanto tempo não ter apresentado serviço pedi eu a demissão»1. Este seu comportamento só evidencia, uma vez mais, a têmpera de que era feito. Perdeu-se um mau polícia, ganhou-se um grande poeta. Em 1924, casa, em Loulé, com Maria Catarina Martins, colega do seu Pai na fábrica de tecelagem do Sr. Manuel de Sousa Ignez. Tiveram seis filhos: quatro raparigas e dois rapazes. Em 1928 chega a vez de emigrar para França. À procura de melhor sorte. Durante dois anos é servente de pedreiro. Anda por Marselha, Lyon, Toulouse, Paris, entre outras cidades, sempre a trabalhar no ramo da construção civil. Em 1931 regressa a Portugal. Entre 1931 e 1933 é cauteleiro e vende gravatas. Tem pouco dinheiro. E o problema de que padecia do estômago jamais o deixaria em paz. No dia 22 de Dezembro de 1937 conhece o seu futuro «secretário», o Professor Joaquim da Rocha Peixoto Magalhães. «Algarvio, natural do Porto». Casado com uma louletana. E professor no Liceu Nacional de Faro. Encontram-se, pela primeira vez, na sessão de encerramento de uns Jogos Florais organizados pelo Ginásio Clube de Faro. Aleixo, sob o pseudónimo de «Cantador Algarvio», Cf. Ezequiel FERREIRA, in Inéditos, Loulé, edição de Vitalino Martins Aleixo, 1978, p. 24.

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recebe o 4.º prémio. E impressiona todos os presentes pela forma repentista do seu versejar. Em 1940, um amigo do poeta, José Rosa Madeira – curioso, arqueólogo amador e relojoeiro em Loulé – tem a iniciativa individual de recolher algumas «coádras» do amigo. É a primeira recolha de quadras feitas. São alvo de uma primeira publicação em pequenos folhetos avulsos. Até aí elas eram somente ditas ou cantadas de improviso; perdendo-se na memória, mais ou menos voraz, daqueles que as escutavam. Mais tarde, essa primeira recolha será inserida na edição do Quando Começo A Cantar, o primeiro livro do poeta, editado pelo Círculo Cultural do Algarve, em 1943. Em Setembro de 1942, já alertado com a facilidade poética e impressionado com a genialidade filosófica de Aleixo, Joaquim Magalhães resolve passar a reunir-se com o poeta. Todos os dias, durante cerca de um mês. Objectivo: proceder a uma maior recolha de quadras do poeta. Compilação, essa, que teria em mente uma futura edição da sua obra. Para dar a conhecer o poeta. E, com o produto amealhado dessa venda, tentar melhorar, um pouco, as precárias condições financeiras da família Aleixo. Essa primeira obra, intitulada Quando Começo a Cantar, começa a ser vendida no dia 25 de Abril de 1943, um Domingo de Páscoa. Primeira edição: 1100 exemplares. Preço de cada volume: 7$50. Mas raras foram as pessoas que não pagaram 10$00, ou mais, escreveu o seu «secretário». Os exemplares esgotaram-se em dois meses. Foi um enorme sucesso. Recebe boas críticas literárias, tanto na Seara Nova, como na Brotéria.

