APLICATIVO MÓVEL DE AUXÍLIO À ANÁLISE CLÍNICA BASEADO EM CONCEITOS DA COMPUTAÇÃO UBÍQUA

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Medicina (Ribeirão Preto) abril/2014; 47 (Supl. 1): 44-48

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I Workshop Ibero-Americano de Sistemas Interoperáveis em Saúde

XXARTIGO ORIGINALXX APLICATIVO MÓVEL DE AUXÍLIO À ANÁLISE CLÍNICA BASEADO EM CONCEITOS DA COMPUTAÇÃO UBÍQUA Leandro Ferreira Paz1, Vinicius Maran2, Juliano Gomes Weber2, Alencar Machado3 ¹ Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFarroupilha). Santo Augusto – RS – Brasil. [email protected] ² Departamento de Ciências Exatas e Engenharias – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI). Santa Rosa – RS – Brasil. {jgw,vinicius.maran}@unijui.edu.br ³ Colégio Politécnico– Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria - RS – RS – Brasil. [email protected] _____________________________________________________________________

RESUMO A importância das informações geradas nos RES (Registro Eletrônico de Saúde) é essencial no auxílio à tomada de decisões clínicas. No entanto, muitas vezes a disposição das informações inviabiliza o trabalho, porque é difícil o acesso a estes dados e o tempo para obtê-los é oneroso. Este trabalho propõe uma arquitetura de software para dispositivos móveis que possibilita a consulta de informações médicas utilizando conceitos da Computação Ubíqua. Palavras-chave: Computação Ubíqua na Saúde, Sistemas de Computação Móveis, Telemedicina Móvel. ABSTRACT The importance of the information generated in EHR (Electronic Healthcare Record) is essential in assisting the decisions made by doctors and nurses. However, often the provision of information impedes the work, because it is difficult to access these data and the time to get them is costly. This paper proposes a software architecture that enables cellphones to query medical information using concepts of Ubiquitous Computing. Keywords: Healthcare Ubicomp, Mobile Computing, Mobile Telemedicine. _____________________________________________________________________

INTRODUÇÃO Os sistemas de acompanhamento do histórico de saúde do paciente, também conhecidos como RES (Registro Eletrônico de Saúde), contribuem consideravelmente para os profissionais clínicos na tomada de decisões e no auxílio na prevenção de doenças. Entretanto, a quantidade de dados apresentada a cada consulta inviabiliza o trabalho dos médicos e enfermeiros, pois a procura da informação de que se necessita no momento do atendimento ao paciente exige tempo e atenção [11]. A utilização de novas tecnologias torna o conhecimento na área da saúde mais acessível, e facilita o compartilhamento da diversidade de dados registrados na área da medicina. Nessas inovações pode-se destacar a Computação Ubíqua que aliada à Computação Móvel, possibilita a melhora da interação entre os diversos equipamentos médicos, informações em bancos de dados e profissionais da saúde no ambiente hospitalar [4][10]. Uma das principais características da Computação Ubíqua é a sensibilidade ao contexto. A aplicação dita sensível ao contexto coleta elementos do cenário e a partir deste ponto diversas adaptações podem ser realizadas. Essas modificações ajudam na realização das tarefas do usuário, pois não há necessidade dele preocupar-se em como utilizar o sistema totalmente, apenas com sua finalidade [9]. De acordo com Chen [1], o contexto computacional pode ser definido como: (i) físico; (ii) do usuário ou do tempo; (iii) emocional, que projeta dados que ajudem na realização de tarefas. O contexto do usuário é adaptar o perfil dele com a finalidade de suas ações, ou seja, moldar a aplicação de acordo com as suas preferências, tornando essas mudanças algo imperceptível para o usuário [7]. De acordo com Dey [2], “contexto é qualquer informação que pode ser usado para caracterizar a situação de uma entidade. Uma entidade é uma pessoa, lugar ou objeto que considerado relevante para a interação entre um usuário e uma aplicação”. Este artigo propõe uma arquitetura integrando sistemas móveis de consulta às informações de pacientes para ambientes hospitalares e tem por objetivo propor um recurso diferenciado na identificação do contexto. O procedimento de consulta usará sensibilidade ao contexto do usuário a partir do tipo de profissional clínico, ou seja, o sistema destacará informações na tela que sejam relevantes para o diagnóstico ou tratamento de doenças. Soma-se à proposta, o uso de um padrão de comunicação médica, interoperável, o HL7 (Health Level 7) [5]. OBJETIVO

