Antropologias do Sul: um olhar sobre o Brasil e a Índia.

June 4, 2017 | Autor: A. Sapiezinskas K... | Categoria: Post-Colonialism, Antropología, Diversidade
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Antropologias do Sul: um olhar sobre o Brasil e a Índia.

Aline Sapiezinskas


O propósito deste artigo é, partindo de uma discussão teórica sobre o que se entende como "Antropologias do Sul", analisar comparativamente o caso Brasil-India, tendo como foco de análise tanto a bibliografia produzida sobre o tema quanto minha experiência pessoal de participação em seminário Internacional de Cultural Studies naquele país, durante dez dias, seguida de investigações de campo no estado de Orissa, bem como na capital cultural, a cidade de Kolkata.
Tal experiência de participação numa área ampla como Cultural Studies traz contribuições para a análise e reflexão sobre a antropologia indiana como "antropologia do sul", não apenas pela presença de um número considerável de antropólogos no encontro, incluindo o próprio diretor do Centro de Pesquisa em Ciências Sociais que o promoveu, Dr. Partha Chatterjee, mas também por ter sido organizado pela SEPHIS. Trata-se de uma organização que tem como objetivo a promoção do intercâmbio entre países ao Sul do Globo, valorizando a troca e o compartilhamento de formação e informação entre os profissionais e estudantes dessas regiões.
Neste encontro estiveram presentes, além dos professores do Centro de Estudos em Ciências Sociais de Kolkata, aproximadamente umas dez pessoas, outros dez especialistas indianos de áreas correlatas, tais como Sociologia, Ciência Política, Estudos de Desenvolvimento Internacional e Academia de Arte e Estética de Delhi. Este grupo tinha como propósito apresentar leituras de autores clássicos como Foucault e Johannes Fabian, entre outros, e discutir os trabalhos apresentados diariamente pelo outro grupo de
participantes constituído por alunos de cursos de doutorado provenientes de países ao Sul do globo. Num total de 23 pessoas, este segundo grupo era composto por doutorandos indianos, provenientes de Delhi (6), Calcutta (2), Hyderabad (3) e Bangalore (3), e por doutorandos e recém-doutores estrangeiros, provenientes da África do Sul (1), Brasil (1), Filipinas (1), Indonésia (1), Nigéria (1), Trinidade e Tobago (1), e Uganda (3).
A partir desse contato com pesquisadores de outros países localizados ao sul do globo, acredito poder trazer novos elementos para a reflexão sobre os possíveis significados e dimensões de uma antropologia do sul, questionando se é realmente possível falar de uma antropologia do sul e que diferentes características ela assumiria em países como a Índia e o Brasil.
A noção de Antropologia do Sul
De acordo com a formulação de Krotz (1997), a parte Sul do mundo tem sido considerada como campo privilegiado para a pesquisa antropológica, realizada a partir de uma perspectiva do norte, onde se localizam as raízes científicas da disciplina. Segundo este autor, se observa um grande silêncio sobre a produção teórica gerada nestes países, considerando que ela exista, e esse fato estaria relacionado à posição política periférica em que se encontram tais países do sul.
O autor chama a atenção para a ironia presente no fato de que o surgimento da antropologia como disciplina científica, dedicada particularmente ao estudo da diversidade cultural, ocorre lado-a-lado com a forte tendência da missão civilizatória de normalizar essa diversidade. Obviamente essa meta não foi atingida e as contradições presentes no modelo
Norte Atlântico de civilização criaram novas heterogeneidades tanto ao Norte quanto ao Sul numa escala mundial.
Hoje as diferenças entre Norte e Sul podem ser profundamente sentidas, tanto no que se refere a desigualdades tecnológicas quanto econômicas, informacionais e em muitas outras esferas, bem como em termos teóricos, nos binômios associados à relação Norte-Sul tais como: civilização e selvageria, desenvolvido e sub-desenvolvido, moderno e tradicional, dominação e dependência, globalismo e localismo e tantos outros.