Porém, nos inícios de 1943 é-lhe diagnosticada uma tuberculose pulmonar. Era necessário fazer tratamento para debelar a doença. Nesse sentido, no dia 28 de Junho de 19432, o poeta ruma até Coimbra para ser internado no Hospital Sanatório da Colónia Portuguesa do Brasil, situado na Quinta dos Vales, sítio dos Covões, freguesia de São Martinho do Bispo, concelho de Coimbra. Lá conhece o seu grande amigo António Fernando dos Santos (1918-1991). Tóssan, como era, carinhosamente, tratado pelos amigos. Em 1945 é a vez de ser editada a sua segunda obra. Dão-lhe o nome de Intencionais. É composta por cento e cinquenta «coádras». Cantadas pelo poeta entre a primavera de 1943 e a primavera de 1945. O grande recolhedor da esmagadora maioria desses versos é, agora, Tóssan. As Intencionais são editadas na primavera de 1945. Em 1946, seria a vez de receber crítica literária nas páginas da Vértice. Será também no Sanatório dos Covões, que, estimulado e ajudado por Tóssan, Aleixo ditará os seus «aotos»: o Auto do Curandeiro, dita-o a Tóssan, em 1947; o Auto da Vida E da Morte, dita-o ao colega de sanatório Victor Guimarães, em 1948; e o Auto do Ti Jaquim, ficará para sempre incompleto devido ao seu falecimento. No tempo em que permanece em Coimbra, Aleixo conhece, convive e amiga-se com personalidades do meio cultural coimbrão. Convive com homens do Teatro (p. ex: Manuel Deniz-Jacinto, Paulo Quintela e Tóssan), com poetas (p. ex: Afonso Duarte), com escritores-poetas (p. ex: Miguel Torga), com escritores neorrealistas (p. ex: Arquimedes da Silva 2

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Cf. O Algarve, n.º 2.650, de 11 de Janeiro de 1959, p. 2.

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Santos, João José Cachofel e Joaquim Namorado) e com médicos (p. ex: Armando Gonçalves), só para citar os maiores vultos, que lhe fornecem um caldo de erudição cultural, até essa altura, pouco frequentado pelo poeta. Todos eles deixando-nos provas documentais da admiração que sentem pela singular facilidade de versejar do poeta. Pela sua facilidade de filosofar poeticamente. Pela linguagem simples utilizada no seu poetar. Pela destreza de prestidigitar através das palavras, sem esforço, sem aparente preparação, mas com uma ruminação mental fulgurante, cristalizando conceitos de uma moral filosófica. Capacidades que eles admitem não possuir. Por tal facto: Aleixo lhes fascina! Admiração e fascínio, que, rapidamente, se transformam em pura amizade. Dando-lhe, disso, público testemunho: convidando-o para encontros culturais, peças teatrais levadas à cena pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (T.E.U.C.) ou para apresentações de livros; autografando-lhes obras suas; ou apresentando-o a amigos seus, entre outras variadas provas. O poeta agradece. Fica lisonjeado. E desses factos, carteando-se, dá conta ao seu «secretário». Até Julho de 1949, data em que deixa definitivamente o Sanatório dos Covões, por duas vezes recuperou. E por duas vezes regressou a Loulé. Mas, na sua terra, por duas vezes voltou a adoecer. E por duas vezes teve que voltar ao Sanatório dos Covões, para, de novo, ser internado. Foi este o triste fadário do poeta entre esses cerca de seis anos de internamento. Pouco tempo antes de falecer regressa a Loulé. Morreria, em

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sua casa, na madrugada do dia 16 de Novembro de 1949. Tinha cinquenta anos. O poeta, esse, ficaria para sempre. Passados pouco dias após o falecimento do poeta o seu eterno «secretário» escreve o Romance do Poeta Aleixo. Esboço biográfico do poeta Aleixo traçado por Joaquim Magalhães. Escrito integralmente em verso. Duzentos e seis, mais precisamente. Foi lido pela primeira vez, em público, em 1959, a anteceder a primeira representação do Auto do Curandeiro, em Faro. Levado à cena pelo grupo cénico do Teatro Amador de Faro. Por incessante sugestão dos ouvintes dessa sessão foi, de seguida, publicado. Deixo-vos, aqui, os últimos dezassete versos: «E, como as folhas caindo, também da vida tombou o coração que a cantou: a alma ao corpo fugiu e o pobre Aleixo partiu, num dia formoso e lindo.»

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«Mas na sua garra fria a morte apenas levou consigo o homem mortal, que o poeta, esse, ficou, p’ra todo o sempre imortal na sua terra algarvia, pois os versos que ditou, porque escrever mal sabia, eu juro à fé de quem sou, são da mais séria poesia que em português se cantou»3. Palavra de Professor de Liceu!

