APRENDER COM O CINEMA: DA NARRATIVA À DIDÁTICA
Luís Alberto Alves (CITCEM/FLUP)
! Pedro Alves (UCP, CITCEM/FLUP)
SUMÁRIO
1. O cinema e a realidade: expressão, experimentação e aprendizagem
! 2. O cinema e a didática da História (“O caso Farwell”: estudo de caso)
! 3. Caminhos recentes: o PNC e o projeto “Cinema, Didática e Cultura”
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1. O CINEMA E A REALIDADE
REALIDADE
SER HUMANO
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Enquadramento subjetivo de estímulos da realidade
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Fenómenos naturais, culturais, sociais, institucionais, etc.
•
Pluralismo e perspectivismo
•
•
Definição de si mesmo e do real (“versão-do-mundo”)
Realidade partilhada VS realidade subjetiva (“versão-do-mundo”)
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1. O CINEMA E A REALIDADE
REALIDADE
SER HUMANO
Metáfora -
ARTE
VS
CIÊNCIA
- Objetividade
Sensibilidade -
- Exactidão
Subjetividade -
- Comprovação
Intuição -
- Concreção
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1. O CINEMA E A REALIDADE
REALIDADE
SER HUMANO
ARTE
NARRATIVA
FICÇÃO
CINEMA
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1. O CINEMA E A REALIDADE
NARRATIVA
Possibilidade de expressão e recepção cognitiva, afectiva e empírica significativa. Presença e relevância em diversos contextos culturais. Narrativa como “laboratório da própria vida” (García García e Rajas, 2011, p. 3)
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1. O CINEMA E A REALIDADE
FICÇÃO
Extensão da realidade para mundos imaginários (sempre com algum tipo de referência ao real). Capacidade metafórica e simuladora. Descoberta e/ou recriação do real. Ficções como complementos do mundo real (novas percepções e entendimentos)
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1. O CINEMA E A REALIDADE
CINEMA
Aproveitamento original, completo e complexo do potencial representativo de arte, narrativa e ficção sobre realidade Forte impacto perceptivo e emocional Forte sensação de realidade Combinação de potencial de entretenimento com compreensão e interpretação através da figuração e simulação do real Comunicação de experiências e informações válidas para diferentes âmbitos vitais e reais
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1. O CINEMA E A REALIDADE
ESPECTADOR
Recebe uma perspectiva autoral (coordenadas e materialidade definidas e imutáveis) sobre determinada perspectiva ou experiência Incorpora background, expectativas e subjetividade na vivência e interpretação da obra Condicionamento da atenção do espectador (opções discursivas do autor, densidade e intensidade da história, contexto de recepção) Estado de “dupla consciência” (Morin): consciência da experiência fílmica VS capacidade de fingimento (“faz-de-conta”) Imersão e transportação Projeção e identificação (saciedade afectiva, cognitiva e empírica)
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1. O CINEMA E A REALIDADE
EXPERIÊNCIA FÍLMICA
APRENDIZAGEM
Filme como indagação, representação ou reconfiguração significativa do real Combinação de entretenimento e evasão com a aprendizagem Possibilidade de compreendermos e experimentarmos novas ideias, informações e experiências (que não encontramos no âmbito quotidiano da nossa realidade) Ressonâncias individuais e colectivas Aprendizagem informal (espontânea, não-direcionada) VS aprendizagem formal (programas, estratégias e recursos pensados para aproveitamento didático do Cinema)
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1. O CINEMA E A REALIDADE
APRENDIZAGEM INFORMAL
Investigação doutoral recente comprovou uma interessante tendência para a aprendizagem informal num universo de 959 espectadores residentes em Portugal ou Espanha.
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Alves, Pedro (2015). La ficción ‘realizada’. Implicaciones y transferencias entre ficción y realidad en la pragmática del cine narrativo. Tese de Doutoramento. Universidad Complutense de Madrid. !
Alves, Pedro (2015). La ficción ‘realizada’. Implicaciones y transferencias entre ficción y realidad en la pragmática del cine narrativo. Tese de Doutoramento. Universidad Complutense de Madrid. !