Não é necessário estender muito a questão de que há diferenças entre os países, já que elas são facilmente observáveis, e de que as diferenças são maiores entre os países considerados como Norte em relação aos países considerados do Sul, do que em relação aos países vizinhos tanto no Norte quanto no Sul, mantendo-se essa perspectiva de distribuição dos países no globo, que em todo caso é mais política do que geográfica.
Uribe (1997) destaca essa razão em específico nas suas observações críticas ao texto de Krotz, sustentando que essa dicotomia Norte/Sul ofusca a percepção das nuances que estão contidas no cerne da questão das diferenças, lembrando que existem tradições fortes na disciplina que não se encaixam bem na divisão, tal como as tradições Inglesa e Francesa em Antropologia.
Portanto observa-se aqui um primeiro inconveniente dessa divisão entre países do Norte e países do Sul, por não se tratar de uma categoria de localização geográfica, mas sim de uma categoria política, já que a Índia seria considerada um país ao Norte, ao contrário do que de fato ocorre.Todavia, é patente que as principais produções teóricas discutidas nos cursos de pós-graduação e em seminários e encontros de profissionais são teorias produzidas na Europa, sejam Francesas ou Inglesas, ou nos Estados Unidos, de forma que independentemente da distribuição geográfica dos países silenciados e da adequação das
categorias de Norte e Sul atribuídas a eles, é ainda válido questionar sobre o silêncio em torno de teorias produzidas em outras localidades. Ou antes, questionar se existe de fato uma produção teórica de fôlego paralela a que se realiza nos grandes centros. A pergunta que motiva essas reflexões, entre outras é: existe apenas uma disciplina antropológica ou existe uma antropologia do Sul, oposta complementar ou não da antropologia do Norte?
O fato de haver diferenças econômicas e sociais entre os países determina a existência de uma produção teórica diferenciada e própria daquele local?
Segundo Krotz, (1997) uma das razões que motiva esse tipo de questionamento sobre a centralidade das produções teóricas e a existência de produções periféricas, (trazendo a noção de centro e periferia como alternativa à noção de Norte e Sul) seria a situação conhecida do pesquisador vindo do Norte para realizar sua pesquisa de campo em um país do Sul, e hoje em dia encontrando ali não apenas nativos, mas nativos com formação semelhante a sua, portanto colegas-nativos e estudantes.
Essa nova forma de encontro com o "outro" produz uma situação de questionamento de autoridades, ou no mínimo conduz a uma maior reflexão sobre o tema.
Conforme foi observado na disputa entre Sahlins e Obeyesekere, resumidamente, temos de um lado a autoridade do pesquisador do Norte, portanto dotado de uma maior prestígio em relação aos colegas do Sul e dessa forma interlocutor legítimo. Do outro lado, o seu colega, por sua vez um nativo de um país também do Sul, com a autoridade de profundo conhecedor da realidade dos países do Sul justamente por ser nativo, além de antropólogo. Numa grande disputa sobre quem tem a autoridade para falar sobre a viagem do Capitão Cook ao Hawaii, o resultado prático foi que um antropólogo do Sul, mais precisamente do Sri Lanka, conseguiu se colocar internacionalmente como interlocutor de Marshal Sahlins, no que ambos saem ganhando.
A questão principal para os interesses desse trabalho que vejo emergir na disputa entre Sahlins e Obeyesekere diz respeito à autoridade do antropólogo para falar de seu próprio país, como nativo, que não é o caso nem de Sahlins nem de Obeyesekere, mas que surge como questão de reflexão a partir de seu diálogo. O antropólogo que é também nativo teria mais autoridade para falar sobre o país do que o antropólogo estrangeiro? Aparentemente, depende de onde vem este estrangeiro em termos do reconhecimento do prestígio de alguns centros de formação e também depende de quem é este nativo/antropólogo que fala de seu país, quais são suas credenciais acadêmicas. Portanto o jogo do reconhecimento da autoridade do pesquisador passa por um conjunto de regras que são internas ao próprio mundo acadêmico, e que não são regras estabelecidas no norte ou do sul, mas são internacionais, e facilmente perceptíveis.
Certamente há muito o que ser dito a respeito da disputa entre estes autores, Sahlins e Obeyesekere, e as questões que esse caso suscitou, mas um aprofundamento em tais questões fugiria dos limites propostos para este artigo, portanto sou levada a não desenvolver mais essa questão, me atendo ao caso dos antropólogos do Sul.
