Aprender a ler no Basquetebol - A autoeficácia na aquisição do conhecimento tático
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Aprender a ler no Basquetebol A autoeficácia na aquisição do conhecimento tático
Luís Filipe Simões Cristóvão Universidade Lusófona Faculdade de Educação Física e Desporto Teoria e Metodologia do Conhecimento Científico 2014/15
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1-‐Introdução O treino mental e psicológico é da maior importância na formação dos jovens basquetebolistas. A literatura é vasta na defesa deste princípio fundamental desde os primórdios da análise do treino nos jogos coletivos. No entanto, com o aumento do foco do treino nas capacidades motoras dos atletas e nos conhecimentos táticos do jogo, facilitados pelo aumento das tecnologias disponíveis para a preparação e análise do treino, bem como para o estudo das características dos atletas, as capacidades psicológicas foram sendo deixadas para um segundo nível de preocupações dos nossos treinadores. No caso do basquetebol, a dimensão física do jogo é hoje em dia central para a definição do trabalho de desenvolvimento dos jovens jogadores. Procura-‐se, em primeiro lugar, os talentos genéticos: o jovem mais alto, com braços e mãos de maior dimensão, de estrutura esqueleto-‐muscular mais promissora. Depois, trabalha-‐se o gesto técnico à exaustação, procurando treinar o jovem para dominar o drible, o salto e a corrida. Finalmente, exige-‐se um forte contributo intelectual do jovem para a sua capacidade de compreender o jogo, conhecer as opções perante cada jogada e reagir no tempo certo para alcançar o sucesso em cada movimento. Obviamente que a capacidade psicológica do atleta é entendida como essencial para que este possa ocupar o seu espaço no alto rendimento. No entanto, enquanto as capacidades motoras e a estrutura física do atleta tendem a ser trabalhadas desde muito cedo, o aspeto psicológico fica reservado para fases mais adiantadas da sua evolução ou para o momento em que este comece a dar sinais de não acompanhar o crescimento previsto para o atleta. Ou seja, tende-‐se a olhar a psicologia como um problema, algo que pode afetar o bom desenvolvimento do atleta, e não como uma ferramenta para o ajudar a superar situações, desde cedo, na sua relação com o jogo. No processo de pesquisa de soluções, procuramos no campo da psicologia um princípio que pudesse ser aplicado nos nossos jogadores em formação, desde bem cedo, ajudando a descrever, analisar e prescrever soluções para o seu entendimento do jogo. A noção de autoeficácia, desenvolvida por Albert Bandura, pareceu-‐nos reunir os princípios necessários a aplicar no nosso trabalho diário com jovens basquetebolistas. Segundo o autor, “a autoeficácia percebida define-‐se nas crenças de uma pessoa acerca das suas capacidades para produzir níveis designados de performance no exercício da influência sobre eventos que afetam as suas vidas” (Bandura, 1994). Este princípio tem vindo a ser tema profusamente estudado por diferentes autores, na sua relação com o desporto e, em particular, na forma como afeta a performance. No caso do basquetebol, encontramos muitos estudos que versam a eficácia coletiva -‐ tema habitualmente tratado nos jogos desportivos coletivos -‐ ou a importância da autoeficácia na aquisição de um gesto específico da modalidade. Assim, a generalidade dos estudos que utilizam este princípio para estabelecer a sua análise focam a sua atenção no lance livre, situação de elevada pressão psicológica para o
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seu executante, pelo facto de ser executado sem oposição e com o jogo parado, aumentado a atenção sobre quem o executa. No entanto, no nosso estudo, pretendemos apurar a importância da autoeficácia na aquisição do conhecimento tático. Ou seja, colocar a hipótese de que um atleta necessita de cumprir com uma série de requisitos psicológicos para que a aquisição do conhecimento tático seja feito de forma eficaz.
