Apresentação – A Formação de Roma (Portuguese)

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Apresentação – A Formação de Roma

Disciplina: Roma Antiga e o Poder Universal Romano
Professor: Ettore Quaranta
Aluno: Pedro Augusto Gomes

Introdução

Raymond Bloch e Jean Cousin afirmavam que, "muitas lendas aureolam as origens dos povos, das cidades e dos cultos antigos. Nenhuma teve a celebridade e a importância das narrações que dizem respeito à origem de Roma."

As Lendas de Roma

A lenda da fundação de Roma é divida em duas partes. A primeira fala sobre a colonização do Lácio em uma região situada no centro da Itália, somada à fundação de Lavínio pelo troiano Eneias, cidade lendária que recebe seu nome em homenagem a esposa de seu fundador, Lavínia. E a segunda conta a fundação de Roma pelo latino Rômulo.

Na primeira parte mencionada acima, Eneias conseguiu escapar da ruína de Troia acompanhado de seu pai Anquises, que morre na viagem, seu filho Iulo ou Ascânio para os romanos, traz com ele os Penates (antigos protetores) que devem garantir o destino da nova cidade. Eneias casa-se com a filha de Latino, rei do país latino, tem agora como seu aliado o coríntio Evandro, este que fundou o antigo Palanteu sobre o Palatino, e acaba com a revolta da tribo dos Rútulos comandados por Turno. O herói troiano funda Lavínio próximo ao rio Tibre e ao final do reinado do décimo segundo rei, a sobrinha deste último Reia Sílvia dá a luz aos gêmeos Rômulo e Remo, após ser fecundada pelo Deus Marte. A estes gêmeos ficará a responsabilidade por fundar Roma.

Na segunda parte, Rômulo e Remo são filhos do Deus Marte com uma mortal. Ambos são abandonados no rio Tibre e salvos de forma milagrosa por uma loba que os amamenta em Lupercal, caverna sagrada para os antigos romanos que fica a sudoeste do monte Palatino. Depois de adultos, os gêmeos deixam Alba e em 753 a.C. depois de um desentendimento entre eles, Remo acaba morto por Rômulo que fundaria Roma a seguir.

As Origens de Roma

Depois de fundada, Roma começa a receber pessoas de todos os cantos da região. Rômulo na condição de protetor e bom anfitrião, recebeu estes novos moradores que em sua grande maioria eram homens, bandidos, foras da lei e fugitivos, a presença destes deu à Roma seu status de temida. O ponto em questão é que a fundação e o novos habitantes já enchiam a cidade, mas a Rômulo faltava resolver uma questão crucial sob caráter de desenvolvimento, as mulheres.

A vizinhança via os cidadãos de Roma como pessoas desprezíveis e temiam estes, ao passo que, Rômulo organiza um festival onde convida seus vizinhos assim como suas famílias. Tudo não passou de um plano para que os romanos raptassem as mulheres, o que ficou conhecido como o "rapto das sabinas", uma vez que já tinham separado as filhas dos visitantes desarmados. As mulheres com medo, foram acalmadas por Rômulo quando este lhes disse que iriam se casar e de forma amorosa, seus captores às cortejaram.

Obviamente os pais e irmãos destas mulheres não ficaram nada satisfeitos com esta situação e, depois de algumas incursões frustradas até Roma, estes finalmente conseguiram depois da traição da filha do comandante entrar na fortaleza romana. Um grande combate se iniciou mas graças às mulheres que correram para o meio do campo de batalha, romanos e sabinos selaram a paz, depois que estas imploraram a seus maridos e pais que cessassem o combate antes que elas ficassem órfãs e/ou viúvas. Os sabinos se fundiram aos romanos e Roma agora tinha dois reis que reinavam em conjunto, Rômulo e Tito Tácio. Tito Tácio morre em um combate contra o povo de Lavínio e Rômulo seria rei sozinho. Rômulo reinou por trinta e três anos e graças a ele Roma prosperou. Seu povo deu a ele o título de Pai da Pátria e quando finalmente alcançou os seus cinquenta e quatro anos, desapareceu de maneira curiosa em uma tempestade.

A Roma depois de Rômulo

O fim da monarquia em Roma chegaria depois de seis reis. March corrobora que parte de suas histórias são míticas e parte verdadeiras. Aqui apresentarei brevemente apenas estes seis reis romanos que sucederam Rômulo depois de seu desaparecimento.

Numa Pompílio (715-673 a.C.) era sábio e piedoso. Foi quem estabeleceu a maior parte da religião romana e fez muitas reformas culturais.
Túlio Hostílio (672-641 a.C.) amante das guerras. Destruiu a cidade de Alba e foi consumido por um raio tentando realizar um ritual retirados dos livros de Numa a Júpiter.
Anco Márcio (642-617 a.C.) era neto do segundo rei de Roma, Numa Pompílio e tal qual como seu avô foi um rei pacífico, amante da cultura e criador de costumes.
Tarquínio Prisco (616-579 a.C.) foi um imigrante da Etrúria que acabou assassinado pelos filhos de Anco Márcio, depois que este não escolheu um dos seus para o suceder no trono.
Sérvio Túlio (578-535 a.C.) era genro de Tarquínio Prisco, um rei que fez muito por Roma mas foi assassinado por sua ambiciosa filha Túlia.
Tarquínio, o Soberbo (534-510 a.C.) marido de Túlia foi o último rei de Roma e reinou como um tirano. Um reinado de terror que acabou depois que seu filho Sexto estuprou uma dama de nome Lucrécia. Por conta deste crime, os nobres romanos expulsaram Tarquínio e sua família e este nunca mais retornou ao trono de Roma.