Voltando ao argumento de Krotz, o autor observa que na história da disciplina pouco se fala sobre as teorias ou os pesquisadores originários do Sul: "quando a antropologia do Sul se faz presente, ou quando há consciência de sua existência, ela é vista como algo "sub-desenvolvido" tanto quanto o país de terceiro mundo em que se originou." Mesmo no Sul, a antropologia produzida localmente só aparece como exemplo de teorias do Norte, como um reflexo posterior, fortalecendo a imagem de extensão ou adaptação, o que torna o perfil dessa produção praticamente invisível.
Segundo este autor, um outro aspecto do problema da grande disparidade entre Norte e Sul reside no relacionamento entre os membros das comunidades acadêmicas, que
em geral se caracteriza por uma relação de paternalismo do Norte em relação ao Sul, ou no mínimo como uma relação fortemente marcada pelas diferenças entre os países: "A maioria dos antropólogos do Norte, mesmo estudantes, pensaria em passar uma temporada no Sul, na melhor das hipóteses, como uma possibilidade de trabalho de campo." (KROTZ, 1997)
Considerando-se que há realmente diferenças entre os países, é difícil que as relações entre os membros dessas comunidades não tenha traços dessas diferenças, e que cada membro individualmente não tenha traços de seu país de origem, entretanto, tal relação não precisa ser necessariamente marcada pelo paternalismo, e não creio que seja sempre.
A partir de uma perspectiva Latino-Americana, Krotz formula quatro questões críticas que caracterizariam as antropologias do Sul: (i) aqueles que pesquisam e aqueles que são pesquisados são cidadãos do mesmo país, o que possibilita um maior acesso aos resultados da pesquisa e favorece mesmo a contestação desses resultados; (ii) o conceito que se tem do conhecimento científico produzido no exterior é tido como superior ao produzido nos países do Sul, resultando no preconceito da sociedade a respeito de sua própria produção científica; (iii) a hipótese de que a alteridade sócio-cultural produzida seja de natureza diferente da pesquisas do Norte bem como a interferência de um engajamento político com as questões tratadas conduz a resultados bastante diversos; (iv) o próprio conhecimento de seus antecedentes e de suas origens, chegando a revelar seu próprio perfil de produção teórica com certa maturidade.
A conclusão de Krotz se refere a criação de uma maior consciência da necessidade de uma antropologia da antropologia do Sul, não com o intuito de criar uma antropologia anti-Norte, mas com o propósito de obter uma perspectiva planetária sobre a ciência antropológica. Nesse sentido, cabe lembrar que este trabalho de antropologia da
antropologia tem sido realizado tanto no Brasil quanto na Índia, o que permite agora lançar uma reflexão sobre esses dados, e questionar em que medida as características apontadas por Krotz estão contempladas.
No que diz respeito à antropologia brasileira, se observa uma crescente internacionalização das pesquisas. De acordo com Trajano e Martins (2004:15)
"Ao longo das últimas três décadas, o Brasil construiu um sistema de pós-graduação que constitui a parte mais exitosa de seu sistema de ensino, considerado de forma unânime como o maior e melhor da América Latina. Um crescente número de estudantes estrangeiros nos programas de pós-graduação em Antropologia no Brasil, que fazendo pesquisa em seu país de origem, contribuem para o alargamento do campo onde a voz da antropologia brasileira está sendo ouvida".
Isso contraria a primeira característica apontada por Krotz, que sugere um certo provincianismo nas antropologias do Sul, ao realizarem as pesquisas sempre dentro das fronteiras do país, olhando para si mesmo. Recentemente têm sido realizadas pesquisas de brasileiros fora dos limites do país, sobre temas estrangeiros, e de estrangeiros em número crescente nas nossas universidades. Somado a isso, a participação de pesquisadores brasileiros em eventos de caráter internacional contribui para que a antropologia brasileira comece a ser conhecida internacionalmente.