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2-‐Definir o problema Na sua definição de ato tático, Friedrich Mahlo (1997) refere a “solução mental” como parte da forma de resolver as questões táticas encontradas num jogo coletivo. Na ideia do autor alemão estava uma leitura complexa das ações de jogo, que o mesmo divide em “as técnicas (automatizadas), as ações sensório-‐motoras [e] as ações resultando duma atividade mental criadora” (Mahlo, 1997). No trabalho com jovens, potenciamos a aquisição das técnicas, através de um processo repetitivo. Devemos diferenciar entre as técnicas que queremos ter automatizadas, com a participação sensório-‐motora, das situações táticas onde evitaremos que as soluções sejam mecanizadas. Sendo fundamental que o jovem atleta reconheça, teoricamente, a melhor solução para resolver as vantagens e desvantagens que encontra no jogo, o seu domínio técnico deverá alimentar a criatividade no momento da solução tática. No entanto, ao pretendermos definir o problema da capacidade psicológica do atleta para aprofundar o processo de conhecimento tático, devemos compreender que questões como a confiança são centrais no processo repetitivo do treino, dado que estes, enquanto jovens, necessitam de ver reforçadas as suas ações de forma clara, sendo que isso só pode acontecer através das indicações fornecidas pelo treinador. No entanto, na evolução do processo de domínio da técnica inicial, deverão ser introduzidas outras formas que também poderão ser consideradas corretas para a resolução dos mesmos problemas e que deverão começar a ganhar corpo ao longo do processo. Começamos, por aqui, a entrar na questão da formação do treinador, podendo questionar se os nossos técnicos que trabalham nos escalões mais jovens possuem as ferramentas necessárias para compreender a matizes da questão que estamos a colocar. Segundo Buceta (2004), “pode ocorrer que um treinador de desportistas jovens comece a treinar uma equipa com uma formação muito limitada, mas o mais grave é que, como sucede bastantes vezes, passem meses e anos e este continue a ter essa formação deficitária”. De facto, apesar de não existirem números concretos sobre este assunto, no caso do basquetebol, pode-‐se afirmar que uma grande maioria dos técnicos que trabalham nos escalões mais jovens do basquetebol português – e também no espanhol, a acreditar nas palavras do autor referido -‐ , abaixo dos catorze anos de idade, são treinadores de Grau I e, também eles, jovens em formação. A carga horária dada à Psicologia do Desporto nos cursos de formação de treinadores de basquetebol em Portugal é diminuta e o acompanhamento da colocação em prática dos princípios ensinados é vaga, o que mais evidencia a necessidade da existência de ferramentas que possam ser utilizadas pelos técnicos em busca de mais formação. Sampaio, Antunes, Aranha e Leite (2007) definem que “tanto a prestação motora como cognitiva, são importantes no processo ensino-‐aprendizagem dos jogos desportivos”, dividindo este processo em três fases, que incluem a perceção, onde o atleta tenta perceber e determinar o que acontece no jogo, a tomada de decisão, onde o atleta escolhe qual a melhor forma de abordar o acontecimento, e a ação motora, onde se colocam em prática os impulsos motores e coordenativos
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necessários para a realizar. Os autores dividem a complexidade das ações táticas do basquetebol por quatro níveis, mas as preocupações que revelamos neste trabalho acabam por ser afloradas só a nível de contexto de treino e competição, com o modelo da compreensão a procurar integrar de uma outra forma o jovem no processo de aprendizagem, o que acaba por ficar mais claro nos pressupostos apresentados, no que toca a crenças, à conexão entre treinador e atleta, ao ambiente pessoal do processo, à forma de pensar o jogo e às partilhas associadas a todo este processo. Também Oliveira (2001) faz uma sistematização pedagógica do ensino do basquetebol, o que, ajudando à construção de um plano formativo e distribuição de conteúdos numa formato evolutivo, nos abre ainda espaço para diferentes questionamentos na área da psicologia. No entanto, no que concerne a objetivos educativos ou formativos, Oliveira (2001) aponta que os jogadores se devem realizar, entre outras coisas, “psicologicamente: aprendendo a controlar as emoções e fomentando um espírito de autoestima”. Já Araújo (2009), sublinha que “os treinadores podem influenciar o modo como as crianças julgam as suas competências”, salientando a importância de “compreender a maneira como cada criança avalia o sucesso e o fracasso”, “ajudar as crianças a avaliarem-‐se a si mesmas em função do seu desempenho”, estabelecer metas próprias, adequadas e ajustadas, “ajudar as crianças a distinguir capacidades e esforço” e, finalmente, o realismo com que cada agente formador deve encarar o seu trabalho e as possibilidades do mesmo. Podemos então formular o problema da seguinte forma: No basquetebol, o ato tático tem uma solução mental, que deve ser explorada desde cedo no trabalho de formação com os jovens. Para tal, devem estar expressos nos objetivos do treino de formação o ensino e a prática dessas soluções, oferecendo a importância devida aos fatores psicológicos na execução sensório-‐motora da ação. No entanto, a formação dos treinadores que estão, maioritariamente, a trabalhar com os atletas mais jovens não oferece ferramentas devidas para que o técnico consiga formar o seu atleta nesse capítulo. Estando delineados nos manuais de ensino do minibasquete e do basquetebol, objetivos psicológicos, procuramos mapear a personalidade do jovem atleta, de forma a poder criar, numa fase posterior, uma ferramenta de auxílio para os treinadores dos escalões mais jovens.