Roma torna-se República em 509 a.C.

Estudo sobre as Origens de Roma

Quando Raymond Bloch e Jean Cousin começaram o seu trabalho sobre Roma, estes levantaram novas hipóteses que levaram a fundação do que se tornou o maior império da história em algo simples, nada heroico ou mitológico. Eles afirmam que os autores gregos e latinos da época distorceram de forma involuntária a realidade. Viam Roma como uma potência militar e política não só do que hoje é a Itália mas também do Mediterrâneo e, em suas histórias eles escreviam sobre grandeza e poder. Outras leituras segundo os autores tratam o assunto com mais fidelidade, exemplo disso é Tito Lívio. Os arqueólogos tem encontrado inúmeros objetos como vasos que foram mencionados em suas narrativas.

Mas qual a verdadeira origem? Os autores partem para um território pobre correspondente à parte baixa do vale do Tibre, seu nome, Lácio. Um lugar na costa do rio onde possivelmente não conseguiriam desenvolver a navegação. Seus habitantes foram chamados de latinos e estes, desenvolveram cidades pequenas porém com alto índice populacional tais como Alba-Longa, Lanúvio, Árdea e Roma. Os povos latinos eram aliados de outras tribos em um tipo de ligas federais, as quais lhes traziam benefícios na hora de defender-se de um inimigo em comum. Outro exemplo da funcionalidade das ligas é a liga Albana, que unia aproximadamente cerca de quarenta tribos em seu centro religioso sobre o Monte Cavo, no santuário de Júpiter Lacial. A antiga Roma conservou algumas destas crenças e cultos dos latinos. Estudos realizados e ainda a serem feitos sobre estas ligas, apontam que outros centros como Lavínio, Lanúvio e Túsculo, serviram para o desenvolvimento da consciência romana.

Obviamente a língua latina era um padrão entre estas pequenas tribos e Roma foi o seu destino. Várias línguas na Itália se aproximam do latim como o véneto, o falisco e também o sículo. Os autores comentam sobre uma possível invasão dos Osco-Umbros que teriam trazido tais línguas arcaicas, uma migração Proto-Latina. Os latinos poderiam ter mantido um dialeto ainda que arcaico mas com alguma pureza semântica. Os primeiros documentos vem do VI a.C. e vão até o século III a.C., esses dados são fundamentais para seguir a evolução do latim e entender como ele se fixou desde a antiguidade até os dias de hoje.

A Ascensão de Roma

Anderson corrobora que o crescimento da República Romana seguiu o curso natural de qualquer cidade-estado em ascensão. Guerras locais com cidades rivais, anexação de terra, sujeição de "aliados" e fundação de colônias. A base do expansionismo romano destacava-se em comparação à experiência dos gregos. A monarquia logo deu lugar à nobreza ao final do século VI a.C., mas, diferente dos gregos, Roma contava com uma nobreza hereditária, título que se transmite diretamente aos descendentes por hereditariedade, uma constituição referente ao cidadão complexa, que obviamente passaria por modificações populares, graças às lutas sociais. Vale a pena destacar que a constituição nunca foi abolida ou substituída.

Ainda nos primeiros séculos, a República de Roma era comandada pelo Senado por um pequeno grupo de clãs patrícios, isto foi durante apenas os dois primeiros séculos de existência do mesmo. Patrícios que vem da palavra patres em latim, traduzido para pais. Havia também os magistrados anuais, de onde os dois mais elevados eram os cônsules. Estes eram votados em assembleias populares cercada de interesses. A votação compreendia toda a população de Roma em comícios formados por 193 centúrias. Anderson ainda nos dá um dado interessante, estas votações geralmente eram desiguais, de forma a garantir como ele nos diz, a maioria às classes proprietárias. Em suma, esta estrutura mantinha a aristocracia tradicional no poder, com o domínio da política.

Considerações Finais

Como é de conhecimento de todos, Roma deixou como legado não só elementos físicos tais como elementos culturais que hoje nos servem tanto para aprender, difundir e também admirar. Roma caiu, mas sua história perdurará para sempre.

Finalizo com a mensagem de Rômulo em um sonho de Júlio Próculo, que nos diz: "Vai e diz aos romanos que, por desejo dos Deuses, minha Roma será a capital do mundo. Que cultivem as artes da guerra e que saibam, e façam seus descendentes saber, que nenhuma força humana será capaz de resistir ao exército romano". (March, 2015, p481)

Bibliografia

ANDERSON, Perry. Passagem da antiguidade ao feudalismo. 1a. edição. São Paulo: Editora UNESP, 2016.

BLOCH, Raymond e COUSIN, Jean. Roma e seu destino. Lisboa – Rio de Janeiro: Editora Cosmos, 1964.

GRIMAL, Pierre. Dicionário da mitologia grega e romana. 7a. edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.

MARCH, Jenny. Mitos clássicos. 1a. edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

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