Alves, Pedro (2015). La ficción ‘realizada’. Implicaciones y transferencias entre ficción y realidad en la pragmática del cine narrativo. Tese de Doutoramento. Universidad Complutense de Madrid. !
Alves, Pedro (2015). La ficción ‘realizada’. Implicaciones y transferencias entre ficción y realidad en la pragmática del cine narrativo. Tese de Doutoramento. Universidad Complutense de Madrid. !
1. O CINEMA E A REALIDADE
APRENDIZAGEM FORMAL
Estratégias, projetos e recursos educativos baseados no cinema Ensinar o cinema / Ensinar pelo cinema / Ensinar através do cinema
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2. O CINEMA E A DIDÁTICA DA HISTÓRIA
CINEMA
DIDÁTICA DA HISTÓRIA
Utilização do cinema em contexto de sala de aula ainda é pouco expressiva Cinema como possível fonte histórica e como elemento complementar para as fontes tradicionais (permite novas interpretações e perspectivas).
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2. O CINEMA E A DIDÁTICA DA HISTÓRIA
CINEMA
DIDÁTICA DA HISTÓRIA
Utilização do cinema em contexto de sala de aula ainda é pouco expressiva Cinema como possível fonte histórica e como elemento complementar para as fontes tradicionais (permite novas interpretações e perspectivas).
Partilha de investigação recente sobre o uso do Cinema no contexto da didática da História (uso do filme “O Caso Farwell” no ensino/estudo do período da Guerra Fria).
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Ensinar com a Sétima Sumário Arte: O espaço do Cinema na Didática da História
Provas de Doutoramento em História Tiago Santos Reigada Apresentadas em 26-05-2014
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
Sumário
Conclusões Metodologias Utilizadas Enquadramento teórico Objetivos específicos Questão de Investigação Introdução!
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
Questão de investigação
Cinema
História
Didática da História
Quais as potencialidades do cinema, enquanto recurso didático, na aula de História?
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
Objetivos específicos Cinema
História
Didática da História
Avaliar as características do cinema enquanto recurso didático através da comparação de processos de aprendizagem com e sem cinema
Turmas sem Cinema
Turmas com Cinema
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
Enquadramento teórico História no cinema, cinema na História Cinema
História
Didática da História
• Utilização da História enquanto tema. • O filme histórico
História no Cinema
• O filme enquanto fonte historiográfica – visão fílmica da História • Interpretação do passado • Realizador/Historiador
• O filme enquanto fonte histórica – filme de época – “janela para o passado”! • “Contra-análise da sociedade”!
Cinema na História
Cinema na História
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
Metodologias utilizadas O Estudo de Caso Cinema
História
Didática da História
Escola A
Escola B
Escola C
Turma com cinema
Turma com cinema
Turma com cinema
Turma sem cinema
Turma sem cinema
Turma sem cinema
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
Metodologias utilizadas O Estudo de Caso Cinema
História
Didática da História
Turmas homogéneas
Mesmos conteúdos
Diferentes estratégias de aprendizagem
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
Metodologias utilizadas O Estudo de Caso Cinema
História
Didática da História
Turmas com cinema
Turmas sem cinema
Comparação de resultados • Observação participante • Ficha de avaliação • Questionário aos alunos
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
Conclusões Cinema
História
Didática da História
Relativamente às potencialidades do Cinema • O filme, por si só, não é fonte de motivação. • A utilização do filme em sala de aula promove um conhecimento histórico descompartimentado. • O filme, pela relação empática que estabelece com os alunos, ajuda a desenvolver o espírito crítico, a capacidade argumentativa e uma postura inquiridora quanto à aquisição do conhecimento
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
Conclusões Cinema
História
Didática da História
Sob o ponto de vista didático • A influência do filme na compreensão de conteúdos específicos da disciplina e na associação de ideias. • Na comparação de metodologias de aprendizagem, os resultados apresentados pelas turmas com cinema suplantam os das suas homólogas sem cinema
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
(…) os filmes históricos, mesmo quando sabemos que são representações fantasiosas ou ideológicas, afetam a maneira como vemos o passado.! !
Robert Rosenstone
Reigada, Tiago (2013). Ensinar com a Sétima Arte: o espaço do Cinema na Didática da História. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. !