III – A imortalidade do poeta E, aqui chegados, pergunto a Vossas Excelências: Quantos poetas de língua portuguesa se podem orgulhar de ter a sua obra editada em cinquenta edições (cf. Quando Começo a Cantar, 1943, 3 edições4; Intencionais, 1945, 2 edições5; Auto da Vida e da Morte, 1948, 2 edições6; Auto do

Joaquim MAGALHÃES, Romance do Poeta Aleixo, Faro, 1959, pp. 15-16. O Quando Começo a Cantar foi editado em 1943 (Faro, Círculo Cultural do Algarve), tendo sido reeditado por mais duas ocasiões: 2.ª edição (Coimbra, Tipografia Atlântida, 1948) e numa 3.ª edição (Lisboa, sem editor, 1960). 5 As Intencionais foram editadas em 1945 (Faro, Círculo Cultural do Algarve), tendo sido reeditadas em 1960 (Lisboa, sem editor). 6 O Auto da Vida e da Morte foi editado em 1948 (Faro, Círculo Cultural do Algarve), tendo sido reeditado em 1968 (Faro, Tipografia União). 3 4

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Curandeiro, 1950, 2 edições7; Este livro que vos deixo..., volume I, 1969, 23 edições8; Inéditos, 1978, 2 edições9; Este livro que vos deixo..., volume II, 1978, 16 edições10)? Existirá maior galardão para um poeta do que a constante reedição da sua obra? Maior honraria? Maior tributo? Maior homenagem? Quantos poetas de língua portuguesa se podem orgulhar O Auto do Curandeiro foi editado em 1950 (Faro, Tipografia O Algarve), tendo sido reeditado em 1964 (Faro, sem editor). 8 O Este livro que vos deixo… vol. I, foi editado por Vitalino Martins Aleixo, em Lisboa, em 1969 (Lisboa, Vitalino Martins Aleixo). Até ao presente, seria reeditado por mais vinte e duas vezes, nos seguintes anos: 2.ª ed. (Lisboa, Vitalino Martins Aleixo, 1970), 3.ª ed. corrigida (cf. ibidem, 1975), 4.ª ed. corrigida (Loulé, sem editor, 1977), 5.ª ed. corrigida (Loulé, Vitalino Martins Aleixo, 1980), 6.ª ed. (cf. ibidem, 1981), 7.ª ed. (cf. ibidem, 1983), 8.ª ed. (Lisboa, Editorial Notícias, 1990), 9.ª ed. (cf. ibidem, 1993), 10.ª ed. (cf. ibidem, 1994), 11.ª ed. (cf. ibidem, 1995), 12.ª ed. (cf. ibidem, 1996), 13.ª ed. (cf. ibidem, 1997), 14.ª ed. (cf. ibidem, 1998), 15.ª ed. (cf. ibidem, 1999), 16.ª ed. (cf. ibidem, 2000), 17.ª ed. (cf. ibidem, 2002), 18.ª ed. (cf. ibidem, 2003), 19.ª ed. (Cruz Quebrada, Casa das Letras, 2005), 20.ª ed. (cf. ibidem, 2007), 21.ª ed. (cf. ibidem, 2009), 22.ª ed. (cf. ibidem, 2011) e 23.ª ed. (cf. ibidem, 2013). 9 Os Inéditos foram publicados em 1978 (Loulé, Vitalino Martins Aleixo) e seriam reeditados com este mesmo título em 1984 (Loulé, Vitalino Martins Aleixo). 10 Após a publicação dos Inéditos (Loulé, Vitalino Martins Aleixo, 1978), este livro passou a ser reeditado com o título de Este livro que vos deixo..., vol. II, tendo sido reeditado por mais quinze edições: 2.ª ed. (Loulé, Vitalino Martins Aleixo, 1981), 3.ª ed. (Lisboa, Editorial Notícias, 1990), 4.ª ed. (cf. ibidem, 1992), 5.ª ed. (cf. ibidem, 1993), 6.ª ed. (cf. ibidem, 1995), 7.ª ed. (cf. ibidem, 1996), 8.ª ed. (cf. ibidem, 1997), 9.ª ed. (cf. ibidem, 1998), 10.ª ed. (cf. ibidem, 1999), 11.ª ed. (cf. ibidem, 2001), 12.ª ed. (cf. ibidem, 2002), 13.ª ed. (cf. ibidem, 2003), 14.ª ed. (Cruz Quebrada, Casa das Letras, 2005), 15.ª ed. (cf. ibidem, 2007) e 16.ª ed. (cf. ibidem, 2009). 7