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3-‐ Autoeficácia e ensino do basquetebol Tentamos conjugar, neste capítulo, a definição de autoeficácia conforme foi delineada por Bandura(1994) com o ensino do basquetebol. Temos assim que a autoeficácia opera sobre quatro processos no indivíduo: cognitivos, motivacionais, afetivos e de seleção. Partindo da definição apresentada por Bandura (1994) no seu artigo, “a autoeficácia percebida define-‐se nas crenças de uma pessoa acerca das suas capacidades para produzir níveis designados de performance no exercício da influência sobre eventos que afetam as suas vidas”, considera o mesmo que um indivíduo com um elevado nível de autoeficácia é uma pessoa que se sente mais segura, mais disponível para aceitar desafios e com maior capacidade de se entregar à realização dos mesmos. Em oposição, a baixa autoeficácia leva a que esse indivíduo se sinta ameaçado, com baixas expectativas acerca das suas ações e com uma enorme incapacidade de se entregar à realização de uma tarefa. Por experiência própria, qualquer treinador de basquetebol poderá afirmar que já teve de trabalhar com jovens que estavam num ou noutro estado dos descritos por Bandura. 2.1-‐ Fontes de autoeficácia Devemos então procurar quais são as fontes de autoeficácia consideradas. Neste artigo, Bandura (1994) apresenta quatro. A primeira fonte apresentada é a experiência de domínio, que no ensino do basquetebol poderemos expressar na forma como os nossos atletas alcançam o sucesso na execução de tarefas. Para tal, a organização pedagógica dos conteúdos apresentada por Oliveira (2001), bem como a organização por níveis sugerida por Sampaio, et al. (2007) servem estes intentos. Um jovem deverá experimentar, desde cedo, a sensação de sucesso na execução de um gesto e, consequentemente, na aquisição de soluções para uma ação tática. Sabendo que só o treino e a repetição podem levar à execução ideal deste gesto, cabe ao treinador apropriar os reforços transmitidos aos atletas, de forma a confirmar que este vai no caminho certo. A segunda fonte apresentada está ligada ao sucesso de modelos sociais. Estamos muitas vezes tentados a apresentar aos nossos atletas os casos dos melhores jogadores de basquetebol, demonstrando como jogadores como Michael Jordan ou LeBron James encontram soluções para os problemas do jogo. Da mesma forma, a possibilidade de colocar os nossos atletas perante jogos de níveis elevados (em Portugal, assistindo a jogos da Liga ou da participação de algum clube nas competições europeias), é uma forma de os colocar perante a necessidade de ler e compreender o que se passa em campo. No entanto, deveremos ainda valorizar um outro aspeto que, nas idades mais jovens, pode e deve ser utilizado. Ao utilizarmos modelos sociais mais próximos, seja um jogador de um ou dois escalões etários acima, seja o exemplo de um dos atletas mais evoluídos dentro da própria equipa,
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estamos a transmitir ao jovem atleta a possibilidade de evolução no mesmo contexto. Se um atleta passou por aquele mesmo campo e, eventualmente, com aquele mesmo treinador, a confiança do jovem em poder igualá-‐lo ou superá-‐lo aumentará. Bandura (1994) apresenta a persuasão social como uma terceira fonte de autoeficácia. No contexto do ensino do basquetebol, mais do que a opinião de colegas ou pais, o jovem atleta valoriza a opinião do treinador. Regressamos assim ao afirmado por Araújo (2009), havendo a necessidade do treinador compreender a criança na sua forma de autoavaliação, ajudando-‐o a compreender as diferenças entre “capacidades e esforço” e materializando metas ajustadas e realistas para cada um dos atletas. Sentir o sucesso e vê-‐lo reforçado pelas palavras e ações do seu treinador serão um elemento forte de confiança para o jovem atleta. Finalmente, Bandura (1994) apresenta como uma quarta fonte a capacidade de reduzir reações de stress e diminuir as interpretações negativas do seu estado físico. Neste ponto, o treinador está obrigado a uma enorme atenção às reações de cada atleta, o que, no contexto real, sabemos que nem sempre é possível, ora por estar a trabalhar sozinho com um grupo numeroso de atletas, ora por ter que respeitar o bom funcionamento do treino não se dedicando a apenas um dos atletas em detrimento de todos os outros. Mas devemos atender ao facto de ser fundamental que se criem espaços de treino e de integração na competição que respeitem cada jovem e lhe permitam a execução das suas tarefas num terreno calmo e agradável, que potencie o divertimento e a aprendizagem, não servindo como um factor de stress. No que toca às interpretações