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O software proposto consiste na utilização por profissionais clínicos dentro de um ambiente hospitalar. Instalado num dispositivo móvel que será conectado numa rede sem fio disponibilizada pelo hospital. Como os softwares gestores hospitalares são instalados em estações de trabalho, o que torna difícil a procura e o acesso às informações. Com isso, a utilização de tecnologias móveis facilita o trabalho dos profissionais clínicos. No desenvolvimento da sensibilidade ao contexto, a aplicação foi criada com o intuito de ajudar no diagnóstico das doenças e prevenção destacando na interface do aplicativo palavras que sejam relacionadas com a especialidade do profissional. Outro ponto importante é garantir troca de informações médicas com bases de dados heterogêneas. Para isso, a adoção de um alto grau de interoperabilidade é essencial, assim foi adotado HL7 (Health Level Seven) [5] versão 2 para interoperabilidade das informações médicas. Outro mecanismo usado no projeto é o uso de etiquetas bidimensionais, o QRCode (Quick Response Code). A presença deles num ambiente qualquer ajuda a alcançar outro paradigma da Computação Ubíqua: o usuário deixa de estar estático concentrado numa tarefa e passa a interagir com ambiente. Focando dessa forma a atenção do utilizador no que está ao seu redor sem que ele se preocupe com o que está acontecendo em segundo plano [8]. MÉTODOS A aplicação foi desenvolvida na linguagem de programação Java para Android SDK (Software Development Kit) 2.2, conhecido como Froyo (Frozen Yogurt). O banco de dados local foi criado no SQLite3, nativo do sistema operacional. Para leitura do código de barras bidimensional, o QRCode, será utilizado o aplicativo BarcodeScanner. Na visão do profissional de saúde, conforme apresentado na Figura 1, o aplicativo funciona como um ponto de acesso rápido ao RES do paciente a qualquer momento e em qualquer lugar do ambiente hospitalar, possuindo uma ferramenta auxiliar na identificação de palavras que possam ajudar na elaboração de hipóteses diagnósticas. As palavras são destacadas com um fundo de cor diferente na tela do aplicativo. A classe HL7Client.java monta as mensagens buscando as informações na base de dados. Essas mensagens podem ser enviadas para qualquer aplicação ou dispositivo que utilize esse padrão para troca de informações médicas.

Figura 1. Arquitetura do sistema A contextualização do usuário é umas das características de um sistema ubíquo [3]. Considerando esse atributo, a classe IdentifierOfContext.java, foi desenvolvida com o objetivo buscar as informações que sejam importantes no momento do atendimento ao paciente a partir do tipo de profissional. O fluxograma dessa operação é representado na Figura 2.

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Figura 2. Fluxograma do processo de identificação de contexto Ao entrar na aplicação, o sistema identificará a especialidade do profissional. Essa especialidade está relacionada com uma tabela de palavras específicas. Seguindo, as activities (telas) antes de apresentar o conteúdo na tela chamam a classe IdentifierOfContext.java, cuja função é comparar cada palavra existente nos campos das Tabelas Allergy, ChronicDisease, Exam, MedicalProcedure, Diagnosis com o conjunto de strings existentes na Tabela WordListOFSpecialty. Se uma palavra existir, a classe IdentifierOfContext.java informa as activities para destacar essa informação na tela do usuário. Toma-se como exemplo um médico com especialidade em cardiologia, atende um enfermo. Acessa a aplicação, faz a leitura do QRCode. No momento da visualização das informações do paciente, será observada em destaque (fundo da fonte em cor diferente, por exemplo) a palavra diabetes, ou cardíaco; eletrocardiograma. Explorando assim a atenção do usuário nas informações que sejam cruciais, e ajudando o médico ou outro profissional a obter um diagnóstico rápido. A tela Screen1Login.java verifica o usuário e senha no banco de dados. Após é chamada a tela Screen2ReadQRCode.java, que por sua vez chama o aplicativo BarcodeScanner. Essa aplicação faz a leitura de códigos de barras bidimensional, e passa como parâmetro o resultado da leitura. A tela Screen2ReadQRCode.java recebe o código do paciente e faz uma chamada através de uma intenção da tela Scren3ListActivity.java, passando como parâmetro o número do paciente. Nessa é criada uma lista de opções desde dados demográficos, procedimentos médicos, diagnósticos, exames e alergias. Enfim, a partir desse ponto a classe IdentifierOfContext.java faz a contextualização do usuário. O principal objetivo do estudo de caso proposto é testar esse caso e analisar a utilidade do aplicativo num ambiente hospitalar. Um hospital possui muitas ocorrências, gerando um grande fluxo de pacientes. Definiu-se nesse caso de uso que as bases de dados são sincronizadas, ou seja, estejam trocando informações a todo o momento. Todos os enfermos portam uma etiqueta QRCode identificando-os no sistema. O doutor necessitando de agilidade no acesso às informações médicas usa o aplicativo no dispositivo móvel. O sistema nesse momento mostra os dados demográficos do paciente. O aplicativo mostrará ao atendente as informações de saúde bem como exames realizados, doenças crônicas, alergias, procedimentos médicos já feitos. Dados mais relevantes serão abordados nas telas (Figura 3), como o destaque de palavras que possuam relação com a especialidade do clínico. Ao acessar as telas mencionadas no parágrafo anterior, o médico poderá observar que de acordo com seu perfil haverá informações destacadas. Deve-se levar e conta que o ambiente deverá estar preparado, ou seja, cada paciente com QRCode. Para este cenário adotou-se o envio de mensagens HL7 do tipo ADT^A01, usada em admissões de pacientes.