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de a sua obra ter vendido, na globalidade, mais de 110.000 exemplares? Quantos poetas se podem orgulhar de ser patronos de mais de setenta topónimos de Norte a Sul do nosso país? Quantos poetas são patronos de escolas, residências universitárias, auditórios, centros culturais, fundações, grupos desportivo-culturais e grupos de teatro? Quantos poetas mereceram a honra de ser imortalizados em bustos, esculturas, pinturas e medalhas? Quantos poetas se podem orgulhar de conseguirem utilizar, magistralmente, provérbios ou aforismos populares nos seus versos? Quantos poetas se podem orgulhar de terem tido um auto da sua autoria representado pelos antigos soldados portugueses da guarnição de Goa? Quantos poetas se podem orgulhar de a sua mensagem poética ter sido cantada, gravada e difundida pelo Adriano Correia de Oliveira11, pelo Zeca Afonso12, pelo José Manuel Osório13, pelo Francisco Fanhais14, pelo Janita Salomé15,

pelo Paco Bandeira16, pela Luísa Basto17, pelo Afonso Dias18, pela Adélia Pedrosa19, pelo grupo musical O Trovante20, pela Cristina Nóbrega21, entre tantos outros? Quantos poetas portugueses se podem orgulhar de ver a sua obra vendida, estudada e divulgada no Brasil? Quantos poetas portugueses mereceram edições da chamada «literatura de cordel», tão própria do estado brasileiro da Bahia? Quantos, pergunto eu? Quantos? Aleixo morreu? Sim, mas só fisicamente. Porque a sua mensagem poética, essa, encontra-se bem viva. E bem viva permanecerá. Caso contrário com se explicam as constantes reedições que a sua obra tem merecido. Só nas últimas duas décadas, isto é, desde de 1993, o Este livro que vos deixo…, vol. I, foi reeditado por quinze ocasiões, e o Este livro que vos deixo…, vol. II, foi alvo de doze reedições. Aleixo é, com enormíssima probabilidade, o nosso segundo poeta mais vendido, somente ultrapassado por Pessoa. Não obstante o facto das «quadras ao gosto popular» aleixianas serem Cf. Paco BANDEIRA (voz e música), Quadras do Aleixo. Cf. Luísa BASTO, no single Canta António Aleixo. Os Meus Versos o Que São / As Verdades e as Aparências, gravado em 1982. 18 Cf. Afonso DIAS, Quadras da Amor no disco Pela Calada, em 1987; cf., igualmente, a História do Quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro, no disco Na Asa Loira do Sol, 1999; e cf., ainda, o C.D. Fado Aleixo, 2012. 19 Cf. Adélia PEDROSA, Quadras do Aleixo, com música de Paco Bandeira. 20 Cf. O TROVANTE, Quadras Soltas. 21 Cf. Cristina NÓBREGA, Ser Doido Alegre, com música de Luís Pedro Fonseca. 16 17