negativas do estado físico, Bandura(1994) realça que os níveis de autoeficácia poderão levar a interpretações diferenciadas de “fadiga e dores” ora como “debilidades físicas” constitutivas do indivíduo, ora como situações transitórias inerentes a uma determinada ação. 2.2-‐ Processos de autoeficácia Bandura (1994) definiu quatro processos sobre os quais opera a autoeficácia. No que toca ao processo cognitivo, destaca-‐se a necessidade de definir objetivos. O planeamento e a boa transmissão do mesmo aos atletas permite-‐lhes a antevisão de cenários, o que facilitará a predição de eventos e controlo dos seus efeitos. Estamos, neste caso, perante a necessidade de processamento de informação que, quer técnicos, quer atletas, precisam de executar em contínuo durante treinos e jogos. A clareza dos objetivos permite ainda uma orientação para a função a executar perante situações de stress, ajudando os jovens atletas a compreender melhor a forma como podem evoluir. O pleno conhecimento de objetivos e a capacidade de antevisão e compreensão de cada situação alimentará, ainda, segundo Bandura(1994) a resiliência do indivíduo, que tenderá a reconhecer nas suas ações a evolução necessária para atingir o sucesso.
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No caso dos processos motivacionais, importa entender o princípio defendido por Bandura(1994), segundo o qual “a maior parte da motivação humana é gerada cognitivamente”. Assume-‐se assim que a autoeficácia tem um papel enorme na autorregulação da motivação. Hoje em dia ouvimos muitas vezes, da boca de treinadores, que os jovens não estão motivados. Parece-‐nos, no entanto, que esta motivação poderá ser construída pelo trabalho dos próprios treinadores, não só na execução de planos de trabalho atraentes para os mais jovens, como defendem Buceta (2004) e Araújo (2009), mas também no acompanhamento dos mecanismos de definição de objetivos e planeamento das ações individuais. Devemos assim encontrar forma de ter um planeamento de trabalho que atenda aos objetivos da equipa (coletivos), mas também aos objetivos de cada atleta (individuais). Essa construção só pode ser feita como desenvolvimento de um profundo conhecimento dos gostos, desejos, ambições e expectativas do jovem, cruzando-‐o com as suas capacidades e possibilidades de evolução. Para Bandura (1994), a “motivação baseada em objetivos ou standards pessoais é governada por três tipos de autoinfluência”. Por um lado, na forma como materializam reações de autossatisfação, por outro, na percepção de autoeficácia para atingir os seus objetivos e, finalmente, na forma como ajustam esses mesmos objetivos tendo em conta o seu progresso. Um acompanhamento próximo do treinador, ajudando o jovem atleta a enquadrar estes processos nas suas ações, permitirá que, para a sua evolução na modalidade, venha a beneficiar de ferramentas para resolver problemas com os quais se irá defrontar. No que toca aos processos afetivos, encontramos no trabalho de Adelino, Vieira e Coelho (2000) a necessidade que o treinador tem de “saber ouvir” como “uma parte vital da comunicação”. Comunicar é essencial para o estabelecimento de laços afetivos com os atletas que venham a potenciar o seu crescimento. A nível afetivo, Bandura(1994) considera que uma elevada autoeficácia servirá para controlar os momentos stressantes e que, no que toca à excitação da ansiedade, o controlo será sobre a consciência. É natural que os jovens atletas revelem ansiedade perante novas situações de treino e, sobretudo, na aproximação aos modelos competitivos. A forma como lidam com os outros e com o meio é colocada à prova e daí ser fundamental que, quer treinos, quer jogos, tenham em consideração não só o nível de prática do jovem, mas também o seu estado psicológico. Será fundamental que o treinador compreenda e auxilie os seus atletas no seu processo de lidar com os medos e receios, bem como ser claro na divisão da tarefa em sub-‐tarefas que lhe sejam mais fáceis de realizar. Depois, é importante que nas tarefas onde os jovens atletas tenham maiores dificuldades, seja considerada uma prática acompanhada e o doseamento do tempo aplicado à tarefa, com vista a manter elevados os níveis de autoeficácia e em suster situações de ansiedade ou estados em que os receios se confirmam. É tão mais importante este ponto quanto Bandura (1994) considera, nos seus estudos, que uma baixa autoeficácia poderá ser causa de problemas associados à depressão e que a exposição ao stress sem níveis de autocontrolo poderá causar outros problemas de saúde. Estamos assim num território fronteira onde o trabalho psicológico está fortemente conectado ao trabalho físico realizado.