A antropologia brasileira localiza seus heróis na antropologia do Norte. De acordo com Fry (2004: 242) "é como se a antropologia brasileira, tão geograficamente periférica quanto a do Sri Lanka do ponto de vista do "centro", legitimasse a antropologia do establishment tão duramente criticada em outros lugares periféricos." Esse ponto distingue fortemente a antropologia brasileira da Indiana. No Brasil há toda uma valorização do que vem de fora como sendo bom e em geral superior ao nosso. O mesmo não ocorre na Índia,
que constrói sua posição mais em contraposição às teorias importadas do que na assimilação desse olhar de fora sobre si mesmos.
O engajamento político é considerado como um fator positivo pela comunidade acadêmica brasileira, embora tendo grandes e competentes autores brasileiros, o conhecimento vindo do exterior desfruta de um status privilegiado. Se reconhece os nomes dos grandes autores brasileiros, mas na formulação de um programa de curso sobre autores clássicos num programa de pós-graduação em antropologia, a bibliografia é geralmente composta por 100% de autores estrangeiros. O que revela esse paradoxo entre a existência de grandes autores e teóricos na antropologia brasileira e o reconhecimento pelos seus próprios pares de que sua produção seja de nível internacional e digna de ser incluída nos programas dos cursos ao lado dos estrangeiros. Não se trata de uma prioridade aos estrangeiros em relação aos nacionais?
Da mesma forma, a Índia apresenta grandes autores com elevado rigor teórico e metodológico, de acordo com Peirano (1992), mas estes autores não são conhecidos fora das fronteiras do país, exceto aqueles que trabalham em grandes centros de produção de conhecimento, nos Estados Unidos ou na Europa, tal como Veena Das, por exemplo.
A maioria das pesquisas realizadas na Índia também trata de questões de interesse interno, próprias do país, como direitos das minorias e a situação das mulheres. A maioria dos estudantes prefere fazer cursos na Europa revelando grande valorização dos centros Europeus, em detrimento de suas academias de formação.
Segundo Peirano (1992: 191), "a identidade da antropologia indiana trazia a marca do diálogo com o Ocidente, quer na afirmação dos valores hindus, na rejeição ou aceitação de Dumont, quer na reversão dos papéis habituais do "nós" e do "outro", ou no questionamento da situação de opressão entre as duas civilizações". Conforme apontou
Peirano em sua pesquisa sobre os intelectuais indianos, a antropologia indiana é construída em torno das questões sociais relevantes, de acordo com o momento que o país está vivendo, mas em intenso diálogo com o Ocidente e com grande conhecimento dessa produção, que nos limites deste trabalho estaria classificado como produção própria dos países do Norte.
Um ponto de contraste da antropologia indiana com a antropologia brasileira seria o tom dos debates com relação aos autores clássicos da disciplina. Enquanto os brasileiros assumem uma postura de legitimação dessa produção, os indianos demonstram uma postura mais crítica, se contrapondo fortemente a algumas noções tais como globalização e turismo como comodificação, apenas para ilustrar com alguns exemplos. Nisso parece que os indianos estão mais fortemente ligados aos valores da civilização hindu, e embora a admiração pelo ocidente se faça sentir em todos os momentos, na análise de processos sociais eles rejeitam a ocidentalização da sua cultura.
Considerando que cada experiência localizada possui as suas próprias características, permanece o questionamento sobre o sentido de se pensar numa antropologia do sul como um todo: quais são as dimensões e os significados de se pensar em uma antropologia do Sul? Qual o propósito deste intercâmbio entre membros de países do Sul?
A partir de minha experiência no seminário internacional de Cultural Studies e de investigações junto aos demais participantes, acredito que o intercâmbio entre os pesquisadores do Sul tem relevância no sentido de se conhecer mais de perto quais são os interesses de pesquisa dos demais membros e em que sentido existe um compartilhamento desses interesses de pesquisa.