Cf. Adriano Correia de OLIVIERA, Balada do Estudante, gravado no E.P. Balada do Estudante, 1961; e cf., igualmente, História do Quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro, gravado no L.P. Gente de Aqui e de Agora, com música de José Niza, em 1971. 12 Cf. José AFONSO (voz e música), Balada Aleixo, gravada no L.P. Baladas e Canções, em 1964. 13 Cf. José Manuel OSÓRIO, Quadras Soltas, 1967 e 1971. 14 Cf. Francisco FANHAIS (voz e música), Quadras do Poeta Aleixo, edição de 1969. 15 Cf. Quadras. 11

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superiores às pessoanas, como escreveram, por exemplo, Vergílio Ferreira ou o Professor Arnaldo Saraiva22. Algumas características humanas que ele, tão bem, expôs e criticou encontram-se nos nossos dias bem presentes. Algumas, vejam bem, até se acentuaram. A hipocrisia, a mentira, a vaidade, a ostentação, o egoísmo, os interesses, só para citar algumas, encontram-se bem presentes na nossa sociedade. Pelo que a sua mensagem poética permanece, hoje, perfeitamente actual. Actualíssima. O poeta encontra-se vivo. Mais vivo do que nunca. Assim o saibamos lê-lo, compreendê-lo e praticá-lo. Caso contrário... Aleixo morreu, mas será, para sempre, recordado e reconhecido como um dos maiores poetas populares de língua portuguesa de todos os tempos. Se não mesmo o maior. Haverá algum dia outro igual? João Romero Chagas Aleixo

Veja-se, neste caso, a título de exemplo, a recensão crítica que o Professor Arnaldo Saraiva escreveu acerca da obra António Aleixo: Problemas de Uma Cultura Popular, da autoria da Professora Graça Silva Dias, cf. SARAIVA, Arnaldo, in Revista Colóquio/Letras, n.º 55, Maio de 1980, p 90. 22

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Fontes impressas: ALEIXO, António, Quando Começo a Cantar, Faro, Círculo Cultural do Algarve, 1943. ALEIXO, António, Intencionais, Faro, Círculo Cultural do Algarve, 1945. ALEIXO, António, Este livro que vos deixo, Lisboa, edição de Vitalino Martins Aleixo, 1969. ALEIXO, António, Este livro que vos deixo…, vol. I, 19.ª edição, Lisboa, Casa das Letras, 2005. Fontes periódicas: Brotéria, Revista Contemporânea de Cultura, Lisboa, 1944. O Algarve, Faro, 1959. Seara Nova, Revista quinzenal de doutrina e crítica, Lisboa, 1943. Vértice, Revista de Cultura e Artes, Coimbra, 1946. Bibliografia consultada: ALEIXO, João Romero Chagas, Ensaios Aleixianos, caderno n.º 5 do Arquivo Municipal de Loulé, Loulé, Arquivo Municipal de Loulé, 2011. FERREIRA, Ezequiel, «Prefácio», in Inéditos, selecção, prefácio, notas, fixação do texto e títulos por Ezequiel Ferreira, Loulé, edição de Vitalino Martins Aleixo, 1978, pp. 15-51. MAGALHÃES, Joaquim, Romance do Poeta Aleixo, Faro, 1959. MAGALHÃES, Joaquim, Ao Encontro de António Aleixo, Lisboa, Fundo de Apoio Aos Organismos Juvenis (F.A.O.J.), série C, n.º 3, 1978. MAGALHÃES, Joaquim, António Aleixo: Vida e Obra, comunicação policopiada apresentada pelo Prof. Joaquim Magalhães no Colóquio Internacional sobre Literatura Popular Portuguesa e Teoria da Literatura Oral/ Tradicional/ Popular, em 26 de Novembro de 1987, no grande auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. MAGALHÃES, Joaquim, «Esboço do Retrato do Poeta Aleixo», in Este livro que vos deixo…, poesia recolhida de António Aleixo, vol. II, 14.ª edição, Lisboa, Casa das Letras, 2005, pp. 11-36. SARAIVA, Arnaldo, in Revista Colóquio/Letras, n.º 55, Maio de 1980, pp. 90-91.

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