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Finalmente Bandura(1994) fala dos processos de seleção, realçando que “as pessoas são, em parte, produto do seu ambiente”. As escolhas que um treinador e um atleta fazem vão influenciar, diretamente, a sua autoeficácia percebida. No processo de aprendizagem de uma modalidade, o papel do treinador ganha especial ênfase, visto que uma experiência de stress, incompreensão ou mau relacionamento entre jovem atleta e treinador poderão causar o afastamento deste da modalidade. Bandura(1994) refere ainda que as “ocupações estruturam boa parte da vida das pessoas, oferecendo-‐lhes uma forte fonte de crescimento pessoal”. Isto leva-‐nos a considerar que na participação dos jovens no basquetebol, o ambiente e as ferramentas que forem expostos desde cedo terá toda a influência naquilo que poderão vir a ser como atletas de alto rendimento, bem como na forma como se relacionarão com os outros na sua vida fora do fenómeno desportivo. A consciencialização destes processos permite ao treinador preparar de forma mais apropriada o seu trabalho com os jovens atletas, bem como ter formas de identificar e resolver situações que surjam durante os treinos e os jogos. Também para os elementos com responsabilidades nos quadros competitivos da modalidade será fundamental a utilização desta informação para apropriar esses modelos aos diferentes níveis de atletas, criando possibilidades para que, dentro de cada escalão etário, possam surgir oportunidades para atletas em estados de evolução diferentes.
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4-‐Apontar estratégias em jeito, provisório, de conclusão Conseguimos alcançar uma definição do problema que nos preocupa no primeiro capítulo deste trabalho, tendo, no segundo capítulo do mesmo, apresentado o cruzamento de um estudo com os objetivos que pretendemos ver alcançados nos processos de treino e de competição de jovens atletas na modalidade de basquetebol. Terá ficado bem claro que encaramos a experiência no campo como uma oportunidade de teorizar sobre a nossa modalidade. A identificação dos problemas decorre, sobretudo, da experiência como treinador e analista de basquetebol, tentando, na fundamentação teórica do problema, encontrar estudos que possam alimentar um melhor trabalho de campo. Ou seja, partimos do terreno de estudo para a teoria, com vista a regressar, de novo, a esse terreno de estudo, com melhores e mais fundamentadas respostas, com novas e mais eficazes formas de trabalhar. Percebida e desconstruída a noção de autoeficácia na sua aplicação à formação de jogadores de basquetebol, a primeira estratégia passará por aprofundar detalhadamente a forma como, em cada nível ou escalão etário da formação, aplicar os seus princípios e trabalhar os seus processos. Isso passará por, a um nível teórico, continuar a cruzar informações de um e outro campo, enquanto esperamos poder investir na pesquisa junto de treinadores e jovens atletas, fazendo a experimentação prévia desses princípios. A segunda fase da estratégia incluirá a tentativa de construção de um quadro que conjugue processos de autoeficácia e processos de treino de jovens jogadores de basquetebol, de maneira a que este possa vir a ser utilizado por treinadores no seu trabalho diário. A medição do sucesso desse quadro deverá ser acompanhada no terreno e sujeita às alterações necessárias com vista à sua própria eficácia. Torres Vedras, 6 de janeiro de 2015
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Bibliografia Adelino, J., Vieira, J., Coelho, O. (2000). Treino de Jovens – O que todos precisam de saber!. Lisboa: Centro de Estudos e Formação Desportiva. Araújo, S.P. (2009). Manual de treinador de minibásquete. S/l: Associação de Basquetebol de São Miguel. Bandura, A. (1994). Self-‐Efficacy. In Ramachaudran, V.S. (ed.), Encyclopedia of human behaviour (vol.4, pp-‐ 71-‐81). New York: Academic Press. Buceta, J. M. (2004). Estrategias psicológicas para entrenadores de deportistas jóvenes. Madrid: Dykinson. Mahlo, F. (1997). O acto táctico no jogo. Lisboa: Compendium. Oliveira, J.C. (2001). O ensino do basquetebol. Lisboa: Caminho. Sampaio, J., Antunes, S., Aranha, A. & Leite, N. (2007). O ensino dos jogos desportivos colectivos: O modelo da compreensão aplicado ao ensino do basquetebol. Série Ciências Sociais e Humanas, nº 69, UTAD.
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