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Figura 3. Interfaces de consulta às informações médicos de um paciente RESULTADOS E DISCUSSÃO Uma aplicação móvel desenvolvida essencialmente para área da saúde deve possibilitar, por exemplo, o acesso ao RES do paciente ajudando os profissionais de saúde na tomada de decisões; na realização de hipóteses diagnósticas, prevenindo doenças e oferecendo ao paciente um acompanhamento do médico com mais produtividade. Desta forma, com o intuito o verificar o comportamento do sistema desenvolvido, foi realizado um teste de desempenho. A Tabela 3 mostra os resultados. Tabela 1: Teste de desempenho do sistema

Buscou-se também verificar o comportamento da aplicação quando forem executadas transações ou regras sob condições de carga normal ou limite de trabalho. Os resultados dos testes mostram um tempo relativamente pequeno nos eventos realizados, mostrando uma eficiência considerável. CONCLUSÃO A quantidade de informações em sistemas de gestão hospitalar inviabiliza o trabalho dos profissionais de saúde, pois procurar a informação de que se necessita no momento do atendimento ao paciente é necessário tempo e atenção. Assim, a disponibilidade da informação e a interoperabilidade dos sistemas são extremamente importantes para o andamento dos processos. É com essa concepção que Computação Ubíqua na saúde pretende retirar dos usuários a preocupação de manusear a tecnologia da informação e focar no atendimento ao paciente. É nesse contexto que a proposta desse artigo tem o objetivo de tornar ágil o atendimento utilizando dados relevantes da saúde do paciente e contextualizando as informações a partir do perfil do usuário. A utilização de códigos de barras bidimensionais para se ter acesso ao cadastro do paciente faz com que o usuário não tenha preocupação em digitar dados para busca. Pois essas tags tem respostas rápidas, agilizando o processo. REFERÊNCIAS 1. Chen, Guanling, and David Kotz. Solar: A pervasive-computing infrastructure for context-aware mobile applications . No. TR-2002-421. DARTMOUTH COLL HANOVER NH, 2002.

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2. Dey, Anind K. "Understanding and using context." Personal and ubiquitous computing 5.1 (2001): 4-7. 3. da Silva Escobar, Mauricio, and Marcelo Blois Ribeiro. "U-MAS: Um Meta-modelo para o Desenvolvimento de Aplicações Multiagentes Ubíquas.". In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, 7, 2011, Salvador. 4. Goulart, L. J. et al. (2006) “Saúde e tecnologia da informação: convergência e mobilidade”. Disponível em: < http://www.sbis.org.br/cbis/arquivos/670.pdf>. Acesso em: 09 de Janeiro, 2014. 5. HL7. (2011) “About HL7”. Disponível em: . Acesso em: 26 de Novembro, 2013. 6. Lecheta, R. R. (2010) “Google android: aprenda a criar aplicações para dispositivos móveis com o android sdk”. 2.ed. São Paulo: Novatec, 2010. 7. Maran, Vinícius, et al. "Uma definição ontológica de elementos de contexto relevantes na adaptação de documentos em ambientes hospitalares pervasivos." Revista Brasileira de Computação Aplicada 5.1 (2013): 26-41. 8. Oliveira, S. J. da S. O. (2007) “A Adopção de Códigos Visuais como Modelo de Interacção”. 176 f. Dissertação de Mestrado em Sistemas Móveis, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010. Disponível em: . Acesso em: 27 de Fevereiro, 2013. 9. Souza, M. V. B. de. (2010) “Inferência de atividades clínicas na arquitetura clinicspace a partir de propriedades do contexto”. 153 f. Dissertação de Mestrado em Computação, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010. Disponível em: . Acesso em: 27 de Fevereiro, 2013. 10. Weiser, M. (1991) “The computer for the 21st century”. Scientific American, [S.l.]. Disponível em: . Acesso em: 27 de Fevereiro, 2013. 11. de Carvalho, Sergio Teixeira, Alessandro Copetti, and Orlando Gomes Loques Filho. "Sistema de computação ubíqua na assistência domiciliar à saúde." Journal Of Health Informatics 3.2 (2011).

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