Os temas apresentados de um modo geral são os mesmo: (i) questões de gênero; (ii) o papel do estado, governabilidade e políticas públicas (iii) religião e secularização (iv) imaginário, memória e representação e (v) arte e cultura popular. Da mesma forma, os autores apontados como referências teóricas e conceituais também remetem diretamente a produção Estadunidense ou Européia, com alguns nomes de autores indianos, tais como Rajeswari Rajan, sobre o papel do Estado, Partha Chatterjee, sobre secularismo, Madhava Prasad, sobre cinema, Tapati Thakurta, sobre arte e gênero, apenas para trazer alguns exemplos. O contato com estes autores proporciona uma percepção da seriedade da produção de conhecimento indiana em Ciências Sociais e abre as portas para todo um conjunto de reflexões teóricas elaboradas no país para pensar seus próprios problemas.
A questão da possibilidade de aplicar tais reflexões teóricas igualmente a problemáticas brasileiras dependeria de se considerar que as problemáticas sejam as mesmas. Em linhas gerais até pode-se dizer que compartilhamos das mesmas temáticas, mas principalmente no caso da antropologia que se debruça caso a caso na investigação dos problemas, um olhar mais detalhado logo revela que se trata de situações bastante diferenciadas.
No caso do patrimônio histórico, por exemplo, a abordagem brasileira ao problema, grosso modo, leva em conta a relevância da preservação, a elaboração da legislação e das políticas públicas de tombamento e manutenção das propriedades e a participação popular. Tanto os elaboradores quanto os pesquisadores de políticas públicas comungam de certos temas e a abordagem é semelhante.
Do ponto de vista indiano, a preservação do Patrimônio, no caso dos Templos, é também uma questão do Estado, do reconhecimento da relevância da preservação, de uma reação contra as transformações que ocorrem no país, do perigo da comodificação da
cultura, das ameaças colocadas pelo turismo e da interferência internacional. A abordagem dos pesquisadores se contrapõe e questiona criticamente as políticas públicas em tom de desaprovação.
Por outro lado, a leitura e a interpretação que é dada a autores mais centrais como Fabian, Foucault e Kant, por exemplo, concentra seu foco sobre questões bastante específicas do caso da Índia, em problemas cotidianos. A forma como estes autores são empregados para pensar questões relevantes na Índia é enriquecedora da própria leitura que fazemos como brasileiros desses mesmos autores. Considero este um dos grandes pontos positivos desse tipo de intercâmbio acadêmico.
Falar sobre uma antropologia do Sul ganha sentido de duas formas: (i) pela importância de conhecermos o que é produzido e que de forma são tratados temas semelhantes em países também periféricos e quem são os autores relevantes. (ii) Conhecer melhor a problemática em que se centram as preocupações dos pesquisadores dessa região e ver a sua realidade social um pouco mais de perto.
Por outro lado, toda essa proposta de antropologia do Sul não seria o eco de uma tendência surgida justamente no "Norte" de dar voz aos oprimidos, de dar espaço para falarem aqueles que nunca são escutados, como as mulheres, as minorias e agora os países do Sul?
Acredito que a idéia de Antropologia do Sul está muito ligada aos Estudos Culturais, e o que realmente importa nessa discussão é o fato de se sair do circuito Estados Unidos, Inglaterra e França e lançar um olhar para outras fontes de produção de conhecimento e outras formas de lidar com questões atuais, que também nos dizem respeito, para que possamos retornar ao nosso trabalho com uma visão enriquecida por outras formas de olhar para o mundo.
A antropologia do Sul não existe de forma independente. A antropologia nos países periféricos se forma a partir de matrizes centrais, na leitura e assimilação dos autores clássicos da disciplina, de debate e aplicação dessas teorias. O silêncio apontado por Krotz é reflexo das diferenças de toda ordem que continuam a existir no mundo. O lado positivo é que já podemos vislumbrar o surgimento de um perfil próprio das antropologias, tanto no caso da Índia quanto no caso do Brasil o que nos promete render gradativamente mais espaço no debate internacional.
Referência Bibliográficas
DAS, Veena. Critical Events: an anthropological perspective on contemporary Índia. Delhi: Oxford Univ. Press, 1995.
FRY, Peter. "Internacionalização da disciplina" in: Trajano Filho e Ribeiro, O Campo da Antropologia no Brasil, ABA, 2004.
KROTZ, Estebam. "Anthropologies of the South: their rise, their silencing, their characteristics" Critique of Anthropology 17 (3): 273-251, 1997.
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