3. CAMINHOS RECENTES: PLANO NACIONAL DE CINEMA
PLANO NACIONAL DE CINEMA
Iniciativa conjunta da Presidência do Conselho de Ministros, através do Gabinete do Secretário de Estado da Cultura e do Ministério da Educação e Ciência pelo Gabinete do Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário.
! Operacionalização pela Direção-Geral da Educação em parceria com o Instituto do Cinema e Audiovisual e a Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema.
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3. CAMINHOS RECENTES: PLANO NACIONAL DE CINEMA
PLANO NACIONAL DE CINEMA
Dois objetivos fundamentais: Promover a literacia fílmica nas comunidades escolares, fomentando o hábito de ver cinema e o uso do cinema em contexto escolar/didático. Promover a formação de novos públicos de cinema através da ida a sessões de cinema fora do contexto escolar. Dois eixos fundamentais: Plano de formação de docentes Sessões de cinema “O Cinema está à tua espera” Proximidade com instituições e espaços locais (cineclubes, teatros, salas de cinema…). Escolas de iniciação como elementos operacionalizadores do PNC a nível local.
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3. CAMINHOS RECENTES: PLANO NACIONAL DE CINEMA
PLANO NACIONAL DE CINEMA
1991: criação do grupo de trabalho coordenado por Lauro António para a introdução do Cinema e do Audiovisual no Ensino
! 2012: divulgação pública do Plano Nacional de Cinema;
! 2012/2013 (ano piloto): 23 AE/Escolas não agrupadas; cerca de 175 docentes e 3000 alunos envolvidos.
! 2014/2015: 68 AE/Escolas não agrupadas; 300 docentes e cerca de 11.000 alunos.
! 2015/2016: 150 AE/Escolas não agrupadas; cerca de 600 docentes e uma previsão de 20.000 alunos a envolver.
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3. CAMINHOS RECENTES: “CINEMA, DIDÁTICA E CULTURA”
“CINEMA, DIDÁTICA E CULTURA”
Projeto de investigação sediado no CITCEM-FLUP em parceria com Asociación Científica ICONO14 (Espanha), criado em 2012.
! 12 investigadores (6 portugueses e 6 espanhóis).
! Realização de 4 seminários de investigação (2 em Madrid e 2 no Porto), publicação de vários artigos científicos e participação em diversos eventos desde 2012.
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3. CAMINHOS RECENTES: “CINEMA, DIDÁTICA E CULTURA”
“CINEMA, DIDÁTICA E CULTURA”
Publicação em 2014 do primeiro livro nascido do projeto: “Aprender del cine: narrativa y didáctica”, co-editado pelo CITCEM e pela Editorial ICONO14 (disponível para compra ou download gratuito [PDF] em www.bubok.es).
! Previsão de edição de 1 livro ainda em 2015 e 2 outros livros em 2016 relacionados com o tema do projeto e envolvendo investigadores do mesmo.
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3. CAMINHOS RECENTES: “CINEMA, DIDÁTICA E CULTURA”
“CINEMA, DIDÁTICA E CULTURA”
PLANO NACIONAL DE CINEMA
Colaboração e participação na implementação do PNC: Ações de formação na zona Norte de Portugal (Braga, Porto e Aveiro) dadas por 2 dos investigadores no projeto. Acompanhamento do trabalho realizado nas escolas (sessões de cinema). Reflexão, investigação e produção de recursos ao serviço do PNC. Co-organização das 1as conferências do PNC no Porto e em Lisboa (2015).
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CONCLUSÕES
1. O Cinema é um meio de inegável importância para comunicarmos aspectos da realidade (ainda que meramente referentes da mesma).
! 2. As tipologias da sua vivência e recepção conduzem inevitavelmente a possibilidades de aprendizagem (quer informais quer formais).
! 3. A utilização do Cinema em contexto didático (sala de aula) potencia uma aprendizagem eficaz e profícua dos conteúdos programáticos.
! 4. Iniciativas como o Plano Nacional de Cinema ou projetos científicos que trabalhem a perspectiva didática do Cinema são fundamentais para uma valorização da sétima arte enquanto arte e como meio para conhecermos mais e melhor a nossa realidade passada e presente.
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OBRIGADO.
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